Empresas & Negócios (DN + JN)
ID: 53068655
25-03-2014
Tiragem: 140793
Pág: 6
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Ocasional
Área: 18,45 x 23,28 cm²
Âmbito: Economia, Negócios e.
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capa . tema
E
Empresas
familiares rondam
70% do total
de empresas
São Empresas Familiares aquelas em que uma família
detém o controlo, em termos de gestão, e alguns
dos seus membros participam e trabalham na empresa
m Portugal, as empresas familiares
empregam 60% da população ativa, representam cerca de 70% do tecido empresarial,
contribuem para 50% do emprego e 66% do
produto Interno bruto, apesar de “não existirem estatísticas precisas” sobre esta matéria,
explica Peter Villax, presidente da Associação
das Empresas Familiares, que concretiza: “Estudos internacionais indicam que a maioria das
empresas do mundo são familiares. Muitas lideram as listas das maiores empresas, são as que
mais contribuem para o PIB e o emprego, são as
mais inovadoras, e também as mais antigas. São
reconhecidas como os pilares essenciais para a
estabilidade do tecido empresarial.” Por estas
razões, Peter Villax acredita que “as empresas
familiares do século XXI vão ser o motor de
relançamento económico das nossas economias,
gerarão emprego e riqueza”.
A dificuldade em quantificar o número de empresas familiares existente reside, em muitos casos, no facto de estas serem confundidas com
PME (pequenas e médias empresas), quando,
muitas vezes, se tratam de empresas com grande dimensão, como são os casos da Jerónimo
Martins, do Banco Espírito Santo, da Salvador
Caetano, das Fábricas Lusitana ou dos transportes Luís Simões. Empresas familiares são aquelas
“nas quais existe a sobreposição da família, empresa e propriedade, o que lhes confere características específicas que as tornam únicas”, pode
ler-se no site da associação.
O facto de muitas empresas começarem com
uma base familiar mas deixarem de o ser, entretanto, também dificulta a sua contabilização.
Peter Villax lamenta que ainda se associe a
gestão das empresas familiares “a um modelo
antiquado, esquecendo-se que a esmagadora
maioria das empresas começa a sua existência
dessa maneira” e identifica três grandes desafios
que se impõem a estas unidades empresariais: “a
profissionalização da sua gestão; o desenvolvimento de um modelo de ‘corporate governance’
eficaz, moderno e transparente; e, finalmente,
a questão da sucessão de uma geração para a
seguinte.”
Opinião semelhante tem Alexandre Dias da
Cunha, diretor executivo da Family Business
Initiative, iniciativa lançada em Portugal pela
Nova SBE com o objetivo de “ajudar estas organizações a superar desafios específicos que
só elas enfrentam, devido às suas características particulares”, que, em entrevista ao Energia de Portugal, considerou, como Peter Villax,
que o problema da sucessão é uma das maiores
questões que se colocam a estas empresas: “A
Empresas & Negócios (DN + JN)
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25-03-2014
Tiragem: 140793
Pág: 7
País: Portugal
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Âmbito: Economia, Negócios e.
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capa . tema
educação sobre a responsabilidade de ser dono,
a integração de gestores não familiares, a gestão
da justiça, o “governance” e políticas de família,
e o planeamento da sucessão”, referiu, acrescentando: “A influência da família na empresa resulta
num conjunto de desafios muito específicos e é a
forma como cada família encara e lida com esses
desafios que pode ser fonte de vantagens competitivas, mas também de fraquezas importantes.”
Alguns estudos apoiam a noção de que a sucessão está na génese de muitos problemas nas empresas familiares. Um indica que, “(…) em cada
100 empresas familiares que se aproximam da 2.ª
geração apenas 30 sobrevivem, e destas apenas 15
continuam ativas na 3.ª geração” (Dyer, 1996).
Na sessão de abertura dos trabalhos do ‘Congresso Europeu da Sucessão Empresarial’, sob
o tema Construa a sua Sucessão, em janeiro de
2012, José de Barros, presidente da AEP - Asso-
AS EMPRESAS
FAMILIARES EMPREGAM
60% DA POPULAÇÃO
ATIVA, REPRESENTAM
CERCA DE 70% DO TECIDO
EMPRESARIAL
ciação Empresarial de Portugal, focou esta mesma problemática, referindo que “muitas vezes,
não é possível a transição para sucessores naturais, na aceção de descendentes, por ausência ou
desinteresse destes”, ainda que, dados europeus
mostrem que “700 mil empresas passam o testemunho para a nova geração todos os anos” e “2,8
milhões de pessoas e respetivos postos de trabalho estão envolvidos nestes processos”. Quando
não existe possibilidade de sucessão dentro da
família, José de Barros preconiza que as empresas
podem e devem “recorrer a outros mecanismos –
a passagem do controlo da empresa para os seus
quadros dirigentes ou diretores, não familiares,
através de operações de MBO, ou para outras
empresas, através de processos de concentração
empresarial –, que permitam a manutenção dos
postos de trabalho e do aparelho produtivo, e
que possam manter e até aumentar o valor económico da empresa, em face das sinergias e do
aumento de escala resultantes”, rematou.
Empresas
FAMILIARES
Fique a conhecer algumas das empresas familiares portuguesas
e as famílias por detrás delas.
Costa Duarte
A correctora de seguros Costa Duarte foi criada
em 1921 e a gestão da empresa está já na 4.ª geração. Apesar
de se dedicar exclusivamente à “Consultadoria de seguros,
naturalmente exercida em moldes diferentes ao longo dos
tempos, mas sempre com elevados níveis de profissionalismo”,
Miguel Costa Duarte, presidente da empresa e neto do fundador,
considera que “a diversificação é uma constante. Destaco nos
últimos anos, o processo de internacionalização da Costa Duarte.
Temos presença própria através de participadas diretas no Brasil,
Angola e Espanha, mercados estes que assumem relevância estratégica para os nossos clientes.
Podemos afirmar que colocamos a partir de Portugal qualquer seguro, de qualquer empresa,
em qualquer parte do mundo. Este processo iniciou-se com seguros para obras de empresas
de construção nossas clientes e é agora uma realidade para todo o tipo de seguros dos nossos
clientes, nomeadamente, os que envolvem expatriados”. Sob o lema “Gerações de Confiança”,
Miguel Costa Duarte afirma que este é um projeto “que se identifica com a própria família que
lhe deu forma”, e que “há valores que se transmitem de pai para filho e formas de atuar que se
distinguem no panorama empresarial” e gostaria que, dentro de 30 anos, “5.ª geração da família
já estivesse representada, rodeada por profissionais de excelência e que fosse um motivo de
orgulho para todos os que nela trabalhem”.
MRG - Engenharia
e Construção, SA
Fundada em 1978 com o nome Manuel
Rodrigues Gouveia, Lda., a empresa trabalha na área da
engenharia e construção, apesar de, inicialmente, ter trabalhado
também no imobiliário, área que foi entretanto transferida “para
uma empresa própria apenas focada neste setor”, à semelhança
de outras áreas onde está presente, como “floresta e energias
renováveis” explica Rodolfo Gouveia, administrador da empresa
e neto do fundador. O administrador, 3.º da geração Gouveia
a liderar os destinos da empresa, encara como principal desafio numa empresa familiar a
necessidade de “tornar a gestão mais profissional, ser capaz de gerir tendo em conta não
apenas o lucro mas também a sustentabilidade da empresa e o bem-estar de todos aqueles
que connosco trabalham, direta ou indiretamente” e vê “este grupo de empresas como
uma parte de si, como algo que deve ser desenvolvido e transmitido às gerações que nos
sucedam”. A apostar na internacionalização, que considera “condição sine qua non para
garantir a sustentabilidade do desenvolvimento que se perspectiva” para o grupo, Rodolfo
Gouveia acredita que, dentro de 30 anos, a MRG terá “retomado o caminho do crescimento
tanto do volume de negócios como do número de colaboradores” e terá já a “a 4.ª geração a
trabalhar”.profissionais de excelência e que fosse um motivo de orgulho para todos os que
nela trabalhem”.
A ASSOCIAÇÃO DE EMPRESAS FAMILIARES
Nascida em 1998, a Associação de Empresas Familiares (AEF) é “uma associação sem fins lucrativos de âmbito nacional e transversal a todos os setores
de atividade”. A AEF conta com mais de 250 empresas familiares associadas, dos mais diversos setores de atividade, dimensão, ano de fundação e área
de intervenção. De acordo com um estudo realizado em 2009, no qual participaram 200 empresas associadas da AEF, a sua faturação global é de 11 441
593 318,10 € (dados não consolidados); representam cerca de 7% do PIB Nacional; dezoito pertencem às 25 famílias que criam mais riqueza em Portugal;
e duas estão na lista das 250 maiores empresas familiares do mundo (Jerónimo Martins n.º 120 e Espírito Santo Financial Group n.º 126). A associação
representa os interesses das famílias patrimoniais e desenvolve um programa de atividades para membros destas empresas, colaboradores e convidados,
entre os quais: formação, seminários, conferências, encontros temáticos e almoços de debate (entre outros). A associação implementou também um
programa de Intercâmbio de Estágios entre jovens de empresas associadas.
Empresas & Negócios (DN + JN)
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25-03-2014
Tiragem: 140793
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Área: 18,72 x 22,81 cm²
Âmbito: Economia, Negócios e.
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Empresas FAMILIARES
Hubel
Representações
Eléctricas, Lda.
Foi fundada em 1982
pelos atuais administradores,
Humberto Teixeira, engenheiro
eletrotécnico de formação-base e pela
esposa, Isabel Conceição, licenciada
em Direito. O grupo Hubel está desde
o início da sua atividade ligado às
áreas da água e da eletricidade, nomeadamente a comercialização
e instalação de bombas de furo para rega. “O crescimento
contínuo da atividade, aliado a uma aposta clara na inovação
e desenvolvimento de novas soluções, permitiu o início da
diversificação das suas áreas de negócio na década de 1990.
Hoje, o grupo Hubel está presente nos setores do abastecimento e
tratamento de água, quer a nível municipal quer industrial, com
soluções na gestão eficiente de redes e diminuição de perdas de
água, assim como nas áreas dos métodos produtivos e da nutrição
vegetal, aqui com destaque para os adubos líquidos”, explica
Rita Conceição, filha mais velha do casal e diretora adjunta da
empresa Hubel Indústria da Água. Atualmente, o grupo Hubel
incorpora na sua atividade três áreas de negócio assente nos
segmentos de mercado da indústria da água (abastecimento,
tratamento e gestão de redes); da nutrição vegetal e dos métodos
produtivos; e da produção de pequenos frutos vermelhos. “Esta
diversificação de áreas de negócio tem por base a natureza do
fundador, Humberto Teixeira que, apesar de ser formado em
engenharia eletrótecnica, sempre foi um homem da natureza,
do campo e intrinsecamente empreendedor”, revela a diretora
adjunta. Os fundadores do grupo Hubel “desempenham funções
de administração de todas as empresas do grupo”. Dos três
Lusoforma
Constituída em 1988, a Lusoforma é fruto da larga
experiência empresarial na área da indústria de embalagens em
alumínio dos irmãos João e Alberto Teotónio Pereira que, em 1958,
decidiram investir numa pequena produção de loiça de alumínio que,
após várias vicissitudes, se veio a transformar na atual Lusoforma.
A empresa produz embalagens de alumínio descartáveis, mas a
diferença está, acredita Bernardo Pereira, administrador e filho de
Alberto Pereira, no facto de “projetar e construir o seu parque de
máquinas”, o que lhes permite “dar resposta a pedidos específicos
de clientes quanto à forma das embalagens encomendadas”. “Mais
recentemente, e focados no serviço ao cliente, especializámo-nos na
embalagem dos nossos produtos, apostando forte na personalização
de cada pacote”, reforça.
Como empresa familiar que é, por aqui já passaram três gerações de
Pereiras, sendo que a última “vai passando” por aqui. São os nossos
filhos e sobrinhos, para quem a porta está sempre aberta e com
quem contamos, pontualmente, nas férias”. Para o administrador, o
grande desafio de uma empresa familiar reside “na motivação para
continuar”, e o sucesso atual da Lusoforma faz-se com o apoio da
família, neste caso do irmão Gonçalo e do primo Marcos.
filhos, dois – Rita Conceição, a mais velha, e Filipe Conceição,
o do meio – “colaboram nas empresas há dez e quatro anos,
respetivamente”.
Além da família directa, “temos o prazer e o privilégio de ter
outros membros da família – irmão, sobrinhos, primos, genros
e noras dos fundadores – que colaboram em várias empresas
do grupo Hubel”, conta Rita Conceição, que identifica como
principais desafios numa empresa familiar a “colaboração e
gestão num património que não é individual, mas sim da família,
e deve ser cuidado e desenvolvido para as gerações futuras”, a que
se junta a “clarificação dos papéis, responsabilidades e áreas de
atuação de cada membro da família que colabore nas empresas”.
Olhando para o futuro, Rita Conceição afirma que o objetivo
é “continuarmos a crescer nas áreas de atividade que
desenvolvemos tendo por base a nossa missão – promover o
desenvolvimento económico, colocando no mercado produtos
e serviços especializados, que potenciem valor acrescentado aos
clientes e à sociedade em geral, nas áreas do uso e gestão da água
e da produção agrícola – e os nossos valores.
Queremos, assim, agir de forma sustentável e dinâmica, com
vista a conseguirmos consolidar a nossa posição nos mercados
em que já estamos presentes e alcançar novos, trazendo a todos
eles, serviços, soluções e produtos de valor acrescentado, que
nos permitam marcar uma posição de destaque e sermos uma
referência”, remata.
OS FUNDADORES DO GRUPO HUBEL
“DESEMPENHAM FUNÇÕES DE
ADMINISTRAÇÃO DE TODAS AS
EMPRESAS DO GRUPO”
Empresas & Negócios (DN + JN)
ID: 53068655
25-03-2014
Tiragem: 140793
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País: Portugal
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Área: 19,03 x 22,04 cm²
Âmbito: Economia, Negócios e.
Corte: 4 de 4
EMPRESAS FAMILIARES
NEGÓCIOS
EM ASCENSÃO
EM PORTUGAL, AS EMPRESAS FAMILIARES EMPREGAM 60%
DA POPULAÇÃO ATIVA, REPRESENTAM CERCA DE 70% DO TECIDO
EMPRESARIAL, CONTRIBUEM PARA 50% DO EMPREGO
E 66% DO PRODUTO INTERNO BRUTO, APESAR DE
NÃO EXISTIREM ESTATÍSTICAS PRECISAS
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Empresas familiares rondam 70% do total de