ENSINO DE HISTÓRIA E CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES: DILEMAS PERSISTENTES HISTORY TEACHING AND IDENTITIES CONSTRUCTION: PERSISTENT DILEMMAS Jean Carlos Moreno1 RESUMO A questão da construção de identidades é um problema de longa duração para o ensino de História. Ensinar história e formar identidades são projetos intrínsecos, inseparáveis em suas intencionalidades. Esta problemática retornou, ainda com maior intensidade, à ordem do dia na primeira década do século XXI. A presente comunicação tem por objetivo apresentar as reflexões e resultados incipientes de pesquisa, em nível de doutorado, em desenvolvimento na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), sob orientação do professor Milton Carlos Costa. Com o título “QUEM SOMOS NÓS? Apropriações e representações sobre a identidade nacional em manuais didáticos (1971-2007)” a pesquisa procura relacionar a escolha de conteúdos e abordagens de editores e autores dos manuais didáticos com os dilemas e discussões em torno da identidade por que passa a sociedade brasileira contemporânea. Palavras-chaves: livros didáticos; identidade nacional; cultura escolar. ABSTRACT: The question about the identity’s construction is a long time problem for the history teaching. Teach history and educate identities are intrinsic projects, inseparables in their intentions. This problematic returned, the intensity even bigger, in the XXI century first decade. Our presentation lens to show research reflections and initial results of it, doctorate standard, developing in the State University Paulista Júlio de Mesquista Filho (UNESP), oriented by professor Milton Carlos Costa. The research, with the title “WHO ARE US? Appropriations and representations about national identity in teaching materials (1971-2007)”, intents to consider the contents choices and the writers and editors approaches relation to the dilemmas and discussions around of the identity that the Brazilian society lives nowadays. Keywords: textbook, national identity, school culture. Em sua edição de junho de 2010, uma revista de grande circulação em bancas de jornal, a Superinteressante, do grupo Abril, trazia como matéria de capa, a seguinte chamada “19 mitos que você aprendeu sobre o Brasil”. Logo abaixo vinha a legenda “Saiba como uma geração de historiadores está reescrevendo tudo que nos ensinaram na escola”. Na referida capa, uma única 1 Doutorando em História e Sociedade pela UNESP. Professor de Metodologia e Didática do Ensino de História na Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Líder do Grupo de Pesquisa Ensino de História (UENP). ANPUH-PR; DEHIS – Irati. Anais do XII Encontro Regional de História e VI Semana de História: Regiões, imigrações, identidades, de 09 a 12 de Outubro de 2010. ANPUH-PR, UNICENTRO: Irati, 2010. ISSN: 2178-8588. Disponível em www.eventosanpuhpr.com imagem: uma banana (sim: um dos mitos que os novos historiadores estão derrubando é de que a banana seria nativa do país). Para além deste lado tragicômico, a matéria principal, assinada pelo jornalista Leandro Narloch, autor do Guia Politicamente Incorreto2 da História do Brasil, pode nos fazer pensar sobre os usos sociais do discurso histórico e, mais especialmente, sobre as relações entre a história escolar e a história acadêmica. No editorial da revista, Sérgio Gwercman, diretor de redação, apontava a “fragilidade de alguns conceitos que aprendemos na escola”, a importância de “não se deixa enganar por falsas verdades” e o propósito da matéria de revelar “o verdadeiro passado do Brasil” (grifos meus). Embora prolixo, o eixo central do texto de Narloch assentava-se sobre questões relativas à escravidão e à situação de africanos e indígenas na América Portuguesa. Evidentemente que o discurso da revista não paira no ar e está em relação com um contexto e com outros discursos que circulam no mesmo período. Ainda que não revele no artigo, Narloch está dialogando, nitidamente, com um momento histórico permeado por discussões e polêmicas que giram em torno dos usos do discurso histórico no presente, em especial com as questões suscitadas desde a publicação da Lei nº 10639, 09 de janeiro de 2003 sobre a obrigatoriedade do estudo da História da África e cultura afro-brasileira e suas decorrências3. Há algum tempo os pesquisadores constatam que “o passado tornou-se, em função de memórias concorrentes, objeto de interesse e de uso político de muitos grupos, independentemente da ação ou explicação dos historiadores (ABREU; MATTOS; DANTAS, 2009, p. 181). No caso específico, dos discursos sobre as desigualdades étnico-raciais, estamos, claramente, diante de um passado que se recusa a passar. Como um ato eminentemente político, qualquer projeto educacional - e o discurso histórico escolar é um deles - revela sempre um posicionamento sobre quem somos e quem desejamos ser. 2 Pelo pouco que conseguimos apurar, até este momento, os “Guias do Politicamente Incorreto” não são uma invenção brasileira, mas fazem parte de um conjunto de ações, ou melhor, de reações da tradição conservadora norte-americana às conquistas das chamadas minorias que se processam desde os finais dos anos 1960, dentre elas, direitos civis, políticas de reparações à escravidão, feminismo, discurso ecológico-ambiental, etc... Assim tem-se The Politically Incorrect Guide to American History; The Politically Incorrect Guide to Islam; The Politically Incorrect Guide to Women, Sex, and Feminism; The Politically Incorrect Guide to Hunting; The Politically Incorrect Guide to The Sixties; The Politically Incorrect Guid to the Vietnam War. A análise ainda incipiente destas obras mostra que seus autores se aproveitam das fragilidades da história oficial e, especialmente, de uma história “à esquerda” (com relação à participação popular e às desigualdades sociais) para instaurar um discurso relativista, utilizando em seus textos resultados de análises acadêmicas, ou, nas suas palavras, “científicas”. 3 Refiro-me à Resolução nº1, de 17/06/2004, do Conselho Nacional de Educação, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura AfroBrasileira e à Lei nº 11645, 10 de março de 2008 que inclui os Povos Indígenas, bem como a uma série de ações e debates que vêm se procedendo em torno deste assunto. ANPUH-PR; DEHIS – Irati. Anais do XII Encontro Regional de História e VI Semana de História: Regiões, imigrações, identidades, de 09 a 12 de Outubro de 2010. ANPUH-PR, UNICENTRO: Irati, 2010. ISSN: 2178-8588. Disponível em www.eventosanpuhpr.com 1. Quem Somos nós? As discussões sobre quem somos nós, os brasileiros - na busca de uma identidade nacional -, foram colocadas e recolocadas em pauta desde o século XIX. Movimentos sociais, artísticos, culturais e mesmo o próprio Estado propuseram diversas rearticulações sobre o tema em torno de “o que” (ou quem) o Brasil e os brasileiros foram, são e se tornarão. No mundo acadêmico não foi diferente. Em trabalho que já completa uma década de publicação, José Carlos Reis analisou trajetórias de intelectuais cujos trabalhos, ensaísticos e acadêmicos, produziram impactos significativos sobre a imagem do Brasil como Estado e como Nação. Como fio condutor tomou as diferentes maneiras de perceber o tempo histórico: “nas interpretações sucessivas percebem-se as concepções diferenciadas do tempo histórico brasileiro que em cada momento da história do Brasil puderam ser formuladas” (REIS, 2002, p. 13). Em tom poético, mas não menos profundo, Alberto da Costa e Silva também nos mostrou que passamos um século XX inteiro a debatermos e nos debatermos na busca de uma auto-imagem que nos trouxesse certezas sobre nossos rumos e decisões em cada presente vivido. De Afonso Celso a Roberto DaMatta, de Nina Rodrigues a Florestan Fernandes, de Silvio Romero a Darcy Ribeiro... o que estava em jogo não eram apenas as representações em torno de um passado colonial - com o qual se deveria romper ou reaproximar -, mas o projeto de um porvir, mais ou menos distante: (…) Foi, aliás, em busca do futuro que passamos todo um século a indagar quem somos, e o que queremos ser, e a projetar imagens de nós mesmos, espelho contra espelho. A cada sístole e diástole desses cem anos corresponderam visões otimistas e pessimistas, barrocas e cotidianas, esperançosas e desalentadas. Pois a cada momento – o da Belle Époque, o da Revolução de 30, o do Estado Novo, o da redemocratização, o do dia seguinte ao suicídio de Getúlio Vargas, o do desenvolvimentismo dos anos 50, o do regime militar e o da segunda redemocratização – refez-se o retrato do Brasil. (SILVA, 2000, p. 38) Todavia, ainda que tenham mudado, ao longo do tempo, a linguagem com que nos descrevemos e o país sobre o qual se dissertava, não há como negar alguns pontos de permanência, alguns temas gerais por onde giram os debates seja no mundo acadêmico, nas discussões em torno da escolarização, na mídia, nos movimentos culturais e sociais, nas campanhas do Estado e no imaginário da população. Em torno do ano 2000, diante das comemorações e protestos pelos 500 anos da chegada dos portugueses ao Brasil, realizaram-se diversas pesquisas de opinião - empreendidas por grandes ANPUH-PR; DEHIS – Irati. Anais do XII Encontro Regional de História e VI Semana de História: Regiões, imigrações, identidades, de 09 a 12 de Outubro de 2010. ANPUH-PR, UNICENTRO: Irati, 2010. ISSN: 2178-8588. Disponível em www.eventosanpuhpr.com institutos4 ou por pesquisadores acadêmicos - a fim de perceber as representações que os brasileiros constroem do seu país, de sua história e de si mesmos. De modo geral, o que se constatou foi a sobrevivência de alguns mitos, cânones, em torno dos quais, as repostas tendiam a se concentrar. A democracia racial, a sociedade harmônica, as grandezas naturais, a representação homogênea da nação, etc. constituem uma espécie de núcleo duro de representações que os brasileiros, não obstante as constantes transformações, projetam como espelho social. Não são poucos os autores que vêem o estabelecimento destas representações a partir da consolidação do Estado brasileiro no século XIX, mais especificamente na produção do IHGB 5 Instituto Histórico e Geográfico Nacional - e do Romantismo6. Em um período no qual ex-colônias e até novos e velhos Estados europeus, buscavam razões históricas, lingüísticas, étnicas e religiosas para construir imagens de unidade, o recurso à História, à Geografia, à Literatura e à produção artística se consolidou. Na procura de uma “nacionalidade essencial”, uma identidade sem nuances e feita de continuidade (SCHWARCZ, 2003, p. 356), uma visão romântica de nação - espaço homogêneo do território, tempo homogêneo da historia nacional, cultura homogênea em toda a população (NOVAES, 2003, p. 12) – foi construída e se estabeleceu, com auxílio da produção acadêmica, com força de “verdade” histórica7. Reelaborada, conforme o contexto, a Nação, construída pelo romantismo e entendida como um “nós” coletivo, torna-se um elemento de identificação onipresente a impregnar a vida social, mesmo em seus aspectos cotidianos (ROSA, 2008). Esta permanência tornou-se objeto para diversos pesquisadores, entre historiadores, antropólogos, psicólogos, etc. Dentre tantas, destacamos algumas interpretações advindas da filosofia - CHAUÍ, 2000 - e da análise do discurso - ORLANDI, 2001. Ao percebê-lo como produtor e produto de uma consciência, ainda que difusa, de pertencimento, Marilena Chauí considera que o mito fundador “oferece um repertório inicial de representações da realidade e, em cada momento da formação histórica, esses elementos são 4 As mais conhecidas são do Instituto Vox Populi (1995) e do CPDOC da FGV (1995). Estas e outras pesquisas em torno do tema foram comentadas e analisadas, dentre outros, por SIMAN (2001), CARVALHO (1998), OLIVEIRA (2000a e 2000b), CHAUÍ (2000), CERRI (2002). 5 Outros autores reconhecem a origem destas representações em obras anteriores como as de Rocha Pita (CHAUÍ), Pero de Magalhães Gândavo e Frei Vicente do Salvador ( PAIVA, 2001). 6 É dentro deste movimento artístico literário, por exemplo, que se produzem o que FONSECA (2001) chamou de trilogia visual da formação nacional, as pinturas: Primeira Missa no Brasil, Batalha dos Guararapes e Independência ou Morte. 7 A origem comum, real, construída ou imaginada dos membros de uma nação é uma das bases do nacionalismo do século XIX e esta construção, evidentemente, não é um fenômeno exclusivo brasileiro: "os dois últimos séculos de história humana do planeta Terra são incompreensíveis sem o entendimento do termo 'nação' e do vocabulário que dele deriva” (HOBSBAWN, 1991). Ver também: HOBSBAWN (1984). ANPUH-PR; DEHIS – Irati. Anais do XII Encontro Regional de História e VI Semana de História: Regiões, imigrações, identidades, de 09 a 12 de Outubro de 2010. ANPUH-PR, UNICENTRO: Irati, 2010. ISSN: 2178-8588. Disponível em www.eventosanpuhpr.com reorganizados tanto do ponto de vista de sua hierarquia interna (isto é, qual o elemento principal que comanda os outros) como da ampliação de seu sentido (isto é, novos elementos vêm se acrescentar ao significado primitivo)” (op. cit. p. 10). Por outro caminho, Eni P. Orlandi analisa os discursos fundadores como aqueles que funcionam como referência básica no imaginário constitutivo de um país. Para esta pesquisadora, estes enunciados “vão nos inventando um passado inequívoco e empurrando um futuro pela frente (...) nos dão a sensação de estarmos dentro de uma história de um mundo conhecido.” (op. cit. p. 12). Em nosso caminho incipiente, interpretamos os discursos sobre identidade como um exercício de poder simbólico, – firmado no reconhecimento – que produz a existência daquilo que enuncia, como bem já demonstrou Bourdieu (1989). A abordagem sobre este poder, esta magia social – tentar trazer à existência a coisa nomeada – faz parte do convite de Bourdieu aos pesquisadores para incluir no que se entende por real a representação do real, ou, melhor, a luta por – e entre – representações que têm por fim impor sentido e consenso. “As lutas a respeito da identidade são um caso particular nas lutas das classificações, pelo monopólio de fazer ver e fazer crer, de dar a conhecer e de fazer reconhecer, de impor a definição legítima das divisões do mundo social e, por este meio de fazer e desfazer os grupos” (idem, p. 113). Quer encaremos como discurso ou como mito (que, no caso, também se expressa pelo discurso), o fato é que representações em torno do Brasil circulam socialmente através dos muitos meios de comunicação que compõem a sociedade contemporânea. Um destes meios é o livro didático, que, ao circular, em geral, com o aval do Estado, ganha status de oficialidade. 3. O Livro Didático e as identidades Tomando o desenvolvimento de obras didáticas como um campo de produção, imposição, circulação e apropriação de modelos e representações culturais nossa pesquisa, em andamento, intenta analisar as apropriações dos discursos sobre a identidade nacional presentes na produção didática recente da disciplina de História. Captar a historicidade deste objeto – o livro escolar e a identidade - é também perceber o diálogo que ele estabelece com os discursos ou mitos fundadores consolidados e reelaborados ao longo do tempo e, concomitantemente, compreendê-lo como um lugar onde escolhas e opções, necessariamente, são feitas: Cada uma dessas escolhas é (de)marcada por lugares e interesses distintos (do escritor ao produtor, do copidesque ao consumidor) por seleções, ANPUH-PR; DEHIS – Irati. Anais do XII Encontro Regional de História e VI Semana de História: Regiões, imigrações, identidades, de 09 a 12 de Outubro de 2010. ANPUH-PR, UNICENTRO: Irati, 2010. ISSN: 2178-8588. Disponível em www.eventosanpuhpr.com argumentações, significações e subjetividades. Cada livro é escolha e recortes, produções possíveis, inventários que ganham visibilidade. A escrita dessa história é singular e plural ao mesmo tempo, tanto para cada autor, quanto para cada leitor.” (OLIVEIRA, 2007, p. 68-69) Desta maneira, é preciso entender o autor - ou a autoria8 – imerso em uma batalha de percepções (GAY, 1988) e não tomá-lo como um demiurgo onipotente. Os limites para composição do livro didático são muitos e entre eles encontramos o currículo prescrito ou oculto, a tradição escolar, o espaço gráfico (tamanho da página, tamanho do livro) e o público alvo: avaliadores acadêmicos, professores da rede pública e alunos (faixa etária, condição social, etc.). A imagem (dados, representações) que autores e editores constroem destes limites e desafios é determinante para a produção do livro. Assim, consideramos que os autores são eles próprios receptores dos discursos que circulam na academia, na mídia, nos debates políticos e educacionais, etc. Inclusive os discursos presentes nos diversos livros didáticos estão em relação uns com os outros e, na tentativa de compreendê-los, é preciso colocá-los em relação sincrônica e diacrônica. No que tange à análise que envolve as rupturas com o modelo estabelecido no século XIX, a maioria dos autores tem destacado a tese da permanência (VESENTINI, 1984; GLEZER, 1987; SIMAN, 2001) que podem ser resumidas nas citações a seguir de Luis Fernando Cerri e Kazumi Munakata: A constituição da seqüência canônica de conteúdos, com raízes do século XIX compõe o núcleo pouco permeável de informações/conhecimentos sobre a qual as modernizações acabam por gerar apêndices e não uma transformação intrínseca ao modo de selecionar conteúdos e contar a história do Brasil. (CERRI, 2007, p. 83) “[os novos livros didáticos] valeram-se de uma história consolidada, com seus temas, períodos e personagens bem assentados, mas invertendo-lhes o significado ou reorganizando-os mediante certos conceitos como modo de produção (...) a história do vencedor com sinais trocados, continua sendo a história do vencedor”. (MUNAKATA, 2001, p. 293) 8 Os estudos sobre manuais didáticos mostram que cada vez mais os livros são uma concepção e produção coletiva e o peso da equipe de funcionários da editora vem crescendo ainda mais após a implantação do PNLD. Stoddard (apud CHARTIER, 1990, p. 126) observa este fenômeno para períodos muito anteriores ao que estudamos. “Façam o que fizerem, os autores não escrevem livros. Os livros não são de modo nenhum escritos. São manufaturados por escribas e outros artesãos, por mecânicos e outros engenheiros, e por impressoras e outra máquinas.” ANPUH-PR; DEHIS – Irati. Anais do XII Encontro Regional de História e VI Semana de História: Regiões, imigrações, identidades, de 09 a 12 de Outubro de 2010. ANPUH-PR, UNICENTRO: Irati, 2010. ISSN: 2178-8588. Disponível em www.eventosanpuhpr.com Renilson Rosa RIBEIRO (2004) dedicou-se a analisar a produção textual didática, desde o século XIX até os anos 1980, no que diz respeito à questão da produção de discursos identitários. Para ele, os livros didáticos seriam um “espaço privilegiado de disputas políticas de constituição de identidades” com “diferentes personagens e modelos de interpretações em jogo – o jogo das identidades” (uma batalha discursiva, diríamos nós). Ainda dentro da concepção de Ribeiro, a categoria central, a chave para entender a argumentação a respeito dos sujeitos históricos na chamada “História do Brasil9”, seria a raça. As explicações para as ações de grupos e indivíduos, presentes nos livros didáticos, estariam baseadas nesta categoria desenvolvida pelo pensamento evolucionista do século XIX. “Ao construir suas representações do índio, português e negro, percebemos como os manuais escolares, em diferentes contextos, fizeram uso do instrumento conceitual da raça para fabricar identidades estáticas, fechadas e padronizadas destes grupos” (idem, p. 375). Mas, nem tudo são permanências. Cabe ressaltar que as análises que enfatizam a continuidade das representações engendradas no século XIX dedicaram-se aos livros produzidos no máximo até meados dos anos 1990. Perspectivas recentes têm destacado o impacto da fixação de critérios e o papel pedagógico e disciplinador do PNLD sobre a literatura didático-escolar no Brasil (GATTI JR, 2007; CERRI, 2007). Membros da comissão avaliadora, em balanço histórico sobre o programa, apontaram um salto qualitativo para os materiais da 2ª fase do ensino fundamental, especialmente a partir do PNLD 2005: “o distanciamento entre os avanços historiográficos consensuais e a composição do livro didático deixou de ser gritante, notando-se em muitas coleções a incorporação efetiva da historiografia mais recente e reconhecida nos meios acadêmicos” (BEZERRA, LUCA, 2006, p. 44). Será que esta argumentação é válida, também para os discursos identitários referentes à pluralidade dos sujeitos sociais, seus conflitos e convivências dentro do território a que hoje chamamos de Brasil? É possível ao discurso didático dar conta desta diversidade, sem produzir enquadramentos e generalizações10? As análises atuais sobre a história da educação e os manuais escolares têm demonstrado que a produção didática nunca foi tão homogênea como aparentemente poder-se-ia supor. Desde Joaquim Manuel de Macedo e João Ribeiro, os livros didáticos de História apropriam-se de maneira diversa da historiografia e dos modelos de identidade, conforme o contexto em que estavam inseridos e a leitura que fazem de seu público consumidor. 9 A América Portuguesa, nomeada nos Livros escolares como “Brasil Colônia”. Poder-se-ia perguntar, também, se esta postura é desejável socialmente. Contudo, esta questão, por enquanto, segue apenas como norte de fundo para a pesquisa. 10 ANPUH-PR; DEHIS – Irati. Anais do XII Encontro Regional de História e VI Semana de História: Regiões, imigrações, identidades, de 09 a 12 de Outubro de 2010. ANPUH-PR, UNICENTRO: Irati, 2010. ISSN: 2178-8588. Disponível em www.eventosanpuhpr.com Tentando captar estas nuanças, com um olhar mais atento para as diferenças, sabemos de antemão que não há continuidade pura sem mudanças; e também não há mudança pura sem continuidades. O passado continua agindo depois da mudança, por mais radical que essa tenha sido (REIS, 1998). A argumentação é válida, também, no sentido oposto: se a memória histórica fosse assim tão radicalmente plena e homogênea, seríamos sujeitos condenados (como a mitológica ninfa Eco) a repetir de modo infindável sentidos imutáveis (MARIANI, 2001, p. 41). Procurar não apenas denunciar as permanências que, forçosamente, devem existir, mas tentar entender o porquê delas e colocá-las em relação com as mudanças propostas em seus devidos contextos, é também seguir o conselho de Febvre (1959) e “substituir a pergunta do juiz: é certo? pela do historiador: como se explica que…”. 4. Alguns pontos de abordagem Para perceber as apropriações, que fazem autores e editores de livros didáticos, dos modelos de identidade em circulação, das prescrições curriculares e da produção historiográfica, bem como o diálogo que estabelecem com a tradição escolar, nos diferentes contextos analisados, elaboramos uma periodização11 prévia com o intuito, também, de estabelecermos a conexão entre este produto cultural e o seu contexto de produção, acessibilidade e consumo (APPLE, 1995). De 1971 a meados da década de 1980, temos um período que estamos entendendo, aprioristicamente, como o de uma memória revisitada, em que, apesar de inexistir censura prévia aos livros didáticos, encontramos, com a existência do Estado autoritário, mais permanências do que rupturas com o modelo de identidade construído no século XIX e reelaborado pelos ideais nacionalistas do Estado Novo (1937-1945). Incorporada como política oficial a partir do Estado Novo, a idéia de democracia racial veio se desenvolvendo desde o século XIX. Dentro desta concepção, a colonização portuguesa teria estabelecido relações sociais suaves, com poucos conflitos, quiçá harmônicas. Junto com esta constatação vinha o desejo de miscigenação que apagasse a herança cultural da escravidão. Já em Varnhagen esta postura era muito clara. 11 É importante ressaltar que as fases sugeridas, além da provisoriedade inicial, são tomadas como ponto de inflexão para facilitar a pesquisa, mas não as consideramos, de antemão, homogêneas, nem tampouco esperamos encontrar rupturas drásticas entre umas e outras. ANPUH-PR; DEHIS – Irati. Anais do XII Encontro Regional de História e VI Semana de História: Regiões, imigrações, identidades, de 09 a 12 de Outubro de 2010. ANPUH-PR, UNICENTRO: Irati, 2010. ISSN: 2178-8588. Disponível em www.eventosanpuhpr.com “fazemos votos para que chegue um dia em que as cores de tal modo se combinem que venham desaparecer totalmente no nosso povo os característicos da origem africana, e por conseguinte a acusação da procedência de uma geração, cujos troncos no Brasil vieram conduzidos em ferros do continente fronteiro, e sofreram os grilhões da escravidão, embora talvez com mais suavidade do que nenhum outro país da América (...)” (VARNHAGEN, p. 73-74) Os livros didáticos da década de 1970 ainda herdam, como crença ou como meta, a ideia da constituição de um povo uno, homogêneo, mestiço. Para os regimes autoritários seria ainda mais essencial construir uma imagem positiva da nação sem conflitos e com unidade racial através da miscigenação. A miscigenação, não problematizada pelo livro12, que recebe visibilidade pela ilustração, torna as relações sociais naturalizadas. Como afirma BUENO (p. 60), “a imagem recriada pelo ilustrador transforma-se no “é assim que é”, ou “é assim que foi””. Evidentemente que não se trata apenas de uma manipulação ideológica de cunho supostamente maquiavélico. Os autores e o corpo editorial estão a compartilhar de uma “comunidade de sentidos”, um discurso sobre o Brasil e os brasileiros bem sedimentado no imaginário social. 12 Os exemplos aqui são apresentados de forma isolada e descontextualizada, sem a devida referência a autores, circulação, relação com programas públicos e o projeto da própria obra. Dentro dos limites do artigo, fizemos a opção de traçar um panorama geral, sem explorar as importantes relações sincrônicas que são determinantes para a constituição de cada livro abordado. ANPUH-PR; DEHIS – Irati. Anais do XII Encontro Regional de História e VI Semana de História: Regiões, imigrações, identidades, de 09 a 12 de Outubro de 2010. ANPUH-PR, UNICENTRO: Irati, 2010. ISSN: 2178-8588. Disponível em www.eventosanpuhpr.com A partir de meados da década de 1980 até 1999 teríamos outro momento em que o campo ou o mercado simbólico13 está em aberto. A abertura política e a conseqüente reconstrução democrática dão ensejo a debates educacionais e reformas curriculares em que se expressa de maneira mais contundente o desejo de romper com a tradição no ensino de História. Obras tradicionais são reescritas utilizando, ao menos na intenção, o mote central da redemocratização: a formação do cidadão crítico e participativo. Outras, com menos sucesso de público consumidor, são mais ousadas buscando empreender periodizações diferenciadas e propor rompimentos com a linearidade cronológica. Neste período, buscaram-se teorias e discursos e reformularam-se currículos com o intuito de formar consciências, denunciar a realidade injusta e superar a alienação que a censura dos militares aos meios de comunicação proporcionava. Revelou-se a problemática ideológica presente no ensino de História e incluíram-se novas perspectivas, além das tradicionais, para explicar os fatos. 13 A expressão é de BOURDIEU (1996). ANPUH-PR; DEHIS – Irati. Anais do XII Encontro Regional de História e VI Semana de História: Regiões, imigrações, identidades, de 09 a 12 de Outubro de 2010. ANPUH-PR, UNICENTRO: Irati, 2010. ISSN: 2178-8588. Disponível em www.eventosanpuhpr.com Os novos textos didáticos estavam inspirados em outros autores, dentre eles Caio Prado júnior e, especialmente no que tange ao tema abordado, Florestan Fernandes. Nesta nova perspectiva não havia espaço para idéias como a de democracia racial. A sociedade brasileira era marcada por uma grande desigualdade e a escravidão era vista como profundamente destrutiva e nociva, tanto para suas vítimas imediatas quanto para o futuro dos brasileiros como um todo (RIBEIRO, p. 363). Como enfatizava Jaime Pinsky era preciso superar “a idéia de um Brasil sem preconceito racial, onde cada um colabora com aquilo que tem para a felicidade geral. O negro com a pimenta, o carnaval e o futebol; o imigrante com sua tenacidade; o índio com sua valentia” (PINSKY, 2002, p. 17). Os livros passaram a enfatizar as relações desiguais e violentas que se estabeleceram no período de colonização portuguesa, bem como as formas de resistência direta de africanos e indígenas. A partir da década de 1990, demandas importantes começaram a amadurecer. Por um lado, as discussões em torno da LDB, dos Parâmetros Curriculares Nacionais e do Programa Nacional de Avaliação de Livros Didáticos (PNLD) acabavam por trazer à tona a problemática e os desafios que envolviam a equalização de novas propostas para professores e alunos na lida diária com o ensino de História. Concomitantemente, congressos, encontros e simpósios, nacionais e regionais, começaram a reunir pesquisadores ligados à Didática, Metodologia e Prática de Ensino de História. Uma comunidade nacional de pesquisadores passou a debater e trocar experiências em torno da História ensinada. Um número maior de professores de Ensino Fundamental e Médio passou a freqüentar os cursos de pós-graduação. A quantidade de dissertações e teses em torno do ensino de História multiplicou-se. Discutiram-se as organizações curriculares, a utilização de novas linguagens, as relações entre memória e História, os usos dos manuais didáticos, novas metodologias, etc. Embora na prática escolar ainda viva-se um tempo de insatisfação, insegurança e instabilidade, novas possibilidades vêm sendo investigadas. Relatos de ricas experiências, com estratégias de motivação e, principalmente, de concretização de aprendizagem, têm ganhado espaço em revistas especializadas. Novas pesquisas sobre como se dá a formação e a progressão da consciência histórica dos alunos têm lançado novas luzes sobre a relação ensino-aprendizagem. Seguindo uma tendência mundial14, neste período há uma discussão mais forte sobre a diversidade cultural e a perspectiva de alteridade na escolarização. Os Parâmetros Curriculares trazem um volume especial propondo o tema como um dos conteúdos transversais a todos os componentes curriculares. Por outro lado, a crítica à globalização traz uma nova perspectiva sociológica para o 14 A Conferência Mundial de Educação para Todos, em Jontien, na Tailândia, em 1990, apontava a necessidade de reformas curriculares neste sentido. ANPUH-PR; DEHIS – Irati. Anais do XII Encontro Regional de História e VI Semana de História: Regiões, imigrações, identidades, de 09 a 12 de Outubro de 2010. ANPUH-PR, UNICENTRO: Irati, 2010. ISSN: 2178-8588. Disponível em www.eventosanpuhpr.com tema: para muitos autores, os artefatos culturais e os universos simbólicos que se globalizavam eram ocidentais, e na maioria, norte-americanos (RAMOS. 2007, p. 95). Mais tarde, a pressão dos grupos sociais faz vir à tona as Diretrizes Curriculares para a Educação Étnico-raciais. Entre as suas demandas estava a de não tratar os diversos sujeitos sociais apenas como vítimas da violência física ou simbólica. A própria historiografia corroborava neste sentido ao salientar as estratégias, astúcias, resistências cotidianas e trocas culturais entre os diversos grupos que conviveram na América Portuguesa. A partir de 1999, então, quando tivemos a publicação da primeira avaliação do PNLD para a segunda fase do Ensino Fundamental, sedimenta-se o objetivo de substituir os conteúdos vinculados à educação patriótica pela disseminação de valores de estímulos à convivência social ao respeito, à tolerância e à liberdade (GATTI JR, 2007. p. 29). Neste período, temos o aumento do peso de expectativas e exigências da sociedade, o impacto da fixação de critérios pelo PNLD, a ascensão do multiculturalismo, um dos eixos centrais dos Parâmetros Curriculares Nacionais, a pressão de grupos sociais, dantes alijados, para serem tratados como sujeitos de sua própria história, o próprio amadurecimento da historiografia sobre a sociedade colonial e a escravidão (tema que tem grande impacto nos discursos sobre identidade) e a profissionalização de editoras, que se tornam empresas de grande porte, com enorme estrutura organizacional. Tudo isto, aponta para a possibilidade de uma renovação das obras didáticas de História e, quiçá, para a rearticulação dos discursos sobre identidade, da imagem do Brasil e dos brasileiros. A coleção mais escolhida, nos finais da primeira década do século XXI, pelos professores das escolas públicas de todo o Brasil, e uma das melhor avaliadas pelo PNLD (pontuação máxima em 8 dos 10 itens), o Projeto Araribá, da Editora Moderna, tentava conciliar as visões, até então vistas como antagônicas, sobre a relação entre os grupos sociais. Sob os títulos “Resistência e Luta”, “Trocas e ANPUH-PR; DEHIS – Irati. Anais do XII Encontro Regional de História e VI Semana de História: Regiões, imigrações, identidades, de 09 a 12 de Outubro de 2010. ANPUH-PR, UNICENTRO: Irati, 2010. ISSN: 2178-8588. Disponível em www.eventosanpuhpr.com Conflitos” e o “Pioneirismo de Gilberto Freyre”, estabelecia-se a possibilidade de afirmar a dupla faceta de resistência e convivência entre os diversos sujeitos. O desafio a ser enfrentado por autores e editoras, contudo, é enorme. Construir uma imagem positiva dos sujeitos sociais, cumprindo a finalidade político-social da escolarização, e ao mesmo tempo atender às novidades historiográficas e lidar com a construção de uma identidade, um modelo, uma tradição de longa data de pensar a História do ponto de vista de uma nação que teria nascido una e homogênea desde os seus princípios acarreta dificuldades múltiplas para quem quer atender a uma linguagem acessível para estudantes do ensino fundamental e ainda agradar ao seu público mais objetivo: os professores e seus diversos níveis de formação dentro de um território gigantesco. Considerações Finais As disputas e interesses em torno dos manuais didáticos mostram que, para boa parte dos envolvidos, a presença nos livros didáticos dá, como um discurso de autoridade, existência real às identidades sociais. Classificar, caracterizar e falar sobre os outros, o normal e o diferente, significa atribuir, não sem disputas, um sentido ao mundo social. Ao abordar as relações entre a história reificada e a história incorporada, Bourdieu amplia suas observações sobre a origem social das representações, ou melhor, das práticas culturais. Para ele há uma história em estado objetivado, que se acumulou ao longo do tempo nos objetos, ferramentas, instituições. Há também uma história que se tornou habitus, incorporada, inscrita nos corpos, noção que se aproxima à idéia de segunda natureza de Norbert Elias. Esta permanência (o passado continua vivo) restringe o universo dos possíveis. “Podemos compreender que o ser social é aquilo que foi; mas também que aquilo que uma vez foi ficou para sempre inscrito não só na história, o que é óbvio, mas também no ser social, nas coisas e nos corpos” (BOURDIEU, 1989, p. 100). Os livros didáticos são um bom exemplo desta história incorporada, deste passado que custa a passar. Mesmo diante da diversidade, constata-se que a mudança cultural implica investimentos e esforços contínuos para todos os interessados não só no tema das identidades, como na educação escolar como um todo. Da mesma maneira, como bem demonstra o uso aparentemente sutil, mas revelador, do passado e da pesquisa histórica pela Revista Superinteressante, não há como existir uma transposição (ou uma vulgarização) pura e simples dos conteúdos produzidos pela academia. O terreno de enfrentamento que envolve o uso social do discurso histórico, sobretudo a história escolar, é diferente de seu contexto de produção original e, por vezes, obedece a finalidades diversas. ANPUH-PR; DEHIS – Irati. Anais do XII Encontro Regional de História e VI Semana de História: Regiões, imigrações, identidades, de 09 a 12 de Outubro de 2010. ANPUH-PR, UNICENTRO: Irati, 2010. ISSN: 2178-8588. Disponível em www.eventosanpuhpr.com Ao adotar, numa pesquisa, uma perspectiva diacrônica - por vezes arriscada, devido aos muitos fatores envolvidos na construção da interpretação -, não se pode deixar de perceber que o significado do discurso só pode ser apreendido no contexto de enunciação. Os livros didáticos são depositários de demandas sociais e compartilham de comunidades de sentido diversas ao longo do tempo. De qualquer forma o tema é complexo e árduo, mas também promissor, pois nos faz divisar os próprios interesses, aspirações, dilemas, medos e limites da sociedade brasileira contemporânea. A identidade não é algo imutável, mas em processo. Cada sujeito, individual e coletivamente, insere-se neste contínuo de redefinir-se e de inventar e de reinventar a sua própria história. Pensar os livros, a escola, o ensino, as identidades... é também pensar as fronteiras e as possibilidades do espelho social, que estendemos a nós mesmos, numa projeção em que passado, presente e futuro estão sempre interligados. REFERÊNCIAS ABREU. M; MATTOS, H.; DANTAS, C. V. Em torno do passado escravista: as ações afirmativas e os historiadores. In: ROCHA, H.; MAGALHÃES, M.; CONTIJO, R. (Orgs.) A escrita da história escolar: memória e historiografia. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2009. p. 149-164. APPLE, M. W. Trabalho Docente e Textos: economia política das relações de classe e de gênero em Educação. Porto alegre: Artes Médicas, 1995. BEZERRA, H. G.; LUCA, T. R. Em Busca da Qualidade – PNLD História – 1996-2004. Livros Didáticos de Geografia e História: avaliação e pesquisa. SPOSITO, M. E. B. (org.). São Paulo: Cultura Acadêmica, 2006. p. 27-54. BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. Lisboa: Difel, 1989. 315 p. BUENO, J. B. G. 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