UnB – Universidade de Brasília Projeto Metropolização e Megaeventos: os impactos da Copa do Mundo 2014 e das Olimpíadas 2016 Relatório Parcial Brasília – Abril de 2012 Coordenador: Prof. Rômulo José da Costa Ribeiro Sumário 1. Desenvolvimento Econômico..................................................................3 1.5. Setores econômicos........................................................................18 1.6. Empresas envolvidas......................................................................22 1.7. Empregos........................................................................................ 28 1.8. Parcerias entre o setor público e o setor privado............................36 1.9. Setor Informal................................................................................. 43 1.10 - Setor turístico.............................................................................. 47 2. Equipamentos e Serviços Urbanos e Sociais.........................................57 2.1 - Acessos ao esporte e ao lazer........................................................57 2.2 - Acessos à saúde e educação.........................................................64 2.3 - Acesso à segurança.......................................................................68 2.4 - Acesso aos Jogos da Copa do Mundo e das Olimpíadas.................71 3. Moradia e Dinâmica Urbana e Ambiental..............................................76 3.1 – Moradia......................................................................................... 76 3.3 - Meio Ambiente............................................................................... 79 3.4 - Equipamentos e serviços urbanos.................................................86 3.5 - Política de urbanização e regularização fundiária de favelas e assentamentos precários.......................................................................91 3.6 - Dinâmica imobiliária......................................................................95 3.7 - Acesso à mobilidade....................................................................100 As licenças para a ampliação Sul do TPS, Sistema de Pátios (instalação) foram liberadas. Foi solicitada uma licença prévia em 30/04/2009 e estão aguardando a conclusão do estudo ambiental. O órgão expedidor foi o IBRAM..........................................................112 3.8 - Configuração socioespacial..........................................................119 4. Governança Urbana e Metropolitana...................................................127 1 4.1 - Arenas decisórias.........................................................................127 4.4 - Legislação Urbana........................................................................131 2 1. Desenvolvimento Econômico Impactos econômicos sobre as metrópoles sob o ponto de vista da integração social e da justiça social. Busca-se identificar os setores e os agentes que estão sendo beneficiados pelas intervenções, bem como os setores e agentes que sofrem efeitos negativos decorrentes das mesmas. 1.1. Orçamento da Copa e das Olimpíadas Identificar os custos previstos nos projetos da Copa e das Olimpíadas, observando (i) aqueles decorrentes das exigências de investimentos dos organismos internacionais, e sua composição (setor público e setor privado), bem como os custos efetivamente realizados no decorrer da intervenção; (ii) aqueles previstos para os demais projetos complementares, identificando o tipo de investimento e a sua composição (setor público, setor privado) bem como os custos efetivamente realizados no decorrer da intervenção. Introdução A Copa do Mundo de 2014 vai gerar 539 oportunidades de negócios no Distrito Federal. Com isso, a expectativa é que sejam criadas 2.695 micro e pequenas empresas, e gerados 8.805 empregos diretos. Os números fazem parte do Mapa de Oportunidades para as Micro e Pequenas Empresas. O levantamento foi feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) . O mapa aponta como principais setores a serem beneficiados os de construção civil, de tecnologia da informação, de madeira, de móveis, têxtil, de vestuário, de turismo, da produção associada ao turismo, do comércio varejista, do agronegócio e de serviços. De acordo com o Sebrae, só o setor ligado ao turismo deverá apresentar 88 oportunidades de negócios. O de tecnologia da informação deve ter 86 oportunidades. Segundo cálculos feitos GDF, um estrangeiro gasta em média 500 dólares por dia em viagem à capital federal. Como serão 15 mil jornalistas para cobrir o evento durante aproximadamente 60 dias, considerando também um mês antes do evento, o governo do Distrito Federal acredita que cerca de 1 bilhão de dólares serão injetados na economia do Distrito Federal. Orçamentos Como fomento para que este quadro possa ser efetivado torna-se necessário a elaboração de uma série de investimentos em infraestrutura aeroportuária, nos setores 3 viários e de transporte, nos serviços de atendimento ao público, em especial estrangeiros, nos serviços de hotelaria e um grande investimento na arena para os jogos e solenidades do evento da Copa do Mundo de Futebol. Para tanto uma série de obras deverão ser executadas, sendo que as principais obras previstas para a capital do país são: - Reforma do Estádio Mané Garrincha; - Ampliação do aeroporto; - Mobilidade Urbana; - Setor Hoteleiro. - A Reforma do Estádio Mané Garrincha; Segundo o Governo do Distrito Federal, o projeto de reforma do Estádio Mané Garrincha prevê uma cobertura em estrutura metálica, reforma das arquibancadas, eliminação da pista de atletismo, rebaixamento do gramado em quatro metros e estacionamentos no subsolo. Com a obra, a previsão é de que a capacidade da arena seja expandida de 45 mil para 71 mil espectadores. O estádio, localizado na área central de Brasília, fica a 15,7 quilômetros do Aeroporto Internacional Presidente Juscelino Kubitschek. Investimentos - A Ampliação do aeroporto; Segundo o Ministério do Esporte, o Aeroporto Internacional de Brasília (Presidente Juscelino Kubitschek) passará por reformas para atender à Copa de 2014. 4 Consta nesse projeto a construção do Módulo Operacional Provisório – MOP, que vai atender a demanda de passageiros com salas de embarque e desembarque temporárias enquanto são realizadas obras de reforma e ampliação do terminal de passageiros do aeroporto. Este projeto foi adicionado via Termo Aditivo à Matriz de Responsabilidades em 19 de julho de 2010, celebrado entre o Ministério do Esporte e o Governo do Distrito Federal. -Mobilidade Urbana; Entre os projetos da Copa de 2014, são os de mobilidade urbana que chamam menos atenção. Talvez por isso sejam também os mais emperrados. Das 50 obras listadas como prioritárias para melhorar o deslocamento da população e de torcedores nas cidades-sede, que chegam a R$ 11,8 bilhões, apenas duas começaram. Levantamento do governo federal calcula que 58% dos projetos de monotrilhos, Veículos Leves Sobre Trilhos (VLT), Bus Rapid Transit (BRT) e vias expressas tiveram atraso no cronograma. Isso levou a presidente Dilma Rousseff a dizer que, se as obras não começarem até dezembro, serão rebaixadas do PAC da Copa para o PAC normal, perdendo condições mais favoráveis de financiamento. -Setor Hoteleiro; O setor hoteleiro do Distrito Federal estará preparado para receber com qualidade os turistas que vierem a Brasília para o Mundial de 2014. Essa é a avaliação 5 do secretário nacional de Políticas de Turismo do Ministério do Turismo, Carlos Silva. “O número de leitos cresce de acordo com a demanda mercadológica. Nessa lógica, acredito que Brasília estará preparada tanto em estrutura como em mão de obra qualificada para a Copa do Mundo. Além disso, há um investimento de R$ 1 bilhão do BNDES e um crédito de R$ 800 milhões previstos para o setor”,afirma. Contudo, estes investimentos do setor privado tão somente podem ser estimados e presumidos, sem que na realidade possam ser avaliados de forma consistente, uma vez que mesmo sem o advento da Copa do Mundo de Futebol o setor imobiliário no Distrito Federal já se encontrava aquecido e com um parque construtivo considerado como um dos maiores da América latina. Considerações A soma de dinheiro investida no mundial virá em grande parte do setor público. O governo ainda não consegue trabalhar muito bem com o estabelecimento de parcerias público-privada, sobretudo, na organização de megaeventos. Numa análise mais detalhada dos recursos despendidos para o mundial é possível perceber uma clara falta de planejamento e gestão dos recursos. Para a grande maioria das obras, é disponibilizado um grande valor, entretanto, antes mesmo de ser iniciado o projeto é solicitado mais recursos porque erroneamente não foi incluso no projeto todos os itens necessários para a conclusão do mesmo. A grande questão levantada para todos os empreendimentos construídos é: O que será feito com eles após a copa 2014? – mesmo que no caso específico de Brasília este questionamento seja restrito ao estádio Mané Garrincha, pois os demais investimentos de relevância já se fazem necessários à estrutura metropolitana da Capital. O governo deve trabalhar políticas de incentivo ao turismo para suprir os gastos resultantes do montante aplicado no mundial de 2014. Caso contrário, não só o Distrito Federal, mas todas as cidades sede do mundial serão esquecidas e todo o dinheiro investido não será de fato convertido em benefícios para a população. Devemos ainda levar em conta a seguinte consideração, a aprovação pelo Congresso Nacional da MP 527/11, que torna obscuros os dados relativos aos gastos com as licitações para todas as obras relativas ao mega-evento Copa Mundial de Futebol – 2014 já surte efeitos e muitos dos valores a serem aplicados nestes empreendimentos têm seus números tomados como sigilosos, ferindo os princípios da transparência e da publicidade. 6 1.2. Receita pública Identificar as variações (crescimento ou decrescimento) no nível de arrecadação da receita pública Introdução A Copa do Mundo de Futebol, prevista para ocorrer no Brasil em 2014 é um dos maiores eventos internacionais. O Brasil escolhido como país sede do mundial, está remodelando suas cidades com vistas a atender as exigências internacionais. De acordo com Domingues et. al. (2010) a Copa do Mundo de 2014 (Copa2014) representa outro grande evento esportivo programado para o Brasil. Na sua preparação, uma série de obras de infraestrutura, reformas e construção de estádios estão sendo programadas. Em meados de 2009, as 12 cidades-sede da Copa, que abrigarão jogos da competição, foram escolhidas: Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Brasília (DF), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Manaus (AM), Natal (RN), Recife (PE) e Salvador (BA). Além das 12 cidades escolhidas, participaram da disputa Rio Branco (AC), Belém (PA), Maceió (AL), Goiânia (GO), Florianópolis (SC) e Campo Grande (MS). Em Brasília algumas modificações estão feitas, e nesse trabalho serão analisadas sob o ponto de vista do impacto sobre a economia local, mais especificamente no valor das obras e na arrecadação de impostos. A copa do mundo de 2014 revela a necessidade de grandes investimentos para que os eventos previstos ocorram. Nesse contexto, são previstos na Capital Federal a construção de diversas obras, que estão em andamento ou em fase de implementação como a reforma do Mané Garrincha e a construção do Veículo Leve Sobre Trilhos. Estes investimentos econômicos nas cidades-sede, mais especificadamente na Capital Federal melhoram sua infraestrutura e qualidade de vida das pessoas. Indiretamente e diretamente há a geração de empregos, fomento do comércio e hotelaria. E o acréscimo do PIB de cerca de 1,2%. Um outro aspecto de grande importância é a isenção de impostos para a FIFA, de acordo com a Lei 12.350 que dispõe sobre as diretrizes da isenção para a organizadora do Evento (FIFA) do pagamento de diversos impostos a nível nacional. Para o país o lucro mais importante não fica restrito a área financeira e sim na visibilidade para o cenário internacional. Os organizadores geralmente alegam que eventos como a Copa do Mundo geram estímulos para os negócios domésticos (e.g. restaurantes, hotéis e outros negócios) e, portanto, benefícios econômicos maiores que os custos (Nolle Zimbalist, 1997). Sendo assim, é muito difícil estimar os gastos e 7 arrecadações pelo país sede de um Megaevento como a Copa de 2014, visto que nem sempre a parte governamental disponibiliza para a população os dados gerados para não causar eventuais críticas ao governo ou a realização do megaevento no país. O presente trabalho tem por objetivo analisar os dados de arrecadação dos impostos e investimentos em obras relativas ao megaevento que ocorrerá no Brasil, Copa-2014. Serão utilizadas duas perguntas centrais norteadoras do trabalho: para que setores da economia local irão os investimentos financeiros e qual a importância da Copa-2014 para o Distrito Federal. Desenvolvimento Descrição das Obras Públicas para a Copa de 2014 em Brasília – Investimentos e Cronogramas Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) O veículo leve sobre trilhos nasce com a perspectiva de desafogar o trânsito atual do Distrito Federal e também com a proposto ecológica da redução das emissões de gases poluentes do Efeito Estufa. Segundo o Ministério das cidades esta é uma obra para Brasília-DF, e esta prevista para a melhoria da mobilidade urbana durante a copa de 2014. O primeiro trecho a ser construído é chamado de Linha 1/Trecho 1, este primeiro trecho abrangerá o Aeroporto Juscelino Kubitschek à Estação Sul no Setor policial Sul, com uma extensão de cerca de 6 KM. Este é definido como um trem urbano de passageiros, com menor velocidade e capacidade, porém emite menos poluição do ar e sonora. VLT (obra que ligará o aeroporto até o setor policial sul, 263 milhões do FGTS, a reforma do estádio mané Garrincha, com o custo de 671 milhões, 210 milhões para a remodelação dos canteiros centrais da Estrada parque indústrias gráficas e a estrada do setor policial militar em uma via exclusiva de ônibus. 289 milhões a serem usados para a reforma da avenida samdu, comercial e central em Taguatinga. 8 Investimentos Etapa Investimento (R$ Previsão da Matriz Responsabilidade milhões) de Respons. (R$ pelos Recursos milhões) Contratado Executado Fonte da Última Informação Atualização 1. Projeto Básico 3,00 0,00 0,00 Governo Estadual 31/5/2011 Min. Esporte 2. Desapropriações 0,00 0,00 0,00 Não se aplica 31/5/2011 Min. Esporte 3. Obras (Acesso ao 98,00 Aeroporto) 0,00 0,00 Governo Federal (Financiamento CAIXA) 31/5/2011 Min. Esporte; CEF; Min. Cidades 4. Obras (VLT) 263,00 0,00 0,00 Governo Federal (Financiamento CAIXA) 31/5/2011 Min. Esporte; CEF; Miin. Cidades Valor total: 364,00 0,00 0,00 Cronograma Etapa Início do Projeto Conclusão do Projeto R e s p o n s a b i l i d a d e p e l a E x e c u ç ã o 9 Previsto Realizado Previsto Realizado Jul/08 Jul/08 Out/10 Out/10 Governo Estadual 2. Desapropriações Não se aplica Não se aplica Não se aplica Não se aplica Não se aplica 3. Obras (Acesso ao Nov/10 Aeroporto) - Nov/11 - Governo Estadual 4. Obras (VLT) - Mar/12 - Governo Estadual 1. Projeto Básico Jul/10 Fonte: Portal da Transparência Reforma do Estádio Mané Garrincha O estádio Mané Garrincha, é um dos escolhidos para sediar o evento de 2014, para atender a demanda internacional, este passará por uma reforma a qual elevará sua capacidade de suportar mais pessoas de 45 mil para 71 mil espectadores. Em sua modificação é planejado, segundo do Distrito Federal uma cobertura metálica, a reforma das arquibancadas, a eliminação da pista de atletismo, rebaixamento do gramado em quatro metros, incluindo estacionamentos no subsolo. A distância do estádio do aeroporto é de cerca de 15, 7 Km e o custo da reforma irá valer cerca de 671 milhões. Investimentos F o n t e d a Etapa Previsão da Matriz de Investimento (R$ milhões) Responsabilidade Responsabilidade pelos Recursos (R$ milhões) 1. Projeto Básico 5,30 / Executivo 2. Obras (financiamento) 400,00 Última Atualização I n f o r m a ç ã o Contratado Executado 5,29 5,30 Governo Estadual 31/5/2011 Min. Esporte 0,00 0,00 Governo Federal (Financiamento 31/5/2011 Min. Esporte 10 BNDES) 3. Obras 340,00 671,23 68,69 Valor total: 745,30 676,52 73,99 Governo Estadual 31/5/2011 Cronograma Início do Projeto Conclusão do Projeto Etapa R e s p o n s a b i l i d a d e p e l a E x e c u ç ã o Previsto Realizado Previsto Realizado 1. Projeto Básico / Executivo Concluído Jul/07 Concluído Ago/09 Governo Estadual 2. Obras (financiamento) Mar/10 - Dez/12 - Governo Estadual 3. Obras Mar/10 Jul/10 Dez/12 - Governo Estadual Fonte: Portal da Transparência Aeroporto Juscelino Kubitschek: Construção do Módulo Operacional – MOP O aeroporto JK em sua atual estrutura não comporta a quantidade de passageiros esperados para a Copa, por isto ocorrerá melhorias em suas atual infraestrutura. Uma delas é o Módulo operacional. 11 Min. Esporte Segundo o Ministério do Esporte, esta nova estrutura tem como objetivo atender a demanda de passageiros com salas de embarque e desembarque temporárias enquanto ainda não ampliar os terminais permanentes de embarque e desembarque. 12 Investimentos Previsão da Investimento (R$ milhões) Matriz de Responsabilida Contratado Executado de (R$ Etapa Fonte da Informação Responsabilidade Última pelos Recursos Atualização milhões) 1. Projeto Básico 0,00 0,00 0,00 Governo Federal 13/6/2011 Infraero 2. Obras 4,00 2,98 0,00 Governo Federal 13/6/2011 Infraero Valor total: 4,00 2,98 0,00 Cronograma Responsabilidade pela Execução Início do Projeto Conclusão do Projeto Previsto Realizado Previsto Realizado 1. Projeto Básico dez/11 - fev/12 - Governo Federal 2. Obras ago/12 - jun/13 - Governo Federal Etapa Fonte: Infraero Aeroporto JK: Reforma e Ampliação Sul do Terminal de Passageiros (1ª Fase) Para melhor atender atender seu público gringo, o aeroporto internacional da Brasília, também passará por melhorias na sua saída sul, isto inclui a reforma e expansão deste terminal. A ampliação do sistema do pátio de aviões e do sistema aviário, com a implantação de novas estruturas para complementar o aeroporto. 13 Investimentos F o n t e d a Previsão da Matriz de Investimento (R$ milhões) Responsabilidade Responsabilidade (R$ pelos Recursos milhões) Etapa Contratado Executado Última Atualização I n f o r m a ç ã o 1. Projeto Básico e Executivo 9,70 9,31 2,33 Governo Federal 13/6/2011 Infraero 2. Obras 734,70 4,96 0,00 Governo Federal 13/6/2011 Infraero 14,27 2,33 Valor total: 744,40 Cronograma Etapa Início do Projeto Conclusão do Projeto R e s p o n s a b i l i d a d e p e l 14 a E x e c u ç ã o Previsto Realizado Previsto Realizado 1. Projeto Básico e Executivo fev/09 fev/09 ago/10 - Governo Federal 2. Obras jan/11 - abr/13 - Governo Federal Fonte: Infraero Linha Amarela A construção da linha amarela tem como objetivo ligar o Plano Piloto e Santa Maria. Esta obra é orçada em cerca de R$587 milhões de reais. As maiores bandeiras deste empreendimento é diminuir o tempo de viagem entre estas três cidades e propor conforto para a população beneficiada. Reforma da Avenida Sandu, Comercial e Central Cerca de 289 milhões serão investidos para reformar estas avenidas de Taguatinga. Túnel abaixo do centro de Taguatinga Orçada em 179 milhões para construção deste túnel a qual ligará a EPTG à Avenida Elmo Serejo. Melhorias do metrô A construção de duas estações da Ceilândia, duas em Samambaia e uma na Asa Norte, próximo ao HRAN. Em linhas gerais custará cerca de 700 milhões. 15 Mapa das Obras a serem realizadas para a Copa-2014 no Distrito Federal Fonte: Correio Braziliense 16 Relação Impacto-Investimento nas cidades-sede É observado no gráfico para o caso do Distrito Federal relacionado com os outros estados, que os impactos das cidades-sede são basicamente homogêneos em relação a elevação do PIB, aumento da arrecadação de impostos e queda nas exportações. Há um número relativamente baixo em relação aos demais estados, quanto ao custo de investimentos. Para Domingues et. al. (2010) a queda das exportações e elevação das importações (que no modelo incluem os fluxos regionais e externos) reflete a elevação da atividade econômica nos Estados-sede, que em decorrência dos investimentos da Copa-2014 (fase de implementação especialmente), passam a demandar mais bens e serviços. Essa maior demanda reflete-se em elevação dos preços relativos dos estados e, consequentemente, em queda relativa das exportações. A arrecadação de impostos também será positiva em determinas regiões, dependendo da atividade econômica desenvolvida. Resultados Pode ser observado que a maior parte das obras ainda está em período de realização ou então em período de atraso, custando na maior parte das vezes a mais do que o valor inicialmente estipulado. Os investimentos para a Copa-2014 só foram observados no setor da construção civil (estádio, metrô e ampliação do aeroporto, etc.) e também no setor direto ligado ao turismo (ampliação do Setor Hoteleiro Norte). Não houve investimentos no setor de saúde, alimentação ou alimentício (bares e 17 restaurantes), que deixaram o turista numa situação complicada devido ao acesso aos poucos locais de atendimento médico e de lazer em Brasília, durante o período de realização dos jogos. Também é notória a situação de atraso das obras em todas cidades-sede brasileiras. A falta de planejamento está levando o governo a gastar mais do que o previsto para a conclusão destas obras. Nota-se a falta de esclarecimento para a população da parte orçamentária responsável pela condução das obras da Copa2014, as agências distritais/estaduais estão dificultando o acesso da população aos dados referentes aos gastos das atividades para o mundial. È necessário ressaltar a isenção de imposto sobre serviço (ISS) para FIFA, a isenção foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e está em trâmite para o Senado avaliar a proposta. Os empresários também receberão incentivos, como por exemplo, reduzir ou se isentar de impostos, só terão esse direito as empresas que forem “prestadoras de serviços” ou “parceiras comerciais” da FIFA. A Lei n.° 12.350, de 20/12/2010, foi criada para atender a realização, no Brasil, da Copa das Confederações - FIFA/2013 e a Copa do Mundo – FIFA/2014 concedendo diversos benefícios tributários federais, estaduais e municipais aos empresários. A Copa-2014 trará benefícios para o Distrito Federal, como o aumento do PIB local e o aumento do turismo na região. Esses fatores levam ao desenvolvimento do comércio local e aumentam a economia local, consequentemente. A Copa-2014 servirá para desenvolver a imagem internacional do Brasil, como país de grande importância no cenário mundial atual, o que poderá trazer grandes investimentos para o país. Considerações Existem setores como a saúde e o lazer que merecem maior atenção por parte dos investimentos governamentais para o megaevento. Como dito anteriormente, Brasília não possui infraestrutura hospitalar e alimentícia para atender a demanda do público esperado para a Copa-2014. Deveriam também haver informações disponíveis a população de toda a parte orçamentária do megaevento realizado no Brasil. 1.5. Setores econômicos Identificar o desempenho dos diferentes setores da economia na composição do PIB, verificando aqueles que cresceram sua participação e os que decresceram 18 (atenção especial para os setores da construção civil, do turismo, e do entretenimento, como arte, cultura, etc.). Introdução Nos próximos anos doze cidades brasileiras serão transformadas pela presença de dois megaeventos: a Copa do Mundo de Futebol de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Essas conquistas se devem ao recente sucesso econômico que a economia brasileira experimentou e à inventividade brasileira na área do marketing. As expectativas são de mobilização de mais de 600 novas e milionárias oportunidades de negócios para micro e pequenas empresas nos diferentes setores da economia. Além de o evento criar uma grande oportunidade de celebrar a paixão pelo futebol. O presente trabalho objetivou identificar o desempenho dos diferentes setores da economia na composição do PIB, verificando aqueles que cresceram sua participação e os que decresceram, atentando especialmente, para os setores da construção civil e do turismo. Desenvolvimento O texto descreve o cenário dos efeitos de Megaeventos, Copa do Mundo de Futebol de 2014 e os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro de 2016, na composição do Produto Interno Bruto (PIB) através dos investimentos gerados a fim da realização do evento. O cenário nacional de 2010 foi marcado por um crescimento econômico, com elevação de 7,5%, no PIB, o maior dos últimos 25 anos. Infere-se que o Brasil passou desta fase de instabilidade mundial, pós-crise financeira de 2009, sem aprofundar em recessão. Em 2011, porém, a instabilidade conjuntural internacional, somada à desaceleração da economia brasileira, dificulta qualquer previsão acerca do nível de atividade para os próximos meses. Assim o consumo teve o ritmo reduzido devido à queda da renda real, decorrente da aceleração inflacionária, do reajuste do salário mínimo sem ganho real, de medidas de restrição ao crédito tomadas pelo governo e do aumento da taxa básica de juros. Por entanto os investimentos mantiveram-se o ritmo de crescimento, impulsionados pelos aportes relacionados à Copa do Mundo e pelos Jogos Olímpicos. Somem-se a esses dois importantes eventos a continuidade dos investimentos projetados no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e à confirmação, pelo Ministério da Fazenda, da terceira etapa do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), que irá disponibilizar recursos do BNDES no valor de R$ 75 bilhões na 19 finalidade que as empresas invistam em novas máquinas e equipamentos. Não há dúvidas de que grande parte dos investimentos deverá se localizar no setor de construção civil, fortalecendo infraestrutura. Na indústria, os investimentos serão mais robustos na área de mineração, petróleo (pré-sal) e agronegócio. A expansão do setor de construção também sinaliza o aquecimento da indústria brasileira de construção pesada, com investimentos programados para a realização das obras de infraestrutura de transportes e logística dos eventos. Com grandes investimentos previstos para infraestrutura na área de energia, em estádios e arenas esportivas e aeroportos, em mobilidade urbana, readequação viária e saneamento, o governo e os empresários do setor sinalizam os desafios a serem enfrentados por este segmento: o enfrentamento da precária capacidade de gestão dos investimentos, a gestão empresarial deficiente nos canteiros de obras, a falta de qualificação profissional dos trabalhadores e a regulamentação ambiental. A realização da Copa do Mundo trará importantes melhorias para a população, sobretudo nas cidades-sede dos jogos, não somente nos estádios de futebol, mas também nos aeroportos, portos, rede hoteleira e transportes públicos, que serão preparados para operar com maior eficiência e rapidez. Pelo menos essa é a expectativa gerada em torno deste grande evento internacional e dos investimentos previstos para propiciar a realização dele. Para o Brasil receber a Copa do Mundo, será necessária a realização de obras e empreendimentos nas cidades que sediarão os jogos, com o objetivo de melhorar aspectos relacionados, entre outros, à mobilidade urbana e às instalações de estádios e arenas esportivas. As ações serão desenvolvidas por meio de parceria entre os governos federal, estaduais e municipais e envolverão também clubes de futebol. Já estão previstos mais de R$ 17 bilhões em investimentos, dos quais R$ 11,4 bilhões serão destinados para mobilidade urbana e R$ 5,7 bilhões para os estádios. Os valores e projetos apresentados na Tabela 19 foram retirados do site Portal da Transparência, baseados na Matriz de Responsabilidades, e são atualizados periodicamente mediante inclusão de novas ações. Exemplos de alguns investimentos: • Ceilândia ganha uma Central de Monitoramento e atinge patamar das melhores unidades de policiamento do mundo: A instalação das câmeras obedeceu a um levantamento realizado pela Seção de Planejamento do 8º Batalhão. De acordo com o Administrador da Ceilândia “Agora tenho certeza que teremos uma diminuição no índice de criminalidade. Eu espero oferecer um maior conforto aos moradores da Ceilândia e registrar nessas câmeras só alegria, principalmente durante a Copa”. As câmeras de segurança têm como função primordial a inibição do crime, dando ao 20 possível infrator a certeza de que sua conduta está sendo observada pela polícia. A função secundária das câmeras é auxiliar na repressão, uma vez que possibilitam o acompanhamento em tempo real das áreas sob vigilância. • Setrab inaugura agência do trabalhador da estrutural: Tem com objetivo de amenizar o problema de desemprego em Brasília, a Setrab, juntamente com o Governo do DF, preparou um projeto de qualificação de mão de obra. A iniciativa, chamada de Qualificopa, será voltada para preparar os brasilienses para trabalhar durante eventos como a Copa do Mundo, em 2014. “Precisamos pensar Brasília de maneira estratégica para receber esses eventos. Se conseguirmos superar os gargalos da capacitação profissional, o aumento do emprego será um grande legado que a Copa do Mundo vai deixar para a cidade”, justificou Glauco Rojas. • Copa de 2014, Secretaria de Trabalho abre debate sobre qualificação profissional: Um encontro para debater as estratégias de qualificação profissional no DF visando a Copa de 2014. Para isso, cada convidado fez uma breve apresentação do seu setor, falou sobre as necessidades de mão-de-obra qualificada e apresentou sugestões para os programas de qualificação do governo. • Micro e pequenas empresas do DF terão oportunidades com a Copa: A Copa de 2014 tem o potencial de gerar mais de 600 oportunidades de negócios para as micro e pequenas empresas do Distrito Federal. O número parte de um estudo do Sebrae encomendado à Fundação Getúlio Vargas (FGV) com o objetivo de mapear as possibilidades de negócios trazidas pelo Mundial de futebol. Até o final de agosto, o evento deve percorrer as 12 cidades-sede da Copa para apresentar os resultados regionais da pesquisa da FGV. Os seminários integram o Programa Sebrae 2014, que pretende discutir as oportunidades de negócios geradas pela Copa. Os megaeventos abrem também oportunidades para o crescimento no turismo, com a entrada das delegações e o foco da mídia, sobretudo um aumento no êxodo internacional para o Brasil. O turismo como parte integrante na realização dos eventos, tem como responsabilidade de receber e cuidar dos visitantes, espectadores e membros da organização em âmbito nacional e internacional. Os investimentos e serviços visam à promoção de uma imagem positiva do país, tendo em vista da efetividade do planejamento estratégico e organização da gestão pública com a intenção de maximizar os resultados. A proposta do Ministério do Turismo tem como objetivo de integração entre as cidades sedes dos jogos, com foco nas propostas geradas para o desenvolvimento turístico, que envolve áreas como infraestrutura, integração regional, marketing, qualificação, serviços e sustentabilidade geral do turismo. 21 Resultados De fato, esse tipo de megaevento, por mobilizar muitos setores da economia e gerar empregos, tem sua importância para a sociedade, mas preparar uma sociedade para sediar esse tipo de evento não é nada fácil. Exige a mobilização de uma incontável soma de recursos públicos, incentivando a “desburocratização” e a necessidade de “apressar os procedimentos” de acompanhamento dos gastos com o argumento da pressão dos prazos a serem cumpridos. Desse modo, os mecanismos de controle social sobre o acompanhamento desses gastos ficam muito limitados. De um modo geral, esses eventos rendem votos para alguns, aquecem a economia por alguns tempos, traz lucros para empreiteiras, o negócio de esportes e para empresas do setor turístico, mas pode deixar equipamentos abandonados ou subutilizados, desencadeia especulação imobiliária, exclusão e remoção de muitos que não possuem condições para enfrentarem a alta de preços nos locais que ocupavam anteriormente ou que, muito embora a conta seja paga por todos, atrapalham com sua presença, a realização de obras previstas. A importância do turismo para as cidades não deve ser menosprezada, mas se a pensarmos em função do turista estaríamos cometendo um erro, pois este é um alvo móvel. Considerações É necessário que a sociedade entenda a importância de ir além das encenações mostradas em belas peças publicitárias e procurar se informar, acompanhar os projetos previstos, discuti-los, avaliar o seu real impacto sobre a cidade e sobre a vida de seus habitantes e sua capacidade transformadora para nosso quotidiano. É preciso que toda essa mobilização de recursos seja feita de modo transparente. 1.6. Empresas envolvidas Identificar o perfil das empresas contratadas (por tamanho das empresas – grandes, médias e pequenas) e a eventual recorrência nas contratações das mesmas. Introdução O Brasil, como país em desenvolvimento (PED), sediando os dois eventos internacionais mais importantes no âmbito esportivo, Copa do Mundo de Futebol de 22 2014 e Olimpíadas de 2016, busca mostrar que apesar de suas dificuldades internas, é suficientemente capaz de assumir obrigações grandiosas como tais eventos demandam. Porém, há um contraponto nessa questão. Como já dito, o Brasil é um PED, o que significa dizer que áreas básicas, como saúde, educação e segurança, estão com déficits orçamentário, funcional e de planejamento. Alguns autores, discorrendo sobre os impactos que esses megaeventos provocarão nas cidades brasileiras, defendem que não é aceitável o investimento de bilhões de reais em obras de infraestrutura localizadas apenas em 12 cidades, tendo em vista que todos os cidadãos, em todos os municípios, pagam seus impostos de forma igual e, diga-se de passagem, exorbitante. O que queremos dizer com isso, é que por mais renda, empregos, visibilidade internacional, entre outros, que esses eventos causem, não resolverão as problemáticas existentes no Brasil: a saúde continuará precária, a educação também. O capital, segundo Damo (2011), estará mais uma vez centralizado nas mãos da FIFA, no caso da Copa de 2014, e da COI, no caso das Olimpíadas de 2016. Sem contar que a grande maioria dos empregos gerados desaparecerá após esses megaeventos. Devemos estar atentos, também, aos trâmites de contratação das empresas para a realização das diversas obras exigidas pela FIFA e pela COI para a adequação aos jogos e demais competições. Muitas empresas, com auxílio de integrantes do poder público, tentam conseguir benefícios em relação a outras empresas para vencer licitações ou outros tipos de seleção para projetarem e executarem as obras previstas. Devemos estar atentos ainda ao superfaturamento através dessas obras. Para desvendar algumas dessas tramitações, elencamos algumas empresas contratadas para a realização das obras em Brasília, Distrito Federal. Empresas Contratadas No final do mês de junho foi votado e aprovado o “Regime Diferenciado de Contratações”, que, de acordo com a alegação do aceleramento das obras da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016, prevê a criação da “contratação integrada”, em que a obra é contratada por inteiro e deve ser entregue à administração pública pronta para uso; o projeto básico de orçamento será feito através da entrega, por parte do governo, de apenas um “anteprojeto de engenharia” às empresas licitantes; a administração fará um orçamento interno, mantido em sigilo até o final da licitação; inversão das fases da licitação: primeiro, as empresas oferecem os lances, só quem vencer a licitação é que vai ter que apresentar a documentação da habilitação; entre outras mudanças. Essas mudanças se bem praticadas, poderão ser uma forma de 23 acelerar as obras, porém, há muitas críticas em relação a elas. Uma delas é o sigilo das empresas licitantes e do orçamento das obras. A seguir, listamos algumas das empresas contratadas para a realização das obras em Brasília, Distrito Federal, identificando o porte, a nacionalidade, o tempo de existência, quais obras realizarão e as incidências de contratação dessas em outras obras da Copa 2014. Andrade Gutierrez S. A. Responsável pela construção e operação do Estádio Nacional Mané Garrincha, DF, num consórcio com a empresa Via Engenharia S.A., foi também contratada para as mesmas funções na Arena Amazônia/Estádio Vivaldo Lima, AM, e no Estádio Jornalista Mário Filho, RJ. Na página virtual da empresa estão descritas as características da mesma como “um grupo destacado pela competência e criatividade, na realização de grandes empreendimentos no Brasil e no mundo”. Fundado em Belo Horizonte, hoje, com 63 anos de história, é um dos maiores grupos privados da América Latina, Alstom Brasil Energia e Transporte Ltda Fundada em 1955, a empresa possui sede nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rondônia, com previsão para mais uma na Bahia. Seus produtos e serviços são voltados para geração e transmissão de energia e infraestruturas ferroviárias, assim como soluções de Energia Limpa, como turbinas eólicas, possuindo mais de 5000 funcionários. É fornecedora de equipamentos para as usinas hidrelétricas do Rio Madeira e possui projeto desde 2008 para melhoria no metrô de São Paulo. É considerada líder mundial nos serviços que oferece e possui sede em cerca de 100 países. Para a Copa de 2014, foi contratada para fornecimento da primeira linha de veículo leve sobre trilhos da América Latina a ser construída em Brasília, formando um consócio juntamente com as empresas Via Engenharia S.A., Mendes Junior Trading e Engenharia S.A., Alstom Brasil Energia e Transporte Ltda., Dalcon Engenharia Ltda., Altran TCBR Tecnologia e Consultoria Brasileira S.A. Altran TCBR Tecnologia e Consultoria Brasileira S.A Atuante no cenário nacional possui aproximadamente 18000 funcionários. Presta serviços nas áreas de transporte, infraestrutura, turismo e desenvolvimento urbano e regional, saneamento básico, meio ambiente, recursos hídricos, tecnologia da informação, telecomunicações e indústria automotiva. Vencedora da segunda etapa do processo de licitação para as obras do VLT de Brasília foi acusada de fraude: “Para o Ministério Público (...) tornaram claro o ajuste fraudulento realizado entre as empresas ALTRAN/TCBR TECNOLOGIA E CONSULTORIA BRASILEIRA 24 S/A, DALCON ENGENHARIA LTDA e o METRÔ/DF, para favorecimento privilegiado, em detrimento da livre concorrência.” ATP Engenharia Com sede em Recife e posição no mercado de consultoria há vinte anos, presta consultoria nos setores de petróleo e gás, infraestrutura, logística, urbanização, meio ambiente (recuperação e operação de aterros sanitários), engenharia e energia elétrica. Para a Copa de 2014, possui projeto de reforma e ampliação do Aeroporto Internacional de Brasília. A empresa privada participará depois da realização de reunião com a presidente Dilma Rousseff que permite a realização de obras e serviços nos aeroportos. As empresas privadas ficarão com 51% de participação nas sociedades e a Infraero com 49%. Castro Mello Arquitetos Fundada no ano de 1936 pelo arquiteto Ícaro de Castro Mello. O mesmo foi grande destaque do atletismo do país e introduziu a arquitetura esportiva no Brasil projetando clubes, piscinas, ginásios e estádios. Possui em seu currículo obras no Estádio de Taubaté, Usina Hidrelétrica de Paranapanema e estádio do Santos. Para a Copa de 2014 está envolvido nos projetos de reconstrução do Estádio Jornalista Mário Filho, RJ, e Estádio Nacional Mané Garrincha, DF. No último foram contratados como autores e está previsto aumentar a capacidade para 70 mil pessoas, construção de cobertura, espaço para lojas e rampas para deficientes. Construtora Beter A Construtora Beter durante mais de 50 anos de existência tem como prioridade, segundo nota no endereço eletrônico, a qualidade na execução de suas obras. A empresa sempre executou trabalhos orientando-se pelas normas técnicas brasileiras e internacionais. Como consequência desse padrão, recebeu a Certificação da Fundação Vanzolini de Implementação e Manutenção do Sistema de Qualidade no Sistema de Qualificação de Empresas de Serviços e Obras – SIQ – e também o certificado do Programa Setorial da Qualidade – PSQ – Setor Obras. Está envolvida com as obras no Aeroporto Nacional do Mané Garrincha, em Brasília/DF, porém, suas ações não estão bem definidas tanto no endereço eletrônico da empresa, quanto no site oficial da Copa de 2014. Dalcon Engenharia Ltda Fundada no ano de 1967, possui sede em Curitiba, PR. Presta serviços de engenharia consultiva, nas áreas de Transportes Metroviários, Rodoviários, Urbanos, Ferroviários e Aeroportuários, bem como Saneamento Básico e Meio Ambiente, prestando os serviços de Planejamento, Estudos, Projetos, Gerenciamento e 25 Supervisão de Obras. Em abril de 2011 a empresa e a Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba fecharam contrato para elaboração do projeto de requalificação da Avenida Comendador Franco que liga o aeroporto à rodoferroviária. Foi vencedora juntamente com a Altran TCBR Tecnologia e Consultoria Brasileira S.A da licitação para construção do VLT em Brasília e também acusada de envolvimento em esquema de benefícios ilegais na construção do VLT de Brasília para a Copa de 2014. Etalp - Escritório Técnico Arthur Luiz Pitta Engenheiros Associados A Etalp, responsável pelo projeto estrutural do Estádio Nacional Mané Garrincha, DF, é uma empresa conceituada no quesito de desenvolvimento e elaboração de soluções integradas voltadas à implantação de complexos industriais, praças e conjuntos poliesportivos, institucionais, comerciais, residenciais e paisagísticos, com aplicação de soluções tecnológicas altamente desenvolvidas. Atuante desde 1950, a Etalp “busca soluções técnicas inovadoras e arrojadas no intuito de minimizar os custos e os prazos de execução das obras civis”. Fundação GMP International GmbH architects and engineers A Fundação GMP, juntamente com a Castro Mello Arquitetos, foi a responsável pela arquitetura do Estádio Nacional Mané Garrincha, DF, e também da Arena Amazônia/Estádio Vivaldo Lima, AM. Com sede em Hamburgo, Alemanha, foi criado pelo escritório de arquitetura de Marg and Partners (BPF) em 2007. A Missão da fundação GMP é apoiar a educação de estudantes e diplomados, bem como pesquisa no campo da arquitetura e paisagismo em casa e no exterior. Tal fundação tem uma função bastante social, dando oportunidade a jovens desenvolverem seu talento no ramo da arquitetura. Mendes Junior Trading e Engenharia S.A. Fundada no ano de 1953, atuou em obras de grande porte como Usina Hidrelétrica de Furnas, barragem de Piumhi em Minas Gerais, Ponte Rio-Niterói, Transamazônica, Usina Hidrelétrica de Santa Isabel na cidade de Cochabamba, na Bolívia, rodovias na África e outros. Atua nos ramos de construção rodoviária, ferroviária, metroviária, portuária, hidroelétrica, termoelétrica, petróleo e gás, dutos, saneamento urbano, canais de irrigação e manutenção industrial. Participante do consórcio (construção do VLT de Brasília) investigado pelo MP apresentou recurso junto ao TJDFT e espera o resultado. Reobote Serviços e Eventos e Turismo LTDA 26 A Reobote localiza-se em Goiânia, GO, e foi a empresa vencedora da licitação para a construção do hotel a 560 metros do Aeroporto JK, DF. O objetivo da construção de tal hotel, segundo a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária Infraero, é oferecer hospedagem para passageiros em trânsito por Brasília. Esta empresa não está relacionada em site algum de divulgação de obras da Copa 2014, nem listada na página de licitações da Infraero, obtivemos essas informações através do contato com integrantes da coordenação de licitação da Infraero. Schlaich, Bergermann & Partner A Schlaich, Bergermann & Partner está responsável pelo projeto de cobertura do Estádio Nacional Mané Garrincha, DF, pela estrutura e cobertura da Arena Amazônia/Estádio Vivaldo Lima, AM, e pelo projeto executivo da cobertura do Estádio Jornalista Mário Filho, RJ. É uma empresa alemã com filiais nas cidades Stuttgart e Berlin, e em outros países em New York, EUA, e em São Paulo, BR. A empresa não divulgou em sua página eletrônica informações sobre a instituição. Steer Davies & Gleave A empresa em questão foi contratada para realizar a análise do fluxo de multidões e a revisão dos acessos e circulação de pessoas no Estádio Nacional Mané Garrincha, DF. Há 30 anos investe em técnicas de planejamento de transporte e desenvolvendo as habilidades do fluxo pessoal interno especializado. Via Engenharia S.A. Responsável pela construção e operação do Estádio Nacional Mané Garrincha, DF, num consórcio com a empresa Andrade Gutierrez S. A. Atuante há 30 anos no setor de Construção Civil e Mídia Especializada, é a maior empresa de engenharia do Centro-Oeste e atualmente é considerada uma das mais importantes e eficientes construtoras em atividade no Brasil. Considerações Como já dito, está em tramitação no Senado Federal está um projeto de lei que aprova tanto a isenção fiscal às empresas ligadas à organização da Copa do Mundo de 2014 quanto o sigilo dos orçamentos das obras. Porém, mesmo que ainda não tenha sido aprovada, parece que não só os orçamentos estão em sigilo, mas qualquer informação sobre a Copa de 2014. Isso vai contra o princípio constitucional da publicidade, onde os administradores públicos exteriorizam a impessoalidade e moralidade dos seus atos praticados. Quanto mais intensa e extensa for a publicidade dada ao ato, maior a 27 garantia da sua legalidade final. O que não acontece no Brasil (Diário de Justiça do DF, pg. 323). Hoje a divulgação de informações concretas é escassa, por isso a dificuldade de encontrar dados e documentos sobre transporte, saúde, obras, e no caso, empresas contratadas para a realização do evento esportivo. Dados não oficiais apontam que para a realização da Copa de 2014 e Olimpíadas de 2016 no Brasil serão investidos de 21,8 a 60 bilhões de reais, dos quais 5,5 bilhões serão destinados aos estádios. Como dito anteriormente, há aqueles contra o evento, com a justificativa que existirão exorbitantes gastos públicos que poderiam ser investidos em setores mais carentes, como saúde e educação. Outros, porém são a favor, apontando que o evento trará investimentos em infraestrutura e desenvolvimento interno. Sendo partidário ou não é importante que exista uma excelente gestão que favoreça a população, ou seja, que todas as obras sejam voltadas para uma boa realização do evento, mas que o objetivo final seja trazer desenvolvimento econômico, social e ambiental. Afinal, o evento se realiza em algumas semanas, mas os benefícios dos investimentos deverão durar por gerações brasileiras. 1.7. Empregos Identificar o desempenho do nível de desemprego e o perfil dos empregos criados (se possível por setor da economia) Desempregos e empregos gerados pelos impactos da Copa do mundo De acordo com o relatório sobre o índice de desemprego, o nível de emprego caiu 6,2% entre abril e maio. Pressionado pelas dispensas no setor da construção civil causado justamente, pela conclusão das obras da Copa, o indicador mostrou que a situação que já era ruim pode piorar. Oficialmente, o índice de desemprego no Brasil é de 6,7 em 2010. O percentual foi apurado pelo departamento de estatísticas do governo no primeiro trimestre deste ano e consolidou a tendência de alta verificada desde o último trimestre de 2008. Naquele período, antes da crise econômica mundial chegar ao país, o desemprego atingia 21,9% da população economicamente ativa. A presidente da república, entretanto, espera índices ainda mais altos para os próximos meses. Em comunicado à imprensa, ela afirmou que trabalhadores de baixo nível educacional estarão entre os mais afetados pelas demissões. 28 Para a consultora Gillian Saunders, da Grant Thornton, contratada pela Fifa, a influência da Copa no mercado de trabalho brasileiro ainda é positivo. Segundo a empresa, sem o evento, os índices de desemprego poderiam ser ainda maiores. Um relatório produzido pela empresa mostra que 174 mil postos de trabalho foram mantidos no Brasil devido ao Mundial. Ela destaca também o papel estratégico do evento para a formação da mão deobra brasileira. “Trabalhadores foram treinados e educados para o Mundial”, diz ela. “Estarão mais preparados para conseguir um emprego depois da Copa.” A segurança temporária Siphathisiwe espera mesmo que sua experiência profissional durante o Mundial conte depois do torneio. Isso porque, para ela, o fim da Copa será o início da procura por um novo emprego. “Vou ter que procurar um novo trabalho”, prevê ela. “Qualquer emprego serve”. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) estima que o custo de construção e remodelação dos estádios custará mais de R$ 1,9 bilhão. Além das construções e reformas de estádios, haverá ainda mais alguns milhões gastos em infraestrutura básica para deixar o país pronto para sediar o evento, o que poderá ocasionar mais desempregos ainda. Quando informado sobre a decisão de sediar o torneio, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, disse: "Nós somos uma nação civilizada, uma nação que está passando por uma fase excelente e temos tudo preparado para receber adequadamente a honra de organizar uma excelente Copa do Mundo." Teixeira estava na sede da FIFA, em Zurique, quando fez o anúncio. “Nos próximos anos teremos um fluxo consistente de investimentos. A Copa de 2014 permitirá ao Brasil ter uma infraestrutura moderna”, disse Teixeira. “Em termos sociais será muito benéfico. Nosso objetivo é tornar o Brasil mais visível nas arenas globais”, acrescentou. “A Copa do Mundo vai muito além de um mero evento esportivo. Vai ser uma ferramenta interessante para promover uma transformação social.” Em setembro de 2008, o Ministro de Transportes do Brasil anunciou o um trem de alta velocidade no Brasil, um projeto para a Copa do Mundo que faria a ligação entre as cidades de Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro. O projeto custaria R$ 11 bilhões, a tecnologia para a construção provavelmente será fornecida por empresas da França, Japão, Coreia do Sul ou Alemanha, que irá formar consórcios com empresas de engenharia brasileiras. No entanto, em 2 de julho de 2010, foi anunciado que a linha não é esperada para ser inaugurada antes do final de 2011 Em 31 de agosto de 2009, a agência estadual de gestão dos aeroportos da Infraero divulgou um plano de investimentos de R$ 5,3 bilhões para atualizar os aeroportos de dez cidades sede, aumentando a sua capacidade e o conforto para os centenas de milhares de turistas 29 esperados para a Copa. Uma parcela significativa (55,3%) do dinheiro será gasto reformulando os aeroportos de São Paulo e Rio de Janeiro. O valor de investimento abrange obras a serem realizadas até 2014, poderá gerar empregos temporários, o que por sinal não é muito satisfatório. O anúncio feito pela Infraero veio em resposta às críticas feitas pela Associação Brasileira de Aviação Geral, um grupo de proprietários de aviões particulares, de que os aeroportos do Brasil atualmente não poderiam lidar com o afluxo causado pela Copa do Mundo. O vice-presidente da associação, Adalberto Febeliano, disse a jornalistas que mais de 500.000 fãs de futebol eram esperados, com cada uma tendo entre seis e quatorze voos durante o torneio para chegar aos jogos nas diversas cidades sede. A maioria dos aeroportos do Brasil foi construída antes do fim da Segunda Guerra Mundial e vários estão em ponto de saturação em termos de passageiros, de acordo com a associação. Acrescentou que deve ser possível reformar as instalações “no prazo de três ou quatro anos”, se existir vontade política. A Infraero afirmou em um comunicado: “Na corrida contra o tempo, a Infraero garantirá que os sessenta e sete aeroportos na sua rede estejam em perfeitas condições para receberem com conforto e segurança os passageiros do Brasil e do exterior”. Em maio de 2010, o governo brasileiro alterou a legislação de licitação para permitir maior flexibilidade para a Infraero. O Governo Federal informou em 17 de maio de 2010, que fará uma concessão de incentivos fiscais para a construção e remodelação de estádios para a Copa de 2014. Em nota, o Ministério da Fazenda disse que “a concessão será de isenção fiscal para os estádios da Copa do Mundo, que não terão de pagar Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto de Importação (II) ou contribuições sociais (PIS/COFINS).” Além disso, as 12 cidades que serão sede dos jogos da Copa do Mundo devem ser capazes de conceder a isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre todas as operações envolvendo mercadorias e outros bens para a construção ou remodelação dos estádios. “Condicionais sobre a concessão cumulativa dos benefícios envolvendo Imposto de Importação, IPI e PIS/COFINS, a isenção de ICMS sobre as importações só serão aplicáveis se a mercadoria não tiver um produto similar de produção nacional”, informou em nota, acrescentando que esta decisão deve ser viabilizada através de uma Lei ou Medida Provisória. Em setembro passado, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) abriu uma linha de crédito de R$ 4,8 bilhões para os estádios da Copa do Mundo. Cada cidade anfitriã será capaz de financiar até R$ 400 milhões, ou 75% do projeto, com recursos do Banco. 30 Daqui três anos o Brasil irá sediar a Copa do Mundo e muita obra ainda precisa ser feita. O país vai precisar criar mais de 700 mil vagas de emprego, pois faltam profissionais em várias áreas. Quase 30 bilhões serão gastos para preparar o Brasil para o mundial. Estima-se que o evento vai gerar 332 mil empregos permanentes e 381 mil temporários. Cuiabá A construção civil é o setor que mais causa desempregos. Em Cuiabá, mil pessoas já foram selecionadas para trabalhar na construção da nova Arena Pantanal, ou seja, só irá trabalhar quem tem especialização, mas isso ainda é pouco. Para qualificar toda mão de obra, cursos de capacitação estão sendo oferecidos pelo Governo do Estado e até por empresas que precisam de trabalhadores. Contudo, sobram vagas nos cursos, não têm gente interessada e as vagas precisam ser preenchidas. Belo Horizonte Uma situação bastante parecida acontece em Belo Horizonte, onde serão criadas 22 mil vagas. No Mineirão, estádio que irá receber jogos da Copa, o projeto está na segunda etapa. No momento, 300 operários estão no canteiro. O pico de contratações será no início do ano que vem, com dois mil operários. A demanda atual é por eletricistas, armadores, serventes, carpinteiros, pedreiros, operadores de máquina, motorista para veículos pesados e bombeiros. Fortaleza Esta é uma área onde requer especialização em turismo, Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba são as capitais mais preparadas. Fora desse circuito, o nordeste está precisando de gente. Em todo Ceará, mais de 10 mil pessoas estão fazendo cursos para receber os As camareiras recebem por 30 dias informações sobre postura profissional, como se comunicar com os visitantes e até cultura sobre o estado. Elas também têm aulas práticas e aprendem como deixar tudo pronto e receber hóspedes. Além do curso de camareira, são oferecidas aulas para gerentes, recepcionistas, garçons e cozinheiras. A remuneração do setor varia de um salário mínimo a R$ 3.500. Florianópolis 31 Em Santa Catarina, a área que mais cresce impulsionada pela Copa do Mundo, é a tecnologia da informação. Uma empresa do estado dobrou a taxa de crescimento depois que decidiu focar no mundial. Entretanto, o setor enfrenta um grande desafio: falta mão de obra especializada. Em todo o estado existe mais de duas mil vagas de emprego na área de TI. Em uma empresa visitada pela equipe do Jornal Hoje, são 79 empregos. Para engenheiros desenvolvedores de softwares e gestores de projeto o salário varia de R$ 2 mil a R$ 4 mil. Há vagas também para quem fez curso técnico e estudantes universitários, ou seja, mais uma seletiva eliminatória de emprego. Manaus A perspectiva do Governo do Amazonas é de que a Copa do Mundo possa gerar cerca de 50 mil empregos diretos e 120 mil indiretos no estado, sendo as principais: Infraestrutura e Construção Civil - Arena da Amazônia: 7.493 diretos e 20.005 indiretos - Mobilidade Urbana (Monotrilho): 10.789 diretos e 28.806 indiretos - Mobilidade Urbana (BRT): 3.311 e 8.839 indiretos - Aeroporto: 4.911 diretos e 13.112 indiretos - Porto: 1.341 diretos e 3.580 indiretos - Saneamento (Prosamim): 1.341 diretos e 6.408 indiretos - Centro de Convenções: 450 diretos e 1.202 indiretos - Rede Hotelaria: 2.504 diretos e 6.684 indiretos * Outros Serviços: - Segurança: cinco mil policiais militares - Saúde: 1.089 diretos e 1.568 indiretos - Energia: 3.750 diretos e 5.400 indiretos - Telecomunicações: 4.431 diretos e 6.381 indiretos - Turismo: 3.347 diretos e 12.551 indiretos Todas essas oportunidades só serão possíveis para quem tem alguma especialização, o grande ponto fraco disso é a falta de oportunidade para quem não tem o conhecimento devido, eles deveriam oferecer mais cursos preparatórios, gerar 32 mais oportunidades também para aqueles que são despreparados e isso tudo também irá gerar um grande impacto no setor público, pois serão retirados dos cofres públicos muitas verbas para todo esse financiamento. De cada dez empregos que devem ser gerados em função da Copa do Mundo de 2014, seis estarão em micro e pequenos negócios, segundo estimativa apresentada pelo presidente do Sebrae Nacional, Luiz Barretto, durante o Encontro Sebrae de Negócios-Oportunidades para 2014, realizado em Brasília. Considerando uma estimativa de 700 mil empregos diretos e indiretos em todo o país até 2014, 420 mil estariam no quadro de funcionários de pequenos negócios. Mas, para que essa previsão se concretize, é preciso investir na preparação dos empresários. Esse é o objetivo de uma série de encontros que serão realizados até o dia 30 de agosto. O circuito de 12 seminários integra mais uma etapa do Programa Sebrae 2014, que pretende discutir as oportunidades de negócios geradas por ocasião da Copa do Mundo, identificar os requisitos e estratégias necessários para alcançá-las, além de promover a capacitação dos pequenos empresários. O primeiro encontro foi realizado no Rio de Janeiro e o último será em Manaus. Durante o seminário, que será realizado até o fim do dia, será apresentado o Mapa de Oportunidades para as Micro e Pequenas Empresas do Distrito Federal, que identificou 539 oportunidades de negócios na capital federal. A expectativa, segundo o estudo, é que sejam criados no Distrito Federal 2.695 novas empresas e gerados 8.085 empregos. "O crescimento de oportunidades e negócios será irreversível. É uma exposição muito grande para a capital federal do ponto de vista do turismo, que trará muitos benefícios", afirma o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. Como exemplo de legado, o governador citou as obras do estádio Mané Garrincha, que, segundo ele, transformarão o local em um centro para eventos de negócios ou em uma arena artística. O governador citou ainda que serão realizados investimentos em obras de infraestrutura de mobilidade, no aeroporto e no setor de hotelaria. Como podemos observar a copa do mundo vai criar muitas oportunidades de empregos e vai produzir um efeito multiplicador nos investimentos no País e injetará R$ 142,39 bilhões na economia. O resultado será a criação de 3,63 milhões de empregos e R$ 63,48 bilhões de renda para a população até a realização do evento. Os dados fazem parte do estudo Brasil Sustentável - Impactos socioeconômicos da Copa do Mundo2014 divulgado ontem e desenvolvido pela Ernst & Young em parceria com Fundação Getúlio Vargas (FGV). São Paulo é a terceira cidade que deverá realizar mais investimentos (R$ 1,45 bilhão), atrás do Rio de Janeiro (R$ 1,97 bilhão) e Natal (R$ 1,49 bilhão). A atividade econômica mais beneficiada pela Copa do Mundo será a construção civil, com R$ 8,14 bilhões adicionais. Os serviços prestados às empresas e 33 serviços imobiliários e de aluguel também terão vantagens com o evento. Os dois setores terão R$ 6,5 bilhões e R$ 4,4 bilhões adicionais, respectivamente. O estudo mostra que a Copa gerará reflexos e benefícios em diversos setores da economia e da sociedade, mas por outro lado apresenta vários riscos e necessita de processos de gestão eficientes no setor público e privado para proporcionar esses benefícios. O estudo fez uma análise do impacto da Copa para cada setor da economia. O setor têxtil, por exemplo, terá o maior crescimento, com impacto previsto em R$ 580, 47 milhões. Em segundo lugar está o setor de peças e acessórios automotivos, com lucro previsto de R$ 469,23 milhões. Eletrodomésticos e máquinas vêm em seguida, com previsão de lucro de R$ 429,40 milhões, seguido pelo setor de aparelhos e materiais elétricos, com crescimento de R$ 384,20 milhões. Os setores primários é claro que será o da construção civil e turismo mais como vamos ver no gráfico abaixo todas as áreas vão ter uma grande contribuição com a copa de 2014. Os dados foram organizados em uma tabela contendo os ganhos previstos para cada setor ao pensarmos em ganhos também pensamos em mão de obra e mais empregos sendo gerados em nossa economia como podemos observar o crescimento do PIB em cada setor. Impacto nos setores SETOR Têxtil Peças e acessórios para veículos Eletrodomésticos Aparelhos e materiais elétricos Máquinas e equipamentos Produtos de madeira Artefatos de couro e calçados Aparelhos médico-hospitalares Equipamentos de transporte Caminhões e ônibus Máquinas para escritório e equipamentos de informática PIB do setor (R$ milhões) 18.604,99 23.416,56 4.193,7 15.922,79 31.675,18 11.182,77 9.305,75 9.641,35 9.494,36 3.331,29 Crescimento do PIB em função da Copa 3,12% 2% 10,24% 2,41% 0,84% 2,32% 2,61% 1,36% 0,86% 1,43% Impacto (R$ milhões) 580,47 469,23 429,40 384,20 267,64 259,97 242,70 131,44 81,92 47,62 3.380,72 0,12% 3,95 Hoje as áreas com uma maior movimentação têm sido mais fortes em duas áreas: construção civil e marketing. No primeiro caso, os motivos são óbvios, já que o Brasil não quer fazer feio durante o evento, apresentando estádios em condições precárias. “Há um grande movimento em construção civil, em infraestrutura, que tem de estar pronta o quanto antes. O movimento não é só de contratação de mão-de-obra menos qualificada, mas de executivos, como gestores de obra, que são cargos mais estratégicos”, explicou Mayra. 34 E erra quem pensa que a infraestrutura se resume aos estádios: "é preciso pensar fora da caixa", ressalta a consultora. O que ela quer dizer é que existe toda uma gama de serviços que está por trás dos holofotes e dos gramados, como hotéis e restaurantes. Uma grande rede de hotéis exemplifica, já está contratando mão-de-obra para construir unidades novas em cidades-sede. Além da construção civil, outra área que já está agitada para a Copa é a de marketing focada em esportes. Essa era uma área que já estava aquecida, mas que teve um “agito” fora do comum por conta do campeonato mundial. E esses profissionais, dependendo do desempenho mostrado durante o campeonato, podem sim conquistar uma vaga no mercado de trabalho. “Alguns serão absorvidos, mas outros não”, ponderou a consultora. Depois de montada toda a infraestrutura e de iniciado o campeonato, entram em campo os profissionais que lidarão com a organização do evento: seguranças, guias turísticos, garçons, camareiras e demais profissionais de menor qualificação serão bastante demandados. De acordo com Mayra, muitas pessoas falam que a Copa gerará empregos “pontuais e temporários”, o que está errado quando se estende a afirmação para todos os tipos de emprego. Isso é verdade quando se fala em empregos de menor qualificação, que têm relação direta com o funcionamento do evento. E esses profissionais, dependendo do desempenho mostrado durante o campeonato, podem sim conquistar uma vaga no mercado de trabalho. “Alguns serão absorvidos, mas outros não”, ponderou a consultora. Depois da copa dependendo de como a imagem do Brasil ficar depois da Copa do Mundo de 2014, pode-se ter certeza de que dois mercados sairão mais aquecidos: o de comércio exterior e turismo; É fácil de notar isso: se uma empresa percebe que um evento organizado mundialmente por um país foi brilhante, passa a confiar mais nele. Com isso, as companhias desse país ganham mais visibilidade e o número de negócios com o exterior cresce, o que é bom para os profissionais que atuam nessa área. Desta forma, surge a resposta para o motivo de que a Copa não gera só empregos temporários: você acha que uma empresa demitiria um profissional estratégico que a ajudou a passar uma boa imagem durante a Copa e que, por isso, movimentou o número de negócios. Considerações A Copa do Mundo de 2014, na área de empregos, vão gerar um grande crescimento no Brasil, tanto na área de infraestrutura como em todas as outras áreas de serviços. Teremos também, de imediato, empregos em cursos de capacitação de funcionários e também na área informal nesses próximos anos, e principalmente, as 35 cidades sedes terá um grande desafio nas áreas de infraestrutura como construção de novos estádios, construções e ampliações de Hotéis, melhoras no transporte público e tentativas e resoluções de diversos problemas sociais, porque só assim poderemos chegar a um bom desempenho, pois trazer turistas para assistir a Copa no Brasil será fácil, o desafio será fazer esses turistas acharem o Brasil interessante como pólo de turismo e voltarem ao Brasil depois da Copa, para que possamos continuar crescendo e aumentado a nossa taxa de emprego. 1.8. Parcerias entre o setor público e o setor privado Identificar eventuais modalidades de parceria público-privada (PPP, concessões, etc) na gestão dos equipamentos esportivos e equipamentos urbanos construídos para os eventos esportivos. Introdução Atualmente está em evidência, no âmbito da Administração Pública, a análise das parcerias entre o setor público e a iniciativa privada. Estas parcerias visam, em relação ao Poder Público, a suprir a insuficiência de investimentos em infraestrutura por recursos próprios. Tendo em vista a impossibilidade de maior arrecadação de capital do setor privado por meio de recursos tributários e a ausência de fundos por parte do Estado para investimento em infraestrutura, se torna fundamental o estudo e o emprego das parcerias público-privadas (PPP) como forma de captação de recursos das esferas privadas na forma de investimentos. Definição A definição legal do instituto da parceria público-privada consta no art. 2º da Lei Federal 11.079/2004: “é o contrato administrativo de concessão na modalidade patrocinada ou administrativa”. No mesmo dispositivo ainda constam os conceitos de concessões patrocinadas e administrativas. Nas palavras de Marçal Justen Filho, “parceria público-privada é um contrato organizacional, de longo prazo de duração, por meio do qual se atribui a um sujeito privado o dever de executar obra pública e (ou) prestar serviço público, com ou sem direito à remuneração, por meio da exploração da infra-estrutura, mas mediante uma garantia especial e reforçada prestada pelo Poder Público, utilizável para a obtenção de recursos no mercado financeiro.” 36 As parcerias público-privadas são contratos que estabelecem vínculo obrigacional entre a Administração Pública e a iniciativa privada visando à implementação ou gestão, total ou parcial, de obras, serviços ou atividades de interesse público, em que o parceiro privado assume a responsabilidade pelo financiamento, investimento e exploração do serviço, observando, além dos princípios administrativos gerais, os princípios específicos desse tipo de parceria. Modalidades Lei Federal nº 11.079/04, art. 2º. Concessão patrocinada §1º. “Concessão patrocinada é a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei n° 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando envolve adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado.” Na parceria público-privada patrocinada o serviço é prestado diretamente ao público, com cobrança tarifária que, complementada por contraprestação pecuniária do ente público, compõe a receita do parceiro privado. “Estando presentes a cobrança de tarifas aos usuários e a contraprestação pecuniária do concedente, estar-se-á diante de uma concessão patrocinada, ainda que o concessionário também receba contraprestação não pecuniária da Administração e outras receitas alternativas”. Concessão administrativa: §2º. “Concessão administrativa é o contrato de prestação de serviços de que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens.” “Contrato de concessão cujo objeto é a prestação de serviços (público ou não) diretamente à Administração Pública, podendo o particular assumir a execução da obra, fornecimento de bens ou outras prestações”. Portanto, há dois tipos de concessões administrativas: A concessão administrativa de serviços públicos, em que a Administração Pública é usuária indireta, tem por objeto os serviços públicos a que se refere o art. 175 da Constituição Federal. A concessão administrativa de serviços ao Estado visa a prestar serviços ou fornecer utilidades diretamente à Administração. Em ambas modalidades de concessão administrativa, o Poder Público assume o ônus relativo ao pagamento do serviço prestado. Distinção de “concessão comum”: 37 §3º Não constitui parceria público-privada a concessão comum, assim entendida a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei n° 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando não envolver contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado. As parcerias público-privadas admitem somente as modalidades de concessão patrocinada e de administrativa; isso significa que a concessão comum, a qual tem por objeto os serviços públicos tratados na Lei nº 8.987/95, não é regida pela Lei Federal 11.079/04, mas pela Lei das Concessões e legislação correlata. Se ausentes os demais requisitos elencados na Lei específica das parcerias e a remuneração por parte da Administração Pública limitar-se à contraprestação nãopecuniária ou alternativa, caracterizar-se-á a concessão comum. Tipicidade Em 30 de dezembro de 2004, foi sancionada a Lei Federal nº 11.079 que disciplinou “normas gerais para licitação e contratação de parceria público-privada no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios” (art. 1º da Lei). No entanto, antes da edição desta Lei, diversos Estados, amparados pelo texto do art. 24, §3º, da Constituição Federal, já haviam determinado normas próprias para esse tipo de contratação. Os Estados de Minas Gerais, com a Lei. 14.868/03, de Santa Catarina, com a Lei 12.930/04, e de São Paulo, com a Lei 11.688/04, são exemplos de estados que possuem lei estadual com regras específicas sobre o tema. A legislação brasileira já autorizava, há muito, o negócio jurídico entre setores público e privado em cooperação e parceria na prestação de atividades públicas. A novidade é que a Lei Federal nº 11.079/04, além de suprir a ausência de um conceito de parcerias público-privadas, delineou um sentido restrito paro o termo, limitando as parcerias às modalidades patrocinada e administrativa. Importante ressaltar que a Lei Federal fornece normas gerais sobre matéria de contratação, licitação e orçamento, aspectos que são regulados por outras normas federais, tais como a Lei nº 8.666/93 de contratações públicas e licitação, a Lei nº 8.987/95 das concessões e, ainda, a Lei de Responsabilidade Fiscal que estabelece diversos limites à assunção de encargos pelo Poder Público. Assim, as normas que regulam as parcerias público-privadas integram um plexo normativo amplo, sem derrogar regras específicas, e, por isso, não podem ser analisadas de forma isolada. 38 Características A tutela dos riscos na PPP brasileira: Uma característica inovadora dos contratos de parceria público-privada é a previsão legal da repartição objetiva dos riscos entre as partes (art. 5º, III), observando a capacidade do contratado. A transferência de riscos é fundamental para que o contrato alcance o objetivo principal de sua constituição, a eficiência econômica na prestação de serviços públicos. Ademais, se a repartição dos riscos é prevista pela Lei vigente e claramente explicitada no edital, e, ainda, respeitada as condições objetivas do particular de se responsabilizar por tais riscos, não há de se falar em quebra do equilíbrio econômicofinanceiro, muito menos em desvirtuamento das condições efetivas da proposta. Regime jurídico: art. 3º da Lei Federal 11.079/04 É importante salientar que o contrato de parceria público-privada não é um contrato privado da Administração Pública. O regime jurídico das concessões patrocinadas e administrativas não difere substancialmente do regime contratual da concessão comum, exceto por algumas peculiaridades previstas na Lei Federal 11.079 que determina, no art. 3º, a qual regime jurídico estão submetidas as respectivas modalidades de concessão. A necessidade da estipulação em contrato do prazo máximo do vínculo obrigacional, inciso I, art. 5º da Lei 11.079/04, e a previsão relativa à inadimplência pecuniária do concedente, inciso VI do mesmo artigo, são exemplos de exigências contratuais que se aplicam à concessão patrocinada mas não às comuns. Outros traços contratuais, como a previsão de garantias de adimplemento das obrigações pecuniárias do concedente (art. 6º) e a exigência de constituição de sociedade de propósito específico (art. 9º), são, também, aspectos exclusivos das concessões patrocinadas e administrativas, as quais são submetidas ao mesmo regimento, diferenciando-se apenas na matéria tributária, inexistente na concessão administrativa. Distinção de privatização Ao contrário do que ocorre nas privatizações, as parcerias público-privadas não importam em alienação definitiva do controle da política pública. Ademais, os contratos de parceria possuem maior abrangência em relação aos objetos cuja delegação é permitida. Portanto, privatização e parceria público-privada são contratos administrativos distintos e não se confundem. 39 Requisitos § 4º É vedada a celebração de contrato de parceria público-privada: I – cujo valor do contrato seja inferior a R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais); II – cujo período de prestação do serviço seja inferior a 5 (cinco) anos; ou III – que tenha como objeto único o fornecimento de mão-de-obra, o fornecimento e instalação de equipamentos ou a execução de obra pública. (Lei 11.079/04, art. 2º) A Lei Federal 11.079/04 fixou alguns requisitos para a contratação da parceria público-privada, diferenciando, portanto, no plano jurídico, as respectivas modalidades de concessão, afastando eventual confusão entre as concessões comum e patrocinada que possuem objetos similares. A contratação das parcerias tem como finalidade arrecadar investimento privado para setores de infraestrutura pública, o que envolve custos elevados. Portanto, não se justifica a contratação do particular por meio de parceria públicoprivada cujo valor do objeto seja inferior a R$20 milhões. A prestação dos serviços deve perdurar no mínimo por 5 anos. Ainda em relação a prazo, o art. 5º da Lei das parcerias público-privadas exige a previsão nas cláusulas contratuais do termo final do vínculo obrigacional, assim a vigência do contrato de parceria público-privada não pode ter prazo inferior a 5 anos nem superior a 35. A previsão do prazo mínimo legal visa tanto a permitir à Administração Pública amortizar o investimento, como a expor o responsável pela obra ou serviço (particular contratado) ao risco do prejuízo econômico da má execução da infraestrutura. Não obstante, os demais elementos essenciais do contrato devem restar caracterizados. Portanto, em instituto distinto das parcerias público-privadas resulta o contrato que não estipular a repartição dos riscos entre as partes, nem delegar a responsabilidade e a gerência pela execução da obra. Impossibilidade de mera execução de obra pública como objeto das PPP: É necessário reconhecer a possibilidade ou não da contratação da parceria público-privada que tenha por objeto único a execução de obra pública. Essa dúvida resulta da interpretação extraída do confuso conceito legal de concessão patrocinada (“...a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei n°8.987” ), em face da limitação prevista no inciso III, §4º, art. 2º da Lei 11.079/04. Este dispositivo legal veda a celebração do contrato de parceria público-privada que tenha por objeto único a execução de obra pública. De consequência, visando a resolver o conflito, entende-se que a concessão patrocinada resta caracterizada na 40 prestação de serviços públicos, precedida ou não do fornecimento de mão-de-obra, equipamentos ou da execução de obra pública. Dessa mesma ideia compartilham Maria Sylvia di Pietro, para quem as obras públicas seriam admitidas como preliminares da contratação de serviços públicos por meio da parceria público-privada, e Celso Antônio Bandeira de Mello, que considera nulo o contrato de parceria que estipule como objeto principal prestação de atividade que não seja serviço público. Justificativa diversa apresenta Marcos Barbosa Pinto, que ressalta a eficiência econômica dos contratos de parceria público-privada. Em decorrência, considera uma forma disfarçada de contrair dívidas, portanto, um meio de burlar a Lei de Responsabilidade Fiscal, a celebração do contrato que tenha por objeto único a prestação de obra pública. Para Carlos Ari Sundfeld, a vedação da mera execução de obra pública por meio de parceria público-privada tem como finalidade prevenir o desinteresse econômico do particular pela boa execução do contrato, pois a contraprestação por parte da Administração Pública será obrigatoriamente precedida da disponibilização do serviço contrato (art. 7º), e, ainda, variável de acordo com o desempenho do parceiro privado, conforme metas e padrões de qualidade e disponibilidade fixadas (art. 6º, parágrafo único). Em resumo, é vedada a celebração de contrato de parceria público-privada que tenha como objeto único a execução de obra pública. Da interpretação do confuso texto legal do §1º, art. 2º da Lei 11.079/04, extrai-se que as obras públicas podem preceder ou não a prestação de serviços públicos, no entanto, na ausência da contratação destes estar-se-á diante de contrato diverso ao de parceria públicoprivada. Princípios específicos As diretrizes a serem observadas na contratação das parcerias públicoprivadas estão dispostas no art. 4º da Lei das Parcerias Público-Privadas. Além dos princípios gerais consagrados no ordenamento jurídico, a celebração do contrato deve observar alguns preceitos específicos. O diploma legal das parcerias público-privada não somente reforçou determinados princípios como o da eficiência, da responsabilidade fiscal e da transparência dos procedimentos e decisões, presentes em diversos textos legais vigentes, como inovou ao determinar a repartição dos riscos de acordo com a capacidade dos parceiros em gerenciá-los. 41 Não obstante, na contratação deve ser observada a sustentabilidade financeira e vantagens socioeconômicas do projeto de parceria (inciso VII, art. 4º). Isto quer dizer, o contrato celebrado entre o Poder Público e o particular deve tanto observar a viabilidade econômica e o retorno financeiro como atender ao interesse público. É necessário, ainda, identificar a abrangência do contrato de parceria públicoprivada, ou seja, quais as funções que podem ser delegadas ao ente da iniciativa privada. Da leitura do inciso III, art. 4º, da Lei 11.079/04, extrai-se que “a margem para atuação da iniciativa privada dependerá dos termos de cada contrato, o que expressamente permite delegar todas as funções, à exceção das funções de regulação, jurisdicional e do exercício de poder de polícia” e de outras atividades exclusivas do Estado. Experiência brasileira nas Parcerias Público-Privadas O contrato administrativo de parcerias público-privadas é considerado um meio eficaz na obtenção de recursos da iniciativa privada destinados a serviços públicos e setores de pouca viabilidade econômica quando prestados exclusivamente pelo Poder Público. Países como Inglaterra – no qual as parcerias público-privadas são denominadas Private Finance Initiative –, Portugal, Chile, além de outros países, já comprovaram a eficiência econômica da parceria e cooperação entre o particular e o ente da Administração Pública na prestação de serviços. No Brasil, há muito já ocorria a associação entre Estado e particular visando à satisfação de interesses públicos; isso significa que, em relação à experiência jurídica brasileira, o instituto da parceria público-privada não importou substancial alteração. De consequência, as inovações apresentadas pela Lei Federal 11.079/04 limitam-se à formação do conceito legal de contrato de parceria público-privada, à definição das respectivas modalidades e à previsão de características peculiares do instituto. A concessão de rodovias é uma das principais experiências brasileiras na efetivação de contratos de parceria público-privada. Aproximadamente 10.000 quilômetros da malha rodoviária brasileira são gerenciados por concessionárias privadas, todas constituídas em Sociedades de Propósito Específico. Considerações Experiências internacionais comprovam a eficácia da atuação da iniciativa privada nas políticas públicas, com vantagens não somente econômicas como também práticas, em que o particular contratado detém condições de prestar um serviço público mais qualificado. Assim, interessa cada vez mais à sociedade a 42 aproximação do Estado da iniciativa privada, direcionada à arrecadação de capital privado para investimento e financiamento de obras e serviços públicos. Portanto, dentre os contratos administrativos que possibilitam essa relação entre os setores públicos e privados, a parceria público-privada se destaca pelo compartilhamento dos riscos e pela arrecadação de valores elevados, assumindo fundamental importância nos investimentos em infraestrutura, e, de consequência, no crescimento econômico brasileiro. 1.9. Setor Informal Identificar os impactos sobre o setor informal (camelos e trabalhadores do sexo) Introdução Brasília é credenciada para sediar a abertura oficial da Copa do Mundo de 2014, e consta no ranking das cidades favoritas a receber o espetáculo inicial. O avançado do estado das obras do Estádio Nacional — antigo Mané Garrincha —, que já tem 33% da reforma concluída, datado do dia 05 de julho de 2011, impressionou o ministro do Esporte, Orlando Silva. Em uma entrevista coletiva do dia 04 do mesmo mês, durante uma simulação de vistoria anti-bombas, na futura arena, ele anunciou que a capital “se credencia fortemente” para ser palco do primeiro jogo do Mundial do Brasil. Orlando Silva ao assistir o estágio processual de construção do estádio e visualizando o andamento acelerado da obra, se comparado aos demais estados brasileiros credenciados a sediar a copa e já sabendo que mais de um terço do programado, fora executado, diz que a sua credibilidade e confiança em relação a Brasília torna-se aumenta, na medida em que continue a cumprir seu cronograma, credencia-se fortemente para poder receber a abertura do Mundial. Para ele, a escolha da capital federal para abrir as inspeções preventivas foi uma homenagem ao Governo do Distrito Federal e ao adiantado desenvolvimento das obras. Todas as 12 arenas das cidades-sede da Copa vão passar por procedimentos semelhantes. As etapas de escavações e fundações da reforma do Estádio Nacional de Brasília estão em fase de conclusão. Os 1,9 mil funcionários do consórcio deram início às construções de estruturas da arquibancada da arena, que terá capacidade para 71 mil espectadores. Até o momento, já foram edificados 10% de estrutura. A previsão é que o estádio fique pronto até dezembro de 2012, estando apto a ser utilizado na Copa das Confederações, em junho de 2013, considerado um evento-teste para o Mundial. 43 Uma abordagem do ponto positivo de manutenção do Estádio de Brasília, para consecução de credibilidade e suporte a crescente demanda social, em vários dos aspectos relativos ao consumo de inúmeros produtos, é do viés de desenvolvimento de um estádio verde, em que o Estádio Nacional de Brasília pode ser o primeiro do mundo a receber o mais conceituado certificado internacional de construção sustentável, o Leadership in Energy and Environmental Design Platinum. O selo verde é concedido pela United States Green Building Council, conselho que envolve 115 países. Com ideias de mitigação da produtividade e maximização de recursos naturais, como o reaproveitamento de água da chuva e captação de energia solar, que fazem com que as chances de se receber o prêmio de certificação aumentem. A ecoarena já conta com 87 pontos de um total de 100 a serem avaliados para garantir a titulação. Um prêmio como esse, demonstra a saliência de padrões construtivos em Brasília se comparados aos demais projetos de estádios em outros países, tais quais como os Estádios norte-americanos que detêm os certificados Gold ou Silver, mas o selo Platinum nunca foi concedido. A iniciar-se por esse histórico de projeção de fomento ao suporte e a demanda de indivíduos, esse texto aborda o levantamento de aspectos concernentes a indústria do sexo e da atividade de camelôs, tentando no mínimo fazer uma prospecção do comportamento, tanto por parte dos comerciantes, quanto por parte dos agentes reguladores e fiscalizadores. Objetivo Tenta-se tratar perspectivas de ações tanto estatais quanto pertinentes a civis e a análises comportamentais de ambos, almejando um enquadramento da maneira como se vê as principais temáticas de abordagem desse presente trabalho –indústria do sexo e ações de camelôs- e de como será tratada, essas questões tanto por parte da população quanto por parte da Fiscalização de Brasília. O camelô é entendido como ou/vendedor ambulante, nome comum dado aos vendedores de rua do comércio informal ou clandestino, com banca improvisada, em especial nas grandes cidades. Os camelôs são combatidos pelas autoridades governamentais, entrando frequentemente em conflito aberto com elas, uma vez que, segundo estas autoridades eles: 1. Vendem produtos muitas vezes contrabandeados e de qualidade duvidosa (normalmente importados da Ásia), ou então produtos piratas/falsificados, copiando marcas e cd’s em mídias e em muitos casos vendem até mesmo produtos roubados. 44 2. Fazem mau uso do espaço público (ocupando as calçadas e atravancando a livre passagem dos transeuntes); 3. Não pagam impostos, ao contrário dos lojistas licenciados (crimes de Sonegação de Impostos e Concorrência Desleal). No Brasil, em 2011, estimava-se que há uma sonegação de R$ 30 milhões de impostos por ano somente com a venda de camisas e tênis pirateados. Dois milhões de empregos formais deixam de ser gerados com o mercado de produtos piratas 4. Em alguns casos, roubam água e luz da rede pública para iluminação da sua banca ou para a produção de alimentos; 5. Atentam contra a saúde pública, quando vendem alimentos sem procedência comprovada, com prazo de validade e condições de conservação desconhecidas, ou quando vendem produtos para uso corporal falsificados que podem causar danos físicos ao consumidor. Iniciativas coercitivas governamentais são vistas, tais como algumas citadas nos tópicos, mas longe de darem conta da limpeza das atividades irregulares e da quantidade de comerciantes irregulares. Os camelôs são considerados um reflexo do crescimento alarmante do desemprego, embora seu modo de vida não seja considerado desemprego e sim subemprego, podem ser visualizados dispersados por todas as Regiões administrativas de Brasília, em que constitui uma forte influência para o grande evento, nos arredores da Rodoviária do Plano Piloto e no sentido translado para o estádio. Devido ao fato da não apropriação de arcabouçoes voltados a essa temática, focalizando a copa do mundo e a partir da pesquisa de campo, em meio a entrevistas, contatou-se que o que fica mais evidente é a coadunação de grande parte dos camelôes de todas as RA’s de Brasília, circuncrvendo o então reformado estádio com diversos produtos, cabe saber então como se dará a fiscalização de atividades não lícitas, o que se tornará explanatório e esclarecedor a partir do parecer de um auditor fiscal, da Agência de Fiscalização do DF, que será visto nas considerações finais. Já quanto a indútria do sexo, essa que é considerada como um termo utilizado para exprimir o significado referente às empresas que fornecem produtos ou serviços considerados eróticos com algum nível de relação com a prática do ato sexual, não restringe-se somente a prostíbulos, mas também a lacoadoras de filmes eróticos e a lojas destinadas a venda de produtos eróticos. Entretanto, o foco aqui destinado se dará à profissionais do sexo distribuídos de maneira disfusa ao longo de toda a W3, tanto norte, quanto Sul. A prostituição se dará em pequenos apartamentos e ou pensões. 45 Resultados Esperados 1- Para a Indústria do Sexo: Não fora gerado, tanto foco a estes destinatórios - a todos relativos à indústria do sexo - devido a necessidade de ser parcimonioso e buscar o lado em que esse tipo de pauta será mais preponderantemente afeto. Enxarga-se uma demanda crescente por parte tanto de Brasileiros quanto de estrangeiros, em busca dos serviços de prostíbulos, subestimados pelos segundos de acordo com o viés da disparidade do valor da moeda e da desvalorização do preço por serviços prestados, bem como do aumento de profissionais da área em busca de aquisições monetárias. Contudo, de acordo com a Patrícia, profissional consultada: “Não a nada a se fazer por parte do gorverno, ou algum meio fiscalizador, uma vez que será impossível impedir funcionamento desses serviços”. 2-Para os Camelôs Com o Advento da copa do mundo no DF, estima-se um contingente de pessoas interessadas em assitir o evento, locais onde a indústria da pirataria, se fará presente em meio a um grande afluxo de pessoas, rodoviária, shows, eventos no estádio, áreas ou centros comerciais com grande afluxo de indivíduos, áreas essas atingidas por esse tipo de comércio. O governo do DF, entendendo como esses os prontos críticos, já vem intensificando os seus serviços de fiscalização, para identificar os pontos de produção, distribuição, efetivando as necessárias apreensões de materiais e condução dos indivíduos pegos em flagrante para a delegacia de polícia. Fato interessante a se ressaltar é que alguns antigos camelôs, hoje são pequenos empresários, localizados, por exemplo, na Feira do Paraguái, estes pequenos comércios serão como “canhões de distribuição” de difusos tipos de mercadoria, falsificadas, tais como: todos os tipos de vestuário, suplementos alimentares e alimentos em si, equipamentos de informática etc. A máquina estatal já vem dando sinais de sua fraqueza na luta contra esta situação, haja vista que o quantitativo de auditores fiscais por milhares de habitantes, segundo levantamentos, é muito inferior ao quantitativo necessário, para atuação do estado com o uso do seu poder de polícia administrativa, para fazer frente atual, como a espectativa de vinda de todo esse aparato, chamado de copa do mundo para o DF, 46 não se pode esperar que algo melhor seja feito, o descontrole da fiscalização já é flagrante hodiernamente, sendo assim futuramente ele mostrará ainda mais sua fagilidade, o que ainda aos olhos do mundo poderá se tornar um vexame. Não se tem notícia de nehum planejamento estratégico ou de aquisição de melhores equipamentos, para servir aos órgãos de fiscalização no combate a pirataria, ou seja, sem melhores estruturas e equipamentos, aqueles que burlam a fiscalização terão mais chance de vencê-la, caso factível a pirataria (venda do falso como verdadeiro). O descontrole do estado sobre esssa situação, levanta a fragilidade do estado em relação a fatos criminosos. Por menos que se possa parecer, os camelôs são indivíduos organizados, conhecem e defendem seus espaços para comerciar e negociar mutuamente, eles fazem com que suas informações trafeguem com rapidez, agem em conjunto. A fiscalização, conta com uma lesgislação frágil – um camelô quando é preso vendendo mercadoria pirateada, tem apenas sua mercadoria apreendida, porém o indivíduo continua livre. A característica do comércio de camelô é de ir ao cliente, diferentemente do comércio regularizado séssil, de maneira que para o consumidor é melhor, pois suas demanadas são atendidas imediatamente. Existiu uma dificuldade enorme de tentar traçar, nem que pudesse ser das menores possíveis, visões de perspectivas das maneiras como iriam se dar essas duas temáticas. O cerne do estudo aponta para obtenção da efetividade da fiscalização, somente se os problemas atuais forem resolvidos de maneira prévia, para depois se traçar medidas de planejamento. 1.10 - Setor turístico Identificar os equipamentos turísticos previstos e o desempenho do setor antes e durante os eventos. Introdução Entre junho e julho de 2014, o Brasil será sede da XX edição da Copa do Mundo de Futebol da FIFA, evento muito importante no cenário esportivo mundial. As dimensões desta competição, o grande número de visitantes que virão ao País e as 47 exigências que um evento de repercussão mundial requer, os anos que se seguem apresentarão grandiosos processos de preparação e investimentos por parte dos setores público e privado. Para tanto, deve-se considerar sobremaneira a exposição do Brasil na mídia, além dos legados que serão deixados nas dimensões de infraestrutura, tecnologia e capital humano. Desenvolvimento Foram definidos pelo Ministério do Turismo quatro eixos de ação para a Copa do Mundo de Futebol, em 2014. São eles: 1. Estruturar e preparar as cidades-sede de forma a executar o aprimoramento de infraestrutura básica para o exercício do turismo, como dar vida novamente às áreas que tenham alto potencial turístico, aperfeiçoar canais turísticos, viabilizar o aproveitamento turístico do entorno; 2. Atrair e satisfazer o turista por intermédio da qualificação profissional de serviços como recepções de aeroportos, estações, hotéis, funcionários de restaurantes, motoristas de táxi entre outros serviços; 3. Promover o País por intermédio do planejamento de marketing, suscitando o aumento da exposição internacional e nacional do Brasil como destino turístico; 4. Crescer sustentavelmente com os novos investimentos em diversas áreas como a da atividade hoteleira, por intermédio do oferecimento de mecanismos de promoção. As ações acima descritas visam melhorar a acolhida dos turistas, bem como a competitividade dos destinos turísticos do País, sobretudo visam promover o desenvolvimento econômico e social. Estes eixos foram definidos por consequência da elaboração de um Mapa Estratégico (Figura 1) (Kaplan e Norton, 2010 apud Caderno das Cidades). 48 Figura - Mapa estratégico Serviços e equipamentos Turísticos Os serviços e equipamentos turísticos devem estar presentes nos destinos turísticos a serem atendidos pela Copa, pois se trata de uma diretriz de grande importância estratégica, sendo o principal canal da relação do local com o turista, proporcionando melhorias na acolhida e recepção. Logo, estes serviços devem ter dimensões adequadas, bem como sua manutenção e promoção, para proporcionar a melhor sensação para o usuário dos serviços. Fazem parte da diretriz de serviços e equipamentos turísticos, como fator crítico de sucesso: 1. Serviços de hospedagem; 2. Serviços de alimentação; 3. Atrativos turísticos; 4. Centro de Atendimento ao turista (CAT); 5. Sinalização turística. Serviços de Hospedagem As cidades-sede recebem visitas, anos antes, de parceiros comerciais da Copa do Mundo para analisar a capacidade e qualidade do parque hoteleiro, credenciando a rede hoteleira instalada de forma a ter garantia dos critérios de qualidade. 49 Deve-se salientar que o parque hoteleiro das cidades-sede satisfaz em número de unidades habitacionais e apresenta um uma taxa de crescimento constante, devido a investimentos e mecanismos de financiamento. Entretanto, quanto à qualidade do setor deve-se observar criticamente que existe uma dispersão na oferta, devido à categoria dos hotéis e idade dos mesmos, pois influenciam na atratividade de turistas. Serviços de Alimentação Bem como a rede hoteleira, os ambientes comerciais de alimentação, bebidas e semelhantes apresentam papel basilar na cadeia produtiva do turismo. Estes locais não se limitam ao fornecimento do serviço, pois também são responsáveis por promover experiências para os turistas, permitindo a interação entre os visitantes e a cultura local. Além da quantidade, os estabelecimentos devem ter uma boa conduta de higiene, apresentação e formas de pagamento, os quais auxiliam na motivação de escolha do destino. As cidades sede apresentam boa quantidade e variedade de restaurantes e estão em franca preparação para o acolhimento do fluxo internacional de turistas, entretanto deve-se investir em acessibilidade dos turistas aos estabelecimentos, além de ter atendimento em outros idiomas. Atrativos Turísticos Os atrativos turísticos das cidades-sede possuem grande importância devido ao seu papel estratégico, pois pode influenciar a permanência dos espectadores dos jogos dando motivos para que permaneçam mais tempo na cidade. Considera-se a Copa da Alemanha como a Copa do Torcedor, devido ao perfil individual e curta duração das viagens que envolviam o evento, já o Brasil pretende que a Copa de 2014 seja a Copa da Família, como viagens que durem mais e em grupos familiares. Para isso, espera-se que os turistas de outros países procurem atrativos de programação para com período entre 10 e 15 dias, evidenciando o papel dos atrativos. Logo, a oferta e variedade de atrações estruturadas pode elevar ao máximo os resultados do evento na cidade-sede. Desta forma é necessário ter atenção para que os atrativos adéquem-se aos quesitos de: • Estado de conservação e do entorno natural (meio ambiente); • Estado de conservação local e do entorno natural • Existência de infraestrutura apropriada a turistas brasileiros e estrangeiros; 50 • Acesso facilitado; • Acessibilidade aos portadores de necessidades especiais. Recomenda-se como postura criar e desenvolver novas atrações, tendo em vista o enriquecimento e diversidade da oferta atual. O Brasil apresenta uma boa oferta de atrativos, especialmente para os segmentos turísticos de sol e praia, cultural e ambiental. Geralmente, possuem uso compartilhado de turistas e moradores e devem lidar com mudanças de infraestrutura que vislumbram aumentar a frequência e adaptação dos visitantes. As áreas verdes tem a potencialidade de composição de atrativos e espaços multiuso para eventos ao ar livre e lazer de forma geral. O turismo ambiental possui grande apelo e atratividade em âmbito internacional, mas não tem sido empreendido de forma estratégica. Os atrativos culturais apresentam singular apelo turístico, mas necessitam adequar-se para a visita de visitantes realizarem marketing para que os moradores locais possam utilizá-los. A utilização de guias de áudio em museus ainda é pouco utilizada e pode abordar diversas nacionalidades de turistas com potencial para visitar os pontos turísticos, parques e monumentos. Centro de Atendimento ao Turista (CAT) O Centro de Atendimento ao Turista (CAT) possui papel importante na promoção da cidade-sede. Com o aumento do turismo individualizado, no País e no mundo, torna-se mais relevante a importância de um local que concentre informações que abordem a localidade, os destinos regionais, disponibilize folhetos, mapas e guias interpretativos no exterior, torna-se condição relevante a existência, atendimento em idioma estrangeiro, quando possível fazer reservas em atrações, hotéis e restaurantes. Verifica-se no Brasil que a estrutura dos CATs ainda é pequena, mas supre a demanda atual, também existe carência de Postos de Informação Turística (PIT). Sinalização Turística O fluxo de turistas no perímetro de visitação depende da viabilidade de transportes próprios ou públicos, para deslocamento entre os atrativos, com apoio de sinalização eficiente, fato que proporciona maior satisfação do turista no destino. Através de informações claras e dotadas de precisão o visitante pode ampliar o período de permanência no local, conhecendo-o melhor. 51 Outro ponto a ser salientado é a sinalização adequada nas proximidades dos estádios que realizarão os jogos, para permitir o fluxo tranqüilo dos espectadores, favorecendo-os bem como os moradores. Grande parte das cidades já possui sinalização, mas possuem carência de melhorias principalmente para atender turistas estrangeiros de forma padronizada. Metodologia Para depreender mais informações sobre o estado da arte dos preparativos da Copa de 2014 elencou-se instituições públicas com potencialidade para suprir dúvidas acerca do setor turístico e seus equipamentos. Os locais visitados foram o Ministério do Turismo (MTUR), percorrendo o Departamento de Qualificação e Certificação e de Produção Associada ao Turismo – DCPAT e Coordenação Geral de Marketing e Publicidade – CGMP, além de estabelecer contato com a Diretoria de Estudos e Pesquisas da Secretaria de Turismo do Distrito Federal. Resultados De acordo com a coleta de informações em campo, percebeu-se que o principal programa em ação no MTUR é o Bem Receber Copa, que é um programa de qualificação profissional, em parceria com entes do setor, que primam pela capacitação setorial para atingir padrões internacionais de qualidade, dando foco a Pessoas, Empresas e Destinos. Sob o slogan “O Sucesso do Brasil na Copa está em Nossas Mãos”. Este programa pretende capacitar 306 mil profissionais do turismo até 2013, por intermédio de cursos presenciais e à distância. Desta forma incluem-se os profissionais que estabelecerão contato direto com os visitantes na Copa, tais como motoristas, camareiros, garçons, recepcionistas, pessoal de aeroportos e outros. Este programa pretende capacitar 471 profissionais do DF em 2011. De acordo com os funcionários entrevistados levantou-se a questão do atraso nas ações devido à desatualização do Plano Nacional de Turismo (PNT), válido de 2007 a 2010, que já foi revisto e revisado e deve ser lançado entre o segundo semestre de 2011 e o início de 2012 contendo informações basilares para o desenvolvimento do turismo nacional abordando a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Além do PNT há também a necessidade de publicação do Plano Plurianual – PPA, que é fundamental para o delineamento de ações de desenvolvimento para o país e deve apresentar contribuições de diretrizes a seguir nos megaeventos que o País sediará brevemente. 52 Essa infraestrutura que deve ser aprimorada inclui a ampliação da atual estrutura de energia, transportes, telecomunicações e construção de novas arenas esportivas, além da expansão da rede hoteleira. Os benefícios se darão também nos municípios onde irão funcionar como subsedes para hospedar mais de 30 seleções de futebol. Ao mesmo tempo, 65 destinos turísticos indutores do desenvolvimento estão sendo preparados para receber os turistas estrangeiros, com padrão de qualidade internacional. Os investimentos contribuirão para o Ministério do Turismo fortalecer suas políticas de desenvolvimento em infraestrutura, compostas por um leque de ações que vão desde a construção de aeroportos regionais, balneários, centro de convenções, pavimentação e recuperação de rodovias, até a revitalização de parques nacionais. Para revigorar especificamente os parques nacionais, foi lançado em setembro de 2008 o programa Turismo no Parque, a qual tem o compromisso de otimizar esforços e recursos para a estruturação e proteção das unidades de conservação ambiental brasileiras, com o objetivo de transforma-las em grandes atrações dos roteiros de ecoturismo. O Ministério do Meio Ambiente (MMA) está investindo R$ 28 milhões nessa iniciativa que está diretamente ligada ao setor de ecoturismo. Embora existam 64 parques nacionais que formam um patrimônio natural de elevada beleza cênica em todas as regiões brasileiras, praticamente todos precisam de investimentos para receber com qualidade os visitantes. Com condições físicas bem planejadas, vão se transformar em atrativos para visitação, ajudando no desenvolvimento da cadeia de serviços de turismo regional e local. 53 Diagnóstico de Investimentos Figura – Diagnostico dos serviços e equipamentos Figura – Diagnostico da infraestrutura turística 54 Figura – Diagnostico do marketing Figura – Diagnostico do acesso e integração regional 55 Figura – Diagnostico da qualificação. Figura – Gestão e Governança Pública 56 Figura – Investimentos projetados em milhões. Considerações Visto que um megaevento tal qual a Copa do Mundo de Futebol, traz consigo oportunidades de promoção do Brasil como destino turístico, que campanhas publicitárias não conseguiriam trazer com muitos anos de veiculação, apresentou dados pertinentes às ferramentas turísticas utilizadas para permitir o fluxo de turistas durante o evento e fidelizá-los a visitar o País. Percebeu-se que mesmo com algumas medidas de planejamento e apoio a publicações, o setor turístico ainda está carente de estruturas de ação, tal como as obras dos estádios, fato preocupante dado à iminência da Copa do Mundo de Futebol. Desta forma evidencia-se que ainda há muito trabalho a ser feito para o bom funcionamento dos equipamentos turísticos durante a Copa. 2. Equipamentos e Serviços Urbanos e Sociais 2.1 - Acessos ao esporte e ao lazer Identificar os impactos sobre o acesso aos equipamentos esportivos e de lazer que forem construídos para receber os eventos (atenção especial aos estádios de futebol), identificando a população beneficiada. Introdução 57 O Brasil é um país conhecido no mundo por suas diversidades naturais, culturais e pela sua tradição no futebol, este último é uma paixão nacional. O futebol no Brasil tem o poder de reunir as pessoas sem distinções de classes sociais, políticas, religiões, entre outras barreiras que impedem a união dessa nação. Em outubro de 2007, O Brasil foi anunciado como o país que será anfitrião da copa do mundo de futebol em 2014. Os brasileiros receberam a noticia com muita alegria, porém junto a esse sentimento de patriotismo surgem as grandes preocupações com segurança, transporte e infraestrutura. Em relação à infraestrutura, para receber a copa do mundo de 2014, Brasília está reformando o Mané Garrincha, aumentará o número de hotéis, e em relação ao transporte ainda é uma dúvida. A atual gestão do Distrito Federal, Sr. governador Agnelo Queiroz, o secretário de obras, Márcio Machado e o secretário de esportes, Sr. Célio René Trindade, estão participando de reuniões onde discutem a respeito da reforma do estádio e os custos gerados. Na verdade, o que será feito no Distrito Federal para abrigar os jogos da Copa do Mundo de 2014? Quais as principais obras na área esportiva? Quem será beneficiado com essas obras? Todos terão acesso? E depois da copa, o que acontecerá? Essas são perguntas que vamos responder ao longo desse trabalho. Desenvolvimento Brasília, no fim de 2008, foi eleita uma das cidades-sede da Copa do Mundo 2014. No total, foram escolhidas 12 cidades para ser a sede do mundial de futebol. Brasília está na disputa para receber a abertura do mundial. A cidade responsável por abrigar a Copa receberá também o Congresso Anual da Fifa, uma semana antes do Mundial. Com isso, a cidade terá a visita de mais de 200 dirigentes de todo o mundo, o que deve gerar muito dinheiro para o município. A cidade também será palco do principal centro de imprensa internacional (REVISTA VEJA, 2009). O governador Agnelo participou de uma reunião, no dia 23 de março de 2011, com o Sindicato das Indústrias da Construção Civil (Sinduscon-DF) e com a Associação Brasiliense de Construtores (Asbraco), onde estes apresentaram um estudo intitulado “Distrito Federal – Ações Estruturantes”, com propostas de obras de infraestrutura para a capital. As obras estão relacionadas às necessidades referentes à realização dos jogos da Copa do Mundo de 2014 e que ficarão como legado da competição para a população do DF e Entorno (AGECOPA, 2011). 58 O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, participou no dia 31 de maio, de reunião com a presidente da República, Dilma Rousseff, para tratar das ações que serão realizadas na preparação das cidades-sede para a Copa do Mundo de 2014, principalmente no que se refere à estrutura de aeroportos, estádios e hotéis (MAIS BRASÍLIA, 2011). Segundo o site MAIS BRASÍLIA, o Governo Federal colocou o aeroporto de Brasília como uma das prioridades para o país, o que foi comemorado pelo governador Agnelo Queiroz após a reunião. O aeroporto JK receberá um investimento de mais de 700 milhões de reais, aumentando o número de passageiros, de 14 milhões para 24 milhões até o fim de 2013. O modelo definido para as concessões prevê Sociedades de Propósitos Específicos (SPE), que serão feitas com empresas privadas, com participação de até 49% da Infraero. As SPE, formadas por empresas privadas, ficarão responsáveis pela construção e gestão dos novos aeroportos. Construção do Estádio Nacional O estádio escolhido para ser reformado é conhecido como Mané Garrincha, mas passará a se chamar Estádio Nacional de Brasília. Atualmente tem capacidade para receber mais de 45.000 torcedores. Mané Garrincha Depois de reformado, a capacidade será de mais de 70.000 lugares. Durante a Copa, 60.781 serão reservados a torcedores; o restante será para a imprensa, personalidades, staff e outros convidados (SKYSCRAPERCITY, 2007). Todas as arquibancadas devem ser cobertas, de acordo com Fifa. A arquibancada superior será reproduzida por todo o estádio, de maneira a fechar o anel da arena na parte de cima. A pista de atletismo será eliminada e o nível do campo será rebaixado em 4m. Essas medidas possibilitarão às arquibancadas superior e intermediária perfeita visibilidade do campo de 105m x 68m. O local conhecido como “geral” também será demolido, para dar lugar à nova arquibancada inferior, bem mais 59 próxima ao campo de jogo e com o dobro da capacidade da existente. As arquibancadas provisórias também serão demolidas, para permitir o fechamento do anel com as novas arquibancadas superiores. A arquibancada do atual nível intermediário cederá a vez para a construção da nova tribuna de honra e camarotes vips, além da área de mídia com as cabines de transmissão de áudio e TV, estúdios, salas de trabalho e lounge. Tudo no nível térreo (AGECOM, 2007). Serão construídos três subsolos para estacionamentos privativos de autoridades, equipes de segurança e mídia. Também abrigarão quatro vestiários para os jogadores, dois para árbitros, dois para gandulas, a central médica, a sala de exames antidoping e as áreas de apoio exigidas pela Fifa. Para o acesso de público, 12 rampas que chegarão às arquibancadas, inferior e superior, com largura de 6m e declividade de 8%, adequadas à circulação do público com segurança e conforto. As bilheterias estarão concentradas no nível térreo, no anel de circulação em torno do estádio, sendo uma no lado norte e outro no lado sul, com fácil acesso do público aos estacionamentos e terminais de transportes coletivos (SKYSCRAPERCITY, 2007). 60 Estádio Nacional, por dentro/fora. Números do Estádio Nacional Bilheterias Lado norte: Lado sul: Portões de entrada e saída de público Arquibancada inferior Portões: Catracas: Arquibancada intermediária Portões: Catracas: Arquibancada superior Portões: Catracas: 2 conjuntos 23 guichês 23 guichês 12 48 16 37 12 48 Sanitários do público Arquibancada inferior Feminino: lavatórios: Masculino mictórios: Lavatórios: 96 252 126 448 98 Arquibancada intermediária Feminino: Lavatórios: Masculino: Masculino: Lavatórios: 88 132 44 154 66 Arquibancada superior Feminino: lavatórios: Masculino mictórios lavatórios 200 100 120 280 120 Bares para o público Arquibancada inferior: Arquibancada intermediária: Arquibancada superior: 10 8 14 Rampas de acesso De público para as arquibancadas superior e inferior De veículos para os subsolos: 12 2 61 Vestiários Jogadores Árbitros Gandulas: 4 2 2 Atendimento médico Jogadores / árbitros / autoridades: Público: 1 1 central e 9 postos Locais especiais para cadeirantes Arquibancada intermediária pavimento térreo 213 Fonte: Skyscrapercity.news.com A reforma do Mané Garrincha vai custar, em média, R$ 740 milhões aos cofres públicos. A entrega, segundo Agnelo, vai ser feita até o fim de 2012, vislumbrando receber a Copa das Confederações em 2013, que serve de preparação para a Copa do Mundo de 2014. Após o mundial, Brasília também pretende abrigar a Copa América de 2015 e receber modalidades olímpicas em 2016. O governador Agnelo também afirma que “a construção do Estádio Nacional está com 31% da obra concluída, mais que o dobro do que está em segundo lugar”. O Tribunal de Contas da União (TCU) divulgou um relatório onde o ministro Valmir Campelo – relator para projetos da Copa- diz que o Estádio Nacional corre grande risco e não conseguir cobrir seus custos de manutenção com a renda gerada (SENADO, 2011). De acordo com o site do Senado, no fim de 2010, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) recomendou que o estádio de Brasília tivesse a capacidade reduzida de 70 para 40 mil. O governador recém-eleito, Agnelo Queiroz, ventilou a possibilidade, no entanto, com o adiamento constante do projeto do estádio em São Paulo, a Capital Federal passou a crer que ter o jogo de abertura é possível. O Governo do Distrito Federal exigiu e recebeu a garantia do Consórcio Brasília 2014 -responsável pelas obras do Estádio Nacional de Brasília- de que o cronograma e o orçamento serão mantidos, e o GDF já está em negociação com empresas interessadas em explorar o futuro estádio, que também será uma arena multiuso. “Nosso projeto é desenvolver economicamente a capital a longo prazo. Não são investimentos exclusivos para o mundial de futebol”, disse o governador do DF, Agnelo Queiroz. Segundo Sérgio Graça -coordenador do projeto da capital federal para a Copa-, O Estádio Nacional será utilizado para os jogos da olimpíada de 2016, uma vez que Brasília vai ser uma das sub-sedes dos jogos. 62 A idéia é transferir o estádio para a iniciativa privada depois da Copa do Mundo. A administração do estádio cabe à empresa vencedora do processo de licitação. O Mané Garrincha vai ser uma Arena multiuso, que poderá receber shows. Brasília está sendo preparada para o pós-Copa, segundo Agnelo Queiroz. “Vamos investir no transporte público e na mobilidade urbana para a Copa e para a sobrevivência da capital federal. Em 2020 teremos 4 milhões de habitantes em Brasília, sem contar o Entorno. E hoje a indústria do entretenimento é a que mais cresce. Se Brasília fizer 50 eventos, um por semana, já mantém a cidade cheia, os hotéis e restaurantes, desenvolvendo economicamente a capital. Hoje os grandes eventos são realizados no estacionamento, uma vergonha para Brasília. O planejamento de transferência de gestão do estádio para uma empresa especializada em entretenimento começa agora”, finaliza o atual governador do Distrito Federal no seu discurso em uma reunião com a Presidente Dilma Roussef e outros membros do Governo Federal. Resultados De acordo com os dados coletados pela nossa equipe, Brasília tem o projeto de reforma do estádio Mané Garrincha, que, de acordo com o TCU, não ficará pronto a tempo da data-limite (31 de dezembro de 2012), mas o governador do DF, Agnelo Queiroz retruca e confirma que será entregue no prazo estabelecido, pois as obras já estão avançadas. O projeto deste Estádio é um dos mais caros dentre os 12 das cidades-sede. Segundo a FIFA, os estádios precisam ter pelo menos 40.000 lugares. O estádio da abertura deverá ter pelo menos 60.000 assentos; o de encerramento, mais de 80.000. O Ministério Público do Distrito Federal alertou o ex-governador Rogério Rosso – na época, governador-, que a Fifa, não exige estádios para 70 mil pessoas. Bastaria um estádio com capacidade para 60 mil lugares. Segundo a Fifa, se Brasília não receber as partidas de abertura, semifinal ou final, um estádio menor ainda, com 30 mil lugares, seria suficiente. De acordo com o relatório do TCU, um estádio de 70 mil lugares em Brasília pode se transformar em um “elefante-branco” (SENADO, 2011). Com Brasília sendo uma das sedes da Copa do Mundo de 2014, a economia local será beneficiada. “A Copa do Mundo serve para instalar os alicerces e as bases para o crescimento econômico. O investimento que faremos em Brasília vai valer à pena, por isso estamos trabalhando a partir de agora”, relatou Agnelo Queiroz (BRASÍLIA EM TEMPO REAL, 2011). 63 Considerações Apesar da Copa do mundo trazer muitos benefícios, principalmente para a economia local, nem todas as pessoas do Distrito Federal poderão usufruir e terão acesso ao lazer. Baseado em pesquisas sobre as outras Copas do Mundo, vimos que o custo do ingresso é muito elevado. Como o custo de vida em Brasília é alto, provavelmente os ingressos dos jogos serão proporcionais. Grande parte da população do entorno são trabalhadores que prepararão Brasília para receber a Copa, por meio da mão de obra, e muitos não terão condições de assistir aos jogos do estádio, por exemplo, e provavelmente não terão condições de participar dos eventos previstos depois da copa. O governo do DF deveria aproveitar esse momento de “renovação” de Brasília para também pensar em investir mais no entorno, envolvendo educação, segurança, transporte e saúde, para que estes, futuramente, possam desfrutar dos benefícios gerados por eles mesmos, trabalhadores, ou por seus filhos. 2.2 - Acessos à saúde e educação Identificar os impactos sobre a saúde e a educação, em termos dos equipamentos construídos e da ampliação do acesso aos mesmos pela população (identificando a população beneficiada). Introdução A Copa do Mundo de 2014, que ocorrerá no Brasil é a oportunidade para o país avançar na modernização e apresentar capacidade de organização, bem como força econômica para captar investimentos. A Copa tem grande apelo midiático e capacidade de gerar recursos para os setores direta e indiretamente envolvidos em sua realização. Problemas de saneamento, transportes, educação, saúde e entre outros, podem ser abordados de forma nova, com o apoio da ampla mobilização para a Copa. Dessa forma, para que o evento seja positivo, muitos desafios devem ser superados e os estados e as cidades que irão sediar o evento precisam se preparar. O eixo desse trabalho é justamente falar a respeito do acesso a saúde e educação, no Distrito Federal – Brasília é capital-sede da Copa - através dos planejamentos e investimentos destinados a estes provenientes da Copa do Mundo. Para o desenvolvimento e crescimento de qualquer nação são fundamentais esses 64 dois setores, pois fazem parte da base de um país e que estão presentes em cada cidade. Para melhor nortear o trabalho o professor da disciplina, fez as seguintes orientações, identificar os impactos sobre a saúde e a educação, em termos dos equipamentos construídos e da ampliação do acesso aos mesmos pela população, e também identificar a população beneficiada. Desenvolvimento Saúde Segundo a matéria, da Agência Brasil, no dia 11/05/2011, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que a Copa do Mundo de 2014 é uma oportunidade para que o país organize os serviços oferecidos na área de saúde pública. Segundo ele, as prioridades serão o atendimento de urgência e emergência – tanto hospitalar, como nas unidades de Pronto Atendimento (UPAs) – e a vigilância epidemiológica. Também afirmou que o objetivo é concentrar um conjunto de ações nas cidades-sede da Copa. O ministro também ressaltou que muitas pessoas observam a Copa como infraestrutura, como aeroportos, estádios, transportes, mas não se percebe que há também temas operacionais, ligados a serviços. A instalação da ferramenta no âmbito específico da saúde representa o início de uma nova fase no ciclo de planejamento dos trabalhos, já que a primeira fase tratou de infraestrutura. Em Brasília, o governador Agnelo Queiroz lembrou que, somente para a área da saúde, foram contratados mais 2.100 novos servidores. Além disso, nos próximos dias começa a convocação de concursados aprovados em mais um concurso público. Agnelo Queiroz destacou ainda que vários investimentos nas estruturas dos hospitais públicos de todo o DF que estão em andamento. O governador Agnelo Queiroz e o Secretario de Saúde, Rafael Barbosa, reafirmaram como prioridade, aumentar a quantidade de leitos em UTIs. Será aberta licitação emergencial para contratar mais leitos na rede particular. Ofereceram pelo menos mais 50 vagas e na rede publica serão 44 vagas até setembro. Até julho do ano que vem, pretendem que venham mais 340 leitos. Desde o começo do ano, foram criados ou reativados 42 leitos de UTI em Brasília, que chega a 260 vagas, considerando a rede pública e os hospitais particulares conveniados. 65 Recursos destinados à Saúde O valor de R$ 142. 939.269,50, foram destinados a educação no exercício de 2011. Educação Projeto “Um Gol de Educação na Copa de 2014” Em outra reportagem da Agência Brasília, fala a respeito da iniciativa do Centro Interescolar de Línguas (CIL) que pretende formar, ao longo dos próximos quatro anos, um grupo de 2014 estudantes para atuar como voluntários na recepção a visitantes estrangeiros que vierem a Brasília. O projeto chama-se “Um Gol de Educação na Copa de 2014”, os voluntários devem estar matriculados nos níveis básicos dos cursos de Inglês, Francês ou Espanhol. Para a secretária de Educação do DF, Eunice Santos, o projeto tem duas grandes vantagens: motiva os alunos a dominarem um idioma estrangeiro e prepara a cidade para ser uma das sedes da Copa de 2014. A idealizadora do projeto e professora de inglês do Centro Interescolar de Línguas (CIL) há 17 anos, Ana Cristina da Silveira Chaves, lembra que, desde 2007, a Secretaria de Educação incentiva ações de voluntariado na prática escolar. Programa “Olá Brasil” Olá Brasil é um programa desenvolvido pelo Ministério do Turismo e a Fundação Roberto Marinho e que oferece 80 mil vagas gratuitas para cursos on-line de inglês e espanhol, com o objetivo de capacitar os profissionais e a sociedade como todo para receber os turistas na Copa do Mundo de 2014. Podem participar do projeto: camareiras, mensageiros, recepcionistas de hotel, pousada e restaurante, garçons, taxistas, vendedores de lojas, ambulantes, agentes de viagens, de casas de câmbio, de segurança, de saúde, guias de turismo, atendentes em teatro, museus, aeroportos e atrativos turísticos, estudantes universitários e técnicos de turismo, hotelaria, gastronomia, entre outros profissionais. Projetos e Parcerias O GDF como o governo de Agnelo Queiroz e o Ministério da Educação (MEC) com o ministro de educação Fernando Haddad fecharam um acordo que permite 66 construção e a reforma de escolas técnicas e creches, obras de acessibilidade e ações de inclusão digital. O objetivo é melhorar indicadores da rede distrital de educação. Como foi dito por Agnelo Queiroz, o atual governador do Distrito Federal, “Vamos melhorar a qualificação e atingir o índice de 100% de professores com formação superior, investir em construção e reformas de escolas técnicas e creches, e investir também em préescolas para crianças de quatro e cinco anos”, explicou o governador. “E vamos ter pelo menos três escolas em tempo integral e outras três que vão formar no ensino médio e no ensino técnico”. O ministro Fernando Haddad disse que o governo federal e o GDF também confirmaram a parceria pela melhoria do ensino público na região do entorno. A secretaria de Educação do DF, Regina Vinhaes, afirma que “Nossa parceria é baseada em três eixos educacionais: infraestrutura, formação e gestão”. “Estamos nos aproximando do governo federal e, certamente, daqui a um ano já veremos florescidos resultados desse momento que estamos presenciando”, comemorou. A Secretaria de Educação do Distrito Federal lança na sexta-feira (08/07), o programa DF Alfabetizado. O objetivo é alfabetizar 10 mil pessoas a partir da criação de 500 turmas, ainda neste ano. A pasta da Educação pretende alfabetizar 65 mil brasilienses por meio da criação de 3.250 turmas nos períodos de 2011/2014. Recursos destinados à Educação O valor de R$ 6.231.901,03, foram destinados a educação no exercício de 2011. Resultados No Distrito Federal, projetos na área de educação e na saúde estão sendo desenvolvidos por parte do governo do DF, para a Copa do Mundo de 2014, porém foram poucos os encontrados. Visto que a educação pode ser muito importante profissionalmente com a chegada dos turistas, o incentivo é grande para estudar línguas. A busca por cursos de idiomas aumentou bastante e essas pessoas têm o objetivo de se capacitarem, pois haverá uma necessidade por profissionais que falem este idioma e com isso serão valorizados no mercado. No caso dos esportes, bolsas estão sendo cedidas para atletas que estudam na rede pública. O interessante é que as pessoas de menos favorecidas estão sendo beneficiadas, porém não sabemos a quantidade. Na área de saúde as ações estão começando, visto que é necessário compreender e organizar o que estava sendo feito no governo passado. Para a Copa 67 as prioridades serão o atendimento de urgência e emergência, nos hospitais, nas unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e a vigilância epidemiológica. São medidas a curto prazo, que para os que moradores do DF, que utilizam a rede pública de saúde, não são tão eficientes, pois precisa de maior atenção aos pacientes que precisam de tratamento a longo prazo. Considerações Houve dificuldade em encontrar dados dos investimentos que o governo do Distrito Federal está fazendo nos setores da saúde e educação. É perceptível que para o governo é complicado investir em longo prazo, mais ou menos quatro anos, onde acaba seu mandato, então por quais motivos o governo gastaria o dinheiro público na saúde, se existem os hospitais particulares que atendem por convênios. E na educação é mais fácil não investir, pois as pessoas não adquirem conhecimento e assim não criticam o governo. Nessas duas áreas fica muito difícil de investir, já que é um processo de longo prazo e que exige um gasto muito grande. O governo prefere gastar o dinheiro da copa nos setores hoteleiros, mobilidade ou transporte, reformar estádios e turismo. E o sofrimento só aumenta com professores mal remunerados, escolas precárias, pessoas morrendo a todo instante e sem leito de UTI e muitos esperam na fila para serem atendidas ou a espera de um transplante há anos. Seria ótimo se o governo investisse na saúde e educação como investem na no futebol. Porém o que vai acontecer é que certas regiões serão privilegiadas por sediarem a Copa e só alguns setores serão beneficiados. Os empreendedores estão pensando na pós-Copa 2014 e nos impactos que o empreendimento vai causar? A resposta é não, e as pessoas também não estão muito interessadas em saber. O trabalho foi todo feito por investimentos que o atual governo faz na sua política. Muitos atendentes que trabalham nas secretarias do governo têm dificuldade em dizer quais os projetos que estão sendo feitos para a Copa de 2014 e às vezes falam para telefonar para outras secretarias, dizendo que irão responder suas perguntas. Na verdade os atendentes não são objetivos e coerentes. 2.3 - Acesso à segurança Identificar os impactos sobre a segurança pública, em termos dos investimentos realizados, dos equipamentos construídos e da população beneficiada (Destaca a evolução dos índices de criminalidade e de violência policial). 68 Introdução Este é um quesito em relação ao qual não só Brasília como também o Brasil tem grande dificuldade em evoluir, não somente no que se refere à segurança da população em geral, como também à violência dentro dos estádios. A questão da segurança pública é de difícil solução, não somente por ser particularmente sujeita a problemas de coordenação, como também por requerer, mais do que investimentos em capital físico, políticas públicas consistentes, inteligentes, de longo prazo e coordenadas com outras áreas do poder público. Atualmente a situação de segurança pública no Distrito Federal encontra-se em defasem, Sandro Avelar, secretário de segurança pública, informou que “o número de policiais militares na capital do país está inferior ao ideal”. Podemos observar em várias cidades do DF principalmente as que apresentam baixo IDH a falta de policiamento nas ruas é visível, aumentando a sensação de insegurança que o povo brasiliense sente. Outra questão a ser abordada refere-se ao combate ao tráfico de drogas principalmente quanto ao uso de crack no DF. Homicídios, furtos, roubos, latrocínios, todos estão vinculados ao uso e ao tráfico de drogas. O policiamento deve ser aumentado não apenas nas ruas más também nas escolas do DF. A copa de 2014 pode trazer para o Brasil um aumento de 80% no fluxo turístico, com isso a quantidade de pessoas circulando em nosso território irá aumentar em quantidade bastante significativa, trazendo inúmeros benefícios para o país principalmente econômicos. Brasília irá investir na instalação de 900 câmeras de segurança funcionando 24 horas por dia durante a copa. Irá também ser intensificado o policiamento no estádio de futebol, previsto para ser entregue em Dezembro de 2012, aumento de efetivo na luta contra o combate ao tráfico de drogas e, aplicação de investimentos em todo sistema de segurança do aeroporto Juscelino Kubitschek. Esse projeto de segurança pública contará com os trabalhos de inteligência dos órgãos da secretaria, além de ações integradas com outros entes do governo. O governo do distrito federal conseguiu captar R$ 230 milhões junto ao Banco Mundial para investimento, primordialmente, em Segurança Pública e Transporte urbano. O Governo Federal pretende gastar R$ 1,6 bilhão com equipamento e treinamento dos policiais para a segurança do evento. De acordo com o governador Agnelo Queiroz os investimentos já começaram no DF, com a entrega de 100 novas viaturas da Polícia Militar e seis ônibus de comando móvel, que vão atuar no policiamento preventivo, em situações de crise e eventos de grande porte, como a Copa das Confederações (2013). Além de sediar a 69 Copa do Mundo em 2014, Brasília irá também sediar a Copa América em 2015 e os jogos de futebol das Olimpíadas em 2016. O esquema de segurança para a Copa do Mundo de 2014 contará com um Centro de Comando e Controle em Brasília, integrado a centros idênticos nas 12 capitais que sediarão o evento no Brasil. Essa estrutura é baseada na experiência da Copa de 2010 na África do Sul. De acordo com o secretário nacional de Segurança Pública substituto Alexandre Aragon “Esses centros de comando vão permitir que as polícias se falem e tenham o mesmo nível de informação em todos os estados”. Importante frisar que a unidade central será em Brasília , terá condições de remanejar efetivos, se tivermos uma crise em algum estado ou até mesmo empregar efetivos reservas, sediados em Brasília, quando necessário. Uma observação a ser levantada é que essas unidades não cuidarão da violência urbana, que continuará sendo tarefa dos sistemas de segurança já existentes, os centros de comando da Copa estarão ligados aos serviços policiais de rotinas pelo serviço 190. Já aconteceram em Brasília reuniões com a presença de agentes de outros estados para debater o tema segurança pública para Copa de 2014. Um dos objetivos dessas reuniões era ouvir os técnicos dos estados para saber as necessidades de cada um e, a partir daí, elaborar o projeto de centros de comando e controle de acordo com a situação apresentada. Para o secretário nacional de segurança pública, substituto, Alexandre Aragon, o Brasil leva vantagem sobre a África do Sul ao ter experiência na organização de grandes eventos, como o carnaval do Rio e de Salvador, que são controlados pelas polícias locais. “Sem falar nos grandes eventos de futebol, em que toda quarta, sábado e domingo temos públicos de até 80 mil pessoas em determinados estádios”, Alexandre Aragon. Entretanto, os sistemas de controle do ingresso de pessoas nesses eventos ainda estão muito inferiores ao de uma Copa do Mundo. Brasília foi neste mês de Julho exemplo de demonstração de segurança na questão antibomba para a Copa de 2014, no Estádio Nacional de Brasília (antigo Mané Garrincha), foi realizada uma ação conjunta do Ministério da Justiça (MJ), por meio da Secretaria Nacional de Segurança Pública; da Polícia Federal e do Instituto Nacional de Identificação; e da Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF), com as Polícias Civil e Militar, o Corpo de Bombeiros e o Instituto de Identificação da Polícia Civil. Orlando Silva, ministro do Esporte elogiou o GDF pelo compromisso com o cronograma e andamento das obras, para ele essa demonstração foi uma homenagem ao governo do Estado. Houve três momentos de durante essa demonstração realizada. O primeiro foi a identificação dos 1,9 mil operários que atuam na obra, a partir de dados biométricos 70 (como impressão digital) e biográficos (dados de pessoais). A segunda parte diz respeito à segurança da infraestrutura, com uso de cães treinados para farejar explosivos. Na terceira fase, um robô detonou uma caixa de explosivos e foram apresentados outros equipamentos como tenda para conter a explosão, braço mecânico para manipular artefatos à distância, roupas antidesfragmentação e um aparelho de raios-x. Todos esses procedimentos seguem o padrão estabelecido pelo FIFA. O delegado José Ricardo Botelho, da Polícia Federal informou que será utilizado o máximo de tecnologia e o mínimo de intervenção humana possível. Considerações Percebemos que as cidades sedes da Copa 2014, estão se preocupando mais com a construção dos estádios do que com os investimentos realizados na questão da segurança pública. A Copa trará grande impacto social principalmente para as capitais e litorais brasileiro. No caso do distrito federal, onde tem um planejamento de implementação de 900 câmeras de segurança ligadas 24 horas durante o evento, será que essas câmeras irão também funcionar pós Copa do mundo? Deve-se ter uma preocupação não apenas em prol dos turistas, mas também em favor da comunidade local. 2.4 - Acesso aos Jogos da Copa do Mundo e das Olimpíadas Identificar se as intervenções previstas ampliam o acesso dos torcedores aos estádios e ginásios onde serão realizados os jogos da Copa do Mundo e das Olimpíadas (destacar a questão do preço dos ingressos). Introdução No dia 31 de maio de 2009, o Brasil foi anunciado como o país sede da Copa do Mundo de 2014. Um evento deste porte, bem como as Olimpíadas a serem realizadas na cidade do Rio de Janeiro em 2016, exige melhoria na infraestrutura das cidades anfitriãs, desde modernização de instalações até a garantia de acessibilidade. A Copa do Mundo voltará a ser realizada na América do Sul após 36 anos. O prazo final para a entrega de todos os estádios em plenas condições de uso é dia 31 de dezembro de 2012. Em 2013, o país deverá receber a Copa das Confederações, que serve como uma espécie de ensaio geral para o Mundial. Nas últimas décadas, promover a adequação dos espaços para criar condições de acessibilidade para todas as pessoas tem sido preocupação e um dos grandes 71 desafios para arquitetos, urbanistas, profissionais de todas as áreas e segmentos comprometidos com a inclusão social e o direito à cidade. Com o advento da Copa de 2014, obras e serviços de adequação do espaço urbano e dos edifícios às necessidades de inclusão de toda população surgem por todo País, pois a acessibilidade é condição prevista em lei para que o Brasil possa sediar a Copa. Bilhões de dólares serão investidos para atender as exigências estabelecidas pela FIFA, e um dos requisitos é a Acessibilidade; Estádios, Terminais Aeroportuários, Portuários, Rodoviários e Ferroviários e os Pólos de Hospitalidade devem ser acessíveis a todas as pessoas, inclusive as Pessoas com Deficiência ou com Mobilidade Reduzida. Os estádios que serão construídos ou reformados para a Copa 2014 devem cumprir uma extensa lista de exigências da Federação Internacional de Futebol (FIFA) para ganharem o privilégio de sediar de três a cinco partidas do Mundial. As construções devem seguir um manual de recomendações disponibilizado pela Federação, bem como a legislação local, como a Norma NBR 9050 da Associação Brasileira de Normas Técnicas. Para começar, os estádios precisam ter pelo menos 40.000 lugares. O estádio da abertura deverá ter pelo menos 60.000 assentos; o de encerramento, mais de 80.000. A FIFA recomenda ainda que todos os espectadores tenham cadeiras individuais numeradas, com encosto de pelo menos 30 centímetros de altura. Banheiros limpos e em número suficiente, corredores de entrada e saída largos e tribunas de imprensa bem equipadas - raridades nos campos brasileiros - são outras exigências. Também é preciso haver hospitais e estacionamentos nas imediações das arenas. As 12 sedes do Mundial já foram confirmadas: Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Manaus (AM), Natal (RN), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e São Paulo (SP). Diversas outras cidades receberão milhares de turistas motivados pela realização das Funfests que são eventos promovidos pela FIFA transmitindo os jogos da Copa durante o dia e eventos culturais, como shows, no período noturno. Porém existe um atraso no cronograma da implantação dos projetos para a Copa 2014 e algumas sedes poderão ser eliminadas pelos Executivos da FIFA e do COL (Comitê Organizador Local) caso fique evidente que todos os requisitos não serão cumpridos. Sabemos que a acessibilidade ainda é precária em diversas cidades e o Estado e a Sociedade Civil Organizada tem agora, uma grande oportunidade de analisar e implementar as devidas adequações de acessibilidade, pois além de promover a hospitalidade aos torcedores, poderemos deixar um legado de melhorias a 53 milhões de brasileiros, Pessoas com Deficiência ou com Mobilidade Reduzida. 72 O Decreto nº. 5.296/2004 prevê em seu art. 23, caput, que: Teatros, cinemas, auditórios, estádios, ginásios de esporte, casas de espetáculos, salas de conferências e similares reservarão, pelo menos, dois por cento da lotação do estabelecimento para pessoas em cadeira de rodas, distribuídos pelo recinto em locais diversos, de boa visibilidade, próximos aos corredores, devidamente sinalizados, evitando-se áreas segregadas de público e a obstrução das saídas, em conformidade com as normas técnicas de acessibilidade da ABNT. Além disso, o parágrafo primeiro do mesmo artigo dispõe que “é obrigatória, ainda, a destinação de dois por cento dos assentos para acomodação de pessoas portadoras de deficiência visual e de pessoas com mobilidade reduzida, incluindo obesos, em locais de boa recepção de mensagens sonoras.” Notamos que a questão da acessibilidade mesmo estando bem difundida nos meios de comunicação, encontra ainda algumas barreiras para sua eficaz implantação. Entretanto, como a questão já encontra respaldo legal, com um leque de normas jurídicas, como as Leis 10.048/2000 e 10.098/2000, para implementar a acessibilidade a locais públicos, as obras que, diga-se de passagem estão bem atrasadas, já se iniciaram preveem pontos específicos de acesso aos cidadãos com algum tipo de necessidade especial. O Decreto 5.296/2004 – regulamenta as leis supracitadas que priorizam o atendimento e que estabelecem normas e critérios básicos para a inclusão das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida - nos projetos dos estádios a serem construídos para a Copa do Mundo de 2014. Com isso, nota-se que as novas construções devem atender aos padrões de acessibilidade, ponto chave para um país receber bem todos os ingressantes e espectadores que virão ao país sede da Copa de 2014. Outra questão de grande importância está relacionada aos custos dos ingressos nos jogos. Não adianta se construir belíssimas e milionárias estruturas se o seu acesso for limitado a um público de alto poder aquisitivo, o que no Brasil é minoria. Conforme verificado na Copa da África em 2010, os valores dos ingressos foram distribuídos em três categorias: os ingressos mais caros são de US$ 450 (R$ 1.072,00) para a partida de abertura, US$ 160 (R$ 381,00) para as da fase de grupos, US$ 200 (R$ 476,00) para as oitavas, US$ 300 (R$ 714,00) para as quartas, US$ 600 (R$ 1.429,00) para as semifinais, US$ 300 (R$ 714,00) na decisão do terceiro lugar e US$ 900 (R$ 2.148,00) para a final. 73 Já as entradas mais baratas saem por US$ 200, na abertura, US$ 80 (R$ 191) na fase de grupos, US$ 100 (R$ 238) nas oitavas, US$ 150 (R$ 258) nas quartas, US$ 250 (R$ 596) nas semifinais, US$ 150 para a decisão do terceiro lugar e US$ 400 (R$ 955) à decisão. A FIFA e o comitê organizador criaram uma quarta categoria de preços, apenas para pessoas residentes na África do Sul, com a moeda local, o rand. Já os carnês, que podem ser para três, quatro, cinco, seis e sete jogos, têm preço de US$ 528 (R$ 1.260,00) para três partidas e de US$ 2.728 (R$ 6.513,00) para sete. Na terceira categoria, estes valores são de US$ 264 (R$ 630,00) e US$ 1.254 (R$ 2.994,00), respectivamente. Para os padrões do Brasil, esses valores acima citados extrapolam a média do poder aquisitivo da maioria dos espectadores brasileiros, fazendo com que grande parte da população não consiga ver sequer um jogo de futebol no seu país. Entretanto, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, garantiu que o preço dos ingressos para a Copa do Mundo de 2014, não serão altos. Segundo o correspondente da Rádio Gaúcha na Suíça, Pedro Ernesto Denardin, os valores serão populares e acessíveis aos torcedores brasileiros, que terão a oportunidade de assistir à Copa. Além disso, os estádios não estarão vazios, fazendo com que se consiga um alto retorno com a maior quantidade de ingressos vendidos e não com altos preços. Podemos citar alguns itens que devem ter uma atenção redobrada dos engenheiros, arquitetos e projetistas: Estacionamentos Torcida: estádios para 60 mil torcedores devem ter ao menos 10 mil vagas para carros e 500 para ônibus. O ideal é que o estacionamento seja adjacente ao estádio, mas a Fifa aceita vagas até um perímetro de 1,5 Km. Público VIP: o estacionamento deve ser privativo e, preferencialmente, dentro do estádio. Delegações: às delegações devem ser reservadas ao menos duas vagas de ônibus e oito de carro, dentro do estádio, próximas aos vestiários e isoladas do público. Mídia: deve haver uma entrada exclusiva para os profissionais de comunicação, com sala de imprensa de 30 m2, no máximo. Recomenda-se tratamento diferenciado aos fotógrafos por portarem equipamentos pesados. Caminhões de transmissão TV (TV Compound): para a final da Copa, esta área deve ter entre três e cinco mil m2. O estacionamento deve ser adjacente ao estádio, ter segurança reforçada e sistema independente de geração de energia. 74 Veículos de transmissão via satélite: devem ter área de estacionamento reservada, a céu aberto, adjacente à TV Compound e com o mesmo sistema de geração de energia. Veículos de emergência e segurança: devem estacionar em área adjacente ou no interior do estádio, em posição que permita um rápido escoamento. Heliporto: a Fifa recomenda que haja um heliporto próximo ao estádio. Vestiários e acesso Jogadores e árbitros devem ter uma área de entrada exclusiva e segura, com espaço suficiente para a circulação de carros, ônibus e ambulâncias. Os vestiários de visitantes e anfitriões devem ter ao menos 150 m2 e itens idênticos de conforto. Para estádios multiuso, a FIFA recomenda a construção de quatro unidades. Os escritórios dos técnicos devem ser adjacentes aos vestiários, com área mínima de 24 m2. O vestiário dos árbitros deve ser privativo, mas próximo aos vestiários dos jogadores. O tamanho mínimo é de 24 m2. O túnel de acesso deve ter um mínimo de 4m de largura e 2,2m de altura. Em partidas internacionais, o ideal é uma largura de 6m. Os árbitros e os jogadores de cada time devem ter acessos individuais ao campo. Próximo aos vestiários deve haver duas áreas para o aquecimento dos jogadores, com 100 m2 cada. Conforto do Público Entre os itens de conforto, a cobertura é o que levantou as maiores dúvidas quanto à necessidade de ser realmente instalada nos estádios da Copa. Segundo o caderno de encargos da FIFA, a cobertura é desejável em locais com alta incidência de sol e de climas frio ou úmido. O estádio deve ter assentos individuais e afixados à estrutura da arquibancada. A largura mínima sugerida é de 47 cm, com encosto de pelo menos 30 cm de altura. Para facilitar a circulação dos torcedores é recomendada uma distância mínima de 85 cm de encosto a encosto. Os assentos VIP devem ter localização central e separada das cadeiras do público geral. Todos os torcedores devem ter uma visibilidade perfeita do campo, o que significa que os pontos-cegos não são aceitáveis. Para isso, a FIFA recomenda um cálculo cuidadoso da inclinação das arquibancadas e que as placas de publicidade tenham altura máxima de 100 cm. Os estádios modernos devem ter ao menos cinco pontos de venda para cada mil espectadores, equipados com aparelhos de televisão para que o público não perca os lances da partida. A posição das vendas deve ser projetada de modo que a aglomeração do público nas filas não obstrua a circulação do estádio. 75 O caderno de encargos recomenda que os estádios adotem normas de acessibilidade para portadores de deficiência. Todos os setores devem ter rampas para cadeirantes, sanitários adaptados e serviços de apoio. Portadores de deficiência devem ter um portão de entrada exclusivo, que dê acesso direto à área adaptada. Em cada vaga de cadeirante deve haver um assento para acompanhante e tomadas de energia para a conexão de aparelhos eletrônicos. Considerações Sabemos que a acessibilidade ainda é precária em diversas cidades e o Estado e a Sociedade Civil organizada tem agora, uma grande oportunidade de analisar e implementar as devidas adequações, pois além de promover a hospitalidade aos torcedores, poderemos deixar um legado de melhorias a milhões de brasileiros com deficiência ou mobilidade reduzida. Assim, considerando que a Copa do Mundo de futebol é o evento que reúne milhares de pessoas, onde as diferenças somem e colocam o rico e o pobre, o empregado e o patrão, o branco e o negro numa só torcida, é passada a hora de uma inclusão efetiva para todos os tipos de torcedores. 3. Moradia e Dinâmica Urbana e Ambiental 3.1 – Moradia Identificar os impactos das intervenções sobre à moradia, em termos da ampliação do acesso a mesma pela população (identificando a população beneficiada). Introdução O acesso à moradia no Distrito Federal tem apresentado grandes avanços. Antes a forma com que o processo de transferência de propriedade era feito tornava fácil a grilagem de terras, tendo como resultados o inchaço das cidades e o crescimento das periferias, além das várias residências que se encontram na ilegalidade. Atualmente o GDF utiliza-se do programa Minha Casa Minha Vida – MCMV, do governo federal que foi lançado em abril de 2009. Em se tratando de grandes eventos, como a Copa do mundo de futebol, grandes impactos ocorre em função das mudanças que são necessárias. Esses impactos incidem sobre a população e as cidades, estes podem ser bons ou ruins, além dos problemas de prostituição, criminalização dos sem 76 tetos. Um problema referente à moradia são as expulsões de pessoas de seus lares para a criação de pousadas e construção de vias de acesso, entre outros problemas. Desenvolvimento Segundo FONSECA, o “cenário dos impactos provocados pela Copa não resulta de fatores isolados, mas de um conjunto interligado de fatores” que como um “efeito dominó” as ações geram desdobramentos econômicos, sociais e culturais que podem, dependendo da forma que forem implantadas, servir à população depois do evento. Segundo o secretário especial de articulação para a Copa da Prefeitura de São Paulo, Gilmar Tadeu Ribeiro Alves, a Copa representa "a oportunidade de colocar (os projetos) em execução e evitar o risco que fiquem na gaveta". Pensando por este lado, é de bom grado que aconteça. No entanto, os impactos gerados vão desde o impacto primário até terciário ou quaternário, dependendo do contexto em que estiver inserido – econômico, social e/ou cultural. Impacto primário seria provocado pelas empresas que estão ligadas diretamente ao evento e os derivados - secundário, terciário, quaternário, viriam dos desdobramentos destas empresas na realização de suas atividades, por exemplo, a geração de empregos, alterações de vias de acesso, entre outros. Dentre estes impactos está o impacto à moradia, ou melhor, o impacto que incide diretamente sobre a população localizada próximo ao local de realização do evento. Como citado no parágrafo anterior, alterações de vias pode resultar impacto sobre a moradia, isto dependendo de onde seriam realizadas estas alterações. FONSECA ainda cita que: “de todas as cidades-sede, somente Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba estão mais bem preparadas para atender a demanda turística durante o evento. Nas demais cidades, o número de turistas esperado supera a capacidade atual para hospedá-los, ocasionando deficit total projetado de 62.397 unidades”. Brasília está dentro desta situação problema, o setor hoteleiro de Brasília nas condições atuais não será capaz de atender a esta demanda podendo afetar de certa forma a população que reside próximo ao Estádio Nacional. Pode ocorrer algo parecido com o que está ocorrendo no Rio de Janeiro, moradores de favelas que estão pacificadas estão oferecendo suas residências para servir de pousada para os turistas. Na falta de opção, em Brasília, o turista que vier assistir ao jogo da copa poderá recorrer a este tipo de pousada. Um exemplo que já 77 existe em Brasília é o caso das residências da W3 Sul que são utilizadas como pousadas para turistas sendo, porém irregulares por se tratar de área residencial. O governo do DF tem utilizado os recursos do programa Minha Casa Minha Vida para que a população que vive em lugares irregulares possa ter sua casa própria legalizada. Consultando os sítios do GDF não é possível encontrar relação entre estes programas habitacionais e a Copa de 2014, mas é sabido que na falta de lugares para acomodar os turistas pode haver uma pressão por parte do governo, imobiliárias e até donos de hotéis em cima da população que vive em residências que não são suas, mas alugadas, cedidas ou irregulares. O GDF pode vir a fazer uso de mecanismos, os “conhecidos” instrumentos do Estatuto das Cidades, para desapropriar tais propriedades ou induzir a saída do morador de sua residência. Alguns instrumentos que podem ser utilizados: • Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) • Parcelamento, Edificação e Utilização Compulsórios – PEUC • IPTU Progressivo no Tempo • Desapropriação com Títulos da Dívida Pública • Consórcio Imobiliário Casas alugadas, casas irregulares, prédios abandonados são exemplos de propriedades que podem sofrer intervenção por parte do governo e/ou terceiros. A apropriação por parte do governo pode ser vantajosa para a população, quando prédios que outrora eram inúteis, passarem a cumprir função social servindo como residência popular após o evento. É uma utopia pensar assim, porém não deixa de ser uma possibilidade. A associação daquela atitude com a realização do programa MCMV pode ser viável, porém um estudo aprofundado se faz necessário. Já a intervenção de terceiros, imobiliárias, pode tirar o teto de pessoas que não têm casa própria e vive a pagar aluguel ou de forma irregular. No Art. 5º da CF de 1988 diz que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito [...] à propriedade” e ainda seus incisos XXII e XXIII diz que é garantido o direito de propriedade e esta atenderá a sua função social. Dentro do contexto do parágrafo anterior qualquer propriedade que não esteja atendendo esta função corre o risco de ser tomada pelo poder público. O artigo 39 da Lei n° 10.257 de julho de 2001, denominada Estatuto da Cidade, afirma que a 78 propriedade urbana só cumpre sua função social quando “atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor, assegurando o atendimento das necessidades dos cidadãos quanto à qualidade de vida, à justiça social e ao desenvolvimento das atividades econômicas”. No sítio oficial que disponibiliza notícias sobre a copa de 2014 tem-se uma notícia a respeito de remoção ilegal de moradores que residem em áreas de interesse das obras. Também cita que as remoções e despejos já ocorridos em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Natal e Fortaleza configuram, segundo a relatora da ONU para o Direito à Moradia Adequada, Raquel Rolnik, “violações aos direitos humanos”. E, também, na maioria dos casos, “as indenizações pagas são insuficientes e podem acarretar a formação de novas favelas e o crescimento do número de famílias sem teto”. Resultados Diante do que foi exposto depreende-se que o governo tem trabalhado para a entrega de moradias financiadas a moradores. No entanto, estas ações são insuficientes para garantir que todos os moradores do Distrito Federal terão preservado o direito à moradia e se houver intervenção do governo, que haja a contrapartida para o morador desapropriado. Considerações Considerando os pontos positivos dos impactos de megaeventos seria até interessante tê-los, mas olhando pela perspectiva do social pode significar ônus para a população. O acesso da população mais pobre à moradia pode ser estendido com o advento de um grande evento como a Copa do Mundo em detrimento da qualidade e perspectiva de futuro da cidade, pois estas moradias em sua maioria serão implantadas em zonas periféricas à cidade. 3.3 - Meio Ambiente Identificar os impactos das intervenções sobre o meio ambiente, verificando eventuais casos de injustiça ambiental (danos ambientais afetando desigualmente as classes populares). 79 Introdução Este trabalho compreende o sub-eixo de Meio Ambiente dentro da temática Megaeventos – Copa do Mundo e Olimpíadas no DF, baseando-se na questão orientadora de Identificar os impactos das intervenções sobre o meio ambiente, verificando eventuais casos de injustiça ambiental (danos ambientais afetando desigualmente as classes populares). Espera-se levantar todos os possíveis impactos ambientais negativos e positivos decorrentes do planejamento, preparação, execução e pós-execução das Olimpíadas e Copa do Mundo no Distrito Federal, podendo-se apontar recomendações e intervenções a fim de evitar ou mitigar os possíveis impactos negativos. Desenvolvimento A chegada das da Copa do Mundo e Olimpíadas no Brasil não representa apenas abertura do país para foliões desportistas internacionais, mas representa o olhar de milhões de pessoas ao redor do mundo focado no Brasil, representa a entrada de milhares de estrangeiros ao mesmo tempo em algumas poucas cidades, representa a entrada e investimento de bilhões de dólares e reais em infraestrutura para recepcionar satisfatoriamente a todos, representa também atender a demanda de cada município e estado que irá participar do circuito das competições, portanto atender também aos interesses dos residentes locais sem se esquecer do meio ambiente que nos cerca e nos mantém. Sendo assim o Brasil não pode se descuidar com cada preparativo, correndo o risco de pagar mico internacionalmente. Todas estas obras, públicas ou privadas, têm algo em comum: a exigência constitucional de elaboração pelo empreendedor do Estudo de Impacto Ambiental (EIA), documento essencial a instruir o imprescindível licenciamento ambiental, instrumento de controle prévio e concomitante pelo Poder Público quanto às normas ambientais aplicáveis. Sabendo-se das grandezas desses dois megaeventos torna-se de suma importância conhecer as fases de cada megaevento, lembrando que cada um possui etapas bem definidas, são elas: o planejamento, a preparação, execução e pósexecução. Cada fase possui seus instrumentos de controles, tempo e gastos definidos ou ao menos esperados. Bem como se podem prever os impactos ambientais possíveis de acontecer como consequências de cada etapa. O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) está previsto pelo art. 225, §1º, IV, da Constituição Brasileira de 1988 como um requerimento prévio e obrigatório para instalação “de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação 80 do meio ambiente.” Portanto, os entes governamentais não possuem discricionariedade para decidir acerca da elaboração ou não de um EIA; se o projeto apresentado for potencialmente causador de algum impacto ambiental significativo, como, em regra, são aqueles relacionados à estrutura da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016, um EIA deverá necessariamente ser exigido, previamente, pelo ente regional ambiental competente, sob pena de nulidade da licença ambiental. O EIA para obras de mobilidade urbana, tais como os serviços públicos de transporte terrestre e de ampliação dos estádios, deverá necessariamente identificar e avaliar os impactos no ambiente ocasionados pela poluição sonora, atmosférica, do solo e dos recursos hídricos, assim como apresentar, dentre as medidas de mitigação, aquelas voltadas expressamente para a conservação e uso racional dos combustíveis. Estima-se que a pegada de carbono da Copa do Mundo 2010 seja de 896.661 toneladas de carbono, com o adicional de 1.856.589 toneladas como parte da contribuição do transporte aéreo. A pegada de carbono mede quanto dióxido de carbono é produzido em todas as atividades (transporte, eletricidade, etc.) de uma pessoa, uma empresa, um evento – atividades essas que normalmente utilizam combustíveis fósseis, como petróleo, gás e carvão Segundo os critérios adotados pela United Nations Environment Programme (Unep), as dimensões econômicas, sociais e ambientais devem ser integradas para vencer os desafios em seis áreas prioritárias: mudanças climáticas, desastres e conflitos, manejo de ecossistema, governança do meio ambiente, substâncias perigosas e eficiência do uso de recursos naturais. Desde 2006, com a Copa na Alemanha, a FIFA desenvolve o programa "Green Goal", com o objetivo de reduzir as emissões de carbono e fazer uma melhor gestão de água, da energia, dos resíduos e do transporte. O Brasil tem longa tradição de planejamento verticalizado, no qual as decisões são tomadas por governos centrais e irradiadas para os pontos locais de organização. Frequentemente existe pouca autonomia local, pouco feedback sobre a eficiência das decisões tomadas e pouco controle sobre o alinhamento dos agentes responsáveis pelas políticas estipuladas. Tais características podem ser identificadas não somente na relação entre o governo federal e os demais entes da federação da sociedade civil local. Diante disso qualquer necessidade de política ou intervenção pública “de cima para baixo” introduz um risco institucional, na medida em que, devido às falhas no processo decisório, tais intervenções podem ser realizadas de forma equivocada, desnecessariamente dispendiosa, ou simplesmente não se concretizar. Matheson (2002) aponta que diversos estudos geralmente superestimam o benefício econômico sobre a economia local, pois a metodologia não é capaz de 81 perceber certos vazamentos durante o evento esportivo (os ganhos obtidos podem não permanecer no país sede, mas ir para os acionistas estrangeiros). As 12 cidades-sede precisam reformar e fazer mudanças estruturais e em alguns casos construir do zero seus estádios. Em todas as capitais, as arenas passarão por reformas para atender às exigências da FIFA e poder sediar de três a cinco partidas do Mundial. No DF a principal mudança ocorrerá na capacidade do estádio. O Estádio Nacional de Brasília está sendo construído no local do antigo Estádio Mané Garrincha. A previsão é de que comportará 40 mil pessoas, mas, caso seja escolhido para receber a abertura da Copa 2014, terá 70 mil lugares. De acordo com o edital aprovado pelo Tribunal de Contas do DF, a vencedora da licitação fará os trabalhos de desenvolvimento de projeto executivo dos sistemas especiais de tecnologia, execução das obras civis de recuperação estrutural da atual estrutura de arquibancadas, obras civis para adaptação e ampliação das novas arquibancadas, rebaixamento do nível do gramado, construção dos demais ambientes contidos no projeto executivo de engenharia, assim como a execução das instalações e dos sistemas elétricos, hidráulicos, de ar-condicionado e de segurança. Além de ser gigantesco para os padrões de Brasília, os custos para os cofres públicos não foram devidamente explicitados. De acordo com o Ministério Público do Distrito Federal, o projeto básico assinado com o consórcio vencedor da licitação, formado pelas construtoras Andrade Gutierrez e Via Engenharia, não inclui na conta uma série de despesas. Entre elas estão o sistema de cobertura – fixa e retrátil, iluminação do campo e arquibancadas, aparelhos de sonorização, câmeras de segurança, placares eletrônicos e telões. Há especulações que os valores até a conclusão da obra poderão alcançar a marca de mais de R$ 1 bilhão. Fora da lista Itens que não foram incluídos na licitação de construção do estádio e que podem empurrar os custos para R$ 1 bilhão: • Túnel que liga o estádio e o Centro de Convenções cujo projeto ainda está em execução • Áreas externas ao estádio, como estacionamentos e heliportos • Fornecimento e instalação do sistema de Broadcasting Fonte: Ministério Público do Distrito Federal 82 Resultados Estádios: dada a complexidade das obras envolvidas, há um grande desafio para que todos os estádios possam ser entregues a tempo da Copa das Confederações, em junho de 2013, quanto menos um ano antes, conforme compromisso firmado pelo Brasil. Além disso, uma vez que a responsabilidade pela construção e reforma dos estádios está distribuída entre diversos clubes e/ou entidades públicas, pode não haver padronização ou análise de conformidade dos projetos às exigências da FIFA (riscos de coordenação). Segundo dados do Governo Federal (2011), dos doze estádios da Copa, 10 têm suas obras iniciadas e destes apenas 7 apresentam cronograma de execução adequado, vide figura 1 para detalhes de cada cidade. Sabe-se que a etapa mais passível de causar impactos ao seu redor é de construção, ou seja, execução do planejado em relação às infraestruturas requeridas pelos megaeventos, entre elas o estádio. A partir do caderno de recomendações técnicas e requisitos para estádios de futebol da FIFA extraiu-se os principais impactos que a construção de um estádio causa no ambiente em que é construído. São esses impactos negativos: • Iluminação local: o estádio dependendo de sua posição e momento projeta sua sombra em propriedades adjacentes, além de eventos ou jogos noturnos demandarem muita luz e que podem irradiar por centenas de metros afora o estádio, podendo até atrapalhar o fluxo aéreo; • Energia: o estádio consome muita energia elétrica, o que pode caso mal planejado, interferir na distribuição local da energia; • Transporte: com certeza um ponto sensível é o transtorno que a construção e uso do estádio trazem no tráfego rodoviário local, pois se mal planejado pode congestionar toda malha rodoviária em volta sempre que houver um evento ou competição, dificultando o transporte daqueles que nada tem haver com o acontecimento; • Poluição sonora: os sons emitidos pelo público ou evento podem ecoar ao redor do estádio caso não haja nenhuma barreira que impeça isso, prejudicando pessoas que estão até 5km de distância do estádio, algo parecido é visto em Brasília com o estádio Mané Garrincha; • Brigas e tumultos: é freqüente que torcidas ou pessoas mal intencionadas causem danos ao patrimônio público ou mortes; 83 • Atividades comerciais: é comum que o estádio traga muito movimento de pessoas aos comércios próximos na situação de eventos ou competições, mas quando não há o comércio normalmente se enfraquece. Figura 01 – Situação das Obras dos Estádios Além disso, transtornos já estão ocorrendo em Brasília devido às precárias condições em que estão sendo feitas as melhorias no transporte local. Como exemplo pode-se citar a construção do Veiculo Leve sobre Trilhos (VLT) que esta sendo feito a passos curtos e com longas pausas devido a impasses entre órgão ambiental e governo e falta de repasses públicos, assim pontos da obra ficam paralisados causando uma poluição visual e congestionamentos rotineiros. Obras como: pontos do VLT, obras na DF 047 (acesso ao aeroporto), expansão e adequação do Mané garrincha e que estão sendo diretamente ligadas aos megaeventos, todas estão fora do prazo correto de execução e seus valores já foram acrescidos de milhões de reais. Vale ressaltar que as melhorias econômicas e de infraestrutura se concentram na região central do DF, parte em que a maioria absoluta da população ganha mais que 12 salários mínimos, ou seja, tais obras não beneficiarão a população que realmente move Brasília: residentes das satélites. Considerações Em vista da diversidade de agentes envolvidos (União, estados, municípios e empresas) o planejamento e a execução das ações precisam ser muito bem orquestrados. Existe o risco de que a despesa total venha a ser muito superior à inicialmente prevista, principalmente em função de deficiências no planejamento e do consequente atraso na execução das obras. No caso da realização dos grandes 84 eventos esportivos no Brasil, em grande escala, o benefício é privado, pois o aumento dos gastos públicos em infraestrutura aquece o setor da construção civil e o comércio em geral. Além dos benefícios privados, a realização de um evento desse porte gera externalidades positivas para a população da cidade. Em primeiro lugar, haverá o aumento da oferta de emprego. Em segundo lugar, tende a diminuir a taxa de criminalidade em virtude do aumento do efetivo de policiais durante a realização dos Jogos e terceiro, a ampliação da infraestrutura urbana resultará em melhor qualidade de vida aos moradores da região. A gestão da imagem também está relacionada ao legado da Copa. A imagem será positiva se houver a percepção por parte da população de que o evento deixou um legado importante para toda a sociedade, e não uma imensa dívida para o Tesouro pagar ou construções inúteis e dispendiosas, como todo investimento os eventos esportivos oferecem o risco real de onerar os contribuintes com investimentos públicos realizados a partir de estimativas equivocadas. Sendo assim, é necessário priorizar as intervenções que deixarão maior legado ao país, acompanhar a execução das obras e respeitar a execução orçamentária prevista e disponível. Para a sociedade, uma Copa do Mundo bem-sucedida é aquela organizada sem desperdício de recursos públicos, com gestão transparente e com respeito aos recursos naturais e humanos. Capaz de deixar um legado que justifique o alto investimento, como a infraestrutura que permita a realização de outros megaeventos e a renovação dos aparelhos urbanos. O Tribunal de Constas da União – TCU, órgão responsável pela fiscalização da aplicação de recursos federais, é responsável pela coordenação de uma série de ações preventivas para reduzir o risco da ocorrência de sobre preços, direcionamento de licitações e outras irregularidades. A soma das competências do TCU, juntamente com o Ministério Público da União e da Controladoria Geral da União, são fundamentais para a efetividade do controle e monitoramento das despesas de eventos do porte da Copa do Mundo e Olimpíadas, no qual há, além da diversidade de agentes envolvidos, um número elevado de executores e de um prazo determinado para conclusão dos empreendimentos. Ainda pode não parecer, mas os maiores prejudicados com atrasos, erros de construção, superfaturamento de obras e serviços são os moradores locais, que têm de conviver diariamente com os transtornos de construção e alguns tenham que conviver eternamente com tais transtornos, além de já se especularem preços exorbitantes para entrada aos jogos que irão excluir a população de menor poder aquisitivo e ao mesmo tempo não usufruem dos benefícios de infraestrutura que se concentra apenas na região central-rica do DF. 85 3.4 - Equipamentos e serviços urbanos Identificar a espacialização dos investimentos urbanos e sociais (infraestrutura e equipamentos sociais), verificando a concentração/dispersão dos investimentos na cidade, e a população beneficiada. Introdução Brasília nasceu de um processo político inovador que visava o progresso no sentido de planejamento de cidades, como já havia acontecido em outras partes do mundo no decorrer da história. Foi inaugurada em 21 de abril de 1960 e construída de acordo com o projeto vencedor de Lúcio Costa, planejada para comportar de 500 mil a 700 mil habitantes até o ano 2000. Entretanto, naquele ano o Distrito Federal já havia atingido aproximadamente 2 milhões de habitantes (Peluso & Candido, 2006), o que mostra que houve um crescimento desordenado. No seu processo histórico Brasília se tornou uma metrópole com diversos problemas comumente enfrentados em diversas cidades de grande porte no Brasil. Por outro lago, é evidente a importância política, histórica e cultural que guarda a capital federal. Dada toda essa importância no cenário nacional, Brasília necessita de uma infraestrutura capaz de suportar eventos de grande porte, o que não aconteceu desde sua inauguração, mas que irá ocorrer nos próximos anos, pois a Capital será uma das sedes da Copa do Mundo da FIFA de 2014. O Plano Piloto é o centro do poder e da renda do Distrito Federal, tem uma maior organização e provavelmente receberá maior parte dos recursos para a realização do evento, porém a maior parte da população reside nas cidades satélites (Figura 1) o que causará uma grande contradição caso os lucros não retornem de forma descentralizada para a comunidade afetada. Com base nessa perspectiva de investigação quanto aos investimentos do megaevento e sua distribuição espacial, o trabalho desenvolvido tem como objetivo responder as seguintes perguntas: i) onde serão aplicados os principais investimentos da copa no DF? ii) haverá retorno à população nas cidades satélites? Com esse trabalho esperamos indicar a concentração dos recursos e das obras que serão realizadas para a Copa do Mundo no DF, onde há uma má distribuição da renda e da localidade dos empregos formais, demonstrando que o acesso às melhorias deve acontecer de diferentes formas em relação aos habitantes de cada localidade. Deverá se confirmar a nossa hipótese de que as obras e os investimentos referentes ao evento analisado se concentrarão no Plano Piloto e nas áreas mais próximas, beneficiando principalmente os turistas espectadores e a população do centro do Distrito Federal. Poderá haver alguns investimentos em obras 86 sociais decorrentes do evento nas cidades satélites, mas não representarão significância se comparado com as demais aquisições por parte do Governo do DF. Figura 1. Mapa da Densidade Demográfica do Distrito Federal, mostrando uma concentração mais elevada em algumas cidades satélites. Fonte: PDOT-DF, 2009. Investimentos Para a realização desse megaevento estão previstos investimentos em diversas áreas, sendo que os principais esforços estão voltados as obras de infraestrutura do Estádio Nacional de Brasília e a revitalização do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, com os custos de R$ 670 milhões e R$ 750 milhões respectivamente, de acordo com o Tribunal de Contas do DF. Outras áreas de investimento estratégico são: setor de transporte (estrutura viária e transporte público), setor hoteleiro, segurança e saúde. Os demais setores como o da educação, desigualdade social, agricultura entre outros não são considerados estratégicos por não afetarem diretamente os turistas. Espacialização dos investimentos no transporte. As áreas mais beneficiadas pelo evento serão as que se localizam próximas aos pontos mais importantes, como Aeroporto, Estádio, centros de treinamentos e hotéis. Uma das maiores obras no setor de transporte é a do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) que terá 22,6 Km divididos em três trechos (Figura 2), ligando o Aeroporto Internacional à zona sul, norte e central, passando pela região hoteleira e 87 pelos setores comerciais norte e sul (GDF, VLT Brasília, 2010). Os custos da obra ainda não estão disponibilizados devido a alguns problemas de corrupção do governo anterior quanto às licitações. Figura 2. Rota do Metrô Leve de Brasília. Fonte: GDF, 2010. Quanto ao transporte rodoviário, algumas redes de transporte público serão mais beneficiadas (Tabela 1), principalmente os trechos afetados pela construção do VLT, que tende a desafogar o trânsito da região. O Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, como já foi citado, terá uma reforma estrutural no terminal de passageiros e ampliação nas pistas de pouso e decolagem, a fim de aumentar a capacidade e a qualidade dos serviços prestados aos visitantes. 88 Tabela 1. Rede de Transporte coletivo. Em amarelo as redes mais beneficiadas com a copa do mundo. Fonte: PDOT, 2009. Espacialização de investimentos de apoio ao turista O principal ponto de apoio ao turismo é a ampliação da rede hoteleira, a qual será centralizada na quadra 901 Norte com a construção de mais 3,5 mil leitos. Os investimentos projetados para o setor estão representados no Quadro 1. Quadro 1. Investimentos em R$ milhões na área de turismo projetado para a Copa do Mundo em Brasília. Fonte: Ministério do Turismo, 2009. 89 Os investimentos para o turismo serão centralizados no Plano Piloto. Considerações De acordo com os representantes, um evento como a Copa do Mundo influencia positivamente a vida de toda a comunidade, pois trás investimentos e retorno econômico cujo reflexo é a melhoria na qualidade de vida de toda a população. Porém, o que vemos hoje no Distrito Federal é a ausência do Estado em algumas regiões administrativas no descaso, principalmente à saúde e educação. Infelizmente esses aspectos acabam ficando em segundo plano, principalmente nas localidades mais distantes do centro. A Figura 3 da uma dimensão de onde estarão concentrados os principais investimentos para o evento, especialmente na parte central do Plano Piloto, que está em vermelho. Por serem investimentos e empreendimentos específicos para a Copa, alguns correm o risco de ficar inutilizados ou de serem sem sentido em uma análise custobenefício no período pós-copa, como a utilização do Estádio Nacional, já que Brasília não tem um time de futebol de grande expressão no cenário nacional. Mesmo sabendo da importância, frisada pelo próprio governador, de se ter um centro para a realização de grandes eventos na capital federal, fica a crítica sobre os custos. Por outro lado, um evento como esse faz com que algumas obras necessárias, mesmo que centralizadas, acelerem, como a ampliação do aeroporto e o transporte mais eficiente na W3. O perigo do superfaturamento das obras é mais um problema que pode acontecer, como já aconteceu na primeira licitação para a ampliação do terminal de passageiros do aeroporto. O jogo de interesses e os escândalos de corrupção, acontecimentos recentes na história de Brasília, colocam em dúvida a efetividade do retorno dos lucros à sociedade. As cidades satélites e do entorno do DF precisam da presença constante do Estado e não podem ficar em segundo plano com as obras para a copa do mundo. Como vimos no trabalho, a tendência é de uma concentração de obras, empreendimentos e melhorias por parte dos setores público e privado na região central do Distrito Federal. Como não existe uma demanda por investimentos diretamente ligados à copa do mundo nas cidades satélites, deve haver investimentos intensos e com a mesma ênfase nas áreas de saúde, educação, segurança e transporte, além de utilizar os lucros para diminuir a desigualdade social existente no DF e regularizar e urbanizar áreas irregulares onde pais de família vivem em condições vergonhosas. 90 Figura 3. Mapa das Estratégias de Estruturação Viária, de Implantação de Pólos Multifuncionais, de Dinamização de Espaços Urbanos e de Revitalização de Conjuntos Urbanos. Fonte: PDOT-DF, 2009. 3.5 - Política de urbanização e regularização fundiária de favelas e assentamentos precários Identificar os impactos das intervenções sobre a urbanização e regularização fundiária de favelas, sua localização e população beneficiada. Introdução Brasília desde sua inauguração em 1960 foi uma cidade completamente planejada para os padrões de modernidade e principalmente de um novo Brasil. A sua modernidade não estava apenas nas linhas das construções, mas principalmente na ideia de desenvolvimento global que a nova cidade representava, por meio de um modelo em que na sua idealização não era para se ter um grande aglomerado de pessoas vivendo na capital, mas para se ter pessoas que vivessem somente para trabalhar em órgãos públicos. Entretanto em confronto à sua idealização, sendo erro ou não o Marketing proposto para a nova capital sendo de ser chamada de “Capital da Esperança”, veio a trazer para todos os brasileiros o tom de esperança de se buscar na nova capital 91 condições de encontrar melhorias em suas vidas, coisa que essas pessoas não encontravam em suas respectivas cidades. Vivendo dias atuais notamos que se teve uma repleta expansão urbana da cidade, Lúcio Costa esqueceu que a cidade, independente de seu planejamento, se desenvolve não só dentro de seu eixo, mas também fora de seu eixo. Temos então uma Brasília que pelo descuido de seus governantes passados ou até mesmo atuais, vem tratando com descaso o crescimento urbano. Este trabalho tem por finalidade identificar os impactos das intervenções sobre a urbanização e regularização fundiária de favelas, sua localização e população beneficiada em relação à Copa do Mundo no Brasil. Ao final do trabalho vamos identificar o que está sendo feito até o momento para controlar o processo de expansão e controle das intervenções humanas. Desenvolvimento Em entrevista com o Secretário do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do DF. As informações obtidas são que no mês de junho de 2011 está sendo exposto por audiências publicas reuniões referentes ao Plano Diretor de Ordenamento Territorial, tendo como visão a atualização deste para preencher os vazios da lei, ainda também com a intenção de que a população tenha acesso à proposta da secretaria e a partir dela enviasse novas contribuições por meio de formulário disponível pela secretária. Tendo em vista que se faça a regularização efetiva dos agentes disponíveis que atuam na produção e gestão das localidades urbanas, de expansão urbana e rural do território do Distrito Federal, esse plano irá fazer com que possam ser realizados os instrumentos básicos de controle e expansão. Ainda que o GDF esteja fazendo convênios com as associações e cooperativas para que possam ser desenvolvidas parcerias, facilitando assim o acesso das pessoas que ainda não possuam habitação. Mas, nas áreas de regional aonde se encontram as seguintes instituições conveniadas. Além do Governo em exercício, Agnelo Queiroz, propuseram junto ao Banco de Brasília prazos maiores e linhas de créditos exclusivos para construção de novas moradias no Distrito Federal. Fazendo Verificação no site da Terracap vemos as possíveis áreas de regularização além das áreas beneficiadas: 92 O plano da Terracap é a estratégia de regularização fundiária visando à adequação de assentamentos informais preexistentes às conformidades legais, por meio de ações prioritárias nas Áreas de Regularização (indicadas no Anexo II, Mapa2 e Tabelas 2A, 2B e 2C da LC n.º 803/2009), de modo a garantir o direito à moradia, o pleno desenvolvimento das funções sociais da propriedade urbana e o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. 93 Enquanto não se tem a atualização no novo PDOT com as devidas modificações ainda se utiliza o PDOT de 2009 que define que a regularização deverá acontecer para três categorias de assentamentos: 1) Parcelamento Urbano Isolado (PUI) – aquele com características urbanas implantado originalmente em zona rural, classificado como Zona de Urbanização Específica, nos termos do art. 3º da Lei Federal nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979 (Anexo II, Tabela 2C – PDOT/09); 2) Áreas de Regularização (ARINE e ARIS) – correspondem a unidades territoriais que reúnem assentamentos informais a partir de critérios como proximidade, faixa de renda dos moradores e similaridade das características urbanas e ambientais, com o objetivo de promover o tratamento integrado do processo de regularização dos assentamentos informais com características urbanas (Anexo II, Tabela 2B) – PDOT/09); 3) Setores Habitacionais de Regularização (SH) – correspondem à agregação de Áreas de Regularização e áreas não parceladas, com o objetivo de auxiliar a promoção do ordenamento territorial e o processo de regularização a partir da definição de diretrizes mais abrangentes e parâmetros urbanísticos, de estruturação viária e de endereçamento (Anexo II, Tabela 2A) – PDOT/09). Essas três categorias se classificam em: Interesse Específico – áreas ocupadas predominantemente por população de renda média e alta, e Interesse Social – áreas ocupadas predominantemente por população de baixa renda, até cinco salários mínimos, sendo consideradas como Zona Especial de Interesse Social – ZEIS, para os fins previstos no Estatuto da Cidade. As categorias criadas reforçam o conceito de que a cidade deve ser planejada e ordenada de forma integrada e sistêmica, considerando-se os aspectos ambientais, urbanísticos, fundiários e sociais em sua totalidade. Consideram ainda que, o processo de regularização fundiária exige uma adequação dos assentamentos informais preexistentes às conformações legais, sendo de fundamental importância a implantação da urbanização de modo a garantir a integração sócio espacial da população à cidade, possibilitando que ela se desenvolva cumprindo a função social da propriedade urbana e mantendo o meio ambiente ecologicamente equilibrado, em favor do bem-estar dos cidadãos. Resultados 94 Pelas características relatadas pelos órgãos ou entidades responsáveis por fazer as seguintes análises de planejar as discussões sobre o processo de impactos ocorrentes na cidade em virtude da expansão urbana, vemos que não a um emprego efetivo aos moldes de amparar. Encontramo-nos em uma crescente população urbana do Distrito Federal e um grande aglomerado, levando desafios a serem enfrentados. No caso especifico de Brasília não vemos situação de favelas presentes, em caso especifico em épocas anteriores se tinha a Vila Estrutural, que deixou esse status, o único problema é o caso especifico do entorno que não tem um aparato do seu devido estado e vem buscar em Brasília condições de melhores condições, logo o Distrito Federal vem aparar essas pessoas tais como Calcalzinho, Girassol, Itapoã, Brazlândia, São Sebastião, Setor O, Varjão entre outros. Há o descaso do Governo de ainda não atuar de formar enérgica para fomentar as lacunas que ainda faltam ou quase nenhuma para se desenvolvida para que Brasília possa desenvolver uma Copa mais digna, os órgãos ou entidades procurados demonstraram não saber quem realmente está no poder nos devidos órgãos, não ocorrem nomeações para ser definido de fato quem irá ficar responsável por uma área especifica de atuação para que seja desenvolvido essas questões de controle e desenvolvimento urbano, enquanto isso a Terracap anda fazendo licitações de ampliação de vendas de terrenos sem um alcance nenhum de planejamento. Considerações Muito ainda tem que ser feito em Brasília e todo o restante do Brasil, têm que se trabalhar muito, e em pouco tempo, para a realização de um megaevento como a Copa do Mundo. A falta de espaço para a construção de todo uma estrutura é um dos grandes problemas, bem como a regularização de favelas e assentamentos precários (que pesa principalmente para cidades como Rio de Janeiro). As informações acerca desse tema são poucas, sentimos que os órgãos competentes estão um pouco “perdidos” e as informações às vezes são controversas. Mas esperamos que no final dê tudo certo e que o Brasil seja um país modelo na realização desse evento. 3.6 - Dinâmica imobiliária Identificar os impactos das intervenções sobre a dinâmica imobiliária, verificando eventuais processos de valorização e desvalorização dos imóveis nas diferentes áreas da cidade. 95 Introdução A promoção de grandes eventos esportivos tem sido uma estratégia de diversos países para a atração de investimentos e de atenção internacional. Seus benefícios econômicos retratam um argumento utilizado para justificar o esforço e o gasto público para sediar tais eventos. As políticas de esporte e lazer em curso no Brasil têm sido influenciadas pelo objetivo de projetar o país, tanto na área do esporte, como no plano político e econômico. Para a realização desses grandes eventos é necessário toda uma preparação no que diz respeito à infraestrutura. Na sua preparação uma série de medida é tomada e a estrutura do país é “modificada”. Em contraposição ao cenário de criação de empregos, investimentos externos, obras de infraestrutura, valorização de bairros e boom econômico que têm sido divulgado e prometido como consequência de tais investimentos, existe a possibilidade de sairmos desses eventos numa situação pior do que aquela na qual entramos, com aumento da exclusão social, remoção de famílias, desvios de dinheiro e perda de patrimônio público. Muitos são problemas relacionados à forma como é feita a preparação para estes megaeventos esportivos: são obras aprovadas sem licitação, ameaças de despejos de milhares de famílias, transferência de grande quantia de recursos públicos para poucos grupos privados, intervenções realizadas na cidade que ferem as legislações de planejamento urbano e proteção ambiental, extrema falta de transparência e nenhuma participação do conjunto da população nas decisões que já estão sendo tomadas em nome dos jogos (Prado, 2011). Uma das preocupações relacionadas às grandes obras de infraestrutura que estão sendo realizadas é a questão da especulação imobiliária. Esse trabalho tem por objetivo mostrar a realidade desse problema, evidenciando como a especulação imobiliária vai comportar em decorrência dos investimentos de melhorias que estão sendo realizados nas cidades sedes. O foco principal do trabalho é o Distrito Federal. O que é especulação imobiliária? Como a especulação imobiliária funciona no DF? Os megaeventos irão influenciar significativamente esse segmento em Brasília? Especulação Imobiliária Segundo Campos Filho (2001, p. 48) especulação imobiliária em termos gerais é: forma pela qual os proprietários de terra recebem uma renda transferida dos outros setores produtivos da economia, especialmente através de investimentos públicos na 96 infraestrutura e serviços urbanos. Em outras palavras podemos dizer que é a compra ou aquisição de bens imóveis com a finalidade de vendê-los ou alugá-los posteriormente, na expectativa que seu valor de mercado aumente durante um lapso de tempo em consequência de algum investimento ou melhoria feito na área. É possível valorizar o imóvel de muitas formas, as mais comuns referem-se à provisão de infraestrutura (água, esgoto, energia), serviços urbanos (creches, escolas, grandes equipamentos urbanos) e às melhorias realizadas nas condições de acessibilidade (abertura de vias, pavimentação, sistema de transporte, etc.). A expressão tem conotação pejorativa, por deixar implícito que o comprador do imóvel não irá utilizá-lo para fins produtivos ou habitacionais, e ainda retira de outras pessoas, de menor poder aquisitivo e, portanto, mais necessitadas, a possibilidade de fazê-lo. Apesar de gerar lucro para alguns poucos investidores, a prática da especulação imobiliária é extremamente prejudicial para as cidades. Por causa dela, os tecidos urbanos tendem a ficar excessivamente rarefeitos em alguns locais e densificados em outros, gerando custos financeiros e sociais. A infraestrutura, por exemplo, é sobrecarregada em algumas áreas e subutilizada em outras, tornando-se, em ambos os casos, mais cara em relação ao número de pessoas atendidas. A realidade do Distrito Federal Brasília é dividida no Plano Piloto e nas Cidades Satélites e seu pólo comercial gira em torno do Plano Piloto. Essa área é extremamente valorizada, principalmente quando comparada com as cidades satélites, cuja realidade durante muito tempo foi servir de dormitório. O Plano Piloto é mais valorizado devido a sua infraestrutura, que proporciona uma melhor qualidade de vida para os moradores dessa região. Além disso, é onde se localizam os melhores comércios, escolas, transportes, lazer e oportunidades de trabalho melhores remuneradas. O mercado imobiliário de Brasília ilustra claramente essa dinâmica de valorização e especulação no centro da cidade. As regiões do Lago Norte, Lago Sul, Asa Norte e Asa Sul são consideradas as localidades mais caras para se morar dentro do Distrito Federal. O metro quadrado chega ao valor de R$ 9.056, como é o caso da Asa Norte. Os investimentos são primeiramente realizados nessas áreas mais elitizadas, aumentando ainda mais a desigualdade social e a especulação imobiliária. Como, por exemplo, o transporte, ilustrando o caso da copa, o VLT vai ter alcance do aeroporto a 97 Asa sul e a 502 norte. As cidades satélites mais uma vez não terão acesso a esta melhoria. De acordo com dados de 2008, faltam 105.021 unidades habitacionais no Distrito Federal, o que representa 14,1% da cidade. Chega-se a esse número incluindo as pessoas que não tem onde morar, as que moram de favor em casas de parentes ou amigos e as que pagam mais 30% do salário em aluguel. Mas outro número é o mais alarmante. No Distrito Federal existem 31.707 unidades habitacionais vazias. Isso mesmo. Com 105.021 famílias que não tem onde morar, 31.707 casas e apartamentos prontos para morar estão vazios. Isso acontece por que o valor dos imóveis no DF aumenta diariamente. Algumas pessoas com dinheiro sobrando compram imóveis para vender depois por um valor mais caro, aumentando assim seu patrimônio (Brasil e Desenvolvimento, 2011). Nos últimos cinco anos, o mercado imobiliário do Distrito Federal vem mantendo um forte ritmo de valorização. A cada ano, o preço do metro quadrado sobe em média entre 20% e 25% (Correio Braziliense). Em 2009, a valorização foi ainda mais forte. Nos primeiros lançamentos do Setor Noroeste, que é um empreendimento para a elite brasiliense, o preço do metro quadrado, que já alcança os R$ 10 mil, assustou, mas ainda assim não faltaram compradores. Pelas previsões do setor, o metro quadrado deve chegar em breve a R$ 12 mil. Investimentos Feitos no Distrito Federal Para receber a Copa do Mundo em 2014, Brasília prevê mais de R$ 3 bilhões de investimento em obras. Os três principais projetos já estão com estudos técnicos concluídos: a reforma do Estádio Mane Garrincha (R$ 600 milhões), a ampliação do aeroporto (R$ 500 milhões) e o sistema veículo leve sobre trilhos (R$ 2 bilhões). É previsto também obras na DF 047. O projeto do VLT, uma versão moderna do conhecido bondinho, já existia antes da escolha de Brasília como cidade-sede dos jogos. Ele faz parte do programa Brasília Integrada, que pretende implantar o sistema integrado de transporte na cidade. Esse sistema ligará o Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek até o fim da Asa Norte (Portal 2014). Acontece também a reforma da DF 047. O trecho entre o Eixo Rodoviário Sul e o balão do aeroporto está em obras, mas aquele entre a rotatória e o aeroporto, que tem o financiamento de R$ 98 milhões do Governo Federal, ainda está em fase de elaboração do projeto. Posteriormente, será aberta a licitação para escolha da empresa que realizará a ampliação da via. 98 Segundo o gerente-adjunto do projeto da Copa de 2014 em Brasília, Sérgio Graça, o Governo Federal vai financiar através do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) iniciativas que terão impacto direto no transporte até os estádios de futebol. No caso da capital, o VLT e a expansão da DF 047 facilitarão a chegada do turista ao centro da cidade, onde fica o estádio Mané Garrincha, que dará lugar ao novo Estádio Nacional de Brasília (Portal 2014). Investimentos e Especulação Imobiliária A especulação imobiliária é típica da realidade do Distrito Federal, até mesmo como consequência do planejamento da cidade. A população já convive com isso muito antes do Brasil ser escolhido para sediar a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Tanto é que Brasília apresenta um dos m² mais caros do Brasil. As principais obras que estão sendo realizadas na cidade visam o deslocamento da população ao estádio, a chegada dos turistas na cidade e ao próprio futebol, como é o caso da reforma do Mané Garrincha. A especulação imobiliária não vai ser tão significativa no que visa a reforma do estádio Mané Garrincha, pois ele fica localizado em uma área distante dos núcleos habitacionais. Onde a especulação imobiliária será mais significativa seria nas áreas que serão atendidas pelo meio de transporte VLT, pois o transporte é um fator que valoriza muito a região, principalmente em Brasília que o transporte público é precário e deficitário. Contudo o VLT inicialmente não era um projeto para os Megaeventos esportivos, mas passou a ser cobrado para tal, pois vai facilitar o transporte da população. Obras como as promovidas pela NOVACAP de embelezamento dos jardins da cidade não geram um impacto significativo no ramo imobiliário. Uma estratégia do setor hoteleiro para aumentar a quantidade de leitos para suprir a demanda dos turistas é construir residenciais com serviços. Essa forma de construção alimenta a especulação imobiliária tendo um abatimento de impostos, pois esse tipo de empreendimento paga IPTU residencial e ficam isentos de alguns impostos do setor hoteleiro como, por exemplo, o ISS. Conclusão A promoção de grandes eventos esportivos pode trazer um legado positivo para o Brasil. Porém, é necessário que haja uma reflexão a respeito de quem ganhará e quem pagará essa conta. 99 A especulação imobiliária é uma forma de demonstrar que o setor privado lucrará encima de investimentos governamentais que condicionam o Brasil a receber esses megaeventos. Está havendo remoções de comunidades para dar lugar a grandes avenidas; um enorme número de pessoa está sendo desapropriadas de suas casas, muitas sem indenização ou então recebendo o valor da desapropriação abaixo do valor de mercado; impactos ambientais e urbanísticos estão sendo gerados nas cidades. Pensar como se reflete na vida dos trabalhadores todas as políticas vinculadas aos megaeventos é tarefa fundamental de todos, pois essas políticas são capazes de fortalecer a segregação e o conflito de classes. 3.7 - Acesso à mobilidade Identificar os impactos sobre a acessibilidade e a mobilidade, em termos da eficiência, eficácia e efetividade dos investimentos realizados, da infraestrutura e equipamentos construídos e serviços urbanos implantados e da ampliação do acesso aos mesmos pela população (identificando a população beneficiada, com destaque para as pessoas portadoras de necessidades especiais). Introdução Nos próximos anos, todos os esforços de infraestrutura brasileira estão voltados para 12 cidades, as quais são sede da Copa de 2014. O Brasil foi incumbido de uma responsabilidade técnica-instrumental de organizar esse megaevento esportivo, principalmente no que diz respeito à infraestrutura necessária para a realização do evento. Uma das grandes questões discutida nesse âmbito está relacionada à viabilização do fluxo da livre circulação das pessoas nestas cidades, para isso, existe um conjunto de profissionais especializados em Mobilidade Urbana (em sua maioria engenheiros, arquitetos e geógrafos). (FERRARI, 2009) O conceito de mobilidade urbana ainda é muito recente no Brasil e os problemas a ele relacionados não estão muito claros para uma parcela significativa da população. Segundo ALVES at al.(2010), este termo pode ser compreendido “como a facilidade de deslocamentos de pessoas e bens dentro de um espaço urbano e, acessibilidade como o acesso da população para realizar suas atividades e deslocamentos”. Segundo FARRARI (2009), atualmente, o grande desafio nessa área é a necessidade de contemplar as demandas ambientais na criação de modelos e estruturas viárias. Essa necessidade surge com a assustadora explosão populacional 100 e de veículos particulares motorizados, que ocupam a maior parte dos espaços públicos das metrópoles mundiais causando tanto impactos ao meio ambiente quanto ao meio urbano. Com a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 o desafio da mobilidade urbana se torna muito maior, pois o fluxo de pessoas nas grandes metrópoles aumentará de forma acentuada. Uma das cidades escolhidas para sediar a Copa de 2014 foi a cidade de Brasília, no Distrito Federal. Atualmente ela tem uma população de cerca de 2,6 milhões de habitantes e encontra diversos problemas de transporte, relacionados, principalmente, com a capacidade suporte e com a integração do Plano Piloto com as áreas administrativas. Sendo assim, um dos grandes investimentos para a Copa de 2014 em Brasília está voltado para a mobilidade urbana. Em vista do exposto, estabelece-se como objetivo principal deste trabalho apresentar a atual situação do modelo de mobilidade urbana e os novos investimentos nessa área em uma das cidades sede da Copa de 2014, Brasília – DF, a fim de visualizar quais os impactos ambientais e urbanos desse tipo de megaevento em uma metrópole brasileira. Situação atual da mobilidade urbana no Distrito Federal Segundo o Plano Diretor de Ordenamento Territorial do Distrito Federal, mais de 80% do contingente populacional da região está concentrado nas Cidades satélites, contudo, 70% das oportunidades de trabalho ficam na Região Administrativa de Brasília. Essa situação é uma das grandes dificuldades encontrada para a efetiva operação do sistema de transporte coletivo do Distrito Federal. Não bastasse isso, o sistema viário do DF é precário. Vários são os problemas existentes: a frota de ônibus não suporta a quantidade de passageiros em horário de pico, as paradas não possuem infraestrutura adequada, as tarifas são muito altas, entre outros. Um investimento para melhorar esse cenário foi a construção do Metrô de Brasília. Atualmente restam apenas três estações no Plano Piloto e uma em Taguatinga a serem concluídas. Contudo, como visto, a frota de ônibus atuante não ajuda muito, sendo que o Metrô só pode funcionar de forma adequada e efetiva se houverem ônibus que interliguem suas estações. Sistema Viário Segundo o Transporte Urbano do Distrito Federal – DFTrans, atualmente o Distrito Federal conta com um Sistema de Transporte Público Coletivo, o qual é dividido em: 101 • Serviço Convencional (ônibus - STPC); • Serviço Especial Vizinhança (zebrinha - STCEV); • Serviço Alternativo (vans - STPA); • Serviço Autônomo Rural (rural - STPC/TA); • Serviço de Transporte Coletivo Privado (fretamento - STCP); • Serviço de Transporte Público Básico (Microônibus - STPB); • Serviço Próprio de Empregados (fretamento - STPE). Estes serviços do Transporte Público são divididos em 4 (quatro) tipos, Convencional, de Vizinhança, Alternativo e rural, como explicitado na Tabela 01. Tabela 01. Características do Transporte Público do DF Tipos Serviço de Veículos Empresa s Linhas Viagens Mensais Frota D e m a n d a M e n s a l - Convenciona l Vizinhança Ônibus 13 888 - 2.337 Micro – Ônibus 2 11 10.113 55 3 4 0 . 3 4 8 Alternativo Vans 664 37 - 664 - Rural Ônibus 21 65 10.000 74 - Atualização - Março/08 Março/08 Março/0 8 Março/08 M a r ç o / 0 8 102 Fonte: Transporte Urbano do Distrito Federal – DFTrans <http://www.dftrans.df.gov.br/005/00502001.asp?ttCD_CHAVE=5782> Os pontos de paradas são divididos em Habitual, não possuindo qualquer indicativo ao ponto, tornou-se ponto por motivo de hábito; Placa, são lugares que possuem apenas placas para indicar o ponto; e Abrigo, onde existe uma infraestrutura para abrigar os passageiros. Estes pontos estão distribuídos no DF conforme a Tabela 02. Tabela 02. Distribuição dos pontos de parada Cidades I- Brasília II- Gama Habitual 110 21 Placas 94 36 Abrigos 376 132 Total 580 189 III- Taguatinga 52 37 236 341 IV- Brazlândia 9 32 69 116 V- Sobradinho 31 44 142 217 VI- Planaltina 57 93 113 263 VII- Paranoá 18 8 30 56 VIII- Núcleo Bandeirante 24 49 48 121 IX- Ceilândia 89 38 198 333 X- Guará 16 36 112 164 XI- Cruzeiro/ Octogonal/ Sudoeste 9 9 73 91 XII- Samambaia 10 46 193 249 XIII- Santa Maria 12 12 126 151 XIV- São Sebastião 31 71 42 144 XV- Recanto das Emas 9 22 70 101 XVI- Lago Sul 23 51 79 153 XVII- Riacho Fundo 10 39 27 76 XVIII- Lago Norte 10 34 41 85 XIX- Candangolândia 4 9 14 27 Total Geral 545 751 2.107 3.376 *Dados referentes à agosto de 2007 Fonte: Transporte Urbano do Distrito Federal – DFTrans <http://www.dftrans.df.gov.br/005/00502001.asp?ttCD_CHAVE=6019> As linhas são divididas em Metropolitana 1, de ligação curta, que vai da Cidade-Satélite ao Plano Piloto; Metropolitana 2, de ligação longa, que vai da CidadeSatélite ao Plano Piloto; Metropolitana 3, de ligação intermediária, que vai Cidade103 Satélite à Cidade-Satélite e Cidade-Satélite ao Plano Piloto; Urbana 1, de Circulação Curta, que percorre pela Cidade-Satélite e Plano Piloto; Urbana 2, de Circulação Longa, que percorre pela Cidade-Satélite e Plano Piloto; e Urbana 3, de Circulação Interna, que percorre a Cidade-Satélite. As tarifas são cobradas conforme a Tabela 03. Tabela 03. Valores das tarifas dos Serviços Convencionais Tipo de Linha Metropolitana 1 Metropolitana 2 Passagem Integral R$ 2,00 R$ 3,00 Decreto N° 26.501/05 26.501/05 Metropolitana 3 R$ 2,50 28.087/07 Urbana 1 R$ 1,50 26.501/05 Urbana 2 R$ 2,00 26.501/05 Urbana 3 R$ 1,50 30.012/09 Fonte: Transporte Urbano do Distrito Federal – DFTrans <http://www.dftrans.df.gov.br/005/00502001.asp?ttCD_CHAVE=20206> A Figura 01 mostra a quantidade de pessoas transportada por ônibus em horas de pico na região do Distrito Federal. Figura 01. Passageiros transportados por ônibus em hora de pico nos principais corredores do DF Fonte: Plano Diretor de Ordenamento Territorial do Distrito Federal – PDOT Como já fora dito, o sistema viário do Distrito Federal apresenta diversos problemas, como a saturação em trechos do sistema nos períodos de pico, terminais 104 precários e deteriorados, carência de abrigos nas paradas, uma das maiores tarifas do país, dificuldade do passageiro em conseguir passagens mais baratas, pouca integração de Brasília com as Cidades Satélites e destas com as outras Cidades Satélites, o acesso dos deficientes físicos é limitado, nem todos os ônibus e microônibus possuem as instalações necessárias e muitos que possuem apresentam algum problema, além de outros diversos problemas que tornam a mobilidade urbana da região muito precária e falha. Com isso, fica claro que a cidade sede da copa de 2014 e capital do Brasil precisa investir muito em transportes alternativos, que facilitem a vida do morador e diminua os impactos ambientais e urbanos existentes no modelo atual. Metrô O Metrô do Distrito Federal é composto por 29 estações (Figura 02), das quais 24 estão em funcionamento. Possui uma frota de 32 trens e transporta uma média de 160 mil passageiros por dia, de segunda a sábado, das 6h às 23h30, e aos domingos e feriados, das 7h às 19h. Atualmente são 42,38km de linhas em funcionamento, as quais ligam a região administrativa de Brasília às de Ceilândia e Samambaia, passando pela Asa Sul e pelas regiões administrativas do Guará, Águas Claras e Taguatinga. A linha principal é subterrânea na Asa Sul. Dos 42,38 km de extensão, 19,19 km interligam a estação Central – localizada na rodoviária do plano piloto de Brasília – à Estação Águas Claras. Outros 14,31 km compreendem o ramal que parte da estação Águas Claras, percorrendo Taguatinga Centro e Norte, até Ceilândia. Por fim, 8,8 km abrangem o trecho que liga a estação Águas Claras, via Taguatinga Sul, até Samambaia. 105 Figura 02. Mapa do Metrô do Distrito Federal. Não há um projeto estruturado referente ao atual metrô do DF para a Copa de 2014, o Veículo Leve sobre Trilhos - VLT, o qual será discutido logo abaixo, é o investimento proposto para a diminuir os problemas da falta de estrutura, superlotação transporte público e garantir que Brasília tenha condições de oferecer um meio de transporte eficiente para o megaevento. Entretanto, há projetos para a construção de mais oito terminais rodoviários junto às estações do metrô, há a intenção de adquirir novos trens, equipados para deficientes físicos e idosos, a fim de diminuir o tempo de espera dos passageiros e acabar com a superlotação, e a utilização do mesmo cartão – Cartão Fácil, o qual é utilizado nos ônibus. Tudo isso faz parte do Programa Brasília Integrada, que prevê a integração entre os ônibus, microônibus e o metrô. De qualquer forma esses projetos, mesmo que não tenham sido criados com a intenção de melhorar o transporte para o megaevento, contribuem muito para que isso ocorra. Sistema Aeroviário O Aeroporto Internacional de Brasília – Presidente Juscelino Kubitschek (Figura 03) foi inaugurado oficialmente em 03 de maio de 1957, está localizado à 5km de Brasília, possui duas pistas, um aeroshopping composto por mais de 130 lojas e 13 pontes de embarque, tem um sítio aeroportuário de 28.995.153,00m² e é administrado pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária – Infraero. 106 O aeroporto recebe e distribui mais de 400 vôos por dia, mobilizando mais de 14 milhões de passageiros por ano para 44 destinos no Brasil, é atualmente o terceiro aeroporto mais movimentado do país. Por esse grande fluxo de passageiros (visualizar -Tabela 04), por estar localizado no centro do território nacional e por estar na capital do país, o Aeroporto JK, como é comumente conhecido, é um dos principais aeroportos do Brasil e da América Latina. Figura 03. Vista aérea do Aeroporto Internacional de Brasília Presidente Juscelino Kubitschek. Fonte: Google Earth Quanto à mobilidade daqueles que possuem deficiência física ou mobilidade reduzida, sejam idosos, obesos ou gestantes foi implementado recentemente o serviço de transporte gratuito para passageiros. Dois carrinhos elétricos (Figura 04), com capacidade para transportar até cinco pessoas, realizam o trajeto desembarque/estacionamento e vice-versa, e operam diariamente entre 7h e 22h. Figura 04. Acessibilidade dos deficientes físicos, idosos, gestantes e obesos no Aeroporto Internacional de Brasília Presidente Juscelino Kubitschek. Fonte: http://turismoadaptado.wordpress.com/2010/09/18/aeroporto-deBrasília-oferece-transporte-para-pessoas-com-deficiência. Uma grande preocupação acerca da reforma e ampliação do aeroporto de Brasília e de outros 13 aeroportos no restante do país é a prazo de conclusão das 107 obras. Sabe-se que oito aeroportos já estão operando acima da capacidade, incluindo o aeroporto de Brasília, para tentar agilizar o projeto foi criada, em março de 2011, a Secretaria de Aviação Civil, por meio de uma Medida Provisória. Tabela 04. Movimento operacional do aeroporto. Fonte: Infraero. Atualmente o problema encontrado no Aeroporto de Brasília – Presidente Juscelino Kubitschek está relacionado aos atrasos e cancelamento dos vôos, somente em janeiro de 2011 foram 22,3% vôos atrasados. Investimentos para receber os Megaeventos Veículo Leve sobre Trilhos – VLT Uma grande aposta de Brasília para melhorar o tráfego de pessoas durante a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 é o sistema de VLT (Veículo Leve sobre Trilhos). Trata-se de um trem urbano de passageiros em um tamanho menor, seu tamanho o permite ser “encaixado” no meio urbano já existente, apesar de ter menor capacidade e velocidade que trens normais, o VLT produz menos poluição atmosférica e sonora. A primeira linha a ser instalada no Distrito Federal terá a extensão de 22,6 km que contará com 25 estações e 3 trechos, como mostrado na Figura 05, são eles: • Trecho 1 - Aeroporto Juscelino Kubitschek ao Terminal da Asa Sul 6,5 km 108 • Trecho 2 - Terminal da Asa Sul à 502 Norte 8,7 km • Trecho 3 - 502 Norte ao Terminal da Asa Norte 7,4 km Figura 05 – Mapeamento do Projeto Fonte: Controladoria-Geral da União - < http://www.vlt.df.gov.br/045/04505005.asp> É esperado o transporte de 120 mil passageiros por dia, diminuindo 30% do fluxo de veículos. Cada veículo leve sobre trilhos tem a capacidade de transportar 550 passageiros, podendo atingir a velocidade máxima de 70 km/h. Serão disponibilizados 39 veículos para essa primeira linha. No trecho que cruzará o Eixo Monumental, entre a Asa Norte e a Asa Sul, o fornecimento de energia será pelo solo (APS). Os investimentos para a construção serão divididos em 4 fases, a Tabela 05 mostra a situação atual do investimento no projeto. 109 Tabela 05 – Investimento para a construção da VLT: Linha 1 / Trecho 1 Previsão da Matriz de Investimento (R$ milhões) Responsabilidade (R$ milhões) Etapa 1. Projeto Básico 2. Desapropriações 3,00 0,00 Contratado 0,00 0,00 Executado 0,00 0,00 3. Obras (Acesso ao Aeroporto) 98,00 0,00 0,00 4. Obras (VLT) 263,00 0,00 0,00 Valor total: 364,00 0,00 0,00 Responsabilidade pelos Recursos Governo Estadual Não se aplica Governo Federal (Financiamento CAIXA) Governo Federal (Financiamento CAIXA) Última Atualização F o n te d a In f o r m a ç ã o 31/5/2011 31/5/2011 Min. Esporte Min. Esporte Min. Esporte; CEF; Min. Cidades Min. Esporte; CEF; Miin. Cidades 31/5/2011 31/5/2011 Fonte: Controladoria-Geral da União <http://www.portaltransparencia.gov.br/copa2014/brasilia/mobilidade-urbana/vlt-linha1-trecho1/> No que se refere ao licenciamento das obras do VLT, a vencedora da segunda etapa do processo foi acusada de fraude, onde: “Para o Ministério Público (...) tornaram claro o ajuste fraudulento realizado entre as empresas ALTRAN/TCBR TECNOLOGIA E CONSULTORIA BRASILEIRA S/A, DALCON ENGENHARIA LTDA e o METRÔ/DF, para favorecimento privilegiado, em detrimento da livre concorrência.” Atualmente a empresa Mendes Junior Trading e Engenharia S.A, participante do consórcio, apresentou recurso junto ao TJDFT e espera o resultado. É esperado que a obra traga mais impactos positivos que negativos para a população de Brasília. Nenhuma família precisara ser removida por função das obras, todavia, a parte periférica do DF não será contemplada com a instalação do novo sistema de transporte, causando uma espécie de desigualdade na mobilidade urbana da região. Sobre os impactos ambientais, a instalação será feita em áreas urbanas, que já sofrem com problemas, como a impermeabilização do solo. Quando houver a necessidade de supressão da vegetação, segundo a Controladoria-Geral da União, mudas nativas do cerrado serão replantadas, sendo que para cada árvore removida de 10 a 30 serão plantadas, mas nada é citado sobre a manutenção ou monitoramento dessas plantas para que haja um efetivo reflorestamento. Aeroporto Internacional de Brasília – Presidente Juscelino Kubitschek 110 Para a Copa de 2014, o Ministério do Esporte optou por reformar o Aeroporto Internacional de Brasília (Presidente Juscelino Kubitschek). Será ampliado o terminal sul de passageiros, onde ocorrerá uma reforma do terminal de passageiros existente (8 mil m²), ampliação sul do terminal de passageiros (80 mil m²), construção do pátio de aeronaves sul e taxiways (240 mil m²) e ampliação do estacionamento de veículos (270 mil m²). Abaixo estão descritos os investimentos e o cronograma desse projeto de ampliação do aeroporto nas Tabelas 06 e 07, respectivamente. Tabela 06. Investimento na ampliação do Aeroporto de Brasília – Presidente Juscelino Kubitschek. Etapa Previsão da Matriz Investimento (R$ milhões) de Responsabilidade (R$ milhões) Responsabilidade pelos Recursos Última Atualização F o n t e d a I n f o r m a ç ã o 1. Projeto Básico e Executivo 9,70 Contratado 9,31 Executado 2,33 Governo Federal 13/6/2011 Infraero 2. Obras 734,70 4,96 0,00 Governo Federal 13/6/2011 Infraero Valor total: 744,40 14,27 2,33 Fonte: Controladoria-Geral da União Tabela 07. Cronograma das atividades de ampliação do Aeroporto de Brasília – Presidente Juscelino Kubitschek. Etapa Início do Projeto Conclusão do Projeto R e s p o n s a b i l i d a d e p e 111 l a E x e c u ç ã o 1. Projeto Básico e Executivo 2. Obras Previsto fev/09 Realizado fev/09 Previsto ago/10 Realizado - Governo Federal jan/11 - abr/13 - Governo Federal Fonte: Controladoria-Geral da União Foi aprovada uma licitação (edital – 016/DALC/SBBR/2008) para elaboração dos projetos de estudos preliminares, projetos básicos e executivos para ampliação e reforma do atual Terminal de Passageiros I - TPS e sistema viário do Aeroporto de Brasília. A ATP Engenharia Ltda foi a empresa contratada pela Infraero. O valor do contrato é de R$ 9.314.220,04 e a vigência foi de 30/03/2009 a 23/04/2010. Outra licitação homologada foi para a contratação de empresa especializada para execução de obras e serviços de engenharia de reforma do Terminal de Passageiros do Aeroporto Internacional de Brasília - Juscelino Kubitschek (edital – 011/DALC/SBBR/2010). A RTA Engenharia e Construções Ltda foi a empresa contratada pela Infraero. O valor do contrato é de R$ 4.965.835,84e a vigência não foi informada. As licenças para a ampliação Sul do TPS, Sistema de Pátios (instalação) foram liberadas. Foi solicitada uma licença prévia em 30/04/2009 e estão aguardando a conclusão do estudo ambiental. O órgão expedidor foi o IBRAM. A licença para a reforma do TPS (dispensa) também foi aprovada. O órgão expedidor foi o IBRAM e a data: 07/06/2010. Abaixo está exemplificado como será a ampliação do aeroporto. A Figura 06 mostra, em amarelo, a 1ª fase de ampliação do terminal de passageiros, a capacidade de processamento de passageiros de 8 irá aumentar para 25 milhões passageiros/ano e a operação ocorrerá em abril de 2013; a Figura 07 mostra a 2ª fase e a Figura 08 a 3ª fase de ampliação do terminal de passageiros; a Figura 09 ilustra como será a ampliação do estacionamento de veículos, haverá um aumento do número de vagas de 1.500 para 10.000 vagas, a data prevista para as obras era fevereiro de 2010. 112 Figura 06. 1ª fase de ampliação do terminal de passageiros do Aeroporto Internacional de Brasília - Presidente Juscelino Kubitschek. Fonte: http://www.sinaenco.com.br/downloads/Jonas%20Lopes%20-%20Infraero.pdf. 113 Figura 07. 2ª fase de ampliação do terminal de passageiros do Aeroporto Internacional de Brasília - Presidente Juscelino Kubitschek. Fonte: http://www.sinaenco.com.br/downloads/Jonas%20Lopes%20-%20Infraero.pdf. Figura 08. 3ª fase de ampliação do terminal de passageiros do Aeroporto Internacional de Brasília - Presidente Juscelino Kubitschek Fonte: http://www.sinaenco.com.br/downloads/Jonas%20Lopes%20-%20Infraero.pdf. 114 Figura 09. Ampliação do estacionamento de veículos do Aeroporto Internacional de Brasília Presidente Juscelino Kubitschek. Fonte: http://www.sinaenco.com.br/downloads/Jonas%20Lopes%20-%20Infraero.pdf. Enquanto as obras de reforma e ampliação do terminal sul de passageiros do aeroporto estão em andamento, será construído o Módulo Operacional Provisório – MOP, que terá salas de embarque e desembarque provisórias. Os investimentos para esse projeto serão divididos em 2 etapas (Tabela 08), a Tabela 09 mostra a situação atual do investimento no projeto. Tabela 08. Investimento na reforma do Aeroporto de Brasília – Presidente Juscelino Kubitschek. Etapa Previsão da Matriz Investimento (R$ milhões) de Responsabilidade (R$ milhões) Responsabilidade pelos Recursos Última Atualização F o n t e d a I n f o r m a ç ã o Contratado Executado 1. Projeto Básico 2. Obras 0,00 0,00 0,00 Governo Federal 13/6/2011 Infraero 4,00 2,98 0,00 Governo Federal 13/6/2011 Infraero Valor total: 4,00 2,98 0,00 Fonte: Controladoria-Geral da União 115 Tabela 09. Cronograma das atividades na reforma do Aeroporto de Brasília – Presidente Juscelino Kubitschek. Etapa Início do Projeto Conclusão do Projeto R e s p o n s a b il i d a d e p e l a E x e c u ç ã o 1. Projeto Básico Previsto dez/11 Realizado - Previsto fev/12 Realizado - Governo Federal 2. Obras ago/12 - jun/13 - Governo Federal Fonte: Controladoria-Geral da União Foi aprovada uma licitação (edital – 093/DALC/SEDE/2009) para o fornecimento, implantação e montagem das estruturas e instalações do módulo operacional provisório – MOP. A DMDL Montagens de Stands Ltda foi a empresa contratada pela Infraero. O valor do contrato é de R$ 2.987.250,43 e a vigência foi de 10/03/2010 a 06/08/2010. Os dois projetos: ampliação do terminal sul de passageiros e o Módulo Operacional Provisório – MOP foram adicionados via Termo Aditivo à Matriz de Responsabilidades em 19 de julho de 2010, celebrado entre o Ministério do Esporte e o Governo do Distrito Federal. A atual capacidade do terminal é de 10 milhões de passageiros por ano e a expectativa de capacidade em 2014 é de aproximadamente 18 milhões de passageiros. Pedala – DF Outro investimento do DF para facilitar a mobilidade urbana foram as ciclovias. A meta do GDF era construir 600 km de ciclovias, a fim de oferecer para a população 116 mais segurança e conforto para o transporte por bicicleta, incentivando práticas saudáveis e mais ambientais. A empresa responsável pele projeto foi a Prisma consultoria. Segundo o Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal, em 2007, já estavam sendo executadas as obra da ciclovia da ligação de Ceilândia com Samambaia (DF-459) com 2,6 km. E ainda, a ciclovia da DF-079 Estrada Parque Vicente Pires (EPVP) com 8km, a ciclovia na Estrada Parque Guará (EPGU) com 3,9 km e na DF-150 com 14 km. E em fase de projeto estão as ciclovias do Gama, Planaltina, Paranoá, Estrada Parque das Nações (EPNA) e ainda na Estrada Parque Taguatinga Guará (EPTG) com 12 km. O governo do Distrito Federal prometeu entregar, até o fim do ano de 2010, mais 170 km de ciclovias, contudo, até junho de 2010, apenas 4 pistas, de 11 planejadas, já estavam prontas. A Figura 10 apresenta o mapa disponibilizado pelo DER sobre as ciclovias. 117 Figura 10. Mapa das ciclovias do projeto Pedala DF Fonte: Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal <http://www.pedala.df.gov.br/sites/400/408/00000115.swf> Considerações Brasília, assim como as outras 12 cidades escolhidas para sediarem os jogos da Copa de 2014, possuem diversos projetos para melhorarem sua infraestrutura e garantirem que o megaevento ocorra da melhor forma possível. A capital federal, na questão da mobilidade, optou por expandir o aeroporto e implementar o Veículo Leve sobre Trilhos – VLT, além de outras mudanças no sistema de transporte público. Esses projetos objetivam resolver diversos problemas enfrentados há muito tempo pelos brasilienses como: os congestionamentos, superlotação dos transportes públicos, tarifas abusivas, atrasos, falta de infraestrutura e articulação entre as partes envolvidas. Os dois projetos propostos para melhorar a mobilidade de Brasília e entorno foram projetados para produzirem poucos impactos. O VLT, assim como o aeroporto não trará problemas de desapropriação mobiliária, haverá apenas impactos ambientais, pois as duas obras são de grande porte e muitas áreas sofrerão 118 supressão vegetal. Além de alguns transtornos temporários à população que utiliza o transporte aéreo, e as pessoas que moram ou transitam no local escolhido para a implementação do VLT, como maiores riscos de acidentes e engarrafamentos. Os projetos já estão estruturados, as licitações já foram homologadas e Brasília, assim como as outras cidades sede do megaevento enfrentam o mesmo desafio: o pouco tempo disponível para as grandes obras, principalmente os estádios e aeroportos. Todos temem a não conclusão das obras, há aqueles como o engenheiro, presidente do Sinaenco-SP (Sindicato da Arquitetura e da Engenharia) e coordenador para assuntos da Copa, José Roberto Bernasconi, que afirmam que os aeroportos não estarão prontos e que os gestores devem buscar outras alternativas de mobilidade. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) aposta que as grandes obras dos aeroportos, somente farão parte do quadro de objetivos alcançados, caso empresas privadas estejam interessadas em subsidiar projetos de expansão, manutenção e exploração. Não bastasse isso, Brasília enfrenta outro grande problema, as obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) foram suspensas pela Justiça, em julho de 2011, pois há indícios de fraude no processo licitatório, que teria sido direcionado para privilegiar empresas ligadas a um ex-presidente do Metrô/DF. Diante desse quadro, fica a grande dúvida se a Capital Federal conseguirá realmente terminar as obras propostas e diminuir os problemas relacionados à mobilidade, os quais já existem sem que haja um aumento de pessoas circulando, ou se passaremos pela vergonha de não conseguir oferecer transporte adequado para um megaevento de tamanha importância para o Brasil. 3.8 - Configuração socioespacial Identificar os impactos das intervenções sobre eventuais processos de deslocamento habitacional dos diferentes grupos sociais no espaço das cidades (tendo em vista a temporalidade da pesquisa, fazer análise prospectiva a partir dos investimentos urbanos e sociais realizados e da dinâmica imobiliária). Introdução O presente trabalho é um esforço de entendimento dos meandros presentes na dinâmica de realização de um megaevento como o da realização de uma Copa do Mundo de Futebol, como eixo orientador tomamos a seguinte área a ser desenhada a 119 pesquisa: Informação e Controle Social, buscando na medida do possível, identificar as formas de prestação de contas e monitoramento social das intervenções previstas e realizadas. A esse passo lançamos mão de pesquisas Bibliográficas, pesquisas na web e também a realização de buscas no Tribunal de Contas da União – TCU e Tribunal de Contas do Distrito Federal –TCDF, onde foi possível ter acesso a alguns documentos digitais de domínio público, que têm por objetivo justamente prestar esclarecimentos do papel desses órgão quanto aos processos de Controle e Monitoramento dos gastos públicos e privados e dos processos de captação e recursos para os projetos e programas destinados a realização da Copa de 2014. Nesse sentido buscamos elucidar algumas indagações chaves para assim desenharmos um quadro mais sistematizado sobre a problemática que envolve a transparência dos processos e a efetividade das informações que legitimam a atuação da sociedade mediante um maior exercício de controle social. Controle Social As ideias de participação e controle social estão intimamente relacionadas: por meio da participação na gestão pública, os cidadãos podem intervir na tomada da decisão administrativa, orientando a Administração para que adote medidas que realmente atendam aos interesses públicos e, ao mesmo tempo, podem exercer controle sobre a ação do Estado, exigindo que o gestor público preste contas de sua atuação. A participação contínua da sociedade na gestão pública é um direito assegurado pela Constituição Federal, permitindo que os cidadãos não só participem da formulação das políticas públicas, mas, também, fiscalizem de forma permanente a aplicação dos recursos públicos. Assim, o cidadão tem o direito não só de escolher, de quatro em quatro anos, seus representantes, mas também de acompanhar de perto, durante todo o mandato, como esse poder delegado está sendo exercido, supervisionando e avaliando a tomada das decisões administrativas. É de fundamental importância que cada cidadão assuma essa tarefa de participar de gestão pública e de exercer o controle social do gasto do dinheiro público. A Controladoria-Geral da União (CGU) é um dos órgãos de controle da correta aplicação dos recursos federais repassados a estados, municípios e Distrito Federal. No entanto, devido às dimensões do Estado Brasileiro e do número muito grande de 120 municípios que possui (5.560), a CGU conta com participação dos cidadãos para que o controle dos recursos seja feito de maneira ainda mais eficaz. Com a ajuda da sociedade, será mais fácil controlar os gastos do Governo Fedeal em todo Brasil e garantir, assim, a correta aplicação dos recursos públicos. Como participar das discussões sobre o uso do dinheiro público e como controlar a sua aplicação: • Conselhos municipais e controle social • Orçamento participativo • Controle social nas prefeituras • Portal da Transparência • Órgãos de fiscalização • Denuncia de irregularidades • Cursos para a promoção do controle social oferecidos pela CGU • Transparência como Instrumento de Controle Social Megaevento: A Copa do Mundo, Controle social e direitos de participação. O próprio Estado tem reconhecido que são parcos os mecanismos de controle sobre as apressadas intervenções para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil. Até mesmo o Tribunal de Contas da União confirma tal problemática, revelando em seu primeiro relatório sobre os investimentos para a Copa: descontrole orçamentário, falta de transparência dos atos públicos, superfaturamento de obras e irregularidades contratuais fazem parte dos riscos que correm as cidades-sedes do evento e suas populações. Se mesmo as instâncias administrativas encontram dificuldade em fiscalizar as ações locais e os possíveis desvios de finalidade, quais as vias oferecidas à sociedade para incidir nesse processo? Embora a maior parte das discussões atuais sobre o tema gire em torno do cumprimento de prazos e dos valores previstos para a execução dos projetos de infraestrutura, movimentos sociais urbanos, organizações de direitos humanos e especialistas em planejamento têm outras preocupações. O direito à informação, por exemplo, sobre a natureza das intervenções urbanas a serem implementadas nos próximos anos e seus impactos sócio-espaciais, não tem sido respeitado. Sem acesso 121 aos projetos, as populações locais são afastadas do monitoramento das ações estatais e o tema é retirado do debate público, para tornar-se mera questão de metas. Tal caráter ascende uma indagação fundamental: a quem servem toda a estrutura administrativa e os recursos disponibilizados nos diversos níveis federativos para a viabilização de um megaevento como este? Até que ponto realmente todo o esforço institucional despendido pelo Estado brasileiro tem em vista a satisfação de interesses públicos? Não se trata de questionar a legitimidade da Copa, nem mesmo a vontade geral em recepcioná-la. Mas é preciso que esta se faça de maneira lúcida, democrática e com repartição social dos benefícios e não apenas dos ônus, como vem sendo o padrão. É imprescindível destacar que condições, prazos e investimentos, não são demandas populares, mas sim exigências verticalizadas, contidas em convênios entre governos e entidades internacionais, como a FIFA. A obediência aos prazos contratados é usada como elementos para dissuadir e justificar posturas quase unilaterais. Enfim, audiências públicas, consultas prévias e estudos de impacto (orçamentário, ambiental e de vizinhança) irromperiam com um tempo que, supostamente, não há. Aí está o cerne da questão, onde e como encontrar a mediação correta, ou mais cabível, a resolução de problemas e conflitos advindos dos programas e projetos “inerentes” ao desenvolvimento do megaevento. Quem pagará o pato? A população de baixa renda e os grupos sociais vulneráveis, maiores afetados por essa movimentação, pouca ou nenhuma garantia têm de que seus direitos serão respeitados. Se cidades mais caras, menos funcionais e mais excludentes são o resultado dessa partida, assim sendo, com base nos princípios da gestão democrática, da justiça fundiária e da função social da cidade, a sociedade civil deve reivindicar sua participação no processo decisório de maneira ampliada. Mudanças em licitações para a Copa Foi incluída na Medida Provisória 527/11 novas regras de licitação para obras relacionadas às copas das Confederações (2013) e do Mundo (2014) e das Olimpíadas e Paraolimpíadas (2016). Com a desistência do PSC em relação ao último destaque, a matéria será enviada para análise do Senado. Antes de aprovarem a redação final, os deputados aprovaram duas emendas de redação do relator. Uma delas deixa mais claro o acesso estrito e permanente dos órgãos de controle interno e externo (Tribunal de Contas da União) às estimativas de 122 preço do governo para as obras que serão licitadas. Os licitantes e o público terão acesso a elas de maneira imediata somente depois de encerradas as licitações. A outra retira a possibilidade de a Fifa e o Comitê Olímpico Internacional (COI) exigirem mudanças nos projetos básicos e executivos de obras desses eventos esportivos sem limites para aumento do orçamento. Organizações e movimentos sociais O estado de Pernambuco sai na frente quanto a organização social em função das demandas e conflitos gerados pela realização da Copa do Mundo de 2014. Uma vez que, foi lançado em julho, o Comitê Popular da Copa 2014 - Pernambuco, cujo objetivo será exercer controle social público sobre obras e ações da Copa do Mundo de Futebol de 2014. Varias organizações prestigiaram o lançamento desse Comitê, que promete articular movimentos sociais, sindicais, ambientais, feministas, ONGs, redes, fóruns e articulações da sociedade civil de direitos humanos e da reforma urbana, para o debate público e aberto acerca dos impactos, legados e transparência dos grandes projetos e de infraestrutura relacionadas à transformação do espaço urbanometropolitano e da copa 2014 em Pernambuco. Tal iniciativa visa assegurar a participação popular através de mecanismos como estes: Transparência e acesso à informação Devem ser de domínio público, inclusive e principalmente pelas comunidades diretamente afetadas, os planos, projetos, cronogramas, convênios e ações promovidas no âmbito da Copa em Pernambuco. Transparência e acesso ao orçamento público Devem ser divulgados junto a opinião pública, os orçamentos relativos às obras da Copa em Pernambuco, para que sua execução seja acompanhada pela sociedade civil. Nenhuma política de proteção, garantia de direitos e ou preservação socioambiental deverá sofrer cortes e ou interrupções em função da necessidade de direcionar recursos públicos para equipamentos e ou infraestruturas relacionadas aos jogos. Direitos trabalhistas respeitados 123 Devem ser plenamente respeitados, desde já, os direitos trabalhistas nos processos de construção das infraestruturas e equipamentos para a Copa, assim como todos os serviços relacionados aos jogos. Devem ser tomadas medidas urgentes de inclusão em regime formal de trabalho, trabalhadores e trabalhadoras que estejam em contextos informal e precarizado de relações trabalhistas. Trabalhadores e trabalhadoras ambulantes e informais não deverão sofrer perseguição e criminalização por parte do Estado. Despejo zero na realização da copa – PE Por princípio e em respeito às leis existentes, não devem ocorrer remoções e despejos visando a realização dos eventos. Ações urbanísticas e ambientais relacionadas à Copa devem proporcionar melhoria na qualidade de vida das pessoas, principalmente, daquelas pessoas que se encontram em situação de vulnerabilidade sócio-ambiental, garantindo-se a elas o direito à moradia e o direito à cidade com as obras, nos termos do que determinam a legislação nacional e as recomendações e tratados internacionais. Previamente e preventivamente, populações, movimentos, organizações, redes e fóruns e, especialmente, os Conselhos Estaduais e Municipais devem ser partes centrais em eventual tomada de decisão acerca de qualquer circunstância técnica, ambiental e ou social relacionada à hipótese de remoção e ou similar. Participação popular em consultas e audiências públicas As ações e obras propostas no âmbito da Copa – PE devem ser objeto de consultas e audiências públicas, sendo que os posicionamentos e recomendações definidas nesses espaços devem orientar as ações, garantindo, a efetiva participação popular, particularmente das comunidades diretamente afetadas. Nenhuma violação aos direitos humanos As ações de segurança e intervenção urbanística relativas à Copa PE devem respeitar e efetivar os direitos humanos. Seu objetivo deve ser melhorar a realidade urbana e as condições de vida de populações em contextos de vulnerabilidade e ou desigualdade, a exemplo de moradores e moradoras de assentamentos informais, crianças e adolescentes, trabalhadores e trabalhadoras informais, comunidades indígenas e afrodescendentes, população em situação de rua, artistas populares, dentre outros. Legado socioambiental e de ampliação de direitos 124 O saldo final dos investimentos e políticas de incentivos praticados para viabilizar as ações da COPA em PE deve se traduzir em: Um legado socioambiental positivo para toda a sociedade. Uma condição para ampliar o acesso a direitos humanos, sociais, econômicos, culturais e ambientais pela sociedade local. Uma oportunidade para fortalecer redes e políticas voltadas para economia solidária, para a proteção e promoção da igualdade, assim como para inclusão e equidade sócio-espacial na RMR. Para tanto, deve ser construído em Pernambuco, um PLANO DE COMPROMISSOS PRÓ-LEGADOS DA COPA 2014 – PE, em diálogo com as organizações sociais, comunidades afetadas e demais esferas públicas do estado e da Região Metropolitana do Recife. Iniciativas governamentais para o controle social Controle da copa de 2014 Visando uma maior efetividade no acompanhamento das ações da Copa de 2014, o Tribunal de Contas da União foi signatário, juntamente com a Câmara dos Deputados, o Senado Federal e os tribunais de contas dos estados e dos municípios que sediarão os jogos, do Protocolo de Intenções que constituiu a Rede de Informações para Fiscalização e Controle dos Gastos Públicos na Organização da Copa do Mundo de 2014 (Rede da Copa), um novo modelo de fiscalização integrada em que as Cortes de Contas estarão mais próximas das Casas Legislativas, com relevantes benefícios para a sociedade. Um das principais ações da Rede da Copa foi a implantação de um portal na rede mundial de computadores (www.senado.gov.br/fiscaliza2014) para organizar e divulgar informações e documentos relevantes para o exercício do controle externo e também do controle social. Outra importante providência para viabilizar o efetivo controle dos gastos da Copa do Mundo de 2014, de modo a minimizar os riscos e a contribuir significativamente para o êxito do evento, foi a deliberação adotada pela Rede da Copa no sentido de os tribunais de contas expedirem normativas, nas suas respectivas esferas de competência, disciplinando a alimentação do portal pelos gestores das obras, compras e atividades relacionadas à competição futebolística mundial. No âmbito do TCU, foi expedida a Instrução Normativa nº 62, de 2010, que, dentre outros assuntos, dispõe sobre normas do controle a ser exercido pelo Tribunal 125 de Contas da União em relação aos recursos públicos federais destinados à Copa do Mundo de 2014, forma de atualização do Portal criado pelo Ato nº 01/2009 da Comissão de Meio ambiente,Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado Federal, contingenciamento de recursos e acesso dos servidores do TCU aos canteiros de obras, aos ambientes de realização dos eventos e aos sistemas informatizados dos entes públicos. A parceria formada pelos tribunais de contas estaduais, municipais e o TCU visa a fortalecer o trabalho de fiscalização preventiva, aproximar as metodologias de controle e oferecer à sociedade informações tempestivas sobre o uso do dinheiro público com a realização do mundial de futebol. As fiscalizações propõem-se acompanhar o financiamento, o planejamento e a execução de obras e demais projetos elaborados com o fim de preparar o Brasil para receber a Copa do Mundo. Para maior transparência das ações de controle, o TCU entendeu oportuno criar o portal de fiscalização da Copa. Os relatórios de acompanhamento ficam disponíveis no portal e cada tribunal é responsável por inserir documentos e dados sobre a execução física e financeira das obras que fiscalizar. O objetivo é permitir que o público conheça os resultados das auditorias de forma ágil e fácil. As obras que receberão recursos públicos envolvem construção e reforma de estádios e locomoção urbana, como pistas para ônibus e veículos sobre trilhos. O financiamento dos projetos poderá ser feito pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pela Caixa Econômica Federal (Caixa). A execução será de responsabilidade os brasileiros também transforme cada cidadão em parceiro para verificar como o dinheiro destinado à Copa será usado e quais serão os benefícios gerados ao país. Considerações Como já é sabido de todos a Copa do Mundo 2014 representa uma grandiosa oportunidade para alavancar importantes setores no Brasil, em face aos grandes investimentos que ocorrerão em doze cidades-sedes com cronograma de atividades marcadas para o término. Nesse sentido a sociedade como um todo deve se ater as destinações dos aportes de recursos públicos, pois estes abarcam duas frentes, a paixão do povo brasileiro pelo futebol e, o desenvolvimento de melhores condições vida (bem-estar) e oportunidades para a população como um todo, em razão da necessidade dos 126 cidadãos de se deslocarem aos estádios e utilizar os diversos tipos de serviço público envolvidos nas ações relativas à Copa 2014 (portos, aeroportos e mobilidade urbana). Por todos esses motivos, é que a sociedade brasileira deve mobilizar esforços na perspectiva de desenvolvimento em que esse megaevento Copa do Mundo incorre. Para tanto é necessário que a sociedade esteja atenta e tenha capacidade de articulação para exercer um papel de protagonista nos programas, planos e projetos advindo com a organização de tal evento. É de extrema importância que a sociedade se articule na perspectiva de tomar pra si parte da responsabilidade de executar com eficiência os vários projetos que serão demandados em função da Copa, e tal possibilidade se dá por meio da perspectiva de um protagonismo cidadão mediante a busca de controle social. Através de Conselhos municipais e controle social, do Orçamento participativo, do efetivo exercício do Controle social em suas localidades, da exigência da Transparência como Instrumento de Controle Social. Nesta perspectiva a sociedade como um todo sairá ganhando à medida que esse exercício cidadão se desenvolva, contribuindo assim para o aperfeiçoamento da gestão pública, fornecendo subsídios para o aprimoramento das políticas públicas mediante o controle por parte da sociedade, uma vez que, com economicidade, transparência e eficiência aumentam-se as possibilidades de sucesso do Brasil no empreendimento de tamanha grandeza. 4. Governança Urbana e Metropolitana 4.1 - Arenas decisórias Identificar as arenas decisórias em torno das intervenções vinculadas aos eventos esportivos, os principais agentes sociais, políticos e econômicos que delas participam e a participação social nas mesmas. Introdução A realização de grandes eventos esportivos como os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo de futebol sempre provocam impactos nas cidades e países que hospedam esses eventos, por isso é importante destacar as principais oportunidades de investimento que surgem com o advento da copa de 2014, sendo realizada a escolha pelo Brasil como sede da Copa pela Federação Internacional de Futebol (FIFA) aconteceu no dia 30 de outubro de 2007. Esse evento não distingue a origem do capital, se privado ou estatal, mas procura reconhecer os fatores que tem potencial de provocar impactos na 127 remuneração do investimento em empreendimentos do setor, juntamente com os riscos que devem ser analisados para que as decisões de investimento nesse ambiente que tende a ser dominado por um acento de euforia possam ser tomadas com mais segurança. A preocupação maior é saber se as arenas esportivas serão concluídas a tempo, essa é uma das perguntas mais preocupantes e que estarão servindo de orientação, juntamente com as seguintes: Quais cidades receberão jogos da Copa do Mundo de 2014? O que a FIFA exige em um estádio que receberá a Copa? Tendo assim, o objetivo discorrer sobre os potenciais impactos provocados pelas melhorias em infraestrutura urbana nos investimentos, como a mobilização da infra- estrutura decorrente do investimento público em equipamentos para melhorar a modalidade urbana para os jogos da Copa e em renovação de áreas degradadas para incentivo do turismo. As decisões relacionadas ao evento em si, onde serão determinadas as diretrizes de acordo com a natureza do investimento, serão analisadas considerando a arena decisória de acordo com os interesses dos órgãos gerenciadores, podendo ser distributivas, regulatórias e redistributivas. Desenvolvimento Para responder algumas questões pertinentes que vinculam os padrões de atuação dos grupos de interesse à natureza da política e da arena decisória na qual a decisão é tomada, propomos que as alterações nas características das arenas decisórias da política comercial entre o período anterior e posterior à abertura e à reorientação da diplomacia comercial elucidam quais e como as expectativas e dinâmicas de atuação dos grupos de interesse foram alteradas. Até dois anos atrás era voz corrente que o Mundial de Futebol - maior evento midiático do planeta - oferecia uma oportunidade de ouro para o planejamento de longo prazo das 12 cidades-sede (Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo). Mas os mercados que se encontram em numa posição mais confortável para atender à demanda pontual da Copa 2014 são os de São Paulo, Salvador, Natal e Fortaleza, já os que se encontram num nível maior de precariedade no atendimento da demanda, segundo o critério quantitativo, são: Cuiabá, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro. A infraestrutura permanente a que se alude inclui, além da turística envolvendo hotelaria e correlatos -, a de mobilidade urbana (segmentos de transportes 128 públicos e do sistema aeroportuário, por exemplo). A lista geral, no entanto, é grande e nela aparecem os veículos leves sobre trilhos (VLTs), os ônibus de trânsito rápido (BRT, do inglês Bus Rapid Transit), metrôs, trens urbanos, monotrilhos, anéis viários; portos, cabeamento de fibra ótica, compatibilidade de sistemas de cartões de credito, saneamento, segurança e recapeamento de ruas e avenidas. O Brasil investirá uma quantia estimada de R$110 bilhões em infra-estrutura, na elaboração de projetos relacionados a transporte público, reforma de estádios, criação de áreas hoteleiras, entre outras obras, que buscarão acomodar 3milhões e 600 mil turistas e estima-se que estes renderão ao país R$9,5 bilhões apenas no turismo. Com a copa de 2014, o rendimento previsto apenas em impostos diretos e tributos é de R$ 63 Bilhões. O Governo Federal, juntamente com parcerias privadas planejam buscar um maior aproveitamento do evento para a promoção do país, no âmbito internacional. A princípio seria um bom resultado, o número de empregos criados, numa faixa de 713 entre temporários e permanentes, o que ocasionaria um maior poder aquisitivo da população e o poder de compra. Esse é um dos fatores principais, onde se defende todo esse investimento, mas apesar do benefício se destacam principalmente os impactos que esse evento ocasionará. Em Belo Horizonte, por exemplo, mais de 1200 famílias deverão ser deslocadas para a criação da “vila verde”, oi seja, a pesar de serem expostas claramente todas as questões relacionadas ao evento, são citadas principalmente as mais benéficas para o país. É importante destacar também os interesses de cada órgão que está responsável pela elaboração e definição de diretrizes do evento, onde a forma com que são escolhidas as ações é principalmente para a promoção de suas campanhas. Como por exemplo, podemos destacar os planos governamentais que buscam além do objetivo social, também o promocional. A partir desse plano de estratégias de interesses e padrões de atuações distintos, é que podemos caracterizar as arenas decisórias, que são o núcleo executivo que integra o comitê gestor do evento. Essas arenas podem ser divididas em arena distributiva, aquelas que não se preocupam com a escassez dos recursos utilizáveis, podendo ser conhecidas como “não políticas” privilegiando certos grupos específicos e não gerando impactos universais, em arenas regulatórias que por sua vez são mais específicas, pois as decisões são tomadas em setores e por fim as arenas redistributivas, que são reproduzidas no âmbito nacional com o intuito de gerar grande impacto na sociedade. No caso da Copa do Mundo de 2014 esse núcleo seria representado pelo governador, o vice governador, o SECOPA que é a Secretaria Extraordinária para 129 assuntos da Copa do Mundo FIFA Brasil, responsável pela gerência das prioridades e analise de recursos para essas obras. A SEGOV Secretaria de Estado de governo que coordena a articulação política entre o Estado, os poderes instituídos e esferas de governo, apoiar o funcionamento da governadoria e divulgar as ações e atos do governo orientados para a implantação das políticas públicas. SEPLAG, Secretaria do Estado de Planejamento Orçamento e Gestão que tem a missão de Promover ações de planejamento e gestão de políticas públicas, serviços de logística integrada e administração de pessoas, contribuindo para o alcance da missão estratégica do Governo Federal. E por fim a SEF, Secretaria de Estado da Fazenda que tem por missão prover e gerir os recursos financeiros do Estado, formulando e implementando políticas que garantam a justiça fiscal, o equilíbrio das contas públicas e o desenvolvimento de ações de governo, em benefício da sociedade. Resultados: O problema principal dessas arenas decisórias é a falta de clareza com as ações planejadas e a ausência de diálogo no processo de decisão, ou seja, falta de debates relacionados às estratégias de desenvolvimento urbano para além da Copa. A questão da promoção do país se contrapondo aos interesses sociais, político e econômicos da população brasileira são decorrentes da deficiência das políticas públicas voltadas para os assuntos constantes de saúde, educação, segurança, que deveriam ser colocados em primeiro plano para a satisfação da maioria dependente de tais políticas. O foco de interesse da federação passa a ser o evento em questão, com a finalidade de desenvolvimento local e arrecadação financeira proveniente das melhorias o do impulso publicitário elaborado para promover as ações. Também é um resultado esperado, a questão de o país ganhar mais credibilidade perante outros países e se tornar cada vez mais expressivo nas tomadas de decisões no âmbito mundial. Considerações A participação popular nas decisões e diretrizes tomadas para a realização do evento seria a melhor forma de eficácia na questão, pois é a partir da visão de quem conhece realmente a realidade social que se alcançaria o ponto foco para a solução dos problemas encontrados e para a amenização das dificuldades com o intuito de fornecer comodidade aos turistas, atletas e visitantes da Copa. 130 O pensamento que a sociedade tem de esse evento será a solução para todos os problemas em que a população vive até hoje é em partes equivocada, pois não é a primeira vez que o país sedia a Copa do Mundo, e se fosse essa a solução, os problemas deveriam ter sido solucionados naquela época em que também se investiu para seu pleno funcionamento. 4.4 - Legislação Urbana Identificar a obediência da legislação urbana (em especial o plano diretor e a lei do uso do solo), eventuais alterações nas mesmas), buscando observar em que medida as diretrizes e definições presentes nas mesmas orientaram os investimentos realizados e a aplicação dos instrumentos neles previstos. Introdução O PDOT é um instrumento da política urbana e da orientação dos agentes públicos e privados que atuam no Distrito Federal, tem como objetivo propiciar o pleno desenvolvimento das funções sociais da propriedade urbana e rural e o uso socialmente justo e ecologicamente equilibrado de seu território, de forma a assegurar o bem-estar de seus habitantes. De acordo com a Lei Complementar nº 803 de 255 de Abril de 2009, o PDOT (Plano de Desenvolvimento e Ordenamento Territorial) tem alguns importantes princípios norteadores para qualquer instância, tais como: Art. 7º, inciso II - fortalecimento do Conjunto Urbanístico do Plano Piloto de Brasília como Patrimônio Cultural da Humanidade; Inciso VIII - participação da sociedade no planejamento, gestão e controle do território; Serão abordados os pontos acima no trabalho, com destaque na Copa do Brasil que ocorrerá em Brasília, uma das cidades sedes, em 2014. Em 1987 Brasília foi intitulada como Patrimônio Cultural da Humanidade definido pela UNESCO, devido ser um marco na arquitetura e urbanismo moderno, cidade rodoviária, cidade jardim, cidade monumento, símbolo de uma nação são algumas das denominações que reportamos à Brasília, Patrimônio Cultural da Humanidade (Secretaria de Cultura do DF). As necessidades presentes e futuras da Capital já estão superando suas necessidades e previsões, fazendo-se necessárias novas adequações em sua estrutura urbana em consonância com a preservação de suas características fundamentais. 131 Há preocupação mundial em preservar os patrimônios históricos da humanidade, através de leis de proteção e restaurações que possibilitam a manutenção das características originais, feitas por sociedades passadas, e por isso quando um imóvel é tombado por algum órgão do patrimônio histórico, não pode ser demolido, nem mesmo reformado, pode apenas passar por processo de restauração, seguindo normas específicas, para preservar as características originais da época em que foi construído (IPHAN). De acordo como Ministério do Esporte, o Aeroporto Internacional de Brasília passará por reformas para atender à Copa de 2014 e haverá investimentos em cada etapa da obra e demandará tempo, segundo um cronograma estabelecido com conclusão prevista para 2013. Assim como o Aeroporto Internacional, o estádio Mané Garrincha prevê uma cobertura em estrutura metálica, reforma das arquibancadas, eliminação da pista de atletismo, rebaixamento do gramado em quatro metros e estacionamentos no subsolo, tendo licitações e contratos. Legislação No Distrito Federal a Lei de Uso e Ocupação do solo – LUOS – ainda está em andamento, a mais importante base para a definição do ordenamento territorial no DF é o PDOT – Plano de Desenvolvimento e Ordenamento Territorial. A delegação das áreas e como estas irão ser utilizadas para a Copa do mundo deverá ser embasada no PDOT, que possui dentre as suas atribuições: “I – reconhecimento dos atributos fundamentais de Brasília como capital federal, centro regional e área metropolitana em formação; II – fortalecimento do Conjunto Urbanístico do Plano Piloto de Brasília como Patrimônio Cultural da Humanidade; III – garantia do cumprimento da função social e ambiental da propriedade urbana e rural; IV – justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do processo de desenvolvimento urbano e rural; V – promoção da sustentabilidade do território, a partir da convergência das dimensões social, econômica e ambiental, com reconhecimento do direito de todos à cidade sustentável; VI – distribuição justa e equilibrada das oportunidades de emprego e renda no Distrito Federal; VII – visão sistêmica e integrada do processo de desenvolvimento urbano e rural, considerando as dimensões social, econômica, ambiental, cultural e espacial; VIII – participação da sociedade no planejamento, gestão e controle do território; IX – reconhecimento da necessidade de gestão compartilhada entre os setores públicos, privados e a sociedade civil, envolvendo os municípios limítrofes ao Distrito Federal.” 132 A partir da elaboração da lei de uso e ocupação do solo – que deve ter seu texto aprovado visando as obras para a copa de 2014 - o planejamento territorial de Brasília ganhará novas perspectivas, assim o Plano diretor de ordenamento territorial como sendo o principal instrumento de planejamento das cidades, ganha reforços num sentido mais normativo que é uma característica da Lei. O LUOS delimitara não apenas os limites geográficos, mas agregará setores em comum, com finalidades comuns, como por exemplo a área tombada como patrimônio da humanidade e onde ocorrerá grande parte dos eventos realizados na copa, o que exige um maior cuidado e planejamento na sua elaboração. O PDOT por sua vez define a localização de áreas urbanas, rurais, de desenvolvimento econômico e de preservação ambiental e ganhará com o LUOS um forte aliado para a efetividade de suas políticas. Brasília Brasília foi escolhida no ano passado para ser uma das sedes da Copa do mundo de 2014 que será realizada no Brasil. Várias foram as razões que motivaram a FIFA a escolhe-la como cidade-sede. Primeiramente o fato de que Brasília é a Capital Federal e a quarta maior região metropolitana do país em número de habitantes, depois a aparente qualidade de vida presente na cidade, justificada pelo alto índice de PIB per capita e do IDH da sua população, apesar de que esses índices não levam em consideração a grande desigualdade social existente na região. É uma cidade que foi planejada, pensada em todos os seus aspectos, possui uma arquitetura que é considerada em todo o mundo como o ícone da modernidade e como um projeto audacioso de um visionário, que deu certo. Porém nos dias de hoje a cidade se depara com sérios problemas, principalmente no que concerne a estrutura, pois a população cresceu descontroladamente o que criou áreas ocupadas sem planejamentos, subúrbios e favelas com condições precárias de vida, todo esse inchaço populacional provocou sérios problemas ao centro pois este não havia sido pensado para suportar um número tão grande de pessoas. Para ressaltar as belas obras modernistas de Brasília e para assegurar que elas não sejam deterioradas é que tombaram o centro da Capital, considerando-o como patrimônio da humanidade. Brasília foi selecionada como patrimônio mundial pela UNESCO em 1987 como um marco de seu urbanismo contemporâneo e excepcional. A área tombada da capital abrange 112,25 Km² de extensão, sendo a maior área tombada do mundo. Porém essa atribuição de Brasília é um limite muito importante para que esta abrigue um megaevento, como é o caso da Copa do Mundo. Pela sua definição de patrimônio mundial, não pode haver grandes modificações no projeto dos locais tombados, ou seja, a estrutura deve permanecer fiel àquela que possuía à época do tombamento. 133 Segundo a assessoria da CONPLAN (Conselho de Planejamento Territorial e Urbano do Distrito Federal, órgão auxiliar do governo vinculado à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Habitação) as obras que serão realizadas para o evento da copa serão embasados na premissa de que tudo tem de ser pensado para manter a estrutura essencial existente no projeto piloto da capital. Assim nenhuma grande obra pode ser realizada onde ainda não existe obra nenhuma, apenas as já existentes serão potencializadas, reformuladas, melhoradas , ampliadas para atender as exigências e as demandas nacionais e mundiais. Segundo ela ainda, há áreas que são destinadas para construções de fato e que serão realizadas para a Copa do mundo, porém essas áreas situam-se fora do perímetro tombado do centro da capital, abrangendo algumas cidades satélites, que receberão eventos menos significativos, mas que serão entretanto uma boa saída para descentralizar alguns acontecimentos secundários. Vista aérea de Brasília Obras Planejadas As principais obras que serão desenvolvidas para a copa serão aquelas que envolvem os jogos efetivamente, como a potencialização de estádios para as partidas e aquelas referentes à entrada e saída de pessoas da cidade, ampliação de portos e aeroportos. Haverá também outras obras como o melhoramento do setor hoteleiro, uma região que abrigará os atletas, centros de treinamento , centros de convenções. Estádio Mané Garrincha 134 estacionamento, vestiários de jogadores e as salas de apoio. O estádio atual vai ser quase totalmente reconstruído. Ele está localizado no complexo esportivo de Brasília, onde se encontram também o ginásio Nilson Nelson e o Autódromo, que tiveram áreas destinadas para atividades culturais, esportivas, comerciais de acordo com definição do governo do Distrito Federal. Desenvolvimento do projeto: 135 Estádio Bezerrão Está incluso no projeto como possível estádio para treinos, além de abrigar um auditório para conferências e um anfiteatro para a realização de shows ao ar livre com capacidade para 5 mil pessoas, além de um galpão multiuso. A idéia inicial é a de que ele possa receber qualquer tipo de evento, toda a sua estrutura está de acordo com as recomendações tanto da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) quanto da Federação Internacional de Futebol (FIFA). "Biogol" Arena Apesar de não ser confirmada ainda, nem quanto ao local nem quanto a construção de fato, o planejamento desta arena já é uma idéia por si só inovadora. Ela seria um complexo ecologicamente correto onde abrigaria um estádio de pequeno porte, centro de treinamento, apartamentos, piscinas e um shopping que servirão de apoio ao Distrito Federal na copa de 2014, caso este projeto se concretize. Uma das ações da arena seria reverter todos os gols marcados em fundos para reflorestamento ou para a instalação de painéis solares em setores públicos como escolas e hospitais, além de ser desenvolvido um processo educativo ambiental. Caso este se desenvolva na área tombada se discute a possibilidade de ser um complexo móvel, ou seja, que possa ser removido do local após o evento. Setor Hoteleiro Brasília abriga nos setores hoteleiros norte e sul aproximadamente 35 hotéis, que estão situados num raio de 2 a 3,5 km de distância do Estádio Mané Garrincha, sendo possível realizar o percurso sem a necessidade de veículos automotores. Ao todo, na capital federal, existem aproximadamente 45 hotéis, 6 flats o que contabiliza 28 mil leitos. De acordo com o PDOT foi disponibilizada nova área para expansão do setor hoteleiro, próxima ao estádio, em virtude da copa de 2014. Complexo central para a Copa do Mundo de 2014. Centro de Convenções Ulisses Guimarães Foi reformado e ampliado em 2005, ocupa uma área de 54 mil metros quadrados, com capacidade para receber 9,4 mil pessoas. Essa área pode ser destinada para exposições, feiras; anfiteatros que suportam teatro, cinema. Ele está localizado ao lado do Estádio principal e certamente será um apoio para a copa de 2014, posto que os avaliadores da FIFA já demonstraram bastante interesse nesse espaço. Existe até mesmo um projeto que prevê a construção de um túnel que interligue o Estádio Mané Garrincha ao Centro de Convenções. Aeroporto Internacional de Brasília – Juscelino Kubitschek Haverá a expansão significativa do aeroporto, que já está inclusive prevista no PAC – Programa de Aceleração do Crescimento. Segundo Carlos Alberto Vilela de Andrade Filho, Superintendente da Infraero, será construída uma segunda sala de embarque, chamada de Satélite sul, com capacidade para suportar de sete a nove aviões. Hoje os usuários da capital contam apenas com uma sala de embarque, a Satélite Norte, que não tem mais capacidade para atender o crescente número de passageiros. “O novo satélite terá dimensões superiores ao satélite norte. Preliminarmente, a capacidade é de sete aeronaves, mas estamos tentando viabilizar a colocação de nove”, explica. Também será feito um novo estacionamento em frente ao aeroporto, que passaria a ter capacidade para cerca de 5.000 veículos, além de um novo viaduto para aeronaves, terminal e torre de controle. Aeroporto Industrial do Distrito Federal É um projeto que aliviará a demanda aeroportuária da capital, para a Copa 2014, sendo delegadas a ele operações mais secundárias, basicamente de carga. Seria executado numa associação entre o GDF e uma empresa de iniciativa privada. Se for aprovado o novo aeroporto será construído numa área próxima a Planaltina, entre a DF-250 e a BR-020, que conduz por algumas cidades do Distrito Federal até Formosa, isso demanda um Estudo de Impacto Ambiental e a captação de recursos, todo realizado pela empresa associada. Ciclovias Na região do Plano Piloto e Noroeste, em que fica localizado o Estádio Nacional de Brasília, são previstos 134 km de ciclovias, para incentivar que as pessoas utilizem esse meio de transporte para chegar até o local dos principais eventos, desafogando o trânsito da capital. Metrô e VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) O Distrito Federal ganhará três eixos principais para a operação de trens urbanos. Um trecho sairá do aeroporto e irá até a W3 Sul. Outro fará toda a extensão da W3 Sul e Norte. Por último, uma terceira linha atuará na Esplanada dos Ministérios. Também será viabilizado corredor Gama / Santa Maria. Resultados A partir dos dados coletados pudemos perceber que a legislação principalmente do Plano Diretor de Ordenamento Territorial - a cerca do uso do solo em Brasília, talvez mais do que em outras localidades, deve ser o alicerce fundamental para a execução de qualquer projeto, ainda mais quando esse projeto é um megaevento a níveis mundiais como é o caso da Copa. Outro fator extremamente trabalhado é a qualificação de Brasília como Patrimônio Cultural da Humanidade, principalmente pela sua arquitetura moderna e impar em todo o mundo, e que faz com que as construções ou projetos de todos os tipos tenham um maior rigor para ser implementado. Essa qualificação é um limite para as obras da Copa, pois no perímetro tombado não devem haver grandes modificações da estrutura inicial. Assim, para se trabalhar nessa área as delimitações devem constar claramente no Plano Diretor, e precisam ser seguidas criteriosamente. As obras que serão efetuadas são de caráter estruturante, como reformas, ampliações, modificações na estrutura, todas constantes no PDOT. As principais são aquelas que realizarão de fato os eventos, como os estádios, ginásios e centros de convenção. Tão importante quanto são aquelas para transporte, como os aeroportos, metrô, VLT (Veículo Leve sobre Trilhos). Os aeroportos principalmente, serão reformados, ampliados para suportar uma demanda muito maior do que a atual, há a possibilidade de construção de um aeroporto de carga que atualmente também ocorre no aeroporto JK. O VLT é uma obra grandiosa, que necessitará de muita verba pública para ser realizada, estão contabilizando com um dos principais meio de transporte dentro da cidade durante a copa. É observado que as obras, não só de Brasília mas do Brasil todo, estão bastante atrasadas posto que só faltam três anos para o evento e este é de grande porte. Como em Brasília, todas as ações devem ser calculadas previamente talvez os efeitos desse atraso sejam mais prejudiciais. Assim, com a observância da legislação e com a transformação dos projetos em ações, o uso do espaço na capital não será um empecilho para o perfeito andamento desse super evento - Copa do mundo de 2014. Considerações Para a realização do projeto fizemos um questionário que seria aplicado a órgãos do governo do Distrito Federal. Os órgãos foram basicamente compostos pelas secretarias de Estado do DF ou vinculados a elas: Secretaria de Obras, Secretaria de Estado de Habitação (SEHAB), Companhia de Desenvolvimento Habitacional (CODHAB), Conselho de Planejamento Territorial e Urbano (CONPLAN), Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Habitação (SEDUH). Buscamos ainda marcar entrevistas com os responsáveis de cada órgão pelos processos do evento da copa, ou que tivessem informações sobre ele, além de consultas nos sites desses órgãos afim de obter informações que tivessem à disposição do público, acerca das obras que seriam realizadas. Nesses aspectos obtivemos muitas dificuldades, pois na maioria das vezes não havia ninguém que pudesse nos fornecer qualquer informação, ou que se disponibilizasse a agendar entrevistas que nos responderia as questões pendentes. Conseguimos algumas respostas vagas para nossas perguntas, e que usamos apenas como norteadora para o projeto. A maioria dos dados coletados foram encontrados em sites da internet, que possuem a veracidade das informações satisfatoriamente confiáveis. Outra dificuldade para o projeto foi a falta de informação acerca do tema, assim basicamente o único instrumento a que nos utilizamos foi a legislação que rege sobre a questão do uso e ocupação do solo no Distrito Federal, e que ainda é o melhor instrumento e que está sendo seguido para a realização dos projetos da Copa 2014 e as informações disponíveis em sites. Verificamos que a maioria das informações coletadas foram para exaltar as qualidades de Brasília como uma das principais sedes da Copa do mundo, o que foi uma problemática no sentido de que as informações eram bastante tendenciosas e não mostravam a impessoalidade científica necessária, além de que muitas delas eram desatualizadas. As informações também não consideravam fatores importantes, como a parte sócio-cultural, econômica de Brasília, que formam o caráter da cidade, são considerados apenas aspectos estruturais, para que os turistas e visitantes olhem um local construído diferente do que ele realmente é e significa sem toda essa estrutura.