MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA RIO GRANDE DO SUL – CAMPUS BENTO GONÇALVES ESTUDO DA QUALIDADE DO LEITE PRODUZIDO NA GRANJA DO IFRS CAMPUS BENTO GONÇALVES Marcela Czarnobay Bento Gonçalves 2010 1 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA RIO GRANDE DO SUL – CAMPUS BENTO GONÇALVES ESTUDO DA QUALIDADE DO LEITE PRODUZIDO NA GRANJA DO IFRS CAMPUS BENTO GONÇALVES Marcela Czarnobay Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso Superior de Tecnologia em Alimentos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – Campus Bento Gonçalves como parte dos requisitos para a conclusão do curso. Orientadora: Profª Msc. Camila Duarte Teles Co-orientadora: Drª. Ana Beatriz Costa Czermainski Bento Gonçalves 2010 2 AGRADECIMENTOS À Profª Camila, pela orientação, dedicação, apoio constante e por sempre conseguir um tempinho para me “mostrar a luz” quando eu não sabia mais por onde seguir. À Dra. Ana Beatriz, mais que uma orientadora durante o tempo de estágio na Embrapa Uva e Vinho, pela confiança, amizade e respeito. Por sempre estar preocupada, acima de tudo, com meu aprendizado, e pelas tantas “colheres de chá” dadas quando eu mais precisei. À equipe da agroindústria do IFRS-BG, pelo apoio durante meu estágio e pelos tantos momentos de descontração acompanhados de café e pão recém saído do forno. Agradeço principalmente aos técnicos, Fernando e Orlando, por sua preocupação e dedicação constante em aliar teoria à prática, proporcionando a melhor estrutura possível para nossas aulas práticas. E por me ajudarem a encontrar meu caminho profissional. A todos os meus colegas de curso e aos amigos encontrados durante este, por me ensinarem que sozinhos não somos nada, por serem a minha família durante esses anos e pelos grandes momentos vividos, os quais estarão para sempre em minha memória. Ao meu namorado, pelo carinho, amor, paciência, dedicação total e pela força dada nas horas em que continuar parecia pesado demais. Te encontrar nesse caminho, e caminhar do teu lado, foi fundamental para conseguir chegar até aqui. Aos meus pais e meu irmão, por sempre acreditarem em mim, e pelo apoio incondicional. Sei que, por vezes, abdicaram de muitas coisas para possibilitar a realização deste sonho. Apesar da distância e da saudade, vocês foram e sempre serão a razão do meu esforço, e as pessoas de que mais tenho orgulho. Essa conquista é de vocês. Às pessoas que, de alguma maneira, contribuíram com a minha formação, e que não podem ser citados em uma única folha de agradecimentos. 3 SUMÁRIO LISTA DE ABREVIATURAS.............................................................................................5 LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................6 LISTA DE TABELAS ........................................................................................................6 RESUMO..........................................................................................................................8 ABSTRACT ......................................................................................................................9 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................10 2 REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................11 2.1 Leite .................................................................................................................11 2.1.1 Definição ...................................................................................................11 2.1.2 Origem ......................................................................................................12 2.1.3 Importância socioeconômica ....................................................................12 2.1.4 Síntese do leite .........................................................................................13 2.1.5 Importância Nutricional .............................................................................15 2.2 Qualidade do leite ............................................................................................15 2.2.1 Sanidade animal .......................................................................................16 2.2.1.1 Desequilíbrio Nutricional ....................................................................16 2.2.1.2 Mastite ...............................................................................................17 2.2.2 Ordenha higiênica.....................................................................................19 2.2.3 Armazenamento e transporte....................................................................20 2.3 Controle de qualidade do leite .........................................................................21 2.3.1 Controle físico-químico .............................................................................22 2.3.1.1 Determinação da densidade ..............................................................22 2.3.1.2 Determinação da acidez ....................................................................23 2.3.1.3 Prova do álcool/alizarol......................................................................23 2.3.1.4 Determinação do teor de gordura ......................................................24 2.3.1.5 Determinação do extrato seco total (EST) e extrato seco desengordurado (ESD)........................................................................................24 2.3.1.6 Determinação do índice crioscópico ..................................................25 4 2.3.2 2.3.2.1 Determinação do tempo de redução ao azul de metileno (TRAM) ....26 2.3.2.2 Contagem bacteriana ........................................................................27 2.3.3 4 Testes rápidos em sala de ordenha...................................................28 2.3.3.2 Contagem de células somáticas ........................................................29 2.3.3.3 Prova do pus e variação do teor de cloretos......................................30 2.3.3.4 Prova de Whiteside............................................................................30 Controle da presença de resíduos de antibióticos ....................................30 MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................................32 3.1 Coleta dos dados .............................................................................................32 3.2 Comportamento dos dados ao longo do tempo ...............................................32 3.3 Controle estatístico da qualidade .....................................................................33 3.4 Análise da relação entre as variáveis...............................................................34 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................35 4.1 Comportamento das variáveis analisadas ao longo do tempo.........................35 4.2 Controle estatístico da qualidade .....................................................................38 4.2.1 Temperatura de recebimento do leite .......................................................38 4.2.2 Tempo de redução ao azul de metileno ....................................................41 4.2.3 Acidez .......................................................................................................43 4.2.4 Teor de gordura ........................................................................................45 4.2.5 Extrato seco desengordurado ...................................................................47 4.2.6 Extrato seco total ......................................................................................49 4.2.7 Densidade.................................................................................................51 4.3 5 Controle da mastite...................................................................................28 2.3.3.1 2.3.4 3 Controle microbiológico ............................................................................26 Interação entre as características do leite analisado .......................................53 CONCLUSÃO .........................................................................................................59 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................................60 APÊNDICE A – DADOS DAS ANÁLISES DE PLATAFORMA UTILIZADOS NO TRABALHO ....................................................................................................................68 5 LISTA DE ABREVIATURAS a.C. Antes de Cristo CCS Contagem de células somáticas CIP Cleaning in place CMT California Mastitis Test DNA Ácido desoxirribonucléico ESD Extrato seco desengordurado EST Extrato seco total IFRS-BG Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Rio Grande do Sul Campus Bento Gonçalves IN nº 51 Instrução Normativa número 51 LC Limite de Controle LCI Limite de Controle Inferior LCS Limite de Controle Superior LINA Leite instável não ácido pH Potencial hidrogeniônico PIB Produto Interno Bruto PNQL Programa Nacional de Melhoria da Qualidade do Leite RTIQ Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade TRAM Tempo de redução ao azul de metileno UFC Unidades formadoras de colônias UHT Ultra High Temperature WMT Wisconsin Mastitis Test ºC graus Celsius ºD graus Dornic ºGL graus Gay Lussac 6 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Partes constituintes de um quarto do úbere...................................................14 Figura 2 - Distribuição dos dados das variáveis das análises de plataforma do leite durante o período de tempo estudado ...........................................................................36 Figura 3 - Carta de controle da temperatura de recebimento do leite ............................39 Figura 4 - Carta de amplitude móvel da temperatura de recebimento do leite ...............39 Figura 5 - Estudo de capabilidade da temperatura de recebimento do leite ..................40 Figura 6 - Carta de controle do tempo de redução ao azul de metileno do leite recebido .......................................................................................................................................41 Figura - 7 Carta de amplitude móvel do tempo de redução ao azul de metileno do leite recebido .........................................................................................................................42 Figura 8 - Estudo de capabilidade do tempo de redução ao azul de metileno do leite recebido .........................................................................................................................42 Figura 9 - Carta de controle da acidez do leite recebido ................................................43 Figura 10 - Carta de amplitude móvel da acidez do leite recebido.................................43 Figura 11 - Estudo de capabilidade da acidez do leite recebido ....................................44 Figura 12 - Carta de controle do teor de gordura do leite recebido ................................45 Figura 13 - Carta de amplitude móvel do teor de gordura do leite recebido...................45 Figura 14 - Estudo de capabilidade do teor de gordura do leite recebido ......................46 Figura 15 - Carta de controle do extrato seco desengordurado do leite recebido ..........47 Figura 16 - Carta de amplitude móvel do extrato seco desengordurado do leite recebido .......................................................................................................................................47 Figura 17 - Estudo de capabilidade do extrato seco desengordurado do leite recebido 48 Figura 18 - Carta de controle do extrato seco total do leite recebido .............................49 Figura 19 - Carta de amplitude móvel do extrato seco total do leite...............................49 Figura 20 - Estudo de capabilidade do extrato seco total do leite recebido ...................50 Figura 21 - Carta de controle da densidade do leite recebido ........................................51 Figura 22 - Carta de amplitude móvel da densidade do leite recebido...........................51 Figura 23 - Estudo de capabilidade da densidade do leite recebido ..............................52 7 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Limites da IN nº 51 utilizados nas análises ...................................................33 Tabela 2 - Médias das variáveis quantitativas e porcentagens de não conformes das variáveis qualitativas nos períodos anterior e posterior a agosto de 2009 e testes t para a diferença entre as médias ...........................................................................................37 Tabela 3 - Correlações simples entre as variáveis quantitativas medidas nas amostras .......................................................................................................................................53 Tabela 4 - Testes de qui-quadrado associados à variáveis influentes sobre o TRAM ...54 Tabela 5 - Testes de qui-quadrado associados á variáveis influentes sobra a acidez do leite.................................................................................................................................54 Tabela 6 - Testes de qui-quadrado associados às variáveis influentes sobre o teor de gordura do leite ..............................................................................................................55 Tabela 7 - Testes de qui-quadrado associados às variáveis influentes sobre o extrato seco desengordurado.....................................................................................................55 Tabela 8 - Testes de qui-quadrado associados ás variáveis influentes na estabilidade ao alizarol ............................................................................................................................57 Tabela 9 - Tabela de contingência para pus e mastite...................................................57 8 RESUMO Para padronizar os níveis da qualidade do leite produzido no Brasil, em 2002 foi regulamentada a Instrução Normativa nº 51, que estabelece parâmetros mínimos de qualidade do leite. Com o objetivo de verificar a qualidade e a adequação do leite produzido na granja do IFRS-BG ao requisitos da IN nº 51, os dados referentes às análises de plataforma de janeiro de 2008 a setembro de 2010 foram analisados. As análises, realizadas no laboratório do setor de laticínios do complexo agroindustrial do Campus, foram temperatura, prova de estabilidade ao alizarol, tempo de redução ao azul de metileno (TRAM), acidez, gordura, extrato seco total, extrato seco desengordurado, teste de Whiteside (para a detecção de mastite) e presença de pus, cloretos e antibióticos. Os resultados das análises foram plotados ao longo do tempo, e os gráficos indicaram uma aparente melhoria da qualidade do leite a partir do segundo semestre de 2009. O TRAM e a gordura aumentaram significativamente (P<0,01 e P<0,05) no período a partir de agosto de 2009. Não existiram amostras instáveis ao alizarol e com resultado positivo para mastite e pus neste período. Cartas de controle e estudos da capacidade dos processos das análises quantitativas, a partir do segundo semestre de 2009, foram feitos considerando como limites de especificação os preconizados pela IN nº 51. As cartas de controle apresentaram causas especiais influenciando a estabilidade dos dados para os resultados de todas as análises estudadas. Os estudos de capabilidade indicaram que, somente os processos que afetam o TRAM e a densidade do leite são capazes de manter estas características do leite de acordo com a IN nº 51. A correlação entre as variáveis quantitativas foi determinada, e testes de qui-quadrado foram feitos para se determinar a dependência entre variáveis. A mastite, prevalente até o segundo semestre de 2009, causou a diminuição da acidez do leite e de sua estabilidade e, juntamente com a elevada carga microbiana deste período, diminuiu os teores de sólidos e gordura do produto. Palavras-chave: qualidade do leite, análises de plataforma, Instrução Normativa nº 51. 9 ABSTRACT To standardize the quality levels of the milk produced in Brazil in 2002 was regulated the Normative Instruction number 51, establishing minimum quality parameters of milk. Aiming to verify the quality and suitability of milk produced on the farm of the IFRS requirements of NI 51, the dates of the analysis platform since January 2008 to September 2010 were analyzed. The analysis, performed in the laboratory of the dairy industry of the campus agroindustrial’s complex, were temperature, alizarol stability test, the reduction time of methylene blue, acidity, fat, total solids, nonfat solids, test of Whiteside (for detection of mastitis) and presence of pus, antibiotics and chlorides. The analysis results were plotted over time, and the plots indicated an apparent improvement in quality of milk from the second half of 2009. The reduction time of methylene blue and fat increased significantly (P <0.01 and P <0.05) in the second period. There were no samples to alizarol unstable and tested positive for mastitis and pus in the second period. Control charts and process capability studies, of quantitative analysis from the second half of 2009 were made considering the specification limits as recommended by NI 51. The control charts presented special causes influencing the stability of the data to the results of all tests studied. The capability studies indicated that only those processes that affect the TRAM and the density of milk are able to maintain these characteristics of milk in accordance with NI 51. The correlation between quantitative variables was determined, and chi-square tests were done to determine the dependency between variables. Mastitis, prevalent at the beginning of the study period, caused the decrease of the acidity of milk and its stability, together with the high microbial load of this period, it decreased the fat and solid product. Keywords: milk quality, platform analysis, Normative Instruction number 51. 10 1 INTRODUÇÃO O leite é um dos alimentos mais nutritivos e de composição mais equilibrada da dieta humana, sendo importante fonte de vitaminas e minerais como o cálcio. O processamento do leite permite sua transformação em diversos derivados, o que torna o leite uma matéria-prima bastante importante nas indústrias de alimentos, de maneira global. O Brasil é o sexto maior produtor mundial de leite (FAO, 2008). A região Sul do país é a segunda maior produtora, sendo o Rio Grande do Sul o Estado de maior produção desta região (IBGE 2007, IBGE 2010). Desta maneira a importância sócioeconômica da cadeia produtiva do leite para o país e, especialmente para a região, é incontestável, pois emprega pessoas e gera renda. A produção de leite no Brasil se dá, principalmente, em pequenas propriedades rurais com baixo nível tecnológico, o que faz com que a qualidade do leite brasileiro seja bastante variada e mais baixa que em países desenvolvidos. Com o objetivo de padronizar os níveis de qualidade do leite no país, em 2002 foi regulamentado o Programa Nacional de Melhoria da Qualidade do Leite (PNQL), que, através da Instrução Normativa nº 51 (BRASIL, 2002), estabelece parâmetros mínimos de qualidade e prazos de adequação aos produtores, de acordo com cada região. A adequação da produção de leite conforme a IN nº 51 é fundamental para a manutenção do mercado nacional e a abertura do mercado internacional para o leite brasileiro, além de garantir o fornecimento de produtos lácteos seguros e de qualidade. O objetivo deste trabalho é avaliar a qualidade e a adequação do leite produzido na granja do IFRS à IN nº 51, com base nos dados resultantes das análises de plataforma realizadas na agroindústria da instituição. Para isso, através de metodologias de controle estatístico de processos foi verificada a estabilidade dos parâmetros avaliados e sua capacidade em atender os requisitos da IN nº 51. A interação entre as características avaliadas no leite da agroindústria também foi estudada, auxiliando na compreensão dos fatores que afetam cada uma dessas características. 11 2 2.1 REFERENCIAL TEÓRICO Leite 2.1.1 Definição De acordo com a legislação (BRASIL, 2002), entende-se por leite, sem outra especificação, o produto oriundo da ordenha completa e ininterrupta, em condições de higiene, de vacas sadias, bem alimentadas e descansadas. Do ponto de vista biológico, o leite é o produto da secreção das glândulas mamárias de fêmeas mamíferas, cuja função natural é a alimentação dos recémnascidos (ORDOÑEZ, 2005). Do ponto de vista físico-químico, o leite é uma mistura homogênea de grande número de substâncias (lactose, glicerídeos, proteínas, sais, vitaminas, enzimas, etc.), das quais algumas estão em emulsão (a gordura e as substâncias associadas), algumas em suspensão (as caseínas ligadas a sais minerais) e outras em dissolução verdadeira (lactose, vitaminas hidrossolúveis, proteínas do soro, sais, etc.) (ORDOÑEZ, 2005). As características mais importantes do leite são sua variabilidade, alterações e complexidade. Sobre a variabilidade, do ponto de vista de sua composição, não é possível falar de um leite, mas sim de vários leites, devido às diferenças naturais entre espécies ou para uma mesma espécie segundo a região ou lugar de origem (GONZÁLEZ CU et. al., 2010). 12 2.1.2 Origem A aproximação do homo sapiens com o leite ocorreu provavelmente com as cabras, fato testemunhado em desenhos rupestres, datados de 20000 a.C., nos quais as cabras são representadas como animais comumente caçados. Existe uma controvérsia se este fenômeno teria ocorrido na Mesopotâmia, por volta de 10 mil anos atrás, ou mais a leste, na Ásia. O primeiro registro histórico e concreto da utilização do leite como alimento é uma peça encontrada em Tell Ubaid, atual Iraque, datada de 3100 a.C., conhecida como Friso dos ordenhadores. Nela, podem ser constatadas não só a ordenha, mas também a filtragem do leite (PRATIQUELEITE, 2006). A origem do leite de consumo no Brasil está intimamente ligada à exploração do gado trazido durante o período de colonização. O gado foi utilizado primeiramente como força de trabalho nos engenhos de cana de açúcar e posteriormente a pecuária de corte se desenvolve em regiões como Goiás e o Sul do país. Até meados do século XIX o consumo de leite teve caráter secundário, com poucas vacas sendo mantidas para essa atividade (ALVES, 2001). Por volta de 1870, o Vale do Paraíba, região em que até então concentrava a maior produção cafeeira e os setores mais ricos do país, passa pelo esgotamento de seu solo, surgindo assim a oportunidade para uma nova atividade: a produção de leite (ALVES, 2001). A atividade desenvolveu-se e hoje, no Brasil, a pecuária leiteira é praticada em todo o território nacional, colocando o Brasil como o sexto maior produtor de leite no cenário internacional (ZOOCAL; GOMES, 2005). 2.1.3 Importância socioeconômica A importância da pecuária de leite no desempenho econômico e na geração de empregos no país é incontestável (ZOOCAL; CARNEIRO, 2008). A produção de leite brasileiro no ano de 2008 ultrapassou os 27 bilhões de litros, gerando uma receita de 13 aproximadamente 17 bilhões de reais (IBGE, 2008). O país tem, hoje, acima de 1 milhão e 100 mil propriedades que exploram leite, ocupando diretamente 3,5 milhões de pessoas (VILELA, 2001/2002). O leite está entre os seis primeiros produtos mais importantes da agropecuária brasileira, ficando à frente de produtos tradicionais como café beneficiado e arroz. O agronegócio do leite e seus derivados desempenham um papel relevante no suprimento de alimentos e na geração de emprego e renda para a população. Para cada dólar de aumento na produção no sistema agroindustrial do leite, há um crescimento de aproximadamente, cinco dólares no aumento do Produto Interno Bruto - PIB, o que coloca o agronegócio do leite à frente de setores importantes como o da siderurgia e o da indústria têxtil (VILELA, 2001/2002). A maior bacia leiteira do país está na região Sudeste, onde é produzido 38% do leite do Brasil. O Sul do Brasil é a segunda região de maior produção de leite do país, produzindo cerca de 28% do volume total do produto. (IBGE, 2007). O Rio Grande do Sul é o maior produtor dentre os Estados da região Sul, seguido do Paraná e de Santa Catarina (IBGE, 2010). 2.1.4 Síntese do leite O leite é sintetizado a partir de nutrientes fornecidos para as células secretoras da glândula mamária pelo sangue. Estes nutrientes são provenientes diretamente da dieta ou após sofrerem modificações nos tecidos dos animais antes de alcançar a glândula mamária (NORO, 2001). A glândula mamária da vaca constitui-se de quatro quartos mamários, os quais formam as quatro unidades independentes chamadas de tetos. A glândula mamária é composta por grupos de células chamadas alvéolos ou ácinos, que produzem e secretam o leite (TRONCO, 2003). Cada quarto do úbere (teto) possui milhares de compartimentos chamados lobos, que são envolvidos por uma membrana de tecido conjuntivo que os sustenta. Cada lobo é formado por vários lóbulos, os quais possuem grande número de alvéolos, que 14 produzem o leite a partir de substâncias que lhe são trazidas pelo sangue e o armazenam. Por ação hormonal, o leite é forçado a sair dessas estruturas, descendo pelos canais galactóforos, indo até a cisterna do úbere (TRONCO, 2003). Figura 1 - Partes constituintes de um quarto do úbere Fonte: Spreer (1985), adaptado por Tronco (2003) As proteínas do leite resultam parcialmente da síntese (a partir de aminoácidos livres) e parcialmente da filtração do plasma sanguíneo. Quanto aos lipídios, procedem em parte da corrente sanguínea, mas outra quantidade se sintetiza na mama a partir de moléculas pequenas. A lactose tem sua origem principal na glicose sanguínea. A mama também pode realizar a síntese de lactose a partir de ácidos graxos voláteis (TRONCO, 2003). A quantidade de água no leite é regulada pela quantidade de lactose sintetizada pelas células secretoras da glândula mamária. A água destinada ao leite é entregue à glândula mamária pelo sangue (WATTIAUX ,1994). Os minerais do leite provêem o sangue por filtração, porém, alguns passam por combinações biológicas especiais (TRONCO, 2003). A glândula mamária não pode sintetizar vitaminas, sendo totalmente dependente do aporte sanguíneo (NORO, 2001). 15 2.1.5 Importância Nutricional O leite é um alimento líquido, mas seu conteúdo em matéria seca (de 10 a 13%) é próximo ao de muitos alimentos sólidos. Seu valor energético é de 700 kcal/litro. Suas proteínas possuem um elevado valor nutritivo, particularmente a lactoglobulina e lactoalbumina, ricas em aminoácidos sulfurados. O leite é um excelente aporte de cálcio, fósforo e riboflavina; é relativamente rico em tiamina, cobalamina e vitamina A (CHEFTEL; CHEFTEL, 1976). O valor nutricional do leite como um todo é maior do que o valor dos seus ingredientes individualmente devido ao seu balanço nutricional. A quantidade de água no leite demonstra esse balanço. Em todos os animais, água é o nutriente necessário em maior quantidade, e o leite supre uma grande quantidade de água - contém aproximadamente 90% dela (WATTIAUX, 1994). Os resultados de diversos estudos nutricionais têm colocado em evidência o crescente sinergismo dos constituintes do leite. As proteínas do soro suplementam a caseína, de tal forma que a proteína do leite se constitui numa das fontes de nitrogênio mais importantes da nutrição humana. De maneira semelhante, a lactose acentua a absorção do cálcio e a utilização da proteína alimentar. As proteínas de transporte, na fração soro, agem em favor da maior disponibilidade de microelementos e vitaminas, assim como da regulação da flora intestinal por mecanismos bacteriostáticos. E os lipídios do leite, na forma de glóbulos de gordura altamente dispersos, representam uma estrutura extremamente vantajosa para a digestão, não encontrada em nenhum outro alimento (TRONCO, 2003). 2.2 Qualidade do leite A qualidade do leite cru é influenciada pôr múltiplas condições, entre as quais destacam-se os fatores zootécnicos, associados ao manejo, alimentação e potencial genético dos rebanhos, e fatores relacionados à obtenção e armazenagem do leite 16 recém-ordenhado. Os primeiros são responsáveis pelas características de composição do leite e, também, pela produtividade (HARRIS; BACHMN, 1998 apud OLIVEIRA et al., 1999). A obtenção e a armazenagem do leite fresco, por outro lado, relacionam-se diretamente com a qualidade microbiológica do produto, determinando, inclusive, o seu prazo de vida útil (HARDING, 1995 apud OLIVEIRA et al., 1999). Assim, a qualidade do leite cru que chega à indústria deve ser garantida pela ordenha higiênica de vacas sadias e bem alimentadas, seguida de imediata refrigeração do leite na propriedade rural e de seu transporte a granel em tanques isotérmicos até a indústria (DÜRR, 2006). A qualidade do produto final é determinada por um processo seqüencial e concatenado, em que a qualidade em cada etapa é limitada pela qualidade na etapa anterior. Em outras palavras, não ocorre agregação de qualidade pela manipulação e transformação da matéria prima, sendo tanto maior a qualidade do produto final quanto menor for o comprometimento dos atributos de qualidade ao longo do processamento sofrido pelo alimento (DÜRR, 2006). A garantia da qualidade do leite cru se justifica, já que influencia diretamente a qualidade do leite de consumo e de derivados lácteos. 2.2.1 Sanidade animal 2.2.1.1 Desequilíbrio Nutricional Nos rebanhos leiteiros de alta produção é importante obter um correto balanço nutricional, especialmente nos períodos de maiores requerimentos, que correspondem ao início da lactação. As doenças metabólicas ou doenças de produção são provocadas por um desequilíbrio entre os nutrientes que ingressam no organismo animal, o seu metabolismo e os egressos através das fezes, a urina, o leite e o feto. Os desbalanços nutricionais que afetam os rebanhos são produzidos devido a que o aporte ou a utilização de alimentos não é capaz de preencher os requerimentos de manutenção ou produção (WITTWER, 2000). 17 Alterações podem ocorrer em leite produzido por animais com desbalanço nutricional. A ocorrência de leite instável não ácido (LINA), registrada na Itália, Cuba, Uruguai e região sul do Brasil, está associada a transtornos fisiológicos metabólicos e/ou nutricionais. O leite instável não ácido coagula ao passar por tratamento térmico, e, portanto, processos tecnológicos são gravemente afetados. Isso acarreta perdas econômicas ao produtor, que não recebe pagamento pelo leite, e à indústria de laticínios, que tem o fornecimento de leite diminuído. (OLIVEIRA; TIMM, 2007). 2.2.1.2 Mastite Mastite é a inflamação do úbere, geralmente causada por infecção bacteriana, mas que pode também ser causada por microrganismos como leveduras, micoplasmas e algas microscópicas. A infecção atrai os glóbulos brancos do sangue (leucócitos) e outras substâncias típicas da resposta imunológica do animal para o local da infecção. Os leucócitos aparecem no leite e se conhecem como células somáticas (BRITO et al., 2007). Trata-se de uma das mais preocupantes enfermidades do rebanho leiteiro, capaz de provocar consideráveis prejuízos, pela queda de produção láctea decorrente da perda, muitas vezes, total da capacidade secretora do úbere, pelo comprometimento das características físico-químicas e microbiológicas do leite, além de constituir-se num determinante de problemas de saúde pública (TRONCO, 2003). Alguns microrganismos causam infecções ou mastite subclínica. Nestes casos, não são visíveis indícios da enfermidade como coágulos e outras alterações no leite, e inchaço, enrijecimento ou aumento da temperatura do úbere, que caracterizam a forma clínica da doença (BRITO et al., 2007). Desta maneira, sua detecção só é possível mediante testes específicos. A forma subclínica é normalmente a mais prevalente sendo responsável por aproximadamente 70% das perdas, podendo reduzir a secreção de leite em até 45% (MÜLLER, 2002). Os microrganismos causadores de mastite são comumente classificados em dois grupos: os designados “contagiosos” e os “do ambiente” (daí as designações mastite 18 contagiosa e mastite ambiental). A mastite contagiosa tende a se apresentar na forma subclínica. Os microrganismos são disseminados, principalmente, durante a ordenha, pelas mãos dos ordenhadores, geralmente contaminadas a partir de leite de animais infectados. Os microrganismos do ambiente provêm da água, fezes, materiais usados como cama, pele dos animais e outras fontes variadas. As infecções tendem a apresentar-se na forma clínica aguda e algumas vezes na forma hiperaguda (BRITO et al. 2007). O Staphylococcus aureus destaca-se como o microorganismo causador de mastite contagiosa de maior importância, de maior ocorrência nos rebanhos mundiais, e de tratamento mais difícil devido à elevada resistência aos antibióticos. Coerentemente, o Staphylococcus aureus é, também, o microrganismo patogênico mais freqüentemente isolado no leite cru, produtor de toxinas causadoras de gastrenterites alimentares (ZECCONI; HAHN, 2000 apud FAGUNDES; OLIVEIRA, 2004). Nos EUA, estima-se que o número de casos de gastrenterite estafilocócica de origem alimentar esteja entre 1 a 2 milhões por ano (JAY, 2005). A enterotoxina estafilocócica é favorecida em condições ótimas de crescimento do Staphylococcus aureus, sendo produzida em todas as fases de cresimento da bactéria. A temperatura ótima de produção é entre 40-45°C, se ndo as enterotoxinas bastante resistentes ao calor (JAY, 2005). A mastite diminui a qualidade sensorial do leite fluído devido ao aparecimento de sabor amargo e de rancidez ocasionados pela ação de enzimas presentes nas células somáticas sobre a gordura e a proteína do leite. Estas enzimas resistem inclusive a altas temperaturas de processamento industrial do leite (SANTOS, 2006). Leite com alta contagem de células somáticas reduz o rendimento de queijos, altera as suas características sensoriais - tornando-o mais mole e úmido - aumenta o tempo de coagulação do leite e aumenta seu pH (OLIVEIRA et al.2006; MAZAL, 2005). 19 2.2.2 Ordenha higiênica O leite proveniente de animais sadios, se forem ordenhados de forma asséptica, contém poucos microrganismos, mas posteriormente sofre contaminação a partir do ambiente e do homem (TRONCO, 2003). O leite produzido sem os preceitos de higiene torna-se produto de qualidade inferior, mesmo que se lhe dispensem posteriormente os maiores cuidados e melhores tratamentos (BEHMER, 1976). Depois de secretado no úbere, o leite pode ser contaminado por microrganismos a partir de três principais fontes: de dentro da glândula mamária, da superfície exterior do úbere e tetos, e da superfície do equipamento e utensílios de ordenha e tanque (SANTOS; FONSECA, 2001 apud GUERREIRO et al., 2005). Desta forma, a saúde da glândula mamária, a higiene de ordenha, o ambiente em que a vaca fica alojada e os procedimentos de limpeza do equipamento de ordenha são fatores que afetam diretamente a contaminação microbiana do leite cru (GUERREIRO et al., 2005). A higienização prévia dos tetos, além de prevenir doenças como a mastite tem papel importante na qualidade microbiológica do leite. A higienização dos tetos, mãos do ordenhador e do local de ordenha são de grande importância para reduzir o número de microrganismos patogênicos no leite, e também para melhorar as condições higiênicas do mesmo (NADER FILHO et al., 1982 apud AMARAL et al., 2004). A infecção da glândula mamária dos bovinos pode ser controlada com a utilização de substâncias germicidas nos tetos antes e após a ordenha (PHILPHOT; NICKERSON, 1992 apud MEDEIROS et al., 2009). Fontes ambientais de contaminação do leite incluem a água utilizada na limpeza do equipamento e em outras tarefas. É de fundamental importância que a água usada para estes fins seja potável, com baixa contaminação por coliformes e outros gêneros bacterianos como Pseudomonas e Bacillus (COUSIN; BRAMLEY, 1981 apud GUERREIRO et al., 2005). Medidas simples; como a limpeza e desinfecção dos tetos, eliminação dos primeiros jatos de leite, uso de equipamentos e recipientes limpos, ordenha ininterrupta e horário de ordenha regular; devem ser adotadas. Além disso, a sala de ordenha deve 20 ser coberta, limpa e arejada; e o ordenhador deve cuidar do asseio corporal e da higiene, principalmente das mãos durante a ordenha (MEIRELLES, 2000). 2.2.3 Armazenamento e transporte A temperatura e o período de armazenamento do leite antes da pasteurização determinam, de maneira seletiva e pronunciada, a intensidade de desenvolvimento das diversas espécies microbianas contaminantes. As temperaturas baixas inibem ou reduzem a multiplicação da maioria das bactérias e diminuem a atividade de enzimas degradativas. A obtenção do leite de vacas sadias, em condições higiênicas adequadas, e o seu resfriamento imediato a 4ºC são as medidas fundamentais e primárias para garantir a qualidade e a segurança do leite e seus derivados (ARCURI et al., 2006). A corrente prática de estocagem do leite cru a 4-7°C por 3 a 4 dias antes do processamento, permite o crescimento de bactérias psicrotróficas (SILVEIRA et al., 1998). As proteases produzidas pelos psicrotróficos podem, mesmo a baixas concentrações, hidrolisar as proteínas do leite causando sabor amargo e geleificação na armazenagem do leite UHT (SHAH, 1994 apud GOMES, 1995). Desta maneira, deve-se buscar diminuir tempo entre ordenha e processamento, tornando menor o período de estocagem, mesmo que refrigerada do leite. Para melhorar as condições de captação do leite, algumas empresas têm desenvolvido programas, cujo objetivo principal é racionalizar o transporte do leite resfriado nas fazendas diretamente até a usina de beneficiamento, sem a necessidade de veículos de coleta de latões e postos de refrigeração. Este procedimento recebe o nome de “granelização” e é adotado em diversos países da Europa, além dos Estados Unidos e Argentina. Sob o aspecto da qualidade do leite, as vantagens da granelização são evidentes, pois garantem o transporte do leite resfriado a cerca de 4º C em caminhões-tanque isotérmicos, com um mínimo de manipulação (OLIVEIRA et al., 1999). 21 A contagem bacteriana total do leite pode aumentar significativamente quando em contato com equipamentos nos quais a limpeza e sanitização são deficientes, pois os microrganismos proliferam nos resíduos de leite presentes em recipientes, borrachas, junções e qualquer outro local onde ocorra acúmulo de resíduos de leite (GUERREIRO et al., 2005). Assim, a correta higienização de equipamentos de armazenamento, tanques de transporte de leite e tubulações é fundamental para a manutenção das características de qualidade do leite cru. 2.3 Controle de qualidade do leite Há a aceitação, entre todos os estudiosos do leite, de que a qualidade da matériaprima pode ser definida e medida levando-se em consideração cinco aspectos: a) composição química: quantidade e distribuição de proteínas, lactose, gordura, sais minerais, etc.; b) contagem total de bactérias: devem estar ausentes os patógenos e as toxinas microbianas. O leite também deve ser agradável, limpo e íntegro; c) contagem de células somáticas: uma elevação considerável do número destas células é um indicativo de infecção intramamária (mastite); d) integridade: sem adição de água ou outras substâncias e e) aspecto estético: o leite deve apresentar aspecto e cor líquido branco opalescente homogêneo, sabor e odor característicos, isento de sabores e odores estranhos (ABREU, 2000 apud CARVALHO et al., 2005). No Brasil, as atividades de controle da qualidade do leite têm se restringindo, basicamente, à prevenção de fraudes ou adulterações do produto in natura, mediante a adoção de parâmetros físico-químicos, como acidez, densidade a 15ºC, índice crioscópico, percentual de gordura e de extrato seco desengordurado (ESD) (OLIVEIRA, et al., 1999). A partir dos anos 90, gradativamente, algumas cooperativas de laticínios iniciaram a implantação de programas de pagamento do leite por qualidade, tendo por base as provas de redutase, crioscopia e contagem global de microrganismos aeróbios mesófilos. Em casos isolados os pagamentos por qualidade incluíram a contagem de células somáticas (MÜLLER, 2002). 22 A partir de 2002, a IN nº 51 (BRASIL, 2002) passou a apresentar requisitos mínimos de qualidade físico-química e microbiológica do leite, incluindo leite cru refrigerado. Desta maneira, o controle de qualidade do leite tornou-se obrigatório. 2.3.1 Controle físico-químico Alguns critérios físico-químicos são normalmente utilizados pelas indústrias de laticínios para avaliar os cuidados dispensados ao leite pelo produtor. Esses critérios são bastante úteis para controlar o rendimento industrial e a qualidade do produto acabado (FONTANELLI, 2001). 2.3.1.1 Determinação da densidade A densidade do leite é relativa, ou seja, o quociente resultante da divisão da massa de um volume de leite por igual volume de água, a certa temperatura. A determinação deste parâmetro serve para controlar, até certos limites, fraudes no leite, no que se refere à desnatação prévia ou adição de água (TRONCO, 2003). A densidade da gordura do leite é aproximadamente 0,927 e a do leite desnatado, cerca de 1,035 (VENTURINI et. al., 2007). A gordura é o único constituinte do leite com densidade menor que a água e o que mais influi para a redução da densidade do leite (TRONCO, 2003). A IN nº 51 (BRASIL, 2002), determina, para leite cru refrigerado, que a densidade do produto a 15°C deve estar entre 1,02 8 a 1,034 g/ml. 23 2.3.1.2 Determinação da acidez A acidez é o parâmetro mais importante para a avaliação da qualidade do leite quanto ao aspecto tecnológico, pois indica o grau de metabolização da lactose em ácido láctico, em função da má qualidade microbiológica e da conservação inadequada. Esses fatores implicam a resistência do leite a tratamentos térmicos (LOBATO, 2002). O leite fresco normal não contém ácidos, mesmo assim ele apresenta uma acidez detectável pela técnica da titulação. Isso indica que a substância química usada no teste da determinação na titulação combina com algumas substâncias presentes no leite fresco e lhe confere essa acidez aparente. As substâncias responsáveis pela acidez aparente são: os fosfatos e citratos (minerais), a caseína e albumina (proteínas) e gás carbônico dissolvido. O termo acidez aparente não deve ser confundido com a acidez que se forma no leite pelo crescimento de bactérias (acidez real ou verdadeira). Amostras de leite com acidez titulável mais elevada (dentro da faixa normal) podem apresentar, em média, teores de proteína e minerais maiores do que aquelas com acidez titulável menor (BRITO, et. al., 2010). A IN nº 51 (BRASIL, 2003), determina que leite cru refrigerado deve possuir acidez titulável entre 0,14 a 0,18 gramas de ácido láctico em 100 ml de leite. A acidez titulável expressa a quantidade de álcali que é necessário adicionar ao leite para modificar seu pH de 6,6 para um pH de 8,4-8,6, a 25ºC, temperatura em que muda a cor da fenolftaleína (TRONCO, 2003). 2.3.1.3 Prova do álcool/alizarol Trata-se de uma prova rápida que permite medir a termoestabilidade do leite ao calor, ou seja, saber se o leite resiste ao processo de pasteurização, evitando que ocorra coagulação nas placas do pasteurizador. Ao acrescentar ao leite certa quantidade de álcool etílico, produz-se uma desidratação parcial ou total de certos colóides hidrófilos, podendo haver perda de equilíbrio e consequente floculação. É 24 conhecido o fato de que a estabilidade protéica diminui com o aumento da acidez (TRONCO, 2003). A prova do alizarol trata-se de uma combinação da prova do álcool com a determinação colorimétrica do pH através do indicador alizarina (dioxiantraquinona), permitindo observar de forma simultânea a floculação da caseína e a viragem da cor de acordo com o pH do leite analisado (TRONCO, 2003). 2.3.1.4 Determinação do teor de gordura A análise do teor de gordura no leite é utilizada como base para determinação do valor a ser pago ao produtor pelos beneficiadores, além de possibilitar o controle de qualidade nos diversos estágios, que vai desde o processamento e envase do alimento, passando pelos revendedores até o consumidor final (CORDEIRO, et.al., 2007). A IN nº 51 (BRASIL, 2003), determina que o leite cru refrigerado deve possuir um teor de gordura mínimo de 3%. Atualmente utiliza-se técnica de fotometria para a determinação do teor de gordura no leite, onde é necessária a mistura de um reagente químico para a análise da amostra pelo equipamento. Também é utilizada a técnica do butirômetro de Gerber. O método de Gerber está baseado na propriedade que tem o ácido sulfúrico de digerir as proteínas do leite, sem atacar a matéria gorda. A separação da gordura ocorre por centrifugação (diferença de densidade) e o volume de gordura é obtido diretamente, pois o componente mais leve (a gordura) se acumula na parte superior do butirômetro, isto é, na haste graduada do mesmo (CORDEIRO, et.al., 2007). 2.3.1.5 Determinação do extrato seco total (EST) e extrato seco desengordurado (ESD) Denomina-se matéria seca total ou extrato seco total (EST) a todos os componentes do leite menos a água. Existem várias formas para determinar o EST: a 25 gravimetria, o método de Ackerman, o uso de fórmulas e tabelas. O método gravimétrico consiste em desidratar uma amostra de leite e pesar o extrato seco. O método de Ackerman consiste em ajustar os valores de densidade e teor de gordura no disco de Ackerman e realizar a leitura no disco. As tabelas baseiam-se na dependência da matéria seca e da relação entre densidade e teor de gordura (TRONCO, 2003). O extrato seco desengordurado corresponde aos componentes do leite, menos a água e a gordura. Pode ser determinado fazendo o cálculo da diferença entre a percentagem de EST e a percentagem de gordura ou pelo uso do lactômetro de Bertuzzi. Este aparelho registra o índice de refração e o extrato seco desengordurado. Com os resultados obtidos pelo lactômetro, é possível precisar a porcentagem de água adicionada ao leite (TRONCO, 2003). A IN nº 51 (BRASIL, 2003), determina, para leite cru refrigerado, extrato seco desengordurado de no mínimo 8,4g a cada 100g de leite. Quanto maior for o extrato seco do leite, maior será o rendimento dos produtos (SPAGNOL, et.al., 2005). 2.3.1.6 Determinação do índice crioscópico O índice crioscópico, na análise qualitativa do leite, tem por finalidade a detecção de fraudes por adição de água. O ponto crioscópico é definido como a temperatura em que o leite passa do estado líquido para o estado sólido. Essa temperatura de congelamento é a mais constante das características do leite, por isso a determinação do ponto crioscópico é considerada uma prova de precisão (TRONCO, 2003). A IN nº 51 (BRASIL, 2003) determina como índice crioscópico máximo para leite cru refrigerado a temperatura de –0,512ºC. Os componentes responsáveis pelo abaixamento do ponto de congelamento são a lactose, alguns minerais, certas proteínas solúveis e os gases dissolvidos. A adição de água ao leite altera o ponto de congelamento fazendo com que este se aproxime de zero, porque se diluem as concentrações dos componentes que estão em solução verdadeira na água do leite. O ponto de congelamento mede, então, os sólidos solúveis 26 do leite. A determinação do índice crioscópico pode ser feita através de crioscópicos eletrônicos digitais (TRONCO, 2003). 2.3.2 Controle microbiológico Entre as características relacionadas com a qualidade do leite, destaca-se a qualidade microbiológica, que pode ser um bom indicativo da saúde da glândula mamária do rebanho, das condições gerais de manejo animal e higiene na fazenda. Por sua composição completa e balanceada, o leite é um substrato ideal para o desenvolvimento de diversos grupos de microrganismos. Bactérias, leveduras, fungos, vírus e outros podem provocar significativas alterações no leite (TRONCO, 2003). Dentre os microrganismos do leite, os que têm maior representatividade são as bactérias (TRONCO, 2003). No leite cru encontra-se uma diversidade de bactérias, incluindo as psicrotróficas, que podem se multiplicar a 7ºC ou menos, independentemente de sua temperatura ótima de crescimento, as termodúricas, que podem sobreviver ao tratamento térmico da pasteurização, as láticas, que acidificam rapidamente o leite cru não-refrigerado, os coliformes e as bactérias patogênicas, principalmente as que causam mastite (HAYES; BOOR, 2001 apud ARCURI et al., 2006). A ação das bactérias ou de suas enzimas sobre os componentes lácteos causa várias alterações no leite e seus derivados. Esses defeitos incluem sabores e aromas indesejáveis, diminuição da vida de prateleira, interferência nos processos tecnológicos e redução do rendimento, especialmente de queijos (HICKS et al., 1982; CHAMPAGNE et al., 1994 apud ARCURI, et al.; 2006). 2.3.2.1 Determinação do tempo de redução ao azul de metileno (TRAM) Este método mede indiretamente a população bacteriana do leite. O fundamento do teste está baseado em que as bactérias presentes no leite, ao se multiplicarem, 27 utilizam elementos nutricionais, bem como o oxigênio livre ou fracamente combinado do leite, modificando as condições do produto que passa de levemente oxidante para levemente redutor. O azul de metileno é um corante reduzível com possibilidade de reversão: apresenta cor azul quando oxidado e incolor na forma reduzida. A velocidade de reação de óxido-redução depende do número de bactérias presentes e de sua taxa de consumo de oxigênio (TRONCO, 2003). A prova da redutase não deve ser utilizada como única análise para verificar a qualidade microbiológica do leite cru, visto que há uma grande variação na capacidade redutora do azul de metileno pelos diferentes grupos de microrganismos, principalmente pelos psicrotróficos. Não há correlação entre as contagens de psicrotróficos e o tempo mínimo da prova de redutase, confirmando o menor poder de redução do azul de metileno por este grupo (NASCIMENTO & SOUZA, 2002 apud SOUZA, 2006). Assim, o tempo de descoloração de um corante indicador de óxido-redução dá uma medida aproximada do grau de contaminação do leite (TRONCO, 2003). A prova da redutase também pode ser feita empregando-se a resazurina em substituição ao azul de metileno. Neste caso, o corante passa da coloração azul para a cor rosa (TRONCO, 2003). 2.3.2.2 Contagem bacteriana O método de referência para determinação da contagem bacteriana do leite é a contagem bacteriana em placas que determina a quantidade de bactérias aeróbias mesófilas após crescimento em ágar padrão. Bactérias viáveis e que crescem nas condições de cultivo, desenvolvem colônias que são enumeradas após o período de incubação, sendo o resultado expresso em unidades formadoras de colônias (UFC). A contagem bacteriana total, realizada em equipamento eletrônico tem a citometria de fluxo por princípio. No equipamento, uma alíquota da amostra é aspirada para uma das cavidades de um carrossel circular em rotação, onde é aquecida a 50°C. Durante a rotação do carrossel, a alíquota da amostra entra em contato com uma solução de incubação constituída por reagentes hidrolisantes tamponados, enzimas proteolíticas e 28 marcador fluorescente para lisar as células somáticas, solubilizar os glóbulos de gordura e as proteínas, tornar a parede bacteriana permeável e corar o DNA. A contagem bacteriana total é convertida em UFC através de equação de regressão (LEITE, 2006). 2.3.3 Controle da mastite O controle da mastite nos rebanhos leiteiros constitui um importante passo para a elaboração de produtos de boa qualidade e diminuição dos riscos à população (DIAS, 2007). O diagnóstico clínico de mastite é extremamente simples, qualquer vaca que apresente mama inflamada, difusa ou focalmente, ou dolorosa em um ou mais quartos, não querendo deixar-se ordenhar, ou ainda sem alterações anatômicas, mas secretando leite com sangue, pus, flocos, ou dessorando, tem mastite. Entretanto mastites subclínicas, crônicas; que em alguns meses destroem a capacidade funcional da mama, causando prejuízos econômicos ao mesmo tempo que podem alastrar-se silenciosamente no rebanho agravando os prejuízos e causando problema de saúde animal; não são diagnosticadas pelos métodos rotineiros de exame clínico: inspeção do animal, leite e palpação (RADOSTIS et al., 2002 apud DIAS, 2007). Para diagnosticar a mastite subclínica é necessária a utilização de exames complementares baseados no conteúdo celular do leite (DIAS, 2007). 2.3.3.1 Testes rápidos em sala de ordenha O exame California Mastitis Test (CMT) é recomendável para a detecção de mastite em nível de campo. Serve para detectar processo inflamatório da glândula mamária, evidenciando o aumento de células somáticas, das quais principalmente neutrófilos polimorfonucleares (TRONCO, 2003). O CMT pode ser realizado em cada quarto mamário individualmente, com uma bandeja ou raquete apropriada. Utiliza-se 29 como reagente um detergente aniônico neutro, que atua rompendo a membrana das células presentes na amostra, liberando-se assim o conteúdo nucléico que apresenta maior viscosidade. O resultado é avaliado em função do grau desta viscosidade (LANGONI, 2000). O Wisconsin Mastitis Test (WMT) resultou do aprimoramento do CMT. É realizado em tubos que apresentam orifício em suas extremidades, nos quais se colocam quantidades exatas de leite e reagente, o mesmo usado para o CMT. Deve-se proceder a homogeneização com movimentos de rotação do tubo, e a seguir invertê-lo, retornando-se então a posição original do tubo. Quanto maior o conteúdo celular, maior a viscosidade e o volume da mistura que permanece no tubo. Utiliza-se amostra composta dos quatro quartos, o que permite o exame de um maior número de amostras (LANGONI, 2000). 2.3.3.2 Contagem de células somáticas A contagem de células somáticas (CCS) é um critério mundialmente utilizado por indústrias, produtores e entidades governamentais para o monitoramento de mastite a nível individual e de rebanhos e para avaliação da qualidade do leite. Os resultados da CCS podem ser obtidos a partir de amostras de quartos mamários, amostras compostas dos quatro quartos e de amostras do tanque. Ainda que as células somáticas não representem um fator de risco para a saúde humana, existe uma tendência mundial em adotar a CCS como critério geral para avaliar as condições higiênicas da produção de leite (MALEK & SANTOS, 2008). Na contagem eletrônica de células somáticas, o leite é misturado a uma solução que cora o núcleo das células somáticas (brometo de etídio). A contagem é feita pelo exame de citometria de fluxo, no qual os impulsos luminosos emitidos pelas células; decorrentes da associação DNA - corante, após sua conversão em impulsos elétricos no tubo fotomultiplicador; são lidos pelo aparelho. Um computador conta os impulsos elétricos característicos das células somáticas (LANGONI, 2000). 30 2.3.3.3 Prova do pus e variação do teor de cloretos A prova do pus baseia-se na formação de grumos ou filamentos, resultantes da ação desidratante da amônia sobre as proteínas dos leucócitos. O aparecimento desses grumos caracteriza a presença de pus no leite, decorrente de processos inflamatórios (TRONCO, 2003). A pesquisa do teor de cloretos é um método auxiliar no diagnóstico da mastite subclínica. O íon cloreto está presente na circulação sangüínea e, durante os processos inflamatórios, atravessa os capilares venulares e direciona-se aos alvéolos da glândula mamária, devido ao aumento da permeabilidade vascular e a destruição das junções celulares (EL-NAGGAR, 1973 apud ZAFALON et al., 2005). A pesquisa de cloretos é uma prova qualitativa, indicativa de que houve alguma alteração de permeabilidade capilar dos alvéolos (TRONCO, 2003). 2.3.3.4 Prova de Whiteside Esta prova fundamenta-se na pesquisa de leucócitos. Caracteriza-se pela formação de uma massa viscosa, grumos ou geleificação decorrentes da reação provocada pelo contato dos leucócitos polimorfonucleares presentes no leite com o hidróxido de sódio (TRONCO, 2003). 2.3.4 Controle da presença de resíduos de antibióticos Os antibióticos são substâncias indesejáveis no leite por dois motivos fundamentais: causam problemas de saúde pública e problemas tecnológicos em produtos fermentados. Os antibióticos podem ser encontrados por introdução voluntária fraudulenta de produtores que desejam aumentar a durabilidade do leite. O mais usual, 31 entretanto, é seu aparecimento como resíduo de tratamentos de doenças do animal, principalmente mastites e infecções do trato reprodutivo (TRONCO, 2003). Os antibióticos não são destruídos pelo calor, motivo pelo qual se pode encontrálos no leite e leite em pó (LUQUET, 1991). A presença de resíduos de antibióticos no leite pode ter um efeito adverso na microflora intestinal humana e o consumo por tempo prolongado de leite com estes resíduos pode propiciar a manutenção de uma flora resistente. O risco para os consumidores decorre de infecções por microrganismos resistentes ou ainda transferência de resistência aos agentes patogênicos, que podem prejudicar um tratamento posterior. Deve-se ressaltar ainda o risco das reações alérgicas, sobretudo relacionadas à penicilina (TRONCO, 2003). Estes compostos fazem com que o leite não possa ser utilizado em alguns processos, pois impedem o desenvolvimento dos microrganismos úteis (LUQUET, 1991). Provocando inibição parcial ou total de bactérias lácticas utilizadas para a elaboração de produtos fermentados, a fermentação não ocorre ou é deficiente, o pH sofre uma débil diminuição e são possíveis ainda contaminações nos derivados com outras bactérias patogênicas ou não (TRONCO, 2003). A proibição da presença de antibióticos em leite e derivados é prevista na IN nº 51 (BRASIL, 2003). Os métodos para detecção de resíduos de antibióticos podem ser classificados em qualitativos, quantitativos ou semi-quantitativos, e de acordo com o seu princípio ou modo de ação: inibição de crescimento bacterianos, testes imunológicos, cromatografia líquida e a gás e testes enzimáticos (TRONCO, 2003). 32 3 3.1 MATERIAIS E MÉTODOS Coleta dos dados No momento do recebimento do leite cru refrigerado proveniente da granja do IFRS-BG no setor de laticínios do complexo agroindustrial, uma alíquota homogênea é coletada e enviada ao laboratório da planta para serem realizadas análises de plataforma. As análises realizadas compreendem: temperatura, densidade (através do uso de termolactodensímetro), prova do alizarol a 72ºGL, tempo de redução ao azul de metileno, acidez (através de titulação com soda Dornic), gordura (método de Gerber), sólidos totais, sólidos não gordurosos (através do disco de Ackerman), teste de detecção de mastite (Whiteside), alteração do teor de cloretos e presença pus e antibióticos (kit Copan CHRHansen). As análises de plataforma realizadas no período de janeiro de 2008 a setembro de 2010 foram digitalizadas em planilha eletrônica e os dados depurados. 3.2 Comportamento dos dados ao longo do tempo Utilizando o software Microsoft Excel (Microsoft Corporation, 2003), foram construídos gráficos de dispersão, plotando os dados de cada análise ao longo do tempo. Os limites estabelecidos pela IN nº 51 (Tabela 1) foram marcados nos gráficos, para a visualização dos pontos de acordo ou não com a Legislação. Os dados foram divididos em dois períodos: antes e depois de agosto de 2009. Utilizando o software SAS 9.1 (SAS Institute, 2002), as médias das variáveis quantitativas e a porcentagem de não conformes das variáveis qualitativas foram calculadas. Os dados das médias foram submetidos ao teste t unilateral, para a avaliação da diferença entre as médias dos dois períodos. 33 Tabela 1 - Limites da IN nº 51 utilizados nas análises Requisito Limite Matéria gorda (g/100g) mín. de 3,0 Densidade relativa (g/ml) 1,028 a 1,034 Acidez titulável (ºD) 14 a 18 Extrato seco (sólidos) desengordurado (s) (g/100g) mín. de 8,4 TRAM mín. de 90min Temperatura de recebimento do leite no estabelecimento processador máx. 10ºC 3.3 Anexo da IN nº 51 IV - RTIQ de leite cru refrigerado IV - RTIQ de leite cru refrigerado IV - RTIQ de leite cru refrigerado IV - RTIQ de leite cru refrigerado III - RTIQ do leite tipo C IV - RTIQ de leite cru refrigerado Controle estatístico da qualidade As ferramentas baseadas no controle estatístico da qualidade aplicadas para os dados em estudo foram as cartas de controle, para a verificação da estabilidade dos processos, e o estudo da capacidade dos processos em atender especificações prédefinidas. Foram construídas cartas de controle para valores individuais e de amplitude móvel, dado que não seria possível construir cartas de controle para médias, pois apenas uma amostra foi analisada no momento do recebimento do leite. A construção das cartas, determinação dos limites de controle e verificação da estabilidade e capacidade dos processos de cada análise foram realizados no software Procep 4.0 (2000), considerando o período a partir de agosto de 2009. Para o cálculo dos limites de controle e para o estudo da capacidade foram retiradas as causas especiais. A capacidade dos processos foi determinada mesmo quando os processos apresentaram-se instáveis, para se ter idéia do potencial do processo. Os limites de especificação utilizados foram os limites da IN nº 51 (Tabela 1). O uso de dados mais recentes para a determinação dos limites de controle foi feito para que estes sejam referentes à qualidade atual do produto recebido. A construção das cartas de controle e a análise da capacidade dos processos não foram realizadas para alizarol, mastite e pus, por estes parâmetros serem consideradas atributos (classificados apenas em conforme ou não conforme). De acordo com Ribeiro 34 e Caten (2003), cartas de atributo exigem subgrupos de tamanho considerável (em geral, 50 a 200 unidades, ou mais) para serem eficientes na detecção de alterações no processo. Sendo o tamanho dos subgrupos dos dados disponíveis igual a um, o processo de elaboração das cartas de controle não pode ser realizado. 3.4 Análise da relação entre as variáveis Para determinar a interação entre os resultados das análises, a correlação simples entre as variáveis quantitativas foi calculada. A dependência entre as variáveis levantadas foi determinada através de teste de qui-quadrado, classificando os resultados das análises de plataforma de acordo com os parâmetros preconizados pela IN nº 511. Para ambas as análises utilizou-se o software SAS 9.1 (SAS Institute, 2002) 1 Os dados das análises da acidez titulável foram classificados em maiores e menores que 18 ºD na construção das tabelas de contingência. Os valores de acidez abaixo de 14ºD, mesmo estando em desacordo com a IN nº 51 foram incluídos na faixa menores que 18 ºD, pois a frequência de dados desse tipo foi bastante baixa, o que dificultaria a interpretação das tabelas. 35 4 4.1 RESULTADOS E DISCUSSÕES Comportamento das variáveis analisadas ao longo do tempo A Figura 2 mostra o comportamento dos dados referentes às análises de plataforma ao longo do período estudado. Os dados referentes aos teores de cloretos e presença de antibiótico apresentaram resultado negativo durante todo o período estudado, e, por isso, os gráficos do comportamento desses dados ao longo do tempo não foram apresentados na Figura 2. Em todas as análises existem pontos fora dos limites de controle estabelecidos pela IN nº 51. A partir da segunda metade do ano de 2009, nos dados referentes à estabilidade ao alizarol, TRAM, teor de gordura, pus e mastite, visualmente existem menos pontos fora destes limites. A Tabela 2 mostra as médias e porcentagens de não conformes dos resultados das análises de plataforma realizados nos períodos anterior e posterior a agosto de 2009. Observa-se que a incidência de leite instável, a presença de pus e a ocorrência mastite foi nula no segundo período abordado, enquanto que no primeiro período a porcentagem de não conformes para estas análises possuía valores relativamente altos. Segundo informações contidas nos cadernos de campo da granja do IFRS-BG, em janeiro de 2009 foi realizado exame de CMT no leite dos dois animais que estavam em lactação, sendo que ambos reagiram positivamente ao teste. O tratamento dos animais com antibiótico foi iniciado. A partir daí foi realizado tratamento dos animais ao final da lactação e o isolamento de um ponto de umidade existente na fazenda, potencial foco de disseminação de mastite. A temperatura de recebimento do leite e sua densidade não diferiram nos dois períodos analisados. Não houve mudanças no sistema de armazenamento refrigerado e transporte do leite durante o período estudado, portanto, a temperatura de recebimento do produto não sofreu grandes alterações entre os dois períodos. Sendo a densidade alterada principalmente devido a fraudes por aguagem ou desnatamento, esta característica do leite também não sofreu alteração, visto que não existiram fraudes no leite durante o período avaliado. 36 25 Alizarol Temperatura (°C) Inst Est 20 15 10 5 0 03/01/08 21/07/08 06/02/09 25/08/09 13/03/10 29/09/10 03/01/08 21/07/08 06/02/09 Data 25/08/09 13/03/10 29/09/10 13/03/10 29/09/10 13/03/10 29/09/10 Data TRAM (horas) 1,036 8 7 6 5 4 3 2 1 0 03/01/08 1,034 1,032 1,030 1,028 1,026 1,024 21/07/08 06/02/09 25/08/09 13/03/10 29/09/10 03/01/08 21/07/08 06/02/09 25/08/09 Data 21 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 03/01/08 Teor de Gordura (%) Acidez (°D) Data 21/07/08 06/02/09 25/08/09 13/03/10 5,5 5 4,5 4 3,5 3 2,5 29/09/10 2 1,5 03/01/08 21/07/08 06/02/09 15 14 13 12 11 10 9 01/06/08 18/12/08 06/07/09 25/08/09 Data Ext. seco desengord. (%) Extrato Seco Total (%) Data 22/01/10 10/08/10 10 9,5 9 8,5 8 7,5 7 01/06/08 18/12/08 06/07/09 22/01/10 10/08/10 Data Data Neg Pus Mastite Neg Pos Pos 03/01/08 Pos Pos 21/07/08 06/02/09 25/08/09 13/03/10 29/09/10 03/01/08 Data 21/07/08 06/02/09 25/08/09 13/03/10 29/09/10 Data Limite estabelecido pela IN nº 51 Figura 2 - Distribuição dos dados das variáveis das análises de plataforma do leite durante o período de tempo estudado 37 Tabela 2 - Médias das variáveis quantitativas e porcentagens de não conformes das variáveis qualitativas nos períodos anterior e posterior a agosto de 2009 e testes t para a diferença entre as médias Alizarol Até 08/2009 Depois de 08/2009 Valor absoluto diferença Pus Mastite (²) (²) 8,603 59,12 % 42,75% 8,706 0% 0% - - (¹) Temperatura (ºC) TRAM (horas) Densidade (g/ml) Acidez (ºD) Gordura (%) EST (%) ESD (%) 9,72% 8,541 2,616 1,031 15,891 3,198 11,868 0% 8,996 5,470 1,031 16,076 3,324 12,030 - 0,455 (P=0,401) 2,854** (P<0,0002) 0 (P=0,886) 0,184 0,126* 0,162 0,103 (P=0,591) (P=0,017) (P=0,141) (P=0,076) ¹ % de testes instáveis ² % de resultados positivos A média do TRAM do segundo período considerado foi significativamente maior que a média do primeiro período, o que indica diminuição da carga microbiana do leite recebido na agroindústria do IFRS-BG. Além do controle da mastite realizado entre os dois períodos, a higiene da ordenha e dos utensílios utilizados na operação foi aprimorada entre os períodos avaliados, de acordo com informações dos técnicos da agroindústria. O ordenhador foi orientado a realizar o processo CIP (cleaning in place) na limpeza do equipamento de ordenha, ao final de cada operação, deixando-o secar naturalmente. Antes, o processo de CIP não era realizado regularmente e o equipamento de ordenha era deixado de molho em um recipiente com água após o uso, onde permanecia até o próximo procedimento de ordenha. O teor de gordura foi outra característica do leite que aumentou significativamente no segundo período. Processo semelhante aconteceu com o extrato seco total e desengordurado, que apresentaram teores maiores no segundo período, apesar da diferença não ser significativa, considerando P=0,05. Sabendo que a formação do leite é um processo biológico que influencia na composição deste, e que pequenas variações na composição do produto podem afetar de maneira significativa seu processamento, o valor de P para considerar significativa a diferença de médias de características de qualidade do leite pode ser maior. 38 4.2 Controle estatístico da qualidade Os processos de análise relativos ao controle estatístico da qualidade foram aplicados para a temperatura de recebimento do leite, TRAM, acidez, teor de gordura, extrato seco desengordurado, extrato seco total e densidade. Para cada uma destas variáveis foram construídas cartas de controle e foi realizado o estudo da capacidade de cada processo atender as especificações da IN nº 51. Como não foram registrados dados não conformes para as análises de estabilidade ao alizarol, pus e mastite no período analisado, sabe-se que os processos estão sob controle e que são capazes de atender a IN nº 51. Nas cartas de controle, as causas especiais são marcadas em vermelho. De acordo com Ribeiro e Caten (2003), causas especiais são causas que não são naturais ao processo e que podem prejudicar a qualidade do produto. 4.2.1 Temperatura de recebimento do leite As Figuras 3 e 4 mostram que existem causas especiais influenciando a temperatura de recebimento do leite na agroindústria e tornando este parâmetro sem estabilidade. A falta de controle da temperatura de recebimento do leite está relacionada com o processo de resfriamento do leite após a ordenha, com o armazenamento refrigerado do produto e com o transporte do leite até a agroindústria. Sabe-se que o leite, logo após a ordenha, é encaminhado ao resfriador a granel, destinado exclusivamente para este fim, onde permanece até ser transferido para o caminhão que o transporta até agroindústria. O leite nem sempre é acondicionado no compartimento isotérmico do caminhão, sendo as vezes, transportado em tarros plásticos sem isolamento térmico. O tempo de transporte do leite e sua temperatura no momento do em que é transferido ao caminhão não são controlados, o que provoca variação na temperatura de recebimento. 39 16 +3 σ 14 Valores individuais 12 10 8 6 4 −3 σ 2 10 20 30 40 LCS = 14,8525 50 60 70 LC = 8,4904 80 90 100 110 LCI = 2,1283 (origem: 1 até 118) Figura 3 - Carta de controle da temperatura de recebimento do leite 9 +3 σ 8 Amplitude Móvel 7 6 5 4 3 2 1 −3 σ 0 10 20 30 40 LCS = 7,819 50 60 70 LC = 2,3922 80 90 100 110 LCI = 0 (origem: 1 até 118) Figura 4 - Carta de amplitude móvel da temperatura de recebimento do leite Observa-se que as causas especiais assinaladas na carta de controle da Figura 3 ocorreram principalmente devido à tendências de aumento ou decréscimo da temperatura, existindo apenas um ponto fora dos limites de controle. O período cujas causas especiais foram marcadas acima da média inicia em novembro de 2009, terminando em maio de 2010, onde iniciam os pontos de causas especiais abaixo da média. As causas especiais marcadas abaixo da média continuam até agosto de 2010. Os períodos relacionados correspondem às estações da primavera/verão e ao outono/inverno, respectivamente, indicando que as causas relacionadas à temperatura ambiente dos diferentes períodos. especiais estão 40 O estudo de capacidade da temperatura de recebimento do leite, apresentado na Figura 5, foi realizado apesar da falta de estabilidade do parâmetro analisado, retirando as causas especiais, de maneira a se ter uma ideia do potencial do processo. CAPABILIDADE DO PROCESSO f(x) 0.25 Especificação superior Intervalo de análise: amostra 1 até 118(5/8/2009 até 29/9/2010) Intervalo de análise retirando as causas especiais. 0.20 Especificação superior = 10, Média = 8,4904 Desvio padrão = 2,1207 0.15 0.10 Cpk sup = 0,2373 Processo efetivamente não capaz. % acima das especificações = 23,8287 ppm (não conformes / milhão) = 238286,872 % dentro das especificações = 76,1713 0.05 0.00 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 x: Temperatura Figura 5 - Estudo de capabilidade da temperatura de recebimento do leite De acordo com o estudo de capacidade, os processos envolvidos com a temperatura de recebimento do leite não são capazes de atender a especificação da IN nº 51, que preconiza que esta seja inferior a 10º C no momento de sua chegada no estabelecimento processador. Observa-se que o processo permite que 23,83% dos dados referentes à temperatura permaneçam acima de 10ºC. O aprimoramento dos processos de armazenamento refrigerado do leite e de controle do tempo de transporte deve ser realizado para estabilizar a temperatura de recebimento do leite na agroindústria. O transporte do leite deve ser realizado no compartimento isotérmico do caminhão, com tempo controlado, para evitar oscilações de temperatura do produto durante o percurso. 41 4.2.2 Tempo de redução ao azul de metileno As Figuras 6 e 7 indicam a existência de causas especiais tornando instável o TRAM do leite recebido na agroindústria. A maioria das causas especiais assinaladas, entretanto, encontra-se acima do limite central calculado. Além disso, o limite inferior calculado foi de 4,2 horas, tempo bastante superior ao preconizado pela Legislação para leite tipo C, de 90 minutos. Valores individuais +3 σ 6 5 −3 σ 4 10 20 LCS = 6,5638 30 40 LC = 5,3704 50 60 70 80 LCI = 4,177 (origem: 1 até 88) Figura 6 - Carta de controle do tempo de redução ao azul de metileno do leite recebido A variação dos dados, entretanto, indica que os processos que influenciam a carga microbiológica do leite não seguem um padrão, o que torna imprevisível este parâmetro. Os processos de ordenha higiênica, higienização de utensílios e manutenção da cadeia de frio, além do controle da mastite devem ser revistos e, para cada um, um procedimento operacional padronizado deve ser adotado. O estudo de capabilidade (Figura 8) indica que os processos que influenciam o TRAM do leite recebido na agroindústria são efetivamente muito capazes de manter este requisito dentro dos limites estabelecidos pelo RTIQ para leite tipo C (BRASIL, 2002). Isso mostra que as medidas tomadas para a diminuição da carga microbiana do leite, adotadas em 2009, foram suficientes para garantir a qualidade microbiológica do produto. 42 1.8 1.6 +3 σ Amplitude Móvel 1.4 1.2 1.0 0.8 0.6 0.4 0.2 −3 σ 0.0 10 20 30 LCS = 1,4667 40 50 60 LC = 0,4487 70 80 LCI = 0 (origem: 1 até 88) Figura - 7 Carta de amplitude móvel do tempo de redução ao azul de metileno do leite recebido As melhorias a serem adotadas, no momento, quanto à carga microbiana do produto, devem ser voltadas a diminuir a variabilidade dos processos, para garantir a estabilidade deste parâmetro, tornando-o previsível. CAPABILIDADE DO PROCESSO Especificação inferior = 1,5 Média = 5,3704 Desvio padrão = 0,3978 Cpk inf = 3,2431 Processo efetivamente muito capaz. f(x) 1.4 1.2 1.0 0.8 0.6 Especificação inferior Intervalo de análise: amostra 1 até 88(5/8/2009 até 13/9/2010) Intervalo de análise retirando as causas especiais. 0.4 0.2 0.0 % abaixo das especificações = 0, ppm (não conformes / milhão) = 0 % dentro das especificações = 100 2 3 4 5 6 x: TRAM Figura 8 - Estudo de capabilidade do tempo de redução ao azul de metileno do leite recebido 43 4.2.3 Acidez As Figuras 9 e 10 indicam que a acidez do leite recebido na agroindústria do IFRS-BG não é estável. A acidez do leite é influenciada: pela carga de microrganismos presentes no produto, responsáveis por converter a lactose em ácido láctico; pelas condições que permitem sua reprodução, como a temperatura de armazenamento e transporte do produto; e pela mastite, que exerce um efeito de aumento de pH do leite, e consequente diminuição da acidez. 19 +3σ Valores individuais 18 17 16 15 −3σ 14 10 20 30 40 LCS = 18,4747 50 60 70 LC = 16,48 80 90 100 110 LCI = 14,4853 (origem: 1 até 119) Figura 9 - Carta de controle da acidez do leite recebido 3 Amplitude Móvel +3 σ 2 1 −3 σ 0 10 20 30 LCS = 2,4515 40 50 60 LC = 0,75 70 80 90 100 110 LCI = 0 (origem: 1 até 119) Figura 10 - Carta de amplitude móvel da acidez do leite recebido 44 Na Figura 9 observam-se pontos fora do limite inferior de controle. A maior parte destes pontos encontra-se no período correspondente a fevereiro de 2010. Segundo dados do caderno de campo, no período de janeiro a fevereiro de 2010, um dos animais que estava em lactação apresentou mastite clínica crônica. A queda da acidez do leite neste período explica-se pela ação da infecção na glândula mamária do referido animal. De acordo com o estudo de capabilidade (Figura 11), os processos que influenciam na acidez do leite não são capazes de manter a acidez dentro das especificações da IN nº 51, Uma maneira de tornar o processo efetivamente capaz seria diminuir a variabilidade dos dados, o que estreitaria os valores dos limites de controle. Isso só será possível no momento em que todos os processos que influenciam a acidez do leite estejam estáveis e sejam capazes de atender, no mínimo, as % acima das especificações = 1,1136 % abaixo das especificações = 0,0097 % fora das especificações = 1,1232 % dentro das especificações = 98,8768 Alvo Especificação inferior CAPABILIDADE DO PROCESSO Intervalo de análise: amostra 1 até 119(5/8/2009 até 29/9/2010) f(x) Intervalo de análise retirando as causas 0.7 especiais. 0.6 Esp. superior = 18 Esp. inferior = 14 Alvo = 16 Média = 16,48 0.5 Desvio padrão = 0,6649 0.4 Cp = 1,0027 Processo potencialmente capaz. 0.3 Cpk sup = 0,762 0.2 Cpk inf = 1,2433 Processo efetivamente não capaz. 0.1 Especificação superior especificações da IN nº 51. 0.0 14 15 16 17 x: Acidez Figura 11 - Estudo de capabilidade da acidez do leite recebido 18 19 45 4.2.4 Teor de gordura As Figuras 12 e 13 indicam que o teor de gordura do leite analisado não é estável. De acordo com Alves e González (2005), dos componentes do leite o teor de gordura é o que mais pode variar em função da alimentação, de modo geral, diminuindo com o aumento no volume de produção. Alterações no teor de gordura podem informar sobre a fermentação no rúmen, as condições de saúde da vaca e funcionamento do manejo alimentar. 4.2 +3 σ 4.0 Valores individuais 3.8 3.6 3.4 3.2 3.0 2.8 −3 σ 2.6 10 20 30 40 LCS = 4,0634 50 60 LC = 3,3622 70 80 90 100 LCI = 2,6611 (origem: 1 até 103) Figura 12 - Carta de controle do teor de gordura do leite recebido 1.0 +3 σ Amplitude Móvel 0.8 0.6 0.4 0.2 −3 σ 0.0 10 20 30 LCS = 0,8617 40 50 LC = 0,2636 60 70 80 90 100 LCI = 0 (origem: 1 até 103) Figura 13 - Carta de amplitude móvel do teor de gordura do leite recebido 46 Sendo assim, vários fatores podem ter influenciado no teor de gordura do leite. As causas especiais com tendência abaixo da média podem ter acontecido devido ao caso de mastite, registrado nos cadernos de campo em janeiro de 2010. O animal apresentou mastite crônica desde janeiro de 2010, sendo o tratamento final em maio de 2010, período em que acaba a seqüência maior de causas especiais registradas abaixo da média. Já os pontos que ficaram acima do limite de controle superior ocorrem logo após as datas de registro de parto de animais, o que indica que o leite dos animais foi destinado a consumo humano quando ainda continha colostro, que possui um maior teor de gordura. O estudo de capabilidade (Figura 14) indica que os processos que influem no teor de gordura do leite não são capazes de manter esta característica dentro dos padrões preconizados pela IN nº 51. Novamente, a principal causa disso é a alta variabilidade dos dados, que faz com que os limites de controle fiquem bastante distanciados da média dos valores. Um maior controle da mastite, especialmente a subclínica, que causa diminuição do teor de gordura no leite deve ser realizado, e o fornecimento de uma alimentação que supra as necessidades energéticas dos animais. Os testes de detecção de mastite subclínica devem ser feitos periodicamente, para que a infecção seja detectada no início do processo e não cause grandes alterações na composição do leite. CAPABILIDADE DO PROCESSO f (x) 2.0 Especificação inferior Intervalo de análise: amostra 1 até 103(5/8/2009 até 29/9/2010 ) Intervalo de análise retirando as causas especiais. Especificação inferior = 3 Média = 3,3622 Desvio padrão = 0,2337 1.8 1.6 1.4 1.2 1.0 0.8 0.6 Cpk inf = 0,5166 Processo efetivamente não capaz. 0.4 0.2 0.0 % abaixo das especificações = 6,059 ppm (não conformes / milhão) = 60589,61 2.6 2.8 3.0 3.2 3.4 3.6 3.8 4.0 x: Gordura % dentro das especificações = 93,941 Figura 14 - Estudo de capabilidade do teor de gordura do leite recebido 4.2 47 4.2.5 Extrato seco desengordurado As Figuras 15 e 16 indicam a presença de causas especiais tornando instáveis os valores do extrato seco desengordurado do leite. A maior parte das causas especiais aconteceu devido a tendências de comportamento dos pontos. Nos meses de janeiro e fevereiro de 2010 existem pontos abaixo do limite inferior de controle, que podem ter sido causados pelo caso de mastite comentado. +3 σ 9.4 Valores individuais 9.2 9.0 8.8 8.6 8.4 8.2 −3 σ 8.0 10 20 30 40 LCS = 9,3398 50 60 LC = 8,726 70 80 90 100 LCI = 8,1121 (origem: 1 até 103) Figura 15 - Carta de controle do extrato seco desengordurado do leite recebido 0.9 0.8 +3 σ Amplitude Móvel 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 −3 σ 0.0 10 20 30 LCS = 0,7545 40 50 LC = 0,2308 60 70 80 90 100 LCI = 0 (origem: 1 até 103) Figura 16 - Carta de amplitude móvel do extrato seco desengordurado do leite recebido 48 Da mesma maneira que o teor de gordura, o extrato seco desengordurado do leite depende da qualidade e equilíbrio da alimentação animal, podendo as causas especiais terem acontecido devido a variações na alimentação animal, já que o fornecimento de pasto acaba não sendo constante todo o ano, dada a sazonalidade das culturas. O estudo de capabilidade (Figura 17) indica que os processos influentes sobre o extrato seco desengordurado não são capazes de manter estes componentes do leite dentro do limite definido pela IN nº 51. 5,58% dos dados do extrato seco total encontram-se abaixo de 8,4%. As causas da falta de capacidade apresentada provavelmente são as mesmas que levam a falta de estabilidade do processo. CAPABILIDADE DO PROCESSO Intervalo de análise retirando as causas especiais. f(x) 2.5 2.0 1.5 Esp. Inf. = 8,4 Média = 8,726 Desvio padrão = 0,2046 Cpk inf = 0,531 Processo efetivamente não capaz. 1.0 Especificação inferior Intervalo de análise: amostra 1 até 103 (5/8/2009 até 29/9/2010). 0.5 0.0 8.0 8.1 8.2 8.3 8.4 8.5 8.6 8.7 8.8 8.9 9.0 9.1 9.2 9.3 9.4 9.5 % abaixo das especificações = 5,558 ppm (não conformes / milhão) = 55579,71 % dentro das especificações = 94,442 x: Sólidos não gordurosos Figura 17 - Estudo de capabilidade do extrato seco desengordurado do leite recebido 49 4.2.6 Extrato seco total O extrato seco total do leite representa os sólidos do leite juntamente com a gordura. Sendo assim, as cartas de controle para o extrato seco total (Figuras 18 e 19) imprimem o comportamento das cartas referentes ao teor de gordura e extrato seco desengordurado. Como esperado, as cartas indicam a existência de causas especiais interferindo na estabilidade do processo. +3 σ Valores individuais 13.0 12.5 12.0 11.5 −3 σ 11.0 10 20 30 40 LCS = 13,1116 50 60 LC = 12,1578 70 80 90 100 LCI = 11,2039 (origem: 1 até 103) Figura 18 - Carta de controle do extrato seco total do leite recebido 1.4 +3 σ 1.2 Amplitude Móvel 1.0 0.8 0.6 0.4 0.2 −3 σ 0.0 10 20 30 LCS = 1,1722 40 50 LC = 0,3586 60 70 80 90 LCI = 0 (origem: 1 até 103) Figura 19 - Carta de amplitude móvel do extrato seco total do leite 100 50 A IN nº 51 não define limites para o extrato seco total do leite, porém, fixa parâmetros para o extrato seco desengordurado e teor de gordura. Assim, o limite de especificação utilizado no estudo de capacidade do extrato seco total foi a soma do mínimo especificado para o teor de gordura e extrato seco desengordurado, gerando um limite de 11,4%. O estudo de capabilidade do extrato seco total (Figura 20) indica que os processos que influenciam esta característica do leite não são capazes de mantê-la dentro do limite de especificação calculado. Este resultado já era esperado, dada a falta de capacidade obtida nos estudos para o teor de gordura e extrato seco desengordurado. A menor porcentagem de dados abaixo das especificações para o extrato seco total do que para o teor de gordura e extrato seco desengordurado aconteceu porque, sendo a medida do extrato seco total a soma destes dois parâmetros, muitas vezes, quando um dos parâmetros encontrava-se abaixo do limite, o outro tinha seu valor acima do valor mínimo, enquadrando o valor do extrato seco total do leite ao limite calculado. CAPABILIDADE DO PROCESSO f (x) 1.4 Especificação inferior Intervalo de análise: amostra 1 até 103(5/8/2009 até 29/9/2010) Intervalo de análise retirando as causas especiais. 1.2 1.0 Especificação inferior = 11,4 Média = 12,1578 Desvio padrão = 0,3179 0.8 0.6 0.4 Cpk inf = 0,7944 Processo efetivamente não capaz. 0.2 0.0 11.0 % abaixo das especificações = 0,8589 ppm (não conformes / milhão) = 8588,782 % dentro das especificações = 99,1411 11.5 12.0 x: 12.5 13.0 Sólidos toatais Figura 20 - Estudo de capabilidade do extrato seco total do leite recebido 51 4.2.7 Densidade As Figuras 21 e 22 indicam falta de estabilidade nos valores de densidade do leite analisado na agroindústria. A maior parte das causas especiais aconteceu devido a tendências do processo (houve repetibilidade de pontos acima ou abaixo da média), existindo poucos pontos fora dos limites de controle, estando a maior parte deles acima do limite superior calculado. Os pontos localizados acima do limite de controle superior são influenciados por teores baixos de gordura. Já os pontos abaixo do limite de controle inferior sofrem influência de amostras com baixo extrato seco desengordurado. +3 σ Valores individuais 1.033 1.032 1.031 1.030 −3 σ 1.029 10 20 30 40 LCS = 1,0332 50 60 70 LC = 1,0312 80 90 100 110 LCI = 1,0291 (origem: 1 até 117) Figura 21 - Carta de controle da densidade do leite recebido 0.003 Amplitude Móvel +3σ 0.002 0.001 −3σ 0.000 10 20 30 LCS = 0,0025 40 50 60 LC = 7,75E-04 70 80 90 100 110 LCI = 0 (origem: 1 até 117) Figura 22 - Carta de amplitude móvel da densidade do leite recebido 52 O estudo de capabilidade (Figura 23) mostra que os processos influentes na densidade do leite são capazes de manter esta característica do produto dentro dos limites estabelecidos pela IN nº 51. Sendo o processo capaz de atender as especificações, as medidas a serem tomadas devem referir-se ao controle da estabilidade do processo. A estabilidade dos valores da densidade do leite pode ser alcançada se forem tomada medidas que estabilizem os valores do extrato seco desengordurado e do teor de gordura, que influenciam diretamente esta característica do leite. 600 500 400 Especificação inferior 300 200 100 0 1.028 Alvo Especificação superior = 1,034 Especificação inferior = 1,028 Alvo = 1,031 Média = 1,0312 Desvio padrão = 6,8706E-04 Cp = 1,4555 Processo potencialmente muito capaz. Cpk sup = 1,3687 Cpk inf = 1,5423 Processo efetivamente muito capaz. Especificação superior CAPABILIDADE DO PROCESSO Intervalo de análise: amostra 1 até 117(5/8/2009 até 29/9/2010). Intervalo de análise retirando as causas f(x) 700 especiais. 1.029 1.030 1.031 1.032 x: Densidade % acima das especificações = 0,002 % abaixo das especificações = 0,0002 % fora das especificações = 0,0022 % dentro das especificações = 99,9978 Figura 23 - Estudo de capabilidade da densidade do leite recebido 1.033 1.034 53 4.3 Interação entre as características do leite analisado A Tabela 3 indica que a correlação entre TRAM e acidez não foi significativa para os dados analisados. Segundo Santos e Fonseca (2004), os microrganismos mesófilos do leite, predominantes em situações em que há falta de higiene em geral, bem como refrigeração deficiente, atuam intensamente na fermentação da lactose, causando aumento da acidez do leite. Tabela 3 - Correlações simples entre as variáveis quantitativas medidas nas amostras TRAM Acidez Gordura Densidade Sng Acidez Gordura Densidade Sng St -0,074 0,240** 0.082 0,156 0,211* P=0,2809 P=0,0007 P=0,2354 P=0,0699 P=0,0139 0,163* 0,205** 0,306** 0,382** P=0,0104 P=0,0008 P<0,0001 P<0,0001 0,013 0,299** 0,849** P=0,8418 P<0,0001 P<0,0001 - 0,792** 0,493** P<0,0001 P<0,0001 - - - - - - - - 0,758** P<0,0001 Analisando os gráficos do comportamento dos dados de TRAM e mastite na Figura 2, percebe-se que nos períodos em que o TRAM foi baixo havia prevalência de mastite no rebanho. O teste de qui-quadrado entre TRAM e mastite, constante na Tabela 4 indica que o TRAM depende da incidência de mastite. De acordo com Rodrigues (2006), a mastite pode afetar a qualidade microbiológica do leite, pois os próprios microorganismos que provocam mastite podem gerar algum aumento na contagem global. Desta maneira, boa parte da carga microbiana existente no leite em períodos de TRAM baixo pode ter se originado do processo infeccioso da mastite. A baixa incidência de casos de acidez acima de 18ºD durante todo o período estudado (Tabela 5), apesar da baixa qualidade microbiológica do produto até o segundo semestre de 2009, pode ser explicada pelo efeito de aumento de pH causado pela mastite prevalente nessa época. De acordo com Brito (1998) apud Rodrigues (2006), a composição do leite do úbere mastítico é alterada, com tendência ao aumento dos componentes provenientes do sangue. O pH do sangue é de 7,3 a 7,5. Em casos 54 de mastite, o pH do leite tende a ficar alcalino e, portanto, apresenta menor acidez titulável. Tabela 4 - Testes de qui-quadrado associados à variáveis influentes sobre o TRAM Temperatura TRAM <1h30min >1h30min Pus Mastite <10°C >10ºC Negativo Positivo Negativo Positivo Freq. Obs. 4 25 6 22 14 15 % 1,94 12,14 3,05 11,17 6,86 7,35 Freq. Obs. 45 132 119 50 134 41 (%) 21,84 64,08 60,41 25,38 65,69 20,1 Teste de quiquadrado NA 142,84 P<0,0001 117,19 P<0,0001 NA: Teste não aplicável Assim, o leite mastítico, logo que ordenhado provavelmente apresentava características de produto alcalino. A carga microbiana elevada, entretanto, aumentava a acidez adquirida do leite, exercendo um efeito de regulação na acidez titulável do produto. Tabela 5 - Testes de qui-quadrado associados á variáveis influentes sobra a acidez do leite Acidez Temperatura <10°C >18°D <18°D >10ºC TRAM Pus <1h30min >1h30min Negativo Mastite Positivo Negativo Positivo Freq. Obs. 3 6 3 6 2 7 4 6 (%) 1,18 2,35 1,42 2,83 0,87 3,04 1,61 2,41 Freq. Obs. 55 191 27 176 147 74 186 53 (%) 21,57 74,9 12,74 83,02 63,91 32,17 74,7 21,29 Teste de quiquadrado NA NA NA NA NA: Teste não aplicável O efeito de diminuição da acidez causado pela mastite também explica a correlação positiva e altamente significativa entre acidez e sólidos totais e não gordurosos e teor de gordura (Tabela 3). A mastite, de forma geral, reduz a concentração de gordura do leite devido a menor síntese deste componente pelas células epiteliais da glândula mamária, além de aumentar a susceptibilidade dos triglicerídeos à lipólise (THOMAZ, 2006 apud RODRIGUES, 2009). A infecção da glândula mamária leva à destruição do tecido secretor, e, portanto, à redução da produção de lactose (PRADA e SILVA, 2000). A caseína tem sua porcentagem 55 diminuída no leite mastítico, devido à redução da síntese pela glândula mamária e pela proteólise (SANTOS, 2003), causada por enzimas endógenas ou por proteases dos leucócitos presentes no leite (VERDI; BARBANO, 1988 apud SANTOS, 2003), ambas com níveis aumentados quando ocorre mastite. Em geral, quando a acidez foi maior, o rebanho estava livre de mastite, e consequentemente, os valores de sólidos e gordura aumentaram, dada a sanidade do leite. O efeito redutor do teor de gordura causado pela mastite é evidenciado na Tabela 6, onde o teste de qui-quadrado indica dependência do teor de gordura com relação à mastite e pus. Já a Tabela 7 indica dependência entre o extrato seco desengordurado e pus. O teste de qui-quadrado não foi realizado para extrato seco desengordurado e mastite por existirem células da tabela de contingência apresentando frequência muito baixa, o que impossibilita a realização do teste. Tabela 6 - Testes de qui-quadrado associados às variáveis influentes sobre o teor de gordura do leite TRAM Gordura Pus <1h30min >1h30min <3% >3% Negativo Mastite Positivo Negativo Positivo Freq. Obs. 11 15 11 19 20 10 (%) 5,56 7,58 5,14 8,88 8,55 4,27 Freq. Obs. 19 153 123 61 156 48 (%) 9,6 77,27 57,48 28,5 66,67 20,51 Teste de quiquadrado 127,01 P<0,0001 127,08 P<0,0001 115,41 P<0,0001 Tabela 7 - Testes de qui-quadrado associados às variáveis influentes sobre o extrato seco desengordurado Pus Extr. seco desengord. Negativo <8,4% >8,4% Mastite Positivo Negativo Positivo Freq. Obs. 15 6 16 4 (%) 10,14 4,05 9,82 2,45 Freq. Obs. 112 15 135 8 (%) 75,68 10,14 82,82 4,91 Teste de qui-quadrado 77,13 P<0,0001 NA NA: Teste não aplicável A Tabela 6 também mostra a dependência entre gordura e TRAM. A correlação entre essas variáveis (Tabela 3) é positiva e altamente significativa, indicando que 56 maior qualidade microbiológica do leite leva a maior concentração de gordura no leite. Da mesma maneira, a Tabela 6 indica dependência entre pus e gordura e mastite e gordura. De acordo com Santos (2003), a atividade lipolítica do leite é causada principalmente pela ação da lipase lipoprotéica do leite, assim como de outras enzimas lipolíticas, tais como as lipases de origem das células somáticas, dos microrganismos e de outras esterases. A atividade lipolítica de origem microbiana é principalmente devido às bactérias psicrotróficas, as quais são predominantes em leite refrigerado. Os sólidos não gordurosos não apresentaram correlação significativa com o TRAM (Tabela 3). A correlação existente entre sólidos totais e TRAM ocorreu principalmente devido a variação dos teores de gordura. O valor positivo da correlação entre TRAM e sólidos não gordurosos indica que os microrganismos presentes no leite consomem, além de gordura, outros nutrientes, como lactose, outros carboidratos e proteínas. A densidade e gordura apresentaram correlação positiva e não significativa entre si (Tabela 3). Sendo a gordura o único componente do leite responsável pela diminuição da densidade, a correlação esperada entre estas variáveis seria negativa. Porém, a correlação entre gordura e sólidos não gordurosos foi positiva e altamente significativa, indicando que elevações do teor de gordura do leite geralmente foram acompanhadas por aumento do teor de sólidos não gordurosos. Assim, se o aumento do teor de gordura diminui a densidade do leite, os sólidos não gordurosos aumentaram, estabilizando os valores da densidade. A correlação entre densidade e sólidos e gordura e sólidos e a correlação entre sólidos totais e não gordurosos, como o esperado, foi positiva e altamente significativa. A Tabela 8 mostra que a estabilidade ao alizarol depende da temperatura de recebimento do leite e do TRAM. O teste de qui-quadrado para avaliar a dependência da estabilidade em relação a acidez, pus e densidade não foi realizado por causa da ocorrência de células na tabela de contingência apresentando baixa frequência, mas observa-se que a frequência de casos de leite instável foi maior quando o leite apresentou resultado positivo para a mastite e pus. A frequência de amostras instáveis ao alizarol foi maior nas amostras que apresentaram acidez menor de 18º D. Sabendo que o teste da estabilidade ao alizarol é 57 correntemente realizado para a detecção de leite com acidez elevada, este é um indicativo de que a instabilidade do leite não depende apenas de sua acidez. Ponce e Hernández (2001) associaram a ocorrência de leite instável não ácido em Cuba a carências nutricionais, ocorridas principalmente em períodos de seca, que limitam a oferta de alimentos ao rebanho. Sabe-se que a ocorrência de mastite também contribui com a falta de estabilidade do leite, além de afetar os valores de sua acidez. A ocorrência de mastite e leite instável no mesmo período (Figura 2) é um forte indício de que a infecção da glândula mamária foi a causa da instabilidade do leite. Tabela 8 - Testes de qui-quadrado associados ás variáveis influentes na estabilidade ao alizarol Alizarol Estável Não Estável Freq. Obs. % Freq. Obs. % Teste de quiquadrado Temperatura TRAM <10°C >10ºC 49 190 25 19,37 75,1 7 2,77 Acidez Mastite >18°D <18°D Negativo Positivo Negativo Positivo 175 4 245 147 68 186 47 11,85 82,94 1,52 93,16 64,47 29,82 75,3 19,03 7 5 6 6 8 2 11 4 10 2,77 2,37 2,84 2,28 3,04 0,88 4,82 1,62 4,05 134,38 P<0,0001 <1h30min >1h30min Pus 117,00 P<0,0001 NA NA NA NA: Teste não aplicável A tabela de contingência para pus e mastite (Tabela 9) mostra que a maioria das amostras (62,21%) apresentou resultados negativos para estas análises. 25,35% apresentaram resultado positivo para as duas análises, e 11,52% tiveram resultado negativo para mastite e positivo para a presença de pus. Sendo o pus presente no leite proveniente da reação do organismo do animal à infecção da glândula mamária, resultados positivos para pus e negativos para a mastite não seriam esperados. Tabela 9 - Tabela de contingência para pus e mastite Mastite Pus Negativo Negativo Positivo Positivo Freq. Obs. 135 2 (%) 62,21 0,92 Freq. Obs. 25 55 (%) 11,52 25,35 Teste de quiquadrado NA: Teste não aplicável NA 58 Ribeiro Júnior (et. al., 2008), avaliando os testes de Whiteside e CMT na detecção de mastite, concluiu que a sensibilidade do primeiro é inferior a do segundo. Os casos de amostras que apresentaram pus e resultado negativo para mastite provavelmente ocorreram devido a sensibilidade deficiente do teste de Whiteside. 59 5 CONCLUSÃO A qualidade do leite da granja do IFRS campus Bento Gonçalves apresentou melhorias significativas quanto à carga microbiana, estabilidade ao alizarol, prevalência de mastite e presença de pus, comparando-se os períodos anterior e posterior ao segundo semestre de 2009. O teor de gordura no último período foi superior ao primeiro. A temperatura de recebimento do leite não diferiu entre os dois períodos, assim como os valores de acidez, densidade e sólidos. As cartas de controle detectaram causas especiais indicando a instabilidade dos resultados de todas as análises. Os estudos de capabilidade dos processos indicaram que somente os valores do TRAM e da densidade das amostras de leite analisadas são capazes de atender as especificações da IN nº 51. O aumento do pH do leite causado pela mastite pode ter controlado os valores da acidez em épocas em que a carga microbiana era elevada. A mastite, juntamente com a alta carga microbiana foi responsável pela diminuição dos teores de gordura e sólidos do leite. A infecção também causou o aumento de amostras com proteínas instáveis ao alizarol. A instabilidade também pode ter sido causada por carências nutricionais do rebanho. O teste de Whiteside para detecção de leite mastítico não é o que apresenta maior sensibilidade. A densidade do leite não apresentou variações bruscas no período analisado, pois a elevação dos teores de gordura (responsável por diminuir a densidade), geralmente foi acompanhada por aumento dos teores de sólidos desengordurados (que a aumentam), obtendo-se um efeito de regulação. O leite da granja, atualmente, apresenta-se estável e com baixa carga microbiológica; e o rebanho está livre de mastite. Mesmo assim, o estudo das causas especiais apresentadas nas cartas de controle deve ser feito logo que estas forem detectadas, para que desvios nas características de qualidade do leite sejam percebidos com antecedência, e se evitem problemas tecnológicos ou riscos à saúde do consumidor. O controle das causas especiais é fundamental para diminuir a variabilidade dos dados das análises, estreitando os limites de controle, o que contribuiria com a capacidade dos resultados das análises em atender os requisitos da IN nº 51. 60 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, D.C.Fº; GONZÁLEZ, F.H.D., Manipulação da composição da gordura no leite, Seminário apresentadona disciplina Bioquímica do tecido animal, no Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da UFRGS,2005. Disponível em: <http://www6.ufrgs.br/favet/lacvet/restrito/pdf/gordura_leite.pdf>. Acesso em 22 out. 2010. 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Bras. vol.25 no.3 Rio de Janeiro Jul/Set. 2005. 68 APÊNDICE A – DADOS DAS ANÁLISES DE PLATAFORMA UTILIZADOS NO TRABALHO2 Data 18/01/08 21/01/08 22/01/08 23/01/08 25/01/08 28/01/08 30/01/08 01/02/08 08/02/08 11/02/08 15/02/08 18/02/08 20/02/08 22/02/08 25/02/08 27/02/08 29/02/08 03/03/08 05/03/08 10/03/08 12/03/08 14/03/08 17/03/08 25/03/08 27/03/08 31/03/08 01/04/08 03/04/08 07/04/08 08/04/08 10/04/08 14/04/08 22/04/08 24/04/08 29/04/08 30/04/08 05/05/08 2 Estab. Temp. TRAM alizarol (ºC) (horas) est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est 18 11 11 12 11 11 13 12 8 11 15 13 15 16 15 13 17 7 7 9 9 9 9 8 9 8 7 8 13 8 0,50 1,50 3,00 3,00 1,50 3,00 2,50 2,50 3,00 2,50 3,50 3,00 4,00 0,50 4,00 4,00 4,50 4,00 2,50 3,00 3,50 4,50 3,50 3,50 3,00 3,50 2,50 3,00 3,00 4,50 2,50 3,00 3,00 3,50 3,50 Densidade Acidez Gordura (g/ml) (ºD) (%) 1,0320 1,0300 1,0320 1,0304 1,0306 1,0298 1,0312 1,0292 1,0306 1,0304 1,0302 1,0302 1,0306 1,0304 1,0296 1,0302 1,0310 1,0306 1,0310 1,0330 1,0312 1,0310 1,0306 1,0304 1,0314 1,0316 1,0318 1,0320 1,0318 1,0318 1,0316 1,0306 1,0314 1,0314 1,0316 1,0316 1,0306 19 18 17 18 18 15 15 16 16 15 16 14 15 14 15 14 15 15 15 14 14 15 14 14 16 14 15 16 15 14 16 15 16 16 15 16 3,1 3,5 2,6 2,6 3,6 3,5 3,1 3,9 3,4 3,3 3,1 3,1 2,7 3 3 3 3,5 3,1 3,1 3,3 3,4 3,2 3,3 3,1 3,3 3,4 3,4 3,4 3,3 3,1 3,2 3,2 3,1 3,1 3,3 EST (%) ESD (%) Pus Mastite - - pos pos pos pos pos pos pos pos pos pos pos pos pos pos pos pos pos pos pos pos pos pos pos pos pos pos pos pos pos pos neg pos pos neg neg Pos Pos Pos Pos Pos Pos Pos Pos Pos Pos Pos Neg Pos Pos Pos Pos Pos Pos Pos Pos Pos Pos Pos Pos Pos Pos Pos Pos Pos Pos Pos Neg Neg Neg Neg Neg Os resultados das análises de presença de antibióticos e cloretos foram negativos durante todo o período estudado. 69 Data 08/05/08 13/05/08 15/05/08 19/05/08 20/05/08 21/05/08 26/05/08 27/05/08 29/05/08 02/06/08 05/06/08 24/06/08 26/06/08 30/06/08 14/07/08 15/07/08 17/07/08 21/07/08 22/07/08 24/07/08 28/07/08 29/07/08 31/07/08 04/08/08 07/08/08 11/08/08 12/08/08 14/08/08 19/08/08 21/08/08 25/08/08 26/08/08 28/08/08 01/09/08 02/09/08 04/09/08 08/09/08 09/09/08 11/09/08 15/09/08 16/09/08 18/09/08 22/09/08 24/09/08 25/09/08 29/09/08 Estab. Temp. TRAM (ºC) (horas) alizarol est est est est est est est est est est est est est nest est est est est est est nest est est est est est nest est nest est est est est nest est est est est est est est est est nest est est 8 11 6 9 8 13 6 8 13 8 7 6 6 7 7 7 6 5 7 6 6 6 6 7 11 8 11 7 5 6 8 6 7 8 7 7 5 7 6 7 6 5 7 10 5 8 3,00 2,33 3,00 1,00 1,50 5,00 3,00 2,50 2,00 1,50 3,00 1,50 3,00 0,33 1,00 2,17 3,17 0,75 1,00 3,67 1,00 1,33 1,67 1,62 1,33 1,75 2,00 0,50 2,83 1,00 2,00 2,00 2,50 2,33 1,75 0,33 Densidade Acidez Gordura (g/ml) (ºD) (%) 1,0306 1,0322 1,0310 1,0318 1,0310 1,0316 1,0326 1,0316 1,0316 1,0312 1,0314 1,0312 1,0312 1,0314 1,0320 1,0330 1,0330 1,0330 1,0330 1,0340 1,0330 1,0320 1,0320 1,0330 1,0320 1,0320 1,0320 1,0320 1,0310 1,0282 1,0306 1,0312 1,0264 1,0326 1,0304 1,0294 1,0280 1,0314 1,0312 1,0304 1,0322 1,0300 1,0304 1,0310 1,0300 1,0296 16 15 16 18 16 16 15 15 16 16 16 19 19 20 17 17 16 17 16 16 19 17 17 16 15 17 18 16 19 16 17 17 16 17 15 14 16 16 15 16 15 13 15 18 14 16 3,3 3,2 3,1 3,4 3,2 3,1 3,1 3,2 3,5 3,2 3,2 2,7 2,9 2,5 2,7 2,8 3 2,9 3,2 2,9 3,1 3,3 3,7 3,2 3 3,1 3,2 3,1 3,3 3 3,2 3,3 2,8 3,4 2,4 3 3 3 3,2 3,2 3,2 3,3 3 2,9 3,3 3,1 EST (%) ESD (%) Pus Mastite 12,00 11,74 12,48 9,80 11,20 10,84 11,07 11,90 11,68 12,15 11,70 11,44 11,70 11,61 8,70 8,94 9,08 7,40 8,20 7,84 8,07 8,70 8,48 8,95 8,40 8,44 8,40 8,51 pos pos pos pos pos pos neg pos pos pos pos neg pos pos pos pos pos pos pos pos pos pos pos pos pos neg neg pos neg neg neg neg neg neg neg neg pos pos neg pos Pos Neg Pos Neg Pos pos neg neg pos pos pos neg neg pos neg neg neg neg neg pos pos pos neg neg neg pos neg neg pos neg neg neg pos neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg 70 Data 30/09/08 02/10/08 06/10/08 07/10/08 08/10/08 13/10/08 14/10/08 16/10/08 20/10/08 21/10/08 23/10/08 27/10/08 28/10/08 30/10/08 03/11/08 04/11/08 06/11/08 10/11/08 12/11/08 17/11/08 18/11/08 19/11/08 24/11/08 25/11/08 02/12/08 03/12/08 09/12/08 15/12/08 18/12/08 22/12/08 13/01/09 04/02/09 20/03/09 13/04/09 15/04/09 22/05/09 26/05/09 27/05/09 01/06/09 02/06/09 03/06/09 05/06/09 08/06/09 12/06/09 15/06/09 17/06/09 19/06/09 Estab. Temp. TRAM (ºC) (horas) alizarol est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est nest nest nest nest nest est nest est est est est est est est est nest est est 7 7 7 8 7 7 8 10 8 7 8 7 9 8 9 8 8 9 4 7 10 2 8 9 11 8 7 10 10 11 13 11 13 19 20 13 2,6 5 5 5 5 7 5 6 3,00 3,00 0,50 3,00 0,50 1,75 3,50 0,50 0,33 0,50 0,42 0,75 2,25 0,33 0,50 1,67 0,75 3,33 0,42 0,33 0,67 0,42 1,00 0,83 5,00 0,50 2,00 3,33 2,00 3,00 5,50 4,50 4,50 5,00 4,50 3,00 5,00 Densidade Acidez Gordura (g/ml) (ºD) (%) 1,0314 1,0304 1,0314 1,0316 1,0304 1,0304 1,0316 1,0300 1,0306 1,0304 1,0276 1,0304 1,0308 1,0306 1,0318 1,0316 1,0316 1,0318 1,0298 1,0314 1,0310 1,0304 1,0296 1,0318 1,0302 1,0304 1,0310 1,0312 1,0300 1,0306 1,0306 1,0292 1,0316 1,0308 1,0316 1,0346 1,0320 1,0300 1,0312 1,0300 1,0322 1,0314 1,0310 1,0304 15 15 17 15 15 16 16 15 15 16 16 17 15 17 16 15 15 15 14 15 13 13 13 13 12 12 13 15 18 19 16 14 19 19 18 17 15 15 16 16 16 16 16 16 19 16 16 2,6 3,2 3,3 3,2 3 3,3 2,4 3,1 3,1 3 2,9 2,8 2,1 2,9 3 2,9 3,1 3 3,5 3,2 2,9 3,9 3,2 3,4 2,9 3 3,1 2,8 2,5 2,6 3 2,9 4,8 3,7 3,7 3,7 3,7 4 4 4 3,7 3,4 3,4 3,8 EST (%) ESD (%) Pus Mastite 11,22 11,68 12,06 11,99 11,45 11,81 11,03 11,46 11,61 11,45 10,62 11,21 10,47 11,38 11,37 11,63 11,87 11,80 11,90 11,99 11,48 12,53 11,49 12,27 11,28 11,35 11,03 14,01 12,39 12,44 13,35 12,33 12,54 12,85 12,54 12,74 12,18 12,07 12,40 8,62 8,48 8,76 8,79 8,45 8,51 8,63 8,36 8,51 8,45 7,72 8,41 8,37 8,48 8,37 8,73 8,77 8,80 8,40 8,79 8,58 8,63 8,29 8,87 8,38 8,35 8,13 9,21 8,69 8,74 9,65 8,63 8,54 8,85 8,54 9,04 8,78 8,67 8,60 pos pos pos neg neg pos neg neg pos pos pos pos pos neg pos neg neg neg neg pos pos neg pos neg neg neg pos pos pos pos pos pos pos pos pos neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg pos neg pos neg neg neg neg neg pos pos neg pos neg neg pos neg neg neg neg neg neg neg neg pos pos pos pos pos pos pos pos pos neg neg neg neg neg neg neg neg neg 71 Data 22/06/09 24/06/09 26/06/09 29/06/09 01/07/09 03/07/09 06/07/09 08/07/09 10/07/09 13/07/09 15/07/09 17/07/09 20/07/09 22/07/09 24/07/09 27/07/09 29/07/09 31/07/09 05/08/09 10/08/09 12/08/09 14/08/09 17/08/09 26/08/09 28/08/09 31/08/09 02/10/09 05/10/09 07/10/09 09/10/09 13/10/09 14/10/09 19/10/09 21/10/09 23/10/09 26/10/09 28/10/09 30/10/09 03/11/09 05/11/09 06/11/09 09/11/09 11/11/09 13/11/09 23/11/09 25/11/09 Estab. Temp. TRAM (ºC) (horas) alizarol est est est est est est est nest est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est 9 12 7 10 6 6 8 24 6 6 6 6 8 6 5 5 5 6 6 4 6 6 5 10 9 9 6 12 7 6 9 8 9 8 10 6 9 12 7 11 10 8 9 12 10 4,50 3,00 3,00 3,00 3,00 4,00 5,00 4,00 5,00 4,50 4,50 4,00 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00 4,50 5,00 7,00 5,00 6,50 6,50 6,50 6,00 6,50 6,00 5,00 6,50 6,50 6,00 6,00 6,00 6,50 6,00 6,50 6,00 5,00 Densidade Acidez Gordura (g/ml) (ºD) (%) 1,0310 1,0304 1,0304 1,0300 1,0312 1,0302 1,0306 1,0298 1,0312 1,0312 1,0322 1,0302 1,0326 1,0312 1,0320 1,0320 1,0320 1,0322 1,0320 1,0328 1,0322 1,0320 1,0328 1,0320 1,0318 1,0318 1,0312 1,0314 1,0324 1,0312 1,0338 1,0318 1,0336 1,0310 1,0312 1,0338 1,0304 1,0326 1,0324 1,0310 1,0336 1,0318 1,0302 1,0310 17 15 16 16 18 16 16 17 17 17 17 17 17 17 15 17 17 16 16 16 17 16 17 16 16 16 15 16 15 15 16 16 16 15 16 16 16 16 16 16 14 15 16 15 14 14 3,8 3,4 3,4 3,8 3,3 3,5 3,5 4,3 3,3 3,2 3,3 3,4 2,5 3,3 3,2 3,3 3,1 3,3 3,4 3,1 3,3 3,6 3,4 3,1 3,4 3,3 3,5 3,4 3,2 3,3 3,3 3,4 3,6 3,2 EST (%) ESD (%) Pus Mastite 12,55 11,93 11,93 12,30 12,00 11,99 12,10 12,85 12,00 11,90 12,60 11,87 11,40 12,10 12,10 12,21 11,97 12,26 12,33 12,17 12,26 12,56 12,53 11,97 12,27 12,16 12,05 12,48 12,90 11,96 12,61 12,28 12,12 11,83 8,75 8,53 8,53 8,50 8,70 8,49 8,60 8,55 8,70 8,70 9,30 8,47 8,90 8,80 8,90 8,91 8,87 8,96 8,93 9,07 8,96 8,96 9,13 8,87 8,87 8,86 8,55 9,08 9,70 8,66 9,31 8,88 8,52 8,63 neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg 72 Data 27/11/09 04/01/10 06/01/10 08/01/10 11/01/10 13/01/10 18/01/10 22/01/10 25/01/10 27/01/10 29/01/10 01/02/10 03/02/10 05/02/10 08/02/10 10/02/10 12/02/10 18/02/10 19/02/10 28/02/10 01/03/10 03/03/10 05/03/10 08/03/10 10/03/10 12/03/10 15/03/10 17/03/10 19/03/10 22/03/10 25/03/10 26/03/10 29/03/10 31/03/10 05/04/10 08/04/10 12/04/10 16/04/10 19/04/10 22/04/10 26/04/10 26/05/10 28/05/10 31/05/10 02/06/10 07/06/10 09/06/10 Estab. Temp. TRAM (ºC) (horas) alizarol est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est 12 10 12 10 12 12 11 8 10 10 10 11 12 11 12 10 15 7 9 9 13 8 9 11 10 13 9 14 13 9 10 13 11 11 11 13 10 10 12 10 10 9 10 7 8 6 8 6,00 6,00 5,50 5,50 5,67 6,00 5,67 5,00 5,50 5,50 6,00 5,50 6,00 5,50 5,50 6,00 6,00 5,50 5,50 6,00 6,00 6,00 6,00 5,00 5,00 6,00 6,00 5,50 6,00 6,00 6,00 5,50 5,50 6,00 6,00 4,00 - Densidade Acidez Gordura (g/ml) (ºD) (%) 1,0314 1,0312 1,0324 1,0310 1,0314 1,0314 1,0312 1,0296 1,0282 1,0310 1,0280 1,0282 1,0294 1,0284 1,0304 1,0310 1,0310 1,0314 1,0304 1,0310 1,0306 1,0336 1,0310 1,0322 1,0302 1,0306 1,0308 1,0308 1,0306 1,0308 1,0310 1,0316 1,0312 1,0312 1,0312 1,0316 1,0300 1,0300 1,0294 1,0310 1,0320 1,0318 1,0330 1,0324 1,0316 1,0282 1,0316 14 15 14 14 15 13 13 14 13 14 12 14 14 14 15 15 16 16 16 15 16 15 16 16 15 15 15 15 14 15 16 15 15 16 17 17 17 17 16 18 17 18 18 18 18 17 17 3,4 3,2 3,2 3,4 3,2 3,2 3 3,2 3 2,8 2,7 2,8 3 3 3,1 3,4 3,2 3,3 3,1 3,2 3,3 3,3 3,3 3 3,2 3,4 3,2 3,1 3,2 3,2 3 3 3 3,2 3 3,1 3,2 3,1 3,1 3 3,1 3,9 3,9 3,8 3,8 3,1 3,2 EST (%) ESD (%) Pus Mastite 12,18 11,88 12,19 12,07 12,17 11,94 11,64 11,48 10,90 12,07 10,49 10,65 11,11 10,85 11,55 12,07 11,97 12,06 11,55 11,84 11,86 12,61 11,90 11,90 11,64 11,98 11,79 11,66 11,74 11,79 11,60 11,75 11,65 11,88 11,65 11,97 11,58 11,72 11,32 11,60 11,97 12,87 13,17 12,91 12,71 11,01 11,99 8,78 8,68 8,99 8,67 8,97 8,74 8,64 8,28 7,90 9,27 7,79 7,85 8,11 7,85 8,45 8,67 8,77 8,76 8,45 8,64 8,56 9,31 8,60 8,90 8,44 8,58 8,59 8,56 8,54 8,59 8,60 8,75 8,65 8,68 8,65 8,87 8,38 8,62 8,22 8,60 8,87 8,97 9,27 9,11 8,91 7,91 8,79 neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg - 73 Data 14/06/10 16/06/10 18/06/10 21/06/10 23/06/10 25/06/10 28/06/10 30/06/10 02/07/10 05/07/10 07/07/10 09/07/10 12/07/10 14/07/10 16/07/10 19/07/10 21/07/10 23/07/10 26/07/10 28/07/10 30/07/10 02/08/10 04/08/10 06/08/10 09/08/10 11/08/10 13/08/10 16/08/10 18/08/10 20/08/10 23/08/10 25/08/10 27/08/10 30/08/10 01/09/10 03/09/10 08/09/10 13/09/10 15/09/10 17/09/10 22/09/10 24/09/10 27/09/10 29/09/10 Estab. Temp. TRAM (ºC) (horas) alizarol est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est est 7 8 8 6 9 13 7 8 10 8 10 9 8 8 7 8 4 7 8 7 9 7 6 6 7 7 6 6 7 7 10 8 10 8 11,5 7 8 7 9 8 8 9 6 9 5,00 5,00 5,50 5,00 5,00 5,00 5,50 4,00 5,00 5,00 5,50 5,00 5,00 5,00 4,50 4,50 5,00 5,00 4,50 3,50 4,00 4,00 4,00 4,50 6,50 4,00 6,00 6,00 - Densidade Acidez Gordura (g/ml) (ºD) (%) 1,0314 1,0296 1,0306 1,0302 1,0308 1,0316 1,0304 1,0306 1,0310 1,0306 1,0300 1,0298 1,0306 1,0306 1,0314 1,0316 1,0308 1,0314 1,0316 1,0304 1,0310 1,0314 1,0312 1,0312 1,0314 1,0314 1,0322 1,0322 1,0314 1,0314 1,0320 1,0316 1,0320 1,0316 1,0312 1,0304 1,0304 1,0314 1,0318 1,0316 1,0306 1,0308 1,0312 1,0308 17 17 18 17 18 17 17 18 17 17 17 16 17 17 15 17 17 18 18 18 18 18 16 16 17 17 17 18 17 18 17 17 17 17 16 17 18 17 16 16 17 16 17 17 3,7 5 3,2 3,8 3,3 3,2 3,4 3,4 3,3 3,7 4 3,8 3,4 3,5 3,8 4 3,3 3 3,4 3,1 3,8 3,3 3 2,6 3,1 3,4 3,2 3,2 3,1 3 3,1 3 3,3 3,1 3,4 3,1 3,9 4,5 4,3 4,1 EST (%) ESD (%) Pus Mastite 12,54 13,54 11,74 12,35 11,90 11,99 11,92 11,97 11,96 12,33 12,55 12,20 11,97 12,59 12,66 12,65 11,95 11,82 12,13 11,76 12,61 12,51 11,90 11,42 11,81 12,18 12,09 11,99 11,97 11,75 11,77 11,45 11,80 11,81 12,28 11,90 12,57 13,35 13,21 12,86 8,84 8,54 8,54 8,55 8,60 8,79 8,52 8,57 8,66 8,63 8,55 8,40 8,57 9,09 8,86 8,65 8,65 8,82 8,73 8,66 8,81 9,21 8,90 8,82 8,71 8,78 8,89 8,79 8,87 8,75 8,67 8,45 8,50 8,71 8,88 8,80 8,67 8,85 8,91 8,76 neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg - neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg