JOHANNES KEPLER 1571 – 1630 Nasceu em Weil Der Stadt, Alemanha em 27de dezembro de 1571 e desencarnou em Regensburg em 15 de novembro de 1630. Teve a infância atormentada por doenças, como a varíola que o deixou defeituoso em uma das mãos. Seu pai era soldado mercenário e sua mãe filha de um estalajadeiro. Por ser fisicamente fraco, destinaram a Kepler para o trabalho religioso. Após conhecer as teorias de Copérnico, deixou a religião e dedicou-se à Astronomia. O fato de ter deixado a religião dogmática pela ciência o aproximou mais ainda da realidade cósmica de Deus. Dizia ele: "Meu objetivo é demonstrar que a máquina celeste é como um mecanismo de relojoaria em que um único peso movimenta todas as engrenagens". O biógrafo Isaac Asimov cita várias vezes as características místicas de Kepler. Aos 23 anos, Kepler foi dar aulas de astronomia na Universidade Protestante de Graz (Áustria) e, alguns anos depois, todos os protestantes foram expulsos da cidade devido às dissensões religiosas (foi nesta época que Giordano Bruno foi queimado vivo por sustentar a teoria de que o espaço é infinito e cheio de estrelas do tamanho do nosso sol). Kepler teve todos seus haveres confiscado pela Igreja. Fugiu para Praga, onde foi trabalhar com Tycho Brahe. Foi assim, dentro deste clima de instabilidade que Kepler trabalhou para solucionar o problema da movimentação e trajetória dos planetas que a muito tempo desafiava solução. Kepler conseguia, conforme o biógrafo Robert Strother, "transportar-se pela imaginação", e o astrônomo tomava como referência pontos no espaço cósmico, bem longe da Terra, para elaborar sua teorias. O termo "transportar-se pela imaginação" aliado aos resultados concretos de suas pesquisas, sugere que Kepler podia desdobrar-se espiritualmente para ter uma visão mais ampla do Universo. Essa característica mediúnica fica mais evidente ao analisarmos o livro "Somnium", escrito pelo próprio Kepler, que conta a história de uma homem que viajava em sonhos até a Lua. Neste livro, a superfície da Lua foi descrita pela primeira vez como ela realmente é hoje. Este livro foi considerado o 1º de ficção científica, por Isaac Asimov. Foi também considerado como uma relato de experiência psíquica que foi colocado sob a forma de romance a fim de não ser percebido pela censura religiosa vigente naquele século. Kepler há muito achava que devia haver vida em outros planetas e foi ao olhar pela 1ª vez através de um telescópio rudimentar que ele falou em construir uma nave para viajar pelo espaço (séc. XVII). Percebe-se que a crença da pluralidade dos mundos habitados não é exclusiva da doutrina Espírita, mas também dos grandes pensadores. O astrônomo conseguiu sobreviver graças ao apoio dado por Rodolfo II e o Conde Wallenstein. Em 1620, sua mãe, que era ligada ao ocultismo, foi acusada de feitiçaria pelo clero e encarcerada em Wurttemberg. Perseverante, Kepler trabalhou muito nessa aldeia até que conseguiu a libertação de sua genitora. Conseguiu também concluir seu livro "A Harmonia do Mundo" que a Igreja proibiu de imediato. Sua biblioteca foi lacrada pela Inquisição. Quando passava pelas ruas, as pessoas lhe cuspiam e diziam "olheiro de estrelas". Apesar das dificuldades para o sustento da família de 13 filhos, da intolerância religiosa, da guerra prolongada, Kepler mostrou através de seus cálculos e leis que os planetas do sistema solar fazem uma órbita elíptica em torno do Sol e que a velocidade dos mesmos varia de acordo com a distância do Sol. Fez estudos que muito auxiliaram as idéias a respeito da refração da luz. Sugeriu o 1º telescópio astronômico. Desenvolveu importantes idéias sobre as marés que foram as precursoras dos atuais almanaques náuticos. Um século após sua morte, Catarina II da Rússia comprou os manuscritos de Kepler que, hoje, permanecem no Observatório Pulkovo, da Rússia. Foi um cristão exemplar, dotado de renúncia, disciplina e persistência para que pudesse aclarar o mundo com a ciência. Deixou uma oração de sua autoria: "Amado Senhor, que nos tendes guiado para a luz da Vossa glória pela luz da Natureza, graças a Vós sejam dadas. Vede que terminei a obra que me incubistes e rejubilo-me em Vossa criação, cujas maravilhas me permitistes revelar aos homens".