UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A UTILIZAÇÃO DA METODOLOGIA ACTIVITY BASED COSTING (ABC) NA ANÁLISE DE IDENTIFICAÇÃO DE CUSTEIO NO SETOR DE PETRÓLEO. Por: Herica Ferraz da Cunha Orientador Prof. Jorge Tadeu Vieira Lourenço Rio de Janeiro 2009 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A UTILIZAÇÃO DA METODOLOGIA ACTIVITY BASED COSTING (ABC) NA ANÁLISE DE IDENTIFICAÇÃO DE CUSTEIO NO SETOR DE PETRÓLEO. Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do especialista em Engenharia da Produção. Por: Herica Ferraz da Cunha grau de 3 AGRADECIMENTOS A Deus por realizar mais um de meus objetivos. 4 DEDICATÓRIA Dedico este projeto às pessoas que de alguma forma me ajudaram na realização do mesmo, e também ao meu amigo Dalgio, e em especial aos meus pais Henry e Sueli. 5 RESUMO A vantagem de custo é um dos tipos de vantagem competitiva que uma empresa pode possuir, por isso, os gestores devem reconhecer a importância do custo na elaboração dos planos estratégicos, ou seja, precisa estabelecer a “liderança de custo” ou a “redução de custo” como meta. Portanto, o objetivo deste trabalho é apresentar o Custeio Baseado em Atividades (ABC), como uma metodologia estratégica para apuração de custos, discorrendo sobre seus principais conceitos, etapas e vantagens em relação a outros métodos de apuração de custos da contabilidade tradicional. Esta monografia faz uma apresentação da implantação da metodologia de custeio baseado em atividades na prestação de serviços de apoio logístico às operações offshore no setor de petróleo. 6 METODOLOGIA A metodologia utilizada na execução do presente trabalho monográfico, foi a pesquisa bibliográfica através de levantamentos feitos em bibliotecas, que contribuíram para o enriquecimento das informações, através de leitura de livros, apostilas e ainda pela internet. A revisão bibliográfica foi fonte bastante suficiente ao propósito desta monografia, fornecendo o embasamento conceitual necessário à coleta das informações pertinentes às questões aqui levantadas, bem como às conclusões às quais se chegou. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO................................................................................................. 08 CAPÍTULO I - EXPLORAÇÃO & PRODUÇÃO DE PETRÓLEO- E&P.............09 CAPÍTULO II - O MÉTODO DO CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES........19 CAPÍTULO III – APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DE CUSTEIO ABC NA DETERMINAÇÃO DOS CUSTOS DE MOVIMENTAÇÃO INTERNA DE UM DEPÓSITO........................................................................................................30 CONCLUSÃO...................................................................................................36 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................37 ÍNDICE..............................................................................................................38 8 INTRODUÇÃO A partir da flexibilização do monopólio do petróleo, ocorrido na segunda metade da década de 90, o setor de petróleo e gás no Brasil vem sofrendo uma série de modificações que têm impactado diretamente as relações comerciais entre as empresas do setor. Estas modificações têm como principal causa o crescimento contínuo do número de companhias de petróleo e de fornecedores de bens e serviços especializados que vêm se instalando no país. Num primeiro momento, estas empresas estão focalizadas no atendimento às necessidades geradas nas atividades de Exploração e Produção de Petróleo (E&P). Dentro deste novo contexto do mercado de petróleo, eficiência operacional e redução de custos tornam-se fatores fundamentais para as empresas que desejam competir neste setor, pois, além de melhorar seus resultados, estes fatores tornam-se diferenciais competitivos, reforçando a importância da logística para o setor. Sendo assim, possuir uma boa infra-estrutura logística é fundamental para promover a redução de custos operacionais. Este monografia apresenta um estudo cujo objetivo é mapear, modelar e determinar os custos envolvidos nos processos de movimentação interna de um depósito utilizado como apoio logístico às atividades de produção de petróleo offshore. Com base na descrição dos processos de movimentação interna para armazenagem de produtos, são identificados os principais recursos e atividades que compõem estes processos. O presente trabalho foi dividido em três capítulos. O primeiro capítulo destina-se à atividade de Exploração & Produção de Petróleo no Brasil e no mundo e apresenta o histórico da atividade de Exploração Offshore no Brasil. O segundo capítulo destina-se aos principais conceitos, etapas e vantagens do método de Custeio Baseado em Atividades. O terceiro capítulo destina-se a aplicação da Metodologia de Custeio ABC na determinação dos custos de movimentação interna de um depósito. 9 CAPÍTULO I EXPLORAÇÃO & PRODUÇÃO DE PETRÓLEO - E&P 1.1 – Histórico A exploração do petróleo consiste na etapa inicial para a localização de uma jazida e a definição da melhor forma de realizar a prospecção do óleo. Para tanto, são necessários estudos preliminares de duas ciências, a Geologia, responsável pelo estudo das superfícies rochosas que vislumbra o detalhamento das camadas de rochas onde possa haver acumulação de petróleo e a Geofísica, em que se utilizam certos princípios da física para radiografar o subsolo além de simular terremotos artificiais que possibilitem o desprendimento de partículas da crosta terrestre, que são então captadas por instrumentos específicos para serem analisadas. Após os estudos preliminares, especialistas montam um painel com o conhecimento adquirido quanto à espessura, a profundidade e o comportamento das camadas das rochas sedimentares. Essas informações ainda não são capazes de assegurar a presença de petróleo no subsolo, mas permite que se defina o melhor ponto para a perfuração do solo. 1.1.1- No mundo O registro da participação do petróleo na vida do homem remota a tempos bíblicos. O petróleo era retirado da exsudações naturais encontradas em todos os continentes. O início e a sustentação do processo de busca com crescente afirmação do produto na sociedade moderna datam de 1859, quando foi iniciada a exploração comercial nos Estados Unidos, logo após a célebre descoberta do Cel. Drake, em Tittusville, Pensilvânia, com um poço de apenas 10 21 metros de profundidade perfurado com um sistema de percussão movido a 3 vapor, que produziu 2 m /dia de óleo. Descobriu-se que a destilação do petróleo resultava em produtos que substituíam, com grande margem de lucro, o querosene obtido a partir do carvão e o óleo de baleia, que eram largamente utilizados para iluminação. Estes fatos marcaram o início da era do petróleo. Posteriormente, com a invenção dos motores a gasolina e a diesel, estes derivados até então desprezados adicionaram lucros expressivos à atividade. Até o fim do século passado os poços se multiplicaram e a perfuração com o método de percussão viveu o seu período áureo. Neste período, entretanto, começa a ser desenvolvido o processo rotativo de perfuração. Em 1990, no Texas, o americano Anthony Lucas, utilizando o processo rotativo, encontrou óleo a uma profundidade de 354 metros. Este evento foi considerado um marco importante na perfuração rotativa e na história do petróleo. Nos anos seguintes a perfuração rotativa se desenvolve e progressivamente substitui a perfuração pelo método de percussão. A melhoria dos projetos e da qualidade do aço, os novos projetos com mais de 10.000 metros de profundidade. A busca do petróleo levou a importantes descobertas nos Estados Unidos, Venezuela, Trinidad, Argentina, Borneu e Oriente Médio. Até 1945 o petróleo produzido provinha dos Estados Unidos, maior produtor do mundo, seguido da Venezuela, México, Rússia, Irã e Iraque. Com o fim da Segunda Guerra, um novo quadro geopolítico e econômico se delineia e a indústria do petróleo não fica à margem do processo. Ainda nos anos 50, os Estados Unidos continuam detendo metade da produção mundial, mas já começa a afirmação de um novo pólo produtor potencialmente mais pujante no hemisfério oriental. Essa década marca, também, uma intensa atividade exploratória, e começam a se intensificar as incursões no mar, com o surgimento de novas técnicas exploratórias. Com o passar dos anos foi desenvolvida grande variedade de estruturas marítimas, incluindo navios, para portar os equipamentos de 11 perfuração. Atualmente, algumas destas unidades de perfuração operam em lâminas d’água maiores que 2.000 metros. A década de 60 registra a abundância do petróleo disponível no mundo. O excesso de produção, aliado aos baixos preços praticados pelo mercado, estimula o consumo desenfreado. O deslocamento de polaridade que já se fazia prever na década anterior começa a se afirmar. Os anos 60 revelaram grande sucesso na exploração de petróleo no Oriente Médio e na então União Soviética, o primeiro com expressivas reservas de óleo e o segundo com expressivas reservas de gás. Os anos 70 foram marcados por brutais elevações nos preços do petróleo, tornando econômicas grandes descobertas no Mar do Norte e no México. Outras grandes descobertas ocorrem em territórios do Terceiro Mundo e dos países comunistas, enquanto que os Estados Unidos percebem que suas grandes reservas de petróleo já se encontram esgotadas, restando-lhes aprimorar métodos de pesquisa para localizar as de menor porte e de revelação mais discreta. Acontecem, então os grandes avanços tecnológicos no aprimoramento de dispositivos de aquisição, processamento e interpretação de dados sísmicos, como também nos processos de recuperação de petróleo das jazidas já conhecidas. Os anos 70 marcam, também, significativos avanços na geoquímica orgânica, com conseqüente aumento no entendimento das áreas de geração e migração de petróleo. Nos anos 80 e 90, os avanços tecnológicos reduzem os custos de exploração e de produção, criando um novo ciclo econômico para a indústria petrolífera. Em 1996, as reservas mundiais provadas eram 60% maiores que em 1980, e os custos médios de prospecção e produção caíram cerca de 60% neste período. Assim, ao longo do tempo, o petróleo foi se impondo como fonte de energia. Hoje, com o advento da petroquímica, além da grande utilização dos seus derivados, centenas de novos compostos são produzidos, muitos deles diariamente utilizados. Com isso, o petróleo, além de produzir combustível, passou a ser imprescindível às facilidades e comodidades da vida moderna. 12 1.1.2 – No Brasil A história do petróleo no Brasil começa em 1858, quando o Marquês de Olinda assina o Decreto nº 2.266 concedendo a José Barros Pimentel o direito de extrair mineral betuminoso para fabricação de querosene, em terrenos situados às margens do Rio Marau, na então província da Bahia. No ano seguinte, o inglês Samuel Allport, durante a construção da Estrada de Ferro Leste Brasileiro, observa o gotejamento de óleo em Lobato, no subúrbio de Salvador. Contudo, as primeiras notícias sobre pesquisas diretamente relacionadas ao Petróleo ocorrem em Alagoas em 1891, em função da existência de sedimentos argilosos betuminosos no litoral. O primeiro poço brasileiro com o objetivo de encontrar petróleo, porém, foi perfurado somente em 1897, por Eugênio Ferreira Camargo, no município de Bofete, no estado de São Paulo. Este poço atingiu a profundidade final de 488 metros e, segundo relatos da época, produziu 0,5 m3 de óleo. Em 1919 foi criado o Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil, que perfura, sem sucesso, 63 poços nos estados do Pará, Alagoas, Bahia, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Em 1938, já sob a jurisdição do recém-criado Departamento Nacional de produção Mineral (DNPM), inicia-se a perfuração do poço DNPM-163, em Lobato, BA, que viria a ser o descobridor de petróleo no Brasil, no dia 21 de janeiro de 1939. O poço foi perfurado com uma sonda rotativa e encontrou petróleo a uma profundidade de 210 metros. Apesar de ter sido considerado antieconômico, os resultados do poço foram de importância fundamental para o desenvolvimento das atividades petrolíferas no país. Até o final de 1939 aproximadamente 80 poços tinham sido perfurados. O primeiro campo comercial, entretanto, foi descoberto somente em 1941, em Candeias, BA. A partir de 1954, no governo Vargas, foi instituído o monopólio estatal do petróleo com a criação da Petrobras, que deu partida decisiva nas pesquisas do petróleo brasileiro. 13 Desde sua criação a Petrobras já descobriu petróleo nos estados do Amazonas, Pará, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Paraná, São Paulo e Santa Catarina. Cada década na Empresa tem sido marcada por fatos de grande relevância na exploração de petróleo no país. Na década de 50 foram as descobertas dos campos de petróleo de tabuleiro dos Martins, em Alagoas, e Taquipe, na Bahia. Na década de 60 foram os campos de Carmópolis, em Sergipe, e Miranga, na Bahia. Ainda em Sergipe, um marco notável dessa década foi a primeira descoberta no mar, o campo de Guaricema. O grande fato dos anos 70, quando os campos de petróleo do Recôncavo Baiano entravam na maturidade, foi a descoberta da província petrolífera da Bacia de Campos, no RJ, através do campo de Garoupa. Nessa mesma década outro fato importante foi a descoberta de petróleo na plataforma continental do Rio Grande do Norte através do campo de Ubarana. A década de 80 foi marcada por três fatos de relevância: a constatação de ocorrências de petróleo em Mossoró, no Rio Grande do Norte, apontando para o que viria a se constituir, em pouco tempo, na segunda maior área produtora de petróleo do país, as grandes descobertas dos campos gigantes de Marlim e Albacora em águas profundas da Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, e as descobertas do Rio Urucu, no Amazonas. Na década de 90 várias outras grandes descobertas já foram contabilizadas, como campos gigantes de Roncador e Barracuda na Bacia de Campos, estado do Rio de Janeiro. A produção de petróleo no Brasil cresceu de 750 m3 /dia na época da criação da Petrobras para mais de 182.000 m3 /dia no final dos anos 90, graças aos contínuos avanços tecnológicos de perfuração e produção na plataforma continental. 14 1.2 – Histórico da Atividade de Exploração Offshore no Brasil A exploração de petróleo em reservatórios situados na área Offshore no Brasil iniciou-se em 1968, na Bacia de Sergipe, campo de Guaricema, situado em lâmina d’ água de cerca de 30 metros na costa do estado de Sergipe, na região Nordeste. Para o desenvolvimento na bacia de Sergipe aplicaram-se as técnicas convencionais da época para campos de médio porte: plataformas fixas de aço, cravadas através de estacas, projetadas somente para produção e teste de poços, interligados por uma rede de dutos multifásicos. Todo o complexo era ligado, também, por duto multifásico, a uma estação de separação e tratamento de fluidos produzidos localizada em terra. As primeiras plataformas, principalmente as instaladas nos campos de Guaricema, Caioba, Camorim e Dourado, eram, com pequenas variações, do tipo padrão de quatro pernas, convés duplo, guias para até seis poços, sistema de teste de poços de segurança. A perfuração e a completação dos poços eram executadas por plataformas auto-elevatórias posicionadas junto à plataforma fixa. Posteriormente os projetos foram implementados e a perfuração dos poços passou a ser feita, também, por sondas moduladas instaladas diretamente no convés superior das plataformas e assistidas por navios Tender. Nos anos seguintes, com o aumento da atividade, não só na costa de Sergipe, mas também nas de Alagoas, Rio Grande do Norte e Ceará, a Petrobras decidiu desenvolver projetos próprios de plataformas que atendessem às características de desenvolvimento dos campos. Este esforço resultou em três projetos de plataformas fixas distintos, conhecidas como plataformas de 1ª, 2ª e 3ª famílias. A plataforma de 1ª família era similar às plataformas fixas iniciais desenhada para ter até seis poços de produção e podiam ser instaladas em lâmina d’água de até 60 m; se necessário com um pequeno módulo para acomodação de pessoal. 15 A plataforma de 2ª família comportava a produção de até 9 poços, permitia a separação primária de fluidos produzidos, sistema de transferência de óleo, sistema de teste de poços, sistema de segurança e um sistema de utilidades. Era uma com acomodações de pessoal. As plataformas de 3ª família tinham a concepção mais complexa. Permitiam a perfuração e completação de até 15 poços e as facilidades de produção podiam conter uma planta de processo completa (teste, separação, tratamento e transferência de fluidos), sistema de compressão de gás, sistema de recuperação secundária, sistemas de segurança e de utilidades e acomodação de pessoal. As plataformas de 3ª família tinham concepção apropriada para atuarem como plataformas centrais. Em 1975, para o desenvolvimento dos campos de Ubarana e Agulha, no Rio Grande do Norte, além das plataformas de aços convencionais, decidiuse pela utilização de plataformas de concreto gravitacionais, segundo concepção do consórcio franco-brasileiro Mendes Jr. – Campenon Bernard. Foram utilizadas três destas plataformas, duas em Ubarana e uma em Agulha. Pela concepção original, cada plataforma comportava a perfuração e a completação de até 13 poços, separação, tratamento, armazenamento e transferência de óleo, compressão de gás além dos sistemas de utilidades, segurança e alojamento de pessoal. As plataformas, em formato de caixa têm um convés único medindo cerca de 2.500 m 2 além de um espaço interno, chamado de “galeria técnica”, para instalação de bombas de transferência, sistema de lastro e tratamento/descarte de água produzida. A planta de processo de cada plataforma comportava uma produção de 5.000 m3 /dia de óleo e a capacidade do tanque de armazenamento era de 3 20.000 m . A Altura total da plataforma era de 25 metros, instalada em locais de lâmina d’água aproximada de 13 metros. São instalações que se destinavam a operar como plataformas centrais. Até 1977 as atividades de produção offshore no Brasil limitaram-se às áreas do nordeste brasileiro em lâminas d’água de até 50 metros. Em 1974 houve a primeira descoberta de petróleo na Bacia de Campos, atualmente a principal província petrolífera do Brasil, localizada na parte marítima do estado do Rio de Janeiro, na região Sudeste do país. 16 1.3 – Exploração & Produção (E&P) na Petrobras A Exploração e Produção (E&P) é a maior das quatro áreas de negócios da Petrobras. Ao lado dos segmentos de Abastecimento, Gás e Energia e Internacional, ela integra a espinha dorsal da companhia. Formada por oito Unidades de Negócio e com atividades espalhadas por 16 estados brasileiros, ela será responsável por quase metade dos investimentos totais programados pela empresa até 2012. Dos US$ 112,4 bilhões que serão aplicados pela Petrobras entre 2008 e 2012, US$ 54,6 bilhões destinam-se à exploração e produção de petróleo no Brasil. Um dos mais importantes elos da cadeia de negócios da Petrobras, pela interface que mantém com as demais áreas, a de E&P explora e produz petróleo e gás natural em terra e no mar do território brasileiro. Sua excelência tecnológica, desenvolvida ao longo de mais de meio século de atividades, garantiu à companhia, por duas vezes, o maior prêmio internacional da indústria: o Distingüished Achievement Award, conferido pela Offshore Technology Conference (OTC), nos anos de 1992 e 2001. Respeitada mundialmente pela excelência na exploração e produção em águas profundas e ultraprofundas, a área de E&P da Petrobras é reconhecida pelo pioneirismo na introdução de novas tecnologias e pela capacidade gerencial em projetos nesse segmento da indústria. Produz petróleo a 1.886 metros de lâmina d’água, no campo de Roncador, na Bacia de Campos. Com investimentos maciços em pesquisa e desenvolvimento, a área de E&P e o Centro de Pesquisas da empresa (CENPES) preparam a companhia para uma aventura ainda mais ousada: produzir petróleo e gás a 3 mil metros de lâmina d’água. Depois de ter contribuído decisivamente para a auto-suficiência brasileira em petróleo em 2006, quando a produção dos campos terrestres e marítimos da companhia superou a demanda nacional, a área de E&P está preparada para novo desafio: garantir a sustentabilidade dessa auto-suficiência pelas próximas décadas, conquistar a auto-suficiência também em gás e elevar a produção média da empresa para 4 milhões 153 mil barris de óleo 17 equivalente (boe) por dia até 2015. Um crescimento médio anual de 6,8%, que manterá a Petrobras no rol das empresas de petróleo que mais crescem em produção e reservas. Desde 1953, quando foi criada, até dezembro de 2006, a companhia já havia produzido mais de 10,7 bilhões de boe no Brasil. Ao mesmo tempo, naquele ano, o volume de suas reservas provadas chegou, nesse mesmo mês, a 13,75 bilhões de boe, pelos critérios da Society of Petroleum Engineers (SPE). Mais de 80% do petróleo extraído pela companhia vêm da Bacia de Campos, no litoral do Rio de Janeiro. O restante provém das bacias terrestres e marítimas do Espírito Santo e Santos e das áreas terrestres e marítimas nas regiões Norte e Nordeste do país. As bacias terrestres contribuem com aproximadamente 16% da produção nacional. Elas foram o berço da produção nacional de óleo e gás e embora sejam áreas maduras, com alto grau de exploração, a companhia tem conseguido manter, ali, nos últimos cinco anos, uma produção média diária da ordem de 240 mil barris de óleo e 14,7 milhões de metros cúbicos de gás, o que é um resultado excelente. E a perspectiva é que os campos terrestres continuem contribuindo com parte importante para a produção nacional, alcançando em 2010 uma produção de 323 mil boe de óleo. Nessas áreas estão, também, aproximadamente 10% das reservas provadas da empresa. Essas bacias contribuíam com 1,3 bilhão de barris de óleo equivalente das reservas em dezembro de 2006, tendo apresentado um crescimento médio anual de 2,8% nos últimos cinco anos. Nos últimos anos a Petrobras vem expandindo suas atividades marítimas para o norte e para o sul da Bacia de Campos, abrindo novas fronteiras nas bacias do Espírito Santo e de Santos. Além disso, tem diversificado o portfólio de produção e reservas, aumentando, no volume agregado, os percentuais de óleo leve e gás natural. Sua reconhecida competência tecnológica, assim como o conhecimento da geologia brasileira, acumulado ao longo de mais de cinco décadas de pesquisas, tem feito da Petrobras a parceira preferencial das grandes empresas de petróleo que disputam o mercado de exploração e produção de petróleo no Brasil. 18 O órgão de Exploração e Produção (E&P) da Petrobras é responsável pela pesquisa, localização, identificação, desenvolvimento, produção e incorporação de reservas de óleo e gás natural dentro do território nacional. O E&P está estruturado na forma de Unidades de Negócios (UN). Cada UN é responsável pela gestão de um conjunto de concessões exploratórias e de produção, instalações operacionais e administrativas, com apropriação de receitas e custos e responsabilização por resultados. A organização das UNs respaldou-se em critérios como localização geográfica, semelhança geológica e estágio de desenvolvimento das concessões, além de infra-estrutura disponível e porte. 19 CAPÍTULO II O MÉTODO DO CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES (ABC) 2.1 – Histórico O método ABC tem como foco eliminar as distorções causadas na apuração dos custos dos produtos e serviços causados pelos métodos tradicionais de custeio, basicamente objetiva-se uma melhor precisão do custeio de produtos e serviços (KAPLAN & COOPER, 1998). O desenvolvimento do modelo ABC partiu da condição de que atividades desempenhadas em uma empresa geram custos, e que essas atividades são consumidas por produtos e serviços gerados por essa empresa. Assume-se o pressuposto que os recursos de uma empresa são consumidos por suas atividades e não pelos produtos que ela fabrica, estes são consequência das atividades necessárias à sua fabricação ou comercialização. A alocação dos custos indiretos aos produtos ocorre em dois estágios. No primeiro estágio, os custos dos recursos (elementos de custos) são transferidos para as atividades. Essa alocação é realizada com base em direcionadores de custos primários ou direcionadores de recursos. No estágio secundário, os custos das atividades são transferidos para os objetos de custos (produtos, serviços, clientes, linhas, etc.), com base no consumo dessas atividades pelos objetos. Os direcionadores de custos utilizados para fazer essas apropriações são denominados direcionadores de atividades ou direcionadores de custos secundários. Considerando-se o crescimento dos custos relacionados às atividades indiretas, essa primeira versão do ABC procurou estabelecer uma atribuição mais criteriosa dos custos indiretos aos bens e serviços produzidos, fornecendo informações que podem ser utilizadas com o objetivo de direcionar a atenção para as atividades responsáveis pelos custos. 20 2.2 – Classificação dos custos e seus impactos A classificação de custos pode variar de uma empresa para outra, em função do seu ramo de atividade e até mesmo do foco. Diferentes empresas devem classificar os custos com foco diferente. Um maior custo de aquisição no setor de compras fatalmente gerará custos que serão alocados no produto final. O tipo de recurso exigido por uma empresa depende do seu ramo de atuação. Para uma empresa do ramo industrial, alguns recursos são essenciais, enquanto para empresas do ramo de prestação de serviços o mesmo recurso pode não ser importante, ou até mesmo desnecessário. É, portanto, em função do tipo de instalação que devemos classificar os custos dos serviços de apoio. Pode ser que um determinado serviço seja o principal formador do custo de um produto, ou até mesmo uma atividade responsável pela diferenciação de qualidade, produtividade ou lucratividade de uma empresa. HANSEN (2001, p.63) diz que “o dispêndio de recursos é o custo de adquirir capacidade de atividade”. O montante pago pelo suprimento de uma atividade é o custo da atividade. Logo, buscando reduzir os custos de aquisição das atividades, ou seja, do setor de compras, podemos reduzir os custos das empresas e tornálas mais competitivas. Para Drucker (1998), os custos de apoio sempre necessitam provar que são imprescindíveis. Se os custos de apoio não podem ser cortados, pergunta-se quais são o menor custo e o menor esforço possíveis. As áreas de alto potencial, raramente, recebem recursos em excesso. 21 2.3 – A Importância da redução de custos Os custos de aquisição de matéria-prima e serviços estão diretamente relacionados com os produtos. O conhecimento e análise das atividades da empresa são muito importantes para que se possa saber quais fatores influenciam e contribuem na formação dos custos. A partir desse ponto, pode-se obter maior visibilidade dos custos efetivos, o que ajudará nos esforços para uma possível redução de custos. Segundo Drucker (1998) a única maneira verdadeiramente eficaz para cortar custos é eliminar por inteiro uma atividade. Reduzir os custos de aquisição é um dos princípios operacionais que conseguirão render resultados satisfatórios nos lucros das empresas, os quais podem levá-la a obter um desempenho diferenciado em relação à concorrência e a uma estratégia de crescimento futuro. O foco da redução de custos deve ser nas áreas de grande fluxo financeiro, para melhorias significativas. Os custos necessitam ser muito bem controlados e revisados periodicamente. Uma estratégia de redução de custos deve ser adotada somente com uma prévia definição de crescimento ou meta, sob pena de atingir diretamente a gama de produtos da empresa ou de serviços obtidos e contratados no atendimento de sua infra-estrutura. Muitas áreas em que se pretende aplicar um sistema de redução de custos requer investimento inicial, como também, o tempo de retorno do investimento programado antecipadamente. A redução de custos tende a melhorar as práticas, introduzindo tecnologia, eliminando desperdícios e duplicidades, aumentando a eficiência e otimizando serviços, entre outros do mercado fornecedor. Conforme Hansen (2001, p.61) coloca, “custos são incorridos para produzir benefícios futuros”. As práticas de redução de custos devem ser focadas por todos aqueles que têm envolvimento direto com as tomadas de decisões, compras e contratações na empresa, com metas estabelecidas e baseadas nos setores que poderão levar a um maior aumento de rentabilidade. No acompanhamento dos custos, faz-se necessário visualizar a previsão de consumos mês a mês, a realização (quanto foi efetivamente gasto no mês), o realizado no ano anterior (ou anos anteriores), ou seja, o histórico e a 22 visualização de um benchmark – uma referência mundial, valores de uma empresa do mesmo gênero que seja excelência na redução e controle de custos. Numa mesma empresa, pode-se fazer comparação de custos de uma área para outra, mostrando qual área está sendo mais eficaz na redução e/ou eliminação de custos, aumentando sua competitividade. Repassar informações eficazes é de grande importância. Quanto maior o nível de detalhamento (especificação técnica, quantidade) de informações relativas aos objetos de aquisição, sejam eles produtos ou serviços, maior o acesso de outros fornecedores potenciais à competição. 2.4 – Custos e o Custeio Baseado em Atividades 2.4.1 – Custos Enquanto a Contabilidade agrega o conjunto de fatos contábeis ocorridos na empresa, a Contabilidade de Custos os apresenta particularizados em unidades operacionais básicas, que podem ser uma fábrica, um departamento, um produto, ou qualquer outra atividade às quais os custos possam ser atribuídos. O objetivo da Contabilidade de Custos é a identificação e a divulgação de informações detalhadas sobre custos que devem ser usadas para controlar as atividades da empresa, planejar suas operações e dar base para os diversos processos gerenciais. Em qualquer atividade industrial, os custos são divididos basicamente pela agregação de três grupos de elementos de custos: i) custos das matériasprimas; ii) custos da mão de obra direta; iii) custos indiretos de fabricação (PIZZOLATO, 2002). De uma forma geral, os custos de matéria prima e de mão-de-obra direta são de fácil obtenção, com razoável precisão. No entanto, a medição dos custos indiretos de fabricação possui um grau maior de complexidade. Estes custos podem ser definidos como todos os custos 23 necessários ao processo, mas não classificáveis como matéria-prima ou mão de obra direta, mas que ocorrem no processo como um todo. Por exemplo, operação, manutenção e administração. A forma de dividir os custos indiretos entre os produtos ou serviços produzidos é denominada de rateio. Existem dois critérios tradicionais de rateio: i) critérios globais de rateio; e ii) critérios específicos de rateio (PIZZOLATO, 2002). Para utilização de um critério global aplica-se algum fator diretamente relacionado aos volumes produzidos. Já, os critérios específicos seguem duas vertentes, a saber: quanto à capacidade instalada e quanto à utilização. A primeira, de uma forma geral, sugere ratear de acordo com metros quadrados utilizados, número de funcionários, produção nominal dos equipamentos, etc. A segunda, sugere ratear de acordo com homens-hora, quillowatts consumidos ou qualquer outro recurso envolvendo registros de utilização. 2.4.2 – Rateio de Custos X Rastreamento dos Custos Existem inúmeras críticas ao chamado rateio de custos. Alega-se que os rateios são as principais causas das distorções nos custos dos produtos, e que estas têm provocado inúmeros erros de decisões. As principais razões para as distorções que ocorrem na apuração de custos de produtos e serviços são (NAKAGAWA, 1994): • Os custos variam basicamente em função do volume de produção; • Os custos indiretos têm crescido mais em relação aos custos diretos de mão de obra; e • Os rateios são praticados com grande dose de arbitrariedade pessoal, prejudicando a precisão dos números relacionados com os custos finais dos produtos. 24 Embora compreensíveis estas críticas muitas vezes não têm razão para existir. Os motivos são: • Para a elaboração de balanços e alguns relatórios financeiros, a Contabilidade de Custos utiliza um esquema de rateio aos departamentos e destes aos produtos, para apurar os custos de produtos e serviços vendidos e dos que serão mantidos em estoque, esquema este imposto pela legislação fiscal e societária; • Sendo evitadas as arbitrariedades e inconsistências dos critérios de quem faz o rateio, este é absolutamente necessário em alguns casos. Não há nada de errado no rateio do ponto de vista conceitual. As críticas ao rateio são perfeitamente válidas e aceitáveis, nos casos em que os custos de produtos e serviços apurados para fins de balanços e de outros relatórios financeiros são usados para decisões e controles gerenciais. O sistema de Custeio Baseado em Atividades ou Sistema ABC (Activity-Based Costing), é uma variante dos sistemas de rateio específico e consiste em avaliar os custos indiretos com a maior racionalidade possível. O método do Custeio Baseado em Atividades também pode fazer o uso de rateio, mas o que ele faz, essencialmente, é o rastreamento do consumo dos recursos, isto porque, não é mais um sistema de acumulação de custos para fins contábeis e elaboração de balanços patrimoniais. O rastreamento do Custeio Baseado em Atividades tem o significado de identificar, classificar e mensurar a maneira como as atividades consomem recursos e como os produtos consomem as atividades de uma empresa. O Sistema ABC faz o rastreamento das atividades mais relevantes de uma empresa, supostamente as que consomem a maior parte dos recursos e que são, geralmente, aquelas que se localizam nas áreas de engenharia, armazenamento, distribuição de materiais e produtos, inspeções e setups. Segundo Christopher (1997) a estrutura da Contabilidade de Custos, ainda em uso pela maioria das empresas hoje, confia em métodos arbitrários para a alocação de custos indiretos e, portanto, geralmente distorce a 25 lucratividade verdadeira por produto ou serviço, e por cliente. Um dos princípios básicos de custeio logístico é que o sistema deve refletir o fluxo de materiais, isto é, deve ser capaz de identificar os custos resultantes do fornecimento de serviço ao cliente. Um segundo princípio é que ele deve possibilitar uma análise separada de custos e receitas, por tipo de cliente, por tipo de produto, por segmento de mercado e canal de distribuição. 2.5 – Custeio Baseado em Atividades (Activity-Based Costing) Kaplan e Cooper (1998, p.94) definem o custeio baseado em atividades (Activity Based Costing – ABC) como: um mapa econômico das despesas e da lucratividade da organização baseado nas atividades organizacionais. Um sistema de custeio baseado em atividades oferece às empresas um mapa econômico de suas operações, revelando o custo existente e projetado de atividades e processos de negócios que, em contrapartida, esclarece o custo e a lucratividade de cada produto, serviço, cliente e unidade operacional. De acordo com Padoveze (2000), o custeio baseado em atividades atribui primeiro os custos para as atividades, e depois aos produtos, baseado no uso das atividades, e depois das atividades de cada produto. O custeio baseado em atividades é fundamental no conceito: produtos consomem atividades, atividades consomem recursos. O sistema de custeio baseado em atividades, segundo Martins (2001), opera com três formas de alocação dos custos: alocação direta, faz-se quando existe uma identificação clara, direta e objetiva de certos itens de custos com certas atividades; rastreamento, feito com base na identificação da relação entre a atividade e a geração dos custos; e rateio, realizado apenas quando não há a possibilidade de utilizar nem a alocação direta nem o rastreamento. Para o rastreamento dos custos o sistema utiliza os direcionadores de custos ou cost drivers, que é a causa que determina a ocorrência de uma atividade, ele é a verdadeira causa básica dos custos. Nakagawa (1994, p.74) define cost driver como: 26 uma transação que determina a quantidade de trabalho (não a duração) e, através dela, o custo de uma atividade. Definido de outra maneira, cost driver é um evento ou fator causal que influencia o nível e o desempenho de atividades e o consumo resultante de recursos. Este sistema não substitui o sistema tradicional para fins de avaliação de estoques. Portanto, o custeio baseado em atividades é utilizado para fins gerenciais, como suporte ao processo de tomada de decisões. 2.5.1 – Modelo Conceitual do Sistema ABC Uma atividade pode ser definida como um processo que combina, de forma adequada, pessoas, tecnologias, materiais, métodos e seu ambiente, tendo como objetivo a produção de produtos, projetos, serviços, bem como às inúmeras ações de suporte a esses processos (NAKAGAWA, 1994). E, para processar uma atividade, ocorre o consumo de diversos tipos de recursos, que devem ser adquiridos pela empresa. A premissa de que as atividades causam custos, permite ao Custeio Baseado em Atividades adotar um processo para alocação dos custos aos Objetos de Custo em dois estágios. O primeiro estágio tem como finalidade determinar os custos das atividades realizadas na organização. O segundo estágio aloca os custos das atividades aos produtos que consomem os respectivos trabalhos realizados. 2.5.2 – Direcionadores de Custos Segundo Nakagawa (1994), um Direcionador de Custos é usado como mecanismo para caracterizar duas situações dentro do método de Custeio Baseado em Atividades. Uma delas é para rastrear e indicar os recursos consumidos pelas atividades, chamados de Direcionadores de Custos de Recursos, aplicados no primeiro estágio da metodologia. A outra forma de utilizar um Direcionador de Custos é para rastrear e indicar as atividades necessárias para fabricação de um produto ou execução de um serviço, chamados de Direcionadores de Custos de Atividades, aplicados no segundo estágio da metodologia. 27 Ao utilizar os Direcionadores de Custo, a metodologia de Custeio Baseado em Atividades objetiva determinar a estrutura dos custos de cada atividade, para alocá-los corretamente aos Objetos de Custo, levando em consideração o consumo das atividades por tais Objetos. Estes podem ser divididos em três categorias: i) Direcionadores de Transação; ii) Direcionadores de Duração; iii) Direcionadores de Intensidade. Os Direcionadores de Transação se referem ao número de operações repetitivas. Os Direcionadores de Duração estão relacionados com o tempo de execução da atividade. Os Direcionadores de Intensidade consideram diretamente a quantidade de recursos necessários para realizar uma determinada tarefa. 2.6 – Vantagens do Custeio Baseado em Atividades O custeamento baseado em atividades, como instrumento de controle gerencial, apresenta diversas vantagens quando comparado com os critérios de custos tradicionais. Citam-se como exemplo: • O sistema ABC somente se utiliza de critérios de rateio como última alternativa no que consiste na atribuição de gastos indiretos às atividades, ou seja, o critério de rateio é utilizado unicamente nos casos em que não seja possível a atribuição de custo para determinada atividade; • Identifica os “direcionadores” de custos, o que facilita a identificação de custos desnecessários, que não agregam valor; • Atribuem os custos indiretos aos produtos de maneira coerente com a utilização de recursos consumida para a execução das necessárias atividades. As vantagens do custeio por atividade baseiam-se em representar um modelo de controle de consumo de recursos. Quanto aos custos diretos, os valores gerados pelo custeio por atividade aproximam-se bastante dos valores do custeio por absorção. 28 Quanto aos demais gastos de manufatura, surgem discrepâncias entre os dois sistemas, pois o custeio por atividade se preocupa com a alocação dos gastos, tanto custo quanto despesas, às atividades que os consumiram e à alocação das atividades aos processos que as consumiram. Concluindo, podem-se citar ainda as seguintes vantagens da metodologia do custeio baseado em atividades na gestão de processos: • Identifica os processos e atividades, tornando-os visíveis; • Classifica hierarquicamente as atividades, permitindo identificar aquelas que consomem mais recursos, ou seja, que representam custos mais elevados. A identificação do custo da atividade possibilita gerir sua eficiência. 2.7 – Fases do desenvolvimento do custeio por atividades A metodologia do custeio por atividades pode ser aplicada em qualquer tipo de organização, quer seja indústria, prestadora de serviços ou empresa comercial. Também pode ser aplicada em departamentos ou divisões específicas, estendendo-se, com a experiência, por toda a organização. As regras básicas para sua utilização encontram-se a seguir: • Efetuar o mapeamento dos principais processos existentes na organização (produção, suprimentos, administração de recursos humanos, desenvolvimento de novos produtos, logística etc.); • Identificar as principais atividades existentes em cada processo; • Levantar os custos e os recursos associados a cada atividade (custo/ atividades); • Identificar as atividades que não agregam valor ao produto. Podem ser atividades de suporte (área de finanças, treinamento etc.) e atividades secundárias (passíveis de ser eliminadas ou reduzidas sem afetar o produto final); • Avaliar a influência das atividades secundárias no produto final, ou seja, determinar se podem ser eliminadas ou pelo menos reduzidas; 29 • Identificar os direcionadores de custos, que são os parâmetros para a adequada apropriação. No processo de implantação do ABC, algumas empresas têm encontrado dificuldades na identificação dos direcionadores de custos (cost drivers). Esse problema, no entanto, pode ser resolvido por meio de uma acurada análise dos blocos de custos (cost pool). O ABC parte do princípio de que todos os custos incorridos numa empresa, ou centro de custo, acontecem na execução de atividades, como: fabricar, comprar, transportar, receber e assim por diante. O desempenho dessas atividades é que vai definir o consumo dos recursos e, portanto, dos custos. Assim, as atividades é que devem estar sob cuidadosas observação e análise. 30 CAPÍTULO III IMPLANTAÇÃO DO MÉTODO ABC NA PRODUÇÃO DE PETRÓLEO OFFSHORE O estudo de caso é aplicado a uma empresa que tem seu foco na prestação de serviços de apoio logístico às operações offshore e demais serviços relacionados à indústria de petróleo. A Empresa é responsável pelo gerenciamento logístico das operações do depósito de uma empresa fornecedora de produtos químicos para as atividades de E&P de petróleo. A empresa fornecedora de produtos químicos efetua todas as atividades de compra e venda de produtos, e atividades comerciais correlatas. A empresa de prestação de serviços atua, apenas, como operador logístico realizando as operações de movimentação interna, inspeção e manutenção dos contêineres de produtos químicos. O depósito da empresa fornecedora de produtos químicos, movimenta cerca de 70 produtos, possui uma Central de Granéis Líquidos (CGL) constituída por 34 tanques de aço inox, e cada tanque tem capacidade para armazenar 30 m3 de produto químico, sendo que cada tanque só pode armazenar um único produto. A quantidade de produtos químicos é maior do que a quantidade de tanques, gerando então dois tipos de fluxos: um para produtos armazenados nos tanques e outro fluxo para produtos não armazenados nos tanques. Os produtos que estão alocados aos tanques são recebidos, a granel, em caminhões-tanque e são armazenados diretamente nos respectivos tanques na CGL. Esses produtos são, então, colocados em contêineres vazios, que são deslocados, posteriormente, para o Estoque de Contêineres cheios, onde aguardam solicitação do produto, por parte das plataformas. Os contêineres vazios são retirados de uma área denominada Estoque de Contêineres vazios. Quando alguma plataforma solicita um produto, o contêiner cheio com o respectivo produto é deslocado para a Área de Expedição. Uma vez prontos para expedição, estes contêineres são recolhidos 31 pela empresa fornecedora e transportados até o porto para embarque nos navios, que, por sua vez, transportarão os contêineres até as respectivas plataformas de destino. Os produtos não alocados aos tanques são entregues no depósito pelos seus fornecedores em contêineres cheios e lacrados. Estes contêineres são deslocados diretamente para o Estoque de Contêineres cheios. Daí em diante, estes contêineres seguem o processo descrito anteriormente. No retorno dos contêineres da plataforma, faz-se necessário um processo rigoroso de inspeção e manutenção, uma vez que as operações logísticas relacionadas às atividades de E&P offshore são bastante agressivas do ponto de vista de conservação dos equipamentos. Os contêineres aptos a re-ingressarem no processo são encaminhados ao Estoque de Contêineres vazios. Os contêineres que precisam sofrer qualquer tipo de reparo são encaminhados para a manutenção e, só depois de consertados, voltam a fazer parte do processo. A empresa fornecedora é responsável por entregar os contêineres no depósito quando do seu retorno da plataforma. Portanto, no que diz respeito à movimentação dos contêineres, o escopo de atuação da empresa prestadora de serviços logísticos às operações offshore, conseqüentemente, o escopo de aplicação deste estudo de caso inclui, apenas, as atividades internas ao depósito. 32 3.1 – Detalhamento das etapas de implementação do método ABC 3.1.1 – Tipos e Capacidades dos Contêineres Cada produto químico é transportado em um tipo de contêiner, que varia de acordo com sua capacidade de armazenamento. As capacidades são, em m3: 0,290; 1; 1,5; 3 e 5. A metodologia de Custeio Baseado em Atividades será aplicada considerando as diferentes capacidades dos contêineres, já que contêineres de diferentes capacidades demandam esforços diferentes na operação e, conseqüentemente, diferentes consumos dos recursos operacionais. 3.1.2 – Recursos Utilizados na Operação A empresa fornecedora provê todas as facilidades administrativas e recursos de utilidades necessários à operação, de forma que estes custos não precisam ser incluídos nas operações da empresa prestadora de serviços. A empresa prestadora é responsável por fornecer todos os recursos não oferecidos pela empresa fornecedora, mas que são considerados tecnicamente fundamentais para a operação logística do depósito, a saber: • Aluguel da área do depósito; • Fornecimento de equipamentos; • Mão-de-obra especializada; e • Serviços de inspeção e manutenção de contêineres. 3.1.3 – Aluguel da Área do Depósito O depósito é subdividido em quatro áreas distintas, cada uma com sua função dentro do processo. As áreas são: 33 • Estoque de Contêineres Vazios; • Área para Enchimento dos Contêineres; • Estoque de Contêineres Cheios; e • Área de Expedição. O valor pago pelo aluguel do depósito corresponde à área total do depósito. Para efeito de aplicação da metodologia, este aluguel foi ponderado para cada área de ocupação dentro do depósito. Desta forma, pode-se estimar qual o custo específico para utilização de cada área, de acordo com a função a que se destina. O custo mensal de cada área do depósito será o valor do aluguel mensal total do depósito, multiplicado pelo respectivo percentual de ocupação da área. 3.1.4 – Equipamentos Para toda a movimentação interna de contêineres no depósito são usadas empilhadeiras. Como cada contêiner possui sua característica particular de dimensões e peso (cheio e vazio), faz-se necessário o uso de empilhadeiras de diferentes capacidades de operação. São usadas, então, empilhadeiras com capacidades de movimentação de 04, 07 e 10 toneladas. O custo de cada empilhadeira é o valor fixo de aluguel mensal pago por cada uma delas, valor este que inclui todos os gastos com manutenção, peças e combustível. O transporte dos contêineres do depósito até as instalações dos fabricantes para manutenção e consertos é de responsabilidade da empresa prestadora de serviço e, conseqüentemente, soma-se às parcelas de custo. Neste caso, é usado um veículo (caminhão). Sendo assim, o valor do custo desse recurso é o valor mensal gasto com o aluguel deste veículo. 3.1.5 – Mão de obra Nesta parcela de custo são considerados, apenas, os profissionais diretamente ligados à operação do depósito, divididos em três categorias, a saber: 34 • Supervisor; • Encarregado; e • Operador. A demanda pelas categorias reflete o nível de utilização do depósito, que trabalha com 2 turnos diários. Atualmente essa demanda é atendida por 1 supervisor em turno único, 1 encarregado por turno e 10 operadores por turno. 3.1.6 – Inspeção e Manutenção A apuração dos custos de inspeção e manutenção é feita considerando o gasto mensal com este processo para cada tipo de contêiner. Neste estudo de caso foi usada uma simplificação para esse gasto mensal, considerando-se que o valor gasto na manutenção de cada contêiner é o somatório do gasto mensal com manutenção para cada tipo dividido pelo número de contêineres do respectivo tipo. 3.2 – Atividades do Processo e Recursos Consumidos Para facilitar a identificação de cada uma das atividades que compõem a operação, uma forma de classificá-las é em Atividades Estáticas, aquelas não associadas à movimentação de contêineres, e em Atividades de Movimentação. Analisando o processo de operação foram identificadas 13 (treze) atividades, sendo 08 (oito) Atividades Estáticas e 05 (cinco) Atividades de Movimentação. Os recursos considerados neste estudo de caso são quatro: área alocada para operação (ÁREA), equipamentos (EQUIP), mão de obra (MD-O) e gastos com inspeção e manutenção (I&M). Os recursos são, então, consumidos pelas atividades identificadas. 3.3 – Direcionadores de Custo Os Direcionadores de Recursos usados neste estudo são: i) Área 2 Alocada (m ocupado pela atividade); ii) Equipamento (tempo de uso do equipamento pela atividade); iii) Mão de Obra (quantidade e tipo usado pela 35 atividade); e iv) Inspeção e Manutenção (uso desse processo na atividade). Já os Direcionadores de Atividades vão determinar o quanto de cada atividade é consumido por cada Objeto de Custo, que neste caso são os diferentes tipos de contêineres usados na operação. O consumo de uma atividade por um determinado Objeto de Custo é proporcional à quantidade total movimentada do respectivo objeto na operação. 36 CONCLUSÃO As atividades de E&P de petróleo offshore requerem um elevado nível de suporte logístico. Assim, a boa administração da logística torna-se, para uma empresa, um fator de diferenciação de custo. Uma correta apuração de custos permite uma tarifação mais justa e pode ser um fator de competitividade. Portanto, uma boa metodologia de apuração dos custos logísticos é fundamental para apoiar os tomadores de decisão nas negociações comerciais. As informações geradas com o Custeio Baseado em Atividades podem ser, também, utilizadas para uma avaliação das atividades e, conseqüentemente, dos processos. Os processos podem ser redesenhados e redimensionados, cancelando ou melhorando algumas atividades e, com isto, a empresa pode passar a operar usando novas formas de relacionamento com clientes, fornecedores e outros participantes da Cadeia de Suprimentos. O objetivo principal deste trabalho foi mostrar uma aplicação prática e a importância da ferramenta ABC em uma empresa do setor de petróleo. A metodologia de Custeio Baseado em Atividades mostrou-se adequada à aplicação proposta neste trabalho pela simplicidade e objetividade com que foi abordada. Mostrou-se eficaz e de baixo custo para implementação, pois os recursos humanos alocados para execução de uma implementação deste tipo podem gerar as informações necessárias ao projeto sem grande impacto no exercício de suas funções. 37 BIBLIOGRAFIA THOMAS, José Eduardo. Fundamentos de Engenharia de Petróleo. São Paulo: Interciência, 2004. NAKAGAWA, M. ABC Custeio Baseado em Atividades. São Paulo: Atlas, 1994. PIZZOLATO, N. Custos em Logística. Notas de aula do mestrado em logística. Pontifícia Universidade Católica, Rio de Janeiro, 2002. KAPLAN, R. S. e COOPER, R. Custo e desempenho – Administre seus custos para ser mais competitivo. São Paulo: Futura, 1998. PEREZ, José H.; OLIVEIRA, COSTA, Rogério G. Gestão Estratégica de Custos. Atlas, 2006. DRUCKER, Peter Ferdinand. Administrando para obter resultados. São Paulo: Pioneira, 1998. HANSEN, Don R.; MOWEN, Maryanne M. Gestão de custos: Contabilidade e Controle. São Paulo: Pioneira, 2001. PADOVEZE, C.L. Contabilidade gerencial – Um enfoque em sistema de informação contábil. São Paulo, Editora Atlas S.A., 1997. CHRISTOPHER, M. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: Estratégias para redução de custos e melhoria dos serviços. Ed. Pioneira, São Paulo, 1997 PETROBRAS - Espaço conhecer, Disponível em: http://www2.petrobras.com.br/portal/frame.asp?pagina=/Petrobras/portugues/ historia/index.htm&lang=pt&area=apetrobras> Acessado em: 04/05/2009 38 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO..........................................................................................02 AGRADECIMENTO..........................................................................................03 DEDICATÓRIA..................................................................................................04 RESUMO..........................................................................................................05 METODOLOGIA...............................................................................................06 SUMÁRIO.........................................................................................................07 INTRODUÇÃO..................................................................................................08 CAPÍTULO I EXPLORAÇÃO & PRODUÇÃO DE PETRÓLEO – E&P...................................09 1.1 – Histórico...................................................................................................09 1.1.1 – No mundo.....................................................................................09 1.2.2 – No Brasil.......................................................................................12 1.2 – Histórico da Atividade de Exploração Offshore no Brasil.........................14 1.3 – Exploração & Produção (E&P) na Petrobras...........................................16 CAPÍTULO II O MÉTODO DO CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES (ABC)......................19 2.1 – Histórico...................................................................................................19 2.2 – Classificação dos Custos e seus impactos..............................................20 2.3 – A importância da redução de custos........................................................21 2.4 – Custos e o Custeio Baseado em Atividades............................................22 2.4.1 – Custos..........................................................................................22 2.4.2 – Rateio de Custos X Rastreamento dos Custos ...........................23 2.5 – Custeio Baseado em Atividades (ABC)....................................................25 2.5.1 – Modelo Conceitual do Sistema ABC.............................................26 2.5.2 – Direcionadores de Custos............................................................26 2.6– Vantagens do Custeio Baseado em Atividades........................................27 2.7 – Fases do desenvolvimento do custeio por atividades..............................28 39 CAPÍTULO III IMPLANTAÇÃO DO MÉTODO ABC NA PRODUÇÃO DE PETRÓLEO OFFSHORE......................................................................................................30 3.1 – Detalhamento das etapas de implantação do método ABC....................32 3.1.1 – Tipos de capacidades dos contêineres........................................32 3.1.2 – Recursos utilizados na operação..................................................32 3.1.3 – Aluguel da área do depósito.........................................................32 3.1.4 – Equipamentos...............................................................................33 3.1.5 – Mão de obra.................................................................................33 3.1.6 – Inspeção e manutenção...............................................................34 3.2 – Atividades do processo e recursos consumidos......................................34 3.3 – Direcionadores de custo..........................................................................34 CONCLUSÃO...................................................................................................36 BIBLIOGRAFIA.................................................................................................37 ÍNDICE..............................................................................................................38