Parlamento Europeu 2014-2019 Comissão dos Assuntos Externos Comissão do Desenvolvimento Subcomissão dos Direitos do Homem 10.9.2015 COMUNICAÇÃO AOS MEMBROS Assunto: PRÉMIO SAKHAROV PARA A LIBERDADE DE PENSAMENTO 2015 Figura em anexo a lista dos candidatos ao Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento 2015, por ordem alfabética, bem como as justificações e biografias recebidas para o efeito pela Unidade de Ações sobre os Direitos Humanos. Os candidatos foram nomeados, em conformidade com o Estatuto do Prémio Sakharov, por um número mínimo de 40 deputados ao Parlamento Europeu ou por um grupo político. DIREÇÃO-GERAL DAS POLÍTICAS EXTERNAS CM\1072952PT.doc PT PE568.362v01-00 Unida na diversidade PT PRÉMIO SAKHAROV PARA A LIBERDADE DE PENSAMENTO 2015 Candidatos nomeados, em ordem alfabética, por grupos políticos e deputados a título individual Candidato 1 Edna ADAN ISMAIL PE568.362v01-00 PT Atividade Nomeação por proposta Edna Adan Ismail arregaçou literalmente as mangas para tirar a sua Somalilândia natal do desespero e das ruínas de uma longa e sangrenta guerra civil, transformando-a numa história de sucesso no Corno de África. A vida de Edna, dedicada à defesa dos direitos das mulheres e ao desafio das tradições e dos preconceitos culturais, melhorou consideravelmente o papel das mulheres na sociedade moderna da Somalilândia. Foi a primeira mulher Ministra Grupo Europa dos Negócios Estrangeiros do país. O Hospital Liberdade e Edna Adan concede acesso gratuito a Democracia Direta tratamentos médicos, reduziu a mortalidade das parturientes para um quarto da média nacional e forma um elevado número de profissionais do setor da saúde. Desde o lançamento do seu programa pedagógico sobre a mutilação genital feminina, o número de mulheres afetadas registou um declínio espetacular. O seu cargo de presidente da organização para as vítimas de tortura coloca-a em destaque enquanto figura de proa da dignidade e dos direitos humanos. 2/17 da da CM\1072952PT.doc 2 Raif BADAWI CM\1072952PT.doc Raif Badawi é um bloguista, escritor e ativista saudita, criador da página Free Saudi Liberals na Internet, uma plataforma em linha dedicada ao debate político e religioso. Alegadamente, estariam colocados na sua página na Internet conteúdos críticos em relação a altas personalidades religiosas e Raif Badawi terá insinuado que a Universidade Islâmica Imã Muhammad ibn Saud se transformou num covil de terroristas. Acusado de insultar o Islão e indiciado por vários delitos, incluindo apostasia, Raif Badawi foi detido em 2012. Em 2013, foi declarado culpado e condenado a sete anos de prisão e 600 chicotadas, tendo a sua pena sido revista em 2014, passando a 1 000 chicotadas, dez anos de prisão e uma multa, em 2014. As primeiras 50 chicotadas foram aplicadas perante centenas de espetadores, em 9 de janeiro de 2015. Face à condenação internacional e ao péssimo estado de saúde de Raif Badawi, a subsequente aplicação da pena foi adiada. Na sequência de ameaças de morte, a esposa e os filhos fugiram para o Canadá. A sua condenação foi confirmada pelo Supremo Tribunal, em junho de 2015, pelo que continua detido. 3/17 Grupo da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas no Parlamento Europeu; Grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus e Os Verdes/Aliança Livre Europeia PE568.362v01-00 PT 3 4 Oposição democrática na Venezuela, representada pela Mesa de la Unidad Democrática e pelos presos políticos Boris NEMTSOV PE568.362v01-00 PT É necessário que o Prémio Sakharov tenha algum valor a fim de dar apoio ao laureado, não só em termos morais – permitindo-lhe continuar a travar a «batalha» democrática – mas também por forma a ajudá-lo a alcançar os nobres objetivos pelos quais o prémio é atribuído. O prémio pode servir de escudo de proteção contra a perseguição. Estes requisitos e condições estão reunidos no que se refere à Mesa de la Unidad Democrática (Mesa da União Democrática), que integra toda a oposição democrática ao totalitarismo do atual Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, inclusivamente os presos políticos. Um ano e meio após as manifestações na Venezuela, mais de 1 700 manifestantes aguardam julgamento, mais de 70 continuam detidos e pelo menos 40 pessoas morreram durante os protestos, sem que os seus assassinos tenham sido chamados a prestar contas. Políticos como Leopoldo Lopez, Antonio Ledezma, Daniel Ceballos, estudantes e outros dirigentes da oposição continuam detidos arbitrariamente ou em prisão domiciliária, sob acusações infundadas, por exercerem o direito à liberdade de expressão e os direitos fundamentais. Grupo do Partido Popular Europeu (Democratas-Cristãos) e Fernando Barandiarán Charanzová Maura e Dita Boris Nemtsov foi uma personalidade marcante da sociedade civil russa que lutou por uma Rússia democrática, próspera e pacífica. Destemido combatente pela liberdade e pela democracia na Rússia, foi assassinado em fevereiro de 2015, numa ponte nas imediações do Kremlin, poucas semanas depois de ter começado a trabalhar num dossiê que comprovava a participação das forças militares russas na guerra no leste da Ucrânia. Apesar das Aliança dos intimidações e da pressão, prosseguiu esta tarefa Democratas e Liberais a fim de imputar ao Kremlin a responsabilidade pela Europa pela morte de soldados russos na Ucrânia e de demonstrar que esta intervenção militar num país vizinho não foi desencadeada em nome do povo russo. Boris Nemtsov dedicou a sua vida à luta por uma Rússia diferente, em paz com os seus vizinhos, regida pela democracia, pelo respeito pelos direitos humanos e pelo Estado de direito. Enquanto dirigente da oposição e ativista da sociedade civil, procurou denunciar a corrupção e o abuso de poder político na Rússia. 4/17 CM\1072952PT.doc 5 Nadiya SAVCHENKO CM\1072952PT.doc Nadiya Savchenko, cidadã ucraniana e ex-piloto do exército ucraniano, foi capturada por separatistas pró-russos no leste da Ucrânia, em junho de 2014. Subsequentemente, foi transferida para a Rússia e inicialmente acusada de cumplicidade na morte de dois repórteres. Durante o processo judicial que lhe foi movido e que ainda decorre, estas acusações foram agravadas. É agora acusada pelas autoridades Grupo dos russas do homicídio de dois jornalistas. Nadiya Conservadores e Reformistas Europeus Savchenko é ainda acusada de passagem ilegal da fronteira da Federação da Rússia. Enquanto se encontrava numa prisão russa, foi eleita deputada ao parlamento ucraniano (Verkhovna Rada) e tornou-se membro da delegação ucraniana à Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (APCE). A UE e os EUA apelaram à sua libertação, até à data recusada pelas autoridades russas. 5/17 PE568.362v01-00 PT Edward Snowden é um perito em informática e ex-funcionário norte-americano da CIA/NSA, que revelou segredos sobre vários programas norte-americanos de vigilância em larga escala. Na sequência das revelações, Edward Snowden foi acusado pelo governo norte-americano de espionagem, furto e utilização ilegal de bens públicos. Reside atualmente na Rússia, depois de lhe ter sido negado asilo em vários EstadosMembros. Edward SNOWDEN, Antoine 6 DELTOUR, Stéphanie GIBAUD Antoine Deltour foi o principal denunciante no escândalo financeiro Luxleaks, tendo revelado o conteúdo de centenas de acordos fiscais extremamente favoráveis entre as autoridades fiscais luxemburguesas e empresas de auditoria, em nome de clientes internacionais destas últimas. As autoridades luxemburguesas acusam-no de várias infrações, entre as quais furto, violação do sigilo profissional e acesso fraudulento a dados. Grupo Confederal da Esquerda Unitária Europeia/ Esquerda Nórdica Verde Stéphanie Gibaud desempenhou um papel decisivo na divulgação de práticas de evasão fiscal, fraude fiscal e branqueamento de capitais por parte das filiais francesas e suíças da UBS. Despedida pelo seu empregador por ter recusado destruir o conteúdo de dossiês informáticos comprometedores, Stéphanie Gibaud contribuiu, desde então, para a criação de uma plataforma internacional dedicada aos denunciantes. PE568.362v01-00 PT 6/17 CM\1072952PT.doc Edna ADAN ISMAIL Nomeação proposta pelo Grupo Europa da Liberdade e da Democracia Direta Há, em cada geração, um pequeno grupo de pessoas que são genuinamente capazes de ajudar os outros e de ter uma influência positiva no bem-estar da humanidade. Edna Adan Ismail é, sem qualquer sombra de dúvida, uma dessas pessoas. Originária da Somalilândia, Edna Adan Ismail arregaçou literalmente as mangas, juntamente com muitos dos seus compatriotas, para tirar a sua Somalilândia natal do desespero e das ruínas de uma longa e sangrenta guerra civil, transformando a sua terra natal numa rara história de sucesso no Corno de África. O empenho permanente de Edna em defender, com êxito, os direitos das mulheres e, simultaneamente, combater as tradições culturais e os estereótipos da sua sociedade, melhorou consideravelmente o papel das mulheres na sociedade moderna da Somalilândia. Ao longo de muitos anos, não contente com a sua longa e reconhecida carreira diplomática enquanto primeira mulher a ocupar o cargo de Ministro dos Negócios Estrangeiros da Somalilândia, transformou o hospital Edna Adan, em Hargeisa, com o objetivo de aproveitar as respetivas instalações para formar inúmeros elementos da próxima geração de profissionais da saúde em África, além de proporcionar acesso a cuidados médicos gratuitos a mulheres de todos os horizontes e de todas as nacionalidades no Corno de África. Desde a inauguração do hospital em 2002, e embora este trate dos casos de risco mais elevado, a mortalidade materna corresponde a um quarto da média nacional e, ao longo destes anos, nasceram mais de 14 000 bebés. O hospital gere um excelente programa de formação de parteiras na região e foi extremamente bem-sucedido na educação das mulheres a respeito dos verdadeiros danos causados pela mutilação genital feminina (MGF), considerada um tabu cultural. Desde o lançamento do seu programa pedagógico, o número de mulheres afetadas pela MGF diminuiu de forma espetacular, com uma descida correspondente a nível das estatísticas, que contraria a tendência no resto do Corno de África. Graças a uma determinação absoluta, Edna Adan Ismail salvou a vida de inúmeras mães e recém-nascidos e melhorou a vida de muitas mulheres em todo o Corno de África. Para além do seu longo trabalho em prol do reforço da igualdade entre os géneros, o seu cargo de presidente da organização para as vítimas de tortura simboliza o empenho de uma vida CM\1072952PT.doc 7/17 PE568.362v01-00 PT enquanto figura de proa da dignidade e dos direitos humanos. Por conseguinte, Edna Adan Ismail merece plenamente receber o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento 2015. PE568.362v01-00 PT 8/17 CM\1072952PT.doc Raif BADAWI (Arábia Saudita) Nomeação proposta pelo Grupo da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas no Parlamento Europeu Raif (Raef) Badawi, nascido a 13 de janeiro de 1984, é um escritor e ativista saudita e criador da página Free Saudi Liberals na Internet. Acusado de insultar o Islão através de canais eletrónicos, foi detido em 2012 e levado a tribunal sob várias acusações, incluindo apostasia. Foi declarado culpado e condenado a sete anos de prisão e 600 chicotadas em 2013, tendo posteriormente sido condenado a 1 000 chicotadas, dez anos de prisão e uma coima em 2014. Estava previsto que as chicotadas fossem aplicadas ao longo de 20 semanas. As primeiras 50 foram aplicadas perante centenas de espetadores diante da mesquita de Jeddah, em 9 de janeiro de 2015. O segundo conjunto de chicotadas foi adiado mais de 12 vezes. Desconhece-se o motivo do último adiamento, mas as chicotadas foram adiadas nas semanas anteriores devido ao péssimo estado de saúde de Raif Badawi. Sabe-se que Badawi sofre de hipertensão e que o seu estado de saúde se agravou desde as primeiras chicotadas. A sua esposa, Ensaf Haidar, garantiu que Raif Badawi não conseguirá sobreviver ao castigo. Em junho de 2015, o Supremo Tribunal da Arábia Saudita confirmou a sentença de 1 000 chicotadas e dez anos de detenção. Raif Badawi casou-se com Ensaf Haidar, em 2002, na Arábia Saudita. A mulher e os filhos obtiveram asilo político no Quebeque, no Canadá, em 2013. É pai de três crianças, uma filha, Najwa (nascida em 2003), um filho, Terad, (nascido em 2004), e outra menina, Miriyam (nascida em 2007). Julgamento e sentença Raif Badawi foi detido em 17 de junho de 2012 e, em dezembro do mesmo ano, acusado de apostasia, que, em caso de condenação, é sinónimo de pena de morte automática. A Human Rights Watch afirmou que a página Internet de Raif Badawi alberga conteúdos que criticam CM\1072952PT.doc 9/17 PE568.362v01-00 PT «altas personalidades religiosas». Raif Badawi insinuou que a Universidade Islâmica Imã Muhammad ibn Saud se transformou num «covil de terroristas». Inicialmente, Raif Badawi foi detido sob acusação de apostasia, em 2008, mas libertado após um dia de interrogatório. O governo proibiu-o de sair do país e congelou as suas contas bancárias em 2009. Posteriormente, a família da esposa interpôs uma ação judicial para forçar o divórcio do casal devido à alegada apostasia de Raif Badawi. Na sequência da sua detenção, em 2012, a Amnistia Internacional qualificou-o de prisioneiro de consciência, «detido apenas por exercer o seu direito à liberdade de expressão». Um portavoz do grupo declarou que, «mesmo na Arábia Saudita, onde a repressão estatal é comum, é absolutamente inaceitável pedir a pena de morte para um ativista cujo único "crime" consistiu em permitir o debate social em linha». A Human Rights Watch exortou o governo a abandonar as acusações, alegando que «as acusações que recaem sobre Raif Badawi, unicamente com base no seu envolvimento na criação de uma página dedicada ao debate pacífico sobre religião e figuras religiosas na Internet, violam o seu direito à liberdade de expressão». Prémios Prémio One Humanity 2014, PEN Canada, Prémio Netizen, Repórteres sem Fronteiras, Prémio Aikenhead 2015, Scottish Secular Society, Prémio Courage, Geneva Summit for Human Rights and Democracy 2015, Prémio DW Freedom of Speech 2015, Título honorário para a Liberdade de Expressão, atribuído pela Brussels University Alliance (VUB e ULB) 2015, Prémio Liberdade da Imprensa 2015, Repórteres sem Fronteiras, Suécia. PE568.362v01-00 PT 10/17 CM\1072952PT.doc Raif BADAWI (Arábia Saudita) Nomeação proposta pelo Grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus Raif Badawi é um cidadão e bloguista saudita perseguido pelo Estado devido às suas ações. Em 16 de junho de 2012, Raif Badawi foi detido por gerir uma página Internet – Free Saudi Liberals – que, alegadamente, «propaga o pensamento liberal». Em seguida, foi julgado por um tribunal religioso e condenado a 600 chicotadas e sete anos de prisão por «insultos ao Islão por via eletrónica». Posteriormente, a sentença foi agravada para 1 000 chicotadas e dez anos de prisão, acrescidos de uma multa de perto de 250 000 euros. O primeiro conjunto de 50 chicotadas foi aplicado em 9 de janeiro de 2015. Os subsequentes conjuntos de chicotadas foram adiados, devido à condenação internacional e ao péssimo estado de saúde de Badawi após as 50 primeiras chicotadas. Raif Badawi, de 31 anos, casou-se em 2002 e tem três filhos. Desde então, a família procurou asilo político no Canadá e as autoridades canadianas ofereceram direitos de asilo idênticos aos conferidos a Raif Badawi. CM\1072952PT.doc 11/17 PE568.362v01-00 PT Raif BADAWI – símbolo da luta pela liberdade de expressão em todo o mundo Nomeação proposta pelo Grupo Os Verdes/Aliança Livre Europeia Raif Badawi (nascido em 1984) é um destacado ativista dos direitos humanos saudita e um símbolo da luta pela liberdade de expressão em todo o mundo. A sua atividade enquanto bloguista representa um marco para a luta pelos direitos humanos num dos países mais repressivos do mundo. A defesa destemida da liberdade de expressão que lhe valeu o reconhecimento enquanto ativista digital foi interpretada pelas autoridades sauditas como uma ameaça. As redes sociais, como o Facebook e o Twitter, são extremamente populares num país onde as pessoas não podem expressar livremente as suas opiniões em público. Foi detido em junho de 2012 devido a conteúdos publicados na sua página «Saudi Arabian Liberals» na Internet, plataforma em linha dedicada ao debate político e religioso. Em julho de 2013 e maio de 2014, foi considerado culpado de várias infrações, incluindo apostasia e insultos ao Islão por via eletrónica, e condenado a 1 000 chicotadas, dez anos de prisão, uma pesada multa e proibição de utilizar quaisquer meios de comunicação e de viajar até 2034. Em 9 de janeiro de 2015, Raif Badawi recebeu as 50 primeiras chicotadas, em público – as restantes foram adiadas na sequência de enormes protestos internacionais. Apesar da condenação mundial, a sua condenação foi confirmada pelo Supremo Tribunal da Arábia Saudita, em junho de 2015, continuando detido em estado de saúde grave. Na sequência de ameaças de morte, a esposa e os filhos fugiram para o Canadá, onde lhes foi concedido asilo político. Em 12 de fevereiro de 2015, o Parlamento Europeu adotou uma resolução que condena veementemente a flagelação de Raif Badawi como «ato cruel e chocante por parte das autoridades sauditas» e apelou à sua libertação imediata e incondicional, uma vez que «é considerado um prisioneiro de consciência, detido e condenado apenas por exercer o seu direito à liberdade de expressão». PE568.362v01-00 PT 12/17 CM\1072952PT.doc Atribuir o Prémio Sakharov de 2015 a Raif Badawi enviaria um sinal forte de apoio e reconhecimento europeu ao trabalho dos ativistas e dos presos de consciência na Arábia Saudita e em toda a região, contribuindo ainda para os esforços mundiais no sentido de garantir a justiça e a liberdade a favor de Raif Badawi. Reafirmaria igualmente a importância de políticas orientadas para os valores, no âmbito das quais os direitos humanos não são atropelados por interesses económicos e de segurança. CM\1072952PT.doc 13/17 PE568.362v01-00 PT A oposição democrática na Venezuela, representada pela Mesa de la Unidad Democrática e pelos presos políticos Nomeação proposta pelo Grupo do Partido Popular Europeu (DemocratasCristãos) É necessário que o Prémio Sakharov tenha algum valor a fim de dar apoio ao laureado, não só em termos morais ou de incentivo – permitindo-lhe continuar a travar a «batalha» democrática – mas também por forma a alcançar os nobres objetivos pelos quais o prémio é atribuído. Além disso, poderia ser utilizado como escudo de proteção contra a perseguição que os vencedores amiúde simbolizam e da qual são com frequência vítimas, infelizmente. Todas estes requisitos e condições estão reunidos no que se refere à Mesa de la Unidad Democrática (Mesa da União Democrática), que integra toda a oposição democrática ao totalitarismo do atual Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, inclusivamente os presos políticos. Tendo isto em conta, gostaríamos de apresentar a candidatura da «Oposição democrática na Venezuela, representada pela Mesa de la Unidad Democrática e pelos presos políticos», ao prémio Sakharov 2015. A candidatura satisfaz três objetivos fundamentais: pertinência, representação dos valores globais defendidos e eficácia da atribuição do prémio. Um ano e meio após as manifestações na Venezuela, mais de 1 700 manifestantes aguardam julgamento, mais de 70 continuam detidos e pelo menos 40 pessoas morreram durante os protestos, sem que os seus assassinos tenham sido chamados a prestar contas. Um estado democrático não pode sancionar penalmente os dirigentes da oposição política e deve garantir a participação de todos os setores na vida política do país. Políticos como Leopoldo Lopez, Antonio Ledezma, Daniel Ceballos, estudantes e outros dirigentes da oposição continuam detidos arbitrariamente ou em prisão domiciliária, sob acusações infundadas, por exercerem o direito à liberdade de expressão e os seus direitos fundamentais, como têm afirmado vários órgãos das Nações Unidas e várias organizações internacionais. O PE apoiou em várias ocasiões, em plenário e por uma larga maioria, as resoluções sobre a situação na Venezuela e a perseguição de que é vítima a oposição democrática. Agora, com a presente proposta, pretendemos obter o mesmo nível de apoio dos grupos, a fim de proporcionar um forte apoio à luta democrática na Venezuela. Por conseguinte, esta candidatura, que não deverá suscitar antipatia nem oposição por parte de outros grupos políticos no Parlamento, poderá contribuir para o triunfo da democracia e para o respeito pelos direitos humanos na Venezuela, onde a maioria da população sofre tremendamente. * Mesa de la Unidad Democrática Trata-se de uma coligação de partidos políticos que reúne toda a oposição política pacífica e democrática ao governo de Chávez. É muito ampla, englobando partidos desde a esquerda mais militante a partidos de centro-direita. Entre as principais propostas do seu programa encontram-se: o reforço do sistema democrático venezuelano, a garantia dos direitos humanos, a consolidação da soberania nacional, a consecução de uma sociedade produtiva, justa e livre, assim como do mais elevado nível de bem-estar para os seus cidadãos, com base no pleno respeito da Constituição da Venezuela. PE568.362v01-00 PT 14/17 CM\1072952PT.doc Boris NEMTSOV Nomeação proposta pelo Grupo da Aliança dos Democratas e Liberais pela Europa Boris Nemtsov foi uma personalidade marcante da sociedade civil russa que lutou por uma Rússia democrática, próspera e pacífica, que merece receber o Prémio Sakharov 2015. Boris Nemtsov, combatente destemido pela liberdade e pela democracia na Rússia, foi assassinado no passado mês de fevereiro, numa ponte nas imediações do Kremlin, poucas semanas depois de ter começado a trabalhar num dossiê que comprovava a participação das forças militares russas na guerra no leste da Ucrânia. Apesar das intimidações e da pressão, prosseguiu esta tarefa, a fim de imputar ao Kremlin a responsabilidade pela morte de soldados russos na Ucrânia e de demonstrar que esta intervenção militar num país vizinho não foi desencadeada em nome do povo russo. Toda a vida de Boris Nemtsov nos convence de que merce o prémio: dedicou-a a uma Rússia diferente, em paz com os seus vizinhos, regida pela democracia, pelo respeito dos direitos humanos e pelo Estado de direito. Enquanto dirigente da oposição e ativista da sociedade civil, procurou denunciar a corrupção e o abuso de poder político na Rússia, nomeadamente através de um relatório sobre a corrupção em relação aos Jogos Olímpicos de Sotchi. No final dos anos 90, Boris Nemtsov, enquanto membro do governo federal, centrou a sua atividade na reforma da economia russa. Com base no que precede, propomos a atribuição do Prémio Sakharov 2015 a Boris Nemtsov. O prémio deve ser atribuído à Fundação Boris Nemtsov, recentemente criada pela sua filha, Zhanna, para apoiar a sociedade civil russa e a sua luta por uma Rússia pacífica, livre e democrática. Consideramos que chegou o momento certo para, com o prémio Sakharov, manifestar apoio a uma personalidade que dedicou a sua vida à luta por uma Rússia diferente e democrática e atribuir os meios associados ao Prémio ao fundo dedicado à execução do legado de Boris Nemtsov. Com a vossa ajuda e o vosso apoio, podemos transmitir este importante sinal de apoio ao povo russo e aos nossos cidadãos. CM\1072952PT.doc 15/17 PE568.362v01-00 PT Nadiya SAVCHENKO (Ucrânia) Nomeação proposta pelo Grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus Nascida em 1981, Nadiya Savchenko, cidadã ucraniana e ex-piloto do exército ucraniano, foi capturada por separatistas pró-russos no leste da Ucrânia, em junho de 2014. Subsequentemente, foi transferida para a Rússia. Inicialmente, foi acusada de cumplicidade na morte de dois repórteres. Durante o processo judicial que lhe foi movido e que ainda decorre, estas acusações foram agravadas. É agora acusada pelas autoridades russas do homicídio de dois jornalistas. Nadiya Savchenko é ainda acusada de passagem ilegal da fronteira da Federação da Rússia. Enquanto se encontrava numa prisão russa, foi eleita deputada ao parlamento ucraniano (Verkhovna Rada) e tornou-se membro da delegação ucraniana à Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (APCE). A União Europeia e os Estados Unidos apelaram à sua libertação, até à data recusada pelas autoridades russas. PE568.362v01-00 PT 16/17 CM\1072952PT.doc Edward SNOWDEN, Antoine DELTOUR e Stéphanie GIBAUD Nomeação proposta pelo Grupo Confederal da Esquerda Unitária Europeia/ Esquerda Nórdica Verde Edward Snowden é um perito em informática e ex-funcionário norte-americano da CIA/NSA, que revelou segredos sobre vários programas norte-americanos de vigilância em larga escala. Em 2013, Edward Snowden publicou informações classificadas sobre a monitorização de chamadas telefónicas, assim como sistemas de escutas na Internet, no âmbito dos programas de vigilância PRISM e XKeyscore. Na sequência das revelações, Edward Snowden foi acusado pelo governo norte-americano de espionagem, furto e utilização ilegal de bens públicos. Edward Snowden reside atualmente na Rússia, depois de lhe ter sido negado asilo em vários Estados-Membros. Antoine Deltour foi o principal denunciante no escândalo financeiro «Luxleaks», tendo revelado o conteúdo de centenas de acordos fiscais extremamente favoráveis entre as autoridades fiscais luxemburguesas e empresas de auditoria, em nome dos clientes internacionais destas últimas. Antoine Deltour forneceu ao jornalista francês Edouard Perrin documentos que o CIJI utilizou a posteriori nas suas revelações. As autoridades luxemburguesas acusaram-no, em dezembro de 2014, de várias infrações, entre as quais furto, violação do sigilo profissional e acesso fraudulento a dados. Stéphanie Gibaud desempenhou um papel decisivo na divulgação de práticas de evasão fiscal, fraude fiscal e branqueamento de capitais por parte das filiais francesas e suíças da UBS. Despedida pelo seu empregador por ter recusado destruir o conteúdo de dossiês informáticos comprometedores, Stéphanie Gibaud contribuiu, desde então, para a criação de uma plataforma internacional dedicada aos denunciantes. CM\1072952PT.doc 17/17 PE568.362v01-00 PT