UM OLHAR SOBRE A EDUCAÇÃO NA COLÔNIA: OS VIAJANTES
ESTRANGEIROS
ANA PAULA SECO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
RESUMO: O presente trabalho constitui-se de um breve estudo de como os livros
de viagem, deixados por viajantes estrangeiros que estiveram no Brasil, tornaramse testemunho fundamental e critério de legitimidade para a construção de
interpretações sobre o país. Tais obras expressaram o modo como seus autores
observaram, interpretaram e registraram os diferentes aspectos da sociedade
brasileira, em especial a educação, em diferentes períodos de nossa história,
principalmente, entre os séculos XVI e XVII. A educação é aqui entendida tanto no
seu sentido mais restrito, como meio de adquirir formação e desenvolvimento
físico, intelectual e moral, de instrução e ensino, como num sentido mais
abrangente, enquanto conhecimento e observação dos costumes, da vida social,
civilidade, delicadeza, polidez, cortesia, cultura, socialização e sociabilidade.
Consideramos como viajantes os estrangeiros que, pelos mais diferentes motivos,
estiveram envolvidos numa viagem e como livros de viagens “todos os relatos que
deram à Europa uma visão do ‘Novo Mundo’ através de uma experiência própria”,
informações estas proporcionadas por um deslocamento físico e por um tempo
determinado, ou seja, pelas viagens. Estas promoveram inventários do espaço,
dos costumes e da natureza, que nos permite vê-las como parte do processo de
conquista, colonização e consolidação de paradigmas científicos. A produção
literária construiu representações sobre os nativos, as riquezas naturais e as
terras, construções estas que trazem no seu conteúdo um comprometimento com
uma visão colonialista e etnocêntrica. A literatura de viagem dos séculos XVI e
XVII constitui documentação preciosa calcada no imaginário da sociedade
européia, desde o fim do período medieval até o Renascimento, na história da
descoberta do Brasil e na fase inicial de sua colonização. O país foi retratado por
viajantes estrangeiros que aqui aportavam com seus interesses comerciais,
científicos e colonialistas, amalgamando motivações teológicas, morais e
estéticas, que ficaram expressas em seus textos e imagens, umas mais outras
menos coerentes com a realidade, mas todas importantes devido ao seu caráter
informativo, pelas diferenças e diversidade de aspectos observados e registrados.
A educação ou a falta dela também foi um fator analisado pelo olhar do
estrangeiro que possuía uma cultura diferente da que ainda estava se formando
no Brasil. Ao se propor uma exposição acerca da presente temática, uma
discussão quanto às contribuições para a história da educação brasileira, se faz
necessário uma demarcação mais precisa. Sendo assim, selecionamos alguns
autores para este trabalho: Hans Staden, Pero Magalhães Gandavo, Fernão
Cardim, José de Anchieta, Jean Lery e Calude d’Abbeville. A fim de ilustrar o que
se pode encontrar em tais fontes, expomos apenas alguns dos muitos fragmentos
encontrados nos livros de viagens que tratam da situação da educação no Brasil.
O que é válido nessa obras são as idéias nelas contidas, que refletem a educação
e/ou instrução numa determinada época, em diferentes regiões do Brasil.
Ademais, consideramos que os trechos apresentados possibilitam uma mostra de
como tais fontes podem ser úteis para pesquisas na área da História da
Educação.
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Ana Paula Seco