Universidade Federal da Bahia Escola Politécnica Departamento de Engenharia Química Curso de Especialização em Engenharia de Gás Natural LADJANE MELO BRAGA AVALIAÇÃO DO MERCADO DE GÁS NATURAL RESIDENCIAL DE SALVADOR Salvador, maio 2011 LADJANE MELO BRAGA AVALIAÇÃO DO MERCADO DE GÁS NATURAL RESIDENCIAL DE SALVADOR Monografia apresentada à Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia, sob a orientação do professor Dr. Ednildo Andrade Torres, como um dos pré-requisitos para a obtenção do título de Especialista em Engenharia de Gás Natural ORIENTADOR: Profº Dr.Ednildo Andrade Torres Salvador, maio 2011 Ficha de Catalogação B 813 Braga, Ladjane Melo Avaliação do mercado de gás natural residencial de Salvador / Ladjane Melo Braga.—Salvador : UFBA/Escola Politécnica, 2011. f. Monografia (especialização latu sensu) apresentada à Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia, Curso de Especialização em Engenharia de Gás Natural. Orientador: Prof. Dr. Ednildo Andrade Torres. 1. Gás natural – Salvador (Bahia). 2. Recursos naturais. 3. Fontes de energia. I. Título. CDD: 622.324.5 CDU: 333.8230 AGRADECIMENTOS À Deus acima de tudo. A meu filho Igor, a minha filha Rebeca e ao meu marido Ricardo pelo apoio a todo o momento, por serem tão especiais sempre carinhosos e compreensivos. Aos meus familiares e amigos, por acreditarem na concretização deste sonho. Aos professores do curso de Especialização em Engenharia de Gás Natural CEEGAN VI que contribuíram para a construção dos conhecimentos necessários para a realização deste trabalho. À direção da Bahiagás e toda a sua equipe de profissionais, por terem aberto as portas da organização e fornecido os materiais e informações necessárias para a realização desse trabalho. Profº Dr. Ednildo Andrade Torres, orientador competente e, acima de tudo, um mestre. A todos os colegas que forneceram algum tipo de ajuda para a elaboração do presente estudo. Enfim, a todos que, direta ou indiretamente, participou da realização deste projeto, o que torna impossível mencionar este universo, sem cometer omissões. SUMÁRIO CAPÍTULO 1 1 INTRODUÇÃO 1.1 Objetivos 1.2 Justificativa 1.3 Estrutura CAPÍTULO 2 2 METODOLOGIA CAPÍTULO 3 3 GÁS NATURAL: CONCEITO 3.1 A Importância do Gás Natural CAPÍTULO 4 4 4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 4.6 4.7 4.8 GÁS NATURAL NO BRASIL E SUAS VARIÁVEIS Reservas de Gás Natural no Brasil Comparações Importantes GN, GLP, Gás de Refinaria e Gás de Rua Usos de Gás Natural: Residencial, Comercial e Refrigeração Vantagens e Desvantagens do Uso do Gás Natural Tipos de Medições: Coletiva, Coletiva com Rateio e Individual Viabilidades de Preço do Gás Natural e do GLP Implantações de Gás Natural em Edifícios CAPÍTULO 5 5 5.1 5.2 5.3 5.4 HISTÓRICO DO MERCADO RESIDENCIAL DE GÁS EM SALVADOR Contexto Atual em Salvador Evolução dos Clientes Residenciais da Bahiagás Mercado Atual de Gás Natural na Bahia Perspectivas da Bahiagás para Clientes Residenciais em 2011 6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES REFERÊNCIAS 7 7 7 8 9 10 10 12 14 18 18 21 22 23 24 26 28 29 33 36 36 39 41 46 50 53 55 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Especificações do Gás Natural Tabela 2 – Reservas de Gás Natural por Região de Produção (Bilhões de m2) Tabela 3 – Comparação entre os Gases de Uso Doméstico Tabela 4 – Custo do Gás Natural em Relação ao Consumo (05/05/2011) Tabela 5 – Clientes Contratados Residenciais até 2010 Tabela 6 – Localização dos Domicílios Tabela 7 – Nº de Domicílios por Tipo de Medição Tabela 8 – Nº de Domicílios por Uso 13 22 30 31 41 43 45 46 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Clientes Contratados 41 Figura 2 – Evolução Nº de Domicílios Convertidos Figura 3 – Localização dos Clientes Figura 4 – Tipos de Medição Figura 5 – Tipo de Uso 42 44 45 46 RESUMO Este trabalho tem como objetivo avaliar o Mercado de Gás Natural na área residencial de Salvador, e sua evolução. Conhecer, apresentar e analisar o desenvolvimento deste segmento em Salvador desde o ano de 2004 até 2010. Com o crescimento acelerado do mercado imobiliário, da construção civil e a modernização dos projetos residenciais da cidade de Salvador, o Gás Natural residencial vem conquistando seu espaço desde o primeiro edifício a utilizar o Gás Natural. O mercado residencial é o que tem o menor consumo se comparado com os outros segmentos. E especificamente conceituar o Gás Natural, GLP e sua importância no contexto atual, apresentar o histórico do mercado residencial de Salvador desde 2004 até a atualidade e estabelecer comparativo dos anos, com intuito de verificar possível variação de preço do Gás Natural x GLP. Através de pesquisa bibliográfica embasada em respostas para questionamentos prévios, aplicada com levantamento bibliográfico de publicações que tratam de temas como consumo de Gás Natural, recursos naturais, fontes de energia. Com base nesses conceitos, observou-se a importância desse recurso natural, onde o cenário energético atual aponta para o crescimento da utilização do Gás Natural, seu crescimento vem sendo comprovado pela evolução gradual e constante dos volumes de Gás Natural na matriz energética nacional. O Gás Natural residencial encontra dificuldades em sua implantação, sendo necessário um estudo mais detalhado, levando em consideração as peculiaridades territoriais de Salvador. Palavras-chave: Gás natural – Salvador (Bahia); recursos naturais; fontes de energia. ABSTRACT This paper aims to address the main theme of Natural Gas Market in the residential area of Salvador, its evolution and current assessment. Known, present and analyze the development of this segment in Salvador since the year 2004 until 2010. With the rapid growth of real estate, construction and modernization of residential projects in the city of Salvador Natural Gas Residential has been gaining share since the first building to use natural gas. The residential market is the one with the lowest consumption compared with other segments. And specifically conceptualize Natural Gas, LPG and its importance in the current context, presenting the history of the residential market in Salvador from 2005 to the present and establish comparative years, in order to verify possible changes in price of natural gas x LPG. Through literature search based on answers to previous questions, applied with bibliography of publications dealing with topics such as consumption of natural gas, natural resources, energy sources. Based on these concepts, we observed the importance of this natural resource, where the current energy scenario points to the growing use of natural gas, its growth has been demonstrated by the development of gradual and constant volumes of natural gas in national energy policies. Natural Gas Residential faces difficulties in its implementation, requiring a more detailed study, taking into account the peculiarities of territorial Salvador. KEYWORDS: Natural gas – Salvador (Bahia); natural resources; sources of energy. 7 CAPÍTULO 1 1 INTRODUÇÃO O gás natural (GN) consiste em um combustível fóssil e dessa maneira recurso não renovável, sendo visualizado como uma fonte energética alternativa importante que pode ser utilizada em vários segmentos industriais e outras atividades. No Brasil o uso do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) como gás combustível é muito popular, por ser de fácil transporte e armazenamento, as instalações de distribuição de gás canalizado (Gás Liquefeito de Petróleo - GLP e Gás Natural – GN), reduzem o contato direto dos consumidores com os botijões, pois o reabastecimento dos vasilhames e sua manutenção são efetuados com cuidado por profissionais. A Bahia se destaca como um grande produtor de gás natural, seu fornecimento na área residencial se tornou um mercado atrativo e em expansão. Nos últimos anos o destaque foi significativo e por questões de comodidade e segurança o fornecimento de gás predial na capital baiana. Dessa maneira, os especialistas na área prevêem que os botijões utilizados em residências estarão cada vez mais em desuso, essa seria a maior justificativa desse trabalho, a relevância do tema, principalmente no contexto crescente no ramo imobiliário e da construção civil em Salvador. 1.1 Objetivos O objetivo geral é o estudo do mercado de gás natural residencial em Salvador – Bahia, conhecer, apresentar e avaliar o seu crescimento desde sua implantação em 2002 até 2010 e estabelecer comparativo no período e a variação do preço do GN comparado com o GLP. 8 1.2 Justificativa A capital baiana possui uma extensão territorial bastante verticalizada, com muitos desses edifícios e condomínios que utilizam gases combustíveis canalizado, como o GN e GLP. Mas ainda encontra dificuldades para o fornecimento do gás natural, em especial, para os bairros novos e com melhor estrutura onde são mais fáceis de ocorrerem à implantação e o consumidor poder ter acesso a esse serviço, contudo, os bairros antigos, com acessos limitados para implantação do GN, tornaram-se um grande empecilho para este avanço. Neste setor existem alguns fatores que dificultam a aquisição de novos clientes, principalmente para prédios antigos, bem como, em condomínios horizontais. O mercado residencial é o mercado que tem o menor consumo se comparado com os outros setores: o comercial, o automotivo e industrial. A verificação deste mercado como um todo, ou seja, quais são as dificuldades apresentadas, para o crescimento deste segmento. Conhecer o mercado de gás natural na área residencial, ou seja, conhecer, analisar, compreender o desenvolvimento do mercado de gás natural nesta área. E se existe crescimento deste mercado. As mudanças para solucionar essa limitação serão gradativas, devido à estrutura geográfica da cidade. Mas à medida que o fornecimento do GN avance, os órgãos responsáveis poderão criar projetos e artifícios no intuito de extinguir o problema. Com base no tema apresentado, questiona-se: como otimizar o custo de implantação nos bairros antigos da cidade de Salvador e popularizar o fornecimento de gás canalizado? 9 1.3 Estrutura Este estudo foi desenvolvido na tentativa de responder a questão e aos objetivos citados anteriormente, e está estruturado em cinco capítulos. O primeiro capítulo aborda o histórico do gás natural, os objetivos, justificativa, delimitação e estrutura deste trabalho. O segundo capítulo aborda a metodologia utilizada para o desenvolvimento desta pesquisa. O terceiro capítulo aborda o conceito do gás natural, com foco em sua relevância e importância no cenário atual. O quarto capítulo analisa o gás natural no Brasil e suas variáveis, as reservas de gás natural no Brasil, comparações importantes entre GN, GLP, Gás de Refinaria e Gás de Rua, os usos de gás residencial, comercial e refrigeração, assim como, as vantagens e desvantagens do gás natural, tipos de medição, viabilidade de preço do gás natural e GLP e implantação de GN em edifícios. O quinto capítulo aborda o histórico do mercado de Gás Natural em Salvador, o contexto atual em Salvador, a evolução dos clientes da Bahiagás, o mercado atual de GN na Bahia e as perspectivas da Bahiagás para clientes residenciais de 2011. 10 CAPÍTULO 2 2. METODOLOGIA Nesta pesquisa foram utilizados fichamentos e resumos dos materiais coletados com posterior análise crítica, pesquisa bibliográfica, artigos, periódicos, coleta de dados que deverão ser representativas e suficientes para apoiar as conclusões deste estudo, viabilizando discussões acerca do assunto por parte da proponente da pesquisa. As informações coletadas para realização deste trabalho foram dados obtidos através do levantamento bibliográfico, que consistem em informações obtidas através de pesquisa científica e base de dados consultadas em vários órgãos e instituições no Brasil com o objetivo de embasar e trazer novos conhecimentos para este trabalho. A técnica utilizada para esta pesquisa está direcionada para o campo bibliográfico, por almejar a construção de conhecimentos para aplicação prática entre agentes envolvidos (VERGARA, 2003). Sua abordagem é da ordem qualitativa, esclarecendo a impossibilidade em traduzir em números a união entre sujeito e a realidade vivenciada, dessa forma, a relação inseparável que se estabelece entre subjetividade do ser humano e o mundo concreto, propriamente dito. E também por compreender que a pesquisa qualitativa tem a naturalidade como fonte de dados e o pesquisador como seu principal instrumento. (BOGDAN e BIKLEN e LUDKE e ANDRE, 1986, P. 11). Baseado nos objetivos gerais esta pesquisa pode ser identificada como bibliográfica caracterizada pelo seu modelo conceitual e metodológico e embasada em respostas para questionamentos prévios, aplicada com base em determinados métodos e procedimentos. Os passos para obtenção de informações e realização do trabalho consistiram, inicialmente, em um levantamento bibliográfico de publicações que tratam de temas como consumo de gás natural, recursos naturais, fontes de energia. 11 O foco deste trabalho direciona-se no mercado de gás natural residencial em Salvador, são contemplados os números de clientes residenciais que utilizam gás natural, bem como uma análise da representatividade desses números o que eles para esta pesquisa. A pesquisa teve suporte em noções de engenharia, através de conceitos dos autores: Abreu (1999), Turdera (1997), Alveal (1997) entre outros. Com base nesses conceitos, observa-se a importância desse recurso natural, onde o cenário energético atual aponta para o crescimento da utilização do gás natural, seu crescimento vem sendo comprovado pela evolução gradual e constante dos volumes de gás natural na matriz energética nacional. 12 CAPÍTULO 3 3. GÁS NATURAL: CONCEITO Pela lei vigente no Brasil número 9.478/97 (Lei do Petróleo), o gás natural (GN) "é a porção do petróleo que existe na fase gasosa ou em solução no óleo, nas condições originais de reservatório, e que permanece no estado gasoso em CNTP (condições normais de temperatura e pressão)”. A Lei ainda acrescenta que o gás natural (GN) consiste numa mistura com componentes de hidrocarbonetos leves que, em situações normais de pressão e temperatura, apresenta-se no estado gasoso. No meio natural, o mesmo é encontrado em aglomerados de rochas porosas no subsolo (terrestre ou marinho), e normalmente acompanhado de petróleo. O gás natural está subdividido em duas classificações: associado e não associado. O gás natural associado consiste naquele encontrado em um reservatório, acompanhado de petróleo, sendo nesse caso, diluído no óleo ou sob a forma de uma capa de gás, ou seja, uma parte superior da acumulação rochosa, onde a concentração de gás é superior à concentração de outros fluidos como água e óleo. Já o gás não associado é aquele que, num recipiente, está livre do óleo e água, ou se encontram em concentrações muito baixas. No ambiente natural, em meio às rochas porosas, a concentração de gás é predominante, possibilitando a produção basicamente de gás. O gás natural compõe-se principalmente de metano, etano, propano e, em proporção amenizada, de outros hidrocarbonetos de maior peso molecular. Nessa composição, sobressai, principalmente, o metano (CH4). Geralmente, o gás natural apresenta reduzidos teores de impurezas como nitrogênio (N2), dióxido de carbono (CO2), água e compostos de enxofre. 13 A composição do gás natural pode variar, de campo para campo, o que é consequência de ele estar associado ou não ao óleo e de ter sido ou não processado em unidades industriais. No Brasil as características e propriedades do gás natural direcionado ao consumo são reguladas, pela Portaria no. 41, de 15 de abril de 1998, da Agência Nacional de Petróleo (ANP). O gás distribuído enquadra-se, normalmente, no Grupo M (médio), abaixo a tabela 01 salienta essas especificações detalhadamente: Tabela 1 – Especificações do Gás Natural Conforme Tabela 1, existe todo um cuidado para manuseio do gás natural, pois o mesmo é inodoro, incolor, inflamável e asfixiante quando aspirado em concentrações elevadas. Dessa maneira, para facilitar sua identificação em situações de vazamento, componentes à base de enxofre são adicionados ao gás em concentrações suficientes para lhe dar um cheiro marcante; esse processo de extrema importância para o manuseio do GN é conhecido como “odorização”. Conforme ANP (2002), a produção de gás natural pode ser dividida, conceitualmente, em bruta, perdida e reinjetada e comercializada: a) Produção Bruta: corresponde aos volumes extraídos dos reservatórios; b) Produção Reinjetada: são os volumes dos reservatórios para a recuperação secundária de óleo; 14 c) Produção Perdida: volumes perdidos em qualquer fase da cadeia produtiva dividem-se em produção queimada no próprio campo, por falta de mercado consumidor e/ou investimento em tecnologia; d) Produção Comercializada (consumo geral) corresponde ao total da Produção Bruta menos Produção Reinjetada e Produção Perdida. 3.1 Importância do Gás Natural O gás natural consiste em um combustível fóssil e dessa maneira recurso não renovável, sendo visualizado como uma fonte energética alternativa importante que pode ser utilizada em vários segmentos industriais e outras atividades. As pesquisas mais recentes desse combustível salientam a sua importância e vem ao encontro das atividades econômicas num contexto amplamente globalizado, fato que tem dominado o cenário internacional e nacional, exigindo das áreas produtivas uma postura de contínua busca de maior competitividade. Em contra partida o gás automotivo começa a ser significativo, embora represente somente 1,2% do gás consumido no país. Nas zonas rurais, ocasionado devido à dispersão dos consumidores, enfrenta-se uma maior dificuldade para a inserção do energético que, apresenta um potencial de consumo na área de secagem de grãos, de fumo, além de aquecimento de instalações de aves, entre outros (ABREU, 1999). O autor reforçando a importância do gás natural aborda a questão da cogeração, o mesmo conceitua-o como o processo que permite a produção simultânea de energia elétrica, térmica e a vapor, a partir de uma única fonte de combustível: o gás natural. A Comgás (1999, p.45) aponta este combustível como uma alternativa importante para suprir a escassez de energia: 15 O ganho de eficiência neste sistema proporciona a produção de uma energia elétrica confiável, com baixo custo, ficando a unidade industrial ou comercial independente da qualidade de fornecimento do distribuidor de energia. Fato da maior importância para usuários que necessitam de um abastecimento sempre contínuo e ininterrupto, como os hospitais, hotéis, shopping centers e grandes empreendimentos ou mesmo muitas indústrias. Para um melhor entendimento, uma unidade de cogeração se constitui basicamente de uma unidade motora para mover um alternador que gera energia elétrica utilizável no próprio local de produção, sendo que o excedente na disponibilidade de energia elétrica pode ser transferido para outras redes. Esta energia produzida pode proporcionar uma redução de custos, pois o calor recuperado dos gases de escape produz vapor, ar quente e refrigeração, importantes nos processos industriais. Consequentemente, a refrigeração, utilizando a energia térmica do processo, é obtida através de unidades de absorção cujo custo é menor quando equiparados com unidades convencionais por compressão. A utilidade e importância do gás natural se ampliam em vários âmbitos, mas esta pesquisa pretende abordar de maneira mais enfática esse item com foco no mercado residencial de Salvador no Estado da Bahia. O gás natural (GN) atualmente representa a terceira maior fonte de energia fóssil primária no mundo, logo após posiciona-se o petróleo e o carvão. Na Primeira Revolução Industrial o carvão teve um importante papel, seguindo do petróleo, que se tornou essencial para o desenvolvimento industrial e tecnológico até a nossa época. Ao longo dos séculos a busca por novas fontes de energia e a otimização de sua aplicabilidade (tanto primárias, quanto secundárias), evoluíram de maneira dantesca, reforçando a necessidade de disponibilidade de fontes energéticas primárias ou à substituição gradual do energético em uso. Com a evolução o carvão substituiu a lenha e durante esse período, a Inglaterra teve no carvão o pivô de sua posição hegemônica do capitalismo de então. Posteriormente, os Estados Unidos e outros países da Europa entraram no processo de industrialização sustentado pelo carvão mineral. 16 Turdera (1997) relata que com o advento da eletricidade e do motor a combustão interna reformula a matriz Energética, isto não somente significou um avanço tecnológico significativo, como direcionou também para uma mudança estrutural na economia mundial, iniciando dessa maneira, a Segunda Revolução Industrial, o que seria primordial o uso em grande escala dos hidrocarbonetos, com foco no petróleo e seus derivados. Com base no autor, vários fatores de caráter técnico, com elevado poder calorífico e de fácil combustão, assim como, econômico com alto lucro oriundo da relação custo/renda, foram primordiais na ascensão e a presença do petróleo e seus derivados como a principal fonte energética mundial. Dessa maneira o gás natural começou a ser inserido sutilmente em vários segmentos do mercado energético. Até os anos 50, a maioria dos países, o considerou como um subproduto da extração de óleo, e descartado nas plataformas por ausência de tecnologia apropriada ou até mesmo por questões econômicas para seu uso. Por volta da década de 70 o preço do petróleo atingiu seu ápice, caindo em 50% na década de 80. Isso levou os países industrializados, extremamente dependentes do petróleo, a repensarem e reestruturarem suas matrizes energéticas (MARTIN, 1990). Com isso, motivou a busca intensa por fontes de energia alternativas, sendo elas renováveis e não renováveis. Essa postura partiu de países europeus: Estados Unidos, Canadá, Japão, Austrália e Nova Zelândia. Alguns outros países em contra partida, resolveram adotar a alternativa nuclear: Bélgica, Japão, Suécia, Grã Bretanha, e a França (MME, 2000). O autor ainda acrescenta que o consumo de gás natural e importância têm evoluído de maneira significativa, principalmente na década atual, sendo em nossos dias um marco no seu desenvolvimento. O mesmo originou-se na Europa Ocidental, onde ocorreu sua descoberta e exploração, estimulando com isso seu uso no próprio país e em seus vizinhos. Sua expansão acentuou-se com as descobertas de GN no sul do Mar do Norte. 17 Segundo estatísticas recentes o gás natural simboliza aproximadamente 35% do combustível utilizado na matriz energética dos países europeus. Nos Estados Unidos, representa 26%, na Argentina, 48,5% e, mesmo no Japão, país importador desse energético, representa 12%. A região andina apresenta significativas reservas de gás natural, isto devido a sua proximidade territorial. Já a Venezuela pode vir a ser um país promissor no fornecimento de GN através do Estado do Amazonas, questão critica por se tratar de espaço ecológico. O Peru também é considerado como possível fornecedor desse energético, a partir da exploração do campo de Camisea. Em nosso país a sua utilização e consumo não são expressivos, representando aproximadamente 3% na matriz energética nacional. Porém, é crescente o interesse na divulgação sobre os benefícios, com foco para as questões econômicas e ambientais, apesar das fases distintas que compõem a cadeia de suprimento de GN ser onerosas. Especificamente no Brasil, aproximadamente 55% das reservas encontra-se em águas profundas e cerca de 70% do total das reservas de gás natural são de origem associado, ou seja, vinculado à produção de óleo, o que limita a sua exploração. Sendo assim, o que caracteriza sua importância e a menor ou maior inserção do gás natural no balanço energético de um país específico é a viabilidade econômica para o acesso ao seu suprimento. Mesmo assim, o fato de estes altos custos, tais como: tecnologia, equipamentos e mão-de-obra especializada, estarem presentes na exploração e produção de petróleo, reduz o montante a ser investido em se tratando de gás natural. 18 CAPÍTULO 4 4. GÁS NATURAL NO BRASIL E SUAS VARIAVEIS No Estado do Rio de Janeiro, mais precisamente em 1854 inaugurou-se a iluminação a gás de carvão, em seguida no ano de 1895, Irineu Evangelista de Souza (Barão de Mauá), foi o mentor da construção do primeiro gasômetro do Rio de Janeiro. Logo após, foi criada a Companhia de Gás de Rio de Janeiro, sob controle do grupo anglo-canadense Light, com fornecimento de energia elétrica. Na década de 30, a empresa Light contabilizava 100.000 consumidores em todo o Estado (TURDERA, 1997). Em São Paulo, o gás foi inserido em 1869 com a criação da São Paulo Gás Company Ltda., de origem e recursos britânicos. No final do século XIX, a São Paulo Gás, sob controle da Light, inicia-se a diversificação do uso do gás, ramificando assim, o fornecimento para a área residencial. Os motivos para essas transformações se deram devido a razões econômicas juntamente à ausência de reservas com dimensões significativas de carvão de boa qualidade, ao rápido desenvolvimento do setor elétrico e à entrada no mercado do gás liquefeito de petróleo (GLP) em formato de botijões (este com custo reduzido para o consumidor e menos intensivo em capital), provocando uma involução do setor em nosso país. No ano de 1959 o governo federal nacionaliza a São Paulo Gás, que se tornara economicamente inviável por causa do elevado preço de GN importado. Em 1969 foi criada a Companhia Municipal de Gás (COMGÁS), sociedade de economia mista, com participação majoritária da Prefeitura de São Paulo. A empresa em 1974 tornou-se estadual, sob o nome de Companhia de Gás de São Paulo. Já no Rio de Janeiro, o governo estadual assumiu Companhia Estadual de Gás - CEG, dando inicio a distribuição de GN em 1983, como matéria-prima para a produção de gás de poder calorífico média em substituição à nafta, assim como combustível na área de suprimento e às indústrias. 19 A Petrobrás (empresa de petróleo nacional) nasceu em 1953, sob a égide de um governo intervencionista, iniciando a política econômica do Estado como instrumento de modelo desenvolvimentista, estatizando, entre outros, o setor energético. Essa medida veio assegurar tanto o fornecimento de gás natural ao setor industrial quanto à integração vertical ao longo de toda a cadeia de suprimento de GN, situação que fora estendida aos grandes consumidores industriais no Rio de Janeiro, gerando conflito institucional entre a CEG e a Petrobrás pela disputa do mercado de distribuição de GN. A empresa Petrobrás iniciou suas atividades com um capital inicial de US$ 165 milhões, herdados da CNP (Companhia Nacional de Petróleo), sendo marcante a sua atuação estratégica. Em seguida, no início da década de 70, a Petrobrás completa a verticalização interna da indústria petrolífera e avança no desenvolvimento da petroquímica, da conglomeração e da internacionalização das suas atividades (ALVEAL et al, 1997). No início a empresa tinha como objetivo o foco no refino do petróleo, o gás natural não possuía papel relevante, sendo consumido pela própria Petrobrás na recuperação de óleo e nas suas refinarias ou sendo queimado nas plataformas marítimas. Com base na regulamentação da ANP, até 1997, predominou o modelo de monopólio estatal da Petrobras na produção e no transporte de gás natural, ficando as distribuidoras estaduais a cargo da distribuição e venda de gás aos consumidores residenciais e industriais. Também existiam casos em que a Petrobrás fornecia gás diretamente a alguns grandes consumidores. Contudo após 1997, a Petrobras perdeu o monopólio sobre o setor e para se adequar à "lei do livre acesso", a Petrobrás se viu obrigada a criar uma empresa para operar seus gasodutos, foi criada então a Transpetro e com a criação de uma Legislação específica (Lei n. 11.909, de 4 de março de 2009), foram criadas normas para "exploração das atividades econômicas de transporte de gás natural por meio de condutos e da importação e exportação de gás natural" (art. 1º). Eis abaixo os segmentos da Cadeia de gás natural: 20 a) Produtor: Pessoa Jurídica que possui a concessão do Estado para explorar e produzir gás natural em determinados blocos; b) Carregador: Pessoa jurídica que detém o controle do gás natural, contrata o transportador para o serviço de transporte e negocia a venda deste junto às companhias distribuidoras; c) Transportador: Pessoa jurídica autorizada pela ANP a operar as instalações de transporte; d) Processador: Pessoa jurídica autorizada pela ANP a processar o gás natural; e) Distribuidor: Pessoa jurídica que tem a concessão do estado para comercializar o gás natural junto aos consumidores finais (No Brasil a distribuição é monopólio dos governos estaduais); f) Regulador: Figura do Estado representada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP e pelas Agências Reguladoras Estaduais. No Brasil o GN começou a despontar, no início da década de 80, até então, só participava da matriz energética apenas no Nordeste (Recôncavo e Sergipe/Alagoas), utilizado como insumo industrial em algumas plantas de fertilizantes nitrogenados, com combustível da Refinaria Landulfo Alves, Mataripe, e do Pólo Petroquímico de Camaçari/BA e outras poucas indústrias. O Governo Federal através do Programa Nacional de Racionalização do Uso dos Derivados de Petróleo e do gás natural estabeleceu como meta para o ano 2010 uma participação de 12% do GN na matriz energética nacional, percentual considerável se comparados aos 3,0% registrados em 1999 (MME, 2000). No Brasil as reservas de gás natural não obedecem a uma distribuição territorial proporcional, conforme os dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP), do total das reservas provadas, 49,45% encontram-se na região Norte/Nordeste, sendo o mais expressivo o estado do Amazonas e da Bahia. A região Sudeste corresponde a 44%, sob a liderança do Rio de Janeiro, este último atende por 87% das reservas provadas de petróleo. 21 Com base em informações do mesmo órgão, no ano de 1999, as reservas medidas de GN no Brasil, somaram 231,2 bilhões de m3. Esse dado pode ser considerado um marco na evolução das reservas, a descoberta da Bacia de Campos/RJ quadruplicou as reservas no período de 1980-1995, a região sul, sudeste detém atualmente 44% das reservas nacionais, a região norte atende por 18%, e por último o nordeste responde por um significativo 38% (MME, 2.000; ALVEAL et al, 1997). As pesquisas atuais demonstram os seguintes dados de reservas já descobertas: a) As maiores reservas estão situadas na Europa e países da Ex URSS e no Oriente Médio; b) A América Latina possui 7 trilhões de m³ e deste total 364 bilhões de m³ estão distribuídos em reservas brasileiras; c) A Bahia possui 32 bilhões de m³, correspondendo a 63% das reservas do nordeste e 9% das reservas do Brasil; d) A participação do gás natural na Matriz Energética Brasileira de gás natural é de 9% e, dentro deste cenário, a Bahia representa 14,5%. 4.1 Reservas de Gás Natural no Brasil Com base nas informações do site Gásnet, as últimas reavaliações das reservas de gás realizadas em 1998 e a ausência e novas descobertas de médio e grande porte, conduziram as reservas totais de GN a atingir a marca de 409,8 bilhões de m3, com o decréscimo de 5,9% em relação ao volume de 97. 22 Tabela 2 – Reservas de Gás Natural por região de produção (Bilhões de m3) Unidade Operativa Provada Provável + Possível Total Amazônia 060,0 036,8 096,8 Bahia 024,8 019,1 043,9 Bacia de Campos 094,4 111,4 205,8 Espírito Santo 005,8 002,9 008,7 R.G.Norte/Ceará 018,4 007,8 026,2 Sergipe/Alagoas 014,2 005,5 019,7 Sul 008,3 000,4 008,7 Petrobras 225,9 183,9 409,8 Fonte: Gásnet, 2010 Conforme a Tabela 2, as referências de gás natural por região proporcionam uma visão ampla da situação atual. Desse total, 225,9 bilhões de m3 (55,1%) referem-se ao volume provado e 183,9 bilhões de m3 (44,9%) à soma das reservas prováveis e possíveis. Com volume de 26,5 bilhões de m3, o campo de Leste de Urucu (AM) lidera a lista dos 20 campos com maiores reservas provadas de gás, onde se concentram 76,9% do volume total. Em seguida, vem o campo de Marlim (Bacia de Campos), que tem 23,7 bilhões m3 de gás. Mais de 50% das reservas totais de gás estão localizadas na Bacia de Campos e o restante, 49,8%, distribuído nas demais unidades operativas da Petrobras. A maior parte das reservas totais de gás está localizada em lâmina d'água superior a 1.000 m. 4.2 Comparações Importantes Para obter uma noção mais dinâmica, faz-se necessário estabelecer comparações do GN com outros combustíveis, conforme a seguir: 23 a) Gás natural e o óleo combustível: O óleo combustível é um dos candidatos a serem substituídos pelo GN. No entanto as indústrias aguardam as definições sobre o preço dos dois energéticos para determinar o mais viável economicamente; b) Gás natural e o óleo Diesel: Rodrigues (1995) aborda as vantagens econômicas da utilização do gás natural em veículos automotores em substituição ao óleo Diesel. As vantagens se direcionam para uma maior vida útil do motor, redução dos custos de manutenção; maior rendimento térmico em função da alto percentual de gás metano e reduzidos problemas de detonação da mistura ar-combustível; c) Gás natural na geração de energia elétrica: De acordo com o Balanço Energético Nacional 2000, ano base 1999, a capacidade instalada de geração elétrica no Brasil, somados o Serviço Público e Autoprodutores, foi de 68,2 GW (pág. 105). O Plano Decenal de Expansão (2000-2009) tem como meta o aumento da capacidade instalada em 1999 para 97,7 GW em 2004 e 109,4 GW em 2009, o que equivale a um aumento de 43,2% na primeira fase e mais 12 % na segunda, totalizando 60,42% na década considerada nesse Plano Decenal (GCPS – Grupo Coordenador do Planejamento dos Sistemas Elétricos/Eletrobrás, 1999). 4.3 GN, GLP, Gás de Refinaria e Gás de Rua Visando um melhor entendimento do GN torna-se necessário abordar as principais diferenças e semelhanças entre o gás natural e os outros gases disponíveis no mercado. O Conpet fornece a seguinte informação: a) Origem: O gás natural é encontrado na natureza em reservatórios no subsolo, ao passo que todos os outros gases provêm de processos industriais; b) Peso molecular e densidade: O GLP é o único mais pesado que o ar, em caso de vazamento, ele se concentra ao nível do solo, enquanto os outros se dispersam rapidamente em ambientes fechados, concentrando no teto, este detalhe é fundamental para nortear as ações em caso de vazamento de gás; 24 c) Poder calorífico: O gás de rua é o de menor poder calorífico, sendo necessária, maior quantidade desse gás em relação aos outros para uma mesma quantidade de energia liberada na queima. d) Principais componentes: Todos são à base de hidrocarbonetos, mas o gás de rua e o de refinaria contém componentes inorgânicos em proporções consideráveis; e) Principais utilizações: O gás de refinaria é para uso industrial, o GLP e o gás de rua são para uso residencial e comercial, e o GN tem aplicações em todos os setores, inclusive o automotivo; f) Pressão de armazenamento: O GLP é comercializado em botijões de 13 kg e em cilindros de 45 kg. 4.4 Usos de Gás Natural: Residencial, Comercial e Refrigeração A utilização do GN nos setores residenciais e comerciais consiste numa área ainda pouco explorada no Brasil. Os mercados destes setores agregam pouco volume de gás natural na totalidade comercializada pelas distribuidoras, embora representem boa margem de contribuição. Esses segmentos são grandes consumidores de energia elétrica nos horários de pico e o GN tem papel fundamental para reduzir esse consumo. Em países desenvolvidos, com clima frio os mercados de gás natural residencial e comercial são muito mais importantes, pois a demanda para aquecimento de ambiente é o grande vetor de consumo. Já em regiões tropicais, como o Brasil onde o inverno é ameno, o mercado residencial tem se mostrado menor, pois o aquecimento de ambiente é bastante minimizado. Apesar disso, nos últimos tempos tem ocorrido uma subestimação do potencial dos mercados residencial e comercial de gás natural no Brasil. Sendo necessário adotar novos conceitos e desenvolver novas abordagens tecnológicas. 25 Faz-se necessário expandir o consumo de GN, de forma sustentável, no intuito de evitar que uma residência já conectada à rede de gás, sofra reduções em seu consumo, pois o consumidor deixa de utilizar o gás voltando-se para a energia elétrica, entre outros. Ao utilizar o GN no âmbito doméstico ou comercial, o mesmo pode responder por um percentual significativo da energia consumida, pois se assemelha à eletricidade no que tange à facilidade de manipulação e controle por parte dos consumidores. Ocorre uma limitação de uso do GN, devido o alto custo na construção das redes e de toda a logística, pois os custos de conexão tornam-se proibitivos em relação às receitas a serem geradas. Dessa maneira, principalmente na região sul e sudeste ocorrem uma demanda reprimida, devido a situações climáticas. Ultimamente tem se difundido o uso de aquecedores de ambiente elétricos, porém os lares e as questões tecnologias não estão disponíveis no país, o mesmo não está preparado para a adoção de sistemas compactos de aquecimento de ambiente a gás. Sendo assim, demonstrar a viabilidade da utilização do gás nesses tipos de utilização, incluindo no aquecimento de água domiciliar e seus aparelhos elétricos, a alternativa do gás apresenta-se atraente, resultando em diminuição nos custos tanto no que se refere aos custos iniciais de construção, quanto nos custos operacionais provenientes da conta de consumo de gás e energia elétrica. Com praticidade, segurança e modernidade, o gás natural pode ser usado em residências para climatização de ambientes, aquecimento de água e cocção de alimentos. Além disso, o mercado brasileiro já dispõe de modernos eletrodomésticos que são movidos pela energia gerada pelo gás natural, como lavadoras de roupas, secadora, fornos etc. 26 Por último o uso comercial do GN que tende a expandir-se é a refrigeração e o condicionamento de ar a gás. Eles consistem em equipamentos que exigem pouca manutenção e apresentam baixo nível de ruído. Utilizando a água como meio refrigerante, evitam a utilização de produtos químicos e ataques à camada de ozônio. São cada vez mais crescentes os edifícios comerciais que estão substituindo os seus sistemas elétricos por sistema a gás. 4.5 Vantagens e Desvantagens do Uso do Gás Natural A ANP (2002) relata que muitos dos gases do GN são eliminados, pois não possuem capacidade energética (nitrogênio ou CO2) ou podem deixar resíduos nos condutores devido ao seu alto peso molecular em comparação ao metano (butano e mais pesados). O GN como já foi mencionado possui muitos pontos positivos a seu favor, pois o mesmo permite que seja utilizado em vários segmentos: como combustível, indústrias, residências e automóveis. Também é considerado como uma fonte de energia mais limpa que os derivados do petróleo e o carvão: a) Combustível: A combustão é mais limpa e dá uma vida mais longa aos equipamentos que utilizam o gás e menor custo de manutenção; b) Automotivo: Direcionado para motores de ônibus, automóveis e caminhões substituindo a gasolina e o álcool, mais ou menos 70% mais barato que outros combustíveis e é menos poluente; c) Industrial: Utilizada em indústrias para a produção de metanol, amônia e uréia. Se comparado, as desvantagens do gás natural em relação ao butano relacionam-se a dificuldade de ser transportado, devido ao fato de ocupar maior volume, mesmo pressurizado, isso se justifica, pois é mais difícil de ser liquefeito, requerendo temperaturas da ordem de -160 °C. 27 Dessa maneira algumas jazidas de gás natural podem conter mercúrio associado, o mesmo consiste num metal potencialmente tóxico e deve ser removido no tratamento do gás natural. O mercúrio é oriundo de grandes profundidades no interior da terra e ascende junto com os hidrocarbonetos, formando complexos organometálicos. As últimas pesquisas apontam que as jazidas de hidratos de metano possuem uma importante reserva energética muito superior às atuais de gás natural. Mas de um modo geral, as vantagens prevalece às desvantagens, isso por que qualquer residência, condomínio ou estabelecimento pode receber o gás natural, suas restrições vão depender da disponibilidade da rede, de avaliação técnico-comercial e dos custos envolvidos. As edificações residenciais verticais (prédios e edifícios) geralmente viabilizam economicamente o investimento inicial. Para isso o edifício deverá ter no mínimo 4 andares, ter no mínimo 08 Unidades Habitacionais e ser possuidora de central de gás ou rede interna de distribuição projetada. De uma maneira sucinta as vantagens da conversão para o gás natural residencial são muitas, entre elas: a) Simbólico menor custo operacional; b) Redução nos custos com manutenção; c) Maior segurança e assistência 24h por dia; d) Ecologicamente correto; e) Pagamento mensal; f) Tarifa que beneficia os clientes que possuem um maior consumo; g) Aumento da área útil do ambiente; h) Comodidade, dispensando qualquer preocupação quanto ao fornecimento ou estoque; i) Fornecimento contínuo não requer reabastecimento. Ao ser instalado o órgão responsável disponibiliza ao consumidor residencial: a) Instalação e manutenção dos medidores; 28 b) Conversão de alguns equipamentos, tais como: fogões, fornos, secadoras de roupa e aquecedores de água do tipo acumulativo ou instantâneo que foram adquiridos para funcionar com gás de botijão (GLP); c) Ligações de equipamentos homologados; d) Regulagem de chama dos equipamentos; e) Verificação de existência de vazamentos; f) Informação sobre existência de rede de gás em determinada rua; g) Orientações técnicas sobre instalações internas; h) Análise técnica de projetos. 4.6 Tipos de Medições: Coletiva, Coletiva com Rateio e Individual Com base nos dados fornecidos pela Bahiagás, a cidade de Salvador possui uma área bastante verticalizada, muitos desses edifícios se utilizam de gases combustíveis canalizado, como o gás natural (GN) e gás liquefeito de petróleo (GLP). Segundo a Bahiagás, as medições coletivas são a partir das redes de Polietileno na frente das residências (subterrâneas) e derivados ramais que passam por uma válvula de bloqueio manual, localizada na calçada, que liga esta rede à ERPM (estação de redução de pressão e medição de vazão) do referido prédio. Nesta estação em questão encontram-se o filtro, conexões, tubulações, válvula reguladora de pressão de 1.º estágio e o medidor coletivo onde a Bahiagás faz a medição do consumo de gás do cliente. A mesma define o limite de transferência de Custódia da Bahiagás e do Cliente. Dessa maneira, será feita a ligação com a rede distribuição interna de gás do cliente através de uma tubulação em cobre, conforme a NBR 14.570. Existe a medição coletiva com rateio que segue o mesmo modelo da medição coletiva diferenciando apenas no modo de medição. A Bahiagás faz a medição no medidor da ERPM e o condomínio rateia o valor por apartamento, pois cada apartamento possui seu medidor no hall do edifício da mesma maneira que é instalado na medição individual. 29 Na distribuição com medição individual, as redes de polietileno, que passam pela frente das residências, são derivados ramais em polietileno que passam por uma válvula de bloqueio manual na calçada, ligando a rede até a ERP (estação de redução de pressão). Nesta estação localizam-se os filtros, conexões, tubulações, válvula reguladora de pressão. Posteriormente são instalados os medidores individuais, onde a Bahiagás faz medição do consumo de gás de cada cliente individualmente. Esses medidores estão instalados dentro de uma caixa protetora, sendo que o limite de transferência de custódia entre a Bahiagás e o cliente, define os limites de responsabilidade entre ambos. A rede secundária, trecho da instalação que opera com pressões até 5kPa, começa no regulador de 2º estágio e vai até o ponto de utilização do equipamento. Nela, além dos reguladores, são instalados os medidores individuais para que o condomínio possa fazer o rateio entre os condôminos. Antes do 2º regulador (R) deve existir uma válvula de bloqueio manual para ser usado em caso de emergência ou manutenção da rede secundária. 4.7 Viabilidades de Preço Gás Natural e GLP No quesito economicidade o gás natural é em geral uma energia mais barata, mais acessível, devido a ser um combustível sem mercados cativos, tanto por parte da oferta quanto da parte da demanda. Suas especificações físico-químicas privilegiam o desenvolvimento tecnológico e o alcance de maiores eficiências. Sem falar no custo real, o gás natural agrega um item de suma importância para o consumidor preço/qualidade muito inferior se comparado a outros energéticos, principalmente quanto maior for a qualidade desejada e o valor agregado do produto. Dessa maneira, o gás natural é uma energia primordialmente mais econômica, principalmente nos dias atuais onde os consumidores estão mais sensíveis ao "valor relativo" do que a um valor líquido absoluto, os benefícios em termos de qualidade oferecidos pelo gás natural tornam-no a escolha econômica natural. 30 Quanto à origem, existe uma diferença fundamental entre esses gases: o GN é encontrado na natureza, em reservatórios no subsolo, ao passo que o GLP provém de processos industriais (www.conpet.org.br). O gás natural é mais leve do que o ar. Logo, em caso de vazamento se dispersa rapidamente e em ambientes fechados concentra-se no teto. O GLP, por sua vez, é mais pesado do que o ar e acumula-se na parte inferior dos compartimentos ou ambientes. Essa diferença é fundamental para nortear as ações em caso de vazamento de gás (www.conpet.org.br). Cada tipo de gás possui um poder calorífico, característica que determina a quantidade de energia liberada durante a sua queima por quantidade de gás utilizado. Quanto maior o poder calorífico, menor a quantidade de gás necessária para produzir a mesma quantidade de energia (www.conpet.org.br). Como está apresentado abaixo na Tabela 3. Tabela 3 – Comparação entre os gases de uso doméstico Fonte: Conpet, 2011 Em relação ao custo cobrado pelo consumo por m³ o GN tem preço diferenciado pela escala de consumo. Conforme apresentado na Tabela 4 abaixo: 31 Tabela 4 – Custo do gás natural em relação ao consumo (05/05/2011) Tarifa s/ impostos Faixas de consumo mensal m³ * 7 - Residencial MIN MAX 1 21 101 851 2501 R$/m³ Tarifa c/ impostos PIS/COFINS/ICMS R$/m³ 1,9160 100 1,6858 850 1,5845 2500 1,5403 1,5080 2,4330 2,1407 2,0121 1,9559 1,9149 20 Fonte: Bahiagás, 2011 *Gás nas condições de referência: Pressão de 1,033 kgf/cm², temp. 20 ºC e PCS 9.400 Kcal/m³. *Alíquota de ICMS de 12%, PIS de 1,65% e COFINS de 7,6%. *A aplicação da Tarifa é feita em 'cascata', ou seja, progressivamente em cada uma das faixas de consumo. Esta tabela entrou em vigor 01/05/2011. Com base nas informações do site da Bahiagás: Na Bahia, utilizar o gás natural na cozinha pode significar uma economia de até 30% em relação ao Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), o tradicional botijão de gás. Uma família de quatro pessoas consome, em média, 16 metros cúbicos (m3) de gás natural, o que resultaria num gasto mensal de aproximadamente R$ 24. Caso a mesma família optasse pela compra de um botijão de 13 kg, o gasto seria de R$ 35 – preço médio do GLP no Estado, segundo levantamento semanal da Agência Nacional de Petróleo, gás natural e Biocombustíveis (ANP). Foi publicada uma reportagem no Jornal a Tarde (...), onde o empresário Márcio Menezes proprietário de um restaurante em Salvador que utiliza gás natural, por nome Radish, e outro com o tradicional GLP, por nome Mister Sheik, situado no Shopping Barra. O mesmo relata que os gastos com o gás natural são cerca de 50% menores. O Sr. Marcio Menezes acrescenta: “na prática, o que todo mundo quer é economia. A diferença nas contas dos dois estabelecimentos é grande” O referido entrevistado ainda acrescenta o seu lamento que o bairro a Barra ainda não tenha acesso ao gás natural, caso contrário, ele já teria trocado a forma de abastecimento. 32 Em contra partida, os defensores do GLP citam a existência de livre concorrência entre empresas vendedoras dos botijões, o que pode reduzir preços, enquanto o gás natural só tem um único fornecedor. O artigo ainda aborda a opinião do coordenador do mestrado em indústria de energia da Unifacs, Luiz Pontes, o mesmo relata que a massificação do gás natural demorou em chegar à Bahia. “No Rio de Janeiro, as residências já usam há muito tempo”, afirma. Pontes analisa que o combustível ele deve perdurar por muito tempo: O Brasil ainda tem um potencial grande a ser explorado nessa área. O gás natural deve sobreviver pelo menos 50 anos após o esgotamento total das reservas de petróleo. Pontes ainda acrescenta que o gás natural representa 9% da matriz energética nacional. No Estado da Bahia, seu uso é de 14,5%, sendo que, especificamente na indústria, esse valor chega a 27%. A Bahiagás faz uma frente de expansão no interior da Bahia, com foco na região sul, a construção do Gasene (Gasoduto Sudeste Nordeste) pela Petrobras, que vai interligar as duas regiões no fornecimento de gás natural, será beneficiada mais 30 municípios baianos entre Santo Antônio de Jesus e Mucuri. Quanto ao processo de implantação de uma rede de gás natural canalizado em Salvador é feita apenas pela Bahiagás e os custos variam de acordo com o tipo de instalação a ser feita, individual ou coletiva, e para que se destina: cocção e/ou aquecimento. Na área residencial o consumo é vantajoso, pois o fornecimento é contínuo, oferece segurança em caso de vazamento, o pagamento se dá após o consumo e o usuário só realiza o pagamento pelo que consumiu, sem a perda de parcelas que venham a ficar nos vasilhames utilizados para transporte de outros gases combustíveis. 33 A Bahiagás com o objetivo de aumentar sua participação no mercado residencial está empreendendo uma forte política promocional de preços. Os descontos vão até 30% para os clientes residenciais e 20%, para os postos que distribuem o Gás Natural Veicular (GNV). 4.8 Implantações de Gás Natural em Edifícios Atualmente existe muita facilidade em implantar o fornecimento de GN em Salvador, particularmente em edifícios novos, visto que todos os projetos são analisados pela Bahiagás, seguindo as Normas vigentes. Quando o cliente fecha o contrato de fornecimento é realizada uma série de ajustes no edifício envolvendo a tubulação de gás, instalações internas e medidores. Abaixo uma lista com os principais passos da ligação do gás. Ressalta-se que pode haver diferenças no processo, dependendo do imóvel em questão. É condição primordial para a ligação do gás que haja viabilidade técnica e econômica da extensão da rede/ramal ao imóvel. As adequações que o edifício deverá realizar na área comum: a) Execução de abrigo de regulador: para colocação de um regulador de pressão no alinhamento da rua, de dimensões aproximadas de 90cm de largura por 50 cm de profundidade e 70 cm de altura. Para isso, o abrigo será executado em alvenaria, piso em cimentado, acabamento externo em pintura tipo látex sintético, cor a ser definida pelo condomínio. b) Troca de ramal interno: Necessário devido a teste de estanqueidade (apresentar presença de vazamentos), colocado em caixão perdido, diâmetro insuficiente, material inadequado. c) Teste de estanqueidade do ramal interno: Necessário realizar um teste de estanqueidade no ramal existente, se ele estiver enterrado no jardim, se apresentar em estado de corrosão ou se for de material inadequado. d) Troca do quadro de medidores: O quadro de medidores também deverá ser trocado se apresentar: estado de corrosão, material inadequado ou diâmetro da tubulação inadequada. 34 e) Colocação de válvulas: Válvulas intermediárias para manter o abastecimento de gás nos blocos que não estarão sendo convertidos, durante o processo de ligação do gás natural. A colocação de válvulas obriga o corte de fornecimento durante 3 horas para a execução dos serviços com a rede sem gás. Providencias na área privativa: a) Rebaixamento de aquecedor: Para atender as exigências da ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas - NBR 13.103, a distância mínima entre a saída do aquecedor deverá ser de 35 cm, com o terminal tipo chapéu chinês ou com o terminal tipo "T". O aquecedor possibilita o retorno de CO para o ambiente, resultando em uma condição insegura. Faz-se necessário o desligamento do aquecedor durante 1 hora, onde será realizada uma extensão das tubulações, de forma aparente e o devido rebaixamento do aparelho. b) Troca do terminal de chaminé externo: Para atender às condições mínimas exigidas por norma, havendo ou não a necessidade de rebaixamento do aquecedor; c) Acesso ao registro de fogão: Será necessário executar um prolongamento de tubulação, levando-se para um local onde possa haver a possibilidade de acessar o registro de gás da instalação. Quando o fogão é móvel, o ponto encontra-se afastado da entrada do aparelho, é realizada extensão até uma distância de aproximadamente 40 cm para facilitar a colocação; d) Fixação de janela: Será necessária a fim de obter a ventilação superior permanente mínima, exigida pela norma NBR 13.103, esta fixação será realizada através de rebites tipo POP; e) Fixação de portas: A fim de obter a ventilação inferior permanente mínima, exigida pela norma NBR 13.103. Esta fixação será realizada através de rebites tipo POP, colocados no piso; f) Aumento de furo para chaminé: Necessário, pois este diâmetro deve permanecer inalterado até a extremidade do terminal externo, conforme a Norma NBR 13.103; g) Colocação de Ventola: Necessária o aparelho de ventilação forçada colocada sobre o aquecedor, pois existe a impossibilidade de execução de outro método 35 para adequação às normas técnicas. A colocação do aparelho será feita sobre a saída do aquecedor através de energia elétrica, sendo necessário executar uma extensão elétrica e tomada próxima ao aquecedor. Serviços que o condomínio deve providenciar: a) Proteção ou até mesmo retirada de fios ou conduítes elétricos que estão com interferência em relação à tubulação de gás existente; b) Afastamento do pára raio até dois metros da tubulação de gás; c) Colocação de portas nos abrigos de regulador e medidores com ventilação adequada; d) Suspensão do abastecimento do gás GLP, para poder efetuar nossas atividades: conversão dos equipamentos que consomem gás do sistema GLP para gás natural, instalação dos medidores, teste de estanqueidade em todas as instalações e finalmente a liberação do gás de rua. 36 CAPÍTULO 5 5. HISTÓRICO SALVADOR DO MERCADO RESIDENCIAL DE GÁS NATURAL EM Embora do ponto de vista energético seja um setor de importância média por não ter produto próprio, do ponto de vista social o consumo de energia pelo setor residencial é da maior relevância já que energia é condição indispensável para se desfrutar das comodidades mais essenciais da vida moderna. A Bahiagás teve seu inicio através da Lei Estadual 5.555/89 em 1989. No ano de 1991, o Decreto Estadual 4.401/91 concedeu à Bahiagás o direito de exploração dos serviços de administração e distribuição de gás, por meio de canalizações, a todos os consumidores ou estabelecimento industrial, comercial, institucional e residencial, no intuito de utilizar praticamente a todos os objetivos localizados no Estado baiano por um período de 50 (cinquenta) anos. Dessa maneira a Bahiagás iniciou a sua distribuição de gás natural no estado em 1994, com um percentual de vendas de 1.130 milm3/dia, com alcance em 2004 a média de vendas de 3.830 milm3/dia. Em 1999, o então prefeito da cidade de Salvador, aprovou a Lei Municipal n°5690, que diz que é necessária a instalação de um sistema interno de distribuição de gás canalizada, em edificações novas ou reformada direcionadas ao uso residencial com área útil superior a 70 m² ou mais unidades habitacionais com qualquer área útil, quando não houver rede de gás na via pública ou de central de gás liquefeito de petróleo (GLP). A mesma lei ainda acrescenta que os sistemas internos de canalização de gás deverão ser dimensionados de forma a permitir tanto o uso de gás liquefeito de petróleo (GLP) quanto ao de gás natural (GN), sem que haja necessidade de adequações posteriores nos referidos sistemas, além daquelas necessárias à conversão dos aparelhos de utilização. 37 Diante do exposto a Bahiagás, assume na capital baiana um papel importante na mudança cultural em consumir o gás canalizado, pois assumiu a responsabilidade de implantar a rede de distribuição, incluindo a cocção e aquecimento de água. A empresa através do seu site (www.bahiagas.com.br) orienta que muitas são as possibilidades e benefícios de utilização de gás combustível pelos usuários residenciais, particularmente o gás natural, que pode otimizar a utilização de máquinas de lavar, secadoras de roupas, ferros de passar, geladeiras, entre outros. Na área residencial o consumo é vantajoso, pois o fornecimento é contínuo, oferece segurança em caso de vazamento, o pagamento se dá após o consumo e o usuário só realiza o pagamento pelo que consumiu, sem a perda de parcelas que venham a ficar nos vasilhames utilizados para transporte de outros gases combustíveis. A Bahiagás começou a atuar na área residencial em Salvador em 2002 com a assinatura do primeiro contrato para fornecimento de gás natural no Loteamento Aquárius. Segundo informativo da Bahiagás (2004), O gás natural canalizado foi utilizado nas residências da capital baiana desde o dia 6 de abril de 2004. Os moradores do edifício Michelangelo, localizado no Loteamento Aquárius, foram os primeiros agraciados com o beneficio e receberem o combustível em suas residências para cocção e aquecimento de água. Os 60 apartamentos do edifício tiveram seus eletrodomésticos previamente convertidos e sua rede interna interligada ao ramal da Bahiagás que passa pela Avenida Magalhães Neto. No Michelangelo, o consumo médio estimado é de 30 metros cúbicos por dia de gás natural. Mensalmente, os clientes receberão sua conta de consumo, com a fatura detalhada, contendo os dados referentes a valores de consumo, encargos e informações em geral. "Apesar da facilidade de compreensão e dos campos auto-explicativos, colocamos no modelo da conta todo o detalhamento", informa o engenheiro comercial da Bahiagás, Eduardo Sousa. 38 A receptividade dos moradores do edifício Michelangelo foi à época algo relevante e positivo, nos primeiros dias de consumo do combustível, a diferença já podia ser sentida. Todos ficaram satisfeitos com o gás natural e com o trabalho da equipe da Bahiagás, responsável pela conversão, os mesmos adotaram um cronograma bem planejado, tendo o cuidado de lidar com os imprevistos com grande presteza. A referida matéria ainda acrescenta que a tabela tarifária da Companhia, é em cascata, pois quanto maior o consumo, menor o valor do metro cúbico do gás. Na época a primeira faixa, até 20 metros cúbicos, é cobrado R$ 1,42 para cada metro cúbico. Na segunda faixa, entre 21 e 100 metros cúbicos, o valor cai para R$ 1,27. Para se ter idéia do volume em metros cúbicos, um botijão de 13 kg de GLP, que custa em tono de R$ 32, equivale a pouco mais de 16 metros cúbicos de gás natural, cujo valor é R$ 23, o que significa uma economia de mais de 23%, que pode crescer se o consumo for maior. A utilização do GN em residências proporcionou um conceito de segurança e modernidade, auxiliando os moradores a terem economia e qualidade de vida (FELIX e MACHADO, 2005). Em Salvador a instalação predial da rede de distribuição de gás natural (GN) em edifícios segue um padrão pré-estabelecido rígido pela empresa fornecedora do produto, Bahiagás, que elaborou no ano de 2004 um regulamento de instalação predial (RIP), com orientações importantes que confere parâmetros que foram estabelecidos de acordo com as NBRs 14570/2000; 13103/2006 e a lei municipal n° 5690/1999. Alguns outros edifícios utilizaram o recurso natural, além dos moradores do edifício Michelangelo, foram inclusos no mesmo bairro da Pituba os condomínios dos edifícios Mater Domini, localizado na rua Carmem Miranda, Vivenda Santa Ignês, na rua Bahia, edifício Ville Imperial, no Pituba Ville, Loren Residencial, na Av. Manoel Dias da Silva e a Mansão Amadeus Mozart, no Loteamento Aquárius. 39 Os bairros da Pituba e Imbuí foram os primeiros bairros a serem atendidos com o gás natural. Para iniciar o fornecimento do produto, a Bahiagás construiu um gasoduto de 2.700 metros de extensão e uma Estação de Redução e Medição de Pressão (ERPM), com localização no bairro do Stiep. Desse ponto em diante a empresa implantou pontos na construção dos ramais para atendimento aos clientes residenciais e comerciais da região. Consequentemente o atendimento a outros bairros foram realizados gradativamente, o serviço de adequação das instalações a prédios e condomínios interessados na conversão, procuravam a Bahiagás para que fosse realizada uma primeira vistoria dos equipamentos que anteriormente utilizava o GLP ou energia elétrica e que podiam utilizar também o gás natural (GN). Na época a empresa proporcionou um censo, que possuía como meta verificar o modelo e marca dos equipamentos para que fossem providenciadas as peças de adaptação. Posteriormente a visita técnica, a Companhia avisava aos condôminos, através de carta, a data definida para a conversão dos equipamentos e início do fornecimento de gás. Na referida data, cada unidade habitacional deveria manter uma pessoa responsável no local (por segurança), o prédio poderia permanecer até 10 horas sem receber o combustível. Nesse intervalo, os técnicos da Bahiagás realizavam testes e verificações de segurança. 5.1 Contexto Atuai em Salvador O atual cenário energético desponta para o crescimento da utilização do Gás Natural. Esta ascensão vem sendo comprovada pela evolução gradual e sólida dos volumes de gás natural na matriz energética nacional. Nesse amplo mercado a Bahia ainda se destaca como uma grande produtora de gás natural, fator que fortalece o mercado em Salvador. 40 Através do excelente trabalho da Bahiagás a cidade do Salvador aponta como um crescimento no fornecimento de gás na área residencial, a empresa adota uma política de popularização do gás natural. “O combustível é usado no lugar do gás de cozinha e também serve como cogerador de energia elétrica, substituindo-a nos chuveiros, que é o aparelho mais caro”, explica Davidson Magalhães, diretorpresidente da Bahiagás. Como estratégia a Bahiagás firmou parcerias importantes nas feiras imobiliárias realizadas anualmente, consequentemente as contratações residenciais se intensificaram e novos empreendimentos já virão preparados com estrutura para receber o gás natural. A efetivação do fornecimento desse combustível se inicia através da distribuição por tubulações. A cidade do Salvador se apresenta até essa data com 538 km de dutos na Região Metropolitana e municípios próximos, totalizando um alcance a 18 cidades baianas. Os bairros que possuem uma estrutura para o acesso ao gás natural são: Pituba, Itaigara, Iguatemi, Imbuí, Rio Vermelho, Amaralina, Cidade Jardim e ainda as avenidas ACM, Ogunjá, Bonocô e Paralela. O foco na massificação do gás natural, um dos vetores estratégicos da atual gestão da Bahiagás, torna os consumidores baianos cada vez mais conscientes das vantagens do gás natural residencial - comodidade, segurança e economia. Assim, este foi o segmento que apresentou maior crescimento da empresa: passando de 3.163 clientes contratados em 2006, para 28.646 em 2010. O volume consumido também cresceu de 574 m³/dia, em 2006, para 1.566 m³/dia, em 2010, ano em que a Bahiagás atingiu o marco histórico de cinco mil clientes residenciais utilizando gás natural (Relatório especial de gestão Bahiagás 2007-2010). O fornecimento de gás natural para as residências não é interessante do ponto de vista econômico para a Bahiagás, mas o contrato de concessão com o Governo do Estado obriga a empresa a fornecer gás natural para as residências. 41 Esse consumo é pequeno, irrisório em relação às indústrias, comércios. O custo para implantação é alto, e seu maior problema se direciona para os bairros antigos da capital baiana. 5.2 Evolução dos Clientes Residenciais da Bahiagás Os primeiros contratos entre a Bahiagás e os clientes residenciais em Salvador foram firmados em 2002, tendo como o primeiro cliente a consumir gás natural o Edifício Michelangelo, como já citado anteriormente. Dos 98 contratos firmados desde 2002 até 2010 com a Bahiagás 85 contratados já estão consumindo gás natural. Em 2005 foi o ano com maior número de contratos chegando a 19 contratos firmados com a Bahiagás, representando um aumento de 51% em relação a 2004. O cenário de 2002 a 2010 é o apresentado na Tabela 5 e Figura 1. Tabela 5 – Clientes Contratados Residenciais até 2010 Município Contratados Salvador 98 TOTAL 98 Fonte: Bahiagás, 2011 Consumindo GN 85 85 Sem Consumo 13 13 Figura 1 – Clientes Contratados CLIENTES - CONTRATADOS 81 56 59 64 2005 2006 2007 89 98 37 20 3 2002 2003 2004 Fonte: Bahiagás, 2011 2008 2009 2010 42 Outra maneira de analisarmos a evolução do mercado é avaliando os números de domicílios consumindo gás natural durante o período de 2004 a 2010. No segmento residencial, foi ultrapassada a marca de 5 mil clientes consumindo gás natural. Chegando um total de 5.396 usuários, uma alta de 77% em relação a 2009, apontando para a progressiva consolidação do segmento, alcançada através de estratégia de estreitamento de relações com os consumidores. Os Contratos são firmados com os condomínios, logo a quantidade dos 85 clientes consumindo a Bahiagás atende a 5.369 domicílios convertidos para o gás natural e os 13 clientes sem consumir corresponde a 22.973 domicílios. Em 2010 foi o ano com mais domicílios utilizando gás natural tendo um aumento de 73% em relação ao ano de 2009. A Figura 2 representa a evolução dos domicílios convertidos de 2004 a 2010. Figura 2 – Evolução Nº de Domicílios Convertidos 5369 EVOLUÇÃO Nº DE DOMICÍLIOS CONVERTIDOS 3097 1994 838 2223 1151 318 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Fonte: Bahiagás, 2011 Um dos principais focos da Companhia de Gás da Bahia em 2010 foi o segmento Residencial que alcançou o marco de 30mil clientes, contratados. A forte expansão imobiliária de Salvador, aliada à intensa atuação da empresa para a massificação do gás natural, tornando-o um dos principais atrativos dos mais recentes empreendimentos, tem evidenciado a competitividade e vantagens técnicas, 43 econômicas e ambientais do energético. A Bahiagás em 2010 interligou 2.272 domicílios a maior quantidade verificada desde o início da operação da Bahiagás neste segmento. Podem-se analisar esses dados de 5.369 clientes levando em consideração a localização desses domicílios em Salvador. Abaixo Tabela 6 e Figura 3 com número de domicílios por localização de Salvador de 2004 a 2010. Tabela 6 – Localização dos Domicílios LOCALIZAÇÃO Nº DE DOMICÍLIOS ALPHAVILLE 772 ALTO DO PARQUE 76 AV. PROF. MAGALHÃES NETO 60 HORTO FLORESTAL 100 IMBUÍ 1698 LOT. AQUARIUS 550 LOT. IGUATEMI 220 LOT. VELA BRANCA 338 PITUBA (AV. MANOEL DIAS E ADJACÊNCIAS) 339 PITUBA VILLE 775 PQ. N. S. DA LUZ 329 PQ. SÃO VINCENTE 112 TOTAL Fonte: Bahiagás, 2011 5369 44 Figura 3 – Localização dos Clientes Localização dos Clientes 6% 2% 1% ALTO DO PARQUE AV. PROF. MAGALHÃES NETO HORTO FLORESTAL 2% 14% 15% ALPHAVILLE 2% IMBUÍ LOT. AQUARIUS 6% LOT. IGUATEMI 32% 10% 6% 4% LOT. VELA BRANCA PITUBA (AV. MANOEL DIAS E ADJACÊNCIAS) PITUBA VILLE PQ. N. S. DA LUZ PQ. SÃO VINCENTE Fonte: Bahiagás, 2011 O bairro com maior número de domicílios é o Imbuí com 1.698 clientes o que representa 32% do total, seguido por Pituba Ville com 15% e o Alphaville com 14%. Baseado nos dados acima da Tabela 06 e Figura 03 se pode verificar que os clientes residenciais estão localizados nos bairros residenciais nobres na cidade de Salvador. Dentre esses números 2.332 dos clientes residenciais possuem medição individual, 325 medição coletiva e 2.712 possuem medição coletiva com rateio. A medição coletiva e coletiva com rateio são as mais vantajosas para Bahiagás, pois a medição é feita no medidor da ERPM e o condomínio é que faz o rateio entre os condôminos. A medição individual a Bahiagás faz a medição em cada domicílio. Somando a medição coletiva com a coletiva com rateio tem-se 57% do total. Abaixo na Tabela 7 e Figura 4 é apresentada uma visão do fornecimento de GN em Salvador nas residências. 45 Tabela 7 – Nº de Domicílios por Tipo de Medição INDIVIDUAL 2332 COLETIVA 325 COLETIVA COM RATEIO 2712 TOTAL 5369 Fonte: Bahiagás, 2011 Figura 4 – Tipos de Medição Tipos de Medição 43% 51% 6% INDIVIDUAL COLETIVA COLETIVA COM RATEIO Fonte: Bahiagás, 2011 Dos 5.369 domicílios que estão consumindo gás natural 2.727 domicílios utilizam apenas cocção o que representam 51% do total de domicílios. Os 2.642 domicílios utilizam cocção e aquecimento o que representam 49% do total de domicílios. Esses números representam que mesmo com o clima quente em Salvador os habitantes utilizam aquecedores para esquentar a água. O lado positivo é que está sendo usado um combustível, mais limpo e econômico que é o gás natural. A Tabela 8 e Figura 5 representam o cenário atual quanto ao uso. 46 Tabela 8 – Nº de Domicílios por Uso COCÇÃO 2727 COCÇÃO E AQUECIMENTO 2642 TOTAL 5369 Fonte: Bahiagás, 2011 Figura 5 – Tipos de Uso 49% 51% COCÇÃO COCÇÃO E AQUECIMENTO Fonte: Bahiagás, 2011 5.3 Mercado Atual de Gás Natural na Bahia Analisando o mercado de gás natural do Estado da Bahia constata-se que com a integração das malhas de gasodutos entre as regiões Sudeste e Nordeste é garantia de que não faltará gás natural nos próximos anos, a Bahiagás ganhou um novo impulso e começa a dimensionar o tamanho de sua expansão. Em 2008, a Empresa também investiu na construção de mais 23.268 m de gasodutos, o dobro do que foi construído em 2007, quando foi verificada a construção de 11.610 m. Ampliou sua carteira de clientes residenciais por meio de contratos firmados para a ligação de, aproximadamente, 26 mil unidades residenciais e estabelecimentos comerciais. 47 A Bahiagás também assinou contrato com a Petrobras, garantido o suprimento de gás natural da companhia com contratos definitivos para as modalidades firme-inflexível, firme-flexível e interruptível, além de um contrato de normas gerais, para tratar das questões técnicas. Esse acordo garantiu à Bahiagás um aumento considerável do volume de gás a ser comercializado, passando de 3,5 milhões de m³/dia (2007) para 5.1 milhões de m3/dia (2009). O contrato de suprimento de gás natural é válido por cinco anos renováveis. A segurança proporcionada por este novo acordo, aliada ao incremento da oferta de gás na Bahia, atenderá ao crescimento industrial e atrairá novos projetos para o Estado (site da Bahiagás). Para o GN o segmento Comercial apresentou, em 2009, o significativo acréscimo de 57% no número de clientes contratados em relação a 2008, passando de 81 para 127 unidades comerciais na Bahia. Contribuíram para esse crescimento a ampliação do Salvador Shopping e a inauguração do Shopping Paralela, além de novos clientes, como restaurantes e hotéis. Projetos importantes foram realizados em 2010, como a construção da primeira estação da Bahiagás ligada ao Gasoduto de Integração Sudeste-Nordeste (GASENE), marcando o início de consumo de gás natural nas cidades de Itabuna e Ilhéus e a expansão da companhia para o Sul e Extremo Sul (Relatório da Administração – Bahiagás). Foi iniciado em 2010 o fornecimento ao Hospital Geral do Estado (HGE), primeiro hospital da rede pública estadual a ter a lavanderia e o refeitório funcionando com gás natural, gerando economia da ordem de R$ 400 mil/ano e reduzindo significativamente a emissão de gases poluentes (Relatório da Administração 2010 – Bahiagás). O consumo de gás natural em 2010 apresentou crescimento de 35,53% em relação à média do ano de 2009. No acumulado de 2010, de acordo com os dados estatísticos da ABEGÁS - Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado, o volume de gás natural comercializado atingiu a média diária de consumo de 52,9 milhões de metros cúbicos de gás. Inclusive, por dois meses, superou os 60 milhões de metros cúbicos diários. 48 O consumo de gás natural no país apresentou crescimento graças ao aumento no despacho térmico e também à retomada da demanda para o segmento industrial. À exceção do setor automotivo – que apresentou retração de 4, 721% -, todos os outros apresentarem crescimento de 2009 a 2010. O setor que mais influenciou este resultado foi o de geração elétrica, que cresceu 171,06% de um ano ao outro, graças ao maior acionamento térmico em virtude do baixo nível de água dos reservatórios. Em 2010, como nos anos anteriores, o principal consumidor do gás natural foi o setor industrial, com 26,2 milhões m³/dia, o que representa um aumento de 20,15% com relação ao ano anterior. Na sequência, estão os setores de cogeração, residencial e comercial, com aumento de, respectivamente, 19,64%, 7,24% e 6,26% no consumo diário de gás natural. A Bahiagás entra em 2011 iniciando fornecimento a quatro novos clientes industriais: EDN Estireno do Nordeste, Sansuy e Saint Gobain (todas no Pólo de Camaçari), além da usina de biodiesel de Candeias, de propriedade da Petrobras. Com capacidade de consumo da ordem de 90 mil m3/dia de gás natural. Como consequência e alinhada às macro estratégias de desenvolvimento do Governo do Estado e em observância aos principais eixos de infraestrutura e às expectativas de investimentos públicos e privados, a Bahiagás está construindo o primeiro Plano Diretor de Gás Natural da empresa que orientará as ações da Companhia para o período de 2010 a 2022. Com intuito maior de massificar, diversificar e estadualizar o gás natural como um dos principais pontos norteadores do Plano, objetivando ampliar os volumes comercializados aos clientes atuais e potenciais e otimizar a malha existente. Assim, expandir o uso do produto gás natural, mostrando as diversas possibilidades de utilização do produto num mesmo segmento. E estadualizar para levar o gás natural a diversos municípios baianos que possuem potencial de utilização do produto, tendo o GN como uma opção saudável financeiramente e sustentável para a geração de mais emprego e renda em todo o estado. A Bahiagás relata que até 2012, a Bahiagás planeja investir R$ 60 milhões na construção de 80 km de dutos para atender o mercado não térmico dos municípios de 49 Ilhéus, Itabuna, Eunápolis e Mucuri, no sul da Bahia. Para o atendimento de diversos outros municípios do Sul do Estado, estarão concluídos até 2014, 250 km de gasodutos, com investimentos adicionais superiores a R$ 100 milhões. (Diário, 2010). Com base no Plano Plurianual 2011-2013, (ainda em fase de aprovação), a previsão da companhia é aumentar em cerca de 1,2 milhões de m3/dia o volume de vendas nesse período. Dessa maneira, as vendas da companhia passariam dos atuais 3,8 milhões de m3/d para 5 milhões de m3/d – uma expansão de 31,5%. (site:energiahoje.com). O crescimento no volume é resultado da expansão da companhia para o Sul do estado, que permitirá o suprimento de gás para novas cidades e consumidores. "Este ano, vamos iniciar o fornecimento de gás natural para os municípios de Eunápolis, Itabuna, Ilhéus e Mucuri", revela o diretor presidente da Bahiagás, Davidson Magalhães. Essa estratégia permitirá a chegada do gás na região Sul e que a distribuidora atenda a demanda. A chegada de gás natural estava muito restrita a 18 municípios da região metropolitana de Salvador, Feira de Santana, Alagoinhas e também uma parte do litoral norte. Pretende-se nesse ano fornecer o gás natural em Itabuna e construir gasoduto para atender fábricas da região. Mas vale salientar que a população de um modo geral, sabe de fato os benefícios do uso do gás natural. A Bahiagás terá capacidade para distribuir 500 mil de m³/dia em cada um dos quatro city-gates construído no estado da Bahia. São 950 km de gasodutos construídos pela Petrobras, dentro do projeto Gasoduto Sudeste-Nordeste (GASENE), que darão vazão a 20 milhões de m³/dia de gás natural, além de estações de compressão, levando o desenvolvimento e contribuindo para a socialização do uso do gás na região (site da Bahiagás). 50 A Bahiagás vem praticando políticas comerciais mais agressivas, visando o estabelecimento da competitividade e estimulando o desenvolvimento. Entre as ações desenvolvidas estão os descontos promocionais para alguns segmentos de consumo e a venda de gás natural do leilão da Petrobras (site da Bahiagás). O que comprova essa afirmativa são as pesquisas realizadas pela Bahiagás, onde a campanha nesta gestão onde procurou demonstrar os benefícios e as diferenciações do produto e seus concorrentes. O gás natural tem concorrente, nas residências, é o GLP, na indústria, o óleo combustível e a nafta, na área de veículos, o álcool e a gasolina. Por isso, a relevância de um trabalho consistente de marketing da empresa (site da Bahiagás). 5.4 Perspectivas da Bahiagás para Clientes Residenciais em 2011 As perspectivas da Bahiagás para o ano de 2011 é de muito otimismo, até o final do ano, a meta da companhia é atingir o número de 11 mil clientes residenciais – praticamente o dobro em relação ao fechamento de 2010 - fornecendo a cada vez mais baianos um energético versátil (o gás natural pode ser usado para cocção, aquecimento de água e climatização), seguro, prático e mais vantajoso do ponto de vista ambiental e econômico. A Bahiagás tem investido na ampliação da rede de gasodutos no Estado e otimizado a malha de distribuição já existente, promovendo o atendimento ao mercado de gás natural em toda a Bahia. Implantou a infraestrutura para o recebimento do gás proveniente do Campo de Manati, maior campo não associado de gás natural do Brasil, com potencial para produção de 8 milhões de m³/dia de gás, possibilitando um incremento no atendimento do mercado industrial, e permitindo consolidar o fornecimento para os segmentos automotivo, residencial e comercial. 51 A Bahiagás é uma empresa que busca dar apoio e acesso à população baiana ao gás natural e fazer dele um instrumento do desenvolvimento do estado, seguindo determinação do governo, no ano de 2011 serão investidos mais de R$ 70 milhões. À medida que o GN for sendo difundido em áreas residenciais, o mesmo se tornará mais barato, mais acessível e de oferta ampla. As perspectivas de expansão da malha da Bahiagás atrairão mais investidores para regiões distantes da capital baiana e região metropolitana. Na capital baiana, também existe um plano de expansão para atender mais os segmentos residencial e comercial. A meta da Companhia é ampliar o uso do combustível em moradias, restaurantes, shoppings, bares, hospitais, supermercados, hotéis e escritórios. A missão da Bahiagás é expandir o uso e a distribuição de gás, satisfazendo com qualidade o cliente, assegurando a rentabilidade e promovendo o bem estar social e ambiental. A Bahiagás duplicou seu faturamento ao longo de quatro anos de gestão (2007-2010), ampliando o fornecimento de gás natural (GN) canalizado no estado. O impulso foi de R$ 635 milhões, apurados em 2006, para R$ 1,25 bilhão, projetado para o fechamento deste ano. O lucro líquido incrementou numa proporção ainda maior – de R$ 51 milhões para R$ 141 milhões. Com base nas informações obtidas no site (www.bahiagas.com.br), os dados referentes à evolução da empresa no quadriênio estão no relatório ‘Bons Resultados para o Desenvolvimento da Bahia’, disponível para download, nele dentro da visão estratégica de interiorização do gás natural, no último quadriênio, a Bahiagás ampliou de onze para 17 o número de municípios atendidos A Bahiagás realiza análise por área e estabelece metas em ações. Com isso a meta dos próximos três anos é chegar a 45 municípios, a demanda pelo gás natural é puxada principalmente pela indústria, sendo o insumo responsável por 25,3% da matriz energética do setor no estado, uma das maiores do País. 52 No atendimento dos diversos segmentos, a empresa investiu cerca de R$ 80 milhões de 2007 a 2010. Este volume financeiro deu fôlego a uma agressiva atuação com crescimento exponencial no número de clientes no mercado. 53 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Em relação ao mercado de gás natural na área residencial de Salvador pode-se concluir que esse setor apresenta grandes vantagens em relação a outros combustíveis como a não necessidade de armazenamento (botijões ou cilindros) já que seu abastecimento se dá através de canalização com o fornecimento contínuo, sem interrupções; o pagamento ocorre após consumo; é uma fonte de energia mais limpa que os derivados de petróleo e carvão; a combustão é mais limpa e a dá uma vida mais longa aos equipamentos que utilizam o gás e menor custo de manutenção. Este mercado em Salvador está em crescimento, mas tem se desenvolvido apenas nos bairros “nobres” Cabe responder a indagação do início dessa pesquisa, como otimizar o custo de implantação nos bairros antigos da cidade do Salvador e popularizar o fornecimento de gás canalizado? Diante do questionamento pode-se dizer que o gás natural canalizado encontra dificuldades em sua implantação principalmente em bairros populares, sendo necessário da Bahiagás um projeto mais detalhado, levando em consideração as peculiaridades territoriais da capital baiana. Este projeto precisa ser elaborado com a presença efetiva dos engenheiros mais experientes do mercado. É necessário que haja incentivo a utilização ao uso do gás natural residencial. Apesar do crescimento no mercado de gás natural residencial nos últimos anos como apresentado neste trabalho quanto à popularidade ainda é pouco conhecido da população mais carente, pois em Salvador só existe fornecimento para bairros ditos “nobres” o que faz com que a cultura do botijão de gás seja muito presente ainda nos bairros antigos. Recomenda-se um projeto arrojado e bem executado, impactando com um custo mais acessível, e com a previsão de ampliação da malha de distribuição e principalmente devido à descoberta de novas jazidas espera-se que a cultura do Gás Natural se popularize no uso residencial voltando-se para o desenvolvimento sustentável que incentive o consumo de combustíveis menos poluentes. 54 Aconselha-se uma abordagem mais profunda sobre esse tema, considerando a relevância do mesmo e por abrir os horizontes tanto da população quanto dos engenheiros responsáveis na reestruturação e ampliação da rede do gás natural. 55 REFERÊNCIAS ABREU, P. L.; MARTINEZ, J. A. Gás natural: o combustível do novo milênio. Porto Alegre: Plural Comunicação, 1999. Disponível em: <www.anp.gov.br/reservas>. Acesso em: 01 dez. 2010. AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO (Brasil). Portaria no. 41, de 15 de abril de 1998: que estabelece normas para especificação do gás natural, de origem interna ou externa, a ser comercializado no. 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