Revista ISSN 1519-339X Ano 14 - Nº 71 / 9 - Outubro / Novembro / Dezembro - 2014 A Revista Enfermagem Atual In Derme está indexada na base de dados do Cinahl - Information Systems USA, classificada como Qualis International B2 da Capes e no Grupo EBSCO Publicações. 2 REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71 Editor: Viviane Fernandes de Carvalho Redação: Cesar Isaac Assistente Editorial: André Oliveira Paggiaro [email protected] Financeiro: Sobenfee Produção: Charles da S. Santos Caríssimos (as) leitores (as), O ano se encerra, mas nos trouxe muitas oportunidades de aprendizado e ainda nos permite projetar novos horizontes a serem alcançados no ano novo que Vendas: Sobenfee [email protected] Sac: [email protected] Envio de Artigos: [email protected] ENFERMAGEM ATUAL IN DERME é uma revista científica, cultural e profissional, trimestralmente lida por 5.000 enfermeiros. ENFERMAGEM ATUAL IN DERME não aceita matéria paga em seu espaço editorial. CIRCULAÇÃO: Em todo Território Nacional. CORRESPONDÊNCIAS: Rua México, nº 164 sala 62 Centro –Rio de Janeiro - RJ - (21) 2259-6232 - [email protected] Periodicidade: Trimestral Distribuição: Sobenfee Produção: EPUB - Editora de Publicações Biomédicas Ltda. ENFERMAGEM ATUAL IN DERME reserva todos os direitos, inclusive os de tradução, em todos os países signatários da Convenção Pan -Americana e da Convenção Internacional sobre Direitos Autorais. A Revista Enfermagem Atual In Derme está indexada na base de dados do Cinahl Information Systems USA e classificada como Qualis Internacional B2 da Capes e no Grupo EBSCO Publicações. Os Trabalhos publicados terão seus direitos autorais resguardados pela Sobenfee que, em qualquer situação agirá como detentora dos mesmos. Circulação: 4 números anuais: JAN/FEV/MAR – ABR/MAI/JUN – JUL/AGO/SET – OUT/NOV/ DEZ DATA DE IMPRESSÃO: Junho 2014 A Revista Enfermagem Atual In Derme é uma publicação trimestral. Publica trabalhos originais das diferentes áreas da Enfermagem, Saúde e Áreas Afins, como resultados de pesquisas, artigos de reflexão, relato de experiência e discussão de temas atuais. logo virá. Assim, o último número de 2014 deste periódico tem a capacidade de nos fazer refletir sobre o passado, assim como, idealizar diferentes cenários para o futuro. Silva, et al., investigaram os efeitos da terapia acupuntural em feridas cutâneas cirurgicamente induzidas em um modelo animal por meio da análise histomorfométrica. Identificaram que o uso de acupuntura no pós-operatório alterou a contagem de células inflamatórias, fibroblastos / fibrócitos, vasos sanguíneos e a deposição de colágeno durante a cicatrização das feridas cirúrgicas em ratos. Mayoral, et al., verificaram a disponibilidade e condições dos esfigmomanômetros e estetoscópios nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) no município de Guarulhos, uma vez que o uso de instrumentos precisos para medir a pressão arterial é fundamental para o diagnóstico correto. Os pesquisadores sugerem suprimento de instrumentos adequado para medir precisamente a pressão arterial no município avaliado. Silva, et al.: analisaram a influência da personalidade do tipo Hardiness na Síndrome de Burnout e nos Sintomas Depressivos entre residentes multiprofissionais. Os achados permitiram que os investigadores inferissem que as características da Personalidade Hardiness, por permitirem resistência ao estresse, reduzem a possibilidade de Burnout e Sintomas Depressivos. Rendon, et al., tiveram como objetivo conhecer os significados do exame preventivo Papanicolaou expresso pelas mulheres. O desconhecimento do significado do exame e a vergonha foram apontados como os maiores causadores da não realização do exame pela maioria das mulheres entrevistadas. Lima & Sabatés: identificaram os brinquedos escolhidos pelas crianças na brinquedoteca hospitalar e os conteúdos expressos durante o brincar. A criança hospitalizada, pôde mostrar, em um espaço de oportunidades para a criança, simbolizar os conteúdos hospitalares e domésticos e entender melhor o que está acontecendo com ela. Feliz Natal e próspero 2015!!! Profa. Dra. Viviane Fernandes de Carvalho Editora chefe ISSN 1519-339X REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71 3 Conselho Científico Ana Claudia Puggina Universidade Guarulhos Guarulhos, SP-Brasil Ana Karine Brum Universidade Federal Fluminense Rio de Janeiro, RJ-Brasil Ana Llonch Sabates Universidade Guarulhos Guarulhos, SP-Brasil Sumário EDITORIAL 3 ARTIGOS 5 Normas de Publicação Revista Enfermagem Atual - In Derme Andre Oliveira Paggiaro Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina Universidade de São Paulo São Paulo, SP-Brasil Arlete Silva Universidade Guarulhos Guarulhos, SP-Brasil ________ 8 Análise histomorfométrica da cicatrização de feridas cutâneas tratadas com acupuntura: Estudo em ratos. Beatriz Guitton Universidade Federal Fluminense Rio de Janeiro, RJ-Brasil Histomorphometric analysis of skin wound healing Cesar Isaac Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina Universidade de São Paulo São Paulo, SP-Brasil undergoing acupuncture therapy: Study in rats. Elidiane de Lemos Vasconcelos Silva, José Alex Alves dos Santos, Bartolomeu Denise Sória Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro, RJ – Brasil José dos Santos Júnior, Maria Fernanda Aparecida Moura de Souza, Rogélia Herculano Pinto, Francisco Carlos Amanajás de Aguiar Júnior Edna Apparecida Moura Arcuri Universidade Guarulhos Guarulhos, SP-Brasil Fulvia Maria dos Santos Universidade Estácio de Sá Rio de Janeiro, RJ-Brasil ________ 14 Esfigmomanômetros para medida precisa da pressão arterial : disponibilidade, condições e o associado Javier Soldevilla Agreda Universidade de La Rioja Logroño-Espanha conhecimento do enfermeiro em Unidades Básicas José Carlos Martins Universidade de Coimbra Coimbra-Portugal de Saúde do município de Guarulhos. Sphygmomanometers for accurate blood pressure José Verdu Soriano Universidade de Alicante Alicante-Espanha measurement: availability, conditions and associated nurse Knowledge in Basic Health Units of Guarulhos Municipality. Josiane Lima de Gusmão Universidade Guarulhos Guarulhos, SP-Brasil Natany Maia Mayoral, Victor Cauê Lopes, Edna Apparecida Moura Arcuri Karina Chamma Di Piero Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de Janeiro, RJ-Brasil Marcus Castro Ferreira Faculdade de Medicina Universidade de São Paulo São Paulo, SP-Brasil ________ 18 Influência do Hardiness no Burnout e depressão entre Maria Celeste Dalia Barros Universidade Estácio de Sá Rio de Janeiro, RJ-Brasil residentes multiprofissionais - estudo analítico Maria de Belém Cavalcante Universidade Guarulhos Guarulhos, SP-Brasil among multidisciplinary residents- analytical investigation Influence of Hardy personality on Burnout and depression Rodrigo Marques da Silva, Karla de Melo Batista, Patrícia Maria Serrano, Luis Maria Helena Gonçalves Jardim Universidade da Madeira Funchal-Portugal Felipe Dias Lopes, Ana Lúcia Siqueira Costa, Laura de Azevedo Guido Maria Luiza Santos Universidade da Madeira Funchal-Portugal Maria Marcia Bachion Universidade Federal de Goiás Goiania, GO-Brasil ________ Women and the meanings of the pap smear Neida Luiza Kaspary Universidade Federal de Santa Maria Santa Maria, RS-Brasil Daniela de Cássia Sabará Rendon, Cristiane dos Santos Braga, Luana Ribeiro da Silva, Lígia Vieira Tenório Sales, Anna Maria de Oliveira Salimena Patricia Helena Castro Nunes IPEC / FIOCRUZ Rio de Janeiro, RJ-Brasil Rosa Aurea Quintela Fernandes Universidade Guarulhos Guarulhos, SP-Brasil Simone Aranha Nouer Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de Janeiro, RJ-Brasil Tamara Iwanow Cianciarullo Universidade de Mogi das Cruzes Mogi das Cruzes, SP-Brasil 4 Viviane Fernandes de Carvalho Universidade Guarulhos Guarulhos, SP-Brasil 23 Mulheres e os significados do exame Papanicolaou ________ 27 O brincar da criança hospitalizada na brinquedoteca hospitalar* The play child hospitalized in hospital playroom Juselda de Lima, Ana Llonch Sabates REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71 Normas de Publicação REVISTA ENFERMAGEM ATUAL - IN DERME INSTRUÇÕES AOS AUTORES A Revista Enfermagem Atual - In Derme é o órgão oficial de divulgação da Sociedade Brasileira de Feridas e Estética (Sobenfee). Impressa e on-line, tem como objetivo principal registrar a produção científica de autores nacionais e internacionais, que possam contribuir para o estudo, desenvolvimento, aperfeiçoamento e atualização da Enfermagem, da saúde e de ciências afins, na prevenção e tratamento de feridas. O desenvolvimento do conhecimento de Enfermagem visto, principalmente, nas últimas quatro décadas, é o resultado da somatória dos esforços dos cientistas, teóricos e estudiosos em Enfermagem, a fim de que a prática seja mais segura e eficiente. Desta maneira, cabe também a esta sociedade trazer à comunidade as descobertas científicas conseguidas pela Enfermagem, também nas seguintes seções especiais: Saúde da Mulher, Saúde da Criança e Adolescente, Saúde Mental, Saúde do Trabalhador e Saúde do Adulto e Idoso. As instruções aqui descritas visam orientar os pesquisadores sobre as normas adotadas para avaliar os manuscritos submetidos. Os manuscritos devem destinar-se exclusivamente à Revista Enfermagem Atual - In Derme, não sendo permitida sua submissão simultânea a outro(s) periódico(s). Quando publicados, passam a ser propriedade da Revista Enfermagem Atual - In Derme, sendo vedada a reprodução parcial ou total dos mesmos, em qualquer meio de divulgação, impresso ou eletrônico, sem a autorização prévia do(a) Editor(a) Científico(a) da Revista. A publicação dos manuscritos dependerá da observância das normas da Revista Enfermagem Atual - In Derme e da apreciação do Conselho Editorial, que dispõe de plena autoridade para decidir sobre sua aceitação, podendo, inclusive apresentar sugestões (sem alterar o conteúdo científico) ao(s) autor(es) para as alterações necessárias. Neste caso, o referido trabalho será reavaliado pelo Conselho Editorial, permanecendo em sigilo o nome do consultor, e omitindo também o(s) nome(s) do(s) autor(es) aos consultores. Manuscritos recusados para publicação serão notificados e disponibilizados a sua devolução ao(s) autor(es) na sede da Revista. MODALIDADES DE ARTIGOS Artigos de revisão (sistemática ou integrativa): estudo que reúne, de maneira crítica e ordenada resultados de pesquisas a respeito de um tema específico sobre feridas, aprofunda o conhecimento sobre o objeto da investigação. Deve limitar-se a 6000 palavras, excluindo referências, tabelas e figuras. As referências deverão ser atuais e em número mínimo de 30. Reflexão: consideração teórica sobre aspectos conceituais no contexto das feridas, suas etiologias, tratamentos e reabilitação. Formulação discursiva aprofundada, focalizando conceitos ou constructo teórico da Enfermagem ou de área afim; ou discussão sobre um tema específico, estabelecendo analogias, apresentando e analisando diferentes pontos de vista, teóricos e/ou práticos. Deve conter um máximo de dez (10) páginas, incluindo resumos e referências. Relatos de caso: descrição de pacientes ou situações singulares, doenças especialmente raras ou nunca descritas, assim como formas inovadoras de diagnóstico e tratamento. O texto é composto por uma introdução breve que situa o leitor em relação à importância do assunto e apresenta os objetivos do relato do(s) caso(s) em questão; o relato resumido do caso e os comentários no qual são abordados os aspectos relevantes, os quais são comparados com a literatura. O número de palavras deve ser inferior a 2000, excluindo referências e tabelas. O número máximo de referência é 15. Relato de experiência: descrição de experiências acadêmicas, assistenciais e de extensão na área da enfermagem dermatológica e áreas afins. Deve conter ate dez (10) páginas, incluindo resumos e referências. Comunicação breve: pequenas experiências que tenham caráter de originalidade, não ultrapassando 1500 palavras e dez referências bibliográficas. Cartas ao editor: são sempre altamente estimuladas. Em princípio, devem comentar discutir ou criticar artigos publicados na Revista In Derme, mas também podem versar sobre outros temas de interesse geral. Recomenda-se tamanho máximo 1000 palavras, incluindo referências bibliográficas, que não devem exceder a seis (6). Sempre que possível, uma resposta dos autores será publicada junto com a carta. Editorial: geralmente refere-se a artigos escolhidos em cada número da Revista Enfermagem Atual - In Derme pela sua importância para comunidade científica. São redigidos pelo Conselho Editorial ou encomendados a especialistas de notoriedade na área em questão. O Conselho Editorial poderá, eventualmente, considerar a publicação de editoriais submetidos espontaneamente. Pode conter até duas (2) páginas. Resumo de dissertação ou tese: devem conter introdução, objetivos, métodos, resultados e conclusões. Deve conter ate quinze (15) páginas, incluindo resumos e referências. Artigo original: pesquisa original e inédita. Estão incluídos estudos controlados e randomizados, estudos observacionais e pesquisa básica com modelos de experimentação animal. Deverão obrigatoriamente obedecer à estrutura: Introdução, contendo o problema de pesquisa, hipótese(s), objetivo; Método; Resultados; Discussão; Conclusões; Referências; Resumo; Abstract. O texto poderá conter entre 2000 e 3000 palavras, excluindo referências, tabelas e figuras. O número de referências não deve exceder a 30. Pode conter até quinze (15) páginas, incluindo resumos e referências. Previamente à publicação, todos os artigos enviados à Revista Enfermagem Atual - In Derme passam por processo de revisão e julgamento, a fim de garantir seu padrão de qualidade e a isenção na seleção dos trabalhos a serem publicados. Inicialmente, o artigo é avaliado pela secretaria para verificar se está de acordo com as normas de publicação e completo. Todos os trabalhos são submetidos à avaliação pelos pares (peer review) por pelo menos três revisores selecionados dentre os membros do Conselho Editorial. A aceitação é baseada na originalidade, significância POLÍTICA EDITORIAL Avaliação pelos pares (peer review) REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71 5 Normas de Publicação e contribuição científica. Os revisores, de acordo com as recomendações adotadas por este veículo de informação, fazem uma apreciação rigorosa de todos os itens que compõem o trabalho. Ao final, farão comentários gerais sobre o trabalho e opinarão se o mesmo deve ser publicado. O editor toma a decisão final. Em caso de discrepâncias entre os avaliadores, pode ser solicitada uma nova opinião para melhor julgamento. Quando são sugeridas modificações pelos revisores, as mesmas são encaminhadas ao autor correspondente e, a nova versão encaminhada aos revisores para verificação se as sugestões/exigências foram atendidas. Em casos excepcionais, quando o assunto do manuscrito assim o exigir, o Editor poderá solicitar a colaboração de um profissional que não conste da relação do Conselho Editorial para fazer a avaliação. O sistema de avaliação é o duplo cego, garantindo o anonimato em todo processo de avaliação. A decisão sobre a aceitação do artigo para publicação ocorrerá, sempre que possível, no prazo de três meses a partir da data de seu recebimento. As datas do recebimento e da aprovação do artigo para publicação são informadas no artigo publicado com o intuito de respeitar os interesses de prioridade dos autores. Idioma Devem ser redigidos em português. Eles devem obedecer à ortografia vigente, empregando linguagem fácil e precisa e evitando-se a informalidade da linguagem coloquial. As versões serão disponibilizadas na íntegra no endereço eletrônico da Sobenfee (http://www.sobenfee.org.br). Pesquisa com Seres Humanos e Animais Os autores devem, no item Método, declarar que a pesquisa foi aprovada pela Comissão de Ética em Pesquisa de sua Instituição (enviar declaração assinada que aprova a pesquisa), em consoante à Declaração de Helsinki revisada em 2000 [World Medical Association (www.wma.net/e/policy/b3.htm)] e da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (http://conselho.saude. gov.br/resolucoes/reso_96.htm). Na experimentação com animais, os autores devem seguir o CIOMS (Council for International Organizationof Medical Sciences) Ethical Code for Animal Experimentation (WHO Chronicle 1985; 39(2):51-6) e os preceitos do Colégio Brasileiro de Experimentação Animal - COBEA (www.cobea.org.br). O Corpo Editorial da Revista poderá recusar artigos que não cumpram rigorosamente os preceitos éticos da pesquisa, seja em humanos seja em animais. Os autores devem identificar precisamente todas as drogas e substâncias químicas usadas, incluindo os nomes do princípio ativo, dosagens e formas de administração. Devem, também, evitar nomes comerciais ou de empresas. Política para registro de ensaios clínicos A Revista In Derme, em apoio às políticas para registro de ensaios clínicos da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do International Committeeof Medical Journal Editors (ICMJE), reconhecendo a importância dessas iniciativas para o registro e divulgação internacional de informação sobre estudos clínicos, em acesso aberto, somente aceitará para publicação, os artigos de pesquisas clínicas que tenham recebido um número de identificação em um dos Registros de Ensaios Clínicos validados pelos critérios estabelecidos pela OMS e ICMJE, disponível no endereço: http:// clinicaltrials.gov ou no site do Pubmed. O número de identificação deve ser registrado ao final do resumo. Direitos Autorais Os autores dos manuscritos aprovados deverão encaminhar, previamente à publicação, a seguinte declaração escrita e assinada por todos os co-autores: “O(s) autor(es) abaixo assinado(s) transfere(m) todos os direitos autorais do manuscrito (título do artigo) 6 à Revista Enfermagem Atual - In Derme. O(s) signatário(s) garante(m) que o artigo é original, que não infringe os direitos autorais ou qualquer outro direito de propriedade de terceiros, que não foi enviado para publicação em nenhuma outra revista e que não foi publicado anteriormente. O(s) autor(es) confirma(m) que a versão final do manuscrito foi revisada e aprovada por ele(s)”. Todos os manuscritos publicados tornam-se propriedade permanente da Revista Enfermagem Atual - In Derme e não podem ser publicados sem o consentimento por escrito de seu editor. Critérios de Autoria Sugerimos que sejam adotados os critérios de autoria dos artigos segundo as recomendações do International Committee of Medical Journal Editors. Assim, apenas aquelas pessoas que contribuíram diretamente para o conteúdo intelectual do trabalho devem ser listadas como autores. Os autores devem satisfazer a todos os seguintes critérios, de forma a poderem ter responsabilidade pública pelo conteúdo do trabalho: 1. ter concebido e planejado as atividades que levaram ao trabalho ou interpretado os resultados a que ele chegou, ou ambos; 2. ter escrito o trabalho ou revisado as versões sucessivas e tomado parte no processo de revisão; 3. ter aprovado a versão final. Pessoas que não preencham os requisitos acima e que tiveram participação puramente técnica ou de apoio geral, podem ser citadas na seção Agradecimentos. PREPARO DOS MANUSCRITOS Envio dos manuscritos: Os manuscritos de todas as categorias aceitas para submissão deverão ser digitados em arquivo do Microsoft Office Word, com configuração obrigatória das páginas em papel A4 (210x297mm) e margens de 2 cm em todos os lados, fonte Times New Roman tamanho 12, espaçamento de 1,5 pt entre linhas. As páginas devem ser numeradas, consecutivamente, até as Referências. O uso de negrito deve se restringir ao título e subtítulos do manuscrito. O itálico será aplicado somente para destacar termos ou expressões relevantes para o objeto do estudo, ou trechos de depoimentos ou entrevistas. Nas citações de autores, ipsis litteris, com até três linhas, usar aspas e inseri-las na sequência normal do texto; naquelas com mais de três linhas, destacá-las em novo parágrafo, sem aspas, fonte Times New Roman tamanho 11, espaçamento simples entre linhas e recuo de 3 cm da margem esquerda. Não devem ser usadas abreviaturas no título e subtítulos do manuscrito. No texto, usar somente abreviações padronizadas. Na primeira citação, a abreviatura é apresentada entre parênteses, e os termos a que corresponde devem precedê-la. PRIMEIRA PÁGINA: Identificação: É a primeira página do manuscrito e deverá conter, na ordem apresentada, os seguintes dados: título do artigo (máximo de 15 palavras) nos idiomas (português e inglês); nome do(s) autor(es), indicando, em nota de rodapé, título(s) universitário(s), cargo e função ocupados; Instituição a que pertence(m) e endereço eletrônico para troca de correspondência. Se o manuscrito estiver baseado em tese de doutorado, dissertação de mestrado ou monografia de especialização ou de conclusão de curso de graduação, indicar, em nota de rodapé, a autoria, título, categoria (tese de doutorado, etc.), cidade, instituição a que foi apresentada, e ano. Devem ser declarados conflitos de interesse e fontes de financiamento. SEGUNDA PÁGINA: Resumo e Summary: O resumo inicia uma nova página. Independente da categoria do manuscrito, REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71 REVISTA ENFERMAGEM ATUAL - IN DERME o Resumo deverá conter, no máximo, 200 palavras. Deve ser escrito com clareza e objetividade. No resumo deverão estar descritos o objetivo, a metodologia, os principais resultados e as conclusões. O Resumo em português deverá estar acompanhado da versão em inglês (Summary). Logo abaixo de cada resumo, incluir, respectivamente, três (3) a cinco (5) descritores e key words. Recomenda-se que os descritores estejam incluídos entre os Descritores em Ciências da Saúde DeCS (http://decs.bvs.br) que contem termos em português, inglês e espanhol. Corpo do texto: O corpo do texto inicia nova página, em que não devem constar o título do manuscrito ou o nome do(s) autor(es). O corpo do texto é contínuo. É recomendável que os artigos sigam a estrutura: Introdução, Método, Resultados, Discussão e Conclusões. Introdução: Deve conter o propósito do artigo. Reunir a lógica do estudo. Mostrar o que levou aos autores estudarem o assunto, esclarecendo falhas ou incongruências na literatura e/ou dificuldades na prática clínica que tornam o trabalho interessante aos leitores. Método: Descrever claramente os procedimentos de seleção dos elementos envolvidos no estudo (voluntários, animais de laboratório, prontuários de pacientes). Quando cabível devem incluir critérios de inclusão e exclusão. Esta seção deverá conter detalhes que permitam a replicação do método por outros pesquisadores. Explicitar o tratamento estatístico aplicado, assim como os programas de computação utilizados. Os autores devem declarar que o estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Instituição onde o trabalho foi realizado. Resultados: Apresentar em sequência lógica no texto, tabelas e ilustrações. O uso de tabelas e gráficos deve ser privilegiado. Discussão: Espaço reservado ao autor para confronto dos seus resultados com a literatura corrente, conhecimento pessoal e capacidade crítica para interpretar seus achados. Os comentários devem incluir limitações e perspectivas futuras. Conclusões: Devem ser concisas e responder apenas aos objetivos propostos. Referências: O número de referências no manuscrito deve ser limitado a vinte (20), exceto nos artigos de Revisão. As referências, apresentadas no final do trabalho, devem ser numeradas, consecutivamente, de acordo com a ordem em que foram incluídas no texto; e elaboradas de acordo com o estilo Vancouver. Devem ser utilizados números arábicos, sobrescritos, sem espaço entre o número da citação e a palavra anterior, e antecedendo a pontuação da frase ou parágrafo [Exemplo: enfermagem1,]. Quando se tratar de citações sequenciais, os números serão separados por um traço [Exemplo: diabetes1-3;], quando intercaladas, separados por vírgula [Exemplo: feridas1,3,5.]. Apresentar as Referências de acordo com os exemplos: -Artigo de Periódico: Shikanai-Yasuda MA, Sartori AMC, Guastini CMF, Lopes MH. Novas características das endemias em centros urbanos. RevMed (São Paulo). 2000;79(1):27-31. - Livros e outras monografias: Pastore AR, Cerri GG. Ultra-sonografia: ginecologia, obstetrícia. São Paulo: Sarvier; 1997. - Capítulo de livros: Ribeiro RM, Haddad JM, Rossi P. Imagenologia em uroginecologia. In: Girão MBC, Lima GR, Baracat EC. Cirurgia vaginal em uroginecologia. 2a.ed. São Paulo: Artes Médicas; 2002. p. 41-7. - Dissertações e Teses: Del Sant R. Propedêutica das síndromes catatônicas agudas [dissertação]. São Paulo: Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; 1989. - Eventos considerados no todo: 7th World Congress on Medical Informatics; 1992 Sep 6-10; Geneva, Switzerland. Amsterdam: North-Holland; 1992. p.1561-5. - Eventos considerados em parte: House AK, Levin E. Immune response in patients with carcinoma of the colo and rectum and stomach. In: Resumenes do 12º Congreso Internacional de Cancer; 1978; Buenos Aires; 1978. p.135. - Material eletrônico: Morse SS. Factors in the emergence of infections diseases. Emerg Infect Dis [serial online];1(1):[24 screens]. Available from: http:// www.cdc.gov/oncidod/eID/eid.htm. CDI, clinical dermatology illustrated [monograph on CD-ROM], Reeves JRT, Maibach H. CMeA Multimedia group, producers. 2nd ed. Version 2.0. Sand Diego: CMeA; 1995. Figuras e Tabelas Todas as ilustrações, fotografias, desenhos, slides e gráficos devem ser numerados consecutivamente em algarismos arábicos na ordem em que forem citados no texto, identificados como figuras por número e título do trabalho. As legendas devem ser apresentadas em folha à parte, de forma breve e clara. Devem ser enviadas separadas do texto, formato jpeg, com 300 dpi de resolução. As tabelas devem ser apresentadas apenas quando necessárias para a efetiva compreensão do manuscrito. Assim como as figuras devem trazer suas respectivas legendas em folha à parte. A entidade responsável pelo levantamento de dados deve ser indicada no rodapé da tabela. COMO SUBMETER O MANUSCRITO Os manuscritos devem ser obrigatoriamente, submetidos eletronicamente via email: [email protected]. Os artigos deverão vir acompanhados por uma Carta de apresentação, sugerindo a seção em que o artigo deve ser publicado. Na carta o(s) autor(es) explicitarão que estão de acordo com as normas da revista e são os únicos responsáveis pelo conteúdo expresso no texto. Declarar se há ou não conflito de interesse e a inexistência de problema ético relacionado ao manuscrito. ARTIGOS REVISADOS Os artigos que precisarem ser revisados para aceite e publicação na Revista Enfermagem Atual - In Derme serão reenviados por email aos autores com os comentários dos revisores. Uma vez terminada a revisão pelos autores, o manuscrito deverá ser devolvido ao editor no prazo máximo de 60 dias. Caso a revisão ultrapasse este prazo, o artigo será considerado como novo e passará novamente por todo processo de submissão. Na resposta aos comentários dos revisores, os autores deverão destacar no texto as alterações realizadas. ARTIGOS ACEITOS PRA PUBLICAÇÃO Uma vez aceito para publicação, uma prova do artigo editorado (formato PDF) será enviada ao autor correspondente para sua apreciação e aprovação final. n REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71 7 Artigo Original Análise histomorfométrica da cicatrização de feridas cutâneas tratadas com acupuntura: Estudo em ratos. Histomorphometric analysis of skin wound healing undergoing acupuncture therapy: Study in rats. * ** ** *** **** ***** Elidiane de Lemos Vasconcelos Silva José Alex Alves dos Santos Bartolomeu José dos Santos Júnior Maria Fernanda Aparecida Moura de Souza Rogélia Herculano Pinto Francisco Carlos Amanajás de Aguiar Júnior Declaração da ausência de conflitos de interesse: Declaramos que não há conflitos de interesses por parte dos autores acima mencionados. RESUMO Objetivo: Investigar os efeitos da terapia acupuntural em feridas cutâneas cirurgicamente induzidas em um modelo animal através de análise histomorfométrica. Metódos: Uma ferida excisional circular dérmica foi realizada no dorso tricotomizado de quarenta ratos machos Wistar. Os animais foram distribuídos aleatoriamente para tratamento ou grupo controle. Ratos tratados receberam a terapia de acupuntura diariamente após cirurgia. Agulhas Ting foram mantidas em torno das extremidades da ferida, durante cinco minutos. O grupo controle não foi tratado. Espécimes da biópsia de pele de ratos sacrificados no dia 3, 7, 14 e 21 dias pós-operatórios foram processados para histologia. As amostras histológicas foram coradas com hematoxilina e eosina e picrossirius red, analisadas por microscopia de luz e fotografadas. Células inflamatórias, fibroblastos / fibrócitos, vasos sanguíneos e a deposição de colágeno foram quantificados através do software ImageJ. Para a análise estatística, o teste T-Student foi realizado. Resultados: Uma redução no número de células inflamatórias e vasos sanguíneos no 7º (p = 0,001 e p = 0,01) e 14º (p = 0,003 e p <0,001) dias pós-operatórios foi observada no grupo tratado. A quantidade de fibroblastos / fibrócitos também diminuiu neste grupo, no 14º dia após a cirurgia (p <0,001), no entanto, um aumento na deposição de colágeno foi observado no 7º (p = 0,02) e no dia 21º (p = 0,01) dias pós-operatórios. Conclusão: O uso de acupuntura no pós-operatório afetou a contagem de células inflamatórias, fibroblastos / fibrócitos, vasos sanguíneos e a deposição de colágeno durante a cicatrização de feridas cutâneas de ratos. Palavras-chave: ferida; acupuntura; ratos. ABSTRACT Objective: To investigate the effects of acupuncture therapy in surgically-induced skin wounds in an animal model by histomorphometric analysis. Methods: A circular 8 dermal excision wound was performed on the dorsum of fourty male wistar rats. The animals were randomly assigned to treatment or control groups. Treated rats received daily acupuncture therapy after surgery. Ting needles were maintained around from the ends of the wound for five minutes. Control group received no treatment. Skin biopsy specimens of sacrificed rats on the 3 rd, 7 th, 14 th and 21 st postoperative days were processed for histology. The histological specimens were stained with hematoxylin and eosin and picrosirius red, analyzed by light microscopy and photographed. Inflammatory cells, fibroblast/fibrocytes, blood vessels and collagen deposition were quantified by using the software Imagej. For statistical analysis, the Student’s T test was performed. Results: A reduction in inflammatory cells and blood vessels number on 7 th (p=0,001 and p=0,01) and on 14 th (p=0,003 and p<0,001) postoperative days was observed in the treated group. Quantity of fibroblasts/fibrocytes also decreased in this group on 14 th day after surgery (p<0,001), however, an increase of collagen deposition was observed on 7 th (p=0,02) and on 21 st (p=0,01) postoperative days. Conclusion: The use of postoperative acupuncture therapy affected the count of inflammatory cells, fibroblasts/fibrocytes, blood vessels and the collagen deposition during skin wound healing in rats. Keywords: wound; acupuncture; rats. INTRODUÇÃO O reparo de feridas cutâneas é um processo fisiológico essencial, progressivo e complexo que envolve diversos eventos bioquímicos, celulares e teciduais que se iniciam imediatamente após o dano tecidual. Possui a finalidade de devolver a função e integridade dos tecidos lesados 1. Os eventos iniciais do processo de reparo estão voltados para o tamponamento dos vasos rompidos durante a lesão. Imediatamente após o estímulo lesivo, devido à influência nervosa através de descargas adrenérgicas e à ação de mediadores inflamatórios oriundos de mastócitos, ocorre vasoconstrição local como primeira resposta 2. A lesão endotelial direta desencadeia a deposição, recrutamento e ativação de plaquetas ocasionando a formação de um trombo plaquetário. Este trombo associado à fibrina e a eritrócitos é responsável pela oclusão do vaso rompido, impedindo a perpetuação de perda elementos sanguíneos e fornecendo a primeira matriz para células atuantes no processo de reparo 1. Mediadores liberados pelas plaquetas ativadas, como REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71 Silva, E. de L. V.; J. Santos, A. A. dos; Júnior, B. J. dos S.; Souza, M. F. A. M. de; Pinto, R. H.; Júnior, F. C. A. de A. fator de crescimento transformante (TGF-ɑ), fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF), tromboxanos e fator ativador de plaquetas (PAF) se difundem pela matriz provisória formando um gradiente quimiotático, orientando a migração de células inflamatórias. Neutrófilos são inicialmente coletados pelo trombo e posteriormente migram para a superfície da úlcera formando primeira barreira contra a invasão de microrganismos. Estes liberam ativamente quimiocinas que recrutarão, além de outros neutrófilos, macrófagos e fibroblastos 3. Com a presença local de macrófagos e a produção e liberação de mediadores químicos, a migração e ativação de fibroblastos é intensificada. Estas células são importantes na formação do tecido de granulação e deposição de matriz extracelular, migrando da borda da úlcera para o centro. Com o aumento do número de fibroblastos ativados iniciase a produção de fibrilas de colágeno localmente, induzindo angiogênese na região. O processo de neovascularização é fundamental neste estágio, pois permite o aporte de nutrientes para as células metabolicamente ativas 3,4. O processo de reepitelização se inicia imediatamente após a lesão pela proliferação de células da camada basal presentes nas bordas da úlcera, havendo a deposição gradual do tecido de granulação, a reepitelização é rapidamente estabelecida 5. Com a evolução do processo de reparo, a matriz extracelular passa gradualmente por modificações estruturais, que devido migração de macrófagos, fibroblastos e a neoformação vascular, permitem continua deposição de colágeno 3,4,5. Simultaneamente aos avanços na compreensão dos diversos fatores envolvidos no processo de cicatrização, há uma crescente preocupação e descoberta de novos recursos e tecnologias para intervenção no tratamento de feridas cutâneas 6. Os tratamentos em feridas cutâneas são comumente realizados através de três tipos clássicos de curativos: passivo, interativo e ativo. O passivo apenas protege e mantém o leito da ferida úmida para a cicatrização. O interativo diminui a quantidade de exsudato da ferida, mas não interfere na umidade necessária para processo de reparação tecidual, o que permite que a pele adjacente permaneça seca. Os ativos auxiliam no processo da cicatrização e reduzem o tempo de recuperação criando, assim, um ambiente favorável na interface da ferida com o curativo 7. A acupuntura é uma técnica originária da Medicina Tradicional Chinesa (MTC), que vem sendo utilizada há milênios como forma de tratamento e prevenção de diversas enfermidades. O nome acupuntura deriva dos radicais latinos acus e pungere, que significam respectivamente agulha e puncionar e visa à terapia e cura de enfermidades pela aplicação de estímulos através da pele com a inserção de agulhas em pontos específicos denominados acupontos 8. O potencial elétrico das agulhas de acupuntura constitui um estímulo que age sobre as terminações nervosas livres existentes nesses pontos, alterando o potencial da membrana celular, desencadeando o potencial de ação e a condução de estímulo nervoso 9. Embora a maioria dos acupontos esteja localizada próxima a nervos ou ramos importantes de nervos periféricos, não há nenhuma evidência que haja a presença de novas estruturas ou estruturas especiais abaixo destas regiões. No entanto, estudos histológicos revelaram haver uma distribuição relativamente densa e concentrada de componentes neurais e substâncias neuroativas imediatamente abaixo dos acupontos utilizados rotineiramente na prática acupuntural 10. O método terapêutico da acupuntura possui diversos efeitos clínicos como: anti-inflamatório, analgésico, relaxante muscular, sedativo e indutor da imunidade 9,11,12. A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece que a acupuntura poderia servir como tratamento principal ou complementar para diversas patologias, como por exemplo: problemas gastrointestinais, dor crônica e processos alérgicos 13. Além disso, vários estudos têm demonstrado que a acupuntura apresenta uma influência profunda sobre distúrbios físicos e emocionais, sendo recomendável a combinação dessa técnica com outros tratamentos 14. Por ser uma terapia eficaz, de fácil acesso e de baixo custo, tem atraído cada vez mais estudos científicos, no entanto, ainda são escassos os relatos na literatura de estudos que avaliem os efeitos locais da acupuntura no processo cicatricial de feridas cutâneas. Diante do exposto, o presente estudo teve por objetivo investigar os efeitos da terapia acupuntural em feridas cutâneas cirurgicamente induzidas em modelo animal através de análise histomorfométrica. Foram analisados os efeitos desta terapia sobre as seguintes variáveis histopatológicas: infiltrado inflamatório, angiogênese, proliferação fibroblástica e deposição de colágeno. MÉTODOS Foram utilizados 40 ratos de linhagem Wistar (Rattus Norvegicus Albinus), machos, adultos jovens, pesando entre 200g e 300g e oriundos do Biotério do Departamento de Nutrição – Universidade Federal de Pernambuco. Os animais foram mantidos durante 10 dias no Biotério do Centro Acadêmico de Vitória – CAV/UFPE para adaptação ao novo ambiente e durante todo o período experimental receberam ração e água ad libitum. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética para Uso de Animais de Ciências Biológicas da UFPE, sob processo nº 23076.024607/2008-62. Os animais foram aleatoriamente divididos em dois grupos (cada grupo com 20 animais). Os animais foram pesados para determinação da quantidade de solução anestésica a ser empregada para cada animal, e, portanto, sendo anestesiados pela aplicação por via intraperitoneal de cloridrato de cetamina na razão de 0,1ml por 100g de peso corporal e cloridrato de xilazina na razão de 0,05ml por 100g de peso. Em seguida, procedeu-se a tricotomia na região dorsal mediana dos animais. Com a pele exposta, a área foi limpa e foi realizada a antissepsia com solução de álcool 70%. As feridas cirúrgicas foram realizadas através da incisão de bisturi número 15 no dorso do animal, paralelamente ao eixo da coluna vertebral. As mesmas foram realizadas com diâmetro de 2 cm, padronizando-se o tamanho e a forma, conduzida em igual profundidade, até o alcance do plano muscular. O dia da cirurgia ficou denominado dia 0 (zero), após as 24 h no grupo teste, foi dado início à terapia de acupuntura diariamente até o 21º dia. A terapia consistia na inserção diária de agulhas Ting, de tamanho 0,20x0,15 mm, em torno da extremidade da ferida por cinco minutos cada dia (grupo TA). O grupo controle não recebeu nenhum tratamento. Decorridos 3, 7, 14 e 21 dias após o ato cirúrgico, 5 animais de cada grupo (TA e controle) foram escolhidos aleatoriamente e sacrificados pela aplicação por via intrape- REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71 9 Análise histomorfométrica da cicatrização de feridas cutâneas tratadas com acupuntura: Estudo em ratos. ritoneal de anestésica em dose letal. Imediatamente após, um fragmento contendo a ferida cirúrgica em toda sua extensão e profundidade foi retirada através de um bisturi número 11. O material coletado foi clivado e mergulhado em uma solução de formol a 10 % neutro tamponado (NBF), permanecendo nesta solução pelo período de 48 horas. Após esse procedimento, os fragmentos foram desidratados em álcool etílico em concentrações crescentes, diafanizados pelo xilol, impregnados e incluídos em parafina. Os blocos foram cortados em micrótomo ajustado para 5µm. Assim, os cortes obtidos foram colocados em lâminas untadas com albumina e mantidos em estufa regulada à temperatura de 37ºC, por 24 horas para secagem. Os cortes foram submetidos à técnica de coloração pela Hematoxilina-Eosina (H.E.) para contagem de células inflamatórias e de fibroblastos e corados pelo picrossirius-red para avaliação das fibras colágenas totais. As imagens histológicas destas lâminas foram capturadas por câmera digital (Moticam 3000) acoplada ao microscópio óptico (Nikon E-200), sob foco fixo e clareza de campo, obtendo-se 10 campos por lâmina com aumento final de 400X. As fotomicrografias foram avaliadas através do software ImageJ versão 1.44 (Research Services Branch, U.S. National Institutes of Health, Bethesda, MD, USA.), os plugins “colour deconvolution”, “cell counter” e “threshould” foram utilizados na contagem celular e quantificação de fibras colágenas nos cortes histológicos. Os dados obtidos da avaliação histomorfométrica foram normalizados para o controle (Controle=100%) e compa- rados estatisticamente através do teste t de student com o intuito de se verificar possíveis diferenças entre os grupos nos períodos de 3, 7, 14 e 21 dias. Foi adotado o nível de significância de 5% ou p< 0,05. RESULTADOS Durante o experimento, os animais de ambos os grupos foram submetidos diariamente a avaliações macroscópicas e não apresentaram sinais de infecção secundária ou quaisquer outros tipos de intercorrências. Não foram identificados microscopicamente focos de exsudação purulenta ou de reação de corpo estranho nas feridas avaliadas e em ambos os grupos a área eleita para a análise histológica foi àquela preenchida por tecido conjuntivo neoformado abaixo da porção superficial da lesão. Microscopicamente, notou-se inicialmente com predomínio de polimorfonucleares (neutrófilos e eosinófilos) e em seguida de mononucleares (macrófagos e linfócitos) (3º dia e a partir do 14º dia pós-operatório respectivamente) em ambos os grupos. A partir da análise histomorfométrica, constatou-se que as maiores médias de células inflamatórias e de vasos sanguíneos observadas no grupo TA foram durante o 3º dia de reparo. No grupo controle essas médias foram maiores durante o 3º e 7º dias pós-operatórios (Tabela 1). Comparando-se os grupos, a média do infiltrado inflamatório e da quantidade de vasos sanguíneos foram significantemente reduzidas no 7º (p=0.01 para ambas variáveis) e no 14º (p<0.001 para ambas variáveis) dia de reparo no grupo TA (Tabela 1 e Gráfico 1). Tabela I- Média e desvio-padrão da contagem de fibrócitos/fibroblastos, células inflamatórias, vasos sanguíneos e deposição de colágeno nos diferentes grupos de acordo com a cronologia do reparo cicatricial. Gráfico I. Valor médio percentual da quantidade de células inflamatórias e vasos sanguíneos do grupo tratado com acupuntura em comparação com o grupo controle (controle = 100%). * p<0,05. 10 REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71 Silva, E. de L. V.; J. Santos, A. A. dos; Júnior, B. J. dos S.; Souza, M. F. A. M. de; Pinto, R. H.; Júnior, F. C. A. de A. Quanto ao número de fibroblastos/fibrócitos e a deposição de colágeno, tanto o grupo TA e grupo controle apresentaram as maiores médias durante 21º dia de reparo. No entanto, enquanto o grupo controle apresentou um aumento gradual na média de fibroblastos/fibrócitos durante o processo cicatricial, o grupo TA apresentou um segundo pico na média destas durante o 7º dia pós-operatório (Tabela 1). Comparando-se os grupos, a média de fibroblastos/fibrócitos foi significantemente reduzida no grupo TA durante o 14º (p<0.001) dia e a deposição de colágeno foi estatisticamente maior durante o 7º (p=0,02) e 21º (p=0.01) dias de reparo cicatricial (Tabela 1 e Gráfico 2). Gráfico II. Valor médio percentual da quantidade de fibroblastos e colágeno total do grupo tratado com acupuntura em comparação com o grupo controle (controle = 100%). * p<0,05. DISCUSSÃO Durante o processo fisiológico de reparo de feridas cutâneas, três estágios histomorfológicos interdependentes podem ser observados: há um estágio inflamatório inicial, seguido por um de proliferação celular e vascular e deposição de matriz finalizando o reparo após o processo de remodelação da matriz depositada. Embora possuam características próprias, há certa sobreposição dos estágios havendo concomitante ocorrência destes 1. Neste estudo, o uso da acupuntura durante o processo de reparo das feridas cutâneas em ratos ocasionou uma diminuição significativa no número de células inflamatórias e de vasos sanguíneos durante o 7º e 14º dias pós-operatórios. De fato, Lee et al 11 e Nakajima et al 12 constataram um efeito anti-inflamatório da acupuntura realizada ao redor de feridas cutâneas e de fraturas ósseas em ratos. Quando uma agulha de acupuntura é inserida em uma determinada região da pele ou ponto e repetidamente manipulada em diferentes direções, há uma lesão tecidual e reações bioquímicas locais, com a liberação de diversas substâncias e mediadores inflamatórios locais. No entanto, ao contrário da maioria das outras formas de lesão tecidual, a acupuntura ocasiona uma resposta terapêutica a nível local e sistêmica 15. As células inflamatórias assumem papel fundamental durante o processo de reparo: neutralizando, destruindo microrganismos e outras partículas e substâncias estranhas, promovendo a resolução do coágulo de fibrina e matriz extracelular provisória, liberando inúmeras citocinas e fatores de crescimento que induzem a angiogênese e reepitelização 16. No entanto, a persistência de células inflamatórias durante o processo de reparo pode atuar de forma deletéria 17. Além da liberação contínua de citocinas e fatores de crescimento, as células inflamatórias exercem influência sobre o tecido circundante gerando grande quantidade de óxido nítrico (ON) e espécies reativas de oxigênio (ERO). Tanto ON como ERO são moléculas que podem ocasionar efeitos deletérios nas células presentes no leito da ferida 18. Além disso, uma redução na quantidade de macrófagos ativados durante processo de reparo parece favorecer a formação de uma cicatriz fibrosa menos perceptível clinicamente 19. A angiogênese, que é parte integrante do processo de reparo de feridas, fornece nutriente e oxigênio para a proliferação celular e auxilia a formação de matriz provisória no leito cicatricial 16. Uma redução de células inflamatórias, particularmente de macrófagos, durante o processo de cicatrização ocasiona uma diminuição na liberação de fator de crescimento vascular endotelial (VEGF) influenciando diretamente a multiplicação de células endoteliais e formação de novos capilares 20. No entanto, em um estudo realizado em ratos a acupun- REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71 11 Análise histomorfométrica da cicatrização de feridas cutâneas tratadas com acupuntura: Estudo em ratos. tura induziu uma redução na expressão de citocinas pró-inflamatórias como interleucina 1-β (IL1- -β) e fator de necrose tumoral-ɑ (FNT-ɑ) na fase inflamatória do reparo de feridas cutâneas, a expressão de VEGF foi fortemente aumentada na fase proliferativa, culminando em uma maior neovascularização 21. A formação de colágeno é reconhecidamente um passo inicial para a resolução do processo cicatricial. A deposição de matriz é favorecida pela multiplicação maciça de fibroblastos e diminuição do infiltrado inflamatório. Juntamente com a proliferação de novos vasos sanguíneos, o leito da ferida é, por fim, totalmente preenchido pelo tecido de granulação, lentamente este é substituído por uma massa fibrosa -cicatriz- decorrente de uma continua deposição de fibras colágenas. A resolução final do processo de reparo ocorre somente após a maturação e remodelagem da matriz extracelular cicatricial 1,3,4,5. Observamos que a acupuntura proporcionou um aumento significativo na deposição de fibras colágenas durante o 7º e 21º dias de reparo tecidual, e que mesmo havendo uma diminuição significativa no número de fibroblastos durante o 14º dia, a produção de colágeno não foi comprometida. A diminuição no número de fibroblastos pode ter sido ocasionada pela redução do número de células inflamatórias durante o processo de cicatrização, particularmente de macrófagos, e consequente menor liberação de citocinas e fatores de crescimento indutoras da proliferação de fibroblastos como, por exemplo, a IL-1 e FNT-ɑ 22. A deposição de colágeno de maneira adequada e organizada é importante clinicamente. O colágeno depositado inicialmente é mais delicado que aquele presente na pele normal, e tem uma organização paralela à este órgão. Com o tempo o colágeno inicial (colágeno tipo III) é reabsorvido e um colágeno mais espesso (colágeno tipo I) é produzido e organizado ao longo das linhas de tensão 23. A ferida apresentará após 3 meses do início do reparo cerca de 80% da força tênsil de uma pele normal 22. A formação da matriz extracelular é resultante de um balanço entre a deposição (síntese) e degradação de colágeno. Sendo assim, o significante aumento na quantidade de colágeno observado após o tratamento com acupuntura pode ter sido fruto de uma maior deposição ou ainda de uma diminuição em sua degradação, o que pode contribuir com restabelecimento da pele lesionada precocemente e favorecer o pronto restabelecimento de sua da força tênsil. Em fetos, cujo processo de reparo cutâneo ocorre mais rapidamente e há a ausência ou redução de cicatrizes fibrosas alguns fatores como: diminuição ou ausência do processo inflamatório, diminuição da angiogênese e consequente redução da tensão de oxigênio no leito cicatricial e maior rapidez na deposição de colágeno são reportados 19,24. Desta forma, os efeitos observados do uso contínuo da acupuntura ao redor da ferida cirurgicamente induzida podem indicar uma maior rapidez de resolução e menor formação de cicatriz da área cutânea lesionada. Estudos posteriores podem melhor elucidar os resultados obtidos e identificar os exatos mecanismos de ação da terapia acupuntural. 12 CONCLUSÃO O uso da terapia acupuntural afetou a contagem de células inflamatórias, fibroblastos / fibrócitos, vasos sanguíneos e a deposição de colágeno durante o processo de cicatrização de feridas cutâneas em ratos. Referências 1. Mandelbaum SH, Di Santis EP, Mandelbaum MHS. Cicatrização: conceitos atuais e recursos auxiliares. Parte 1. An bras Dermatol. 2003; 78(4): 393-410. 2. Balbino CA, Pereira LM, Curi R. Mecanismos envolvidos na cicatrização: uma revisão. Braz J Pharma Sci. 2005; 41(1): 27-51. 3. Bogliolo Brasileiro GF. Patologia. 7ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2006.p 102-108. 4. Kim WJH. Celular Signaling in tissue regeneration. Yo Med J. 2000; 41(6): 692-703. 5. Cotran RS, Kumar V, Robbins SL. Robbins & Cotran - Patologia. Bases patológicas das doenças. 7ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2005.p 75-78. 6. 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Nakajima M, Inoue M, Hojo T, Inoue N, Tanaka K, Takatori R, et al. Effect of electroacupuncture on the healing process of tibia fracture in a rat model: a randomised controlled trial. Acupuncture in Medicine. 2010; 28(3): 140–143. 13. Santos FAZ, Gouveia GC, Martelli PJL, Vasconcelos EMR. Acupuntura no Sistema Único de Saúde e a inserção de profissionais nãomédicos. Rev. bras. fisioter[online]. 2009;13(4): 330-334. 14. Vectore C. Psicologia e acupuntura: primeiras aproximações. Psicol Cienc Prof. 2005;25(2):266-85. 15. Zhang ZJ, Wang XM, McAlonan GM. Neural acupuncture unit: a new concept for interpreting effects and mechanisms of acupuncture. Evid Based Complement alternat Med. 2012;2012:429412 16. Shaw TJ, Martin P. Wound repair at a glance. Journal Cell Science. 2009;15(122): 3209-13. 17. Diegelmann RF, Evans MC. Wound healing: an overview of acute, fibrotic and delayed healing. Front Bioscience. 2004; 9: 283–289. 18. Schafer M, Werner S. 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CEP 55608-680 REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71 13 Artigo Original Esfigmomanômetros para medida precisa da pressão arterial : disponibilidade, condições e o associado conhecimento do enfermeiro em Unidades Básicas de Saúde do município de Guarulhos. Sphygmomanometers for accurate blood pressure measurement: availability, conditions and associated nurse Knowledge in Basic Health Units of Guarulhos Municipality. * Natany Maia Mayoral ** Victor Cauê Lopes *** Edna Apparecida Moura Arcuri RESUMO A hipertensão arterial é uma doença de alta prevalência, com forte impacto socioeconômico devido sua associação com moléstias cardiovasculares. O uso de instrumentos precisos para medir a pressão arterial é fundamental para seu diagnóstico correto e mudança no perfil de morbimortalidade das doenças cardiovasculares. Objetivo: verificar a disponibilidade e condições dos esfigmomanômetros e estetoscópios nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) no município de Guarulhos e o correspondente conhecimento e comentários do enfermeiro. Método: Estudo com desenho transversal, realizado em 68 Unidades. As condições dos esfigmomanômetros e estetoscópios e o conhecimento do enfermeiro para usá-los foram verificados e registrados em dois instrumentos específicos. Método: Foram observados: deficiência de manguitos para crianças, adolescentes e adultos; de manômetros e algumas unidades; de estetoscópios com campânula infantil; queixas sobre dificuldades na manutenção e calibração dos instrumentos e demora no retornar o equipamento à unidade, além da falta de conhecimento dos enfermeiros em questões concernentes à esfigmomanometria. Resultados: Os achados sugerem suprimento de instrumentos adequados para medir precisamente a pressão arterial, em número que atenda adequadamente a demanda dos usuários; aquisição de manguitos adequados às diferentes circunferências braquiais; avaliação do fluxo e tempo para calibração dos instrumentos e programas de capacitação dos enfermeiros no tema. Descritores: Hipertensão arterial , pressão arterial, esfigmomanômetros, enfermeiro. Summary Sphygmomanometers for accurate blood pressure measurement: availability, conditions and associated nurse Knowledge in Basic Health Units of Guarulhos Municipality. Hypertension is a highly prevalent disease with a strong socioeconomic impact because of its association with cardiovascular diseases. The use of precise instruments to measure blood 14 pressure is essential for correct diagnosis and change in the morbidity and mortality of cardiovascular disease profile. Objective: To verify the availability and conditions of sphygmomanometers and stethoscopes in Basic Health Units (BHU) in Guarulhos and corresponding knowledge and comments of the nurse. Method: Crossover study design involving 68 units to identify conditions of sphygmomanometers and stethoscopes, Such conditions and nurse knowledge to use the blood pressure measurement equipment were recorded on two instruments. Results: We observed: deficiency of cuffs for children, adolescents and adults; lack of manometers; lack of bell stethoscopes for children; complaints about difficulties in the maintenance and calibration of instruments and delay in returning them to the unit; also lack of nurse’s knowledge regarding issues in Sphygmomanometry. Conclusions: The findings suggest the provision of adequate devices to accurately measure blood pressure in an amount that adequately meets user demand instruments; the acquirement of relevant cuff sizes to suit different arm circumferences. Also suggest attention to the manometers distribution and time to its calibration and training programs on the subject of nurses. Descriptors: Hypertension , Sphygmomanometer, Blood Pressure, Nurse. INTRODUÇÃO A Hipertensão Arterial (HA) é o principal fator de risco para moléstias cardiovasculares, uma vez que as estruturas cardíacas encontram-se preparadas para bombear o fluxo sanguíneo nos vasos arteriais em estado de normotensão, condição fisiológica que significa bombear contra uma tensão correspondente à 120mmHg durante a sístole cardíaca, remanescendo no sistema arterial 80 mmHg no período diastólico. Portanto, os níveis de Pressão Arterial (PA) considerados normais correspondem a esses valores, sendo 96 MMHg a pressão média referida no tradicional compêndio de fisiologia de Arthur Guyton1. As Doenças Cardiovasculares (DCV) também são responsáveis pelos elevados índices de internações, ocasionando custos médicos e socioeconômicos altos. Dados do DATASUS apontam que em 2007 foram registradas 1.157.509 internações por DCV no SUS. Em novembro de 2009 ocorreram 91.970 internações REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71 Mayoral, N. M.; Lopes, V. C.; Arcuri, E. A. M. por DCV, resultando em um custo de R$ 165.461.644,33 2 . Um dos principais fatores de risco para a moléstia cardiovascular é a HA, caracterizada por elevação da pressão arterial (PA), sistólica, diastólica, ou ambas. A VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, publicada no Brasil em 2010, que define para a HAS valores de PA sistólica ≥ 140 mmHg e∕ou de PA diastólica ≥ 90 mmHg. O diagnóstico deverá ser sempre validado por medidas repetidas, em condições ideais, em pelo menos três ocasiões 3 . Ao ser enfocada a verticalização do conhecimento das multivariáveis do tema em apreço, deve-se ter em mente que a medida da pressão é um dos procedimentos mais realizado por enfermeiros e médicos no mundo4. Assim, acredita-se que esses profissionais devam ter conhecimento e competência para garantir a oferta de um cuidado correto, livre de erros e incontestavelmente acurado 5,6. É de bom alvitre salientar que, diante do exposto, devam ser estudadas todas as variáveis relacionadas à garantia de um cuidado qualificado, voltado para a redução do risco cardiovascular, visando à promoção, proteção e recuperação da saúde, princípios da lei 8080/90 do SUS, e, por conseguinte, reduzir a taxa de mortalidade por moléstias cardiovasculares. Estudos vêm demonstrando a precariedade e insuficiência de instrumentos para medir a pressão arterial, porém vêm sendo realizados em hospitais e consultórios 6, 7. Este estudo tem a finalidade de identificar o número, tipo e condições dos estetoscópios e esfigmomanômetros disponíveis nas UBS do município de Guarulhos e verificar os tamanhos, tipos de fechamento dos manguitos disponíveis e o conhecimento do enfermeiro sobre as dimensões dos manguitos. RESULTADOS Os resultados serão apresentados inicialmente em relação à disponibilidade do instrumental para a medida da PA nas UBS e posteriormente os dados referidos pelos enfermeiros com relação ao conhecimento e condições de uso e reparo dos aparelhos disponíveis nas unidades. Com relação à disponibilidade de manguitos apenas 1% das unidades apresentavam tamanho específico para adolescentes, enquanto aproximadamente metade (43%) dispunha de manguito adulto infantil e obeso. Todos os esfigmomanômetros encontrados nas unidades eram do tipo auscultatório aneróide. As medidas dos manguitos são apresentadas na Tabela I. MÉTODO Trata-se de estudo transversal, de campo, com delineamento quantitativo. Os dados foram coletados em 68 Unidades Básicas de Saúde do município de Guarulhos, durante o primeiro semestre de 2012. Os critérios de inclusão foram: ser um(a) dos(as) enfermeiros(as) da unidade, independentemente do tempo em que atua na instituição, uma vez que todos são treinados em programas de capacitação. Como critério de exclusão apenas aqueles que não concordaram em assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (inserir numero da aprovação) e o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice I) assinado por todos os entrevistados. Foi agendada a data da visita de cada UBS através de contato telefônico com o(a) gerente e/ou enfermeiro(a) da unidade. Na visita, a pesquisadora explicava ao entrevistado os objetivos da pesquisa e após assinatura do TCLE iniciava a entrevista com o formulário (Apêndice I), onde o(a) enfermeiro(a) respondia as questões e em seguida verificavam-se as condições dos equipamentos utilizados para a medida da pressão arterial da respectiva unidade, em questão de número, funcionamento, reparo ou em reserva, onde os manguitos foram medidos em comprimento e largura através de uma fita métrica não distensível, observando-se também o sistema de fechamento das braçadeiras e suas condições através da marca no manômetro, verificando assim se a mesma é aprovada pelo Inmetro, através do segundo formulário (Apêndice II). Caso o equipamento fosse encaminhado para manutenção na própria unidade, seria notificado pela pesquisadora, com o(a) enfermeiro(a) entrevistado(a), a quantidade e tipo de instrumento a ser reparado. Os estetoscópios de diafragma adulto e infantil estavam presentes em 34% dos locais investigados e apenas 22% dispunham de estetoscópios de campânulas e diafragmas adulto e infantil. Chama a atenção também a quantidade de unidades de saúde que apenas utilizavam diafragma adulto (7,5%). O número total de estetoscópios avaliados são apresentados na Tabela II, segundo número de funcionantes, em reparo e novos em reserva. Tabela I. Dimensões do manguito das UBS do município de Guarulhos. Guarulhos, 2012. DIMENSÕES DA BOLSA INFLÁVEL Adulto 12 x 23 cm 14 x 28 cm Infantil 7 x 14 cm 7 x 20 cm 7,5 x 15 cm Adolescente 8 x 16 cm 10 x 25 cm Obeso 17 x 35 cm Tabela II. Distribuição dos estetoscópios UBS(s) de Guarulhos: Frequência (n); Média (); Valor Mínimo (V Min.); Valor Máximo (V Max). Guarulhos, 2012. Estatística descritiva N (x) 437 6,43 2 16 2,74 347 5,10 1 10 2,03 37 0,54 0 7 1,06 Estetoscópios novos em reserva 53 0,78 0 8 1,76 Total de Unidades 68 Número de estetoscópios Estetoscópios funcionantes Estetoscópios em reparação V Min. V Max DP Em relação ao reparo do instrumental que apresenta defeito, sabe-se que estes são enviados para o setor de manutenção da prefeitura de Guarulhos. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71 15 Esfigmomanômetros para medida precisa da pressão arterial : disponibilidade, condições e o associado conhecimento do enfermeiro em Unidades Básicas de Saúde do município de Guarulhos. As braçadeiras de velcro e botões estavam presentes na maioria das UBS (67%), as demais possuíam apenas braçadeiras com fechamento em velcro. Doze marcas de manômetros foram identificadas, duas delas não constavam nas portarias do Inmetro. Quanto ao conhecimento do enfermeiro sobre as dimensões do manguito do 41% responderam que “deve ser de acordo com o biótipo do paciente”, outros 19% de acordo com a circunferência do braço do paciente . Demonstrando total desconhecimento no tema outros profissionais referiram que o tamanho adequado dependeria de fatores como peso do paciente, em torno de 26 a 32 cm, 30cm, 1/3 do tamanho do braço do paciente e 80% da circunferência braquial. Quando questionados se o número disponível de manômetros para as unidades era suficiente 38% dos enfermeiros responderam que não. Alguns apontamentos foram feitos por 29% dos enfermeiros que desejaram expressar outras considerações com relação a medida da pressão arterial em suas unidades: • A qualidade dos estetoscópios é ruim, dificultando a ausculta cardíaca e pulmonar; • Há escassez de material; • Deveria existir aparelho de pedestal; • Há deficiência e demora na manutenção dos aparelhos; • Deveria existir aparelho eletrônico; • Há inadequação do velcro para fechamento do manguito; • Faltam aparelhos para obesos; • Faltam aparelhos infantis; • Pouca durabilidade dos aparelhos após retorno da manutenção; • Os aparelhos deveriam ser de coluna de mercúrio, pois são mais fidedignos; • Deveria existir a renovação constante dos materiais; • Profissionais usam aparelho digital próprio, por escassez de material. DISCUSSÃO As visitas efetuadas nas 68 UBS de Guarulhos permitiram verificar a oferta de esfigmomanometros para a população, os problemas relacionados aos aparelhos, bem como o conhecimento dos enfermeiros sobre esfigmomanometria. Nossos achados estão em consonância com a constatação pioneira de Araujo et al4, que atestaram a deficiência no conhecimento de enfermeiros da área de cardiologia sobre o procedimento da medida da PA, os quais não conheciam os parâmetros das dimensões adequadas para o manguito. Constatou-se deficiência relacionada à esfigmomanometria encontrada nas unidades que possuíam apenas os manguitos de dimensões básicas para adultos, tamanho padrão, podendo causar hipo ou hiperestimação dos níveis pressóricos registrados dos clientes que não se enquadram neste tamanho de manguito, como verificado por Arcuri8, sendo este um grande problema enfrentado não apenas por enfermeiros, mas também pelos pesquisadores na área de medida da PA. Essa questão pode ser abordada em programas de educação permanente/continuada. A falta de disponibilidade de aparelhos é preocupante6 e calibração é tema de outros estudos por enfermeiros do Brasil 10, 11. Embora a maior parte dos entrevistados tenham afirmado que o número de esfigmomanometros era suficiente em diversas unidades, observou-se deficiência de aparelhos para adolescentes e estetoscópios de campânula infantil, os quais são os mais qualificados para a ausculta dos sons de Korotkoff12. 16 Quanto aos tipos de estetoscópios constatou-se insuficiência de campânula infantil, visto que mais da metade das unidades não possuem este instrumento de uso recomendado e que a utilização da campânula sobre a artéria braquial no espaço antecubital facilita a detecção de sons de baixa freqüência12. O reparo dos aparelhos das unidades estudadas eram realizados no próprio município por um setor de manutenção da própria prefeitura. Serviço este questionado pelos entrevistados, principalmente pela má qualidade e demora no serviço prestado. Quando foi solicitado aos enfermeiros sobre outras questões que pudessem ser indagadas, chamou à atenção a referência de esfigmomanômetros de coluna de mercúrio. Entretanto o uso desse instrumento vem sendo questionado devido a questões ambientais, dado a toxicidade do mercúrio. Por determinação do Inmetro, estes foram retirados da prática assistencial, medida que gerou reação de pesquisadores da área13. Por ser o instrumento mais fidedigno para verificar a pressão arterial, considerado padrão ouro, sabe-se que estes aparelhos continuam sendo usados em outros países. Quanto ao tipo de fechamento da braçadeira, identificou-se elevado número de braçadeiras com sistema de fechamento de botões, sendo estas de maior dificuldade para o manuseio dos profissionais, já que os locais em que são fixados os botões na braçadeira nem sempre se ajustam adequadamente ao braço do paciente. Sabe-se que é comum o observador inflar a câmara para melhor adaptá-la ao braço, o que se torna fonte de erro na medida da pressão. Foram encontradas variadas dimensões relacionadas à bolsa inflável, conforme as classificações dos manguitos (infantil, adolescente, adulto e adulto obeso). As dimensões da bolsa inflável do manguito, conforme Arcuri8, devem ser de acordo com a circunferência do braço do paciente. Bolsas estreitas em relação ao braço do paciente. Bolsas estreitas em relação ao braço podem acarretar leituras falsamente elevadas levando ao diagnóstico incorreto da hipertensão arterial, situação típica do paciente obeso. Por outro lado, bolsas muito largas induzem a valores falsamente baixos da PA, dificultando o diagnóstico precoce da doença nas pessoas magras. Outro preocupante aspecto investigado revelou a existência de instrumentos não validados nas unidades, em consonância com o verificado por Pierin10. CONCLUSÕES Os achados deste estudo sobre o equipamento para medir pressão arterial permitiram concluir que: Há deficiência de esfigmomanômetros infantis, adolescentes e de estetoscópios de campânula infantil. Existe discrepância na distribuição dos aparelhos das unidades, justificada em princípio, pelo fluxo de atendimento de cada unidade. Verificou-se que os enfermeiros estavam insatisfeitos com o serviço prestado pela Prefeitura de Guarulhos, com relação à manutenção dos aparelhos, pela demora na retirada, devolução e má qualidade. Há nítida falta de conhecimento dos enfermeiros entrevistados sobre as questões concernentes à esfigmomanometria. É de bom alvitre salientar que os achados sugerem suprimento adequado dos instrumentos para a medida correta da PA, número suficiente para a demanda da população, aquisição de manguitos adequados às diferentes circunferências braquiais, avaliação do fluxo de usuários, para uma melhor distribuição dos aparelhos e planejamento de tempo hábil para calibração e manutenção dos instrumentos. Sugerem ainda a inserção constante de programas de capacitação dos enfermeiros relacionados com a medida da PA, constituindo assim, uma educação continuada/permanente. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71 Mayoral, N. M.; Lopes, V. C.; Arcuri, E. A. M. REFERÊNCIAS 1. 2. 8. com manguito de largura correta e com manguito de largura pa- tora Elsevier, 2011. drão [tese de Doutorado]. São Paulo (SP): Universidade de São Sociedade Brasileira de Hipertensão. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Araújo TL, Arcuri EAM. Influência de fatores anátomo-fisológicos na medida indireta da PA: identificação do conhecimento dos enfermeiros. Rev 10. Pierin AMG, Mion Jr D. Como avaliar a calibração dos aparelhos de medida da pressão arterial. Rev. Bras. Hipertens. 2000; 7(4):31-4 nômetros e condições dos esfigmomanômetros aneróides: um programa da pressão arterial e a produção científica de enfermeiros brasileiros. Rev. de educação continuada para enfermeiros supervisores do Hospital de Base. Arq Ciênc Saúde. 2004; 1: 2-6. Veiga EV, Arcuri EAM, Cloutier L, Santos J L F. Medida da pressão arterial: 12. Lamas JLT, Arcuri EAM. Cuál es la mejor pieza de auscultación para medir Circunferência Braquial e disponibilidade de manguitos. Rev. Latino-am la presión arterial? Temas de Enfermería Actualizados, Argentina 2002; 10(48):12-6. Enfermagem 2009; 17(4): 455-61. 7. campanha de avaliação da calibração e condição de Esfigmomanôme- Arcuri EAM, Araújo TL, Veiga EV, Oliveira SMJV, Lamas JT, Santos. Medida Esc. Enferm USP 2007; 41: 92-8. 6. Mion Jr D, Pierin AMG, Alavarce DC, Vasconcellos JHC. Resultado da 11. Cesarino CB, Cordella MP, Palota L. A verificação da calibração dos ma- La Am Enf 1998; 6(4):21-9. 5. 9. tros. Arq Bras Cardiol. 2000; 74(1):31-3. VI. Hipertensão 2010;13 (1):8-11. 4. Paulo; 1985. DATASUS. Ministério da Saúde. Disponível in http://www2.datasus.gov. br/DATASUS//: índex. php?área=0203; Acesso em 09 fev 2014 3. Arcuri EAM. Estudo comparativo da medida de pressão arterial Guyton, A. C. e Hall, J.E. Tratado de Fisiologia Médica, 12ª Edição. Edi- Mion Jr D, Pierin AMG, Lessa I, Nobre F. Aparelhos, técnicas de medida 13. Gusmão JL, Cavagione LC, Colósimo ISS, Silva SSB, Serafin TS, Toma GA, da pressão arterial e critérios de hipertensão adotados por médicos bra- Pierin AMG. Os esfigmomanômetros de mercúrio devem sair da prática sileiros. Arq Bras Cardiol 2002; 79: 593-6. clínica? Hipertensão,2008;11:20-6. NOTA * Enfermeira. Ex-bolsista PIBIC-CNPq da Universidade Guarulhos. ** Mestre em enfermagem. Professor do Curso de Graduação em Enfermagem da AJES-Mato Grosso. *** Professora Titular do Programa de Mestrado da Universidade Guarulhos. Email:. [email protected] Extraído do Trabalho de Iniciação Científica: Aparelho para medida da pressão arterial nas unidades básicas de saúde do município de Guarulhos. Natany Maia Mayoral. Guarulhos, 2012. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71 17 Artigo Original Influência do Hardiness no Burnout e depressão entre residentes multiprofissionais- estudo analítico Influence of Hardy personality on Burnout and depression among multidisciplinary residents- analytical investigation * ** *** **** ***** ****** INTRODUÇÃO Rodrigo Marques da Silva Karla de Melo Batista Patrícia Maria Serrano Luis Felipe Dias Lopes Ana Lúcia Siqueira Costa Laura de Azevedo Guido RESUMO Objetivou-se analisar a influência do Hardiness na Síndrome de Burnout e nos Sintomas Depressivos entre residentes multiprofissionais. Trata-se de um estudo transversal, analítico e com abordagem quantitativa. Aplicaram-se um formulário de dados sociodemográficos, a Escala de Hardiness, o Maslach Burnout Inventory- Human Services Survey e o Inventário de Depressão de Beck em 37 residentes entre Abril e Junho de 2011. Os dados foram analisados por meio da estatística inferencial. Houve correlação estatisticamente significativa e negativa entre o Burnout e o Hardiness (r = -0,554; p=0,000) e entre essa Personalidade e a Sintomas Depressivos (r=-0,518; p= 0,001). Ainda, verificou-se correlação significativa positiva entre Burnout e Sintomas Depressivos (r=0,705; p=0,000). As características da Personalidade Hardiness, por permitirem resistência ao estresse, reduzem a possibilidade de Burnout e Sintomas Depressivos. Descritores: Enfermagem; Internato não Médico; Capacitação em Serviço; Esgotamento Profissional; Depressão. SUMARRY We aimed to analyze the influence of Hardiness on Burnout Syndrome and on Depressive Symptoms among multidisciplinary residents. This is a cross-sectional, analytical and with quantitative approach study. We applied a form of demographic data, the Hardiness Scale, the Maslach Burnout Inventory- Human Services Survey and the Beck Depression Inventory in 37 residents between April and June 2011. Data were analyzed through of statistical inference. There was a negative statistically significant correlation between Burnout and Hardiness (r = -0,554, p = 0,000) and between this Personality and Depressive Symptoms (r = -0,518, p = 0,001). Also, there was a positive significant correlation between Burnout and Depressive Symptoms(r = 0,705, p = 0,000). The characteristics of Hardiness Personality, as allow resistance to stress, reduce the risks of Burnout and Depressive Symptoms in multidisciplinary residents. Key words: Nursing; Internship, Nonmedical; Inservice Training; Burnout, Professional; Depression. 18 Nos Programas de Residência Multiprofissional em Saúde (RMS), busca-se romper com os paradigmas em relação à formação de profissionais para o Sistema Único de Saúde (SUS) e contribuir para a qualificação da atenção prestada pelos serviços de saúde à população. Eles apresentam uma variedade de modelos pedagógicos, defendem a utilização de metodologias ativas e participativas e fundamentam-se na educação permanente como eixo pedagógico1. Além disso, a interdisciplinaridade confere caráter inovador aos programas, demonstrado, principalmente, por meio da inclusão de diferentes categorias profissionais da saúde. Esse modo de operar a qualificação inter-categorias visa à formação coletiva inserida no mesmo campo de trabalho sem deixar de respeitar os núcleos específicos de saberes de cada profissão1. Nesses programas, observa-se uma filosofia de formação em saúde com ações inovadoras. Diante desse contexto, alguns aspectos podem ser avaliados como estressores pelos residentes. Dentre eles, destacam-se: o trabalho em equipe, as metodologias ativas e participativas, as relações interpessoais estabelecidas, bem como a responsabilidade de dispensar um cuidado integral e humanizado1-2. Em pesquisa envolvendo profissionais de saúde da Macedônia, incluindo residentes de medicina, médicos e enfermeiros, evidenciaram-se a sobrecarga de trabalho, a organização do trabalho em turnos e o período noturno como estressores do ambiente laboral2. Em investigação com residentes médicos, destacam-se, como potenciais estressores: administrar o peso da responsabilidade profissional; lidar com pacientes difíceis e situações problemáticas; a privação do sono; fadiga; excessiva carga assistencial e de trabalho administrativo; e problemas relativos à qualidade do ensino e ao ambiente educacional/ocupacional3. Frente a isso, é possível a ocorrência do estresse entre residentes multiprofissionais. Esse fenômeno é definido como qualquer estímulo que demande do ambiente externo ou interno e que taxe ou exceda as fontes de adaptação de um indivíduo ou sistema social conforme o Modelo Interacionista4. Nesse modelo, considera-se a interação entre o ambiente e a pessoa ou o grupo como responsáveis e atuantes no processo4. Assim, diferentes pesquisas já têm analisado o estresse entre distintas populações tendo em vista suas repercussões à saúde dos profissionais e estudantes da área da saúde, dentre as quais, os Sintomas Depressivos e a Síndrome de Burnout5-6. Os Sintomas Depressivos consistem em um conjunto de emoções e cognições que têm consequências sobre as relações interpessoais7-8. Assim, a nível internacional, em estudo com uma REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71 Silva, R. M. da; Batista, K. de M.; Serrano, P. M.; Lopes, L. F. D.; Costa, A. L. S.; Guido, L. de A. amostra de 1643 médicos hospitalares, encontraram-se 13,3% desses profissionais com Sintomas Depressivos7. No Brasil, em investigação com especializandos e residentes médicos do Rio de Janeiro, evidenciaram-se 56% dos profissionais com essa sintomatologia8. O Burnout é uma Síndrome tridimensional que ocorre quando, frente a um estressor, o indivíduo não utiliza estratégias de enfrentamento ou essas são inefetivas para dada situação, o que pode levar a cronificação do estresse9. Suas características são: Exaustão Emocional, relacionada aos sentimentos do indivíduo com relação ao trabalho e caracterizada pela sobrecarga emocional; Despersonalização, que consiste na insensibilidade e desumanização no atendimento; Baixa Realização Profissional, definida como a baixa eficiência e produtividade no trabalho9. Sobre isso, investigação com enfermeiros de um hospital público brasileiro identificou 7,3% dos profissionais em Burnout10. Em estudo com residentes médicos em obstetrícia e ginecologia dos Estados Unidos, verificaram-se 13% desses profissionais em Burnout11. No entanto, mesmo convivendo com os estressores do contexto acadêmico e profissional, estudos têm apontado moderado estresse em profissionais de saúde6,12-13. Frente ao exposto, a Personalidade Hardiness têm sido proposta como explicação para a ocorrência de baixo e(ou) moderado estresse em populações expostas aos estressores de diferentes contextos. Isso porque as características dessa Personalidade permitem a resistência ao estresse. Assim, os indivíduos hardy possuem a crença de poder controlar ou influenciar os eventos de sua experiência; a habilidade de sentir-se completamente envolvido ou comprometido nas atividades da vida; e a antecipação da mudança como um desafio excitante para o crescimento pessoal. Esses conceitos englobam respectivamente os domínios: Controle, Compromisso e Desafio14. Nesse contexto, as relações entre estresse e os Sintomas Depressivos, bem como entre o estresse e o Burnout em estudantes de graduação e pós-graduação já foram demonstradas5,11,15. No entanto, tendo em vista que as características da Personalidade Hardiness permitem uma interpretação diferenciada do contexto vivido e, portanto, a minimização do estresse e seus desfechos, não se observam estudos que analisem a relação dessa Personalidade com o Burnout e os Sintomas Depressivos entre os residentes multiprofissionais na literatura nacional e internacional. Isso justifica a relevância dessa investigação para com a construção do conhecimento em saúde. Dessa maneira, o objetivo desse estudo foi analisar a influência do Hardiness na Síndrome de Burnout e nos Sintomas Depressivos entre residentes multiprofissionais. Em vista do exposto, defende-se a hipótese de que haja menor tendência de Síndrome de Burnout e Sintomas Depressivos nos residentes multiprofissionais com Personalidade Hardiness. MÉTODO Trata-se de um estudo analítico, transversal e com abordagem quantitativa. A pesquisa foi realizada em uma Universidade Federal do Rio Grande do Sul/Brasil. Nesse estudo, incluíram-se Residentes das ênfases de atuação “Atenção Básica/ Saúde da família”, “Vigilância em Saúde” e “Gestão e Atenção Hospitalar”, de todas as profissões previstas no programa e regularmente matriculados nas turmas de 2009, 2010 e 2011, a ser: Enfermagem, Psicologia, Nutrição, Assistente Social, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Farmácia, Terapia Ocupacional, Odontologia e Educação Física. Excluíram-se os residentes em licença de qualquer natureza. No momento da coleta, havia 85 residentes multiprofissionais matriculados. Desses, todos atenderam aos critérios de elegibilidade. Contudo, 40 (47,06%) sujeitos não aceitaram participar da pesquisa e 8 (9,41%) devolveram os instrumentos em branco. Logo, obteve-se um total de 37 (43,53%) residentes. A coleta de dados foi realizada no período de Abril a Junho de 2011 com aplicação de um Formulário para caracterização sociodemográfica, a Escala de Hardiness(EH), o Maslach Burnout Inventory- Human Services Survey (MBI-HSS) e o Inventário de Depressão de Beck (IDB)14,4-5. Esses instrumentos foram aplicados aos sujeitos convidados e que aceitaram voluntariamente participar da pesquisa após serem informados sobre seus objetivos e características. A abordagem inicial ocorreu por meio de reuniões e os sujeitos não captados foram buscados individualmente. O formulário sociodemográfico abordou as seguintes variáveis: idade, número de filhos, sexo, situação conjugal, presença de filhos e com quem reside. A EH foi traduzida e adaptada para o português em 200914. É composta por 30 itens dispostos em escala tipo likert de quatro pontos, em que: 0 – “nada verdadeiro”, 1 – “um pouco verdadeiro”, 2 – “quase tudo verdadeiro” e 3– “completamente verdadeiro”. Os itens são dispostos em três domínios: Controle (2, 3, 8, 9, 12, 15, 18, 20, 25 e 29), Compromisso (1, 6, 7, 11, 16, 17, 22, 27,28 e 30) e Desafio (4, 5, 10, 13, 14, 19, 21, 23, 24 e 26)(14). Destaca-se que os escores dos itens 3, 4, 5, 6, 8, 13, 16, 18, 19, 20, 22, 23, 25, 28 e 30 devem ser invertidos para então serem somados14. O MBI-HSS, traduzido e adaptado para a realidade brasileira, é um questionário autoaplicável, com uma escala tipo Likert de cinco pontos, em que: zero- “nunca”, um- “algumas vezes ao ano”, dois- “algumas vezes ao mês”, três- “algumas vezes na semana” e quatro- “diariamente”4. Assim, conforme a experiência do indivíduo no trabalho, o valor mínimo que pode ser assinalado em cada item é zero e o máximo quatro4. O instrumento é composto por 22 itens distribuídos em três subescalas: Desgaste Emocional (DE), formada pelos itens 1, 2, 3, 6, 8, 13, 14, 16 e 20; Despersonalização (DP), pelos itens 5, 10, 11, 15 e 22; e Incompetência Profissional (IP), pelos itens 4, 7, 9, 12, 17, 18, 19 e 214. Contudo, por ser mais atual, será utilizada a seguinte nomenclatura para as subescalas: Exaustão Emocional (EE), Despersonalização (DP) e Realização Profissional (RP). O IDB, traduzido e validado para a realidade brasileira5, contém 21 questões que avaliam a presença de sintomas depressivos em relação ao período da semana anterior à aplicação do instrumento. Cada questão é formada por quatro alternativas que descrevem traços do quadro depressivo. As alternativas variam entre zero (ausência de sintomas) a três (presença maior de sintomas depressivos). Logo, a soma dos valores atribuídos pelos sujeitos pode variar de 0 a 63. Destaca-se que o item 19 apresenta uma resposta secundária e, neste caso, quando respondido sim, o item não é considerado5. Esse Inventário inclui sintomas e atitudes que se referem à tristeza, pessimismo, sensação de fracasso, falta de satisfação, sensação de culpa, sensação de punição, autodepreciação, autoacusações, ideias suicidas, crise de choro, irritabilidade, retração social, indecisão, distorção da imagem corporal, inibição para o trabalho, distúrbio do sono, fadiga, perda do apetite, preocupação somática, perda de peso e diminuição da libido5. Após a coleta, os dados foram organizados e armazenados em uma planilha eletrônica no programa EXCEL 2007 (Office XP) para que, posteriormente, fossem analisados eletronicamente com o auxílio do programa Statistical Analisys System (SAS, versão 8.02). As variáveis qualitativas foram descritas em valores absolutos(n) e relativos (%) e as quantitativas, expostas em me- REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71 19 Influência do Hardiness no Burnout e depressão entre residentes multiprofissionais- estudo analítico didas descritivas: valores mínimos e máximos, média (X) e desvio padrão (±). Para análise da EH, realizou-se a soma das pontuações atribuídas a cada item e dividiu-se pelos itens que compõem os domínios, o que permitiu a obtenção da média do indivíduo em cada domínio. Para o MBI, realizou-se a soma das pontuações assinaladas a cada item e dividiu-se pelo número total de itens das subescalas, obtendo-se a média de cada residente por subescala. Para análise do IDB, foi efetuada a soma dos valores atribuídos a cada item do Inventário por cada indivíduo, dividida pelo número de itens do instrumento, obtendo-se a pontuação média de cada indivíduo no inventário. Com base nessas medidas, as relações entre Hardiness, Burnout e Sintomas Depressivos foram analisadas por meio do teste de Correlação de Pearson. Valores de p<0,05 foram considerados estatisticamente significativos com intervalo de confiança de 95%. A consistência interna desses instrumentos foi analisada por meio do coeficiente Alfa de Cronbach. Ainda, atendendo às Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos do Conselho Nacional de Saúde, entregou-se um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido com informações referentes à pesquisa. Esse foi assinado e autorizou a participação voluntária na pesquisa. Essa pesquisa faz parte do projeto Estresse, Coping, Burnout, Sintomas Depressivos e Hardiness em Residentes Médicos e Multiprofissionais, aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade sob o nº 23081.020160/2010-06. RESULTADOS Em relação às características sociodemográficas dos residentes multiprofissionais, observa-se o predomínio daqueles do sexo feminino (83,78%), solteiros (81,08%), sem filhos (94,60 %), na faixa etária entre 25 a 29 anos (51,35%) e que residem com a família (51,35%). Na análise da consistência interna dos itens que compõem os instrumentos dessa pesquisa, o Alfa de Cronbach foi de 0,634 para os 30 itens da EH, 0,659 para os 22 itens do MBI-HSS e 0,820 para as 21 questões IDB. Segundo autores4, esses valores são suficientes para atestar confiabilidade satisfatória aos instrumentos aplicados na população estudada. As medidas descritivas para os 30 itens da EH, 22 itens do MBI-HSS e 21 itens da IDB são apresentados na Tabela 1. Despersonaliza- 2,72 ção 0,80 1,60 4,00 Realização Profis- 3,42 sional 0,73 1,50 5,00 0,35 0,04 1,50 IDB 21 itens(0-3) 0,50 Fonte: Elaboração própria. A matriz de correlações entre Hardiness, Síndrome de Burnout e Sintomas Depressivos nos residentes multiprofissionais é apresentada na Tabela 2. Tabela 2 - Matriz de correlação entre Hardiness, Síndrome de Burnout e Sintomas Depressivos nos residentes multiprofissionais. Santa Maria, Brasil, 2011. Síndrome de S i n t o m a s Hardiness Burnout Depressivos Síndrome de r= 1,000 Burnout r= 0,705* r= -0,554* S i n t o m a s r= 0,705* Depressivos r= 1,000 r= -0,518* Hardiness r= -0,518* r= 1,000 r= -0,554* * Correlação estatisticamente significativa Fonte: Elaboração própria. Verifica-se que há menor tendência de Burnout e Sintomas Depressivos em residentes com Personalidade Hardiness. A relação direta entre a Síndrome de Burnout e os Sintomas Depressivos indica que, quanto maior a tendência de Burnout, maior é a de Sintomas Depressivos. A dispersão entre as médias do MBI-HSS e do IDB é apresentada na Figura 1. Tabela 1 - Medidas Descritivas para os itens que compõem a EH, MBI-HSS e IDB. Santa Maria, Brasil, 2011. Instrumento/ Escala Likert Medidas Descritivas EH Média D e s v i o Mínimo -Padrão Máximo 30 itens(0-3) 2,47 0,20 2,07 2,91 Compromisso 2,69 0,28 2,00 3,22 Controle 2,65 0,23 2,20 3,10 Desafio 2,07 0,31 1,40 2,70 2,77 0,42 1,92 3,65 Exaustão Emocio- 2,55 nal 0,71 1,56 4,53 MBI-HSS 22 itens(0-4) 20 Figura 1 - Dispersão entre as médias de Burnout e Sintomas Depressivos dos residentes multiprofissionais. Santa Maria, 2011. Fonte: Elaboração própria. DISCUSSÃO A literatura nacional e internacional têm evidenciado as repercussões do estresse na saúde dos residentes durante o processo de formação profissional, dentre elas, a ocorrência de Sintomas Depressivos14 e do Burnout11. Nesse sentido, o Hardiness é proposto como uma Personalidade cujas características permitem resistência ao estresse, sendo, portanto, relacionada a mais saúde e menos doenças7-8. Nesse contexto, verificou-se correlação moderada, significativa e negativa entre Hardiness e Síndrome de Burnout REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71 Silva, R. M. da; Batista, K. de M.; Serrano, P. M.; Lopes, L. F. D.; Costa, A. L. S.; Guido, L. de A. (r=-0,554; p=0,000). Em pesquisa com enfermeiras de terapia intensiva do Alabama (EUA), os resultados indicaram correlação estatisticamente significativa negativa entre Hardiness e Síndrome de Burnout (r=-0,660; p<0,05)16. Dessa forma, observa-se que a Personalidade Hardiness reduz a tendência de Burnout, uma vez que o aumento das médias de Hardiness associou-se ao decréscimo das médias de Burnout em ambos os estudos supracitados. Sabe-se que Burnout é uma Síndrome que pode levar ao abandono do curso; à redução da produtividade e do desempenho acadêmico; à queda da qualidade do cuidado prestado; e à redução da motivação para o aprendizado e da satisfação com a carreira escolhida11. Além disso, a prevalência dessa Síndrome tem variado entre 25% e 60% no contexto mundial, sendo considerada alta11. Nesse sentido, pesquisadores têm desenvolvido intervenções para redução do Burnout17. Na Bélgica, de 96 médicos residentes, 49 foram aleatoriamente selecionados para participar de um programa de gerenciamento de estresse17. No entanto, não houve redução significativa do Burnout em ambos os grupos17. Sobre os Sintomas Depressivos, observou-se correlação moderada, significativa e negativa entre a Personalidade Hardiness e tais Sintomas (r=-0,518; p= 0,001). Em pesquisa realizada em Jaunpur (Índia), ao comparar grupos com baixas, moderadas e altas médias em Hardiness em relação aos Sintomas Depressivos, identificaram-se que o grupo com altas médias em Hardiness (média= 89.50; dp=10,80) apresentou menores médias de Sintomas Depressivos (p<0,001) do que os indivíduos dos demais grupos (Baixo Hardiness: = 98.40; ±15,60/ Moderado Hardiness: = 92,68; ±13,90)18. Sobre isso, destaca-se que os Sintomas Depressivos são subdiagnosticados em muitas populações 11 e que podem decorrer de diferentes fatores, como experiências prévias, histórico familiar, traumas físicos e (ou) psicológicos prévios e sentimento de inadequação ao ambiente laboral18. Quanto a esse último aspecto, destaca-se que a residência corresponde a um período de transição entre a formação acadêmica e a realidade profissional1,11. Nesse processo, é possível que o residente identifique dicotomias entre os pressupostos teóricos e a prática profissional diária, o que pode levar a uma dificuldade de adaptação ao processo de trabalho, e em longo prazo, aos Sintomas Depressivos. Nesse contexto, intervenções têm sido realizadas a fim de reduzir os Sintomas Depressivos entre os estudantes da área da saúde. Dentre elas, uma investigação analisou os efeitos de uma técnica cognitivo-comportamental sobre o estresse e Sintomas Depressivos de 84 estudantes universitários da Jordânia19. Após a intervenção, houve redução do estresse e Sintomas Depressivos no grupo de casos 19. Sobre a relação entre os Sintomas Depressivos e a Síndrome de Burnout, verificou-se correlação significativa positiva entre esses fenômenos (r=0,705; p=0,000). Assim, quanto maior a tendência de Burnout, maior é a de Sintomas Depressivos. Nesse sentido, em investigação11 com residentes médicos de obstetrícia e ginecologia, foi observado que os Sintomas Depressivos estavam fortemente correlacionados ao Burnout (p<0,001). Isso indica que a ocorrência de Sintomas Depressivos pode levar ao Burnout e vice-versa já que ambos são desfechos oriundos do estresse. Esse fenômeno tem sido relacionado a diferentes aspectos do processo de ensino -aprendizagem durante a residência, dentre eles, às mudanças nos hábitos de vida e aos problemas de relacionamento1,7,18. O ingresso na residência pode representar uma mudança no tempo disponível para o lazer e a família, sono e repouso e práticas de esporte, bem como alterações na alimentação, aumento da ingestão de bebidas alcoólicas e uso de drogas lícitas e ilícitas1,11. Ademais, os residentes convivem com colegas do programa de residência, pacientes e membros da equipe de saúde, sendo, portanto, as relações interpessoais inerentes à prática profissional. Essas situações podem ser avaliadas como estressoras pelos residentes e levar a Despersonalização, a Exaustão emocional e baixa Realização Profissional, levando à Síndrome de Burnout. Essas características da Síndrome podem facilitar a ocorrência de Sintomas Depressivos, relação já verificada com significância estatística em residentes médicos11. Por outro lado, a presença de Sintomas depressivos pode dificultar a identificação e enfrentamento dos estressores e, por sua vez, propiciar a ocorrência da Síndrome de Burnout11. Tendo em vista as repercussões do Burnout e Sintomas Depressivos à saúde física e mental dos residentes multiprofissionais e ao cuidado prestado por esses indivíduos, bem como a relação do Hardiness com esses fenômenos, são necessárias estratégias de fortalecimento das características dessa Personalidade (Compromisso, Controle e Desafio) nessa população. Nesse contexto, para a característica Compromisso, é possível incentivar ações e discussões vinculadas ao trabalho com os pacientes, bem como o comprometimento para a resolução de problemas por meio do gerenciamento de conflitos e assertividade. Em relação à característica Controle, é possível a criação de um ambiente de trabalho agradável; o incentivo e premiação à criatividade relacionada às ideias e implementação de novas práticas; a realização de estudos de caso com foco no problema para redução do estresse; e a garantia de maior autonomia ao indivíduo20. Para estímulo ao Desafio, as estratégias tem como base a promoção de novas experiências de aprendizagem entre os funcionários; a mudança de práticas e comportamentos; a realização de atividades em grupo; e a contratação de pessoas com prática em processos de mudanças para promoção de modificações positivas20. CONCLUSÃO A residência multiprofissional caracteriza-se por um período da vida profissional no qual o residente convive com diferentes situações, acadêmicas e assistenciais, que podem ser avaliadas como estressoras. Nesse contexto, a Personalidade Hardiness pode ser uma forma de reduzir os desfechos negativos do estresse, dentre eles os Sintomas Depressivos e o Burnout. Nesse sentido, confirmou-se a hipótese dessa investigação, ou seja, de que há menor tendência de Síndrome de Burnout e Sintomas Depressivos nos residentes multiprofissionais com Personalidade Hardiness. Por conseguinte, atestou-se a influência do Hardiness na ocorrência do Burnout e nos Sintomas Depressivos nesses residentes. Dessa forma, os resultados desse estudo fortalecem a assertiva do Hardiness enquanto uma Personalidade relacionada à saúde e com menor vivência de desfechos do estresse. Portanto, sugere-se a construção de intervenções que promovam as caraterísticas dessa Personalidade entre os residentes multiprofissionais tendo em vista seus benefícios à saúde e qualidade do cuidado prestado por esses profissionais. Como limitação desse estudo, destaca-se o reduzido número de investigações que relacionam o Hardiness ao Burnout e aos Sintomas Depressivos entre residentes, em especial, entre residentes multiprofissionais, o que dificultou a comparação dos resultados desse estudo com aqueles de outras investigações envolvendo o contexto da residência multiprofissional. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71 21 Influência do Hardiness no Burnout e depressão entre residentes multiprofissionais- estudo analítico REFERÊNCIAS in a university tertiary hospital. Rev latinoam enferm(online)[Internet]. 1. Rosa SD, Lopes RE. Residência Multiprofissional em Saúde e Pós-Gra- 2010 Nov [Cited 2012 Nov 13]; 18(6):1084-91. Available from: http:// duação Lato Sensu no Brasil: Apontamentos Históricos. Trab educ www.scielo.br/pdf/rlae/v18n6/07.pdf. doi: http://dx.doi.org/10.1590/ saúde [Internet]. 2009 Nov [Cited 2012 Oct 23] 7(3): 479-98. Availa2. 11. Govardhan LM, Pinelli V, Schnatz PF. Burnout, depression and job sa- Karadzinska-Bislimovska J, Basarovska V, Mijakoski D, Minov J, Stoleski S, tisfaction in obstetrics and gynecology residents. Conn Med. 2012; Angeleska N et al. Linkages between workplace stressors and quality of care from health professionals’ perspective – Macedonian experience. Br So-Myung Choi YSP, Jun-Hyun Yoo GYK. 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Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem na Saúde do Adulto (PROESA) da Escola de Enfermagem da USP (EEUSP). São Paulo, SP. Brasil. E-mail: [email protected] ** Doutora em Enfermagem, Professor Adjunto da Universidade Federal do Espírito Santo. Vitória, Espírito Santo, Brasil. E-mail: [email protected] *** Mestre em Ciências. Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem da Universidade Paulista. Enfermeira de Unidade Básica de Saúde na Prefeitura Municipal de Votorantim-SP. Sorocaba. São Paulo. Brasil. E-mail: [email protected] **** Doutor em Engenharia da Produção. Especialista em Estatística e Modelagem Quantitativa. Professor Associado da Universidade Federal de Santa Maria. Rio Grande do Sul. Brasil. E-mail: [email protected] ***** Doutora em Enfermagem. Professora do Departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgica da Escola Enfermagem da USP. São Paulo, São Paulo, Brasil. Email: [email protected] ****** Doutora em Enfermagem, Professora Associada da UFSM. Santa Maria. Rio Grande do Sul. Brasil. E-mail: [email protected] 22 REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71 Artigo Original Mulheres e os significados do exame Papanicolaou Women and the meanings of the pap smear * * * ** *** Daniela de Cássia Sabará Rendon Cristiane dos Santos Braga Luana Ribeiro da Silva Lígia Vieira Tenório Sales Anna Maria de Oliveira Salimena Recorte do Relatório Final de Pesquisa apresentado como monografia no Curso de Graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem Wenceslau Braz. Itajubá. Minas Gerais. Dezembro de 2008. RESUMO Trata-se de um estudo exploratório e de abordagem qualitativa que teve como objetivo conhecer os significados do exame preventivo Papanicolaou expresso por mulheres. Foram participantes 40 mulheres com a faixa etária entre 30 e 45 anos de idade, freqüentadoras da Policlínica Amílcar Pellon na cidade de Itajubá, Minas Gerais. A coleta das informações foi realizada mediante entrevista semi-estruturada. As diretrizes metodológicas do Discurso do Sujeito Coletivo foram utilizadas e observou-se que o desconhecimento do significado do exame e a vergonha foram os maiores causadores da não realização do exame pela maioria das mulheres entrevistadas. Concluiu-se que os significados emergentes são os mais variados tanto para as mulheres que realizam o exame quanto para as que não o realizam estabeleceram-se conceitos idênticos. Considerou-se que ouvir as mulheres permitiu despertar para alguns caminhos que possam favorecer a sua aderência ao Programa Preventivo e, em um futuro próximo, que se possa alcançar a esperada de adesão ao exame. Palavras-chave: Saúde da Mulher; Exame Papanicolaou; Pesquisa Qualitativa. ABSTRACT This is an exploratory and qualitative study aimed to know the meanings of the Papanicolaou expressed by women. Participants were 40 women with ages between 30 and 45 years of age, who attended the Polyclinic Amilcar Pellon Itajubá in the city, Minas Gerais. Data collection was conducted through semi-structured interviews. The methodological guidelines of the Collective Subject Discourse were used and it was observed that the lack of significance of the test and the shame were the main causes of non-completion of the examination by the majority of the women interviewed. It was concluded that emerging meanings are varied for both women undergoing testing and for those who do not realize settled identical concepts. It was felt that hearing women allowed to awaken some ways that may favor its adherence to Preventive Program and, in the near future, one can achieve the expected accession to the examination. Keywords: Women’s Health; Papanicolaou; Qualitative Research. INTRODUÇÃO O câncer cérvico-uterino é uma doença crônico-degenerativa e ainda é um problema de saúde pública em países em desenvolvimento, pois alcança altas taxas de prevalência e mortalidade em mulheres de estratos sociais e econômicos mais baixos e que se encontra em plena fase produtiva1. É causado principalmente pelo vírus Papillomavírus Humano (HPV) que é transmitido facilmente pelo contato sexual, afetando a área genital de homens e mulheres. A falta de educação sexual nas famílias e na escola é uma das causas prováveis do pouco conhecimento do corpo acerca da sexualidade2. Os fatores responsáveis pelos altos níveis de câncer cérvico-uterino no Brasil são: insuficiência de recursos humanos e materiais disponíveis na área de saúde para prevenção, diagnóstico e tratamento; utilização inadequada dos recursos existentes; baixo nível de informações de saúde da população em geral, multiplicidade de parceiros sexuais, tabagismo, hábitos inadequados de higiene, uso prolongado de contraceptivos orais, reprodução precoce, deficiências nutricionais, insuficiência de informações necessárias ao planejamento das ações de saúde3. O câncer do colo uterino ainda hoje permanece como o segundo tumor maligno mais comum em mulheres correspondendo a 15% de todos os cânceres femininos. Ele é considerado o de maior frequência em vários países em desenvolvimento, nos quais corresponde de 20 a 30% do total dos tumores malignos em mulheres. Já nos países desenvolvidos do Ocidente, sua incidência é menor de 5% dos cânceres femininos4. No município de Itajubá-MG, no ano de 2007, foram realizados 4615 exames citopatológicos (totalizando 65,1% da meta total pré-estabelecida, que é de 7140 exames anuais). Desses exames, foram identificados 69 (1,49%) casos de alterações citológicas, dentre elas 31 casos de NIC I + HPV; 30 casos de ASCUS; 8 casos de NIC II – NIC III e nenhum caso de câncer cérvico-uterino invasor5. Neste contexto, emergiram inquietações ao constatar escassez de referências teóricas que expressam a percepção da mulher com relação ao Exame Preventivo Papanicolaou, tornando objetivo deste estudo conhecer os significados do exame preventivo Papanicolaou expresso por mulheres. METODO Estudo exploratório de abordagem qualitativa6 utilizando como método para coleta de informações o Discurso do Sujeito Coletivo7. Teve como cenário a Policlínica Amílcar Pellon na cidade de Itajubá em Minas Gerais. Participaram 40 mulheres que freqüentaram esta instituição, 20 que realizam periodicamente o Exame Papanicolaou e 20 que nunca realizaram. Foram critérios de inclusão mulheres com faixa etária entre 30 e 45 anos de idade, de estado civil, religião, raça e orientação sexual independente e que concordasse em participar da pesquisa. Excluídas as mulheres com faixa etária inferior a 30 e superior a 45 anos e as que não concordaram em participar da pesquisa. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71 23 Mulheres e os significados do exame Papanicolaou Solicitou-se autorização do Secretário de Saúde do município e análise do Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem Wenceslau Braz (EEWB) sendo o projeto de pesquisa aprovado segundo Parecer de nº 278/20088. O instrumento da coleta de dados foi entrevista aberta constituída por duas etapas, sendo a primeira referente aos dados pessoais (idade, religião, grau de escolaridade, estado civil, raça, orientação sexual, vida sexual, renda familiar), e a segunda abordando as questões: Para você o que significa o Exame Preventivo Papanicolaou? Você faz? Por quê? Os depoimentos foram gravados e transcritos pelas pesquisadoras. Realizada várias leituras atentivas para extrair os significados expressos pelas mulheres que posteriormente foram seus conteúdos analisados6. RESULTADOS A média de idade das mulheres foi de 36,85 anos; quanto ao estado civil: 47.5% são eram casadas, 37,5% solteiras, 7,5% viúvas, 5% amasiadas e 2,5% divorciadas. A religião predominante foi a Católica totalizando 62,5%, seguida pela Evangélica com 35% e finalmente, a Espírita com 2,5%. Das entrevistadas, 42,5% têm como nível de escolaridade o Ensino Fundamental Incompleto, 25% o Ensino Médio Incompleto, 17,5% o Ensino Médio Completo, 12,5% o Ensino Fundamental Completo e 2,5% o Ensino Superior Incompleto. Notou-se que 0% das entrevistadas, ou seja, nenhuma delas tem o Ensino Superior Completo. A média de idade do início da vida sexual das entrevistas foi de 18,57 anos. Das entrevistadas, 57,5% informaram ter tido 01 parceiro sexual, 20% 03 parceiros, 7,5% 06 parceiros, 2,5% 04 parceiros, 2,5% 08 parceiros, 2,5% 02 parceiros, 2,5% 10 parceiros, 2,5% 18 parceiros, 2,5% 31 parceiros, 2,5% incontáveis parceiros. Entre as entrevistadas, 30% não têm filhos e 70% tem filhos. Dessas 46,4% tem 02 filhos, 25% 04 filhos, 14,4% 01 filho, 10,7% 03 filhos e 3,5% 03 filhos, sendo que a média de filhos entre as mulheres é de 2,6 filhos por mulher. A Organização Mundial de Saúde propõe para os países com recursos econômicos limitados que se controle, pelo menos uma vez na vida, todas as mulheres com idade próxima aos 40 anos, população teoricamente mais susceptível ao desenvolvimento da doença. Por outro lado, o câncer invasivo é relativamente raro em mulheres com menos de 35 anos de idade e sua maior incidência encontra-se entre a quarta e a quinta décadas de vida. Esse limite de idade foi aumentado para 64 anos no ano de 20119. Alguns estudos mostraram que mulheres em fase reprodutiva realizam mais o exame de Papanicolaou em relação às mulheres que já não pertencem a essa categoria, possivelmente vinculados a procedimentos de rotina durante o pré-natal ou como parte do planejamento familiar10. Não foram encontradas referências que associem a aderência ou não das mulheres quanto à realização do Exame Preventivo Papanicolaou baseado no estado civil das mesmas, bem como na religião das mesmas. Na literatura existe uma relação muito íntima entre baixo nível de escolaridade e renda familiar, fazendo com que mulheres enquadradas nesta relação sejam mais suscetíveis ao acometimento do câncer de colo de útero. Nesta perspectiva, considera-se que essas mulheres estão expostas a um maior risco de morbimortalidade, por utilizarem com menor freqüência os serviços que visam à promoção da saúde e à prevenção de doenças. Acredita-se ainda que a incidência dessa patologia se tornou alarmante ocasionada pela pouca instrução da população acerca dessa moléstia11. Algumas infecções cérvico-vaginais de transmissão sexual estão relacionadas com o desenvolvimento deste tipo de neoplasia (câncer cérvico-uterino), bem como o fumo, más condições de 24 vida, promiscuidade e início precoce da atividade sexual. As mulheres com vida sexual ativa também são potencialmente susceptíveis ao desenvolvimento da doença12. A epidemiologia da doença (câncer cérvico-uterino) está diretamente relacionada com o início da atividade sexual feminina em idade precoce, a multiplicidade de parceiros (da mulher e do homem com quem ela se relaciona), e a história de doenças sexualmente transmissíveis (principalmente o Papilomavírus/HPV)4. DISCUSSÃO O significado do exame para as mulheres foi expresso como desconhecimento do significado do exame e a vergonha em realizar o exame. Neste sentido, está exemplificado nos recortes dos depoimentos apresentados neste artigo. “Eu acho que só pelo nome já diz, um preventivo, porque uma vez que a mulher tem vida sexual ativa ela tem que estar fazendo exames periodicamente para estar sempre atento ao que está acontecendo. O exame Papanicolaou é um exame que previne contra as doenças de colo de útero, doença de ovário, doenças transmissíveis, doenças que a gente não consegue ver”. DSC As campanhas a favor da realização do exame preventivo têm atingido o objetivo em algumas mulheres que é a compreensão da necessidade de realizá-lo como prevenção de doenças, apesar de não terem citado o motivo principal como sendo o de: prevenção do câncer cérvico-uterino. “O exame é muito importante e sempre foi. Eu acho que toda mulher deveria fazer. É importante a gente fazer todo ano, eu faço todo ano, mas agora eu estou grávida então por isso eu não fiz”. DSC O exame de Papanicolaou é de fundamental importância, pois além da prevenção e detecção precoce do câncer ginecológico, torna-se um procedimento indispensável aos programas de direitos reprodutivos, pré-natal, atendimento a patologias obstétricas e DST/HIV/AIDS13. Quanto mais elevado for o nível de escolaridade maior será a importância dada por parte destas mulheres a realização do Papanicolaou, bem como a compreensão de sua realização conforme preconizado pelo Ministério da Saúde14. Muitas mulheres reconhecem a importância da realização do exame, porém não sabem explicar o verdadeiro motivo pelo qual o realizam periodicamente. Percebe-se ainda a falta de informações consistentes acerca da realização do exame ou pouca compreensão das mulheres pelas informações que lhes foram transmitidas. “O exame Papanicolaou detecta qualquer tipo de doença, com ele vou descobrir como é que está o meu útero, se eu estou com alguma doença, algum tipo de nódulo, de infecção ou alguma ferida no útero”. DSC A utilização do exame citopatológico no rastreamento do câncer do colo do útero possibilita sua prevenção, visto que identifica lesões ainda em estágios anteriores à neoplasia, assim o diagnóstico precoce, por meio desse exame, é um eficiente caminho para sua prevenção15. Com a realização periódica do exame, REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71 Rendon, D. de C. S.; Braga, C. dos S.; Silva, L. R. da; Sales, L. V. T.; Salimena, A. M. de O. há a possibilidade de detectar doenças muitas vezes assintomáticas. O hábito adquirido para a realização do exame, além de trazer benefícios para a própria mulher, serve de exemplo para as outras mulheres que convivem com a mesma. “O exame Papanicolaou é um exame onde previne as doenças de colo de útero, que é o câncer. É um exame que previne contra o câncer que está atacando principalmente as mulheres, então é um meio de prevenir”. DSC Pesquisa realizada em uma Unidade Básica de Saúde do município de Campinas – SP em 2007, que objetivou analisar e identificar os aspectos psicossociais e culturais envolvidas na realização da citologia oncótica, que existe a percepção da seriedade da doença (câncer), e o controle eficaz com o exame, o que caracteriza uma forte motivação para a realização do exame preventivo16. Apesar do reduzido número de mulheres com o conhecimento da verdadeira indicação do Exame Preventivo Papanicolaou é importante salientar a percepção das mesmas sobre a gravidade da doença, caso o controle não seja devidamente realizado. Observou-se também a percepção que as mulheres mostram tem a cerca dos benefícios que o exame pode trazer para a saúde das mesmas. “Eu sou uma pessoa desinformada. Eu estou com muita dor na barriga até e, esses dias eu vim fazer o Papanicolaou e não deu nada, aí eu fiquei questionando com a moça porque que não deu, mas assim eu com essa idade, mesmo tendo 33 eu estava fazendo, todo dia que eu tomo banho eu tomo de forma errada eu lavo tudo por dentro assim sabe de vergonha de perguntar para o médico, aí eu estava fazendo o Papanicolaou e não dava nada”. DSC Infelizmente, algumas mulheres acreditam que o Exame Preventivo Papanicolaou tem a capacidade de diagnosticar qualquer tipo de doença de origem ginecológica. Quando este não atinge suas expectativas, perde sua credibilidade fazendo com que estas tomem outras medidas “curativas”, dificultando ainda mais a sua aproximação com a equipe de saúde. Com isso, percebe-se a necessidade de ampliar as orientações levando o conhecimento à população sobre o verdadeiro significado do exame, sobretudo através dos serviços de saúde pelos profissionais que nele atuam. “Eu faço todo ano para me prevenir de qualquer coisa que possa estar acontecendo. Tanta coisa vem acontecendo ultimamente. O pessoal fala que previne infecção ou alguma doença mais grave que isso, previne tudo. Eu faço todo ano o Papanicolaou e o exame de mama e faço assim, já faço uma bateria mesmo de tudo, para ficar mais tranqüila, saber se eu estou saudável ou não. Eu procuro estar sempre em dia com os exames para me manter assim, saudável”. DSC A infecção por HPV associada a outros fatores de risco, como história de outras doenças sexualmente transmissíveis, tabagismo e uso de contraceptivo oral, representa importante papel na progressão das lesões escamosas intraepiteliais para a malignidade em mulheres brasileiras4. Verifica-se que algumas mulheres possuem além da adesão à realização do Exame Preventivo Papanicolaou, a consciência da importância de cuidados com o restante de seu corpo, realizando exames preventivos e periódicos a fim de manter sua saúde. Com relação às respostas das mulheres entrevistadas, observou-se que o cuidado com a saúde tem sido um motivo para a realização periódica do Exame Preventivo Papanicolaou, visando uma vida mais longa e saudável. Isto graças ao auto-cuidado vivenciado por elas, ato que atualmente é muito falado e valorizado, mas que, infelizmente, tão pouco utilizado. O Exame de Papanicolaou é de fundamental importância, visto que além da prevenção e detecção precoce do câncer ginecológico, torna-se um procedimento indispensável aos programas de planejamento familiar, pré-natal, atendimento a patologias obstétricas e de infecções sexualmente transmissíveis4. “É um exame muito vergonhoso que as mulheres têm que fazer. Eu fico com muita vergonha de fazer”. DSC “É um exame que a gente fica muito constrangida e eu tenho vergonha. Eu não faço porque eu sou muito vergonhosa. Quando eu era mais moça eu tinha vergonha de fazer essas coisas e agora que eu estou mais velha, acho que isso não precisa fazer”. DSC O exame de prevenção do câncer de colo uterino é considerado, por muitas mulheres, um procedimento invasivo, que gera medo, vergonha, ansiedade, desconforto, repulsa à própria genitália e prolongados adiamentos na procura do serviço de saúde. Os profissionais de saúde devem ter a consciência, durante o exame, que cada mulher tem sua própria percepção sobre os procedimentos que envolvem a prevenção do câncer. Pode ser um procedimento simples, rotineiro, rápido e indolor aos olhos do profissional, porém, pela mulher pode ser visto como um procedimento agressivo físico e psicologicamente, pois invade sua intimidade e a mulher que busca o serviço traz consigo suas bagagens social, cultural, familiar e religiosa17. CONCLUSÃO Recentemente, a atenção à saúde da mulher tem sido abordada de maneira mais ampla, abrangendo o conceito de integralidade, englobando questões como controle da mortalidade materna, planejamento familiar/saúde reprodutiva e sexual, esterilidade, detecção precoce do câncer ginecológico e de mama, infecções sexualmente transmissíveis, vírus da imunodeficiência humana, síndrome da imunodeficiência adquirida − IST/HIV/ AIDS, sexualidade, adolescência e climatério, dentre outras, considerando o aspecto biopsicossocial e a transmissão de informações em saúde, por intermédio de práticas educativas. Consideramos que o desconhecimento do significado do exame e a vergonha, foram os maiores causadores da não realização do exame de Papanicolaou pela maioria das mulheres e que os profissionais e educadores em saúde precisam trabalhar os diversos programas da Saúde Pública, de forma a assistir às usuárias dentro de uma visão voltada para a integralidade da assistência, pois atualmente existe uma realidade social que necessita de ajuda. É preciso buscar dentro da educação, da promoção de saúde e da prevenção de doenças, melhores condições de vida para a população em geral. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71 25 Mulheres e os significados do exame Papanicolaou A mulher como principal beneficiária da prevenção do câncer cérvico-uterino deve ser esclarecida de como é feita a prevenção, quais são as etapas do Exame de Papanicolaou e o Enfermeiro capacitado deve atuar junto à equipe multiprofissional e ser um elo entre a população e o serviço de saúde. 9. Brasil. Instituto Nacional do Câncer. Ações de enfermagem para o controle do câncer: uma proposta de integração ensino-serviço. 3a. ed. Rio de Janeiro: INCA; 2008. 10. Ferreira MLSM. Motivos que influenciam a não-realização do exame de papanicolaou segundo a percepção de mulheres. Esc Anna Nery Rev Enferm, 2009; 13(2): 378-84. REFERÊNCIAS 1. 11. Davim RMB, Torres GV, Silva RAR, Silva DAR. Conhecimento de Mulheres Bim CR, Pelloso SM, Carvalho MDB, Previdelli ITS. Diagnóstico precoce de uma Unidade Básica de Saúde da cidade de Natal/RN sobre e Exame do câncer de mama e colo uterino em mulheres do município de Guara- Papanicolau. Revista da Escola de Enfermagem da USP. 2005; 39 (3): 296 – 302. puava. Rev Esc Enferm USP. 2010:44(4): 940-46. 2. Duavy LM, Batista FLR, Jorge MSB, Santos JBF. A percepção da mulher sobre o exame preventivo do câncer cérvico-uterino: estudo de caso. Smeltzer SC, Bare BG. Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica. Rio de Brasil. Instituto Nacional do Câncer. 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Minas Gerais. *** Doutora. Professora e Coordenadora do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora. Minas Gerais. E-mail de contato: [email protected] 26 REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71 Artigo Original O brincar da criança hospitalizada na brinquedoteca hospitalar* The play child hospitalized in hospital playroom INTRODUÇÃO ** Juselda de Lima *** Ana Llonch Sabates RESUMO Os objetivos foram identificar os brinquedos escolhidos pelas crianças na brinquedoteca hospitalar e conhecer os conteúdos expressos durante o brincar. Método. Estudo descritivo, transversal e de campo, com abordagem mista. Os dados qualitativos foram registrados sob a forma de narrativas pela pesquisadora, e submetidos à análise de conteúdo de Bardin. Participaram 60 crianças, de três a 10 anos de idade, hospitalizadas em hospitais da rede pública do município de São Paulo. Resultados. A maioria das crianças era pré-escolar e do sexo feminino. Dos brinquedos escolhidos 19% estavam relacionados a objetos hospitalares e 8% com utensílios de cozinha. Nos conteúdos expressos, durante o brincar, emergiram seis categorias: vivenciando a rotina do cotidiano habitual; necessitando do convívio com proteção dos pais; convivendo com os sintomas da doença; necessitando realizar procedimentos; percebendo os benefícios do tratamento e da hospitalização e convivendo com o sentimento da morte. Conclusão. A brinquedoteca hospitalar mostrou-se um espaço de oportunidades para a criança simbolizar os conteúdos hospitalares e domésticos e entender melhor o que esta acontecendo com ela. As enfermeiras precisam estimular a criança a brincar na brinquedoteca a fim de permitir que ela vivencie o seu cotidiano hospitalar e possa lidar com a doença, exames e tratamentos. Descritores: Jogos e brinquedo; Enfermagem pediátrica; Criança hospitalizada; Recreação. SUMMARY Objectives. The objectives were to identify the toys chosen by the children in the hospital playroom and to perceive the expressed content during play. Method. Descriptive transversal and field study. In this study, 60 children from 3 to 10 years old, hospitalized in public hospitals in São Paulo participated. Results. The majority of the children were female preschoolers. Qualitative data was recorded in the form of narratives by the researcher and submitted to analysis of Bardin content. From the toys chosen, 19% were related to hospital activities and 8% with kitchen utensils. In expressed content during play, six categories emerged: experiencing the usual routine of daily life; needing contact with parent’s protection; living with the symptoms of the disease; having to go thru procedures; realizing the benefits of treatment and hospitalization and living with the feeling of death. Conclusion. The hospital playroom proved to be a window of opportunity for the child to symbolize hospital and domestic content and better understand what is happening. Nurses need to encourage children to play in the playroom to allow them to experience their hospital routine and deal with the disease, tests and treatments. Keywords: Games and toys; Pediatric nursing; Hospitalized children; Recreation. A infância é um período importante para o desenvolvimento humano onde a atividade lúdica é uma necessidade para que a criança possa explorar e conhecer o mundo à sua volta. Para Winnicot1 o ato de brincar tem ligação com a imaginação da criança e promove uma proteção, dentro de certos limites, de agravos emocionais advindos de situações adversas, que a criança possa passar no decorrer de sua vida. Neste sentido, a hospitalização configura-se num evento adverso, inesperado e de crise para a criança 2 durante a qual o brincar continua sendo uma necessidade que precisa ser atendida, uma vez que o desenvolvimento físico, emocional, cognitivo e social da criança não cessa3 por estar hospitalizada, e a brincadeira pode assegurar o seu equilíbrio emocional e intelectual4. Assim, o brincar pode ser considerado como terapia, uma vez que se caracteriza como oportunidade de elaboração de experiências concernentes à hospitalização, propiciando a redução da angústia e a reorganização de sentimentos5. Freud6 refere que “o brincar é o cenário por meio do qual a criança apropria-se dos significantes que a marcaram”. No brincar a criança transforma em ativo o que sofreu passivamente. Nesse aspecto, o brinquedo tem função auto curativa, uma vez que auxilia a criança na elaboração de seus conflitos7, pois é por meio do brincar de faz de conta, que as experiências ruins ou desagradáveis se transformam, permitindo a elaboração de conflitos, favorecendo inclusive, uma catarse elaborativa de imediato8. Ao brincar simulando situações do cotidiano hospitalar a criança tem a sua compreensão facilitada sobre os aspectos relacionados à sua doença e tratamento, de forma lúdica e prazerosa uma vez que ao lhe ser permitido manipular os equipamentos e objetos hospitalares pode controlar a situação9. Pesquisas sobre os efeitos do brincar na criança hospitalizada5,10,11, ressaltam que esta atividade facilita a exteriorização de sentimentos, medos, e necessidades além de permitir à criança compreender o significado da doença e hospitalização. Dessa forma, é possível dizer que brincar é a essência da saúde física, emocional e intelectual uma vez que brincando a criança se reequilibra e recicla suas emoções12. Neste contexto, o brincar é tão importante, que originou a criação de leis específicas entre elas a Lei 11.104 de 21 de março de 2005, decretada pelo Congresso Nacional que dispõe sobre a obrigatoriedade de instalação de brinquedotecas nas unidades de saúde que ofereçam atendimento à criança em regime de internação13: Para Carvalho14 a brinquedoteca torna a experiência de hospitalização mais suportável e menos traumatizante para a criança, favorecendo diversão e proporcionando relaxamento, auxiliando-a a se sentir mais segura em um ambiente fora do seu REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71 27 O brincar da criança hospitalizada na brinquedoteca hospitalar contexto familiar, ajudando-a a diminuir o estresse da separação e os sentimentos de estar longe do seu cotidiano habitual. A brinquedoteca favorece o alívio da tensão, permitindo a expressão de sentimentos, estimulando o seu desenvolvimento global, concorrendo com a diminuição dos dias de internação e, consequentemente, o índice de infecção hospitalar. A presença de brinquedotecas nos hospitais contribui para diminuir o estresse e o medo de medicações, seringas e exames, frequentes no tratamento. Essa foi a conclusão de um estudo com 58 crianças com idade entre quatro e 14 anos que faziam tratamento ambulatorial. Dessas, 34 tiveram acesso à brinquedoteca e 24 não tiveram contatos com brinquedos. A autora mediu o nível médio do cortisol no sangue (substância indicadora de nervosismo) e, obteve o valor de 11,20 ug/dl para o grupo que brincou e de 13,72 ug/dl, para o grupo que não brincou15. Assim, pode-se afirmar que o brincar na brinquedoteca hospitalar é de extrema importância para a criança uma vez que possibilita o atendimento da necessidade de brincar, favorecendo a continuidade do seu desenvolvimento e a expressão das experiências do cotidiano hospitalar na tentativa de superá-las, por meio da catarse. E foi esse o Para conhecer melhor como é o brincar da criança na brinquedoteca hospitalar e pela carência de estudos dessa natureza, foi elaborada esta pesquisa que teve como objetivos: identificar os brinquedos escolhidos pelas crianças durante o brincar na brinquedoteca hospitalar e conhecer os conteúdos expressos pela criança durante o brincar. MÉTODO Pesquisa transversal, descritiva, de campo, com abordagem mista desenvolvida em um hospital infantil governamental, localizado na Zona Leste do Município de São Paulo. A amostra, por conveniência, foi constituída por 60 crianças que frequentaram a brinquedoteca hospitalar, durante três meses consecutivos e que atenderam aos critérios de inclusão: crianças hospitalizadas em condições de frequentarem a brinquedoteca independente do tempo de hospitalização e patologia cujos pais concordaram que o filho participasse do estudo e que elas mesmas aceitaram participar segundo sua capacidade de escolha. Os dados foram coletados no período de agosto a outubro de 2013, em uma ficha denominada “Registro de Dados”, estruturada em duas partes, uma para o registro de algumas características (idade, sexo e diagnóstico médico) e a outra para o registro dos conteúdos expressos pela criança durante o brincar na brinquedoteca hospitalar. Ficou pré-determinado que a atividade de brincar na brinquedoteca tivesse a duração máxima de 60 minutos por ser um tempo adequado para o registro dessa atividade. Esse período foi baseado nos critérios utilizados na aplicação do brinquedo terapêutico, pela enfermeira, que estabelece o tempo de 15 a 45 minutos de brincadeira da criança. O tempo de brincar de algumas crianças ficou delimitado à motivação/de- 28 sinteresse da própria criança ou interrupção por um profissional da enfermagem. Os dados qualitativos (conteúdos expressos) foram registrados sob a forma de narrativas pela pesquisadora, e submetidos à análise de conteúdo de Bardin16 O Projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Guarulhos sob o Parecer nº 318.102. RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS A maioria das crianças era do sexo feminino (53,0%) e com idade entre três e seis anos de idade (66,0%). Dos brinquedos escolhidos pelas crianças 19% estavam relacionados com as atividades hospitalares (estetoscópios, seringas, termômetros, otoscópio), 15% com jogos de quebra cabeça, 8% com utensílios de cozinha. As situações apresentadas pelas crianças durante o brincar na brinquedoteca foram: 17% sobre situação doméstica; 22% situação hospitalar; 20% situação hospitalar e doméstica; 28% recreação, 3% situação hospitalar e recreação e 10% não brincaram. A análise cuidadosa das narrativas que constituíram o corpus deste estudo sobre os conteúdos expressos pelas crianças durante a brincadeira, permitiu identificar seis categorias: Vivenciando a rotina do cotidiano habitual; Necessitando do convívio com proteção dos pais; convivendo com os sintomas da doença; Necessitando realizar procedimentos; Percebendo os benefícios do tratamento e da hospitalização e Convivendo com o sentimento da morte, as quais são descritas logo a seguir. CATEGORIA 1 - VIVENCIANDO A ROTINA DO COTIDIANO HABITUAL Nesta categoria fica evidente que a criança ao brincar de fazde-conta, pode vivenciar a sua rotina doméstica e fazer um elo entre a casa e o hospital. “Pegou o ferro e disse para que iria passar roupas; em seguida foi para o fogão dizendo que iria fazer bastante comida e que iria abrir um restaurante onde teria bastante comida”. (C3) “Lavou louça; fez comidinha, comentou que a geladeira estava cheia de comida” (C4). “Entrou na casinha fez suco de pera, mexendo a fruta com a colher dentro da panelinha; serviu suco de pera com limão para a pesquisadora e para outra criança. Lavou a laranja e também a ofereceu para a criança, fez sopa e ofereceu para a boneca”. (C43) “Decidiu brincar de fazer compras no mercado, comprou frutas, legumes, utensílios de cozinha e passou-os pela esteira rolante”. (C52) REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71 Lima, J. de; Sabates, A. L. As crianças brincam com conteúdos que normalmente representam o ambiente em que vivem, trazendo para a brincadeira, contextos do seu cotidiano. Assim o brinquedo proporciona à criança o jogo faz-de-conta, no qual a criança representa papéis. Ao brincar com objetos como: panelinhas, fogão, ferro de passar e outros ela interioriza aquilo que vivencia no seu dia-a-dia em casa com a sua mae17. É no jogo simbólico que as brincadeiras são verdadeiras e se configuram em recriação das experiências vividas18. CATEGORIA 2 - NECESSITANDO DO CONVÍVIO COM PROTEÇÃO DOS PAIS Esta categoria evidencia a necessidade que a criança tem de um continuo relacionamento com os pais e de compartilhar com eles o que faz, uma vez que, a brincadeira é uma forma de se relacionar com eles. “Telefonou para o pai e disse: oi pai, tudo bem? Vou passear de bicicleta, beijo, tchau; fez a boneca Barbie andar de bicicleta dizendo que ela não andava direito porque tinha as pernas compridas”. (C8) “Atendeu telefone e disse: oi mãe, depois te ligo, beijos”. C11) “Pegou a boneca e simulou que ela estava fazendo uma ligação telefônica, dizendo: tá ligando para o pai dela”. (C44) [...]; atendeu ao telefone dizendo: “alô, oi mãe, quê? Oi mãe, quem fala? É a mamãe? Tchau” (C55) Sabe-se que a presença dos pais transmite segurança para a criança, e ajuda diminuir o estresse do processo doloroso e desconhecido da hospitalização. Ela encontra em seus familiares, além da força, a segurança que ela precisa para passar pelo processo da hospitalização. Assim sendo, a presença de um representante da família é fundamental18. O vínculo afetivo constituído entre criança e o cuidador, geralmente a mãe, proporciona conforto, difunde segurança, produz satisfação das funções fisiológicas de alimentação, além do contato pele a pele e olho no olho, tão importante para a promoção do desenvolvimento emocional saudável 19. Um estudo, que objetivou caracterizar a importância da participação dos pais na hospitalização de crianças, a partir da literatura em saúde, constatou que a presença dos pais é uma base de segurança, de forma a permitir à criança, sentimento de confiança, favorecendo a exploração e o reconhecimento do ambiente20. CATEGORIA 3 - CONVIVENDO COM OS SINTOMAS DA DOENÇA Esta categoria evidencia que, na brincadeira, as crianças falam dos seus sintomas com os quais convivem durante o proces- so da doença. “Pegou a boneca e disse que ela teria que tomar injeção porque estava com muita febre” (C 16) “Examinou a boneca, disse que não estava com febre, em seguida teclando no computador, (cadeira) disse que estava pegando os exames dela que haviam dado infecção na urina (C29) “Examinou a boneca, auscultou, aferiu temperatura e disse que o nenê estava com febre e com começo de pneumonia”. (C48) “Depois disse que iria examinar outra criança afirmando que ela estava com infecção na urina e nos rins” (C51) Monteiro21 ressalta que as crianças percebem que estão doentes quando os sintomas da doença se manifestam. Elas sentem as mudanças que ocorrem em seus corpos, bem como a impossibilidade para realizar atividades rotineiras. Em seu estudo, a autora também percebeu que as crianças tinham um maior conhecimento da doença, por meio dos sintomas que elas apresentavam e que a compreensão infantil sobre a doença é devido à necessidade que a criança tem de entender o que acontece com seu corpo. CATEGORIA 4 - NECESSITANDO REALIZAR PROCEDIMENTOS Esta categoria evidencia o prazer que a criança tem de reproduzir na brincadeira os procedimentos hospitalares que causam dor e dos quais tem tanto medo, para dominá-los e enfrentá-los. Quando a criança assim procede, é promovida a catarse, demonstrando o quanto o brincar na brinquedoteca é terapêutico para a criança. “Disse que iria fazer injeção no bumbum dela e que não doeria nada”. (C24) “Pegou o estetoscópio, pegou a boneca dizendo que era filha dela e que estava vomitando muito e que iria medicá-la. Disse que iria aplicar injeção no bumbum pra ela parar de vomitar”. (C32) “Auscultou, olhou boca e ouvidos, palpou abdome, verificou a temperatura e disse que o soro é que estava causando a infecção, e que ela teria que ser internada porque era uma infecção grave; deu remédio na boca da boneca e disse que era para febre”. (C29) “Pegou o estetoscópio e auscultou o abdome do pai. Auscultou o tórax e abdome da boneca, aplicou REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71 29 O brincar da criança hospitalizada na brinquedoteca hospitalar injeção no bumbum dela, dizendo que era para dor nas costas. Aplicou injeção EV várias vezes nos dois braços da boneca. Aferiu a temperatura e disse que ela não estava com febre”. (C42) “Examinou a boneca, auscultou, aferiu temperatura; falou que iria dar remédio, mas que era só na boquinha e que ela não daria injeção no nenê”. (C48) “A criança pegou a seringa e, correndo de um brinquedo para outro, voltava até a mesinha onde estava a boneca e lhe aplicava uma injeção no bumbum, (aplicou injeção na boneca por seis vezes)”. (C34) “Criança pegou a boneca e aplicou três injeções no bumbum, sequencialmente“. (C45). “Aferiu a temperatura da boneca e disse que ela estava com 38°C de febre, e que precisaria tomar dipirona, e a criança deu a medicação na boca da boneca com a seringa. Depois auscultou o coração por um bom tempo, disse que o nenê tinha virose e que precisaria internar por causa da febre, e que também precisaria ficar no soro. Aferiu a temperatura novamente e disse que agora a boneca estava com 23°C, e que precisava tomar dipirona de novo, mas que agora seria na veia. Aplicou a injeção na veia da boneca”. (C52) “Disse que estava com tosse e que precisava internar porque ela estava muito doente, com água no peitinho e que precisava tirar, mas que ele não deixaria doer porque iria tirar a água pelo braço; pegou a seringa e simulou tirar água do braço da boneca”. (C54) O simbolismo expresso na brincadeira de faz-de-conta contém uma carga emocional profunda e representativa de conteúdos e mecanismos inconscientes que prevê e combate o estresse da hospitalização, assim como resgata mecanismos saudáveis de autorecuperação, em seus aspectos físicos e psicológicos e auxilia a criança na expressão de seus desejos e fantasias22. O brincar no ambiente hospitalar dá à criança a possibilidade de expressar seus sentimentos, de lidar com as adversidades e de readquirir a autoconfiança à medida que favorece a criação e a concretização de algo realizado por ela 23. Quando brinca a criança transforma em ativo o que sofreu passivamente. Nesse aspecto, o brinquedo tem função auto curativa, uma vez que auxilia a criança na elaboração de seus conflitos24. Quando a criança simboliza uma situação hospitalar (procedimentos, exames, cirurgias etc.) a função catártica do brinquedo ajuda a criança a lidar com essa realidade que além de proporcio- 30 nar alívio da ansiedade, gerada por essa experiência, favorece a mudança de comportamentos25. Neste sentido, o presente estudo mostrou que brincar na brinquedoteca hospitalar atende os objetivos definidos por Cunha26, entre eles o de preparar a criança para o enfrentamento de novas situações por meio de atividades lúdicas. CATEGORIA 5 - PERCEBENDO OS BENEFICIOS DO TRATAMENTO E DA HOSPITALIZAÇAO Esta categoria evidencia que a criança ao brincar percebe a necessidade dos procedimentos, da hospitalização e do tratamento para a melhora, cura da doença e alta hospitalar. Mostra também a familiaridade da criança com a situação da doença e do tratamento. “Examinou a boneca, auscultou, examinou boca e ouvidos; aplicou injeção no bumbum e na veia, dizendo que era para sarar o dodói na barriga” (C49) “Disse que a bebê estava com febre alta e que iria escutar o coração dela” ... Falou que bebê iria melhorar, que ela daria remédio para ela e, que não ficaria internada, que iria para casa”. (C11) “Disse que a boneca estava com bastante catarro e dodói no peito, que precisava internar para ela sarar. Disse que ela teria que tomar injeção no bumbum, mas que seria só uma e que não doeria”. (C53) “Depois examinou a boneca e disse que ela estava doente, com dor de barriga, e que iria fazer injeção na veia dela para ela sarar”. (C40) “A criança ficou admirada e disse que o nenê já havia melhorado, mas que precisava tomar remédio na boquinha”. (C 47) “Examinou a boca e ouvidos, auscultou e disse que ela estava com dor de cabeça e que precisaria tomar remédio e injeção na veia. Após fazer a injeção na veia ela disse que a boneca já havia sarado e que poderia ir embora”. (C56) “Ausculta a boneca e diz que ela precisava ficar internada porque estava com uma manchinha no pulmão igual a ela”. (C 57) “Pegou a boneca no colo e lhe deu medicação na boca com a seringa (“é pra nenê melhorar; disse vou aplica injeção na barriga dela, não vai doer nada e você vai ficar boa”. (C11) O brincar permite à criança, uma melhor compreensão sobre as situações e os procedimentos pelos quais passará, de modo REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71 Lima, J. de; Sabates, A. L. a propiciar tranquilidade, segurança e adesão ao tratamento27. Neste sentido a brincadeira durante a hospitalização promove o movimento entre mundo real e imaginário transpondo as barreiras do adoecimento, além de promover diversão, relaxamento, aliviar a tensão e possibilitar a criança expressar suas percepções, emoções, sentimentos e preocupações em relação à experiência de hospitalização 28. CATEGORIA 6 - CONVIVENDO COM O SENTIMENTO DA MORTE Esta categoria demonstra que a criança pode conviver com sentimento de morte em situação de doença e hospitalização. Assim sendo, a morte (simbólica) emergiu nas brincadeiras das crianças, conforme as narrativas que se segue: “Pegou a boneca e simulou que a mesma estava fazendo uma ligação telefônica, dizendo que ela estava ligando para o pai dela, porque a mãe dela (da boneca) havia morrido. Perguntei: morreu do que? Ela me respondeu: “morreu de urso” (C44) domésticos e entender melhor o que esta acontecendo com ela e o brincar uma ferramenta importante para a criança lidar e expressar o que ela entende sobre sua doença e hospitalização. Os resultados deste estudo apontam a necessidade das enfermeiras incluírem nas ações de enfermagem, o brincar, a fim de permitir que a criança vivencie o seu cotidiano hospitalar pois ao lidar com a doença, exames e tratamentos por meio do lúdico pode minimizar os efeitos deletérios da hospitalização. Acredita-se que isto seja possível uma vez que a brinquedoteca hospitalar é hoje, uma realidade dentro da maioria dos hospitais e ambulatórios de atendimento à criança e sua família, facilitando à enfermeira, a inclusão da prática da brincadeira nos cuidados de enfermagem. A pesquisadora reconhece a necessidade de outros estudos para aprofundar e ampliar o conhecimento da importância do brincar da criança na brinquedoteca hospitalar. REFERÊNCIAS 1. Winnicott DW. 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Brinquedoteca hospitalar: uma realidade de humanização para atender crianças hospitalizadas: IX Congresso Nacional de Educação- EDUCERE- III Encontro Sul Brasileiro de Psicopedagogia; 26 a 29 de outubro de 2009- PUCPR. 5. Mitre RMA, Gomes R. A perspectiva dos profissionais de saúde sobre a promoção do brincar em hospitais. Rev Ciência & Saúde Coletiva [on De acordo com Torres29 a criança já tem uma representação da morte, desde uma etapa muito precoce, que vai evoluindo gradativamente paralelo ao desenvolvimento cognitivo. A hospitalização, por mais simples que seja o seu motivo pode levar a criança a uma experiência negativa, pois pode sofrer com sentimentos de ordem física, moral, espiritual, inclusive, o medo da morte30. Muitas vezes, a criança percebe a hospitalização como um abandono por parte de seus pais, ou como punição pelos seus erros. Dessa forma ela pode apresentar sentimento de medo e fantasias relacionadas à morte gerando muita ansiedade e angústia31. O sentimento de morte na criança, não surge somente quando esta é concreta, mas em diferentes situações ela pode estar associada à vida das crianças, como perdas ou frustrações de expectativas, a mudança de ambiente, a separação dos pais entre outros32. line]. 2007. 12 (5); [acesso em 15 mai. 2013]. Disponível em www.scielosp.org. 6. Freud, S. (1969) Além do princípio do prazer. In: J. Salomão (Org) Edição Standard brasileira e obras completas de Sigmund Freud, Vol. 18. Rio de Janeiro: Imago (Original publicado em 1926). 7. Erikson EH. Infância e Sociedade. 2ª ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores; 1976. 8. Cañeq H. Juego y vida. Buenos Aires: Atheneo; 1993. 9. Castro ADRV. Validação de conteúdo de sítio virtual sobre o uso do brinquedo na enfermagem pediátrica [tese de doutorado]. São Paulo: Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo; 2010. 10. Almeida MA, Souza TT. A importância do brincar para crianças hospitalizadas: um estudo de caso. [trabalho de conclusão de curso]. 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[on line]. 2007 [acesso em 10 mar. 2013]. Disponível em www.pucpr.br/even- periência. Estudos de Psicologia [on line]. 2003 [acesso em 25 mar. 2014]; 8 (1): Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/epsic/v8n1/17250.pdf. 24. Erikson EH. Infância e Sociedade. 2ª ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores; 1976. 25. Freud S. (1969) Além do princípio do prazer. In: J. Salomão (Org) Edição tos/2007/anais. 15. Potasz C. Estudo realizado com crianças e adolescentes no Hospital Darcy Vargas, no primeiro semestre de 2005 [on line]. [acesso em 10 mar. Standard brasileira e obras completas de Sigmund Freud, Vol. 18. Rio de Janeiro: Imago (Original publicado em 1926). 26. Cunha NSH. Brinquedoteca: definição, histórico no Brasil e no mundo, 2013]. Disponível em www.cremesp.org.br. 16. Bardin L. Análise de conteúdo: tradução de Luís Antero Reto, Augusto In Friedmann A et al. O direito de brincar, 4ª ed. São Paulo: Edições Sociais-Abrinq; 1998, p.39. Pinheiro. São Paulo: Edições 70; 2011. 17. Kishimoto TM. Jogos infantis. O jogo, a criança e a educação. 17. ed. 27. Lemos LMD, Pereira WJ, Andrade JS, Andrade ASA. Vamos cuidar com brinquedos? Rev bras enferm. 2010 [on line]. 2010 [acesso em 31 jun. Petrópolis: Vozes, 2012. 18. Assis OZM. O jogo simbólico na teoria de Piaget. In: Mantovani OZA. 2014]. Disponível em http://www.scielo.br/scielo. 28. Frota MA, Gurgel AA, Pinheiros MCD, Martins MC, Tavares TANR. O lúdi- Pró-posições, 1994; 1 (5): 99-107. 19. Falbo BCP et al. Estímulo ao desenvolvimento infantil: produção do conhecimento em enfermagem. Rev Bras Enfem. 2012, (65) 1; Brasília: co como instrumento facilitador na humanização do cuidado de crianças hospitalizadas. Cogitare enferma. 2007 Jan/Mar; 12(1):69-75. 29. Torres W. C. O conceito de morte em diferentes níveis do desenvolvi- 148-54. 20. Brassolatti MM, Veríssimo R.de La Ó M. A presença dos pais e a promoção do desenvolvimento da criança hospitalizada: análise de literatura. Revista da Sociedade Brasileira de Enfermeiros Pediatras. 2013; 1 (13): mento cognitivo: uma abordagem preliminar [dissertação de mestrado]. CPG ISOP/FGV; 1978. 30. Sadala MLA, Antonio ALO. Interagindo com a criança hospitalizada: utilização de técnicas e medidas terapêuticas. Rev Latino-am Enferm. 1995; 37-45. 21. Monteiro LFLM. Vivendo e aprendendo no ambiente hospitalar: percepções de criança sobre a doença. [dissertação de mestrado]. Rio Grande do Norte: Universidade Federal do Rio Grande do Norte; 2007. 22. Oliveira VB. O lúdico na realidade hospitalar. In: Viegas D. Brinquedoteca hospitalar: isto é humanização. Abrinq, 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. Wak; 2007, p.29. 23. Junqueira MFP. A mãe, seu filho hospitalizado e o brincar: um relato de ex- 3 (2): 93-106. 31. Sabates AL et al. Preparo da criança para procedimentos dolorosos: intervenção de enfermagem com brinquedo. O cotidiano da prática de enfermagem pediátrica. São Paulo: Editora Atheneu; 1999. 32. Domingues J. Uma janela para a alma: olhando a morte e a criança. Rev Paul Enferm. 1996; 1/3 (15), p. 66-74. NOTA * Artigo derivado de Dissertação “O brincar da criança na brinquedoteca hospitalar” autoria de Juselda de Lima, defendida no Programa de Mestrado da Universidade Guarulhos em 2014. ** Enfermeira. Mestre em Enfermagem pelo Programa de Mestrado em Enfermagem da Universidade de Guarulhos. E-mail:[email protected]. *** Enfermeira, Doutora Enfermagem Materno Infantil pela Universidade de São Paulo, docente do Programa de Mestrado em enfermagem da Universidade Guarulhos. E-mail: [email protected] 32 REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71 V Congresso Brasileiro de Prevenção e TRATAMENTO DE FERIDAS Feridas e Conflitos I Congresso Brasil I Fórum de Práticas Integrativas II Fórum de Enfermagem em Estética CentroSul - Florianópolis - SC 24 a 27 de novembro de 2015 TRABALHOS CIENTÍFICOS Prazo limite para inscrição de trabalhos: 30 de junho de 2015. PROVA DE TÍTULO Data: 23 de novembro de 2015, de 8h às 12h Local: Centro de Ciências da Saúde (CCS) - Campus Universitário Trindade - Florianópolis - SC ORGANIZAÇÃO Sociedade Brasileira de Enfermagem em Feridas e Estética www.feridas2015.com.br eridas2015.com.br V Congresso Brasileiro de Prevenção e TRATAMENTO DE FERIDAS Feridas e Conflitos I Congresso Brasil I Fórum de Práticas Integrativas II Fórum de Enfermagem em Estética CentroSul - Florianópolis - SC Ÿ 24 a 27 de novembro de 2015 CURSOS PRÉ-CONGRESSO 1 - Utilização de Laser em Feridas - Teórico e Prático 2 - Fotografia e Registro em Feridas e o Uso de Software – Teórico e Prático (levar equipamento no dia curso) 3 - Manejos e Cuidados no Pé Diabético - Teórico e Prático 4 - Úlceras Venosas e aplicabilidade Teórica e Prático das Terapias Compressivas e Inelásticas – Teórico e Prático 5 - Manejos e Cuidados em Estomas, Fistulas e Drenos - Teórico e Prático 6 - Raciocínio Clinico no Tratamento de Feridas – NANDA/NIC/NOC – Teórico e Prático 7 - Manejo de Coberturas para uma Prática Clinica Assistida - Teórico e Prático 8 - Assistência de Enfermagem no Paciente Queimado - Teórico e Prático PROGRAMAÇÃO PRELIMINAR V Congresso Brasileiro de Prevenção e Tratamento de Feridas Ÿ Sistematização da Assistência de Enfermagem em Feridas: Diagnósticos, Intervenções e Resultados. (NANDA/CIPE); Ÿ Nanotecnologia no Tratamento de Feridas; Ÿ Segurança do Paciente e Qualidade da Assistência em Saúde; Ÿ Registro de Evolução de Lesões no Tratamento de Feridas: Implicações para a Pesquisa; Ÿ Politicas Públicas (Autonomia do Enfermeiro na Comissão de Curativos) Ÿ Mandato Judicial referente a Compra de Produtos para Tratamentos de Feridas por Hospitais (Judicialização da Saúde); Ÿ Atuação do Enfermeiro no Banco de Pele; Ÿ Lesões Oncológicas; Ÿ Avanços na Prevenção “Não às Úlceras por Pressão”; Ÿ Úlcera por Pressão: Sua Verdadeira Dimensão; Ÿ Enfermagem Dermatológica: Cenário de Atuação nos Estados Unidos e Brasil; Ÿ Inovações Tecnológicas no Tratamento de Feridas; Ÿ Consensos e “Guidelines”; Ÿ Atenção Básica com Impacto nas Políticas Públicas; Ÿ Cuidados em Paciente Queimados; Ÿ Lesões nos Esportes; Ÿ Procedimentos de Enfermagem X ANS; Ÿ Infecção e Osteomielite; Ÿ Enfermagem e Resiliência; Ÿ Prática em Feridas X Ensino; Ÿ Visão do Mundo em Feridas - EWMA, EPUAP E NPUAP e GNEUAPP - Experiência e Conflitos. www.feridas2015.com.br V Congresso Brasileiro de Prevenção e TRATAMENTO DE FERIDAS Feridas e Conflitos I Congresso Brasil I Fórum de Práticas Integrativas II Fórum de Enfermagem em Estética CentroSul - Florianópolis - SC Ÿ 24 a 27 de novembro de 2015 PROGRAMAÇÃO PRELIMINAR I Fórum de Práticas Integrativas Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ A Visão da SOBENFEe Sobre o Uso da Fitoterapia no Tratamento de Feridas; Alternativas no Tratamento de Feridas pela Medicina Antroposófica; Anti-homotóxica e Apiterapia; Fitoterapia Aplicada a Cicatrização de Feridas. Dissertação de Mestrado; Influência do Ambiente na Integridade dos Princípios Ativos Trabalho Corporal Bioenergético; O SUS e Utilização de Fitoterapia (programas) no Sul do País - Informações Adicionais Sobre o Termalismo; VISITA AO HORTO MEDICINAL - Município de Florianópolis - Praia de CANAVIEIRAS 1º Congresso DEBRA BRASIL Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Abertura e Apresentação da DEBRA Brasil; O que é EB - Definição e Classificação; Exames Diagnósticos; Complicações Dermatológicas de EB; Complicações Clinicas de EB; Manejo cirúrgico; Conduta para o Pediatra: Cuidados Gerais no Primeiro Atendimento: Cirurgia de Mão; Terapia Hiperbárica - Quando Indicar; Genética: Aspecto Clínico; Genética: Novas Perspectivas; Cuidados Gerais de Enfermagem; Uso de Derivados de Petrolatum: Experiência Prática e Revisão de Literatura; Curativos Especiais - Quando e Como Indicar; Manejo Odontológico em EB: Cuidados e Desafios; Nutrição: Orientações Gerais no Tratamento na Epidermólise Bolhosa; Nutrição: Principais Manifestações Clínicas que Afetam o Consumo Alimentar, Avaliação das Curvas de Crescimento e Adequação do Consumo Alimentar Habitual de Alimentação aos Portadores de Epidermólise Bolhosa de 19 Anos de Idade; Dilatação Esofágica: Dr Roberto Zilio (Experiência do Gastro); Apoio Psicológico Familiar e Paciente; Fisioterapia Funcional e Motora - Reabilitação; Cadastro Nacional de EB; Papel da DEBRA no Brasil e no Mundo V Congresso Brasileiro de Prevenção e TRATAMENTO DE FERIDAS Feridas e Conflitos I Congresso Brasil I Fórum de Práticas Integrativas II Fórum de Enfermagem em Estética CentroSul - Florianópolis - SC Ÿ 24 a 27 de novembro de 2015 PROGRAMAÇÃO PRELIMINAR II Fórum de Enfermagem e Estética Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ O Papel Legal e Técnico do Enfermeiro na Área da Estética -Debate Sobre o Cursos de Formação em Estética (Nível Pós – graduação – Locais, Carga Horária, Conteúdo, Exigências para Matrícula, Professores, Prática Aplicada, Coordenação Técnica); Visão da Sociedade de Dermatologia Médica Sobre o Profissional Enfermeiro em Estética; Aspectos Legais e Competências do Enfermeiro na Área da Estética (Atribuições por Área); Criação da Comissão Técnica-legal, Ligada a SOBENFeE INSCRIÇÕES Aproveite os valores promocionais e efetue sua inscrição com a opção de pagamento em até 3x sem juros no cartão de crédito. SECRETARIA EXECUTIVA [email protected] (21) 2286-2846 www.feridas2015.com.br REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 71 37