Revista
ISSN 1519-339X
Ano 14 - Nº 71 / 9 - Outubro / Novembro / Dezembro - 2014
A Revista Enfermagem Atual In Derme está indexada na base de dados do Cinahl - Information
Systems USA, classificada como Qualis International B2 da Capes e no Grupo EBSCO Publicações.
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REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71
Editor:
Viviane Fernandes de Carvalho
Redação:
Cesar Isaac
Assistente Editorial:
André Oliveira Paggiaro
[email protected]
Financeiro:
Sobenfee
Produção:
Charles da S. Santos
Caríssimos (as) leitores (as),
O ano se encerra, mas nos trouxe muitas oportunidades de aprendizado e
ainda nos permite projetar novos horizontes a serem alcançados no ano novo que
Vendas:
Sobenfee
[email protected]
Sac:
[email protected]
Envio de Artigos:
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ENFERMAGEM ATUAL IN DERME é uma
revista científica, cultural e profissional, trimestralmente lida por 5.000 enfermeiros.
ENFERMAGEM ATUAL IN DERME não aceita
matéria paga em seu espaço editorial.
CIRCULAÇÃO: Em todo Território Nacional.
CORRESPONDÊNCIAS: Rua México, nº 164
sala 62 Centro –Rio de Janeiro - RJ - (21)
2259-6232 - [email protected]
Periodicidade: Trimestral
Distribuição: Sobenfee
Produção: EPUB - Editora de Publicações Biomédicas Ltda.
ENFERMAGEM ATUAL IN DERME reserva
todos os direitos, inclusive os de tradução, em
todos os países signatários da Convenção Pan
-Americana e da Convenção Internacional sobre
Direitos Autorais.
A Revista Enfermagem Atual In Derme
está indexada na base de dados do Cinahl Information Systems USA e classificada como
Qualis Internacional B2 da Capes e no Grupo
EBSCO Publicações.
Os Trabalhos publicados terão seus direitos
autorais resguardados pela Sobenfee que, em
qualquer situação agirá como detentora dos
mesmos.
Circulação: 4 números anuais: JAN/FEV/MAR
– ABR/MAI/JUN – JUL/AGO/SET – OUT/NOV/
DEZ
DATA DE IMPRESSÃO: Junho 2014
A Revista Enfermagem Atual In Derme é uma
publicação trimestral. Publica trabalhos originais das diferentes áreas da Enfermagem,
Saúde e Áreas Afins, como resultados de pesquisas, artigos de reflexão, relato de experiência e discussão de temas atuais.
logo virá. Assim, o último número de 2014 deste periódico tem a capacidade de
nos fazer refletir sobre o passado, assim como, idealizar diferentes cenários para
o futuro.
Silva, et al., investigaram os efeitos da terapia acupuntural em feridas cutâneas cirurgicamente induzidas em um modelo animal por meio da análise histomorfométrica. Identificaram que o uso de acupuntura no pós-operatório alterou
a contagem de células inflamatórias, fibroblastos / fibrócitos, vasos sanguíneos e
a deposição de colágeno durante a cicatrização das feridas cirúrgicas em ratos.
Mayoral, et al., verificaram a disponibilidade e condições dos esfigmomanômetros e estetoscópios nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) no município de
Guarulhos, uma vez que o uso de instrumentos precisos para medir a pressão
arterial é fundamental para o diagnóstico correto. Os pesquisadores sugerem suprimento de instrumentos adequado para medir precisamente a pressão arterial
no município avaliado.
Silva, et al.: analisaram a influência da personalidade do tipo Hardiness na
Síndrome de Burnout e nos Sintomas Depressivos entre residentes multiprofissionais. Os achados permitiram que os investigadores inferissem que as características da Personalidade Hardiness, por permitirem resistência ao estresse, reduzem
a possibilidade de Burnout e Sintomas Depressivos.
Rendon, et al., tiveram como objetivo conhecer os significados do exame
preventivo Papanicolaou expresso pelas mulheres. O desconhecimento do significado do exame e a vergonha foram apontados como os maiores causadores da
não realização do exame pela maioria das mulheres entrevistadas.
Lima & Sabatés: identificaram os brinquedos escolhidos pelas crianças na
brinquedoteca hospitalar e os conteúdos expressos durante o brincar. A criança
hospitalizada, pôde mostrar, em um espaço de oportunidades para a criança,
simbolizar os conteúdos hospitalares e domésticos e entender melhor o que está
acontecendo com ela.
Feliz Natal e próspero 2015!!!
Profa. Dra. Viviane Fernandes de Carvalho
Editora chefe
ISSN 1519-339X
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71
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Conselho Científico
Ana Claudia Puggina
Universidade Guarulhos
Guarulhos, SP-Brasil
Ana Karine Brum
Universidade Federal Fluminense
Rio de Janeiro, RJ-Brasil
Ana Llonch Sabates
Universidade Guarulhos
Guarulhos, SP-Brasil
Sumário
EDITORIAL
3
ARTIGOS
5 Normas de Publicação
Revista Enfermagem Atual - In Derme
Andre Oliveira Paggiaro
Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina Universidade de São Paulo
São Paulo, SP-Brasil
Arlete Silva
Universidade Guarulhos
Guarulhos, SP-Brasil
________
8 Análise histomorfométrica da cicatrização de feridas
cutâneas tratadas com acupuntura: Estudo em ratos.
Beatriz Guitton
Universidade Federal Fluminense
Rio de Janeiro, RJ-Brasil
Histomorphometric analysis of skin wound healing
Cesar Isaac
Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina Universidade de São Paulo
São Paulo, SP-Brasil
undergoing acupuncture therapy: Study in rats.
Elidiane de Lemos Vasconcelos Silva, José Alex Alves dos Santos, Bartolomeu
Denise Sória
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
Rio de Janeiro, RJ – Brasil
José dos Santos Júnior, Maria Fernanda Aparecida Moura de Souza, Rogélia
Herculano Pinto, Francisco Carlos Amanajás de Aguiar Júnior
Edna Apparecida Moura Arcuri
Universidade Guarulhos
Guarulhos, SP-Brasil
Fulvia Maria dos Santos
Universidade Estácio de Sá
Rio de Janeiro, RJ-Brasil
________
14 Esfigmomanômetros para medida precisa da pressão
arterial : disponibilidade, condições e o associado
Javier Soldevilla Agreda
Universidade de La Rioja
Logroño-Espanha
conhecimento do enfermeiro em Unidades Básicas
José Carlos Martins
Universidade de Coimbra
Coimbra-Portugal
de Saúde do município de Guarulhos.
Sphygmomanometers for accurate blood pressure
José Verdu Soriano
Universidade de Alicante
Alicante-Espanha
measurement: availability, conditions and associated nurse
Knowledge in Basic Health Units of Guarulhos Municipality.
Josiane Lima de Gusmão
Universidade Guarulhos
Guarulhos, SP-Brasil
Natany Maia Mayoral, Victor Cauê Lopes, Edna Apparecida Moura Arcuri
Karina Chamma Di Piero
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Rio de Janeiro, RJ-Brasil
Marcus Castro Ferreira
Faculdade de Medicina Universidade de São Paulo
São Paulo, SP-Brasil
________
18 Influência do Hardiness no Burnout e depressão entre
Maria Celeste Dalia Barros
Universidade Estácio de Sá
Rio de Janeiro, RJ-Brasil
residentes multiprofissionais - estudo analítico
Maria de Belém Cavalcante
Universidade Guarulhos
Guarulhos, SP-Brasil
among multidisciplinary residents- analytical investigation
Influence of Hardy personality on Burnout and depression
Rodrigo Marques da Silva, Karla de Melo Batista, Patrícia Maria Serrano, Luis
Maria Helena Gonçalves Jardim
Universidade da Madeira
Funchal-Portugal
Felipe Dias Lopes, Ana Lúcia Siqueira Costa, Laura de Azevedo Guido
Maria Luiza Santos
Universidade da Madeira
Funchal-Portugal
Maria Marcia Bachion
Universidade Federal de Goiás
Goiania, GO-Brasil
________
Women and the meanings of the pap smear
Neida Luiza Kaspary
Universidade Federal de Santa Maria
Santa Maria, RS-Brasil
Daniela de Cássia Sabará Rendon, Cristiane dos Santos Braga, Luana Ribeiro
da Silva, Lígia Vieira Tenório Sales, Anna Maria de Oliveira Salimena
Patricia Helena Castro Nunes
IPEC / FIOCRUZ
Rio de Janeiro, RJ-Brasil
Rosa Aurea Quintela Fernandes
Universidade Guarulhos
Guarulhos, SP-Brasil
Simone Aranha Nouer
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Rio de Janeiro, RJ-Brasil
Tamara Iwanow Cianciarullo
Universidade de Mogi das Cruzes
Mogi das Cruzes, SP-Brasil
4
Viviane Fernandes de Carvalho
Universidade Guarulhos
Guarulhos, SP-Brasil
23 Mulheres e os significados do exame Papanicolaou
________
27 O brincar da criança hospitalizada na
brinquedoteca hospitalar*
The play child hospitalized in hospital playroom
Juselda de Lima, Ana Llonch Sabates
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Normas de Publicação
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL - IN DERME
INSTRUÇÕES AOS AUTORES
A Revista Enfermagem Atual - In Derme é o órgão oficial de
divulgação da Sociedade Brasileira de Feridas e Estética (Sobenfee). Impressa e on-line, tem como objetivo principal registrar
a produção científica de autores nacionais e internacionais, que
possam contribuir para o estudo, desenvolvimento, aperfeiçoamento e atualização da Enfermagem, da saúde e de ciências
afins, na prevenção e tratamento de feridas.
O desenvolvimento do conhecimento de Enfermagem visto,
principalmente, nas últimas quatro décadas, é o resultado da
somatória dos esforços dos cientistas, teóricos e estudiosos em
Enfermagem, a fim de que a prática seja mais segura e eficiente.
Desta maneira, cabe também a esta sociedade trazer à comunidade as descobertas científicas conseguidas pela Enfermagem,
também nas seguintes seções especiais: Saúde da Mulher, Saúde
da Criança e Adolescente, Saúde Mental, Saúde do Trabalhador
e Saúde do Adulto e Idoso.
As instruções aqui descritas visam orientar os pesquisadores sobre
as normas adotadas para avaliar os manuscritos submetidos. Os
manuscritos devem destinar-se exclusivamente à Revista Enfermagem Atual - In Derme, não sendo permitida sua submissão
simultânea a outro(s) periódico(s). Quando publicados, passam a
ser propriedade da Revista Enfermagem Atual - In Derme, sendo vedada a reprodução parcial ou total dos mesmos, em qualquer
meio de divulgação, impresso ou eletrônico, sem a autorização
prévia do(a) Editor(a) Científico(a) da Revista.
A publicação dos manuscritos dependerá da observância das
normas da Revista Enfermagem Atual - In Derme e da apreciação do Conselho Editorial, que dispõe de plena autoridade
para decidir sobre sua aceitação, podendo, inclusive apresentar
sugestões (sem alterar o conteúdo científico) ao(s) autor(es) para
as alterações necessárias. Neste caso, o referido trabalho será
reavaliado pelo Conselho Editorial, permanecendo em sigilo o
nome do consultor, e omitindo também o(s) nome(s) do(s) autor(es) aos consultores. Manuscritos recusados para publicação
serão notificados e disponibilizados a sua devolução ao(s) autor(es) na sede da Revista.
MODALIDADES DE ARTIGOS
Artigos de revisão (sistemática ou integrativa): estudo que
reúne, de maneira crítica e ordenada resultados de pesquisas a
respeito de um tema específico sobre feridas, aprofunda o conhecimento sobre o objeto da investigação. Deve limitar-se a
6000 palavras, excluindo referências, tabelas e figuras. As referências deverão ser atuais e em número mínimo de 30.
Reflexão: consideração teórica sobre aspectos conceituais no
contexto das feridas, suas etiologias, tratamentos e reabilitação.
Formulação discursiva aprofundada, focalizando conceitos ou
constructo teórico da Enfermagem ou de área afim; ou discussão
sobre um tema específico, estabelecendo analogias, apresentando e analisando diferentes pontos de vista, teóricos e/ou práticos.
Deve conter um máximo de dez (10) páginas, incluindo resumos
e referências.
Relatos de caso: descrição de pacientes ou situações singulares, doenças especialmente raras ou nunca descritas, assim como
formas inovadoras de diagnóstico e tratamento. O texto é composto por uma introdução breve que situa o leitor em relação à
importância do assunto e apresenta os objetivos do relato do(s)
caso(s) em questão; o relato resumido do caso e os comentários
no qual são abordados os aspectos relevantes, os quais são comparados com a literatura. O número de palavras deve ser inferior
a 2000, excluindo referências e tabelas. O número máximo de
referência é 15.
Relato de experiência: descrição de experiências acadêmicas,
assistenciais e de extensão na área da enfermagem dermatológica e áreas afins. Deve conter ate dez (10) páginas, incluindo
resumos e referências.
Comunicação breve: pequenas experiências que tenham caráter de originalidade, não ultrapassando 1500 palavras e dez
referências bibliográficas.
Cartas ao editor: são sempre altamente estimuladas. Em princípio, devem comentar discutir ou criticar artigos publicados na
Revista In Derme, mas também podem versar sobre outros temas
de interesse geral. Recomenda-se tamanho máximo 1000 palavras, incluindo referências bibliográficas, que não devem exceder
a seis (6). Sempre que possível, uma resposta dos autores será
publicada junto com a carta.
Editorial: geralmente refere-se a artigos escolhidos em cada
número da Revista Enfermagem Atual - In Derme pela sua
importância para comunidade científica. São redigidos pelo Conselho Editorial ou encomendados a especialistas de notoriedade
na área em questão. O Conselho Editorial poderá, eventualmente, considerar a publicação de editoriais submetidos espontaneamente. Pode conter até duas (2) páginas.
Resumo de dissertação ou tese: devem conter introdução, objetivos, métodos, resultados e conclusões. Deve conter ate quinze (15) páginas, incluindo resumos e referências.
Artigo original: pesquisa original e inédita. Estão incluídos estudos controlados e randomizados, estudos observacionais e pesquisa
básica com modelos de experimentação animal. Deverão obrigatoriamente obedecer à estrutura: Introdução, contendo o problema
de pesquisa, hipótese(s), objetivo; Método; Resultados; Discussão;
Conclusões; Referências; Resumo; Abstract. O texto poderá conter
entre 2000 e 3000 palavras, excluindo referências, tabelas e figuras.
O número de referências não deve exceder a 30. Pode conter até
quinze (15) páginas, incluindo resumos e referências.
Previamente à publicação, todos os artigos enviados à Revista
Enfermagem Atual - In Derme passam por processo de revisão
e julgamento, a fim de garantir seu padrão de qualidade e a isenção na seleção dos trabalhos a serem publicados. Inicialmente, o
artigo é avaliado pela secretaria para verificar se está de acordo
com as normas de publicação e completo. Todos os trabalhos são
submetidos à avaliação pelos pares (peer review) por pelo menos três revisores selecionados dentre os membros do Conselho
Editorial. A aceitação é baseada na originalidade, significância
POLÍTICA EDITORIAL
Avaliação pelos pares (peer review)
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Normas de Publicação
e contribuição científica. Os revisores, de acordo com as recomendações adotadas por este veículo de informação, fazem uma
apreciação rigorosa de todos os itens que compõem o trabalho.
Ao final, farão comentários gerais sobre o trabalho e opinarão
se o mesmo deve ser publicado. O editor toma a decisão final.
Em caso de discrepâncias entre os avaliadores, pode ser solicitada uma nova opinião para melhor julgamento. Quando são
sugeridas modificações pelos revisores, as mesmas são encaminhadas ao autor correspondente e, a nova versão encaminhada
aos revisores para verificação se as sugestões/exigências foram
atendidas. Em casos excepcionais, quando o assunto do manuscrito assim o exigir, o Editor poderá solicitar a colaboração de um
profissional que não conste da relação do Conselho Editorial para
fazer a avaliação. O sistema de avaliação é o duplo cego, garantindo o anonimato em todo processo de avaliação. A decisão
sobre a aceitação do artigo para publicação ocorrerá, sempre que
possível, no prazo de três meses a partir da data de seu recebimento. As datas do recebimento e da aprovação do artigo para
publicação são informadas no artigo publicado com o intuito de
respeitar os interesses de prioridade dos autores.
Idioma
Devem ser redigidos em português. Eles devem obedecer à ortografia vigente, empregando linguagem fácil e precisa e evitando-se a informalidade da linguagem coloquial. As versões serão
disponibilizadas na íntegra no endereço eletrônico da Sobenfee
(http://www.sobenfee.org.br).
Pesquisa com Seres Humanos e Animais
Os autores devem, no item Método, declarar que a pesquisa foi
aprovada pela Comissão de Ética em Pesquisa de sua Instituição
(enviar declaração assinada que aprova a pesquisa), em consoante à Declaração de Helsinki revisada em 2000 [World Medical Association (www.wma.net/e/policy/b3.htm)] e da Resolução
196/96 do Conselho Nacional de Saúde (http://conselho.saude.
gov.br/resolucoes/reso_96.htm).
Na experimentação com animais, os autores devem seguir o
CIOMS (Council for International Organizationof Medical Sciences) Ethical Code for Animal Experimentation (WHO Chronicle
1985; 39(2):51-6) e os preceitos do Colégio Brasileiro de Experimentação Animal - COBEA (www.cobea.org.br). O Corpo Editorial da Revista poderá recusar artigos que não cumpram rigorosamente os preceitos éticos da pesquisa, seja em humanos seja
em animais. Os autores devem identificar precisamente todas as
drogas e substâncias químicas usadas, incluindo os nomes do
princípio ativo, dosagens e formas de administração. Devem,
também, evitar nomes comerciais ou de empresas.
Política para registro de ensaios clínicos
A Revista In Derme, em apoio às políticas para registro de ensaios
clínicos da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do International Committeeof Medical Journal Editors (ICMJE), reconhecendo a importância dessas iniciativas para o registro e divulgação
internacional de informação sobre estudos clínicos, em acesso
aberto, somente aceitará para publicação, os artigos de pesquisas clínicas que tenham recebido um número de identificação
em um dos Registros de Ensaios Clínicos validados pelos critérios
estabelecidos pela OMS e ICMJE, disponível no endereço: http://
clinicaltrials.gov ou no site do Pubmed. O número de identificação deve ser registrado ao final do resumo.
Direitos Autorais
Os autores dos manuscritos aprovados deverão encaminhar, previamente à publicação, a seguinte declaração escrita e assinada
por todos os co-autores: “O(s) autor(es) abaixo assinado(s) transfere(m) todos os direitos autorais do manuscrito (título do artigo)
6
à Revista Enfermagem Atual - In Derme. O(s) signatário(s) garante(m) que o artigo é original, que não infringe os direitos autorais ou qualquer outro direito de propriedade de terceiros, que
não foi enviado para publicação em nenhuma outra revista e que
não foi publicado anteriormente. O(s) autor(es) confirma(m) que
a versão final do manuscrito foi revisada e aprovada por ele(s)”.
Todos os manuscritos publicados tornam-se propriedade permanente da Revista Enfermagem Atual - In Derme e não podem
ser publicados sem o consentimento por escrito de seu editor.
Critérios de Autoria
Sugerimos que sejam adotados os critérios de autoria dos artigos
segundo as recomendações do International Committee of Medical Journal Editors. Assim, apenas aquelas pessoas que contribuíram diretamente para o conteúdo intelectual do trabalho devem
ser listadas como autores.
Os autores devem satisfazer a todos os seguintes critérios, de
forma a poderem ter responsabilidade pública pelo conteúdo do
trabalho:
1. ter concebido e planejado as atividades que levaram ao trabalho ou interpretado os resultados a que ele chegou, ou ambos;
2. ter escrito o trabalho ou revisado as versões sucessivas e tomado parte no processo de revisão;
3. ter aprovado a versão final.
Pessoas que não preencham os requisitos acima e que tiveram
participação puramente técnica ou de apoio geral, podem ser
citadas na seção Agradecimentos.
PREPARO DOS MANUSCRITOS
Envio dos manuscritos: Os manuscritos de todas as categorias
aceitas para submissão deverão ser digitados em arquivo do Microsoft Office Word, com configuração obrigatória das páginas
em papel A4 (210x297mm) e margens de 2 cm em todos os lados, fonte Times New Roman tamanho 12, espaçamento de 1,5
pt entre linhas. As páginas devem ser numeradas, consecutivamente, até as Referências. O uso de negrito deve se restringir ao
título e subtítulos do manuscrito. O itálico será aplicado somente
para destacar termos ou expressões relevantes para o objeto do
estudo, ou trechos de depoimentos ou entrevistas. Nas citações
de autores, ipsis litteris, com até três linhas, usar aspas e inseri-las
na sequência normal do texto; naquelas com mais de três linhas,
destacá-las em novo parágrafo, sem aspas, fonte Times New Roman tamanho 11, espaçamento simples entre linhas e recuo de
3 cm da margem esquerda. Não devem ser usadas abreviaturas no título e subtítulos do manuscrito. No texto, usar somente
abreviações padronizadas. Na primeira citação, a abreviatura é
apresentada entre parênteses, e os termos a que corresponde
devem precedê-la.
PRIMEIRA PÁGINA: Identificação: É a primeira página do manuscrito e deverá conter, na ordem apresentada, os seguintes
dados: título do artigo (máximo de 15 palavras) nos idiomas
(português e inglês); nome do(s) autor(es), indicando, em nota
de rodapé, título(s) universitário(s), cargo e função ocupados;
Instituição a que pertence(m) e endereço eletrônico para troca
de correspondência. Se o manuscrito estiver baseado em tese de
doutorado, dissertação de mestrado ou monografia de especialização ou de conclusão de curso de graduação, indicar, em nota
de rodapé, a autoria, título, categoria (tese de doutorado, etc.),
cidade, instituição a que foi apresentada, e ano. Devem ser declarados conflitos de interesse e fontes de financiamento.
SEGUNDA PÁGINA: Resumo e Summary: O resumo inicia
uma nova página. Independente da categoria do manuscrito,
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL - IN DERME
o Resumo deverá conter, no máximo, 200 palavras. Deve
ser escrito com clareza e objetividade. No resumo deverão
estar descritos o objetivo, a metodologia, os principais resultados e as conclusões. O Resumo em português deverá estar
acompanhado da versão em inglês (Summary). Logo abaixo
de cada resumo, incluir, respectivamente, três (3) a cinco (5)
descritores e key words. Recomenda-se que os descritores
estejam incluídos entre os Descritores em Ciências da Saúde DeCS (http://decs.bvs.br) que contem termos em português,
inglês e espanhol.
Corpo do texto: O corpo do texto inicia nova página, em que
não devem constar o título do manuscrito ou o nome do(s) autor(es). O corpo do texto é contínuo. É recomendável que os artigos sigam a estrutura: Introdução, Método, Resultados, Discussão e Conclusões.
Introdução: Deve conter o propósito do artigo. Reunir a lógica
do estudo. Mostrar o que levou aos autores estudarem o assunto, esclarecendo falhas ou incongruências na literatura e/ou dificuldades na prática clínica que tornam o trabalho interessante
aos leitores.
Método: Descrever claramente os procedimentos de seleção dos
elementos envolvidos no estudo (voluntários, animais de laboratório, prontuários de pacientes). Quando cabível devem incluir
critérios de inclusão e exclusão. Esta seção deverá conter detalhes que permitam a replicação do método por outros pesquisadores. Explicitar o tratamento estatístico aplicado, assim como os
programas de computação utilizados. Os autores devem declarar
que o estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Instituição
onde o trabalho foi realizado.
Resultados: Apresentar em sequência lógica no texto, tabelas
e ilustrações. O uso de tabelas e gráficos deve ser privilegiado.
Discussão: Espaço reservado ao autor para confronto dos seus
resultados com a literatura corrente, conhecimento pessoal e capacidade crítica para interpretar seus achados. Os comentários
devem incluir limitações e perspectivas futuras.
Conclusões: Devem ser concisas e responder apenas aos objetivos propostos.
Referências: O número de referências no manuscrito deve ser limitado a vinte (20), exceto nos artigos de Revisão. As referências,
apresentadas no final do trabalho, devem ser numeradas, consecutivamente, de acordo com a ordem em que foram incluídas
no texto; e elaboradas de acordo com o estilo Vancouver. Devem
ser utilizados números arábicos, sobrescritos, sem espaço entre o
número da citação e a palavra anterior, e antecedendo a pontuação da frase ou parágrafo [Exemplo: enfermagem1,]. Quando se
tratar de citações sequenciais, os números serão separados por
um traço [Exemplo: diabetes1-3;], quando intercaladas, separados
por vírgula [Exemplo: feridas1,3,5.].
Apresentar as Referências de acordo com os exemplos:
-Artigo de Periódico:
Shikanai-Yasuda MA, Sartori AMC, Guastini CMF, Lopes MH. Novas características das endemias em centros urbanos. RevMed
(São Paulo). 2000;79(1):27-31.
- Livros e outras monografias:
Pastore AR, Cerri GG. Ultra-sonografia: ginecologia, obstetrícia.
São Paulo: Sarvier; 1997.
- Capítulo de livros:
Ribeiro RM, Haddad JM, Rossi P. Imagenologia em uroginecologia. In: Girão MBC, Lima GR, Baracat EC. Cirurgia vaginal em
uroginecologia. 2a.ed. São Paulo: Artes Médicas; 2002. p. 41-7.
- Dissertações e Teses:
Del Sant R. Propedêutica das síndromes catatônicas agudas [dissertação]. São Paulo: Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo; 1989.
- Eventos considerados no todo:
7th World Congress on Medical Informatics; 1992 Sep 6-10; Geneva, Switzerland. Amsterdam: North-Holland; 1992. p.1561-5.
- Eventos considerados em parte:
House AK, Levin E. Immune response in patients with carcinoma
of the colo and rectum and stomach. In: Resumenes do 12º Congreso Internacional de Cancer; 1978; Buenos Aires; 1978. p.135.
- Material eletrônico:
Morse SS. Factors in the emergence of infections diseases. Emerg
Infect Dis [serial online];1(1):[24 screens]. Available from: http://
www.cdc.gov/oncidod/eID/eid.htm. CDI, clinical dermatology
illustrated [monograph on CD-ROM], Reeves JRT, Maibach H.
CMeA Multimedia group, producers. 2nd ed. Version 2.0. Sand
Diego: CMeA; 1995.
Figuras e Tabelas
Todas as ilustrações, fotografias, desenhos, slides e gráficos devem ser numerados consecutivamente em algarismos arábicos
na ordem em que forem citados no texto, identificados como
figuras por número e título do trabalho. As legendas devem ser
apresentadas em folha à parte, de forma breve e clara. Devem
ser enviadas separadas do texto, formato jpeg, com 300 dpi de
resolução.
As tabelas devem ser apresentadas apenas quando necessárias
para a efetiva compreensão do manuscrito. Assim como as figuras devem trazer suas respectivas legendas em folha à parte. A
entidade responsável pelo levantamento de dados deve ser indicada no rodapé da tabela.
COMO SUBMETER O MANUSCRITO
Os manuscritos devem ser obrigatoriamente, submetidos eletronicamente via email: [email protected].
Os artigos deverão vir acompanhados por uma Carta de apresentação, sugerindo a seção em que o artigo deve ser publicado.
Na carta o(s) autor(es) explicitarão que estão de acordo com as
normas da revista e são os únicos responsáveis pelo conteúdo
expresso no texto. Declarar se há ou não conflito de interesse e a
inexistência de problema ético relacionado ao manuscrito.
ARTIGOS REVISADOS
Os artigos que precisarem ser revisados para aceite e publicação
na Revista Enfermagem Atual - In Derme serão reenviados por
email aos autores com os comentários dos revisores.
Uma vez terminada a revisão pelos autores, o manuscrito deverá
ser devolvido ao editor no prazo máximo de 60 dias. Caso a revisão ultrapasse este prazo, o artigo será considerado como novo e
passará novamente por todo processo de submissão.
Na resposta aos comentários dos revisores, os autores deverão
destacar no texto as alterações realizadas.
ARTIGOS ACEITOS PRA PUBLICAÇÃO
Uma vez aceito para publicação, uma prova do artigo editorado
(formato PDF) será enviada ao autor correspondente para sua
apreciação e aprovação final. n
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71
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Artigo Original
Análise histomorfométrica da cicatrização de feridas
cutâneas tratadas com acupuntura: Estudo em ratos.
Histomorphometric analysis of skin wound healing
undergoing acupuncture therapy: Study in rats.
*
**
**
***
****
*****
Elidiane de Lemos Vasconcelos Silva
José Alex Alves dos Santos
Bartolomeu José dos Santos Júnior
Maria Fernanda Aparecida Moura de Souza
Rogélia Herculano Pinto
Francisco Carlos Amanajás de Aguiar Júnior
Declaração da ausência de conflitos de interesse:
Declaramos que não há conflitos de interesses por parte dos
autores acima mencionados.
RESUMO
Objetivo: Investigar os efeitos da terapia acupuntural
em feridas cutâneas cirurgicamente induzidas em um modelo animal através de análise histomorfométrica. Metódos: Uma ferida excisional circular dérmica foi realizada no
dorso tricotomizado de quarenta ratos machos Wistar. Os
animais foram distribuídos aleatoriamente para tratamento
ou grupo controle. Ratos tratados receberam a terapia de
acupuntura diariamente após cirurgia. Agulhas Ting foram
mantidas em torno das extremidades da ferida, durante cinco minutos. O grupo controle não foi tratado. Espécimes
da biópsia de pele de ratos sacrificados no dia 3, 7, 14 e
21 dias pós-operatórios foram processados para
​​
histologia.
As amostras histológicas foram coradas com hematoxilina e
eosina e picrossirius red, analisadas ​​por microscopia de luz
e fotografadas. Células inflamatórias, fibroblastos / fibrócitos, vasos sanguíneos e a deposição de colágeno foram
quantificados através do software ImageJ. Para a análise estatística, o teste T-Student foi realizado. Resultados: Uma
redução no número de células inflamatórias e vasos sanguíneos no 7º (p = 0,001 e p = 0,01) e 14º (p = 0,003 e p
<0,001) dias pós-operatórios foi observada no grupo tratado. A quantidade de fibroblastos / fibrócitos também diminuiu neste grupo, no 14º dia após a cirurgia (p <0,001), no
entanto, um aumento na deposição de colágeno foi observado no 7º (p = 0,02) e no dia 21º (p = 0,01) dias pós-operatórios. Conclusão: O uso de acupuntura no pós-operatório afetou a contagem de células inflamatórias, fibroblastos
/ fibrócitos, vasos sanguíneos e a deposição de colágeno
durante a cicatrização de feridas cutâneas de ratos.
Palavras-chave: ferida; acupuntura; ratos.
ABSTRACT
Objective: To investigate the effects of acupuncture therapy in surgically-induced skin wounds in an animal
model by histomorphometric analysis. Methods: A circular
8
dermal excision wound was performed on the dorsum of
fourty male wistar rats. The animals were randomly assigned to treatment or control groups. Treated rats received
daily acupuncture therapy after surgery. Ting needles were
maintained around from the ends of the wound for five
minutes. Control group received no treatment. Skin biopsy
specimens of sacrificed rats on the 3 rd, 7 th, 14 th and 21 st
postoperative days were processed for histology. The histological specimens were stained with hematoxylin and eosin
and picrosirius red, analyzed by light microscopy and photographed. Inflammatory cells, fibroblast/fibrocytes, blood
vessels and collagen deposition were quantified by using
the software Imagej. For statistical analysis, the Student’s T
test was performed. Results: A reduction in inflammatory
cells and blood vessels number on 7 th (p=0,001 and p=0,01)
and on 14 th (p=0,003 and p<0,001) postoperative days was
observed in the treated group. Quantity of fibroblasts/fibrocytes also decreased in this group on 14 th day after surgery
(p<0,001), however, an increase of collagen deposition was
observed on 7 th (p=0,02) and on 21 st (p=0,01) postoperative
days. Conclusion: The use of postoperative acupuncture
therapy affected the count of inflammatory cells, fibroblasts/fibrocytes, blood vessels and the collagen deposition
during skin wound healing in rats.
Keywords: wound; acupuncture; rats.
INTRODUÇÃO
O reparo de feridas cutâneas é um processo fisiológico essencial, progressivo e complexo que envolve diversos
eventos bioquímicos, celulares e teciduais que se iniciam
imediatamente após o dano tecidual. Possui a finalidade de
devolver a função e integridade dos tecidos lesados 1.
Os eventos iniciais do processo de reparo estão voltados
para o tamponamento dos vasos rompidos durante a lesão.
Imediatamente após o estímulo lesivo, devido à influência
nervosa através de descargas adrenérgicas e à ação de mediadores inflamatórios oriundos de mastócitos, ocorre vasoconstrição local como primeira resposta 2.
A lesão endotelial direta desencadeia a deposição, recrutamento e ativação de plaquetas ocasionando a formação
de um trombo plaquetário. Este trombo associado à fibrina
e a eritrócitos é responsável pela oclusão do vaso rompido,
impedindo a perpetuação de perda elementos sanguíneos
e fornecendo a primeira matriz para células atuantes no
processo de reparo 1.
Mediadores liberados pelas plaquetas ativadas, como
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Silva, E. de L. V.; J. Santos, A. A. dos; Júnior, B. J. dos S.; Souza, M. F. A. M. de; Pinto, R. H.; Júnior, F. C. A. de A.
fator de crescimento transformante (TGF-ɑ), fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF), tromboxanos e fator
ativador de plaquetas (PAF) se difundem pela matriz provisória formando um gradiente quimiotático, orientando a
migração de células inflamatórias. Neutrófilos são inicialmente coletados pelo trombo e posteriormente migram
para a superfície da úlcera formando primeira barreira contra a invasão de microrganismos. Estes liberam ativamente quimiocinas que recrutarão, além de outros neutrófilos,
macrófagos e fibroblastos 3.
Com a presença local de macrófagos e a produção e liberação de mediadores químicos, a migração e ativação de
fibroblastos é intensificada. Estas células são importantes
na formação do tecido de granulação e deposição de matriz
extracelular, migrando da borda da úlcera para o centro.
Com o aumento do número de fibroblastos ativados iniciase a produção de fibrilas de colágeno localmente, induzindo angiogênese na região. O processo de neovascularização
é fundamental neste estágio, pois permite o aporte de nutrientes para as células metabolicamente ativas 3,4.
O processo de reepitelização se inicia imediatamente
após a lesão pela proliferação de células da camada basal
presentes nas bordas da úlcera, havendo a deposição gradual do tecido de granulação, a reepitelização é rapidamente estabelecida 5. Com a evolução do processo de reparo,
a matriz extracelular passa gradualmente por modificações
estruturais, que devido migração de macrófagos, fibroblastos e a neoformação vascular, permitem continua deposição
de colágeno 3,4,5.
Simultaneamente aos avanços na compreensão dos diversos fatores envolvidos no processo de cicatrização, há
uma crescente preocupação e descoberta de novos recursos
e tecnologias para intervenção no tratamento de feridas
cutâneas 6. Os tratamentos em feridas cutâneas são comumente realizados através de três tipos clássicos de curativos: passivo, interativo e ativo. O passivo apenas protege e
mantém o leito da ferida úmida para a cicatrização. O interativo diminui a quantidade de exsudato da ferida, mas não
interfere na umidade necessária para processo de reparação
tecidual, o que permite que a pele adjacente permaneça
seca. Os ativos auxiliam no processo da cicatrização e reduzem o tempo de recuperação criando, assim, um ambiente
favorável na interface da ferida com o curativo 7.
A acupuntura é uma técnica originária da Medicina Tradicional Chinesa (MTC), que vem sendo utilizada há milênios como forma de tratamento e prevenção de diversas
enfermidades. O nome acupuntura deriva dos radicais latinos acus e pungere, que significam respectivamente agulha
e puncionar e visa à terapia e cura de enfermidades pela
aplicação de estímulos através da pele com a inserção de
agulhas em pontos específicos denominados acupontos 8. O
potencial elétrico das agulhas de acupuntura constitui um
estímulo que age sobre as terminações nervosas livres existentes nesses pontos, alterando o potencial da membrana
celular, desencadeando o potencial de ação e a condução
de estímulo nervoso 9.
Embora a maioria dos acupontos esteja localizada próxima a nervos ou ramos importantes de nervos periféricos,
não há nenhuma evidência que haja a presença de novas
estruturas ou estruturas especiais abaixo destas regiões. No
entanto, estudos histológicos revelaram haver uma distribuição relativamente densa e concentrada de componentes neurais e substâncias neuroativas imediatamente abaixo
dos acupontos utilizados rotineiramente na prática acupuntural 10.
O método terapêutico da acupuntura possui diversos
efeitos clínicos como: anti-inflamatório, analgésico, relaxante muscular, sedativo e indutor da imunidade 9,11,12. A
Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece que a
acupuntura poderia servir como tratamento principal ou
complementar para diversas patologias, como por exemplo:
problemas gastrointestinais, dor crônica e processos alérgicos 13. Além disso, vários estudos têm demonstrado que a
acupuntura apresenta uma influência profunda sobre distúrbios físicos e emocionais, sendo recomendável a combinação dessa técnica com outros tratamentos 14. Por ser uma
terapia eficaz, de fácil acesso e de baixo custo, tem atraído
cada vez mais estudos científicos, no entanto, ainda são
escassos os relatos na literatura de estudos que avaliem os
efeitos locais da acupuntura no processo cicatricial de feridas cutâneas.
Diante do exposto, o presente estudo teve por objetivo
investigar os efeitos da terapia acupuntural em feridas cutâneas cirurgicamente induzidas em modelo animal através
de análise histomorfométrica. Foram analisados os efeitos
desta terapia sobre as seguintes variáveis histopatológicas:
infiltrado inflamatório, angiogênese, proliferação fibroblástica e deposição de colágeno.
MÉTODOS
Foram utilizados 40 ratos de linhagem Wistar (Rattus
Norvegicus Albinus), machos, adultos jovens, pesando entre 200g e 300g e oriundos do Biotério do Departamento
de Nutrição – Universidade Federal de Pernambuco. Os animais foram mantidos durante 10 dias no Biotério do Centro
Acadêmico de Vitória – CAV/UFPE para adaptação ao novo
ambiente e durante todo o período experimental receberam
ração e água ad libitum. O presente estudo foi aprovado
pelo Comitê de Ética para Uso de Animais de Ciências Biológicas da UFPE, sob processo nº 23076.024607/2008-62.
Os animais foram aleatoriamente divididos em dois grupos (cada grupo com 20 animais). Os animais foram pesados
para determinação da quantidade de solução anestésica a
ser empregada para cada animal, e, portanto, sendo anestesiados pela aplicação por via intraperitoneal de cloridrato
de cetamina na razão de 0,1ml por 100g de peso corporal e
cloridrato de xilazina na razão de 0,05ml por 100g de peso.
Em seguida, procedeu-se a tricotomia na região dorsal mediana dos animais. Com a pele exposta, a área foi limpa
e foi realizada a antissepsia com solução de álcool 70%.
As feridas cirúrgicas foram realizadas através da incisão de
bisturi número 15 no dorso do animal, paralelamente ao
eixo da coluna vertebral. As mesmas foram realizadas com
diâmetro de 2 cm, padronizando-se o tamanho e a forma,
conduzida em igual profundidade, até o alcance do plano
muscular.
O dia da cirurgia ficou denominado dia 0 (zero), após as
24 h no grupo teste, foi dado início à terapia de acupuntura
diariamente até o 21º dia. A terapia consistia na inserção
diária de agulhas Ting, de tamanho 0,20x0,15 mm, em torno da extremidade da ferida por cinco minutos cada dia
(grupo TA). O grupo controle não recebeu nenhum tratamento.
Decorridos 3, 7, 14 e 21 dias após o ato cirúrgico, 5
animais de cada grupo (TA e controle) foram escolhidos
aleatoriamente e sacrificados pela aplicação por via intrape-
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71
9
Análise histomorfométrica da cicatrização de feridas cutâneas tratadas com acupuntura: Estudo em ratos.
ritoneal de anestésica em dose letal. Imediatamente após,
um fragmento contendo a ferida cirúrgica em toda sua extensão e profundidade foi retirada através de um bisturi
número 11.
O material coletado foi clivado e mergulhado em uma
solução de formol a 10 % neutro tamponado (NBF), permanecendo nesta solução pelo período de 48 horas. Após
esse procedimento, os fragmentos foram desidratados em
álcool etílico em concentrações crescentes, diafanizados
pelo xilol, impregnados e incluídos em parafina. Os blocos
foram cortados em micrótomo ajustado para 5µm. Assim,
os cortes obtidos foram colocados em lâminas untadas com
albumina e mantidos em estufa regulada à temperatura de
37ºC, por 24 horas para secagem.
Os cortes foram submetidos à técnica de coloração pela
Hematoxilina-Eosina (H.E.) para contagem de células inflamatórias e de fibroblastos e corados pelo picrossirius-red
para avaliação das fibras colágenas totais. As imagens histológicas destas lâminas foram capturadas por câmera digital (Moticam 3000) acoplada ao microscópio óptico (Nikon
E-200), sob foco fixo e clareza de campo, obtendo-se 10
campos por lâmina com aumento final de 400X. As fotomicrografias foram avaliadas através do software ImageJ versão 1.44 (Research Services Branch, U.S. National Institutes
of Health, Bethesda, MD, USA.), os plugins “colour deconvolution”, “cell counter” e “threshould” foram utilizados
na contagem celular e quantificação de fibras colágenas
nos cortes histológicos.
Os dados obtidos da avaliação histomorfométrica foram
normalizados para o controle (Controle=100%) e compa-
rados estatisticamente através do teste t de student com o
intuito de se verificar possíveis diferenças entre os grupos
nos períodos de 3, 7, 14 e 21 dias. Foi adotado o nível de
significância de 5% ou p< 0,05.
RESULTADOS
Durante o experimento, os animais de ambos os grupos foram submetidos diariamente a avaliações macroscópicas e não apresentaram sinais de infecção secundária ou
quaisquer outros tipos de intercorrências. Não foram identificados microscopicamente focos de exsudação purulenta
ou de reação de corpo estranho nas feridas avaliadas e em
ambos os grupos a área eleita para a análise histológica foi
àquela preenchida por tecido conjuntivo neoformado abaixo da porção superficial da lesão.
Microscopicamente, notou-se inicialmente com predomínio de polimorfonucleares (neutrófilos e eosinófilos) e
em seguida de mononucleares (macrófagos e linfócitos) (3º
dia e a partir do 14º dia pós-operatório respectivamente)
em ambos os grupos. A partir da análise histomorfométrica,
constatou-se que as maiores médias de células inflamatórias e de vasos sanguíneos observadas no grupo TA foram
durante o 3º dia de reparo. No grupo controle essas médias
foram maiores durante o 3º e 7º dias pós-operatórios (Tabela 1). Comparando-se os grupos, a média do infiltrado
inflamatório e da quantidade de vasos sanguíneos foram
significantemente reduzidas no 7º (p=0.01 para ambas variáveis) e no 14º (p<0.001 para ambas variáveis) dia de reparo no grupo TA (Tabela 1 e Gráfico 1).
Tabela I- Média e desvio-padrão da contagem de fibrócitos/fibroblastos, células inflamatórias, vasos sanguíneos e deposição de colágeno nos diferentes grupos de acordo com a cronologia do reparo cicatricial.
Gráfico I.
Valor
médio
percentual da
quantidade
de células inflamatórias e
vasos sanguíneos do grupo
tratado
com
acupuntura em
comparação
com o grupo
controle (controle = 100%).
* p<0,05.
10
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Silva, E. de L. V.; J. Santos, A. A. dos; Júnior, B. J. dos S.; Souza, M. F. A. M. de; Pinto, R. H.; Júnior, F. C. A. de A.
Quanto ao número de fibroblastos/fibrócitos e a deposição de colágeno, tanto o grupo TA e grupo controle apresentaram as maiores médias durante 21º dia de reparo. No
entanto, enquanto o grupo controle apresentou um aumento gradual na média de fibroblastos/fibrócitos durante o processo cicatricial, o grupo TA apresentou um segundo pico
na média destas durante o 7º dia pós-operatório (Tabela 1).
Comparando-se os grupos, a média de fibroblastos/fibrócitos foi significantemente reduzida no grupo TA durante o 14º (p<0.001) dia e a deposição de colágeno foi estatisticamente maior durante o 7º (p=0,02) e 21º (p=0.01)
dias de reparo cicatricial (Tabela 1 e Gráfico 2).
Gráfico II. Valor médio percentual da quantidade de fibroblastos e colágeno total do grupo tratado com acupuntura em
comparação com o grupo controle (controle = 100%). * p<0,05.
DISCUSSÃO
Durante o processo fisiológico de reparo de feridas cutâneas, três estágios histomorfológicos interdependentes podem ser observados: há um estágio inflamatório inicial, seguido por um de proliferação celular e vascular e deposição
de matriz finalizando o reparo após o processo de remodelação da matriz depositada. Embora possuam características próprias, há certa sobreposição dos estágios havendo
concomitante ocorrência destes 1.
Neste estudo, o uso da acupuntura durante o processo
de reparo das feridas cutâneas em ratos ocasionou uma diminuição significativa no número de células inflamatórias e
de vasos sanguíneos durante o 7º e 14º dias pós-operatórios. De fato, Lee et al 11 e Nakajima et al 12 constataram um
efeito anti-inflamatório da acupuntura realizada ao redor
de feridas cutâneas e de fraturas ósseas em ratos.
Quando uma agulha de acupuntura é inserida em uma
determinada região da pele ou ponto e repetidamente manipulada em diferentes direções, há uma lesão tecidual e
reações bioquímicas locais, com a liberação de diversas
substâncias e mediadores inflamatórios locais. No entanto,
ao contrário da maioria das outras formas de lesão tecidual,
a acupuntura ocasiona uma resposta terapêutica a nível local e sistêmica 15.
As células inflamatórias assumem papel fundamental
durante o processo de reparo: neutralizando, destruindo
microrganismos e outras partículas e substâncias estranhas,
promovendo a resolução do coágulo de fibrina e matriz extracelular provisória, liberando inúmeras citocinas e fatores
de crescimento que induzem a angiogênese e reepitelização 16. No entanto, a persistência de células inflamatórias
durante o processo de reparo pode atuar de forma deletéria 17. Além da liberação contínua de citocinas e fatores
de crescimento, as células inflamatórias exercem influência
sobre o tecido circundante gerando grande quantidade de
óxido nítrico (ON) e espécies reativas de oxigênio (ERO).
Tanto ON como ERO são moléculas que podem ocasionar
efeitos deletérios nas células presentes no leito da ferida 18.
Além disso, uma redução na quantidade de macrófagos ativados durante processo de reparo parece favorecer
a formação de uma cicatriz fibrosa menos perceptível clinicamente 19.
A angiogênese, que é parte integrante do processo de
reparo de feridas, fornece nutriente e oxigênio para a proliferação celular e auxilia a formação de matriz provisória
no leito cicatricial 16. Uma redução de células inflamatórias,
particularmente de macrófagos, durante o processo de
cicatrização ocasiona uma diminuição na liberação de
fator de crescimento vascular endotelial (VEGF) influenciando diretamente a multiplicação de células endoteliais e formação de novos capilares 20.
No entanto, em um estudo realizado em ratos a acupun-
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11
Análise histomorfométrica da cicatrização de feridas cutâneas tratadas com acupuntura: Estudo em ratos.
tura induziu uma redução na expressão de citocinas pró-inflamatórias como interleucina 1-β (IL1- -β) e fator de necrose
tumoral-ɑ (FNT-ɑ) na fase inflamatória do reparo de feridas
cutâneas, a expressão de VEGF foi fortemente aumentada
na fase proliferativa, culminando em uma maior neovascularização 21.
A formação de colágeno é reconhecidamente um passo
inicial para a resolução do processo cicatricial. A deposição
de matriz é favorecida pela multiplicação maciça de fibroblastos e diminuição do infiltrado inflamatório. Juntamente com a proliferação de novos vasos sanguíneos, o leito
da ferida é, por fim, totalmente preenchido pelo tecido de
granulação, lentamente este é substituído por uma massa
fibrosa -cicatriz- decorrente de uma continua deposição de
fibras colágenas. A resolução final do processo de reparo
ocorre somente após a maturação e remodelagem da matriz extracelular cicatricial 1,3,4,5.
Observamos que a acupuntura proporcionou um aumento significativo na deposição de fibras colágenas durante o
7º e 21º dias de reparo tecidual, e que mesmo havendo uma
diminuição significativa no número de fibroblastos durante
o 14º dia, a produção de colágeno não foi comprometida. A diminuição no número de fibroblastos pode ter sido
ocasionada pela redução do número de células inflamatórias durante o processo de cicatrização, particularmente de
macrófagos, e consequente menor liberação de citocinas e
fatores de crescimento indutoras da proliferação de fibroblastos como, por exemplo, a IL-1 e FNT-ɑ 22.
A deposição de colágeno de maneira adequada e organizada é importante clinicamente. O colágeno depositado
inicialmente é mais delicado que aquele presente na pele
normal, e tem uma organização paralela à este órgão. Com
o tempo o colágeno inicial (colágeno tipo III) é reabsorvido
e um colágeno mais espesso (colágeno tipo I) é produzido
e organizado ao longo das linhas de tensão 23. A ferida
apresentará após 3 meses do início do reparo cerca de 80%
da força tênsil de uma pele normal 22. A formação da matriz
extracelular é resultante de um balanço entre a deposição
(síntese) e degradação de colágeno. Sendo assim, o significante aumento na quantidade de colágeno observado
após o tratamento com acupuntura pode ter sido fruto de
uma maior deposição ou ainda de uma diminuição em sua
degradação, o que pode contribuir com restabelecimento
da pele lesionada precocemente e favorecer o pronto restabelecimento de sua da força tênsil.
Em fetos, cujo processo de reparo cutâneo ocorre mais
rapidamente e há a ausência ou redução de cicatrizes fibrosas alguns fatores como: diminuição ou ausência do processo inflamatório, diminuição da angiogênese e consequente
redução da tensão de oxigênio no leito cicatricial e maior
rapidez na deposição de colágeno são reportados 19,24. Desta forma, os efeitos observados do uso contínuo da acupuntura ao redor da ferida cirurgicamente induzida podem
indicar uma maior rapidez de resolução e menor formação
de cicatriz da área cutânea lesionada. Estudos posteriores
podem melhor elucidar os resultados obtidos e identificar
os exatos mecanismos de ação da terapia acupuntural.
12
CONCLUSÃO
O uso da terapia acupuntural afetou a contagem de
células inflamatórias, fibroblastos / fibrócitos, vasos sanguíneos e a deposição de colágeno durante o processo de
cicatrização de feridas cutâneas em ratos.
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NOTA
* Enfermeira.
** Professor Substituto do Centro Acadêmico de Vitória, Universidade Federal de Pernambuco, Vitória de Santo Antão-PE, Brasil.
*** Enfermeira, Residente do IMIP/Pernambuco.
**** Professora Assistente do Centro Acadêmico de Vitória, Universidade Federal de Pernambuco, Vitória de Santo Antão-PE, Brasil.
***** Professor Adjunto do Centro Acadêmico de Vitória, Universidade Federal de Pernambuco, Vitória de Santo Antão-PE, Brasil.
Endereço para correspondência:
Francisco Carlos Amanajás de Aguiar Júnior - E-mail:[email protected]
Telefone: (81) 3523 3351 - Rua Alto do Reservatório, S/N – Bela Vista. - Vitória de Santo Antão-PE. CEP 55608-680
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71
13
Artigo Original
Esfigmomanômetros para medida precisa da pressão
arterial : disponibilidade, condições e o associado
conhecimento do enfermeiro em Unidades Básicas
de Saúde do município de Guarulhos.
Sphygmomanometers for accurate blood pressure
measurement: availability, conditions and associated nurse
Knowledge in Basic Health Units of Guarulhos Municipality.
* Natany Maia Mayoral
** Victor Cauê Lopes
*** Edna Apparecida Moura Arcuri
RESUMO
A hipertensão arterial é uma doença de alta prevalência,
com forte impacto socioeconômico devido sua associação com
moléstias cardiovasculares. O uso de instrumentos precisos para
medir a pressão arterial é fundamental para seu diagnóstico correto e mudança no perfil de morbimortalidade das doenças cardiovasculares. Objetivo: verificar a disponibilidade e condições
dos esfigmomanômetros e estetoscópios nas Unidades Básicas
de Saúde (UBS) no município de Guarulhos e o correspondente
conhecimento e comentários do enfermeiro. Método: Estudo
com desenho transversal, realizado em 68 Unidades. As condições dos esfigmomanômetros e estetoscópios e o conhecimento
do enfermeiro para usá-los foram verificados e registrados em
dois instrumentos específicos. Método: Foram observados: deficiência de manguitos para crianças, adolescentes e adultos; de
manômetros e algumas unidades; de estetoscópios com campânula infantil; queixas sobre dificuldades na manutenção e calibração dos instrumentos e demora no retornar o equipamento
à unidade, além da falta de conhecimento dos enfermeiros em
questões concernentes à esfigmomanometria. Resultados: Os
achados sugerem suprimento de instrumentos adequados para
medir precisamente a pressão arterial, em número que atenda
adequadamente a demanda dos usuários; aquisição de manguitos adequados às diferentes circunferências braquiais; avaliação
do fluxo e tempo para calibração dos instrumentos e programas
de capacitação dos enfermeiros no tema.
Descritores: Hipertensão arterial , pressão arterial, esfigmomanômetros, enfermeiro.
Summary
Sphygmomanometers for accurate blood pressure
measurement: availability, conditions and associated nurse
Knowledge in Basic Health Units of Guarulhos Municipality.
Hypertension is a highly prevalent disease with a strong socioeconomic impact because of its association with cardiovascular diseases. The use of precise instruments to measure blood
14
pressure is essential for correct diagnosis and change in the morbidity and mortality of cardiovascular disease profile. Objective:
To verify the availability and conditions of sphygmomanometers
and stethoscopes in Basic Health Units (BHU) in Guarulhos and
corresponding knowledge and comments of the nurse. Method:
Crossover study design involving 68 units to identify conditions
of sphygmomanometers and stethoscopes, Such conditions and
nurse knowledge to use the blood pressure measurement equipment were recorded on two instruments. Results: We observed:
deficiency of cuffs for children, adolescents and adults; lack of
manometers; lack of bell stethoscopes for children; complaints
about difficulties in the maintenance and calibration of instruments and delay in returning them to the unit; also lack of nurse’s knowledge regarding issues in Sphygmomanometry. Conclusions: The findings suggest the provision of adequate devices to
accurately measure blood pressure in an amount that adequately
meets user demand instruments; the acquirement of relevant
cuff sizes to suit different arm circumferences. Also suggest attention to the manometers distribution and time to its calibration
and training programs on the subject of nurses.
Descriptors: Hypertension , Sphygmomanometer, Blood
Pressure, Nurse.
INTRODUÇÃO
A Hipertensão Arterial (HA) é o principal fator de risco para
moléstias cardiovasculares, uma vez que as estruturas cardíacas
encontram-se preparadas para bombear o fluxo sanguíneo nos
vasos arteriais em estado de normotensão, condição fisiológica que significa bombear contra uma tensão correspondente à
120mmHg durante a sístole cardíaca, remanescendo no sistema
arterial 80 mmHg no período diastólico. Portanto, os níveis de
Pressão Arterial (PA) considerados normais correspondem a esses
valores, sendo 96 MMHg a pressão média referida no tradicional
compêndio de fisiologia de Arthur Guyton1.
As Doenças Cardiovasculares (DCV) também são responsáveis pelos elevados índices de internações, ocasionando custos
médicos e socioeconômicos altos. Dados do DATASUS apontam
que em 2007 foram registradas 1.157.509 internações por DCV
no SUS. Em novembro de 2009 ocorreram 91.970 internações
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71
Mayoral, N. M.; Lopes, V. C.; Arcuri, E. A. M.
por DCV, resultando em um custo de R$ 165.461.644,33 2 .
Um dos principais fatores de risco para a moléstia cardiovascular é a HA, caracterizada por elevação da pressão arterial (PA),
sistólica, diastólica, ou ambas. A VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, publicada no Brasil em 2010, que define para a
HAS valores de PA sistólica ≥ 140 mmHg e∕ou de PA diastólica ≥
90 mmHg. O diagnóstico deverá ser sempre validado por medidas repetidas, em condições ideais, em pelo menos três ocasiões
3
.
Ao ser enfocada a verticalização do conhecimento das multivariáveis do tema em apreço, deve-se ter em mente que a
medida da pressão é um dos procedimentos mais realizado por
enfermeiros e médicos no mundo4. Assim, acredita-se que esses
profissionais devam ter conhecimento e competência para garantir a oferta de um cuidado correto, livre de erros e incontestavelmente acurado 5,6.
É de bom alvitre salientar que, diante do exposto, devam
ser estudadas todas as variáveis relacionadas à garantia de
um cuidado qualificado, voltado para a redução do risco
cardiovascular, visando à promoção, proteção e recuperação
da saúde, princípios da lei 8080/90 do SUS, e, por conseguinte,
reduzir a taxa de mortalidade por moléstias cardiovasculares.
Estudos vêm demonstrando a precariedade e insuficiência de
instrumentos para medir a pressão arterial, porém vêm sendo
realizados em hospitais e consultórios 6, 7. Este estudo tem a finalidade de identificar o número, tipo e condições dos estetoscópios e esfigmomanômetros disponíveis nas UBS do município
de Guarulhos e verificar os tamanhos, tipos de fechamento dos
manguitos disponíveis e o conhecimento do enfermeiro sobre as
dimensões dos manguitos.
RESULTADOS
Os resultados serão apresentados inicialmente em relação à
disponibilidade do instrumental para a medida da PA nas UBS e
posteriormente os dados referidos pelos enfermeiros com relação
ao conhecimento e condições de uso e reparo dos aparelhos disponíveis nas unidades.
Com relação à disponibilidade de manguitos apenas 1% das
unidades apresentavam tamanho específico para adolescentes,
enquanto aproximadamente metade (43%) dispunha de manguito adulto infantil e obeso. Todos os esfigmomanômetros encontrados nas unidades eram do tipo auscultatório aneróide. As
medidas dos manguitos são apresentadas na Tabela I.
MÉTODO
Trata-se de estudo transversal, de campo, com delineamento
quantitativo.
Os dados foram coletados em 68 Unidades Básicas de Saúde do município de Guarulhos, durante o primeiro semestre de
2012.
Os critérios de inclusão foram: ser um(a) dos(as) enfermeiros(as) da unidade, independentemente do tempo em que atua
na instituição, uma vez que todos são treinados em programas
de capacitação. Como critério de exclusão apenas aqueles que
não concordaram em assinar o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido.
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (inserir numero da aprovação) e o Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido (Apêndice I) assinado por todos os entrevistados.
Foi agendada a data da visita de cada UBS através de contato telefônico com o(a) gerente e/ou enfermeiro(a) da unidade. Na visita,
a pesquisadora explicava ao entrevistado os objetivos da pesquisa
e após assinatura do TCLE iniciava a entrevista com o formulário
(Apêndice I), onde o(a) enfermeiro(a) respondia as questões e em seguida verificavam-se as condições dos equipamentos utilizados para
a medida da pressão arterial da respectiva unidade, em questão
de número, funcionamento, reparo ou em reserva, onde os manguitos foram medidos em comprimento e largura através de uma
fita métrica não distensível, observando-se também o sistema de
fechamento das braçadeiras e suas condições através da marca no
manômetro, verificando assim se a mesma é aprovada pelo Inmetro,
através do segundo formulário (Apêndice II).
Caso o equipamento fosse encaminhado para manutenção
na própria unidade, seria notificado pela pesquisadora, com o(a)
enfermeiro(a) entrevistado(a), a quantidade e tipo de instrumento a ser reparado.
Os estetoscópios de diafragma adulto e infantil estavam
presentes em 34% dos locais investigados e apenas 22% dispunham de estetoscópios de campânulas e diafragmas adulto e
infantil. Chama a atenção também a quantidade de unidades de
saúde que apenas utilizavam diafragma adulto (7,5%).
O número total de estetoscópios avaliados são apresentados
na Tabela II, segundo número de funcionantes, em reparo e novos em reserva.
Tabela I. Dimensões do manguito das UBS do município de
Guarulhos. Guarulhos, 2012.
DIMENSÕES DA BOLSA INFLÁVEL
Adulto
12 x 23 cm
14 x 28 cm
Infantil
7 x 14 cm
7 x 20 cm
7,5 x 15 cm
Adolescente
8 x 16 cm
10 x 25 cm
Obeso
17 x 35 cm
Tabela II. Distribuição dos estetoscópios UBS(s) de Guarulhos: Frequência (n); Média (); Valor Mínimo (V Min.); Valor Máximo (V Max). Guarulhos, 2012.
Estatística descritiva
N
(x)
437
6,43
2
16
2,74
347
5,10
1
10
2,03
37
0,54
0
7
1,06
Estetoscópios
novos em reserva
53
0,78
0
8
1,76
Total de Unidades
68
Número de
estetoscópios
Estetoscópios
funcionantes
Estetoscópios em
reparação
V Min. V Max
DP
Em relação ao reparo do instrumental que apresenta defeito,
sabe-se que estes são enviados para o setor de manutenção da
prefeitura de Guarulhos.
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71
15
Esfigmomanômetros para medida precisa da pressão arterial : disponibilidade, condições e o associado conhecimento do enfermeiro em Unidades Básicas de Saúde do município de Guarulhos.
As braçadeiras de velcro e botões estavam presentes na
maioria das UBS (67%), as demais possuíam apenas braçadeiras
com fechamento em velcro.
Doze marcas de manômetros foram identificadas, duas delas
não constavam nas portarias do Inmetro.
Quanto ao conhecimento do enfermeiro sobre as dimensões
do manguito do 41% responderam que “deve ser de acordo
com o biótipo do paciente”, outros 19% de acordo com a circunferência do braço do paciente . Demonstrando total desconhecimento no tema outros profissionais referiram que o tamanho
adequado dependeria de fatores como peso do paciente, em torno de 26 a 32 cm, 30cm, 1/3 do tamanho do braço do paciente
e 80% da circunferência braquial.
Quando questionados se o número disponível de manômetros para as unidades era suficiente 38% dos enfermeiros responderam que não.
Alguns apontamentos foram feitos por 29% dos enfermeiros
que desejaram expressar outras considerações com relação a medida da pressão arterial em suas unidades:
• A qualidade dos estetoscópios é ruim, dificultando a
ausculta cardíaca e pulmonar;
• Há escassez de material;
• Deveria existir aparelho de pedestal;
• Há deficiência e demora na manutenção dos aparelhos;
• Deveria existir aparelho eletrônico;
• Há inadequação do velcro para fechamento do manguito;
• Faltam aparelhos para obesos;
• Faltam aparelhos infantis;
• Pouca durabilidade dos aparelhos após retorno da manutenção;
• Os aparelhos deveriam ser de coluna de mercúrio, pois
são mais fidedignos;
• Deveria existir a renovação constante dos materiais;
• Profissionais usam aparelho digital próprio, por escassez
de material.
DISCUSSÃO
As visitas efetuadas nas 68 UBS de Guarulhos permitiram verificar a oferta de esfigmomanometros para a população, os problemas relacionados aos aparelhos, bem como o conhecimento
dos enfermeiros sobre esfigmomanometria.
Nossos achados estão em consonância com a constatação
pioneira de Araujo et al4, que atestaram a deficiência no conhecimento de enfermeiros da área de cardiologia sobre o procedimento da medida da PA, os quais não conheciam os parâmetros
das dimensões adequadas para o manguito.
Constatou-se deficiência relacionada à esfigmomanometria
encontrada nas unidades que possuíam apenas os manguitos
de dimensões básicas para adultos, tamanho padrão, podendo
causar hipo ou hiperestimação dos níveis pressóricos registrados
dos clientes que não se enquadram neste tamanho de manguito, como verificado por Arcuri8, sendo este um grande problema enfrentado não apenas por enfermeiros, mas também pelos
pesquisadores na área de medida da PA. Essa questão pode ser
abordada em programas de educação permanente/continuada.
A falta de disponibilidade de aparelhos é preocupante6 e calibração é tema de outros estudos por enfermeiros do Brasil 10, 11.
Embora a maior parte dos entrevistados tenham afirmado
que o número de esfigmomanometros era suficiente em diversas
unidades, observou-se deficiência de aparelhos para adolescentes e estetoscópios de campânula infantil, os quais são os mais
qualificados para a ausculta dos sons de Korotkoff12.
16
Quanto aos tipos de estetoscópios constatou-se insuficiência
de campânula infantil, visto que mais da metade das unidades
não possuem este instrumento de uso recomendado e que a utilização da campânula sobre a artéria braquial no espaço antecubital facilita a detecção de sons de baixa freqüência12.
O reparo dos aparelhos das unidades estudadas eram realizados no próprio município por um setor de manutenção da
própria prefeitura. Serviço este questionado pelos entrevistados,
principalmente pela má qualidade e demora no serviço prestado.
Quando foi solicitado aos enfermeiros sobre outras questões
que pudessem ser indagadas, chamou à atenção a referência de
esfigmomanômetros de coluna de mercúrio. Entretanto o uso
desse instrumento vem sendo questionado devido a questões
ambientais, dado a toxicidade do mercúrio. Por determinação
do Inmetro, estes foram retirados da prática assistencial, medida
que gerou reação de pesquisadores da área13. Por ser o instrumento mais fidedigno para verificar a pressão arterial, considerado padrão ouro, sabe-se que estes aparelhos continuam sendo
usados em outros países.
Quanto ao tipo de fechamento da braçadeira, identificou-se
elevado número de braçadeiras com sistema de fechamento de
botões, sendo estas de maior dificuldade para o manuseio dos
profissionais, já que os locais em que são fixados os botões na
braçadeira nem sempre se ajustam adequadamente ao braço do
paciente. Sabe-se que é comum o observador inflar a câmara
para melhor adaptá-la ao braço, o que se torna fonte de erro na
medida da pressão.
Foram encontradas variadas dimensões relacionadas à bolsa
inflável, conforme as classificações dos manguitos (infantil, adolescente, adulto e adulto obeso).
As dimensões da bolsa inflável do manguito, conforme Arcuri8, devem ser de acordo com a circunferência do braço do
paciente. Bolsas estreitas em relação ao braço do paciente. Bolsas estreitas em relação ao braço podem acarretar leituras falsamente elevadas levando ao diagnóstico incorreto da hipertensão
arterial, situação típica do paciente obeso. Por outro lado, bolsas
muito largas induzem a valores falsamente baixos da PA, dificultando o diagnóstico precoce da doença nas pessoas magras.
Outro preocupante aspecto investigado revelou a existência
de instrumentos não validados nas unidades, em consonância
com o verificado por Pierin10.
CONCLUSÕES
Os achados deste estudo sobre o equipamento para medir
pressão arterial permitiram concluir que:
Há deficiência de esfigmomanômetros infantis, adolescentes
e de estetoscópios de campânula infantil. Existe discrepância na
distribuição dos aparelhos das unidades, justificada em princípio,
pelo fluxo de atendimento de cada unidade. Verificou-se que os
enfermeiros estavam insatisfeitos com o serviço prestado pela
Prefeitura de Guarulhos, com relação à manutenção dos aparelhos, pela demora na retirada, devolução e má qualidade. Há
nítida falta de conhecimento dos enfermeiros entrevistados sobre
as questões concernentes à esfigmomanometria.
É de bom alvitre salientar que os achados sugerem suprimento
adequado dos instrumentos para a medida correta da PA, número
suficiente para a demanda da população, aquisição de manguitos
adequados às diferentes circunferências braquiais, avaliação do
fluxo de usuários, para uma melhor distribuição dos aparelhos e
planejamento de tempo hábil para calibração e manutenção dos
instrumentos. Sugerem ainda a inserção constante de programas
de capacitação dos enfermeiros relacionados com a medida da
PA, constituindo assim, uma educação continuada/permanente.
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71
Mayoral, N. M.; Lopes, V. C.; Arcuri, E. A. M.
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sileiros. Arq Bras Cardiol 2002; 79: 593-6.
clínica? Hipertensão,2008;11:20-6.
NOTA
* Enfermeira. Ex-bolsista PIBIC-CNPq da Universidade Guarulhos.
** Mestre em enfermagem. Professor do Curso de Graduação em Enfermagem da AJES-Mato Grosso.
*** Professora Titular do Programa de Mestrado da Universidade Guarulhos.
Email:. [email protected]
Extraído do Trabalho de Iniciação Científica: Aparelho para medida da pressão arterial nas unidades básicas de saúde do município de Guarulhos. Natany Maia Mayoral.
Guarulhos, 2012.
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71
17
Artigo Original
Influência do Hardiness no Burnout e depressão
entre residentes multiprofissionais- estudo analítico
Influence of Hardy personality on Burnout and depression
among multidisciplinary residents- analytical investigation
*
**
***
****
*****
******
INTRODUÇÃO
Rodrigo Marques da Silva
Karla de Melo Batista
Patrícia Maria Serrano
Luis Felipe Dias Lopes
Ana Lúcia Siqueira Costa
Laura de Azevedo Guido
RESUMO
Objetivou-se analisar a influência do Hardiness na Síndrome de Burnout e nos Sintomas Depressivos entre residentes
multiprofissionais. Trata-se de um estudo transversal, analítico
e com abordagem quantitativa. Aplicaram-se um formulário
de dados sociodemográficos, a Escala de Hardiness, o Maslach Burnout Inventory- Human Services Survey e o Inventário
de Depressão de Beck em 37 residentes entre Abril e Junho
de 2011. Os dados foram analisados por meio da estatística
inferencial. Houve correlação estatisticamente significativa e
negativa entre o Burnout e o Hardiness (r = -0,554; p=0,000) e
entre essa Personalidade e a Sintomas Depressivos (r=-0,518;
p= 0,001). Ainda, verificou-se correlação significativa positiva entre Burnout e Sintomas Depressivos (r=0,705; p=0,000).
As características da Personalidade Hardiness, por permitirem
resistência ao estresse, reduzem a possibilidade de Burnout e
Sintomas Depressivos.
Descritores: Enfermagem; Internato não Médico; Capacitação em Serviço; Esgotamento Profissional; Depressão.
SUMARRY
We aimed to analyze the influence of Hardiness on Burnout Syndrome and on Depressive Symptoms among multidisciplinary residents. This is a cross-sectional, analytical
and with quantitative approach study. We applied a form of
demographic data, the Hardiness Scale, the Maslach Burnout Inventory- Human Services Survey and the Beck Depression Inventory in 37 residents between April and June
2011. Data were analyzed through of statistical inference.
There was a negative statistically significant correlation
between Burnout and Hardiness (r = -0,554, p = 0,000)
and between this Personality and Depressive Symptoms (r
= -0,518, p = 0,001). Also, there was a positive significant
correlation between Burnout and Depressive Symptoms(r =
0,705, p = 0,000). The characteristics of Hardiness Personality, as allow resistance to stress, reduce the risks of Burnout
and Depressive Symptoms in multidisciplinary residents.
Key words: Nursing; Internship, Nonmedical; Inservice Training; Burnout, Professional; Depression.
18
Nos Programas de Residência Multiprofissional em Saúde
(RMS), busca-se romper com os paradigmas em relação à formação de profissionais para o Sistema Único de Saúde (SUS) e
contribuir para a qualificação da atenção prestada pelos serviços
de saúde à população. Eles apresentam uma variedade de modelos pedagógicos, defendem a utilização de metodologias ativas e
participativas e fundamentam-se na educação permanente como
eixo pedagógico1.
Além disso, a interdisciplinaridade confere caráter inovador
aos programas, demonstrado, principalmente, por meio da inclusão de diferentes categorias profissionais da saúde. Esse modo
de operar a qualificação inter-categorias visa à formação coletiva
inserida no mesmo campo de trabalho sem deixar de respeitar
os núcleos específicos de saberes de cada profissão1. Nesses
programas, observa-se uma filosofia de formação em saúde com
ações inovadoras.
Diante desse contexto, alguns aspectos podem ser avaliados
como estressores pelos residentes. Dentre eles, destacam-se: o
trabalho em equipe, as metodologias ativas e participativas, as
relações interpessoais estabelecidas, bem como a responsabilidade de dispensar um cuidado integral e humanizado1-2.
Em pesquisa envolvendo profissionais de saúde da Macedônia, incluindo residentes de medicina, médicos e enfermeiros, evidenciaram-se a sobrecarga de trabalho, a organização
do trabalho em turnos e o período noturno como estressores
do ambiente laboral2. Em investigação com residentes médicos,
destacam-se, como potenciais estressores: administrar o peso da
responsabilidade profissional; lidar com pacientes difíceis e situações problemáticas; a privação do sono; fadiga; excessiva carga
assistencial e de trabalho administrativo; e problemas relativos
à qualidade do ensino e ao ambiente educacional/ocupacional3.
Frente a isso, é possível a ocorrência do estresse entre residentes multiprofissionais. Esse fenômeno é definido como qualquer estímulo que demande do ambiente externo ou interno e
que taxe ou exceda as fontes de adaptação de um indivíduo ou
sistema social conforme o Modelo Interacionista4. Nesse modelo,
considera-se a interação entre o ambiente e a pessoa ou o grupo como responsáveis e atuantes no processo4. Assim, diferentes
pesquisas já têm analisado o estresse entre distintas populações
tendo em vista suas repercussões à saúde dos profissionais e estudantes da área da saúde, dentre as quais, os Sintomas Depressivos e a Síndrome de Burnout5-6.
Os Sintomas Depressivos consistem em um conjunto de emoções e cognições que têm consequências sobre as relações interpessoais7-8. Assim, a nível internacional, em estudo com uma
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71
Silva, R. M. da; Batista, K. de M.; Serrano, P. M.; Lopes, L. F. D.; Costa, A. L. S.; Guido, L. de A.
amostra de 1643 médicos hospitalares, encontraram-se 13,3%
desses profissionais com Sintomas Depressivos7. No Brasil, em
investigação com especializandos e residentes médicos do Rio de
Janeiro, evidenciaram-se 56% dos profissionais com essa sintomatologia8.
O Burnout é uma Síndrome tridimensional que ocorre quando, frente a um estressor, o indivíduo não utiliza estratégias de
enfrentamento ou essas são inefetivas para dada situação, o
que pode levar a cronificação do estresse9. Suas características
são: Exaustão Emocional, relacionada aos sentimentos do indivíduo com relação ao trabalho e caracterizada pela sobrecarga
emocional; Despersonalização, que consiste na insensibilidade e
desumanização no atendimento; Baixa Realização Profissional,
definida como a baixa eficiência e produtividade no trabalho9.
Sobre isso, investigação com enfermeiros de um hospital público brasileiro identificou 7,3% dos profissionais em Burnout10.
Em estudo com residentes médicos em obstetrícia e ginecologia
dos Estados Unidos, verificaram-se 13% desses profissionais em
Burnout11.
No entanto, mesmo convivendo com os estressores do contexto acadêmico e profissional, estudos têm apontado moderado estresse em profissionais de saúde6,12-13. Frente ao exposto, a
Personalidade Hardiness têm sido proposta como explicação para
a ocorrência de baixo e(ou) moderado estresse em populações
expostas aos estressores de diferentes contextos. Isso porque as
características dessa Personalidade permitem a resistência ao estresse. Assim, os indivíduos hardy possuem a crença de poder
controlar ou influenciar os eventos de sua experiência; a habilidade de sentir-se completamente envolvido ou comprometido
nas atividades da vida; e a antecipação da mudança como um
desafio excitante para o crescimento pessoal. Esses conceitos englobam respectivamente os domínios: Controle, Compromisso e
Desafio14.
Nesse contexto, as relações entre estresse e os Sintomas Depressivos, bem como entre o estresse e o Burnout em estudantes
de graduação e pós-graduação já foram demonstradas5,11,15. No
entanto, tendo em vista que as características da Personalidade
Hardiness permitem uma interpretação diferenciada do contexto
vivido e, portanto, a minimização do estresse e seus desfechos,
não se observam estudos que analisem a relação dessa Personalidade com o Burnout e os Sintomas Depressivos entre os residentes multiprofissionais na literatura nacional e internacional. Isso
justifica a relevância dessa investigação para com a construção
do conhecimento em saúde.
Dessa maneira, o objetivo desse estudo foi analisar a influência do Hardiness na Síndrome de Burnout e nos Sintomas Depressivos entre residentes multiprofissionais. Em vista do exposto,
defende-se a hipótese de que haja menor tendência de Síndrome
de Burnout e Sintomas Depressivos nos residentes multiprofissionais com Personalidade Hardiness.
MÉTODO
Trata-se de um estudo analítico, transversal e com abordagem quantitativa. A pesquisa foi realizada em uma Universidade
Federal do Rio Grande do Sul/Brasil. Nesse estudo, incluíram-se
Residentes das ênfases de atuação “Atenção Básica/ Saúde da família”, “Vigilância em Saúde” e “Gestão e Atenção Hospitalar”,
de todas as profissões previstas no programa e regularmente matriculados nas turmas de 2009, 2010 e 2011, a ser: Enfermagem,
Psicologia, Nutrição, Assistente Social, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Farmácia, Terapia Ocupacional, Odontologia e Educação Física. Excluíram-se os residentes em licença de qualquer natureza.
No momento da coleta, havia 85 residentes multiprofissionais
matriculados. Desses, todos atenderam aos critérios de elegibilidade. Contudo, 40 (47,06%) sujeitos não aceitaram participar
da pesquisa e 8 (9,41%) devolveram os instrumentos em branco.
Logo, obteve-se um total de 37 (43,53%) residentes.
A coleta de dados foi realizada no período de Abril a Junho
de 2011 com aplicação de um Formulário para caracterização
sociodemográfica, a Escala de Hardiness(EH), o Maslach Burnout
Inventory- Human Services Survey (MBI-HSS) e o Inventário de
Depressão de Beck (IDB)14,4-5. Esses instrumentos foram aplicados
aos sujeitos convidados e que aceitaram voluntariamente participar da pesquisa após serem informados sobre seus objetivos e
características. A abordagem inicial ocorreu por meio de reuniões
e os sujeitos não captados foram buscados individualmente.
O formulário sociodemográfico abordou as seguintes
variáveis: idade, número de filhos, sexo, situação conjugal, presença de filhos e com quem reside.
A EH foi traduzida e adaptada para o português em 200914.
É composta por 30 itens dispostos em escala tipo likert de quatro
pontos, em que: 0 – “nada verdadeiro”, 1 – “um pouco verdadeiro”, 2 – “quase tudo verdadeiro” e 3– “completamente verdadeiro”. Os itens são dispostos em três domínios: Controle (2,
3, 8, 9, 12, 15, 18, 20, 25 e 29), Compromisso (1, 6, 7, 11, 16,
17, 22, 27,28 e 30) e Desafio (4, 5, 10, 13, 14, 19, 21, 23, 24 e
26)(14). Destaca-se que os escores dos itens 3, 4, 5, 6, 8, 13, 16,
18, 19, 20, 22, 23, 25, 28 e 30 devem ser invertidos para então
serem somados14.
O MBI-HSS, traduzido e adaptado para a realidade brasileira,
é um questionário autoaplicável, com uma escala tipo Likert de
cinco pontos, em que: zero- “nunca”, um- “algumas vezes ao
ano”, dois- “algumas vezes ao mês”, três- “algumas vezes na semana” e quatro- “diariamente”4. Assim, conforme a experiência
do indivíduo no trabalho, o valor mínimo que pode ser assinalado em cada item é zero e o máximo quatro4. O instrumento é
composto por 22 itens distribuídos em três subescalas: Desgaste
Emocional (DE), formada pelos itens 1, 2, 3, 6, 8, 13, 14, 16 e
20; Despersonalização (DP), pelos itens 5, 10, 11, 15 e 22; e
Incompetência Profissional (IP), pelos itens 4, 7, 9, 12, 17, 18,
19 e 214. Contudo, por ser mais atual, será utilizada a seguinte
nomenclatura para as subescalas: Exaustão Emocional (EE), Despersonalização (DP) e Realização Profissional (RP).
O IDB, traduzido e validado para a realidade brasileira5, contém 21 questões que avaliam a presença de sintomas depressivos
em relação ao período da semana anterior à aplicação do instrumento. Cada questão é formada por quatro alternativas que
descrevem traços do quadro depressivo. As alternativas variam
entre zero (ausência de sintomas) a três (presença maior de sintomas depressivos). Logo, a soma dos valores atribuídos pelos
sujeitos pode variar de 0 a 63. Destaca-se que o item 19 apresenta uma resposta secundária e, neste caso, quando respondido
sim, o item não é considerado5. Esse Inventário inclui sintomas
e atitudes que se referem à tristeza, pessimismo, sensação de
fracasso, falta de satisfação, sensação de culpa, sensação de
punição, autodepreciação, autoacusações, ideias suicidas, crise
de choro, irritabilidade, retração social, indecisão, distorção da
imagem corporal, inibição para o trabalho, distúrbio do sono,
fadiga, perda do apetite, preocupação somática, perda de peso
e diminuição da libido5.
Após a coleta, os dados foram organizados e armazenados
em uma planilha eletrônica no programa EXCEL 2007 (Office
XP) para que, posteriormente, fossem analisados eletronicamente com o auxílio do programa Statistical Analisys System (SAS,
versão 8.02). As variáveis qualitativas foram descritas em valores
absolutos(n) e relativos (%) e as quantitativas, expostas em me-
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71
19
Influência do Hardiness no Burnout e depressão entre residentes multiprofissionais- estudo analítico
didas descritivas: valores mínimos e máximos, média (X) e desvio
padrão (±).
Para análise da EH, realizou-se a soma das pontuações atribuídas a cada item e dividiu-se pelos itens que compõem os domínios, o que permitiu a obtenção da média do indivíduo em
cada domínio. Para o MBI, realizou-se a soma das pontuações
assinaladas a cada item e dividiu-se pelo número total de itens
das subescalas, obtendo-se a média de cada residente por subescala. Para análise do IDB, foi efetuada a soma dos valores
atribuídos a cada item do Inventário por cada indivíduo, dividida
pelo número de itens do instrumento, obtendo-se a pontuação
média de cada indivíduo no inventário. Com base nessas medidas, as relações entre Hardiness, Burnout e Sintomas Depressivos
foram analisadas por meio do teste de Correlação de Pearson.
Valores de p<0,05 foram considerados estatisticamente significativos com intervalo de confiança de 95%. A consistência interna
desses instrumentos foi analisada por meio do coeficiente Alfa
de Cronbach.
Ainda, atendendo às Diretrizes e Normas Regulamentadoras
de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos do Conselho Nacional
de Saúde, entregou-se um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido com informações referentes à pesquisa. Esse foi assinado e autorizou a participação voluntária na pesquisa. Essa
pesquisa faz parte do projeto Estresse, Coping, Burnout, Sintomas Depressivos e Hardiness em Residentes Médicos e Multiprofissionais, aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da
Universidade sob o nº 23081.020160/2010-06.
RESULTADOS
Em relação às características sociodemográficas dos residentes multiprofissionais, observa-se o predomínio daqueles do sexo
feminino (83,78%), solteiros (81,08%), sem filhos (94,60 %), na
faixa etária entre 25 a 29 anos (51,35%) e que residem com a
família (51,35%).
Na análise da consistência interna dos itens que compõem os
instrumentos dessa pesquisa, o Alfa de Cronbach foi de 0,634
para os 30 itens da EH, 0,659 para os 22 itens do MBI-HSS e
0,820 para as 21 questões IDB. Segundo autores4, esses valores
são suficientes para atestar confiabilidade satisfatória aos instrumentos aplicados na população estudada. As medidas descritivas para os 30 itens da EH, 22 itens do MBI-HSS e 21 itens da IDB
são apresentados na Tabela 1.
Despersonaliza- 2,72
ção
0,80
1,60
4,00
Realização Profis- 3,42
sional
0,73
1,50
5,00
0,35
0,04
1,50
IDB
21 itens(0-3)
0,50
Fonte: Elaboração própria.
A matriz de correlações entre Hardiness, Síndrome de Burnout e Sintomas Depressivos nos residentes multiprofissionais é
apresentada na Tabela 2.
Tabela 2 - Matriz de correlação entre Hardiness, Síndrome
de Burnout e Sintomas Depressivos nos residentes multiprofissionais. Santa Maria, Brasil, 2011.
Síndrome de S i n t o m a s Hardiness
Burnout
Depressivos
Síndrome de r= 1,000
Burnout
r= 0,705*
r= -0,554*
S i n t o m a s r= 0,705*
Depressivos
r= 1,000
r= -0,518*
Hardiness
r= -0,518*
r= 1,000
r= -0,554*
* Correlação estatisticamente significativa
Fonte: Elaboração própria.
Verifica-se que há menor tendência de Burnout e Sintomas
Depressivos em residentes com Personalidade Hardiness.
A relação direta entre a Síndrome de Burnout e os Sintomas
Depressivos indica que, quanto maior a tendência de Burnout,
maior é a de Sintomas Depressivos. A dispersão entre as médias
do MBI-HSS e do IDB é apresentada na Figura 1.
Tabela 1 - Medidas Descritivas para os itens que compõem a
EH, MBI-HSS e IDB. Santa Maria, Brasil, 2011.
Instrumento/
Escala
Likert
Medidas Descritivas
EH
Média
D e s v i o Mínimo
-Padrão
Máximo
30 itens(0-3)
2,47
0,20
2,07
2,91
Compromisso
2,69
0,28
2,00
3,22
Controle
2,65
0,23
2,20
3,10
Desafio
2,07
0,31
1,40
2,70
2,77
0,42
1,92
3,65
Exaustão Emocio- 2,55
nal
0,71
1,56
4,53
MBI-HSS
22 itens(0-4)
20
Figura 1 - Dispersão entre as médias de Burnout e Sintomas
Depressivos dos residentes multiprofissionais. Santa Maria, 2011.
Fonte: Elaboração própria.
DISCUSSÃO
A literatura nacional e internacional têm evidenciado as repercussões do estresse na saúde dos residentes durante o processo de formação profissional, dentre elas, a ocorrência de Sintomas Depressivos14 e do Burnout11. Nesse sentido, o Hardiness
é proposto como uma Personalidade cujas características permitem resistência ao estresse, sendo, portanto, relacionada a mais
saúde e menos doenças7-8.
Nesse contexto, verificou-se correlação moderada, significativa e negativa entre Hardiness e Síndrome de Burnout
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71
Silva, R. M. da; Batista, K. de M.; Serrano, P. M.; Lopes, L. F. D.; Costa, A. L. S.; Guido, L. de A.
(r=-0,554; p=0,000). Em pesquisa com enfermeiras de terapia
intensiva do Alabama (EUA), os resultados indicaram correlação estatisticamente significativa negativa entre Hardiness e
Síndrome de Burnout (r=-0,660; p<0,05)16. Dessa forma, observa-se que a Personalidade Hardiness reduz a tendência de
Burnout, uma vez que o aumento das médias de Hardiness associou-se ao decréscimo das médias de Burnout em ambos os
estudos supracitados. Sabe-se que Burnout é uma Síndrome
que pode levar ao abandono do curso; à redução da produtividade e do desempenho acadêmico; à queda da qualidade
do cuidado prestado; e à redução da motivação para o aprendizado e da satisfação com a carreira escolhida11. Além disso,
a prevalência dessa Síndrome tem variado entre 25% e 60%
no contexto mundial, sendo considerada alta11. Nesse sentido,
pesquisadores têm desenvolvido intervenções para redução do
Burnout17. Na Bélgica, de 96 médicos residentes, 49 foram
aleatoriamente selecionados para participar de um programa
de gerenciamento de estresse17. No entanto, não houve redução significativa do Burnout em ambos os grupos17.
Sobre os Sintomas Depressivos, observou-se correlação
moderada, significativa e negativa entre a Personalidade
Hardiness e tais Sintomas (r=-0,518; p= 0,001). Em pesquisa realizada em Jaunpur (Índia), ao comparar grupos com
baixas, moderadas e altas médias em Hardiness em relação
aos Sintomas Depressivos, identificaram-se que o grupo com
altas médias em Hardiness (média= 89.50; dp=10,80) apresentou menores médias de Sintomas Depressivos (p<0,001)
do que os indivíduos dos demais grupos (Baixo Hardiness: =
98.40; ±15,60/ Moderado Hardiness: = 92,68; ±13,90)18.
Sobre isso, destaca-se que os Sintomas Depressivos são subdiagnosticados em muitas populações 11 e que podem decorrer de diferentes fatores, como experiências prévias, histórico
familiar, traumas físicos e (ou) psicológicos prévios e sentimento de inadequação ao ambiente laboral18. Quanto a esse
último aspecto, destaca-se que a residência corresponde a
um período de transição entre a formação acadêmica e a
realidade profissional1,11. Nesse processo, é possível que o residente identifique dicotomias entre os pressupostos teóricos
e a prática profissional diária, o que pode levar a uma dificuldade de adaptação ao processo de trabalho, e em longo prazo, aos Sintomas Depressivos. Nesse contexto, intervenções
têm sido realizadas a fim de reduzir os Sintomas Depressivos
entre os estudantes da área da saúde. Dentre elas, uma investigação analisou os efeitos de uma técnica cognitivo-comportamental sobre o estresse e Sintomas Depressivos de 84
estudantes universitários da Jordânia19. Após a intervenção,
houve redução do estresse e Sintomas Depressivos no grupo
de casos 19.
Sobre a relação entre os Sintomas Depressivos e a Síndrome de Burnout, verificou-se correlação significativa positiva
entre esses fenômenos (r=0,705; p=0,000). Assim, quanto
maior a tendência de Burnout, maior é a de Sintomas Depressivos. Nesse sentido, em investigação11 com residentes
médicos de obstetrícia e ginecologia, foi observado que os
Sintomas Depressivos estavam fortemente correlacionados ao
Burnout (p<0,001). Isso indica que a ocorrência de Sintomas
Depressivos pode levar ao Burnout e vice-versa já que ambos são desfechos oriundos do estresse. Esse fenômeno tem
sido relacionado a diferentes aspectos do processo de ensino
-aprendizagem durante a residência, dentre eles, às mudanças
nos hábitos de vida e aos problemas de relacionamento1,7,18.
O ingresso na residência pode representar uma mudança no
tempo disponível para o lazer e a família, sono e repouso e
práticas de esporte, bem como alterações na alimentação, aumento da ingestão de bebidas alcoólicas e uso de drogas lícitas e ilícitas1,11. Ademais, os residentes convivem com colegas
do programa de residência, pacientes e membros da equipe
de saúde, sendo, portanto, as relações interpessoais inerentes
à prática profissional.
Essas situações podem ser avaliadas como estressoras pelos
residentes e levar a Despersonalização, a Exaustão emocional e
baixa Realização Profissional, levando à Síndrome de Burnout.
Essas características da Síndrome podem facilitar a ocorrência de
Sintomas Depressivos, relação já verificada com significância estatística em residentes médicos11. Por outro lado, a presença de
Sintomas depressivos pode dificultar a identificação e enfrentamento dos estressores e, por sua vez, propiciar a ocorrência da
Síndrome de Burnout11.
Tendo em vista as repercussões do Burnout e Sintomas Depressivos à saúde física e mental dos residentes multiprofissionais
e ao cuidado prestado por esses indivíduos, bem como a relação
do Hardiness com esses fenômenos, são necessárias estratégias
de fortalecimento das características dessa Personalidade (Compromisso, Controle e Desafio) nessa população.
Nesse contexto, para a característica Compromisso, é possível incentivar ações e discussões vinculadas ao trabalho com
os pacientes, bem como o comprometimento para a resolução de problemas por meio do gerenciamento de conflitos e
assertividade. Em relação à característica Controle, é possível
a criação de um ambiente de trabalho agradável; o incentivo
e premiação à criatividade relacionada às ideias e implementação de novas práticas; a realização de estudos de caso com
foco no problema para redução do estresse; e a garantia de
maior autonomia ao indivíduo20. Para estímulo ao Desafio, as
estratégias tem como base a promoção de novas experiências
de aprendizagem entre os funcionários; a mudança de práticas e comportamentos; a realização de atividades em grupo;
e a contratação de pessoas com prática em processos de mudanças para promoção de modificações positivas20.
CONCLUSÃO
A residência multiprofissional caracteriza-se por um período
da vida profissional no qual o residente convive com diferentes
situações, acadêmicas e assistenciais, que podem ser avaliadas
como estressoras. Nesse contexto, a Personalidade Hardiness
pode ser uma forma de reduzir os desfechos negativos do estresse, dentre eles os Sintomas Depressivos e o Burnout.
Nesse sentido, confirmou-se a hipótese dessa investigação,
ou seja, de que há menor tendência de Síndrome de Burnout e
Sintomas Depressivos nos residentes multiprofissionais com Personalidade Hardiness. Por conseguinte, atestou-se a influência
do Hardiness na ocorrência do Burnout e nos Sintomas Depressivos nesses residentes.
Dessa forma, os resultados desse estudo fortalecem a assertiva do Hardiness enquanto uma Personalidade relacionada à
saúde e com menor vivência de desfechos do estresse. Portanto,
sugere-se a construção de intervenções que promovam as caraterísticas dessa Personalidade entre os residentes multiprofissionais tendo em vista seus benefícios à saúde e qualidade do
cuidado prestado por esses profissionais.
Como limitação desse estudo, destaca-se o reduzido número de investigações que relacionam o Hardiness ao Burnout e
aos Sintomas Depressivos entre residentes, em especial, entre
residentes multiprofissionais, o que dificultou a comparação dos
resultados desse estudo com aqueles de outras investigações envolvendo o contexto da residência multiprofissional.
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71
21
Influência do Hardiness no Burnout e depressão entre residentes multiprofissionais- estudo analítico
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NOTA
* Mestre em Enfermagem. Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem na Saúde do Adulto (PROESA) da Escola de Enfermagem da USP (EEUSP). São
Paulo, SP. Brasil. E-mail: [email protected]
** Doutora em Enfermagem, Professor Adjunto da Universidade Federal do Espírito Santo. Vitória, Espírito Santo, Brasil. E-mail: [email protected]
*** Mestre em Ciências. Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem da Universidade Paulista. Enfermeira de Unidade Básica de Saúde na Prefeitura Municipal
de Votorantim-SP. Sorocaba. São Paulo. Brasil. E-mail: [email protected]
**** Doutor em Engenharia da Produção. Especialista em Estatística e Modelagem Quantitativa. Professor Associado da Universidade Federal de Santa Maria. Rio Grande
do Sul. Brasil. E-mail: [email protected]
***** Doutora em Enfermagem. Professora do Departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgica da Escola Enfermagem da USP. São Paulo, São Paulo, Brasil. Email:
[email protected]
****** Doutora em Enfermagem, Professora Associada da UFSM. Santa Maria. Rio Grande do Sul. Brasil. E-mail: [email protected]
22
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71
Artigo Original
Mulheres e os significados do exame Papanicolaou
Women and the meanings of the pap smear
*
*
*
**
***
Daniela de Cássia Sabará Rendon
Cristiane dos Santos Braga
Luana Ribeiro da Silva
Lígia Vieira Tenório Sales
Anna Maria de Oliveira Salimena
Recorte do Relatório Final de Pesquisa apresentado como monografia
no Curso de Graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem Wenceslau Braz. Itajubá. Minas Gerais. Dezembro de 2008.
RESUMO
Trata-se de um estudo exploratório e de abordagem qualitativa que teve como objetivo conhecer os significados do exame
preventivo Papanicolaou expresso por mulheres. Foram participantes 40 mulheres com a faixa etária entre 30 e 45 anos de
idade, freqüentadoras da Policlínica Amílcar Pellon na cidade de
Itajubá, Minas Gerais. A coleta das informações foi realizada mediante entrevista semi-estruturada. As diretrizes metodológicas
do Discurso do Sujeito Coletivo foram utilizadas e observou-se
que o desconhecimento do significado do exame e a vergonha
foram os maiores causadores da não realização do exame pela
maioria das mulheres entrevistadas. Concluiu-se que os significados emergentes são os mais variados tanto para as mulheres que
realizam o exame quanto para as que não o realizam estabeleceram-se conceitos idênticos. Considerou-se que ouvir as mulheres
permitiu despertar para alguns caminhos que possam favorecer a
sua aderência ao Programa Preventivo e, em um futuro próximo,
que se possa alcançar a esperada de adesão ao exame.
Palavras-chave: Saúde da Mulher; Exame Papanicolaou;
Pesquisa Qualitativa.
ABSTRACT
This is an exploratory and qualitative study aimed to know
the meanings of the Papanicolaou expressed by women. Participants were 40 women with ages between 30 and 45 years of
age, who attended the Polyclinic Amilcar Pellon Itajubá in the
city, Minas Gerais. Data collection was conducted through semi-structured interviews. The methodological guidelines of the
Collective Subject Discourse were used and it was observed that
the lack of significance of the test and the shame were the main
causes of non-completion of the examination by the majority of
the women interviewed. It was concluded that emerging meanings are varied for both women undergoing testing and for
those who do not realize settled identical concepts. It was felt
that hearing women allowed to awaken some ways that may
favor its adherence to Preventive Program and, in the near future, one can achieve the expected accession to the examination.
Keywords: Women’s Health; Papanicolaou; Qualitative Research.
INTRODUÇÃO
O câncer cérvico-uterino é uma doença crônico-degenerativa
e ainda é um problema de saúde pública em países em desenvolvimento, pois alcança altas taxas de prevalência e mortalidade
em mulheres de estratos sociais e econômicos mais baixos e que
se encontra em plena fase produtiva1. É causado principalmente
pelo vírus Papillomavírus Humano (HPV) que é transmitido facilmente pelo contato sexual, afetando a área genital de homens
e mulheres. A falta de educação sexual nas famílias e na escola
é uma das causas prováveis do pouco conhecimento do corpo
acerca da sexualidade2.
Os fatores responsáveis pelos altos níveis de câncer cérvico-uterino no Brasil são: insuficiência de recursos humanos e materiais disponíveis na área de saúde para prevenção, diagnóstico e
tratamento; utilização inadequada dos recursos existentes; baixo
nível de informações de saúde da população em geral, multiplicidade de parceiros sexuais, tabagismo, hábitos inadequados
de higiene, uso prolongado de contraceptivos orais, reprodução
precoce, deficiências nutricionais, insuficiência de informações
necessárias ao planejamento das ações de saúde3.
O câncer do colo uterino ainda hoje permanece como o segundo tumor maligno mais comum em mulheres correspondendo a 15% de todos os cânceres femininos. Ele é considerado o
de maior frequência em vários países em desenvolvimento, nos
quais corresponde de 20 a 30% do total dos tumores malignos
em mulheres. Já nos países desenvolvidos do Ocidente, sua incidência é menor de 5% dos cânceres femininos4.
No município de Itajubá-MG, no ano de 2007, foram realizados 4615 exames citopatológicos (totalizando 65,1% da meta
total pré-estabelecida, que é de 7140 exames anuais). Desses
exames, foram identificados 69 (1,49%) casos de alterações citológicas, dentre elas 31 casos de NIC I + HPV; 30 casos de ASCUS;
8 casos de NIC II – NIC III e nenhum caso de câncer cérvico-uterino invasor5.
Neste contexto, emergiram inquietações ao constatar escassez de referências teóricas que expressam a percepção da mulher
com relação ao Exame Preventivo Papanicolaou, tornando objetivo deste estudo conhecer os significados do exame preventivo
Papanicolaou expresso por mulheres.
METODO
Estudo exploratório de abordagem qualitativa6 utilizando
como método para coleta de informações o Discurso do Sujeito
Coletivo7. Teve como cenário a Policlínica Amílcar Pellon na cidade de Itajubá em Minas Gerais. Participaram 40 mulheres que
freqüentaram esta instituição, 20 que realizam periodicamente o
Exame Papanicolaou e 20 que nunca realizaram. Foram critérios
de inclusão mulheres com faixa etária entre 30 e 45 anos de
idade, de estado civil, religião, raça e orientação sexual independente e que concordasse em participar da pesquisa. Excluídas as
mulheres com faixa etária inferior a 30 e superior a 45 anos e as
que não concordaram em participar da pesquisa.
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71
23
Mulheres e os significados do exame Papanicolaou
Solicitou-se autorização do Secretário de Saúde do município
e análise do Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem Wenceslau Braz (EEWB) sendo o projeto de pesquisa aprovado segundo Parecer de nº 278/20088.
O instrumento da coleta de dados foi entrevista aberta constituída por duas etapas, sendo a primeira referente aos dados
pessoais (idade, religião, grau de escolaridade, estado civil, raça,
orientação sexual, vida sexual, renda familiar), e a segunda abordando as questões: Para você o que significa o Exame Preventivo
Papanicolaou? Você faz? Por quê? Os depoimentos foram gravados e transcritos pelas pesquisadoras. Realizada várias leituras
atentivas para extrair os significados expressos pelas mulheres
que posteriormente foram seus conteúdos analisados6.
RESULTADOS
A média de idade das mulheres foi de 36,85 anos; quanto
ao estado civil: 47.5% são eram casadas, 37,5% solteiras, 7,5%
viúvas, 5% amasiadas e 2,5% divorciadas. A religião predominante foi a Católica totalizando 62,5%, seguida pela Evangélica
com 35% e finalmente, a Espírita com 2,5%. Das entrevistadas,
42,5% têm como nível de escolaridade o Ensino Fundamental
Incompleto, 25% o Ensino Médio Incompleto, 17,5% o Ensino
Médio Completo, 12,5% o Ensino Fundamental Completo e
2,5% o Ensino Superior Incompleto. Notou-se que 0% das entrevistadas, ou seja, nenhuma delas tem o Ensino Superior Completo. A média de idade do início da vida sexual das entrevistas
foi de 18,57 anos. Das entrevistadas, 57,5% informaram ter tido
01 parceiro sexual, 20% 03 parceiros, 7,5% 06 parceiros, 2,5%
04 parceiros, 2,5% 08 parceiros, 2,5% 02 parceiros, 2,5% 10
parceiros, 2,5% 18 parceiros, 2,5% 31 parceiros, 2,5% incontáveis parceiros. Entre as entrevistadas, 30% não têm filhos e 70%
tem filhos. Dessas 46,4% tem 02 filhos, 25% 04 filhos, 14,4%
01 filho, 10,7% 03 filhos e 3,5% 03 filhos, sendo que a média
de filhos entre as mulheres é de 2,6 filhos por mulher.
A Organização Mundial de Saúde propõe para os países com
recursos econômicos limitados que se controle, pelo menos uma
vez na vida, todas as mulheres com idade próxima aos 40 anos,
população teoricamente mais susceptível ao desenvolvimento da
doença. Por outro lado, o câncer invasivo é relativamente raro em
mulheres com menos de 35 anos de idade e sua maior incidência encontra-se entre a quarta e a quinta décadas de vida. Esse
limite de idade foi aumentado para 64 anos no ano de 20119.
Alguns estudos mostraram que mulheres em fase reprodutiva
realizam mais o exame de Papanicolaou em relação às mulheres
que já não pertencem a essa categoria, possivelmente vinculados
a procedimentos de rotina durante o pré-natal ou como parte do
planejamento familiar10. Não foram encontradas referências que
associem a aderência ou não das mulheres quanto à realização
do Exame Preventivo Papanicolaou baseado no estado civil das
mesmas, bem como na religião das mesmas.
Na literatura existe uma relação muito íntima entre baixo nível de escolaridade e renda familiar, fazendo com que mulheres
enquadradas nesta relação sejam mais suscetíveis ao acometimento do câncer de colo de útero. Nesta perspectiva, considera-se que essas mulheres estão expostas a um maior risco de
morbimortalidade, por utilizarem com menor freqüência os serviços que visam à promoção da saúde e à prevenção de doenças. Acredita-se ainda que a incidência dessa patologia se tornou
alarmante ocasionada pela pouca instrução da população acerca
dessa moléstia11.
Algumas infecções cérvico-vaginais de transmissão sexual estão relacionadas com o desenvolvimento deste tipo de neoplasia
(câncer cérvico-uterino), bem como o fumo, más condições de
24
vida, promiscuidade e início precoce da atividade sexual. As mulheres com vida sexual ativa também são potencialmente susceptíveis ao desenvolvimento da doença12.
A epidemiologia da doença (câncer cérvico-uterino) está diretamente relacionada com o início da atividade sexual feminina
em idade precoce, a multiplicidade de parceiros (da mulher e do
homem com quem ela se relaciona), e a história de doenças sexualmente transmissíveis (principalmente o Papilomavírus/HPV)4.
DISCUSSÃO
O significado do exame para as mulheres foi expresso como
desconhecimento do significado do exame e a vergonha em realizar o exame. Neste sentido, está exemplificado nos recortes dos
depoimentos apresentados neste artigo.
“Eu acho que só pelo nome já diz, um preventivo, porque uma vez que a mulher tem
vida sexual ativa ela tem que estar fazendo
exames periodicamente para estar sempre
atento ao que está acontecendo. O exame Papanicolaou é um exame que previne contra as
doenças de colo de útero, doença de ovário,
doenças transmissíveis, doenças que a gente
não consegue ver”. DSC
As campanhas a favor da realização do exame preventivo têm
atingido o objetivo em algumas mulheres que é a compreensão
da necessidade de realizá-lo como prevenção de doenças, apesar
de não terem citado o motivo principal como sendo o de: prevenção do câncer cérvico-uterino.
“O exame é muito importante e sempre
foi. Eu acho que toda mulher deveria fazer. É
importante a gente fazer todo ano, eu faço
todo ano, mas agora eu estou grávida então
por isso eu não fiz”. DSC
O exame de Papanicolaou é de fundamental importância,
pois além da prevenção e detecção precoce do câncer ginecológico, torna-se um procedimento indispensável aos programas
de direitos reprodutivos, pré-natal, atendimento a patologias
obstétricas e DST/HIV/AIDS13. Quanto mais elevado for o nível
de escolaridade maior será a importância dada por parte destas
mulheres a realização do Papanicolaou, bem como a compreensão de sua realização conforme preconizado pelo Ministério da
Saúde14. Muitas mulheres reconhecem a importância da realização do exame, porém não sabem explicar o verdadeiro motivo
pelo qual o realizam periodicamente. Percebe-se ainda a falta
de informações consistentes acerca da realização do exame ou
pouca compreensão das mulheres pelas informações que lhes
foram transmitidas.
“O exame Papanicolaou detecta qualquer
tipo de doença, com ele vou descobrir como é
que está o meu útero, se eu estou com alguma doença, algum tipo de nódulo, de infecção ou alguma ferida no útero”. DSC
A utilização do exame citopatológico no rastreamento do
câncer do colo do útero possibilita sua prevenção, visto que identifica lesões ainda em estágios anteriores à neoplasia, assim o
diagnóstico precoce, por meio desse exame, é um eficiente caminho para sua prevenção15. Com a realização periódica do exame,
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71
Rendon, D. de C. S.; Braga, C. dos S.; Silva, L. R. da; Sales, L. V. T.; Salimena, A. M. de O.
há a possibilidade de detectar doenças muitas vezes assintomáticas. O hábito adquirido para a realização do exame, além de
trazer benefícios para a própria mulher, serve de exemplo para as
outras mulheres que convivem com a mesma.
“O exame Papanicolaou é um exame onde
previne as doenças de colo de útero, que é
o câncer. É um exame que previne contra o
câncer que está atacando principalmente as
mulheres, então é um meio de prevenir”. DSC
Pesquisa realizada em uma Unidade Básica de Saúde do
município de Campinas – SP em 2007, que objetivou analisar
e identificar os aspectos psicossociais e culturais envolvidas na
realização da citologia oncótica, que existe a percepção da seriedade da doença (câncer), e o controle eficaz com o exame, o
que caracteriza uma forte motivação para a realização do exame
preventivo16.
Apesar do reduzido número de mulheres com o conhecimento da verdadeira indicação do Exame Preventivo Papanicolaou é
importante salientar a percepção das mesmas sobre a gravidade
da doença, caso o controle não seja devidamente realizado. Observou-se também a percepção que as mulheres mostram tem a
cerca dos benefícios que o exame pode trazer para a saúde das
mesmas.
“Eu sou uma pessoa desinformada. Eu estou com muita dor na barriga até e, esses dias
eu vim fazer o Papanicolaou e não deu nada, aí
eu fiquei questionando com a moça porque
que não deu, mas assim eu com essa idade,
mesmo tendo 33 eu estava fazendo, todo dia
que eu tomo banho eu tomo de forma errada
eu lavo tudo por dentro assim sabe de vergonha de perguntar para o médico, aí eu estava
fazendo o Papanicolaou e não dava nada”.
DSC
Infelizmente, algumas mulheres acreditam que o Exame Preventivo Papanicolaou tem a capacidade de diagnosticar qualquer
tipo de doença de origem ginecológica. Quando este não atinge
suas expectativas, perde sua credibilidade fazendo com que estas tomem outras medidas “curativas”, dificultando ainda mais a
sua aproximação com a equipe de saúde. Com isso, percebe-se a
necessidade de ampliar as orientações levando o conhecimento
à população sobre o verdadeiro significado do exame, sobretudo
através dos serviços de saúde pelos profissionais que nele atuam.
“Eu faço todo ano para me prevenir de
qualquer coisa que possa estar acontecendo.
Tanta coisa vem acontecendo ultimamente. O
pessoal fala que previne infecção ou alguma
doença mais grave que isso, previne tudo. Eu
faço todo ano o Papanicolaou e o exame de
mama e faço assim, já faço uma bateria mesmo de tudo, para ficar mais tranqüila, saber
se eu estou saudável ou não. Eu procuro estar
sempre em dia com os exames para me manter assim, saudável”. DSC
A infecção por HPV associada a outros fatores de risco, como
história de outras doenças sexualmente transmissíveis, tabagismo e uso de contraceptivo oral, representa importante papel na
progressão das lesões escamosas intraepiteliais para a malignidade em mulheres brasileiras4.
Verifica-se que algumas mulheres possuem além da adesão
à realização do Exame Preventivo Papanicolaou, a consciência da
importância de cuidados com o restante de seu corpo, realizando
exames preventivos e periódicos a fim de manter sua saúde. Com
relação às respostas das mulheres entrevistadas, observou-se que
o cuidado com a saúde tem sido um motivo para a realização
periódica do Exame Preventivo Papanicolaou, visando uma vida
mais longa e saudável. Isto graças ao auto-cuidado vivenciado
por elas, ato que atualmente é muito falado e valorizado, mas
que, infelizmente, tão pouco utilizado.
O Exame de Papanicolaou é de fundamental importância, visto que além da prevenção e detecção precoce do câncer ginecológico, torna-se um procedimento indispensável aos programas
de planejamento familiar, pré-natal, atendimento a patologias
obstétricas e de infecções sexualmente transmissíveis4.
“É um exame muito vergonhoso que as
mulheres têm que fazer. Eu fico com muita
vergonha de fazer”. DSC
“É um exame que a gente fica muito constrangida e eu tenho vergonha. Eu não faço
porque eu sou muito vergonhosa. Quando
eu era mais moça eu tinha vergonha de fazer
essas coisas e agora que eu estou mais velha,
acho que isso não precisa fazer”. DSC
O exame de prevenção do câncer de colo uterino é considerado, por muitas mulheres, um procedimento invasivo, que gera
medo, vergonha, ansiedade, desconforto, repulsa à própria genitália e prolongados adiamentos na procura do serviço de saúde. Os profissionais de saúde devem ter a consciência, durante
o exame, que cada mulher tem sua própria percepção sobre os
procedimentos que envolvem a prevenção do câncer. Pode ser
um procedimento simples, rotineiro, rápido e indolor aos olhos
do profissional, porém, pela mulher pode ser visto como um procedimento agressivo físico e psicologicamente, pois invade sua
intimidade e a mulher que busca o serviço traz consigo suas bagagens social, cultural, familiar e religiosa17.
CONCLUSÃO
Recentemente, a atenção à saúde da mulher tem sido abordada de maneira mais ampla, abrangendo o conceito de integralidade, englobando questões como controle da mortalidade
materna, planejamento familiar/saúde reprodutiva e sexual, esterilidade, detecção precoce do câncer ginecológico e de mama,
infecções sexualmente transmissíveis, vírus da imunodeficiência
humana, síndrome da imunodeficiência adquirida − IST/HIV/
AIDS, sexualidade, adolescência e climatério, dentre outras, considerando o aspecto biopsicossocial e a transmissão de informações em saúde, por intermédio de práticas educativas.
Consideramos que o desconhecimento do significado do exame e a vergonha, foram os maiores causadores da não realização
do exame de Papanicolaou pela maioria das mulheres e que os
profissionais e educadores em saúde precisam trabalhar os diversos programas da Saúde Pública, de forma a assistir às usuárias
dentro de uma visão voltada para a integralidade da assistência,
pois atualmente existe uma realidade social que necessita de ajuda. É preciso buscar dentro da educação, da promoção de saúde
e da prevenção de doenças, melhores condições de vida para a
população em geral.
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71
25
Mulheres e os significados do exame Papanicolaou
A mulher como principal beneficiária da prevenção do câncer
cérvico-uterino deve ser esclarecida de como é feita a prevenção,
quais são as etapas do Exame de Papanicolaou e o Enfermeiro
capacitado deve atuar junto à equipe multiprofissional e ser um
elo entre a população e o serviço de saúde.
9.
Brasil. Instituto Nacional do Câncer. Ações de enfermagem para o controle do câncer: uma proposta de integração ensino-serviço. 3a. ed. Rio
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lamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos. Resolução
ação em enfermagem: vivências que permeiam a postura profissional.
196/96. Brasília: CNS, 1996.
Rev. Enfermagem Atual IN DERME 2012; 63: 40-4.
NOTA
* Enfermeira. Graduada no Curso de Graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem Wenceslau Braz. Itajubá. Minas Gerais.
** Orientadora da Pesquisa. Mestre em Enfermagem. Professora da Escola de Enfermagem Wenceslau Braz. Itajubá. Minas Gerais.
*** Doutora. Professora e Coordenadora do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora. Minas Gerais.
E-mail de contato: [email protected]
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REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71
Artigo Original
O brincar da criança hospitalizada
na brinquedoteca hospitalar*
The play child hospitalized in hospital playroom
INTRODUÇÃO
** Juselda de Lima
*** Ana Llonch Sabates
RESUMO
Os objetivos foram identificar os brinquedos escolhidos pelas crianças na brinquedoteca hospitalar e conhecer os conteúdos expressos
durante o brincar. Método. Estudo descritivo, transversal e de campo,
com abordagem mista. Os dados qualitativos foram registrados sob a
forma de narrativas pela pesquisadora, e submetidos à análise de conteúdo de Bardin. Participaram 60 crianças, de três a 10 anos de idade,
hospitalizadas em hospitais da rede pública do município de São Paulo.
Resultados. A maioria das crianças era pré-escolar e do sexo feminino.
Dos brinquedos escolhidos 19% estavam relacionados a objetos hospitalares e 8% com utensílios de cozinha. Nos conteúdos expressos,
durante o brincar, emergiram seis categorias: vivenciando a rotina do
cotidiano habitual; necessitando do convívio com proteção dos pais;
convivendo com os sintomas da doença; necessitando realizar procedimentos; percebendo os benefícios do tratamento e da hospitalização
e convivendo com o sentimento da morte. Conclusão. A brinquedoteca hospitalar mostrou-se um espaço de oportunidades para a criança
simbolizar os conteúdos hospitalares e domésticos e entender melhor
o que esta acontecendo com ela. As enfermeiras precisam estimular a
criança a brincar na brinquedoteca a fim de permitir que ela vivencie
o seu cotidiano hospitalar e possa lidar com a doença, exames e tratamentos.
Descritores: Jogos e brinquedo; Enfermagem pediátrica;
Criança hospitalizada; Recreação.
SUMMARY
Objectives. The objectives were to identify the toys chosen by the
children in the hospital playroom and to perceive the expressed content
during play. Method. Descriptive transversal and field study. In this study, 60 children from 3 to 10 years old, hospitalized in public hospitals in
São Paulo participated. Results. The majority of the children were female preschoolers. Qualitative data was recorded in the form of narratives
by the researcher and submitted to analysis of Bardin content. From the
toys chosen, 19% were related to hospital activities and 8% with kitchen utensils. In expressed content during play, six categories emerged:
experiencing the usual routine of daily life; needing contact with parent’s protection; living with the symptoms of the disease; having to go
thru procedures; realizing the benefits of treatment and hospitalization
and living with the feeling of death. Conclusion. The hospital playroom
proved to be a window of opportunity for the child to symbolize hospital and domestic content and better understand what is happening.
Nurses need to encourage children to play in the playroom to allow
them to experience their hospital routine and deal with the disease,
tests and treatments.
Keywords: Games and toys; Pediatric nursing; Hospitalized
children; Recreation.
A infância é um período importante para o desenvolvimento
humano onde a atividade lúdica é uma necessidade para que a
criança possa explorar e conhecer o mundo à sua volta.
Para Winnicot1 o ato de brincar tem ligação com a imaginação da criança e promove uma proteção, dentro de certos limites, de agravos emocionais advindos de situações adversas, que
a criança possa passar no decorrer de sua vida.
Neste sentido, a hospitalização configura-se num evento adverso, inesperado e de crise para a criança 2 durante a qual o
brincar continua sendo uma necessidade que precisa ser atendida, uma vez que o desenvolvimento físico, emocional, cognitivo
e social da criança não cessa3 por estar hospitalizada, e a brincadeira pode assegurar o seu equilíbrio emocional e intelectual4.
Assim, o brincar pode ser considerado como terapia, uma vez
que se caracteriza como oportunidade de elaboração de experiências concernentes à hospitalização, propiciando a redução da
angústia e a reorganização de sentimentos5.
Freud6 refere que “o brincar é o cenário por meio do qual
a criança apropria-se dos significantes que a marcaram”. No
brincar a criança transforma em ativo o que sofreu passivamente. Nesse aspecto, o brinquedo tem função auto curativa,
uma vez que auxilia a criança na elaboração de seus conflitos7,
pois é por meio do brincar de faz de conta, que as experiências ruins ou desagradáveis se transformam, permitindo a
elaboração de conflitos, favorecendo inclusive, uma catarse
elaborativa de imediato8.
Ao brincar simulando situações do cotidiano hospitalar a
criança tem a sua compreensão facilitada sobre os aspectos relacionados à sua doença e tratamento, de forma lúdica e prazerosa
uma vez que ao lhe ser permitido manipular os equipamentos e
objetos hospitalares pode controlar a situação9.
Pesquisas sobre os efeitos do brincar na criança hospitalizada5,10,11, ressaltam que esta atividade facilita a exteriorização de
sentimentos, medos, e necessidades além de permitir à criança
compreender o significado da doença e hospitalização.
Dessa forma, é possível dizer que brincar é a essência da saúde física, emocional e intelectual uma vez que brincando a criança se reequilibra e recicla suas emoções12.
Neste contexto, o brincar é tão importante, que originou a
criação de leis específicas entre elas a Lei 11.104 de 21 de março
de 2005, decretada pelo Congresso Nacional que dispõe sobre
a obrigatoriedade de instalação de brinquedotecas nas unidades
de saúde que ofereçam atendimento à criança em regime de
internação13:
Para Carvalho14 a brinquedoteca torna a experiência de hospitalização mais suportável e menos traumatizante para a criança, favorecendo diversão e proporcionando relaxamento, auxiliando-a a se sentir mais segura em um ambiente fora do seu
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71
27
O brincar da criança hospitalizada na brinquedoteca hospitalar
contexto familiar, ajudando-a a diminuir o estresse da separação
e os sentimentos de estar longe do seu cotidiano habitual. A
brinquedoteca favorece o alívio da tensão, permitindo a expressão de sentimentos, estimulando o seu desenvolvimento global,
concorrendo com a diminuição dos dias de internação e, consequentemente, o índice de infecção hospitalar.
A presença de brinquedotecas nos hospitais contribui para
diminuir o estresse e o medo de medicações, seringas e exames, frequentes no tratamento. Essa foi a conclusão de um
estudo com 58 crianças com idade entre quatro e 14 anos que
faziam tratamento ambulatorial. Dessas, 34 tiveram acesso à
brinquedoteca e 24 não tiveram contatos com brinquedos. A
autora mediu o nível médio do cortisol no sangue (substância
indicadora de nervosismo) e, obteve o valor de 11,20 ug/dl
para o grupo que brincou e de 13,72 ug/dl, para o grupo que
não brincou15.
Assim, pode-se afirmar que o brincar na brinquedoteca hospitalar é de extrema importância para a criança uma vez que
possibilita o atendimento da necessidade de brincar, favorecendo
a continuidade do seu desenvolvimento e a expressão das experiências do cotidiano hospitalar na tentativa de superá-las, por
meio da catarse. E foi esse o
Para conhecer melhor como é o brincar da criança na brinquedoteca hospitalar e pela carência de estudos dessa natureza,
foi elaborada esta pesquisa que teve como objetivos: identificar
os brinquedos escolhidos pelas crianças durante o brincar na
brinquedoteca hospitalar e conhecer os conteúdos expressos
pela criança durante o brincar.
MÉTODO
Pesquisa transversal, descritiva, de campo, com abordagem
mista desenvolvida em um hospital infantil governamental, localizado na Zona Leste do Município de São Paulo.
A amostra, por conveniência, foi constituída por 60 crianças
que frequentaram a brinquedoteca hospitalar, durante três meses
consecutivos e que atenderam aos critérios de inclusão: crianças
hospitalizadas em condições de frequentarem a brinquedoteca
independente do tempo de hospitalização e patologia cujos pais
concordaram que o filho participasse do estudo e que elas mesmas aceitaram participar segundo sua capacidade de escolha.
Os dados foram coletados no período de agosto a outubro
de 2013, em uma ficha denominada “Registro de Dados”, estruturada em duas partes, uma para o registro de algumas características (idade, sexo e diagnóstico médico) e a outra para o
registro dos conteúdos expressos pela criança durante o brincar
na brinquedoteca hospitalar.
Ficou pré-determinado que a atividade de brincar na brinquedoteca tivesse a duração máxima de 60 minutos por ser
um tempo adequado para o registro dessa atividade. Esse período foi baseado nos critérios utilizados na aplicação do brinquedo terapêutico, pela enfermeira, que estabelece o tempo
de 15 a 45 minutos de brincadeira da criança. O tempo de
brincar de algumas crianças ficou delimitado à motivação/de-
28
sinteresse da própria criança ou interrupção por um profissional da enfermagem.
Os dados qualitativos (conteúdos expressos) foram registrados sob a forma de narrativas pela pesquisadora, e submetidos à
análise de conteúdo de Bardin16
O Projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Guarulhos sob o Parecer nº 318.102.
RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS
A maioria das crianças era do sexo feminino (53,0%) e com
idade entre três e seis anos de idade (66,0%).
Dos brinquedos escolhidos pelas crianças 19% estavam relacionados com as atividades hospitalares (estetoscópios, seringas,
termômetros, otoscópio), 15% com jogos de quebra cabeça, 8%
com utensílios de cozinha.
As situações apresentadas pelas crianças durante o brincar na
brinquedoteca foram: 17% sobre situação doméstica; 22% situação hospitalar; 20% situação hospitalar e doméstica; 28% recreação, 3% situação hospitalar e recreação e 10% não brincaram.
A análise cuidadosa das narrativas que constituíram o corpus
deste estudo sobre os conteúdos expressos pelas crianças durante a brincadeira, permitiu identificar seis categorias:
Vivenciando a rotina do cotidiano habitual; Necessitando do convívio com proteção dos pais; convivendo com os
sintomas da doença; Necessitando realizar procedimentos;
Percebendo os benefícios do tratamento e da hospitalização e Convivendo com o sentimento da morte, as quais são
descritas logo a seguir.
CATEGORIA 1 - VIVENCIANDO A ROTINA DO COTIDIANO HABITUAL
Nesta categoria fica evidente que a criança ao brincar de fazde-conta, pode vivenciar a sua rotina doméstica e fazer um elo
entre a casa e o hospital.
“Pegou o ferro e disse para que iria passar roupas;
em seguida foi para o fogão dizendo que iria fazer
bastante comida e que iria abrir um restaurante onde
teria bastante comida”. (C3)
“Lavou louça; fez comidinha, comentou que a geladeira estava cheia de comida” (C4).
“Entrou na casinha fez suco de pera, mexendo a
fruta com a colher dentro da panelinha; serviu suco
de pera com limão para a pesquisadora e para outra
criança. Lavou a laranja e também a ofereceu para a
criança, fez sopa e ofereceu para a boneca”. (C43)
“Decidiu brincar de fazer compras no mercado,
comprou frutas, legumes, utensílios de cozinha e passou-os pela esteira rolante”. (C52)
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Lima, J. de; Sabates, A. L.
As crianças brincam com conteúdos que normalmente representam o ambiente em que vivem, trazendo para a brincadeira, contextos do seu cotidiano. Assim o brinquedo proporciona à criança o
jogo faz-de-conta, no qual a criança representa papéis. Ao brincar
com objetos como: panelinhas, fogão, ferro de passar e outros ela
interioriza aquilo que vivencia no seu dia-a-dia em casa com a sua
mae17. É no jogo simbólico que as brincadeiras são verdadeiras e se
configuram em recriação das experiências vividas18.
CATEGORIA 2 - NECESSITANDO DO CONVÍVIO COM
PROTEÇÃO DOS PAIS
Esta categoria evidencia a necessidade que a criança tem de
um continuo relacionamento com os pais e de compartilhar com
eles o que faz, uma vez que, a brincadeira é uma forma de se
relacionar com eles.
“Telefonou para o pai e disse: oi pai, tudo bem?
Vou passear de bicicleta, beijo, tchau; fez a boneca
Barbie andar de bicicleta dizendo que ela não andava
direito porque tinha as pernas compridas”. (C8)
“Atendeu telefone e disse: oi mãe, depois te ligo,
beijos”. C11)
“Pegou a boneca e simulou que ela estava fazendo uma ligação telefônica, dizendo: tá ligando para o
pai dela”. (C44)
[...]; atendeu ao telefone dizendo: “alô, oi mãe,
quê? Oi mãe, quem fala? É a mamãe? Tchau” (C55)
Sabe-se que a presença dos pais transmite segurança para
a criança, e ajuda diminuir o estresse do processo doloroso e
desconhecido da hospitalização. Ela encontra em seus familiares,
além da força, a segurança que ela precisa para passar pelo processo da hospitalização. Assim sendo, a presença de um representante da família é fundamental18.
O vínculo afetivo constituído entre criança e o cuidador,
geralmente a mãe, proporciona conforto, difunde segurança, produz satisfação das funções fisiológicas de alimentação, além do contato pele a pele e olho no olho, tão importante para a promoção do desenvolvimento emocional
saudável 19.
Um estudo, que objetivou caracterizar a importância da participação dos pais na hospitalização de crianças, a partir da literatura em saúde, constatou que a presença dos pais é uma base de
segurança, de forma a permitir à criança, sentimento de confiança, favorecendo a exploração e o reconhecimento do ambiente20.
CATEGORIA 3 - CONVIVENDO COM OS SINTOMAS DA
DOENÇA
Esta categoria evidencia que, na brincadeira, as crianças falam dos seus sintomas com os quais convivem durante o proces-
so da doença.
“Pegou a boneca e disse que ela teria que tomar
injeção porque estava com muita febre” (C 16)
“Examinou a boneca, disse que não estava com
febre, em seguida teclando no computador, (cadeira)
disse que estava pegando os exames dela que haviam
dado infecção na urina (C29)
“Examinou a boneca, auscultou, aferiu temperatura e disse que o nenê estava com febre e com começo de pneumonia”. (C48)
“Depois disse que iria examinar outra criança afirmando que ela estava com infecção na urina e nos
rins” (C51)
Monteiro21 ressalta que as crianças percebem que estão doentes quando os sintomas da doença se manifestam. Elas sentem as mudanças que ocorrem em seus corpos, bem como a
impossibilidade para realizar atividades rotineiras. Em seu estudo,
a autora também percebeu que as crianças tinham um maior
conhecimento da doença, por meio dos sintomas que elas apresentavam e que a compreensão infantil sobre a doença é devido
à necessidade que a criança tem de entender o que acontece
com seu corpo.
CATEGORIA 4 - NECESSITANDO REALIZAR PROCEDIMENTOS
Esta categoria evidencia o prazer que a criança tem de reproduzir na brincadeira os procedimentos hospitalares que causam
dor e dos quais tem tanto medo, para dominá-los e enfrentá-los.
Quando a criança assim procede, é promovida a catarse, demonstrando o quanto o brincar na brinquedoteca é terapêutico
para a criança.
“Disse que iria fazer injeção no bumbum
dela e que não doeria nada”. (C24)
“Pegou o estetoscópio, pegou a boneca dizendo que era filha dela e que estava vomitando
muito e que iria medicá-la. Disse que iria aplicar
injeção no bumbum pra ela parar de vomitar”.
(C32)
“Auscultou, olhou boca e ouvidos, palpou abdome, verificou a temperatura e disse que o soro é que
estava causando a infecção, e que ela teria que ser internada porque era uma infecção grave; deu remédio
na boca da boneca e disse que era para febre”. (C29)
“Pegou o estetoscópio e auscultou o abdome do
pai. Auscultou o tórax e abdome da boneca, aplicou
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71
29
O brincar da criança hospitalizada na brinquedoteca hospitalar
injeção no bumbum dela, dizendo que era para dor
nas costas. Aplicou injeção EV várias vezes nos dois
braços da boneca. Aferiu a temperatura e disse que
ela não estava com febre”. (C42)
“Examinou a boneca, auscultou, aferiu temperatura; falou que iria dar remédio, mas que era só na
boquinha e que ela não daria injeção no nenê”. (C48)
“A criança pegou a seringa e, correndo de um
brinquedo para outro, voltava até a mesinha onde estava a boneca e lhe aplicava uma injeção no bumbum,
(aplicou injeção na boneca por seis vezes)”. (C34)
“Criança pegou a boneca e aplicou três injeções
no bumbum, sequencialmente“. (C45).
“Aferiu a temperatura da boneca e disse que ela
estava com 38°C de febre, e que precisaria tomar
dipirona, e a criança deu a medicação na boca da
boneca com a seringa. Depois auscultou o coração
por um bom tempo, disse que o nenê tinha virose
e que precisaria internar por causa da febre, e que
também precisaria ficar no soro. Aferiu a temperatura novamente e disse que agora a boneca estava
com 23°C, e que precisava tomar dipirona de novo,
mas que agora seria na veia. Aplicou a injeção na
veia da boneca”. (C52)
“Disse que estava com tosse e que precisava internar porque ela estava muito doente, com água no peitinho e que precisava tirar, mas que ele não deixaria doer
porque iria tirar a água pelo braço; pegou a seringa e
simulou tirar água do braço da boneca”. (C54)
O simbolismo expresso na brincadeira de faz-de-conta
contém uma carga emocional profunda e representativa de
conteúdos e mecanismos inconscientes que prevê e combate
o estresse da hospitalização, assim como resgata mecanismos
saudáveis de autorecuperação, em seus aspectos físicos e psicológicos e auxilia a criança na expressão de seus desejos e
fantasias22.
O brincar no ambiente hospitalar dá à criança a possibilidade
de expressar seus sentimentos, de lidar com as adversidades e de
readquirir a autoconfiança à medida que favorece a criação e a
concretização de algo realizado por ela 23.
Quando brinca a criança transforma em ativo o que sofreu
passivamente. Nesse aspecto, o brinquedo tem função auto
curativa, uma vez que auxilia a criança na elaboração de seus
conflitos24.
Quando a criança simboliza uma situação hospitalar (procedimentos, exames, cirurgias etc.) a função catártica do brinquedo
ajuda a criança a lidar com essa realidade que além de proporcio-
30
nar alívio da ansiedade, gerada por essa experiência, favorece a
mudança de comportamentos25.
Neste sentido, o presente estudo mostrou que brincar na
brinquedoteca hospitalar atende os objetivos definidos por
Cunha26, entre eles o de preparar a criança para o enfrentamento de novas situações por meio de atividades lúdicas.
CATEGORIA 5 - PERCEBENDO OS BENEFICIOS DO TRATAMENTO E DA HOSPITALIZAÇAO
Esta categoria evidencia que a criança ao brincar percebe a
necessidade dos procedimentos, da hospitalização e do tratamento para a melhora, cura da doença e alta hospitalar. Mostra
também a familiaridade da criança com a situação da doença e
do tratamento.
“Examinou a boneca, auscultou, examinou
boca e ouvidos; aplicou injeção no bumbum e
na veia, dizendo que era para sarar o dodói na
barriga” (C49)
“Disse que a bebê estava com febre alta e que iria
escutar o coração dela” ... Falou que bebê iria melhorar, que ela daria remédio para ela e, que não ficaria
internada, que iria para casa”. (C11)
“Disse que a boneca estava com bastante catarro e dodói no peito, que precisava internar para ela
sarar. Disse que ela teria que tomar injeção no bumbum, mas que seria só uma e que não doeria”. (C53)
“Depois examinou a boneca e disse que ela estava
doente, com dor de barriga, e que iria fazer injeção
na veia dela para ela sarar”. (C40)
“A criança ficou admirada e disse que o nenê já
havia melhorado, mas que precisava tomar remédio
na boquinha”. (C 47)
“Examinou a boca e ouvidos, auscultou e disse
que ela estava com dor de cabeça e que precisaria
tomar remédio e injeção na veia. Após fazer a injeção
na veia ela disse que a boneca já havia sarado e que
poderia ir embora”. (C56)
“Ausculta a boneca e diz que ela precisava ficar
internada porque estava com uma manchinha no pulmão igual a ela”. (C 57)
“Pegou a boneca no colo e lhe deu medicação na
boca com a seringa (“é pra nenê melhorar; disse vou
aplica injeção na barriga dela, não vai doer nada e
você vai ficar boa”. (C11)
O brincar permite à criança, uma melhor compreensão sobre
as situações e os procedimentos pelos quais passará, de modo
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71
Lima, J. de; Sabates, A. L.
a propiciar tranquilidade, segurança e adesão ao tratamento27.
Neste sentido a brincadeira durante a hospitalização promove o movimento entre mundo real e imaginário transpondo
as barreiras do adoecimento, além de promover diversão, relaxamento, aliviar a tensão e possibilitar a criança expressar suas
percepções, emoções, sentimentos e preocupações em relação à
experiência de hospitalização 28.
CATEGORIA 6 - CONVIVENDO COM O SENTIMENTO DA
MORTE
Esta categoria demonstra que a criança pode conviver com
sentimento de morte em situação de doença e hospitalização.
Assim sendo, a morte (simbólica) emergiu nas brincadeiras das
crianças, conforme as narrativas que se segue:
“Pegou a boneca e simulou que a mesma estava
fazendo uma ligação telefônica, dizendo que ela estava ligando para o pai dela, porque a mãe dela (da
boneca) havia morrido. Perguntei: morreu do que?
Ela me respondeu: “morreu de urso” (C44)
domésticos e entender melhor o que esta acontecendo com ela
e o brincar uma ferramenta importante para a criança lidar e
expressar o que ela entende sobre sua doença e hospitalização.
Os resultados deste estudo apontam a necessidade das enfermeiras incluírem nas ações de enfermagem, o brincar, a fim
de permitir que a criança vivencie o seu cotidiano hospitalar pois
ao lidar com a doença, exames e tratamentos por meio do lúdico
pode minimizar os efeitos deletérios da hospitalização. Acredita-se que isto seja possível uma vez que a brinquedoteca hospitalar é hoje, uma realidade dentro da maioria dos hospitais e
ambulatórios de atendimento à criança e sua família, facilitando
à enfermeira, a inclusão da prática da brincadeira nos cuidados
de enfermagem.
A pesquisadora reconhece a necessidade de outros estudos
para aprofundar e ampliar o conhecimento da importância do
brincar da criança na brinquedoteca hospitalar.
REFERÊNCIAS
1.
Winnicott DW. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago; 1975.
2.
Gabarra LDB, Marcon C, Silva JLC, Oliveira JB, Machiaverni L. A brinquedoteca hospitalar como fator de promoção no desenvolvimento infan-
“Pegou a boneca e examinou boca e ouvidos,
auscultou e disse que o nenê estava com o coração
parado” (C47)
til: relato de experiência. Rev Bras Crescimento Desenvolvimento Hum.
2009; 19 (2): 306-12.
3.
Hokenberry MJ, Wilson D. (orgs) Traduzido por Maria Inês Corrêa.
Wong: Fundamentos de enfermagem pediátrica, 8ª ed. Rio de Janeiro:
“Pegou a boneca do carrinho, deitou-a na mesa e
disse: o nenê tem dor de barriga. Examinou a boneca
e disse: vou fazer injeção nela para sarar; em seguida disse que a nenê iria morrer. Ao ser interrogada
pela pesquisadora sobre o porquê da morte da nenê,
a criança respondeu: “ah, porque vai morrer”. (55)
Elsevier; 2011.
4.
Silva TMA. Brinquedoteca hospitalar: uma realidade de humanização
para atender crianças hospitalizadas: IX Congresso Nacional de Educação- EDUCERE- III Encontro Sul Brasileiro de Psicopedagogia; 26 a 29 de
outubro de 2009- PUCPR.
5.
Mitre RMA, Gomes R. A perspectiva dos profissionais de saúde sobre
a promoção do brincar em hospitais. Rev Ciência & Saúde Coletiva [on
De acordo com Torres29 a criança já tem uma representação
da morte, desde uma etapa muito precoce, que vai evoluindo
gradativamente paralelo ao desenvolvimento cognitivo.
A hospitalização, por mais simples que seja o seu motivo
pode levar a criança a uma experiência negativa, pois pode sofrer
com sentimentos de ordem física, moral, espiritual, inclusive, o
medo da morte30.
Muitas vezes, a criança percebe a hospitalização como um
abandono por parte de seus pais, ou como punição pelos seus
erros. Dessa forma ela pode apresentar sentimento de medo e
fantasias relacionadas à morte gerando muita ansiedade e angústia31.
O sentimento de morte na criança, não surge somente quando esta é concreta, mas em diferentes situações ela pode estar
associada à vida das crianças, como perdas ou frustrações de
expectativas, a mudança de ambiente, a separação dos pais entre
outros32.
line]. 2007. 12 (5); [acesso em 15 mai. 2013]. Disponível em www.scielosp.org.
6.
Freud, S. (1969) Além do princípio do prazer. In: J. Salomão (Org) Edição
Standard brasileira e obras completas de Sigmund Freud, Vol. 18. Rio de
Janeiro: Imago (Original publicado em 1926).
7.
Erikson EH. Infância e Sociedade. 2ª ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores;
1976.
8.
Cañeq H. Juego y vida. Buenos Aires: Atheneo; 1993.
9.
Castro ADRV. Validação de conteúdo de sítio virtual sobre o uso do brinquedo na enfermagem pediátrica [tese de doutorado]. São Paulo: Escola
de Enfermagem, Universidade de São Paulo; 2010.
10. Almeida MA, Souza TT. A importância do brincar para crianças hospitalizadas: um estudo de caso. [trabalho de conclusão de curso]. Bebedouro:
Faculdades Integradas- Fafibe; 2009.
11. Almeida SQ; Sabatés AL. O uso do brinquedo terapêutico por enfermeiros que trabalham em unidade de internação pediátrica no Cone Leste
Paulista. Enfermagem Atual In Derme. 2012; 63: 31-34.
12. Lima M. Brincando em sala de aula. Revista do professor 2004 abr-jun;
CONCLUSÕES
A brinquedoteca pode ser considerada um espaço de oportunidades para a criança simbolizar os conteúdos hospitalares e
20 (78): 5-10.
13. Brasil. Lei n. 11.104, de 21 de março de 2005. Dispõe sobre a obrigatoriedade de instalação de brinquedotecas nas unidades de saúde que
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71
31
O brincar da criança hospitalizada na brinquedoteca hospitalar
ofereçam atendimento em regime de internação, [on line]. [acesso em
15/032012] disponível em http://www2.planalto.gov.br/.
14. Carvalho A, Batista CVM. Brinquedoteca hospitalar: a importância desse
espaço na redução do trauma da hospitalização da criança. [on line].
2007 [acesso em 10 mar. 2013]. Disponível em www.pucpr.br/even-
periência. Estudos de Psicologia [on line]. 2003 [acesso em 25 mar. 2014]; 8
(1): Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/epsic/v8n1/17250.pdf.
24. Erikson EH. Infância e Sociedade. 2ª ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores;
1976.
25. Freud S. (1969) Além do princípio do prazer. In: J. Salomão (Org) Edição
tos/2007/anais.
15. Potasz C. Estudo realizado com crianças e adolescentes no Hospital Darcy Vargas, no primeiro semestre de 2005 [on line]. [acesso em 10 mar.
Standard brasileira e obras completas de Sigmund Freud, Vol. 18. Rio de
Janeiro: Imago (Original publicado em 1926).
26. Cunha NSH. Brinquedoteca: definição, histórico no Brasil e no mundo,
2013]. Disponível em www.cremesp.org.br.
16. Bardin L. Análise de conteúdo: tradução de Luís Antero Reto, Augusto
In Friedmann A et al. O direito de brincar, 4ª ed. São Paulo: Edições Sociais-Abrinq; 1998, p.39.
Pinheiro. São Paulo: Edições 70; 2011.
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27. Lemos LMD, Pereira WJ, Andrade JS, Andrade ASA. Vamos cuidar com
brinquedos? Rev bras enferm. 2010 [on line]. 2010 [acesso em 31 jun.
Petrópolis: Vozes, 2012.
18. Assis OZM. O jogo simbólico na teoria de Piaget. In: Mantovani OZA.
2014]. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.
28. Frota MA, Gurgel AA, Pinheiros MCD, Martins MC, Tavares TANR. O lúdi-
Pró-posições, 1994; 1 (5): 99-107.
19. Falbo BCP et al. Estímulo ao desenvolvimento infantil: produção do conhecimento em enfermagem. Rev Bras Enfem. 2012, (65) 1; Brasília:
co como instrumento facilitador na humanização do cuidado de crianças
hospitalizadas. Cogitare enferma. 2007 Jan/Mar; 12(1):69-75.
29. Torres W. C. O conceito de morte em diferentes níveis do desenvolvi-
148-54.
20. Brassolatti MM, Veríssimo R.de La Ó M. A presença dos pais e a promoção do desenvolvimento da criança hospitalizada: análise de literatura.
Revista da Sociedade Brasileira de Enfermeiros Pediatras. 2013; 1 (13):
mento cognitivo: uma abordagem preliminar [dissertação de mestrado].
CPG ISOP/FGV; 1978.
30. Sadala MLA, Antonio ALO. Interagindo com a criança hospitalizada: utilização de técnicas e medidas terapêuticas. Rev Latino-am Enferm. 1995;
37-45.
21. Monteiro LFLM. Vivendo e aprendendo no ambiente hospitalar: percepções de criança sobre a doença. [dissertação de mestrado]. Rio Grande
do Norte: Universidade Federal do Rio Grande do Norte; 2007.
22. Oliveira VB. O lúdico na realidade hospitalar. In: Viegas D. Brinquedoteca
hospitalar: isto é humanização. Abrinq, 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. Wak;
2007, p.29.
23. Junqueira MFP. A mãe, seu filho hospitalizado e o brincar: um relato de ex-
3 (2): 93-106.
31. Sabates AL et al. Preparo da criança para procedimentos dolorosos: intervenção de enfermagem com brinquedo. O cotidiano da prática de
enfermagem pediátrica. São Paulo: Editora Atheneu; 1999.
32. Domingues J. Uma janela para a alma: olhando a morte e a criança. Rev
Paul Enferm. 1996; 1/3 (15), p. 66-74.
NOTA
* Artigo derivado de Dissertação “O brincar da criança na brinquedoteca hospitalar” autoria de Juselda de Lima, defendida no Programa de Mestrado da Universidade
Guarulhos em 2014.
** Enfermeira. Mestre em Enfermagem pelo Programa de Mestrado em Enfermagem da Universidade de Guarulhos.
E-mail:[email protected].
*** Enfermeira, Doutora Enfermagem Materno Infantil pela Universidade de São Paulo, docente do Programa de Mestrado em enfermagem da Universidade Guarulhos.
E-mail: [email protected]
32
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71
V Congresso Brasileiro
de Prevenção e
TRATAMENTO
DE FERIDAS
Feridas e
Conflitos
I Congresso
Brasil
I Fórum de Práticas Integrativas
II Fórum de Enfermagem em Estética
CentroSul - Florianópolis - SC
24 a 27 de novembro de 2015
TRABALHOS CIENTÍFICOS
Prazo limite para inscrição de trabalhos:
30 de junho de 2015.
PROVA DE TÍTULO
Data: 23 de novembro de 2015, de 8h às 12h
Local: Centro de Ciências da Saúde (CCS) - Campus Universitário
Trindade - Florianópolis - SC
ORGANIZAÇÃO
Sociedade Brasileira de Enfermagem
em Feridas e Estética
www.feridas2015.com.br
eridas2015.com.br
V Congresso Brasileiro
de Prevenção e
TRATAMENTO
DE FERIDAS
Feridas e
Conflitos
I Congresso
Brasil
I Fórum de Práticas Integrativas
II Fórum de Enfermagem em Estética
CentroSul - Florianópolis - SC Ÿ 24 a 27 de novembro de 2015
CURSOS PRÉ-CONGRESSO
1 - Utilização de Laser em Feridas - Teórico e Prático
2 - Fotografia e Registro em Feridas e o Uso de Software – Teórico e Prático (levar equipamento no dia curso)
3 - Manejos e Cuidados no Pé Diabético - Teórico e Prático
4 - Úlceras Venosas e aplicabilidade Teórica e Prático das Terapias Compressivas e Inelásticas – Teórico e Prático
5 - Manejos e Cuidados em Estomas, Fistulas e Drenos - Teórico e Prático
6 - Raciocínio Clinico no Tratamento de Feridas – NANDA/NIC/NOC – Teórico e Prático
7 - Manejo de Coberturas para uma Prática Clinica Assistida - Teórico e Prático
8 - Assistência de Enfermagem no Paciente Queimado - Teórico e Prático
PROGRAMAÇÃO PRELIMINAR
V Congresso Brasileiro de Prevenção e Tratamento de Feridas
Ÿ
Sistematização da Assistência de Enfermagem em Feridas: Diagnósticos, Intervenções e Resultados. (NANDA/CIPE);
Ÿ
Nanotecnologia no Tratamento de Feridas;
Ÿ
Segurança do Paciente e Qualidade da Assistência em Saúde;
Ÿ
Registro de Evolução de Lesões no Tratamento de Feridas: Implicações para a Pesquisa;
Ÿ
Politicas Públicas (Autonomia do Enfermeiro na Comissão de Curativos)
Ÿ
Mandato Judicial referente a Compra de Produtos para Tratamentos de Feridas por Hospitais (Judicialização da Saúde);
Ÿ
Atuação do Enfermeiro no Banco de Pele;
Ÿ
Lesões Oncológicas;
Ÿ
Avanços na Prevenção “Não às Úlceras por Pressão”;
Ÿ
Úlcera por Pressão: Sua Verdadeira Dimensão;
Ÿ
Enfermagem Dermatológica: Cenário de Atuação nos Estados Unidos e Brasil;
Ÿ
Inovações Tecnológicas no Tratamento de Feridas;
Ÿ
Consensos e “Guidelines”;
Ÿ
Atenção Básica com Impacto nas Políticas Públicas;
Ÿ
Cuidados em Paciente Queimados;
Ÿ
Lesões nos Esportes;
Ÿ
Procedimentos de Enfermagem X ANS;
Ÿ
Infecção e Osteomielite;
Ÿ
Enfermagem e Resiliência;
Ÿ
Prática em Feridas X Ensino;
Ÿ
Visão do Mundo em Feridas - EWMA, EPUAP E NPUAP e GNEUAPP - Experiência e Conflitos.
www.feridas2015.com.br
V Congresso Brasileiro
de Prevenção e
TRATAMENTO
DE FERIDAS
Feridas e
Conflitos
I Congresso
Brasil
I Fórum de Práticas Integrativas
II Fórum de Enfermagem em Estética
CentroSul - Florianópolis - SC Ÿ 24 a 27 de novembro de 2015
PROGRAMAÇÃO PRELIMINAR
I Fórum de Práticas Integrativas
Ÿ
Ÿ
Ÿ
Ÿ
Ÿ
Ÿ
Ÿ
Ÿ
A Visão da SOBENFEe Sobre o Uso da Fitoterapia no Tratamento de Feridas;
Alternativas no Tratamento de Feridas pela Medicina Antroposófica;
Anti-homotóxica e Apiterapia;
Fitoterapia Aplicada a Cicatrização de Feridas. Dissertação de Mestrado;
Influência do Ambiente na Integridade dos Princípios Ativos
Trabalho Corporal Bioenergético;
O SUS e Utilização de Fitoterapia (programas) no Sul do País - Informações Adicionais Sobre o Termalismo;
VISITA AO HORTO MEDICINAL - Município de Florianópolis - Praia de CANAVIEIRAS
1º Congresso DEBRA BRASIL
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Abertura e Apresentação da DEBRA Brasil;
O que é EB - Definição e Classificação;
Exames Diagnósticos;
Complicações Dermatológicas de EB;
Complicações Clinicas de EB;
Manejo cirúrgico;
Conduta para o Pediatra: Cuidados Gerais no Primeiro Atendimento:
Cirurgia de Mão;
Terapia Hiperbárica - Quando Indicar;
Genética: Aspecto Clínico;
Genética: Novas Perspectivas;
Cuidados Gerais de Enfermagem;
Uso de Derivados de Petrolatum: Experiência Prática e Revisão de Literatura;
Curativos Especiais - Quando e Como Indicar;
Manejo Odontológico em EB: Cuidados e Desafios;
Nutrição: Orientações Gerais no Tratamento na Epidermólise Bolhosa;
Nutrição: Principais Manifestações Clínicas que Afetam o Consumo Alimentar, Avaliação das Curvas de Crescimento e
Adequação do Consumo Alimentar Habitual de Alimentação aos Portadores de Epidermólise Bolhosa de 19 Anos de Idade;
Dilatação Esofágica: Dr Roberto Zilio (Experiência do Gastro);
Apoio Psicológico Familiar e Paciente;
Fisioterapia Funcional e Motora - Reabilitação;
Cadastro Nacional de EB;
Papel da DEBRA no Brasil e no Mundo
V Congresso Brasileiro
de Prevenção e
TRATAMENTO
DE FERIDAS
Feridas e
Conflitos
I Congresso
Brasil
I Fórum de Práticas Integrativas
II Fórum de Enfermagem em Estética
CentroSul - Florianópolis - SC Ÿ 24 a 27 de novembro de 2015
PROGRAMAÇÃO PRELIMINAR
II Fórum de Enfermagem e Estética
Ÿ
Ÿ
Ÿ
Ÿ
O Papel Legal e Técnico do Enfermeiro na Área da Estética -Debate Sobre o Cursos de Formação em Estética (Nível Pós –
graduação – Locais, Carga Horária, Conteúdo, Exigências para Matrícula, Professores, Prática Aplicada, Coordenação
Técnica);
Visão da Sociedade de Dermatologia Médica Sobre o Profissional Enfermeiro em Estética;
Aspectos Legais e Competências do Enfermeiro na Área da Estética (Atribuições por Área);
Criação da Comissão Técnica-legal, Ligada a SOBENFeE
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SECRETARIA EXECUTIVA
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37
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