PRAD CIDADE MINEIRA PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS PELA MINERAÇÃO CIDADE MINEIRA – CARBONÍFERA METROPOLITANA MÓDULO I – IDENTIFICAÇÃO E EMPREENDIMENTO CARACTERIZAÇÃO DO 1. EMPRESA DE MINERAÇÃO RESPONSÁVEL PELA ÁREA Razão Social: CARBONÍFERA METROPOLITANA SA CNPJMF: 83.647.917/0006-14 Inscrição Estadual: 250.877.260 Endereço: Estrada Geral s/n - Forquilha Município: Treviso Estado: SC Fone/Fax: 48 34690001 2. EMPRESA RESPONSÁVEL PELA ELABORAÇÃO DO PRAD Nome: Geológica Engenharia e Meio Ambiente Ltda CNPJ: 03.461.392/0001-84 Endereço: Rua Desembargador Pedro Silva, 540/609 Município: Criciúma Fone/Fax: (048) 34371763 Responsável Técnico (RT): Eng.° Leo Antonio Rübensam Equipe Técnica: listagem na página 55 Estado: SC 3. LEGISLAÇÃO PERTINENTE/REGULAMENTAÇÃO APLICÁVEL FEDERAL: Decreto-lei n° 227, de 28.02.1967; Dec. n° 62.934, de 02.07.68; Decreto Federal n°97.632/89; Lei nº 9.605 de 12/02/98; NRM nº 21 (DNPM – Portaria 237, de 18/10/01) RESOLUÇÃO CONAMA: 357 de 17 de março de 2005 ESTADUAL: 14.250 de 05/06/81; Lei 13557/2005 MUNICIPAL: Lei n°2.508 de 27.12.1990; Lei nº 2.974, de 30/08/94 2 PRAD CIDADE MINEIRA 4. LOCALIZAÇÃO DA(S) ÁREA(S) IMPACTADA(S) A SER(EM) RECUPERADA(S) Denominação Localização Bairro Cidade Mineira Local: Bairro Cidade Mineira e Imperatriz Município: Criciúma / SC Bairro: Cidade Mineira e Bairro Imperatriz Vias de Acesso Carta IBGE Folha: Criciúma Escala: 1/50000 Ortofotomontagem: 2940 1R1 e 1R3.Escala: Plotagem 1:5000 Plantas Diversas Bacia Hidrográfica. Bacia do Rio Araranguá, Sub-bacia Rio Mãe Luzia (sub-bacia) Micro-bacia Rio Sangão Nome e endereço do Área totalmente urbanizada proprietário do solo: Complementos: 5. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO Substância mineral explotada Camada minerada/outros Relação estéril /minério Método de lavra Capacidade instalada Produção anual e vida útil Obras complementares Caracterização do estéril Caracterização físico-química e mineralógica do rejeito Área titulada: Área lavrada: Área a recuperar/recuperada: Área não abrangida pela proposta: Carvão mineral Barro Branco E Irapuá Céu aberto 15 ha - 3 PRAD CIDADE MINEIRA 6. HISTÓRICO DA COMPLEMENTARES: ÁREA E OUTRAS INFORMAÇÕES A área foi minerada a céu aberto por empresa empreiteira (Emprecal Empreiteira Carbonífera Ltda) contratada na oportunidade pela Carbonífera União Ltda, com interveniência da Carbonífera Metropolitana AS, entre os anos de 1982 e 1987 sendo que o carvão foi beneficiado no lavador da Mina União, e os rejeitos depositados no depósito de rejeito da Mina União. A região foi parcialmente recuperada com serviços de terraplanagem para suavização dos terrenos, em alguns pontos foram depositados rejeitos para regularização topográfica de terrenos. Após a recuperação foi projetada a urbanização da área através de projeto arquitetônico contratado pela Prefeitura Municipal de Criciúma. Hoje a área encontra-se totalmente urbanizada impossibilitando praticamente a implantação de medidas corretivas para redução dos impactos provocados pela lixiviação dos rejeitos que ali se encontram. 7. LICENÇAS /AUTORIZAÇÕES: Licença Ambiental FATMA nº: objeto/recuperação, tipo, data de emissão e validade. Licença Ambiental IBAMA nº: Processo DNPM nº: Licença da Prefeitura Registro DNPM (opcional): TAC/ACP/outros (opcional) Complementações: Não identificada. Inexistente 2.901/38 Inexistente Ação Civil Pública n° 93.8000533 -4 4 PRAD CIDADE MINEIRA MÓDULO II – CRONOGRAMAS Cronograma Físico-Financeiro em anexo. 5 PRAD CIDADE MINEIRA MÓDULO III – DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DA ÁREA A área estudada, pertencente à Carbonífera Metropolitana S/A, localiza-se entre bairros Cidade Mineira e Cidade Mineira Nova, município de Criciúma - SC, micro-bacia do rio Maina, contribuinte da sub-bacia do rio Sangão, que deságua sub-bacia do rio Mãe Luzia, o qual, por sua vez, integra a Bacia Hidrográfica do Araranguá. os na na rio A referida área foi, durante algumas décadas, minerada a céu aberto e em subsolo para a extração de carvão. A figura 1 ilustra a área de estudo para efeito de Diagnóstico Ambiental (DIA) e de Projeto de Recuperação Ambiental (PRAD). Figura 1 – Localização das áreas no bairro Cidade Mineira A área contabiliza, no total, cerca de 15 hectares de área minerada a céu aberto e parte com depósito de rejeito disseminado. Por outro lado, a área encontra-se atualmente totalmente urbanizada. Os terrenos pertencem a terceiros que residem nos bairros supramencionados. O levantamento das características geológicas-geotécnicas possibilitou o reconhecimento das condições físicas da área, identificando-se as áreas fontes de contaminação. Nessa fase, considerou-se o aspecto relativo à espessura da camada de rejeito, aos riscos de solapamento e de desmoronamento de taludes, às inundações e aos problemas associados à subsidência. 6 PRAD CIDADE MINEIRA A descrição da hidrogeologia considerou o aqüífero freático e profundo, relacionando-os com as águas superficiais. Neste campo, considerou-se natureza, geometria, litologia, estrutura, profundidade, recarga, relação entre os aqüíferos (freático e profundo) e relação entre as águas superficiais com os aqüíferos. 1 – Aspectos do Meio Físico 1.1 – Características do Clima e do Ar No município de Criciúma não há estação meteorológica. Como a estação de Urussanga dista apenas 16 km da divisa de Criciúma, baseou-se nos dados aí coletados para o levantamento climático do município. A Estação Meteorológica de Urussanga é relativamente bem equipada e com dados de levantamentos que ultrapassam a 75 anos. Implica que os dados médios têm certa confiabilidade. Estudos têm demonstrado que esta confiabilidade dos levantamentos aumenta quando a amostragem abrange mais de um século. Segundo o sistema de classificação climático de Köeppen, a região carbonífera se enquadra no clima do grupo C – mesotérmico – uma vez que as temperaturas médias do mês mais frio estão abaixo dos 18ºC e acima de 3ºC e neste grupo, ao tipo (f) sem estação seca distinta, pois não há índices pluviométricos mensais inferiores a 60 mm. Quanto à altitude da região, o clima se distingue por subtipo de verão (a) com temperaturas médias nos meses mais quentes de 28ºC. Os dados históricos obtidos junto a Estação Meteorológica de Urussanga indicam um índice pluviométrico médio histórico de 1474,9 mm. O regime pluviométrico da região pode ser definido da seguinte maneira: os meses de setembro a março representam as maiores médias mensais, e os meses de abril a agosto representam as médias mensais menores. As temperaturas mais elevadas foram registradas para meses de janeiro (23,8ºC) e fevereiro (23,4º) e a média mais baixa no mês de julho (14ºC). Os meses de temperatura mais elevada são dezembro, janeiro e fevereiro, os meses mais frios são junho, julho e agosto. A temperatura média anual nas estações meteorológicas foram 18,3ºC e 19ºC respectivamente e, a diferença entre a temperatura de verão e a de inverno está em torno de 10ºC. A direção predominantemente dos ventos é nordeste (NE) com 14,9% das ocorrências e em segundo lugar de sudeste (SE) com 12,4% das ocorrências. O período de calmarias perfaz 49,3%. 7 PRAD CIDADE MINEIRA 1.2 – Geologia 1.2.1 – Geologia Regional Na área do município de Criciúma afloram rochas sedimentares e ígneas intrusivas e extrusivas, as quais fazem parte da seqüência gonduânica da borda leste da Bacia do Paraná, e sedimentos quaternários, abundantes junto aos cursos d’água. Na porção correspondente à bacia do rio dos Porcos, situada ao sul da cidade de Criciúma, ocorrem depósitos síltico-arenosos de origem flúvio-lagunar. A tabela 1, a seguir, sintetiza a coluna estratigráfica da área do município de Criciúma. A Formação Rio Bonito e a Formação Palermo são as unidades estratigráficas de maior expressão no município de Criciúma. Ocupam aproximadamente dois terços da área total, sendo o restante, um terço, representado pelas litologias das formações Irati, Estrada Nova, Rio do Rasto, Serra Geral e Depósitos FlúvioLagunares ou Depósitos Aluviais. i) Granitóides tardi a pós-tectônicos – Granitóides Pedras Essas rochas graníticas praticamente não afloram na área do município, com exceção de uma pequena porção situada no bairro Demboski. São identificadas nas sondagens realizadas para prospecção de carvão executadas em diversos locais do município. Trata-se de uma rocha granítica de cor rósea, granulação média à grossa, textura porfirítica ou porfiróide, constituída principalmente de quartzo, plagioclásio, feldspato potássico e biotita. Como mineral acessório ocorre titanita, apatita, zircão e opacos. É aparentemente isótropa e, freqüentemente, recortada por veios aplíticos ou pegmatíticos. ii) Formação Rio do Sul A exemplo do que acontece com as rochas graníticas, as litologias da Formação Rio do Sul também não afloram na área correspondente ao município de Criciúma. São identificadas nas sondagens realizadas para prospecção de carvão. Litologicamente é constituída de uma intercalação rítmica de siltitos e folhelhos cinza-escuro e cinza-claro, com laminação fina, plano-paralela e fissilidade elevada. Disseminados caoticamente nesta seqüência várvica, ocorrem seixos pingados. É freqüente, na sua porção basal, a presença de camadas areno-conglomeráticas que, quando intemperizadas, confundem-se com rochas alteradas do embasamento. Subordinadamente há, também, espessas camadas de diamectitos, com abundante matriz argilosa, de cor cinza-escuro ou esverdeado, que engloba seixos ou blocos de rochas graníticas. 8 PRAD CIDADE MINEIRA Tabela 1 – Coluna estratigráfica da área do município de Criciúma. Adaptada de Krebs (2004). TERMINOLOG AMBIENTE/FORMAÇÃO IA Sedimentos argilosos, argilo-arenosos, arenosos e conglomeráticos depositados junto às calhas ou planícies dos rios. Sistema Laguna-Barreira III e IV Depósitos FlúvioLagunares Areias síltico-argilosas, com restos de vegetais, cascalhos depósitos biodetríticos Grupo São Bento Serra Geral Derrames basálticos, soleiras e diques de diabásio de cor escura, com fraturas conchoidais. O litotipo preferencial é equigranular fino a afanítico, eventualmente porfirítico. Notáveis feições de disjunção colunar estão presentes. Rio do Rasto Siltitos castanho-avermelhados arenitos finos avermelhados. Estrada Nova Palermo Grupo Guatá Inferior/Superior Permiano PALEOZÓICO Irati Membro Siderópolis Rio Bonito Membro Paraguaçu Superior Grupo Itararé Inferior Membro Triunfo PRÉCAMBRIANO DESCRIÇÃO LITOLÓGICA Depósitos Aluvionares Atuais Grupo Passa Dois Pleistoceno Superior Superior Inferior Inferior QUATERNÁRIO Cretáceo Jurássic o Triássico MESOZÓICO CENOZÓICO Holoceno IDADE Rio do Sul Granitóides tardi a pós tectônicos com intercalações de Argilitos folhelhos e siltitos intercalados com arenitos finos, cor violácea. Nos folhelhos, argilitos e siltitos cinza-escuro a violóaceos ocorrem concreções de marga. Folhelhos e siltitos pretos, folhelhos pirobetuminosos e margas calcáreas. Siltitos cinza-escuros, siltitos arenosos cinza-claro, interlaminados, bioturbados, com lentes de arenito fino na base. Arenitos cinza-claro, finos a médios, quartzosos, com intercalações de siltitos carbonosos e camadas de carvão Siltitos cinza-escuro, com laminação ondulada, intercalado com arenitos finos. Arenitos cinza-claro, quartzosos ou feldspáticos, sigmoidais. Intercala siltitos. Folhelhos e siltitos várvicos com seixos pingados, arenitos quartzosos e arenitos arcoseanos, diamectitos e conglomerados. A nível de afloramento, constitui espessa seqüência rítmica. Granitóides de cor cinza-avermelhado, granulação média a grossa, textura porfirítica ou porfiróide, constituídos principalmente por quartzo, plagioclásio, feldspato potássico e biotita. Como acessório, ocorre titanita, apatita, zircão e opacos. São aparentemente isótropos e recortados por veios aplíticos ou pegmatíticos. 9 PRAD CIDADE MINEIRA iii) Formação Rio Bonito A Formação Rio Bonito aflora na porção norte do município, junto à mancha urbana, na porção noroeste, ao longo do vale do rio Sangão, e na porção nordeste, ao longo dos vales dos rios Ronco D`água e Linha Anta. Mühlmann et al. (1974) realizaram a revisão estratigráfica da Bacia do Paraná e subdividiram a Formação Rio Bonito em três membros: Triunfo, Paraguaçu e Siderópolis. Krebs (2004), através de correlações litofaciológicas, com informações dos perfis litológicos dos furos de sonda, individualizou em mapa, pela primeira vez, o Membro Siderópolis em três seqüências litofaciológicas na área da bacia hidrográfica do rio Araranguá, quais sejam Seqüência Inferior, Seqüência Média e Seqüência Superior. O trabalho do referido autor voltou-se para o estudo hidrogeológico da área correspondente à bacia hidrográfica do rio Araranguá. Por este motivo, no presente trabalho optou-se por utilizar informações geológicas e estruturais disponibilizadas por Krebs (2004). O Membro Triunfo, que constitui a porção basal da referida formação, é representado por arenitos esbranquiçados, finos a médios, localmente grossos, moderadamente selecionados, com matriz argilosa. Intercalam siltitos e folhelhos de coloração cinza-escuro. As camadas possuem geometria sigmoidal e estão relacionadas a processos flúvio-deltaicos. Elas apresentam contato gradacional com as litologias da Formação Rio do Sul. O Membro Paraguaçu caracteriza-se por uma sedimentação predominantemente pelítica, constituída de intercalação rítmica de siltitos e folhelhos com intercalações de camadas de arenitos muito finos, quartzosos, micáceos, com laminação paralela e ondulada. Apresenta também freqüentes bioturbações. Esta sedimentação é eminentemente transgressiva e caracteriza o afogamento do delta do Membro Triunfo. O Membro Siderópolis constitui um espesso pacote de arenitos, com intercalações de siltitos, folhelhos carbonosos e carvão. Na sua porção basal e média, os arenitos possuem geralmente cor cinza-amarelado, textura média, localmente grossa, são moderadamente classificados, com grãos arredondados a subarredondados de quartzo e, raramente, feldspato. Possuem abundante matriz quartzo-feldspática. As camadas apresentam espessuras variáveis, desde alguns centímetros até mais de metro, geometria lenticular ou tabular e a estruturação interna é constituída por estratificação acanalada, de médio e grande porte. Na porção basal do Membro Siderópolis, ocorre uma espessa camada de carvão, denominada Camada Bonito. Na porção média, intercaladas nessa seqüência arenosa, ocorrem, principalmente, camadas de siltito e folhelho carbonoso. As intercalações de camadas de carvão são muito subordinadas. No terço superior do Membro Siderópolis, ocorrem arenitos finos a médios, cor cinza-claro, bem retrabalhados, com grãos bem arredondados, quartzosos, com ou sem matriz silicosa. Estes arenitos apresentam geometria lenticular e a estruturação interna das camadas é formada por estratificação ondulada, com freqüentes “hummockys”, que evidenciam retrabalhamento por ondas. Neste intervalo ocorre a mais importante camada de carvão existente na 10 PRAD CIDADE MINEIRA Formação Rio Bonito, denominada Camada Barro Branco. Além dessa, em locais isolados, ocorre outra camada de carvão chamada Irapuá. A interrelação das diferentes unidades de fácies identificadas nos Membros Siderópolis e Triunfo sugerem um ambiente de depósito relacionado a um sistema lagunar e deltaico, influenciado por rios e ondas. A presença de cordões litorâneos, evidenciada pelo arenito de cobertura da camada de carvão Barro Branco, que apresenta freqüentes estruturas tipo “micro-hummocky”, indica que este ambiente lagunar/deltaico era periodicamente invadido pelo mar. Por outro lado, a persistência de fácies predominantemente pelíticas no Membro Paraguaçu sugerem a atuação de correntes de maré. iv) Formação Palermo A Formação Palermo ocupa a maior parte da área deste município, aflorando de maneira contínua ao longo da encosta do Morro da Cruz e Morro Cechinel. Ocupa quase toda a porção central do município e aflora em ambas as encostas dos morros Esteves e Albino até ser encoberta por sedimentos quaternários ao sul. A Formação Palermo, que caracteriza o início do evento transgressivo, é constituída de um espesso pacote de ritmitos, com interlaminação de areia-silte e argila, com intenso retrabalhamento por ondas. A alternância de tonalidades claras e escuras evidencia a intercalação de leitos arenosos e síltico-argilosos, respectivamente. A análise dos perfis de sondagem para carvão realizado por Krebs (2004), demonstra claramente que há um decréscimo de areia da base para o topo desta formação. As camadas, cuja espessura é variável, apresentam, caracteristicamente, laminação plano-paralela, ondulada ou lenticular. Na base, são freqüentes as estruturas de fluidização e bioturbação. Na porção média e superior predominam estruturas do tipo “micro-hummocky”. A espessura total dessa formação, na região de Criciúma e Forquilhinha, de acordo com a correlação dos perfis de sondagens realizados na área da Mina B por Krebs et. al. (1982), é da ordem de 92m. A presença de fácies areno-pelíticas intercaladas bem como a freqüência de estruturas tipo “micro-hummocky”, bioturbação e estruturas de fluidização, sugerem um ambiente marinho raso, com intensa ação de ondas e atuação de microorganismos. Este evento marca o início da transgressão marinha que afogou o ambiente deltaico/lagunar da Formação Rio Bonito. v) Formação Irati A Formação Irati aflora continuamente ao longo dos morros Esteves e Albino, na porção centro-sul do município. De maneira subordinada aflora também ao longo de uma estreita faixa situada na encosta superior do Morro Cechinel. É afetada por uma intrusão de diabásio que ocorre sob a forma de sill, o qual consome grande parte desta formação. A influência térmica provocada pela colocação do sill alterou suas características em termos de cor e dureza, evidenciando-se geralmente forte quebramento e redução acentuada da espessura. 11 PRAD CIDADE MINEIRA Comumente os afloramentos são muito decompostos. Variam de siltitos cinza-escuro e pretos a folhelhos pirobetuminosos com laminação paralela bem desenvolvida. Leitos e lentes de calcário impuro podem ser constatados no terço superior desta formação. A presença de litofácies pelíticas ricas em matéria orgânica, com laminação fina plano-paralela e presença de calcário impuro, sugere um ambiente marinho calmo, com águas mais profundas. vi) Formação Estrada Nova A Formação Estrada Nova ocorre de maneira subordinada em uma pequena faixa situada na encosta superior do Morro da Cruz, na porção oeste, e também ao sul da BR 101, na área de nascente do rio dos Porcos. Do ponto de vista litológico, na sua porção inferior compreende uma seqüência constituída por folhelhos, argilitos e siltitos cinza-escuro a pretos. Quando intemperizados, eles têm cores cinza-claro a cinza-esverdeado e avermelhados, com tons amarelados. Normalmente são maciços ou possuem uma laminação planoparalela incipiente. Às vezes são micáceos. Localmente, contêm lentes e concreções calcíferas, com formas elipsoidais e dimensões que podem alcançar até 1,5m de comprimento por 50cm de largura. Sua porção superior é constituída por argilitos, folhelhos e siltitos cinza-escuro e esverdeados, ritmicamente intercalados com arenitos muito finos, cinza-claro. Quando alteradas, estas rochas mostram cores diversificadas em tons violáceos, bordôs e avermelhados. Comumente apresentam lentes e concreções carbonáticas. A predominância de litofácies pelíticas, a presença de calcário, a laminação planoparalela ou ondulada indicam um ambiente marinho plataformal. vii) Formação Rio do Rasto Ocorre somente em uma pequena porção no extremo sul do município, na encosta superior do Morro Mãe Luzia. Litologicamente é constituído por lentes de arenitos finos, avermelhados, intercalados em siltitos e argilitos arroxeados. O conjunto mostra também cores em tonalidades verdes, chocolate, amareladas e esbranquiçadas. Suas principais estruturas sedimentares são as estratificações cruzadas acanaladas, laminação plano-paralela e de corte e preenchimento. As camadas de arenito apresentam geometria sigmoidal ou tabular e possuem geralmente espessuras superiores a 50cm, podendo alcançar em alguns casos mais de 2m. A intercalação de camadas arenosas com estruturação interna, constituída principalmente por estratificação acanalada e camadas com geometria sigmoidal, sugere um fácies progradante, inicialmente relacionado a um sistema deltaico. 12 PRAD CIDADE MINEIRA viii) Formação Serra Geral A Formação Serra Geral se faz representar por um sill de diabásio de extensão regional, inserido ao nível da Formação Irati. Aflora no topo dos morros da Cruz, Cechinel, Esteves e Albino. Ocorre ainda no extremo sul da área do município, em cotas mais baixas, à margem direita do rio dos Porcos. Tem espessura média de 30m e sustenta a topografia por efeito da resistência diferencial aos processos de intemperismo e erosão, desenhando uma forma de relevo do tipo mesa. Litologicamente se constitui por variedades de granulação muito fina a afanítica, de coloração cinza-escuro a preta, com eventuais passagens para fácies porfiríticas. Notáveis feições de disjunção colunar estão presentes. Petrograficamente são muito homogêneos, com pequenas variações composicionais entre basaltos e basaltos granofíricos. Em essência, constituem uma trama com plagioclásios (40 - 60%), tipo Anortita 30-50, e proporções menores de clinopiroxênios (augita-pigeonita). Como minerais subordinados podem apresentar hornblenda basáltica, quartzo-intersticial e matriz vítrea ou micrográfica a quartzo e feldspato potássico. Entre os acessórios estão magnetita esqueletal, opacos e apatita acicular. Carbonatos, zeolitas, epidoto, sericita e clorita são produtos de alteração. ix) Depósitos de Leques Aluviais Ao longo da encosta inferior do vale do rio dos Porcos e ao longo do vale de alguns tributários pela margem esquerda do rio Sangão, em seu médio curso, ocorrem depósitos de leques aluviais. Nestes locais, os depósitos são pouco espessos, atingindo raramente espessuras superiores a 3m. Constituem-se predominantemente por seixos, grânulos e areia grossa. Apresentam geometria tabular ou lenticular e as camadas de cascalho e areia encontram-se amalgamadas. A estruturação interna é constituída principalmente de imbricação dos seixos de gradação normal. x) Depósitos Flúvio-lagunares com Retrabalhamento Eólico Os depósitos flúvio-lagunares ocorrem na porção sul do município, ao longo das planícies dos rios Sangão e dos Porcos. Do ponto de vista litofaciológico, ocorrem depósitos com espessura de alguns metros, essencialmente argilosos, cinza-escuro ou com cores veriegadas, em tons de amarelo-avermelhado. Geralmente apresentam plasticidade média a alta. Intercalam-se intervalos areno-argilosos ou arenosos de cores mais claras. A estrutura sedimentar mais freqüente é a laminação plano-paralela, evidenciada pela alternância de tonalidades. Verificou-se que na porção superior da planície do rio dos Porcos ocorrem depósitos arenosos, constituídos de areias finas a médias, cinza-claro. Estes depósitos são pouco espessos, raramente ultrapassando 1m. Sua origem deve estar relacionada à ação eólica sobre as barreiras litorâneas que ocorrem nas proximidades. Abaixo há um espesso pacote de material argiloso com cores variegadas, explotado pelos oleiros de Içara para a fabricação de tijolos e telhas. A estes depósitos atribui-se origem fluvial relacionada a processos de transbordamento. Abaixo deste intervalo 13 PRAD CIDADE MINEIRA estratigráfico, encontram-se argilas escuras com restos de matéria orgânica que podem corresponder aos depósitos de fundo lagunar. xi) Depósitos Aluviais Os Depósitos Aluviais ocorrem com freqüência ao longo das planícies aluviais dos principais cursos d`água presentes neste município, onde os vales são mais abertos e afloram rochas pelíticas nas encostas dos morros. Os depósitos aluviais resultantes são mais expressivos e predominantemente argilosos ou areno-sílticoargilosos. O material apresenta geralmente plasticidade média e cores variadas, principalmente em tons de cinza-amarelado. 1.2.2 - Geologia Local A descrição das características geológicas na área de pesquisa levou em consideração a interpretação de ortofoto e visitas in loco, o que possibilitou o reconhecimento e o mapeamento das unidades geológicas. Segundo relato de moradores, em décadas passadas a extração de carvão nessa região foi realizada em subsolo, tendo sido uma porção da área minerada a céu aberto. Na faixa que circunda as margens do rio Sangão desde a avenida Assembléia de Deus até o leito do rio Maina, situado à montante da área, o carvão foi extraído a céu aberto. Dessa porção em diante (sentido leste a oeste) a mineração ocorreu em subsolo. Nessa região afloram rochas da Formação Palermo (figura 2) e também ocorrem litologias pertencente à Formação Rio Bonito. Em alguns tributários pela margem esquerda do rio Sangão (porção leste da área), ocorrem pequenos depósitos aluviais. Figura 2 - Afloramento de rochas da Formação Palermo. Julho de 2006 14 PRAD CIDADE MINEIRA Do ponto de vista litológico, a Formação Palermo caracteriza-se por apresentar um espesso pacote de ritmitos, com interlaminação de areia-silte e argila, com intenso retrabalhamento por ondas. A alternância de tonalidades claras e escuras evidencia a intercalação de leitos arenosos e síltico-argilosos, respectivamente. Localmente, verifica-se que as litologias adquirem uma tonalidade avermelhada devido a intrusões de diabásio. De acordo com a ortofoto (figura 1) e segundo relato de moradores, uma grande porção desta área foi totalmente encoberta por pilhas de rejeito piritoso, ali depositadas durante as atividades de mineração, em décadas passadas, quando da lavra a céu aberto. As figuras 3 e 4 ilustram a espessura das pilhas de rejeito depositadas, por terceiros em ambas as margens do rio Sangão, de aproximadamente 5 m. O rejeito depositado possui diferentes granulometrias, variando de grosso a ultrafinos. Figura 3 e 4 – Rejeito depositado na margem esquerda e direita do rio Sangão (sentido norte-sul). Julho de 2006 À montante da área, na margem direita do rio Maina, pode-se observar que a espessura da camada de rejeito é de aproximadamente 3m (figura 5). Nota-se a presença de resíduos depositados em ambas as margens do rio Maina. 15 PRAD CIDADE MINEIRA Figura 5 – Rejeito depositado na margem direita do rio Maina (sentido norte-sul). Julho de 2006 É importante salientar que na época a lavra a céu aberto era realizada por um sistema que acarretava a inversão das camadas. Realizava-se um corte da cobertura até o veio de carvão, introduzindo as camadas da superfície do solo no fundo das cavas e expondo as rochas associadas ao carvão em profundidade, nesse caso, relacionado à camada Barro Branco. As diversas camadas que ficavam sobre o carvão (estéreis) eram retiradas e depositadas temporariamente em solo não minerado, paralelamente ao corte feito, procedendo-se, na seqüência, à extração do carvão. O carvão era levado às usinas de beneficiamento para concentração do mineral e o rejeito retornava às áreas mineradas e era depositado em cada corte, no espaço deixado pela lavra do corte anterior (Machado, Peruffo e Lima, 1984; FEPAM, 2002). Ainda com base nos relatos de moradores, quase toda a margem esquerda do rio Sangão, até uns 300 m de distância em direção ao bairro Cidade Mineira Nova, apresenta susceptibilidade a alagamentos e inundações, principalmente pelo fato de as residências estarem situadas próximas às margens do rio e na faixa de APP Área de Preservação Permanente. Pode-se observar que as estradas e as residências foram construídas sobre os depósitos de rejeito piritoso (figura 6). 16 PRAD CIDADE MINEIRA Figura 6 - Detalhe da estrada e residências construídas sobre os depósitos de rejeitos. Julho de 2006 Com relação à área minerada em subsolo, as observações realizadas na ortofoto e em visita a campo indicam a existência de um dique de diabásio aflorando próximo a uma área verde no bairro Cidade Mineira Nova. Em quase toda essa faixa não há evidência de rejeito piritoso depositado em superfície, pois as residências estão construídas em solo silte-argiloso do afloramento da Formação Palermo. Por outro lado, encontram-se depósitos de rejeito piritoso sob as residências numa faixa entre a margem esquerda (sentido norte-sul) da rótula na avenida Assembléia de Deus e o campo de futebol, que se estende por quase toda a avenida de asfalto. 1.3 – Características Geotécnicas Identificação dos Processos Erosivos A descrição dos processos geotécnicos visa a identificar as principais áreas de risco ambiental, com enfoque em processos de escorregamento, erosão, estabilidade de taludes, assoreamento e percolação de fluído por meio de solos contaminados. Neste contexto, visando a identificar as principais áreas de risco ambiental nas duas áreas pesquisadas, realizou-se, a partir da interpretação da ortofoto e de visitas in loco, o reconhecimento dos principais processos erosivos atuantes. As condições naturais de um determinado terreno como, por exemplo, alta declividade e tipo de solo, agravadas pela falta de cobertura vegetal e de sistemas de drenagem (crista, meia encosta e pé-de-talude) para escoamento das águas torrenciais, aceleram os processos erosivos, os quais podem evoluir para a formação de sulcos erosivos a voçorocas. Essas alterações na superfície do terreno prejudicam as atividades locais, trazendo conseqüências para diversas áreas e 17 PRAD CIDADE MINEIRA contribuindo, por exemplo, para o escorregamento de solos, o abatimento de encosta, o solapamento de margens e o assoreamento de córregos e rios. Como parte do diagnóstico ambiental, serão identificados os principais processos erosivos atuantes na área de estudo, com destaque para a direção do fluxo das águas e a fase de evolução da erosão. Serão ainda identificadas as pilhas de rejeito desnudas e as estradas e taludes onde existe maior probabilidade de impactos por precipitação pluviométrica, os quais, ligados à intensa infiltração de água, são expostos a deslizamentos dos rejeitos sobretudo nas áreas cujos terrenos são inclinados. Como a área de estudo se encontra totalmente urbanizada, os problemas relacionados a processos erosivos são encontrados principalmente nas margens dos rios Sangão e Maina e nas estradas e áreas alagáveis. Na figura 7, pode-se observar uma drenagem superficial com lançamento de esgoto doméstico. Essa área é muito susceptível a inundações e a alagamentos freqüentes. Figura 7 – Drenagem superficial para escoamento das águas pluviais e esgoto doméstico. Julho de 2006 A presença de rejeito exposto nas margens dos córregos, associado ao lançamento de águas servidas (esgoto doméstico), tem promovido a contaminação da qualidade das águas. Estes resíduos são carreados pelo leito do córrego em direção ao rio Sangão (figura 4). Da mesma forma, os rejeitos desnudos, encontrado nas estradas não pavimentadas, nas residências e próximos às margens das estradas pavimentadas (figuras 8A e 8B), é susceptível aos efeitos do intemperismo, que pela lixiviação o transporta e o sedimenta no leito dos rios. 18 PRAD CIDADE MINEIRA A B Figura 8 – A: rejeito depositado próximo às margens da estrada; B: rejeito depositado ao longo das margens das estradas. Julho de 2006 O maior agravante na área é a inexistência de cobertura vegetal na faixa marginal (30 metros) dos rios Maina e Sangão, definida em lei como Área de Preservação Permanente (APP). A não-observância dessa faixa de proteção está provocando, em diversos locais, a formação de sulcos erosivos nos taludes desnudos, cuja conseqüência são problemas de assoreamento no leito, que associados à baixa declividade resultam freqüentes inundações. 1.4 – Hidrogeologia Do ponto de vista hidrogeológico, ocorrem na área dois intervalos aqüíferos distintos. Um mais superficial, correspondente ao aqüífero freático, relacionado aos depósitos aluviais, pilhas de rejeito e solos de alteração da Formação Rio Bonito, e o outro correspondente ao aqüífero profundo, relacionado às rochas do topo da Formação Rio Bonito. i) Aqüífero Profundo • Caracterização hidrogeológica Litologicamente é constituído por arenitos finos a médios, quartzosos, bem selecionados, porosos e permeáveis. Subordinadamente ocorrem arenitos médios a grossos, feldspáticos, com matriz areno-argilosa, com aspecto maciço. No terço inferior deste intervalo aqüífero, já nas proximidades do intervalo estratigráfico da camada de carvão Barro Branco, ocorrem arenitos com laminação grossa que intercalam siltitos e folhelhos de cores escuras. Logo acima da referida camada de carvão, ocorre geralmente uma camada de siltito carbonosos, de cor cinza-escuro e com aspecto maciço. As camadas de arenito apresentam espessuras variadas, desde alguns centímetros até metros. Considerando as informações geológicas, pode-se constatar que este sistema aqüífero é extenso, com geometria tabular ou lenticular e com regime de fluxo livre ou confinado. 19 PRAD CIDADE MINEIRA Tendo em vista que em toda a área estudada, o substrato é constituído por rochas areníticas correspondente ao intervalo aqüífero, a recarga se processa de maneira direta, a partir das precipitações e infiltração nas rochas areníticas. Considerando os aspectos geológicos e estruturais, bem como informações de pontos d’águas visitados por ocasião dos trabalhos de campo, foi possível verificar que o sentido de fluxo na área estudada se processa de norte para sul. • Vulnerabilidade natural e riscos de contaminação Na área estudada, este intervalo aqüífero é aflorante. Este condicionamento indica que a vulnerabilidade natural é alta. Com relação ao risco de contaminação, constata-se que praticamente toda a área estudada já está urbanizada e com edificações. Constata-se também que uma significativa porção desta área, principalmente aquela posicionada nas proximidades do rio Sangão, está coberta com rejeito piritoso. Estes fatos indicam que o risco de contaminação às cargas contaminantes de superfície é alto. • Características hidroquímicas Antes de se abordarem as características hidroquímicas das águas deste sistema é importante que se comentem alguns fatores que influenciam direta ou indiretamente sua qualidade. Inicialmente cabe ressaltar que a Formação Rio Bonito contém entre suas litologias importantes camadas de carvão, desde há muito tempo lavradas. A natureza predominantemente arenosa de seus litótipos confere-lhe uma boa potencialidade como aqüífero. Porém, o fato de ela abrigar minas a céu aberto e minas de subsolo bem como pilhas de rejeito piritoso alteram suas características como aqüífero. Outro fator a ser considerado relaciona-se aos aspectos geológicos e estruturais. Sabe-se que nesta formação geológica são freqüentes as variações laterais e verticais de fácies litológicas (Krebs, 2004). O referido autor demonstrou também que no âmbito desta formação ocorrem freqüentes falhas geológicas, as quais provocam basculamento dos blocos rochosos. Muitas vezes estas falhas encaixam diques de diabásio. Todos estes fatores interferem no comportamento hidrogeológico desta formação assim como nos aspectos hidroquímicos de suas águas. Pelo exposto, pôde-se constatar que é difícil se definir uma assinatura hidrogeoquímica padrão para as águas desta formação. ii) Aqüífero freático • Caracterização hidrogeológica Na área estudada, o aqüífero freático relaciona-se aos solos residuais que se desenvolvem sobre as litologias da Formação Rio Bonito. Na porção situada próximo ao rio Sangão onde houve mineração de carvão a céu aberto, o aqüífero freático está contido nas pilhas de rejeito dispostas aleatoriamente. 20 PRAD CIDADE MINEIRA A recarga se processa de maneira direta, a partir das precipitações de sua infiltração nos solos residuais e nas pilhas de rejeito. O sentido de fluxo deste aqüífero se processa em sentido do rio Sangão, isto é de noroeste para sudeste. O mapa com os pontos de monitoramento (anexo) ilustra o sentido de fluxo do freático, e do aqüífero profundo respectivamente. • Vulnerabilidade natural e riscos de contaminação A vulnerabilidade natural e riscos de contaminação são altos, devido ao fato dos solos serem porosos e permeáveis, e existirem várias fontes de contaminação em superfície, como por exemplo, esgoto doméstico, lançamento de águas servidas, e pilhas de rejeitos. 1.5 – Recursos Hídricos Superficiais 1.5.1 – Bacia Hidrográfica Estudada A área de estudo, denominada genericamente de bairro Cidade Mineira, encontra-se inserida na sub-bacia do Rio Sangão. O Rio Sangão situa-se entre os paralelos 28036’ e 28050’ Sul e entre os meridiano 49020’ e 49028’ Oeste (Greenwich), na região Sul do Estado de Santa Catarina. .Abrange uma área de 298,38 km² e desenvolve-se no sentido Norte-Sul. A cabeceira se situa próxima à cidade de Siderópolis, basicamente na divisa dos municípios de Criciúma e Siderópolis, numa altitude aproximadamente de 300 metros. O Rio Sangão desemboca no rio Mãe Luzia, nas proximidades de Forquilhinha, onde atinge uma cota aproximada de 30 metros. No seu desenvolvimento se apresenta muito sinuoso, tendo uma extensão aproximada de 48,20 km. Entre os afluentes do rio Sangão, se destacam o rio Maina, pela margem direita, e o rio Criciúma, pela margem esquerda, além de outras contribuições de menor porte. A importância desses afluentes, além do porte da área drenada, está relacionada ao grau de poluição de suas águas, resultado da degradação ambiental provocada pelas atividades de mineração de carvão e pelos esgotos domésticos e industriais da região. 1.5.2 – Diagnóstico dos Recursos Hídricos Superficiais Tem como finalidade diagnosticar a qualidade das águas superficiais que se encontram locados no Mapa de Monitoramento de Qualidade das Águas Superficiais em anexo. A seleção dos pontos de coleta foi realizada após análise das ortofotos (DNPM, 2002), expedições de campo e levantamento de dados existentes. Esta seleção de 21 PRAD CIDADE MINEIRA pontos considerou toda a extensão da micro bacia estudada considerando todas as áreas estudadas não importanto as responsabilidades a quem cabem os passivos ambientais identificados, pois estes encontram-se correlacionados por suas posições geográficas em relação ao fluxo hídrico superficial e provavelmente subsuperficialmente também. Um conjunto de variáveis ambientais foi selecionado para melhor descrever a qualidade das águas na área estudada, relacionado-se essa qualidade com a poluição gerada pelas atividades humanas, neste estudo especificamente a de mineração. O Quadro 1 apresenta essas variáveis bem como o método analítico adotado e o respectivo limite de detecção. As análises de águas foram realizadas nos laboratórios do Instituto de Pesquisas Ambientais e Tecnológicas – IPAT da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, com base nas metodologias sugeridas no Standard Methods for Examination of the Water e Wastewater (EATON, CLESCERI e GREENBERG, 1995). Quadro 1 – Variáveis ambientais selecionadas para descrever a qualidade das águas superficiais das áreas de estudo, método de análise e limite detectável adotados pelo laboratório de águas do IPAT/UNESC. Indicador Ambiental Unidades de medida pH Mínimo Detectável Método de análise 0,1 Pontenciométrico Acidez Total (mg.L-1 CaCO3) 0,5 Titulométrico à pH 8,3 Sulfato Solúvel (mg.L-1) 10 Turbidimétrico Ferro Total (mg.L-1) 0,02 Espectrofotômetro absorção atômica Manganês (mg.L-1) 0,01 Espectrofotômetro absorção atômica a) Justificativa para Escolha dos Parâmetros Mínimos Selecionados • pH: o pH de um rio é fortemente influenciado pelo lançamento de efluentes industriais. Na região carbonífera, os rios apresentam-se geralmente ácidos, devido às influencias das atividades ligadas à mineração e ao beneficiamento de carvão mineral. É restritivo à vida aquática. • Ferro Total: a presença de ferro é um incoveniente que deve ser evitado, uma vez que este parâmetro propicia o desenvolvimento de ferro-bactérias, que conferem à água de corpos receptores cores avermelhadas e odores fétidos. Os incovenientes da utilização industrial ou doméstica desta água são a formação de manchas ferruginosas em louças ou nos produtos 22 PRAD CIDADE MINEIRA industrializados, o sabor conferido a produtos alimentícios, além da obstrução de tubulações. Na região carbonífera, a elevada concentração de ferro nos corpos receptores deve-se também, às atividades ligadas à mineração do carvão. • Manganês: assim como o ferro, o manganês provoca sabor desagradável em bebidas e, em concentrações superiores a 0,15 mg/l, ocasiona manchas e incrustações em tecidos e equipamentos. Para águas de abastecimento publico recomenda-se uma concetração máxima de 0,1 mg/l. O manganês provém da poluição de origem industrial ou decorrente da lixiviação de minérios que contêm este parâmetro. Junto às camadas de carvão são freqüentes os nódulos de óxidos de ferro e manganês, o que, conseqüentemente, faz com que este metal se apresente nos recursos hídricos contaminados pela extração e beneficiamento de carvão mineral. • Sulfatos: o sulfato está amplamente distribuído na natureza e pode estar presente nas águas em diferentes concentrações. As drenagens de minas de carvão, comuns nesta região, contribuem com altas concentrações de sulfato, em virtude da oxidação do enxofre presente na pirita. Este parâmetro também pode provocar a formação de ácido sulfúrico, reduzindo o pH dos corpos d’água. O sulfato acelera os processo corrosivos sobre alguns metais. Portanto, quando para fins industriais, o controle da concentração deste parâmetro deve ser rigoroso. Em áreas rurais, o sulfato pode ter origem nos fertilizantes que contenham enxofre na sua formulação e a lixiviação por efeito das chuvas sobre estas áreas carreia este produto para os corpos d’água. O sulfato também tem origem no ciclo do enxofre proveniente da matéria orgânica. Para a discussão e análise dos dados, os resultados obtidos em cada uma das estações monitoradas foram comparados à literatura pertinente e à Resolução n. 357/05 do CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente. Essa Resolução dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento e estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes. Seu Art. 42 dispõe que enquanto os estados não efetivarem o enquadramento, as águas doces serão consideradas como de Classe 2. Dessa forma, enquanto o Estado de Santa Catarina não efetivar o enquadramento de suas águas como determina o CONAMA, as águas interiores, com salinidade inferior a 0,5 partes por mil, ou águas doces, serão consideradas como águas de Classe 2. Nesse estudo as águas superficiais (rios e córregos) são comparadas às águas de Classe 2 enquanto as drenagens oriundas dos depósitos de rejeitos e bocas de minas abandonadas , será comparada aos padrões de lançamento de efluentes. 23 PRAD CIDADE MINEIRA A Tabela 2 apresenta padrões de qualidade para as águas doces de Classe 2 e os padrões para lançamento de efluentes, segundo essa Resolução, nos parâmetros analisados. Apresentam-se na mesma tabela os limites mínimo detectáveis aplicados pelo laboratório de análise de águas e efluentes do IPAT/UNESC. o Tabela 2 – Limites fixados pela Resolução n. 357/05 do CONAMA para águas doces de Classe 2 e emissões de efluentes líquidos. Padrão de Qualidade Padrão Emissão Classe II Efluentes Detectável pH 6a9 5a9 0,1 mg.L temperatura Na inferior 40º C 0,5º C Ferro Total 0,3 mg.L Fe Manganês 0,1 mg.L Mn Sulfato 250 mg.L SO4 Parâmetros -1 -1 -1 -1 1,0 mg.L Mn na (1) -1 15,0 mg.L Fe -1 Limite Mínimo (2) -1 0,02 mg.L -1 0,01 mg.L -1 2 mg.L na: não se aplica; (1) limite detectável pelo método adotado no laboratório do IPAT/UNESC; (2) refere-se à determinação de manganês solúvel b) Metodologia Para compreender melhor a ação da mineração de carvão na bacia do rio Sangão, adotaram-se 16 pontos de amostragens, sendo 8 pontos no rio Sangão, codificados de RS01, RS02, RS03 ,RS07, RS09, RS10, RS11 ,RS12 e RS13; 4 pontos no rio Maina, codificados de RM04, RM05, RM06 e Rm16; e um ponto no rio Criciúma, codificado de RC08, além de 2 pontos de drenagem codificados de DR 14 e DR 15. Figura 9 – Coleta no ponto RS07 na área de rejeitos no bairro Cidade Mineira, Criciúma,SC. 24 PRAD CIDADE MINEIRA O Quadro 2 traz a descrição e as coordenadas dos pontos amostrados nessa área, representados no Mapa de Monitoramento da Qualidade das Águas, em anexo. Quadro 2 – Localização das estações de monitoramento na área de influência Código Coordenadas UTM Descrição dos Pontos de Coleta Leste Norte RS01 0654137 6833782 Rio Sangão em sua nascente, localizada na subida do morro que dá acesso ao município de Siderópolis RS02 0656432 6832734 Rio Sangão a montante da unidade mineira São Geraldo na localidade de são Jorge, município de Siderópolis.. RS03 0655954 6829299 Rio Sangão próximo á ponte na Rod. SC-445 junto ao trevo de acesso ao bairro Laranjinha, no município de Criciúma. RM04 0651710 6829048 Rio Maina próximo á sua nascente no distrito de Rio Maina, município de Criciúma.. RM05 0652395 6828941 Afluente do rio Maina apósá montante da ára degradada no bairro Vila Visconde próximo ao trevo de acesso ao distrito de Caravágio. RM06 0653100 6827329 Rio maina próximo a ponte no bairro macarini no distrito de Rio Maina, município de Criciúma RS07 0654748 6825779 Rio Sangão após confluência com o rio maina, no bairro Boa Vista ,município de Criciúma. RC08 0656566 6825534 Rio Criciúma, a montante da área degradada COCALIT, no bairro Paraíso, município de Criciúma. RS09 0654603 6824076 Rio Sangão próximo á ponte da Rodovia que liga a UNESC ao bairro Santa Luzia em Criciúma. RS10 0655589 6820225 Rio Sangão próximio á ponte de ferro da Estrada Tereza Cristina, no interior da área degradada da antiga ICC. RS11 0653497 6820082 Lagoa contribuinte do rio Sangão no interior da área da Cooperminas no bairro Santa Líbera em Forquilhinha. RS12 0653622 6818983 Drenagem no interior da área de rejeitos da Carbonífra Belluno no bairro Sangão, município de Forquilhinha. RS13 0653684 6818101 Rio Sangão próximo á ponte na Rod. SC446 no Bairro Sangão, município de Criciúma., DR14 0654156 6829863 Drenagem oriunda da área degradada no bairro metropol em Criciúma DR15 0652611 6828735 Drenagem da área degradada RM16 0652600 6828696 Rio Maina á jusante da localidade de Vila Visconde no distrito de Rio Maina, Criciúma, após a drenagem da área degradada 25 PRAD CIDADE MINEIRA c) Coleta das Amostras As amostras foram coletadas em recipientes diferenciados, segundo o tipo de análise a ser efetuada. Cada recipiente foi devidamente etiquetado, para perfeita identificação do ponto amostrado, e acondicionado em caixas de isopor, até serem entregues no laboratório. As técnicas de coleta e preservação das amostras seguem a NBR 9898, de Jun/87, conforme resumido no quadro a seguir. Quadro 3 – Metodologia utilizada na coleta das amostras, onde, v: vidro e p: polietileno ou polipropileno. Parâmetro Frasco Preservação Prazo Metais V ou P Adicionar HNO3 até pH <2 6 meses pH V ou P Refrigerar a 4ºC 24 horas Sulfatos V ou P PH <8; refrigerar a 4ºC 7 dias d) Análises Laboratoriais Todas as amostras coletadas foram analisadas no laboratório conveniado entre a FATMA, Fundação do Meio Ambiente, e UNESC, Universidade do Extremo Sul Catarinense, instalado na Universidade, em Criciúma. A Tabela 3 apresenta os resultados analíticos nos pontos amostrados na área de estudo para os indicadores pH, acidez, Ferro Total, Manganês e Sulfato. As coletas foram realizadas nos dias 03.08.06. 26 PRAD CIDADE MINEIRA Tabela 3 – Dados de temperatura, pH, acidez, ferro total, manganês e sulfatos das águas superficiais na área de influência da área, Criciúma, SC. Código Temperatura água ºC pH Acidez -1 mg.L Ferro total -1 mg.L Manganês -1 mg.L Sulfatos -1 mg.L RS01 20,2 7,3 4,9 0,37 <0,01 <10 RS02 19 3,0 460,7 73,52 3,86 613 RS03 20 2,9 945,9 135,93 4,26 1063 RM04 20,2 7,6 3,9 0,20 <0,01 <10 RM05 20,0 2,8 1705 309,95 4,64 1930 RM06 20,0 3,1 774,4 197,53 5,08 1161 RS07 20,0 2,9 823,4 145,86 3,98 1082 RC08 20,0 6,5 30,6 6,45 0,75 114 RS09 20,0 2,9 588,1 110,71 3,13 768 RS10 20,0 3,0 666,5 131,76 3,63 424 RS11 20,0 6,0 11,8 0,58 0,16 138 RS12 20,0 3,2 1480,1 298,89 6,80 1804 RS13 20,0 3,0 622,4 114,81 3,55 824 DR14 22,0 2,7 1127,2 87,85 5,00 1385 DR15 21,0 2,5 4156,6 821,2 2,43 4303 RM16 22,0 2,7 2146,6 352,28 4,03 2163 e) Discussão dos Resultados Para melhor se descrever a situação encontrada na área de estudo, foram necessários alguns dados obtidos no Projeto de Monitoramento da Qualidade das Águas da Bacia Carbonífera Santa Catarina, realizado em convênio com CNPq, DNPM, SIECESC, UNESC e UNISUL. A Tabela 4 apresenta os resultados pH, acidez, ferro total, manganês e sulfatos nos pontos AR 30, AR 52, AR 53, AR 54 e AR 76. Tabela 4 – Dados de temperatura, pH, acidez, ferro total, manganês e sulfatos. Código pH acidez -1 Ferro total -1 Manganês -1 mg.L mg.L mg.L Sulfatos -1 mg.L AR30 2,9 358 49,38 2,05 487 AR52 2,7 1200 181,37 3,76 1426 AR53 2,8 760 131,27 2,95 975 AR54 2,7 636 184,82 2,91 1118 AR76 2,8 844 145,56 3,81 1140 Média de dez amostragens realizadas(IPAT/UNESC, 2004) 27 PRAD CIDADE MINEIRA Com relação aos pontos selecionados do projeto de monitoramento da Qualidade das Águas da Bacia Carbonífera Santa Catarina – Bacia do Rio Araranguá (IPAT/UNESC, 2004 ) tem-se os resultados para pH e acidez. A média de 10 amostragens no ponto AR 30, a montante da área de estudo, aponta os valores de pH 2,9 e acidez 359 mg.L-1, enquanto o ponto AR 76 a jusante da área de estudo, também no rio Sangão, foi de 2,8 para ph e 145,56 mg.L-1 para a acidez. Para esses indicadores de qualidade das águas amostradas no rio Sangão, rio Maina e Criciúma encontraram-se as seguintes amplitudes de variação: • pH 2,5 (DR15) a 7,6 (RM04); • acidez: 3,9 (RM04) a 4.156,6 mgCaCO3.L-1 (no ponto DR15). Em relação aos pontos amostrados no projeto de monitoramento da Qualidade das águas da Bacia do Rio Araranguá (IPAT/UNESC, 2004 ) tem-se os valores de ferro total, manganês e sulfatos. A tabela 5 apresenta os valores médios obtidos em dez campanhas de amostragem realizada no referido projeto. Tabela 5 – Concentração de ferro total, manganês e sulfatos no rio Sangão.Média de 10 amostragens campanhas de monitoramento (IPAT/UNESC, 2004) Código Ferro total -1 mg.L Manganês -1 mg.L Sulfatos -1 mg.L AR30 49,38 2,05 487 AR52 181,37 3,76 1426 AR53 131,27 2,95 975 AR54 184,82 2,91 1118 AR76 145,56 3,81 1140 Os resultados obtidos servem para reafirmar o que já se comentou anteriormente, ou seja, o comprometimento do rio Sangão, em decorrência das atividades de mineração ocorridas ao longo do seu curso em décadas passadas, além dos passivos ambientais existentes. Os resultados obtidos nos parâmetros ferro total, manganês e sulfatos, nas estações de amostragens para o referido estudo realizado em 06.08.2006 apontam os seguintes resultados: • para ferro total encontrou-se as seguintes amplitudes 0,20 mg.L-1 (no ponto RM04) a 821,2 mg.L-1 (no ponto DR15 ); • para manganês os valores variaram < 0,01 (no ponto RS01 ) a 6,80 ( no ponto RS12); • Os valores de sulfatos apresentaram também uma amplitude significativa, variando entre <10 a 4.303 mg.L-1. . 28 PRAD CIDADE MINEIRA f) Conclusão O sistema hídrico está comprometido de tal forma que o abastecimento das comunidades com água potável se aproxima dos níveis críticos, face aos mananciais remanescentes disponíveis. O rio Sangão também se encontra seriamente comprometido em praticamente toda a sua extensão, chegando nas proximidades da área de estudo em desacordo com o que estabelece a Resolução do CONAMA 357/05 como condições e padrões para águas de Classe II. Dessa forma, o principal curso d’água que drena a área de estudo, o rio Sangão, assim como seus afluentes que cortam esta área, encontra-se degradado nos quatro pontos de monitoramento aqui considerados. Esta sub-bacia tributária do rio Mãe Luzia é identificada como a mais poluída da região carbonífera do Estado de Santa Catarina. A quase totalidade desta degradação ambiental é devido à intensa lavra, beneficiamento e deposição desordenada de rejeitos que ali se desenvolveram. Os esgotos domésticos lançados sem qualquer tratamento nos dois principais afluentes do rio Sangão, rios Maina e Criciúma, principalmente na área urbanizada de Criciúma, associados a outras atividades industriais, contribuem com elevado percentual na carga poluidora. 1.5.3 – Memória Fotográfica 29 PRAD CIDADE MINEIRA 30 PRAD CIDADE MINEIRA 31 PRAD CIDADE MINEIRA 32 PRAD CIDADE MINEIRA 33 PRAD CIDADE MINEIRA 34 PRAD CIDADE MINEIRA 35 PRAD CIDADE MINEIRA 36 PRAD CIDADE MINEIRA 37 PRAD CIDADE MINEIRA 2 – Aspectos do Meio Biótico A vegetação marginal aos corpos de água tem recebido, nos últimos anos, atenção especial de diversos pesquisadores devido à importância que apresentam especialmente para os corpos de água. A denominação dessa vegetação apresentase bastante rica, em função mais provavelmente, da ampla distribuição e dos diferentes ambientes em que ocorre em todo território nacional. Dentre as denominações mais freqüentes para as formações arbóreas, estão, mata ciliar, floresta de galeria, mata aluvial ou ripária. (OLIVEIRA FILHO et al., 1995). Dentre as inúmeras citações relacionadas à importância das matas ciliares estão, manutenção do equilíbrio do ecossistema aquático, diversidade florística e estrutura genética de suas populações. A vegetação natural desempenha ainda papel fundamental para o equilíbrio dos ecossistemas, uma vez que abastecem os lençóis freáticos, contribuem para minimização dos efeitos erosivos sobre o solo, refugiam animais silvestres, além de serem importantes fontes de energia para a população. Logo, a sua retirada deve ter critérios e ser bem controlada nos mais variados ambientes (GUTBERLET, 1996). No entanto, no Sul de Santa Catarina o processo de degradação dos recursos naturais tornou-se alarmante e provavelmente irreversível, já que em algumas regiões a vegetação foi suprimida para extração do carvão mineral e expansão das áreas agrícolas e pecuárias, restando apenas formações secundárias, em diferentes estádios sucessionais (SANTOS, 1997). A degradação ambiental provocada por todas as etapas envolvidas na extração de carvão, atua negativamente na qualidade ambiental sob diversos aspectos. Os recursos hídricos, o solo e a qualidade do ar sofrem influência direta destas atividades, contribuindo intensamente para o desaparecimento da fauna e flora dos ecossistemas (BORTOT; ZIM-ALEXANDRE, 1995). A contaminação das águas subterrâneas e superficiais em Criciúma se mantém em constante atividade devido a três fatores de grave importância: nas bacias hidrográficas dos rios Araranguá, Tubarão e Urussanga, encontram-se depositados mais de 370 milhões de metros cúbicos de rejeitos e estéreis oriundos da indústria carbonífera; as águas não aproveitadas nos circuitos de beneficiamento de carvão e rejeitos terminam infiltrando-se nas bacias de decantação ou mesmo contaminando diretamente os recursos hídricos da região; nessa vazão, não estão incluídos os volumes e calculos de drenagem ácida geradas por minas abandonadas ou paralisadas sem as devidas medidas de impermeabilização ou qualquer tipo de tratamento dos efluentes (CETEM; CANMET, 2000). Na área de estudo, as principais fontes de geração da drenagem ácida são os depósitos de rejeitos, estéreis ou concentrados de sulfetos expostos às intempéries. A presente área de estudo encontra-se ainda totalmente urbanizada, restando apenas áreas próximas ao rio Sangão, o qual encontra-se comprometida praticamente em toda a sua extensão pela mineração de carvão. 38 PRAD CIDADE MINEIRA 2.1 – Metodologia O estudo da flora envolveu reconhecimento e descrição da vegetação presente na área do empreendimento, localizado na Cidade Mineira, Criciúma. Para o estudo qualitativo da vegetação utilizou-se o Método Expedito por caminhamento (FILGUEIRAS et al., 1994), percorrendo algumas ruas da área de estudo, onde atualmente encontra-se totalmente urbanizada e margens do rio Sangão entre as coordenadas 655.080/6.824.919 e 654.743/6.825.750. Foram utilizadas fotografias aéreas 1:20.000 coloridas (fotointerpretação), obtidas em aerolevantamento no ano 2002, as quais foram compiladas por profissionais da Geológica em uma única carta geo-referenciada. De posse desta carta foi realizado um trabalho de campo visando reconhecimento prévio da vegetação do local. Para a realização do presente estudo, elaborou-se ainda uma ficha constando das seguintes informações: nomes científico e popular das espécies identificadas e família botânica. As informações serviram de base para elaboração de tabelas relativas a duas categorias (nativas e exóticas). No estudo florístico, a apresentação das famílias seguiu-se as propostas de Tryon e Tryon (1982) para Pteridophyta e Cronquist (1988) para Magnoliophyta. Os nomes científicos, bem como sua autoria, foram confirmados de acordo com The International Plant Names Index (IPNI). 2.2 – Resultados Na área de estudo foram identificadas 29 famílias, constando de 53 espécies arbustivo-arbóreas, entre as ruas da área de estudo. Tabela 2 – Relação das espécies amostradas no levantamento florístico, entre as ruas da área de estudo, Cidade Mineira, Criciúma. Família Nome científico Nome popular EXÓTICA ANACARDIACEAE Mangifera indica L. mangueira APOCINACEAE Nerium oleander L. espirradeira APOCINACEAE Plumeria rubra L. jasmim-manga Archontophoenix cunninghamii H. Wendl. & ARECACEAE seafortia Drudi ARECACEAE Caryota urens L. palmeira ARECACEAE Livistona australis (R.Br.).Mart. falsa-latania jacarandáBIGNONIACEAE Jacaranda mimosiifolia Don. mimoso BIGNONIACEAE Spathodea campanulata P. Beauv. espatódea CAESALPINIACEAE Bauhinia variegata L. pata-de-vaca CAESALPINIACEAE Cassia fistula L. cassia imperial CAESALPINIACEAE Delonix regia (Bojer ex Hook.) Raf. flamboyant CAESALPINIACEAE Tipuana tipu (Benth.) Kuntze tipuana, tipa CASUARINACEAE Casuarina cunninghamiana Miq. casuarina COMBRETACEAE Terminalia catappa sete-copas cipresteCUPRESSACEAE Cupressus lusitanica Mill. mexicano 39 PRAD CIDADE MINEIRA CUPRESSACEAE DILLENIACEAE EUPHORBIACEAE Cupressus sempervirens L. Dillenia indica Blanco Euphorbia cotinifolia L. EUPHORBIACEAE Aleurites moluccana (L.) Willd. LAURACEAE LYTHRACEAE MAGNOLIACEAE MALVACEAE MELIACEAE MORACEAE MORACEAE MYRTACEAE MYRTACEAE MYRTACEAE MYRTACEAE OLEACEAE PLATANACEAE PROTEACEAE RUTACEAE SCROPHULARIACEAE THEACEAE ANACARDIACEAE Persea americana Mill. Lagerstroemia indica L. Michelia champaca L. Hibiscus rosa-sinensis L. Melia azedarach L. Fícus benjamina L. Ficus elastica Roxb. Eucaliptus saligna Sm. Psidium guajava L. Syzygium cuminni (L.) Skeels Syzygium jambos (L.) Alston Ligustrum lucidum W.T.Aiton Platanus acerifolia (Aiton) Willd. Grevillea robusta A. Cunn. ex R. Br. Citrus sinensis Osbeck Paulownia fortune (Seem.) Hemsl. Camelia japonica L. NATIVA Schinus terebinthifolius Raddi ARAUCARIACEAE Araucaria angustifolia (Bert.) Kuntze ARECACEAE ARECACEAE BIGNONIACEAE BIGNONIACEAE BOMBACACEAE CAESALPINIACEAE CAESALPINIACEAE CAESALPINIACEAE CECROPIACEAE EUPHORBIACEAE MELASTOMATACEAE MIMOSACEAE MIMOSACEAE MORACEAE SAPINDACEAE Euterpe edulis Mart. Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassm. Tabebuia avellanedae Lor. ex Griseb. Tabebuia umbellata (Sond.) Sandwith Chorisia speciosa St. Hill. Senna multijuga (L.C.Rich.) Irwin &Barneby Schizolobium parahyba (Vell.) Blake Senna macranthera (Collad.) Irwin et Barn. Cecropia glaziovi Sneth. Alchornea glandulosa Poepp.& Endl. Tibouchina sellowiana (Cham.) Cogn. Inga marginata Willd. Mimosa bimucronata (DC.) O. Kuntze Ficus enormis Mart. ex Miq.) Miq. Matayba elaeagnoides Radlk. cipreste-italiano flor-de-abril leiteiro-vermelho nogueira de iguape abacateiro extremosa magnólia-amarela hibisco cinamomo figueira-benjamin falsa-seringueira eucalipto goiaba jambolão jambo-amarelo alfeneiro plátano grevílea laranjeira kiri camélia aroeira pinheiro-doparaná palmito jerivá ipê-roxo ipê-amarelo paineira aleluia guapuruvú fedegoso embaúba tanheiro quaresmeira ingá-feijão Maricá gameleira camboatá-branco 40 PRAD CIDADE MINEIRA Do total de espécies amostradas, 36 ou 68% são representados por espécies exóticas e apenas 17 ou 32% por nativas (figura 9). 32% Exóticas Nativas 68% Figura 9 – Relação das espécies exóticas e nativas amostrada na área de estudo, Cidade Mineira, Criciúma Dentre as espécies exóticas é evidente o maior número de indivíduos Ligustrum lucidum W.T.Aiton (alfeneiro) e Melia azedarach L. (cinamomo) nas ruas e casas da presente área de estudo (figura 10). Figura 10 – Aspecto geral de Ligustrum lucidum (A) e Melia azedarach (B), espécies estas, com maior representatividade na área de estudo. 41 PRAD CIDADE MINEIRA Já no entorno do rio Sangão, em uma área de 985 metros de extensão foram amostradas principalmente espécies herbáceas representadas por Axonopus compressus (Sw.) P. Beauv. (sempre-verde), Andropogon bicornis L. (capim-rabode-burro), Melinis minutiflora P. Beauv. (capim-gordura), Paspalum saurae (Parodi) Parodi (pensacola), Bambusa sp. (bambu), Brachiaria sp. (capim), Pityrogramma calomelanos (Linn.) Link (avenca-branca), Pteridium aquilinum (L.) Kuhn (samambaia-das-taperas) Achyrocline satureioides (DC.) Lam. (marcela-do-mato), Baccharis spp. (carqueja), Vernonia scorpioides (Lamarck) Persoon (erva-sãosimão) e Musa sp. (bananeira) (figura 11). Entre os arbustos, destacou-se Ricinus communis L. (mamona). As árvores foram representadas principalmente por Mimosa bimucronata (DC.) O. Kuntze (marica) e Eucalyptus saligna Sm. (eucalipto) (figura 12). Nas figuras 11 e 12, é possível observar claramente a drenagem ácida formada em virtude da oxidação da pirita contida nos rejeitos do beneficiamento do carvão mineral, com forte coloração vermelho-laranja, decorrente da alta concentração em íons Fe3+. Figura 11 – Aspecto geral de Pteridium aquilinum e Andropogon bicornis no entorno da margem do rio Sangão, Cidade Mineira, Criciúma. 42 PRAD CIDADE MINEIRA Figura 12 – Aspecto geral de Mimosa bimucronata e Eucalyptus saligna desenvolvendo-se em rejeito do beneficiamento do carvão mineral no entorno da margem do rio Mãe Luzia, Cidade Mineira, Criciúma. 3 – Aspectos Sócio-econômicos Locais A antiga Cidade Mineira constituía uma importante vila operária de trabalhadores das diversas minas de carvão situadas entre o Metropol, Rio Maina, Santa Luzia, Sangão e Mina União. À medida que a mineração foi deixando estas áreas degradadas e a urbanização foi evoluindo, muitos loteamentos foram instalados sobre rejeitos de carvão aterrados. O próprio poder público utilizava-se dos rejeitos do carvão para fazer aterros e ”pavimentar” ruas e em áreas mais carentes. A antiga vila mineira apresenta atualmente, uma densa urbanização composta basicamente de residências de classe média baixa, havendo comércio pouco expressivo e uma forte expansão industrial que vem favorecendo a economia local. No entorno dos atuais bairros: Cidade Mineira, Mineira Nova, Mineira Velha, Imperatriz, São Francisco, Mina União e Santa Augusta, existem grandes áreas degradadas em processo de recuperação, margeando o rio Sangão, que cruza toda a área, recebendo o aporte de águas ácidas das áreas ainda não recuperadas e os efluentes domésticos das áreas urbanizadas. O quadro de degradação ambiental vem apresentando melhoras em função das recuperações ambientais em andamento, porém, é preciso analisar a degradação social que vem se instalando nas áreas mais carentes, em função da baixa renda e escolaridade, levando a um aumento do tráfico de drogas, roubos e violência. • Localização e caracterização O Bairro Imperatriz situa-se na margem direita do rio Sangão, no município de Criciúma, entre os bairros Mineira Nova e a Mineira Velha, ao norte do acesso ao aeroporto Diomício Freitas. 43 PRAD CIDADE MINEIRA O bairro estende-se da Avenida Caeté, que inicia na SC – 446, próximo ao trevo do Aeroporto, até a Ferrovia Tereza Cristina, sendo cortado ao meio pelo rio Sangão. A Avenida Caeté, onde inicia o bairro imperatriz, liga a Avenida Universitária (SC – 446) a Avenida Luiz Lazarin, tendo lojas, lanchonetes, agropecuária e ponto de ônibus. Já a parte do bairro entre a avenida e o rio, é exclusivamente residencial, havendo duas oficinas e mercearias, apenas. Na margem esquerda do rio, a ocupação apresenta melhor padrão e mais infra-estrutura, seguindo até a Ferrovia Teresa Cristina. O foco desta análise são três áreas de aproximadamente 5 hectares cada uma aproximadamente, situadas entre a avenida Caeté e o rio Sangão (na margem direita) atualmente ocupadas por população de baixa renda. Não há sinais de rejeitos de mineração nas áreas ocupadas, pois foram aterradas, porém, ao longo do rio nota-se a presença de rejeitos de carvão que fornecem um aporte de águas ácidas. O entorno do bairro, constituído de áreas residenciais e áreas degradadas de mineração em processo de recuperação ambiental, vem se configurando num distrito industrial com a presença de metalúrgicas, tecelagens e indústrias químicas. A primeira área fica entre a Rua Arcângelo Meller (sul), rua Lourenço Zanete (norte) e o Rio Sangão (leste). À medida que a ocupação se aproxima do rio, separada deste por uma via marginal de 15, as edificações e a infra-estrutura ficam mais precárias. As quadras e os lotes são assimétricos tendo menos de 300m², estendendo-se ao longo de vielas sinuosas, caracterizando uma área invadida. As ruas são esburacadas, sem calçadas ou drenagem, o que causa transtorno aos moradores, pois a maioria não possuir automóveis. O posteamento é antigo, de madeira e o esgoto é encaminhado diretamente ao rio. As edificações não seguem nenhuma especificação urbanística e as ruas não tem denominação. Figura 13 – Ocupação a 15 metros do Rio Sangão A segunda área fica entre as ruas Osvaldo Gomes (Sul) e Luis Manoel Rodrigues (norte) e as ruas 575 (oeste) e 579 (leste). Esta área também apresenta 44 PRAD CIDADE MINEIRA características de invasão pela disposição caótica das edificações, falta de divisão de lotes e falta de estrutura urbanística. Neste trecho há uma ocupação mais forte da margem do rio, após uma via marginal, havendo residências a menos de 10 metros do rio. Há uma ponte ligando à outra margem que também integra o bairro Imperatriz, porém, possuindo áreas urbanizadas com ruas calçadas, lotes regularizados e residências de melhor padrão, apesar do esgoto também ser destinado ao rio. Figura 14 – Edificações nas margens do rio Sangão, que recebe lixo e esgoto desta área Figura 15 – Ponte sobre o Rio Sangão na rua Osvaldo Gomes A terceira área fica entre as ruas 775 (sul) e Alexandre Mondai (norte). É constituída de seis quadras urbanizadas, com ruas calçadas e lotes alinhados, porém, próximo ao rio existem áreas invadidas. Segundo os moradores, é o único loteamento regular desta área, tendo sido as demais áreas invadidas. As residências de classe média baixa apresentam melhor padrão em relação aos casebres da beira rio e das áreas invadidas. 45 PRAD CIDADE MINEIRA Figura 16 – Ruas calçadas e casas de melhor padrão no loteamento regular Figura 17 – Estradas esburacadas e sem drenagem da parte invadida contrastam com o calçamento e as bocas de lobo do loteamento regular • Aspectos demográficos Existem aproximadamente 400 residências na área analisada, estimando-se, de acordo com a amostragem realizada, uma população de aproximadamente 1500 pessoas, sendo que o espaço encontra-se praticamente saturado em relação à ocupação. O número é expressivo para o tamanho da área, devido às características dos lotes, de tamanho reduzido e baixa renda da população, que em geral, indica altos índices populacionais com elevado número de jovens e crianças como se verificou no local. Um aspecto que chama atenção no local é o elevado número de igrejas evangélicas, havendo seis estabelecimentos religiosos em apenas 15 quadras. Uma parcela 46 PRAD CIDADE MINEIRA elevada da população negra do local habita as residências próximas ao rio, indicando um padrão de exclusão social da população negra nas áreas mais carentes do município. Outro dado importante relatado pelos moradores é o fato de que a área foi invadida em época de eleição há mais de uma década, sendo que os moradores atuais, em geral, não são os mesmos que se estabeleceram inicialmente no local. Com a invasão do lote e sua valorização, invasor pode vendê-lo e obter uma nova moradia mais digna, sendo que este ciclo se repete até hoje, havendo vários lotes à venda. • Aspectos sócio-econômicos A população é constituída por mineiros aposentados, donas de casa, pedreiros, empregadas domésticas, catadores de papelão e metal, prestadores de serviços e funcionários dos estabelecimentos locais. O setor secundário vem crescendo, o que para os moradores representa uma perspectiva de renda e infra-estrutura melhor na comunidade. Os trabalhadores que ficam na comunidade distribuem-se nos estabelecimentos comerciais e industriais, ou realizando serviços informais e os demais se deslocam para outras localidades diariamente para trabalhar. Há um alto índice de desemprego de jovens e adultos gerado pela baixa escolaridade, o que estimula as invasões em busca de uma virtual segurança para a família. • Infra-estrutura O acesso até a comunidade se dá através da Avenida Caeté, que é asfaltada e tem linhas de ônibus. Algumas ruas da área analisada são pavimentadas com lajota, constituindo os loteamentos regularizados e com melhor renda e estrutura. O restante das vias é de chão batido e sem drenagem, sendo algumas, sinuosas e estreitas, nas áreas invadidas. Existem linhas regulares de transporte coletivo e grande parte dos moradores não possui veículo próprio. Os serviços públicos, como os postos de saúde, se encontram nos bairros próximos e as crianças estudam nas escolas da Mina União e da Cidade Mineira. Há no bairro apenas estabelecimentos comerciais de pequeno porte, incluindo farmácia, mercado, lojas, bares, oficinas e ferro-velho. • Abastecimento de água O abastecimento de água fica a cargo da CASAN de Criciúma, que atende todas as residências, às vezes com mangueiras vindas da casa vizinha. Não há utilização de poços artesianos ou fontes naturais. Não há rede de esgoto, sendo que os resíduos são enviados para fossas e sumidouros individuais ou são destinados diretamente no rio Sangão. 47 PRAD CIDADE MINEIRA Figura 18 – Tubulação da CASAN cruzando a área • Uso do Solo Não há qualquer utilização da terra para fins de cultivo ou criação de animais, pois a área encontra-se com uma ocupação residencial quase saturada, havendo poucos imóveis desocupados. No entorno da área, devido ao histórico de degradação, a ocupação é densa e não há atividade agrícola, com exceção de uma propriedade localizada no inicio da Avenida Caeté onde há plantio de milho. Nas demais áreas não residenciais a implantação de indústrias vem se expandindo, havendo grandes áreas recuperadas ou em processo de recuperação que podem ser destinadas a esta atividade. 48 PRAD CIDADE MINEIRA MÓDULO IV – IMPACTOS AMBIENTAIS Fontes de Poluição Uma das características peculiares do rejeito de carvão são as variações nas concentrações em enxofre, ocasionadas pelos diferentes tipos de rejeito e de granulometria. Este material quando depositado de forma desordenada, sem controle ambiental, é exposto ao oxigênio e à umidade, o que gera condições propícias à oxidação dos minerais presentes, em particular da pirita. A lixiviação gerada forma águas ácidas, comumente conhecidas por Drenagem Ácida de Mina (DAM) - ricas em metais como ferro, manganês e zinco, além de outros elementos menores ou traços. Dessa forma, pode-se considerar que dois aspectos assumem importância quando da avaliação dos impactos ambientais causados pela geração de DAM. O primeiro é o fato de que o impacto não fica restrito à área minerada, podendo contaminar os recursos hídricos e alcançar áreas circunvizinhas ao empreendimento. O segundo é o de que a reação química envolvida no processo é extremamente lenta, podendo o fenômeno persistir durante anos, mesmo depois de esgotado o depósito mineral (Alexandre e Krebs, 1995; Mendonça et al, 2002). Partindo-se deste pressuposto, serão identificadas as principais fontes de poluição encontradas na área estudada, junto ao bairro denominado de Cidade Mineira. • Depósitos de Rejeitos Disseminados O rejeito de carvão depositado na área de estudo se constitui de folhelho carbonoso e pirita, com coloração cinza-escuro a preta. O rejeito apresenta-se em pequenos blocos, com granulometria de 1 cm a 10 cm, caracterizando-se como resíduo proveniente de processos de beneficiamento de carvão mineral. Encontra-se depositado pelas estradas, no leito do rio Maina e Sangâo e sob os terrenos das residências em toda área urbana estudada. Trata-se, sem dúvida, da principal fonte de poluição presente nas três áreas. Segundo relato de moradores, em décadas passadas a extração de carvão nessa região foi realizada em subsolo, tendo sido uma porção da área minerada a céu aberto. Na faixa que circunda as margens do rio Sangão desde a avenida Assembléia de Deus até o leito do rio Maina, situado à montante da área, o carvão foi extraído a céu aberto. Dessa porção em diante (sentido leste a oeste) a mineração ocorreu em subsolo. • Drenagem Ácida de Mina – DAM A qualidade da DAM é determinada pela presença de sulfetos que, expostos às condições atmosféricas, são oxidados, gerando acidez. A quantidade potencial de geração de acidez depende da quantidade total e do tipo de sulfeto presente (Mello e Abrahão, 1998; Borma e Soares, 2002; Progesc, 1995). 49 PRAD CIDADE MINEIRA A alteração da qualidade da água pode ocorrer pela lixiviação do material piritoso ou estéreis e pela erosão do solo. Quando o material piritoso entra em contato com a água, ele oxida-se e forma sulfato ferroso, o que reduz o pH e prejudica a vida aquática. No caso da área estudada, a coloração das águas do rio Maina e do Sangão (Figuras 3, 4 e 5) indica a presença de metais dissolvidos em meio aquoso, principalmente por existirem outras áreas degradadas pela mineração de carvão situadas à montante. Por outro lado, a presença significativa de rejeito com diferente granulometria depositado próximo às margens dos rios, na porção que circunda a área de estudo, bem como nas estradas e sob as residências, deve estar contribuindo para degradar a qualidade das águas. • Resíduos e Efluentes Domésticos A disposição desordenada de resíduos domésticos e, principalmente, de esgotos domésticos a céu aberto como visto nas margens e no leito do rio Maina a montante e do Sangão no próprio bairro, contribuem para a degradação da qualidade das águas superficiais e principalmente por serem vetores de doenças contagiosas. 50 PRAD CIDADE MINEIRA MÓDULO V – PROPOSIÇÃO DE COMPENSATÓRIAS MEDIDAS MITIGADORAS E Por se tratar de uma área urbana densamente habitada com suas ruas pavimentadadas, com casas de alvenaria ou mistas em sua maioria, não existe possibilidade de realizar-se a retirada dos rejeitos espalhados sob os terrenos habitados. Nota-se ainda o bom estado de conservação dos jardins da maioria das habitações locais. Neste sentido, sugere-se que se mantenham as residências existentes como estão, bem como a conservação da pavimentação asfáltica da maioria das vias urbanas locais. Porém, sugere-se o monitoramento das drenagens superficiais e subsuperfícies para acompanhamento das modificações dos recursos hídricos desta região. 51 PRAD CIDADE MINEIRA MÓDULO VI - AÇÕES DE RECUPERAÇÃO Por se tratar de uma área urbana densamente habitada com suas ruas pavimentadadas, com casas de alvenaria ou mistas em sua maioria, não existe possibilidade de realizar-se a retirada dos rejeitos espalhados sob os terrenos habitados. Nota-se ainda o bom estado de conservação dos jardins da maioria das habitações locais. Neste sentido, sugere-se que se mantenham as residências existentes como estão, bem como a conservação da pavimentação asfáltica da maioria das vias urbanas locais. Porém, sugere-se o monitoramento das drenagens superficiais e subsuperfícies para acompanhamento das modificações dos recursos hídricos desta região. As residências dentro da faixa de APP – Áreas de Preservação Permanente deverão ter um programa governamental (municipal/estadual) para suas remoções. 52 PRAD CIDADE MINEIRA MÓDULO VII – PROGRAMA DE MONITORAMENTO O programa de acompanhamento ambiental aqui proposto está relacionado ao cadastramento de possíveis fraturas, subsidências, surgências de água de mina, bocas de minas entre outros problemas relacionados à extração de carvão, bem como à caracterização atual dos recursos hídricos e o acompanhamento dos parâmetros ao longo de um período de cinco anos. O acompanhamento da evolução da qualidade das águas subterrâneas é de grande importância para a avaliação da contribuição das fontes poluidoras superficiais e subsuperficiais na degradação dos recursos hídricos subterrâneos. Assim, prevê-se a instalação de 6 (seis) piezômetros no aqüífero freático e de outros 4 (quatro) no aqüífero profundo, conforme tabela 3 a seguir e ilustrado no mapa com os pontos de monitoramento em anexo. O monitoramento das águas subterrâneas deverá ser realizado com freqüência semestral e por período indeterminado. Os parâmetros de qualidade são os previstos na Resolução 357/2005 e no Decreto Estadual 14.250/1981. Cabe salientar que a coleta das amostras deverá se dar no dia seguinte após o esvaziamento do poço por bombeamento, para se promover, dessa forma, uma amostragem representativa da qualidade real da água do aqüífero. Na construção dos piezômetros deverão ser coletados testemunhos de sondagem para a caracterização química e mineralógica do rejeito. As amostras deverão ser classificadas segundo a NBR 10004 – Resíduos sólidos. 53 PRAD CIDADE MINEIRA Tabela 6 – Localização das estações de monitoramento dos recursos hídricos Código Coordenadas UTM Descrição dos Pontos de Coleta Leste Norte RS01 0654137 6833782 Rio Sangão em sua nascente, localizada na subida do morro que dá acesso ao município de Siderópolis RS02 0656432 6832734 Rio Sangão a montante da unidade mineira São Geraldo na localidade de são Jorge, município de Siderópolis.. RS03 0655954 6829299 Rio Sangão próximo á ponte na Rod. SC-445 junto ao trevo de acesso ao bairro Laranjinha, no município de Criciúma. RM04 0651710 6829048 Rio Maina próximo á sua nascente no distrito de Rio Maina, município de Criciúma.. RM05 0652395 6828941 Afluente do rio Maina apósá montante da ára degradada no bairro Vila Visconde próximo ao trevo de acesso ao distrito de Caravágio. RM06 0653100 6827329 Rio maina próximo a ponte no bairro macarini no distrito de Rio Maina, município de Criciúma RS07 0654748 6825779 Rio Sangão após confluência com o rio maina, no bairro Boa Vista ,município de Criciúma. RC08 0656566 6825534 Rio Criciúma, a montante da área degradada COCALIT, no bairro Paraíso, município de Criciúma. RS09 0654603 6824076 Rio Sangão próximo á ponte da Rodovia que liga a UNESC ao bairro Santa Luzia em Criciúma. RS10 0655589 6820225 Rio Sangão próximio á ponte de ferro da Estrada Tereza Cristina, no interior da área degradada da antiga ICC. RS11 0653497 6820082 Lagoa contribuinte do rio Sangão no interior da área da Cooperminas no bairro Santa Líbera em Forquilhinha. RS12 0653622 6818983 Drenagem no interior da área de rejeitos da Carbonífra Belluno no bairro Sangão, município de Forquilhinha. RS13 0653684 6818101 Rio Sangão próximo á ponte na Rod. SC446 no Bairro Sangão, município de Criciúma., DR14 0654156 6829863 Drenagem oriunda da área degradada no bairro Metropol em Criciúma DR15 0652611 6828735 Drenagem da área degradada RM16 0652600 6828696 Rio Maina á jusante da localidade de Vila Visconde no distrito de Rio Maina, Criciúma, após a drenagem da área degradada PZP 10 0654278 6826401 Piezômetro profundo montante Cidade Mineira PZP 11 0654123 6825913 Piezômetro profundo montante Cidade Mineira PZP 12 0654106 6825325 Piezômetro profundo centro Cidade Mineira PZP 13 0654479 6824834 Piezômetro profundo jusante Cidade Mineira PZF 02 0653881 6826015 Piezômetro freático Cidade Mineira PZF 01 0654192 6826130 Piezômetro Freático Cidade Mineira PZF 03 0654495 6825794 Piezômetro Freático Cidade Mineira PZF 05 0653741 6825213 Piezômetro Freático Cidade Mineira PZF 04 0654439 6825279 Piezômetro Freático Cidade Mineira PZF 06 0654667 6825121 Piezômetro Freático Cidade Mineira 54 PRAD CIDADE MINEIRA Equipe Técnica A empresa de consultoria contratada, Geológica Engenharia e Meio Ambiente Ltda, devidamente registrada no CREA/SC sob n.° 053.263-0 e junto ao IBAMA sob n.o 4/42/2000/000005-9 na Categoria n.o 5002 – Consultoria Técnica Ambiental – Classe 6.0 Pessoa Jurídica, constituiu a equipe multidisciplinar composta pelos seguintes profissionais: Rafael de Souza Lopes – Geólogo Leo Antonio Rübensam – Engenheiro de Minas Eduardo Pereira Krebs – Engenheiro Ambiental Nadja Rigoni Medeiros – Engenheira Sanitarista e Ambiental Alecsandro Schardosim Klein - Biólogo, M.Sc. José Ricardo Albuquerque Vaz – Engenheiro Agrônomo Carlos Alberto Lopes – Químico Industrial Jadna Scussel Dalmolin – Engenheira Civil Consultor convidado: Geólogo Dr. Antônio José Jornada Krebs (Hidrogeologia) 55 PRAD CIDADE MINEIRA Referências Bibliográficas ALEXANDRE, N.Z.; KREBS, A.S.J.; NOSSE, E. de O.; VIERO, A.C. 1995. Fontes de Poluição no Município de Criciúma, SC. Porto Alegre : CPRM. 1v. (Série Degradação Ambiental, v.8). (Programa de Informações Básicas para Gestão Territorial de Santa Catarina – PROGESC). ALEXANDRE, N.Z. & KREBS, A.S.J. 1995. Qualidade das Águas Superficiais do Município de Criciúma, SC. Porto Alegre: CPRM. 1 v. (Série Recursos Hídricos, v.6). (Programa de Informações Básicas para Gestão Territorial de Santa Catarina – PROGESC). ÁVILA, E. L. Caracterização hidrogeológica e hidroquímica da Formação Rio Bonito na região de Criciúma e adjacências. Rio Grande,1992. 1 v. 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