UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA BRUNO PAULIN BALANÇO POPULACIONAL APLICADO AO ESTUDO DA DESEMULSIFICAÇÃO DE PETRÓLEO E ÁGUA EM SEPARADOR GRAVITACIONAL CURITIBA 2013 BRUNO PAULIN BALANÇO POPULACIONAL APLICADO AO ESTUDO DA DESEMULSIFICAÇÃO DE PETRÓLEO E ÁGUA EM SEPARADOR GRAVITACIONAL Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Engenharia Química, Departamento de Engenharia Química, Setor de Tecnologia, Universidade Federal do Paraná, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Química. Orientadora: Prof. Dra. Fernanda de Castilhos Co-orientadora: Prof. Dra. Agnes de Paula Scheer Co-orientador: Prof. Dr. Carlos Itsuo Yamamoto CURITIBA 2013 TERMO DE APROVAÇÃO BRUNO PAULIN Dedico este trabalho: À Deus. Aos meus mestres orientadores. À Miriã, minha noiva. Aos pais Rogelho e Dirce. Por todo o esforço e por tudo que aprendi. AGRADECIMENTOS A Deus pela ajuda, proteção, por me dar força para continuar, sabedoria para entender, paciência nos momentos difíceis, e cautela no laboratório para não quebrar nada. As professoras e companheiras de trabalho, Fernanda de Castilhos e Agnes de Paula Scheer pelo apoio e orientação. Aos meus amigos, Alexis, Gisele, Luiz, Larissa e Larissa Cesar pela ajuda sempre que precisei. Aos colegas de turma e de estudos. A Luana pelo auxílio na utilização dos equipamentos do EMULTEC. A Andréia, Patrícia e Sheila laboratoristas das usinas piloto da UFPR. A CAPES, pelo auxílio financeiro. Ao CENPES, pelo petróleo cedido para estudos e analises de SARA. RESUMO No processo de extração de petróleo, a água e outros sedimentos se misturam durante a fase de transporte formando emulsões. Existem várias técnicas que podem ser utilizadas sozinhas ou em conjunto para quebrar essas emulsões, tais como uso de produtos químicos, partículas sólidas, força gravitacional, tratamentos térmicos e ou elétricos, deixando assim o petróleo nas devidas especificações para poder entrar na refinaria. No Brasil a sedimentação gravitacional devido ao baixo custo operacional e de manutenção é um dos processos mais utilizados, sendo que o dimensionamento destes equipamentos é normalmente feito através da lei de Stokes e com dados de campo, não levando em consideração os fenômenos de coalescência ou quebra de gotículas que ocorrem na emulsão. Assim estes sedimentadores gravitacionais são muitas vezes superdimensionados. Este estudo investiga a desemulsificação de emulsões água em petróleo utilizando o modelo de balanço populacional, pois é um modelo específico para casos onde haja união de gotículas. Um sedimentador gravitacional em escala laboratorial foi construido para melhor compreensão dos fenômenos envolvidos, a separação de emulsão. Nesta pesquisa foram desenvolvidas rotinas numéricas em FORTRAN 90 para simulação do modelo de Balanço Populacional, sendo seus parâmetros ajustados por programação e ajustados de acordo com os resultados dos testes laboratoriais de volume de água livre. Com os bons resultados obtidos estre trabalho pode servir de base para projetos destes equipamentos. Além disso, é de grande utilidade para a compreensão do modelo de Balanço Populacional, pois descreve todo o programa computacional, possibilitando assim estudos futuros mais detalhados sobre otimização de parâmetros e simulação. Palavras chave: Balanço Populacional. Modelagem. Emulsões. Petróleo. Separação. ABSTRACT In the process of extracting oil, water and other sediment mix during the transport phase forming emulsions. There are various processes that can be used alone or in combination to break the emulsions, such as chemical and thermal treatment, leaving the oil entering the appropriate specifications for the refinery. In Brazil the gravitational sedimentation due to low operation and maintenance is one of the most used, and the dimensioning of these devices is usually done by the Stokes law and with field data, not taking into consideration the phenomena of coalescence or breakage of the emulsion droplets to occur. So these gravitational settlers are often exaggerated. The present study investigates the demulsification of water in oil emulsions, in order to use the Population Balance model, because it is a model for cases where there are union of droplets applied to a gravitational sedimentation laboratory scale in order to better understand the phenomena evolved during separation of the emulsion, so that we can better size such equipment. In this study numerical routines were developed in FORTRAN 90 to simulate the Population Balance model. The model was validated after comparing the results with laboratory tests and first through the data obtained in a similar study in the literature. With the good results obtained, this work provides the basis for equipment design. It is also useful for understanding the Population Balance model, it is the only one to describe the entire computer program, allowing more detailed further studies on parameters optimization and simulation. Key words: Population Balance. Modeling. Emulsions. Oil. Separation. LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1 - RESERVATÓRIO DE PETRÓLEO ........................................................ 19 FIGURA 2 - ESQUEMA DE PROCESSO PRIMÁRIO DE PETRÓLEO .................... 20 FIGURA 3 - SEPARADOR VERTICAL ...................................................................... 21 FIGURA 4 - SEPARADOR HORIZONTAL ................................................................ 21 FIGURA 5 - TIPOS DE EMULSÃO ........................................................................... 23 FIGURA 6 - AÇÃO DOS AGENTES EMULSIFICANTES .......................................... 24 FIGURA 7 - REPULSÃO ELETROSTÁTICA ............................................................. 25 FIGURA 8 - IMPEDIMENTO ESTÉRICO .................................................................. 25 FIGURA 9 - FENÔMENOS ENVOLVIDOS NA SEPARAÇÃO DE FASES ............... 28 FIGURA 10 - FORÇAS QUE ATUAM EM UMA GÓTICULA SEDIMENTANDO ....... 29 FIGURA 11 - VISCOSIDADE DE PETRÓLEOS X TEMPERATURA ........................ 31 FIGURA 12 - DISCRETIZAÇÃO POR MALHA NÃO UNIFORME ............................. 41 FIGURA 13 - DISTRIBUIÇÃO DAS FRAÇÕES DE COALESCÊNCIA ...................... 44 FIGURA 14 - MALHA COM VOLUMES INTEIROS ADAPTADO DE PINTO E LAGE (2001) ........................................................................................................................ 46 FIGURA 15 - REPRESENTAÇÃO DOS VOLUMES DE CONTROLE ....................... 46 FIGURA 16 – AGITADORES MECÂNICOS: A) SILVERSON, B) POLYTRON......... 50 FIGURA 17 - TITULADOR VOLUMÉTRICO V30 K-F ............................................... 51 FIGURA 18 - MICROSCÓPIO AXIO VISION LE ....................................................... 53 FIGURA 19 - ILUSTRAÇÃO DE EMULSÃO A/O ...................................................... 54 FIGURA 20 - TOOL BAR DO SOFTWARE IMAGEJ ................................................. 54 FIGURA 21 - SET SCALE ......................................................................................... 55 FIGURA 22 – IMAGENS ORIGINAL (A), E APÓS TRATAMENTO (B) ..................... 56 FIGURA 23 - IUSTRAÇÃO DE PARTE DA FIGURA GERADA PELA OPÇÃO OUTLINE ................................................................................................................... 57 FIGURA 24 - SEDIMENTADOR GRAVITACIONAL .................................................. 59 FIGURA 25 - ALGORTIMO DA PROGRAMAÇÃO.................................................... 74 FIGURA 26 - FOTOS DA CONDIÇÃO 4 NO TEMPO 5 HORAS; NOS NÍVEIS A, B e C................................................................................................................................ 85 LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1- VOLUME DE ÁGUA LIVRE FORMADO NAS CONDIÇÕES EXPERIMENTAIS PELO TEMPO ............................................................................. 79 GRÁFICO 2 - PERFIL DO DS PARA A CONDIÇÃO EXPERIMENTAL 1 (SILVERSON E 20ºC) ............................................................................................... 81 GRÁFICO 3 - PERFIL DO DS PARA A CONDIÇÃO EXPERIMENTAL 2 (POLYTRON E 20ºC) ...................................................................................................................... 82 GRÁFICO 4 - PERFIL DO DS PARA A CONDIÇÃO EXPERIMENTAL 3 (SILVERSON E 60ºC) ............................................................................................... 83 GRÁFICO 5 - PERFIL DO DS PARA A CONDIÇÃO EXPERIMENTAL 4 (POLYTRON E 60ºC) ...................................................................................................................... 85 GRÁFICO 6 - COMPARATIVO DO DS ENTRE AS CONDIÇÕES EXPERIMENTAIS NO NÍVEL A .............................................................................................................. 87 GRÁFICO 7 - COMPARATIVO DO DS ENTRE AS CONDIÇÕES EXPERIMENTAIS NO NÍVEL C .............................................................................................................. 87 GRÁFICO 8 - TEORES DE ÁGUA NOS NÍVEIS A, B E C POR HORA .................... 89 GRÁFICO 9 - VOLUME DE ÁGUA LIVRE EM C1 (SILVERSON E 20ºC) ................ 90 GRÁFICO 10 - VOLUME OBSERVADO X PREDITO EM C1 (SILVERSON E 20ºC) .................................................................................................................................. 91 GRÁFICO 11 - VOLUME DE ÁGUA LIVRE EM C2 (POLYTRON E 20ºC) ............... 91 GRÁFICO 12 - VOLUME OBSERVADO X PREDITO EM C2 (POLYTRON E 20ºC) 92 GRÁFICO 13 - VOLUME DE ÁGUA LIVRE EM C3 (SILVERSON E 60ºC) .............. 92 GRÁFICO 14 - VOLUME OBSERVADO X PREDITO EM C3 (SILVERSON E 60ºC) .................................................................................................................................. 93 GRÁFICO 15 - VOLUME DE ÁGUA LIVRE EM C4 (POLYTRON E 60ºC) ............... 93 GRÁFICO 16 - VOLUME OBSERVADO X PREDITO EM C4 (POLYTRON E 60ºC) 94 GRÁFICO 17 – VOLUME DE ÁGUA LIVRE EM C3 II (SILVERSON E 60ºC)........... 95 GRÁFICO 18 – VOLUME OBSERVADO X PREDITO EM C3 II (SILVERSON E 60ºC) ......................................................................................................................... 95 LISTA DE TABELAS TABELA 1 - CORRELAÇÕES PARA O USO DE EMULSIFICANTES ...................... 27 TABELA 2 - PROPRIEDADES DA ÁGUA ................................................................. 49 TABELA 3 - DADOS DA CAPACIDADE DO SEDIMENTADOR ............................... 58 TABELA 4 - FATORES E NÍVEIS EXPERIMENTAIS ............................................... 60 TABELA 5 - CONDIÇÕES EXPERIMENTAIS FATORIAL COMPLETO ................... 60 TABELA 6 - MATRIZ RESULTANTE DO SISTEMA DE EQUAÇÕES DISCRETIZADAS...................................................................................................... 70 TABELA 7 - PARÂMETROS DA SOLUÇÃO ANALITICA UTILIZADOS ................... 72 TABELA 8 - PROPRIEDADES DO PETRÓLEO ....................................................... 75 TABELA 9 - ESTABILIDADE EMULSÕES A/O COM ÁGUA DESTILADA ............... 76 TABELA 10 - ESTABILIDADE DA EMULSÃO 50/50 COM ÁGUA DESTILADA ....... 76 TABELA 11 - ESTABILIDADE EMULSÕES A/O COM SALMORA ........................... 77 TABELA 12 - ESTABILIDADE EMULSÕES A/O COM SALMORA ALTERANDO CERTAS CONDIÇÕES - 1 ........................................................................................ 77 TABELA 13 - ESTABILIDADE EMULSÕES A/O COM SALMORA ALTERANDO CERTAS CONDIÇÕES - 2 ........................................................................................ 78 TABELA 14 – DIÂMETRO DE SAUTER PARA CONDIÇÃO EXPERIMENTAL 1 ..... 80 TABELA 15 - DS PARA CONDIÇÃO EXPERIMENTAL 2 ......................................... 81 TABELA 16 - DS PARA CONDIÇÃO EXPERIMENTAL 3 ......................................... 82 TABELA 17- DS PARA CONDIÇÃO EXPERIMENTAL 4 .......................................... 84 TABELA 18 - PORCENTAGEM DE ÁGUA NOS NÍVEIS A, B E C OBTIDOS COM A CONDIÇÃO EXPERIMENTAL 3 ............................................................................... 88 TABELA 19 - PARÂMETROS OTIMIZADOS ............................................................ 90 LISTA DE ABREVIATURAS A/O água em óleo A/O/A emulsão mista de água em óleo dispersa em água API American Petroleum Institute BP Balanço Populacional BSW Bottom Sediments and Water CA Corrente Alternada CC Corrente Contínua CENPES Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello – Rio de Janeiro CFD Computational Fluid Dynamics DS Diâmetro de Sauter DTG Distribuição do Tamanho das Gotas EDOs Equações Diferenciais Ordinárias EMULTEC Laboratório de Emulsões e Tecnologia EO Copolímeros de Etileno FW Fresh Water HLB Balanço Hidrofílico Lipofílico K-F Karl Fischer M Molécula O/A óleo em água O/A/O emulsão mista de óleo em água dispersa em óleo PG Progressão Geométrica PO Copolímeros de Propileno SARA Saturados Aromáticos Resinas e Asfaltenos UFPR Universidade Federal do Paraná LISTA DE SÍMBOLOS w velocidade de terminal (m/s) di diâmetro da gota na classe i (μm) ρc densidade da fase contínua (g/cm3) ρd densidade da fase dispersa (g/cm3) g aceleração da gravidade (m/s2) μc viscosidade dinâmica da fase contínua (cP) N(r,t) número total de partículas por unidade de volume φ(x,r,t) densidade da fração do volume Ẋ fluxo da população dispersa f1(v-w,t) função densidade entre as partículas v-w f1(v,t) função densidade entre as partículas v f1(w,t) função densidade entre as partículas w β(v-w,w) velocidade de coalescência entre as partículas v-w e w β(v,w) velocidade de coalescência entre as partículas v e w v volume da partícula (μm3) H(x,r,Y,t) termo fonte das partículas J(x,r,Y,t) taxa de nucleação das partículas G(x,r,Y,t) taxa de crescimento das partículas B(x,r,Y,t) taxa de nascimento das partículas D(x,r,Y,t) taxa de morte das partículas Ni(t) classe de partículas xi volume das gotas nos pontos pivôs Vi Volume (μm3) q constante que determina o espaçamento da distribuição Np número de pontos pivôs ni número de partículas do intervalo i ηi função densidade de partículas que coalescem no intervalo i z altura medida do fundo do sedimentador (μm) Dz coeficiente de difusão ϴ(v,z,t) termo fonte das partículas i,j.k subscritos que representam classes de partículas ϴkB termo referente a coalescência binária ϴkI termo referente a coalescência interfacial KS parâmetro ajustável que controla eficiência da sedimentação βBR taxa de coalescência devido ao movimento Browniano (μm3/s) βSG taxa de coalescência devido a sedimentação gravitacional (μm3/s) Kβ parâmetro ajustável que controla eficiência da agregação T temperatura (K) K constante de Boltzman (m2.kg/s2.K) vf velocidade de coalescência interfacial (μm3/s) t tempo (s) Nz número de volumes de controle º sobrescrito zero indica que o termo é avaliado no instante t Δt incremento de tempo (s) Δz incremento de altura (μm) nkP número de gotas de tamanho de classe k presentes no volume de controle P nkE número de gotas de tamanho de classe k presentes no volume de controle E nkW número de gotas de tamanho de classe k presentes no volume de controle W KI parâmetro ajustável que controla a eficiência da velocidade de coalescência interfacial As área da secção transversal do sedimentador (μm2) Δz Altura da região de empacotamento denso (μm) AkW variável criada para simplificar equações AkE variável criada para simplificar equações AkP variável criada para simplificar equações ºB variável criada para simplificar equações 14 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 16 1.1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 18 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 19 2.1 PROCESSAMENTO PRIMARIO DE PETRÓLEO .............................................. 19 2.2 EMULSÕES DE PETRÓLEO .............................................................................. 22 2.2.1 Tipos de emulsões ........................................................................................... 22 2.2.2 Mecanismos envolvidos na estabilização das emulsões .................................. 23 2.2.3 Fatores que interferem na estabilidade das emulsões ..................................... 25 2.3 FENÔMENOS ENVOLVIDOS NA SEPARAÇÃO GRAVITACIONAL DE EMULSÕES A/O ....................................................................................................... 27 2.3.1 Desemulsificantes ............................................................................................ 30 2.3.2 Tratamento térmico .......................................................................................... 30 2.4 BALANÇO POPULACIONAL .............................................................................. 32 2.4.1 Métodos de soluções de Balanço Populacional ............................................... 38 2.4.2 Método do pivô fixo .......................................................................................... 41 2.4.3 Método de volumes finitos ................................................................................ 44 2.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE A REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................. 47 3. MATERIAL, METODOLOGIA E TÉCNICAS NUMÉRICAS .................................. 48 3.1 MATERIAL .......................................................................................................... 48 3.1.1 Propriedades do petróleo e da água utilizados no preparo das emulsões ....... 48 3.1.2 Preparo de emulsões A/O ................................................................................ 49 3.1.3 Determinação do teor de água ......................................................................... 50 3.1.4 Determinação do tamanho das gotas ............................................................... 52 3.1.5 Teste de separação gravitacional em laboratório ............................................. 58 3.2 PLANEJAMENTO FATORIAL ............................................................................. 59 3.3 TESTES PRELIMINARES DE ESTABILIDADE .................................................. 60 3.4 DISCRETIZAÇÃO DO BALANÇO POPULACIONAL .......................................... 61 3.4.1 Aplicação da técnica de volumes finitos no modelo ......................................... 64 3.3.1.1 Volumes finitos para volumes internos .......................................................... 64 3.3.1.2 Volumes finitos para o volume de fronteira Nz .............................................. 66 3.3.1.3 Volumes finitos para o volume de fronteira (1) .............................................. 68 3.4.2 Formação do sistema matricial ......................................................................... 69 3.5 PARÂMETROS UTILIZADOS NA SIMULAÇÃO ................................................. 71 3.6 DESENVOLVIMENTO DO CÓDIGO COMPUTACIONAL................................... 72 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 75 4.1 ESPECIFICAÇÕES DO PETRÓLEO .................................................................. 75 4.2 ESTABILIDADE DE EMULSÕES ........................................................................ 76 4.3 SEPARAÇÃO GRAVITACIONAL ........................................................................ 78 4.4 CARACTERIZAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DO TAMANHO DE GOTAS .............. 79 4.5 COMPARAÇÕES DO DIÂMETRO DE SAUTER ENTRE CONDIÇÕES EXPERIMENTAIS ..................................................................................................... 85 15 4.6 RESULTADOS KARL-FISCHER ......................................................................... 88 4.7 BALANÇO POPULACIONAL .............................................................................. 90 4.7.1 Balanço Populacional para a condição 3.......................................................... 94 5. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES ................................................................. 96 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 98 16 1 INTRODUÇÃO Os poços de petróleo ao envelhecerem produzem simultaneamente óleo, gás e água. Na indústria do petróleo, após o estágio de extração do óleo, este normalmente é encontrado na forma de emulsão água em óleo A/O. As emulsões podem ser formadas também durante o processo de eliminação de sal e demais impurezas, pois nesta etapa é requerida a adição de FW (do inglês Fresh Water) que consiste em água com baixo percentual de salinidade para fazer uma lavagem do petróleo (ATTEN, 2005). As emulsões são normalmente constituídas de duas fases líquidas ambas imiscíveis entre si, uma constituindo a fase dispersa e outra sendo a fase contínua. A caracterização de emulsões comumente é feita através da reologia da fase contínua, distribuição do tamanho das gotas dispersas, viscosidade interna e a natureza da interação entre as gotículas (SCHEER, 2007). Devido à presença natural de asfaltenos e resinas no petróleo cru as emulsões tornam-se estáveis, pois estes compostos reduzem a tensão interfacial das gotículas formadas (KRALOVA, 2011). Quanto mais pesado o petróleo, ou seja, menor o valor do grau API o petróleo tende a ter maiores concentrações de resinas e asfaltenos formando emulsões mais estáveis que em petróleos mais leves. A formação das emulsões desde a exploração do petróleo até a refinaria é consequência da passagem do fluido extraído do poço por tubulações, conexões, válvulas que irão promover uma mistura entre a água e o óleo. É necessário então separar este óleo dos componentes indesejáveis antes de levá-lo a refinaria. Segundo THOMAS (2004) as especificações internacionais para processamento de combustíveis, BSW (do inglês Bottom Sediments and Water), ou seja, a concentração de água e sedimentos deve possuir valor inferior a 1% em massa em relação ao fluido de petróleo. As emulsões dentro das refinarias devem ser removidas, pois a água emulsionada ocupa espaço extra e provoca corrosão de tubulações e equipamentos, portando aumentando o custo de produção (GRACE 1, R. 1992, citado por SOLEIMANI et al., 2011). 1 GRACE, R. Commercial Emulsion Breaking. In Emulsions, American Chemical Society, v. 231, p. 313-339, 1992. 17 Existem várias técnicas para fazer separação destas fases como, separação gravitacional, o uso de desemulsificantes, hidrociclones, técnicas de ajuste de pH, centrifugação, filtração, desemulsificação eletrostática com aquecimento, cada qual com suas vantagens e desvantagens. A técnica de separação que devemos utilizar vai depender do tipo de petróleo e suas características. O petróleo extraído de uma determinada região do mundo possui características físicas e químicas diferentes de outro óleo de outra região, isto possibilita uma infinidade de estudos para desvendar qual técnica de desemulsificação é a mais viável para aquele determinado petróleo. A separação gravitacional é a mais conhecida e comum nos poços brasileiros, é uma técnica de separação barata que pode ser utilizada nos campos de produção para realizar o processamento primário do petróleo, que constituí em separar as fases gasosas, do petróleo e da água livre. Todas as técnicas abordam fenômenos físico-químicos específicos. A maioria não aborda o fenômeno da coalescência, que é a união das gotas emulsionadas que provoca aumento do tamanho da gota, facilitando a separação das fases. Vários estudos são feitos para entender os mecanismos da coalescência e sua influência sobre os métodos de separação, sendo utilizados modelos matemáticos para ajudar no desenvolvimento de projetos de equipamentos mais precisos e ajustados para cada necessidade. Um dos modelos que tem sido muito utilizado para esse fim é o modelo de Balanço Populacional (BP), que tem como finalidade contabilizar as partículas que constituem a fase dispersa numa fase contínua. A modelagem com BP é muito útil no trabalho com dispersões como emulsões, polimerização e cristalização pois, sua formulação incorpora a coalescência, quebra, nucleação e crescimento das partículas, ficando a cargo do pesquisador escolher quais são as variáveis importantes e eliminar os fenômenos que considerar desnecessário para determinado estudo de caso. Com o avanço das pesquisas laboratoriais e o uso da modelagem matemática, pretende-se nesta dissertação, ajudar no entendimento dos fenômenos de desemulsificação de emulsões A/O para que possam ser projetados equipamentos mais específicos e precisos com petróleo utilizado no país, cedido pelo Centro de Pesquisa e desenvolvimento da Petrobrás (CENPES) do Rio de Janeiro. A distribuição dos capítulos ficou definida da seguinte forma: 18 O capítulo 2 aborda uma revisão bibliográfica sobre os temas de interesse, processamento primário do petróleo, tipos de emulsão, estabilidade de emulsões, modelagem de balanço populacional e métodos numéricos para resolução, fazendo uma pequena e atual revisão da literatura sobre alguns trabalhos que utilizam emulsões e ou balanço populacional em outros assuntos. O capítulo 3 será destinado aos materiais e métodos experimentais, explicará como foram feitas as analises e como foram calculados e obtidos os resultados, demonstrará o planejamento utilizado, bem como os métodos de discretização desenvolvidos no modelo de balanço populacional e a descrição do código computacional usando linguagem Fortran 90. O capítulo 4 apresentará os resultados laboratoriais e computacionais, sendo demonstrados através de gráficos e tabelas, também apresentará comparações sobre os dados encontrados e os calculados pelo modelo. Por fim o capítulo 5 expõe as conclusões e indica possíveis estudos que podem ser feitos a partir deste e combinando com estudos também recentes sobre emulsões. 1.1 OBJETIVOS Neste contexto o objetivo deste estudo é modelar a cinética de desemulsificação de emulsões tipo água em óleo utilizando um petróleo pesado com grau API igual a 20. Os objetivos específicos são: a) Investigar experimentalmente a estabilidade das emulsões. b) Elaborar modelagem matemática da desemulsificação empregando o modelo de balanço populacional com os dados experimentais obtidos. c) Ajustar parâmetros do modelo. 19 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 PROCESSAMENTO PRIMARIO DE PETRÓLEO O petróleo é formado pela decomposição de material de origem animal e vegetal que sobre ação de pressão e calor gera compostos conhecidos como hidrocarbonetos. Dependendo da pressão encontramos dentro deste reservatório gás, petróleo e água, ambos compostos imiscíveis e separados devido à diferença de densidades (SILVA et al., 2007). A FIGURA 1 demonstra o esquema de posicionamento das fases dentro de um poço típico de extração de petróleo. FIGURA 1 - RESERVATÓRIO DE PETRÓLEO FONTE: SILVA et al., (2007) Desta forma no processo de extração, gás, petróleo, água e sedimentos (areia e outras impurezas sólidas) são produzidos simultaneamente, além de contaminantes como CO2 e H2S tanto na forma gasosa ou dissolvidos na fase líquida. A água pode estar presente na forma de vapor, água livre ou emulsionada, está última é a que apresenta maior dificuldade de remoção. Como o interesse comercial é apenas para a produção de hidrocarbonetos (gás e petróleo), os campos produtores devem ser dotados de um sistema de processamento primário, capaz de fazer a separação das fases gás/óleo/água (SILVA et al., 2007). A FIGURA 2 ilustra uma planta de processamento simplificada comum nos campos de produção de petróleo e gás. 20 FIGURA 2 - ESQUEMA DE PROCESSO PRIMÁRIO DE PETRÓLEO FONTE: SILVA et al., (2007) Pela FIGURA 2 observa-se que o objetivo deste processamento primário é separar as fases, deixando as fases gasosas e oleosas em condições de ir para as refinarias e tratar a água de forma que ela possa ser descartada no meio ambiente ou para injeção dentro do reservatório, fazendo com que a pressão dentro deste fique elevada. Após a separação primária as fases são tratadas individualmente, para que possamos atingir as especificações mínimas para exportação e consumo em refinarias, o gás natural não pode conter vapor da água, mas pode apresentar quantidades restritas de CO2 e H2S, o óleo pode conter no máximo 1% de BSW e 285 mg/L de sal dissolvido para exportação e a água deve ser descartada em temperatura controlada de no máximo 40ºC e com limite máximo de 20 mg/L de óleo em sua composição (SILVA et al., 2007). Os separadores utilizados no processamento primário são específicos para a operação desejada, como exemplo os separadores de gás, separadores trifásicos e separadores de água livre. Quando a concentração de gás é baixa normalmente utilizam-se separadores de água livre, assim o pouco gás que possui no fluído é transportado junto com o petróleo. Os separadores de gás ao contrário são mais usados quando a razão gás/fluído é alta e os trifásicos são os mais utilizados na maioria dos casos, pois, tem a capacidade de separar as três fases simultaneamente (CUNHA, P. E. R.,2007). Os separadores trifásicos podem ser verticais ou horizontais conforme mostram as FIGURAS 3 e 4 respectivamente. Os horizontais são mais indicados para altas concentrações de gás, e devido sua maior área superficial de interface 21 facilita o processo de separação, porém uma desvantagem em relação ao vertical é devido à dificuldade da manutenção de limpeza dos sedimentos que se acumulam no fundo do separador, os verticais devido a sua geometria permitem uma deposição mais localizada. FIGURA 3 - SEPARADOR VERTICAL FONTE: SILVA, et al.,(2007). FIGURA 4 - SEPARADOR HORIZONTAL FONTE: CUNHA, P. E. R.,(2007). 22 2.2 EMULSÕES DE PETRÓLEO Emulsão é definida na literatura como um sistema heterogêneo formado por duas fases líquidas onde, um líquido é disperso (fase dispersa) em outro líquido (fase contínua). As emulsões constituem uma única fase, porém tendem a ser termodinamicamente instáveis. Num poço de extração de petróleo as fases encontram-se separadas (água, óleo e gás), a emulsão água em óleo (A/O) ocorre durante o processo de elevação devido a forte agitação imposta e ao intenso cisalhamento causado pela despressurização através da válvula choke, válvula responsável por controlar a vazão que é extraída do poço. No inicio da produção de um poço o petróleo é extraído com baixo teor de água, com a continuidade da extração o poço tende a esgotar sua quantidade de petróleo e é necessário adicionar água ao poço para manter a pressão elevada do mesmo. Conforme o poço envelhece, ou seja, a vida útil de produção tende ao fim, mais água é introduzida no reservatório e menos petróleo é retirado, sendo comum o teor de água ultrapassar 50% (SILVA et al., 2007). A emulsão é um mal necessário no processo de elevação, pois apesar de ser mais viscosa que o petróleo acarretando perdas de carga, sem a emulsão aconteceria aparições de incrustações nas tubulações e haveria maior taxa de corrosão devido à salinidade da água. 2.2.1 Tipos de emulsões As emulsões podem ser classificadas quanto ao tipo: Emulsões do tipo água em óleo (A/O) Emulsões do tipo óleo em água (O/A) Emulsões do tipo mistas A/O/A ou O/A/O A FIGURA 5 ilustra os tipos de emulsões entre água e petróleo, emulsão A/O é quando a fase dispersa é a água e a contínua é o óleo sendo a mais encontrada na indústria petrolífera. 23 FIGURA 5 - TIPOS DE EMULSÃO FONTE: CUNHA, P. E. R.,(2007). A especificação de uma emulsão entre A/O ou O/A depende de vários fatores como, composição do fluido (razão de água), tipos de agentes emulsificantes, composição da água e principalmente das propriedades do petróleo (KOKAL, 2002). Esta última é a que motiva tantos estudos com emulsões, pois o petróleo de uma dada região do mundo possui características distintas de qualquer outro de outra região. Quando se tem uma emulsão podem ser feitos testes de condutividade para determinar se esta é A/O ou O/A pois, sabemos que o óleo é um composto isolante e a água devido aos sais é forte condutor de eletricidade. Um método mais simples para identificar o tipo de uma emulsão é colocar uma gota da mesma num reservatório (Becker) com água, a gotícula permanecerá caso seja de uma emulsão A/O 2.2.2 Mecanismos envolvidos na estabilização das emulsões Para que uma emulsão seja formada três condições devem ser satisfeitas: Existência de dois líquidos imiscíveis em contato; Existência de forte agitação; Presença de agentes emulsificantes. Na composição do petróleo cru podemos encontrar agentes emulsificantes, sendo os principais as resinas, os asfaltenos e os ácidos naftênicos. Estes compostos possuem alta massa molecular, alto ponto de ebulição e possuem a característica de serem anfifílicos (possuírem em sua molécula parte polar e parte apolar). Devido a esta afinidade dupla (hidrofílica e lipofílica) os agentes 24 emulsificantes migram para a interface das gotículas de água formando uma espécie de película ou filme interfacial. A película formada por agentes emulsificantes impede o contato de uma gotícula com outra, dificultando a coalescência e a separação das fases. Quanto maior a concentração de emulsificantes mais estável é a emulsão. A rigidez do filme interfacial vai depender também da natureza e do grau de empacotamento das moléculas. A FIGURA 6 representa a formação da película na interface das gotículas de água em uma emulsão A/O. FIGURA 6 - AÇÃO DOS AGENTES EMULSIFICANTES FONTE: SILVA, et al.,(2007). Os asfaltenos, as resinas e os ácidos naftênicos são encontrados em maior fração nos petróleos mais pesados, estes compostos são os principais constituintes do filme interfacial e são considerados os que mais se destacam na estabilização das emulsões A/O. Segundo a literatura quanto maior a concentração de asfaltenos mais estável tende a ser a emulsão formada. Asfaltenos não possuem uma definição única para sua composição por isso são definidos de acordo com a classe de solubilidade, os asfaltenos são uma fração de petróleo que precipita em alcanos leves como n-pentano, n-hexano e n-heptano (CUNHA, P. E. R.,2007). Devido à natureza e concentração dos agentes emulsificantes podem ocorrer fenômenos conhecidos como efeito de estérico e repulsão eletrostática. A repulsão elétrica é mais frequente em emulsões O/A, este fenômeno ocorre devido a presença de emulsificantes iônicos onde a parte polar interage com a água 25 formando uma camada elétrica na superfície que causa repulsão entre as gotículas. A FIGURA 7 esquematiza a repulsão devido a cargas elétricas. FIGURA 7 - REPULSÃO ELETROSTÁTICA FONTE: SILVA, et al.,(2007). Asfaltenos e resinas, compostos de grande cadeia molecular, adsorvem na interface das gotículas de água numa emulsão A/O, direcionando sua parte hidrofílica para a gota e lipofílica para o óleo, formando um filme interfacial estabilizado conhecido como impedimento estérico, representado pela FIGURA 8. Este filme bloqueia o contado entre as gotículas de água e tornam a emulsão mais estável. FIGURA 8 - IMPEDIMENTO ESTÉRICO FONTE: CUNHA, P. E. R.,(2007). 2.2.3 Fatores que interferem na estabilidade das emulsões Os fatores que interferem na estabilidade de uma emulsão são o tamanho das gotículas dispersas, a concentrações de partículas sólidas, a temperatura, o tipo de emulsificante utilizado e sua concentração, e a razão de volumes entre fase dispersa e fase contínua, 26 O tamanho das gotas formadas na emulsão e sua distribuição dependem de vários fatores, entre eles o grau de cisalhamento e de propriedades características do petróleo. Fica evidente que quanto maior a taxa de cisalhamento que a emulsão for submetida, menor será o tamanho das gotículas formadas. O tamanho das gotículas é um dos fatores que determina a resistência ao tratamento de quebra de emulsões, de modo geral quanto menores as gotas dispersas numa emulsão A/O mais difícil de fazer a separação das fases. É considerada uma emulsão grosseira quando as gotículas estão na faixa de tamanho de 100 a 1000 μm, uma emulsão entre 20 a 100 μm apresenta pouca resistência ao tratamento e uma entre 0,5 e 20 μm é considerada estável e de difícil separação (SILVA et al., 2007). Existem vários métodos para realizar a determinação da DTG (distribuição do tamanho de gotas), os mais utilizados são a ressonância magnética nuclear, a difração na luz e os métodos visuais como a microscopia ótica com análise de imagens. A temperatura é outro fator importante, pois altera as propriedades físicas da emulsão tornando o petróleo menos viscoso, facilitando assim a locomoção das gotículas de água, aumentando a frequência de colisões, fazendo com que elas coalesçam e sedimentem. Além disso, a temperatura pode agir também nas propriedades do filme interfacial, pois altera a solubilidade dos emulsificantes presentes na emulsão. Em petróleos com baixo grau API é onde frequentemente encontra-se a maior concentração de emulsificantes naturais (asfaltenos, resinas e ácidos orgânicos), esta concentração elevada de agentes surfatantes torna a emulsão mais estável, comparado a outras formadas com menores concentrações destes emulsificantes. As partículas sólidas com tamanho inferior que as gotículas emulsionadas, quando presentes na interface, ou seja, somente as partículas que forem parte hidrofílica e parte lipofílica interferem positivamente na estabilização, como as resinas e os asfaltenos (KOKAL, 2002). Os sólidos encontrados em petróleo geralmente são oriundos de asfaltenos, resinas, parafinas, areia de formação, argila, incrustações minerais e produtos de corrosão (TAMBE et al., 1995). O tipo de agente emulsificante é classificado de acordo com a escala HLB (balanço hidrofílico-lipofílico), que pode ser visualizado na TABELA 1. Esta escala 27 atribui valores de zero a vinte, com uma divisão na média. Valores abaixo da média são atribuídos a emulsificantes lipofílicos e os valores acima são para emulsificantes hidrofílicos. Assim o tipo de emulsão a ser formada, pode ser previamente escolhido. Caso seja necessário uma emulsão A/O, o emulsificante escolhido deve ser solúvel em óleo, ou seja, ser lipofílico. TABELA 1 - CORRELAÇÕES PARA O USO DE EMULSIFICANTES FONTE: ICI AMERICAN INC. Escala HLB Uso 4-6 emulsificantes A/O 7-9 agentes umidificantes 8-18 emulsificantes O/A 13-15 detergentes 10-18 solubilizantes O volume da fase dispersa afeta a probabilidade de coalescência, assim quanto maior a quantidade de gotículas mais provável será a ocorrência de colisões. Portanto pode haver diminuição da estabilidade de emulsões aumentado o teor de água, mas, acima da concentração de saturação que será própria para cada tipo de petróleo, não haverá mais incorporação de água no petróleo e está água ficará como água livre (SILVA et al., 2007). 2.3 FENÔMENOS ENVOLVIDOS NA SEPARAÇÃO GRAVITACIONAL DE EMULSÕES A/O Vários métodos como a adição de desemulsificantes, tratamento térmico, aumento do teor de água, campo eletrostático, campo centrífugo, separadores gravitacionais são utilizados isoladamente ou em combinações para promover a separação da emulsão de petróleo. Esses métodos foram desenvolvidos a partir de estudos sobre os fenômenos de floculação, sedimentação e coalescência, ambos envolvidos na separação de fases de uma emulsão. A FIGURA 9 representa todos os fenômenos envolvidos na separação de fases de uma emulsão A/O. 28 FIGURA 9 - FENÔMENOS ENVOLVIDOS NA SEPARAÇÃO DE FASES FONTE: CUNHA, P. E. R.,(2007). A FIGURA 9a representa a fase água dispersa na fase contínua que é o petróleo. A FIGURA 9b demonstra a separação parcial das fases por sedimentação, a formação de água livre, empacotamento denso e coalescência. Durante esta etapa também pode ocorrer floculação e a FIGURA 9c representa as fases separadas. A floculação é a ocorrência de um agregado de gotículas, que devido a grande resistência do filme interfacial não permite a deformação destas gotículas. O filme não se rompe e impossibilita a coalescência, isto pode acarretar a formação do empacotamento denso. Caso o filme seja muito espesso, a estabilização estérica causada por emulsificantes de grandes cadeias é um fator que favorece a floculação. A sedimentação é um fenômeno gravitacional governado pela lei de Stokes. A velocidade terminal é definida como uma velocidade constante onde a força de arraste é igual à força do peso. As forças atuantes em uma gotícula em queda podem ser observadas na FIGURA 10. 29 FIGURA 10 - FORÇAS QUE ATUAM EM UMA GÓTICULA SEDIMENTANDO FONTE: CUNHA, P. E. R.,(2007). A equação da lei de Stokes é definida como: ( ) eq.(1) onde d é diâmetro da gota, ρd e ρc são respectivamente as densidades das fases dispersa e contínua, g é a aceleração da gravidade e μc é a viscosidade dinâmica da fase contínua, no nosso caso o petróleo. A união entre gotículas ou entre gotículas e a fase livre é denominada coalescência. Para a coalescência ocorrer são necessárias duas etapas: a primeira é o estreitamento e drenagem do filme interfacial e a segunda é a ruptura e junção das gotículas (NIEVES, 1987). As velocidades de coalescência são diferentes entre gotículas e entre gotas e a fase livre conhecida como coalescência interfacial. Em processo de separações gravitacionais ambas as coalescências estão sobre a influência das propriedades físicas do sistema água-óleo e dos tamanhos de gotículas que constituem a fase dispersa. Outro fator importante que atua sobre a coalescência interfacial é a altura da zona de empacotamento, zona onde a gotículas ficam aglomeradas, como na floculação, e pressionam as gotículas dispersas próximas a interface da fase de formação (NIEVES, 1987). 30 2.3.1 Desemulsificantes O tratamento químico é feito pela adição de desemulsificantes, que são produtos químicos que deslocam os emulsificantes naturais presentes na superfície das gotículas emulsionadas, permitindo a aproximação, drenagem e ruptura do filme interfacial, possibilitando a coalescência binária. Atualmente os desemulsificantes são constituídos de misturas de copolímeros em bloco de etileno (EO) e de propileno (PO), com diferentes frações molares EO/PO, pois, a cadeia etílica é hidrofílica e a cadeia propílica é lipofílica e cada petróleo requer o uso de uma formulação específica de desemulsificante. Os desemulsificantes são classificados de acordo com a escala HLB. Os desemulsificantes tem que possuir alta velocidade de adsorção na interface água-petróleo, deslocando assim os emulsificantes naturais como resinas e asfaltenos. O objetivo dos desemulsificantes é substituir o filme rígido formado pelos emulsificantes por um filme fino e frágil de fácil ruptura (CUNHA, P. E. R.,2007). A formulação química geral é obtida pela propoxilação seguida da etoxilação de uma molécula (M) como glicerol, resina fenólica ou resina epóxi. A base de um desemulsificante é dada por: ( ) ( ) ( ) eq. (2) onde x, n e m representam números inteiros que determinação a quantidade respectivamente de cadeias de aduto, propileno e etileno. Um fato importante sobre os desemulsificantes é quanto a sua injeção no processamento de petróleo podendo ser logo após a extração e o mais afastado possível da planta de processamento primário, para que a ação do produto seja por um período maior de tempo, aumentando a eficácia do tratamento químico. Os desemulsificantes principalmente também com óleos podem mais ser injetados pesados, no poço possibilitando a de produção, migração dos emulsificantes naturais para a interface das gotículas geradas durante a fase de extração e transporte de elevação (SILVA et al., 2007). 2.3.2 Tratamento térmico 31 O aquecimento da emulsão é essencial para evitar o aparecimento de cristais de parafina em petróleos parafínicos, pois estes cristais também são um fator responsável pela estabilização das emulsões (CUNHA, P. E. R.,2007). Além de promover a diminuição da viscosidade do meio, o aquecimento é fundamental para aumentar a velocidade terminal das gotículas, aumentar a difusibilidade do desemulsificante no meio, promover aumento da energia térmica resultando numa maior movimentação das gotas e diminuir a rigidez do filme interfacial formado pelos emulsificantes naturais. Dependendo das características do petróleo o tratamento térmico é essencial para facilitar o transporte nas tubulações e para acelerar o processo de coalescência das gotas. O tratamento térmico normalmente é utilizado em associação com outro processo de quebra de emulsão. Na FIGURA 11 observa-se o gráfico de viscosidade em função da temperatura para petróleos de diferentes graus API, entretanto vale destacar que petróleos de diferentes regiões do mundo de um mesmo grau API podem variar suas viscosidades, pois suas composições podem ser bem diferentes. FIGURA 11 - VISCOSIDADE DE PETRÓLEOS X TEMPERATURA FONTE: SILVA, et al.,(2007). 32 2.4 BALANÇO POPULACIONAL O modelo de Balanço Populacional (BP) teve origem na equação de Boltzmann a mais de um século atrás. Apesar de antigo é atualmente considerado como uma nova luz devido às inúmeras aplicações designadas pelos engenheiros, sendo uma das últimas tendências à percepção de que a metodologia de BP é interessante para um tratamento racional dos processos em fase dispersa como emulsões (RAMKRISHNA, 2000). O BP possui a capacidade de tratar os aspectos evolutivos de uma dispersão como taxa de nascença “BIRTH”, taxa de morte “DEATH”, crescimento, nucleação, aglomeração e quebra que permite quantificar o seu valor característico para a análise dos sistemas de uma fase dispersa (RAMKRISHNA, 2000). Desta forma o BP é importante para calcular fenômenos específicos que englobam a coalescência entre gotículas. O BP é amplamente utilizado na Engenharia Química em diferentes tipos de sistemas de dispersões desde meados da década de 70, como nos trabalhos sobre cristalização de RANDOLF, A. D., LARSON, M. A. (1971) e na utilização em sistema aero coloidal por HIDY, G. M., BROCK, J. R. (1979), bem como em inúmeros trabalhos recentes como na utilização em emulsões de água em petróleo de CUNHA, P. E. R. (2007), em processos de cristalização de COSTA, C. B. B. (2007), em polimerização de ULIANA, M. (2007). É notável o crescimento sobre o estudo deste tipo de modelagem na última década, sendo que na sequencia serão apresentados uma breve descrição de alguns trabalhos publicados no ano de 2012. IERAPETRITOU, M. et al. (2012) apresentaram a aplicação do método de modelagem computacional para prever a mistura de pó. O modelo de balanço populacional multidimensional é formulado para controlar a evolução da distribuição de uma mistura de populações de partículas no que diz respeito à posição e ao tempo. Utilizando o método de elementos finitos para discretização do modelo, calcularam a distribuição no tempo de residência, média e desvio padrão relativo da concentração em um misturador contínuo. Alguns modelos estatísticos também foram apresentados e sua eficiência para otimização do projeto foram comparadas. SHU, C., et al. (2012) consideraram o modelo de BP para populações de células no processo de regularização de genes com variáveis intracelulares 33 submetidas a dinâmicas estocásticas. O trabalho foi desenvolvido para estudar a resistência à disseminação de remédios entre células bacterianas. O modelo incorporava taxa de crescimento e quebra e sua resolução do foi através do método numérico de Euler. ATTARAKIH, M., et al. (2012) utilizaram o BP para modelar reações químicas reversíveis em um reator de separação de óleo em escala industrial. Aplicando suas considerações geraram um sistema complexo de equações diferencias parciais de tipo hiperbólico e com termos não lineares. Para resolução do BP utilizaram o método de quadratura dos momentos e método de volumes finitos para discretização das coordenadas espaciais. O modelo foi validado através de solução analítica de um caso especial onde à convergência era estabilizada. FLOOD, A. E.; WANTHA, L. (2012) fizeram uso do modelo de balanço populacional em cristalizadores para estudar casos de produção de produtos “puros” com apenas uma formação de cristal, pois o processo de cristalização para gerar ou purificar compostos químicos produz várias formas polimórficas, cristais da mesma espécie com diferentes estruturas. O artigo não descreve os métodos utilizados na resolução do modelo do BP, nem sua formulação para o caso em estudo. ROUDSARI, S. F., et al. (2012) desenvolveram uma modelagem computacional CFD (computational fluid dynamics) para estudar a mistura de emulsões água em óleo sob fluxo contínuo e sob a ação de tensões de cisalhamento. Diferentes modelos matemáticos foram incorporados neste CFD sendo um destes o de BP, responsável por estimar a distribuição do tamanho das gotas. Segundo os autores o modelo CFD baseado no BP foi empregado para estudar o efeito da velocidade de rotação do impelidor, viscosidade do óleo, fração volumétrica da água na probabilidade cumulativa da DTG e distribuição da fração volumétrica de água. Para resolução do BP a equação foi discretizada e descrevia apenas os fenômenos de coalescência e quebra, não considerando os fenômenos de nucleação e crescimento. MAINDARKAR, S. N., et al. (2012) estudaram as emulsões O/A utilizadas na indústria de alimentos, desenvolvendo o modelo de BP para casos de homogeneização a alta pressão. O estudo foi feito com diferentes tipos e concentrações de surfatantes industriais. No equacionamento do BP a distribuição era afetada apenas pelas taxas de coalescência e quebra. O artigo não informa os 34 métodos matemáticos utilizados para resolução do modelo, apenas o seu equacionamento. SANG, Y.; ENGLEZOS, P. (2012) fizeram uso do modelo de balanço populacional para descrever a floculação da precipitação de carbonato de cálcio. O modelo levou em conta os fenômenos de agregação, quebra e restruturação. O artigo apresentou a formulação utilizada detalhada, porém não indicou os métodos de resolução. ULIANA, M (2012) estudou a modelagem do BP para a degradação dos polímeros, problema conhecido na literatura como problema inverso do BP. O termo fonte da equação do BP foi composto apenas pela taxa de quebra, polímeros de cadeias grandes quebram e formam cadeias menores. A tese é bem completa e abrange vários dados de degradação de processos poliméricos. O BP foi discretizado usando a técnica dos pivôs fixos e para resolução foi utilizado uma rotina de minimização quadrática usada no software SciLab. O objetivo do modelo de BP é descrever a população dispersa através da densidade de uma variável extensiva apropriada, normalmente o número de partículas, mas, às vezes para facilitar os resultados podemos expressar em massa ou volume das gotículas. Vale ressaltar que as leis de transporte da conservação são mantidas para as partículas individuais (RAMKRISHNA, 2000). Coordenadas internas e externas são atribuídas às partículas dispersas no BP. As coordenadas internas são responsáveis por caracterizar quantitativamente diferentes especificações de partículas, enquanto as coordenadas externas apenas denotam a localização física das gotas no espaço. Estas especificações das coordenadas internas podem ser discretizadas em função do diâmetro ou do volume das partículas (RAMKRISHNA, 2000). Assumir a existência de um número de densidade para cada ponto da partícula no espaço é fundamental para a formulação do BP. Assim, o número de partículas em qualquer região do espaço é obtido através da integração do número da densidade no espaço determinado. A equação de BP é uma equação do número anterior da densidade que pode ser considerado como representante do balanço do número de partículas de um estado particular. A equação é muitas vezes associada a equações de conservação de entidades na fase de partículas. O número da função densidade, juntamente com as variáveis do sistema, determina completamente a evolução de todas as propriedades da fase dispersa (RAMKRISHNA, 2000). 35 A equação do BP basicamente contabiliza as partículas de um determinado estado que podem formar-se ou desaparecer do sistema. O número total de partículas de um estado em determinado espaço num sistema pode ser alterado por processo de surgimento de novas partículas (“Birth Processes”) e pela extinção das partículas existentes (“Death Processes”). “Birth Processes” de partículas pode ocorrer devido à quebra ou divisão, agregação ou coalescência e nucleação de partículas. Da mesma forma a quebra e agregação também contribuem para o “Death Processes” (RAMKRISHNA, 2000). No BP precisamos descrever as variáveis de um sistema composto por uma fase dispersa e outra contínua de distintos materiais, para isto, podemos atribuir valores para cada tipo de material, discretizar o tamanho das partículas e quantificar determinada partícula. Como a variável externa temporal varia continuamente, ela é incorporada na taxa de mudança de estado das partículas (RAMKRISHNA, 2000). A escolha das variáveis do estado de partículas depende da aplicação, e das considerações sobre as taxas de “Birth” e “Death”. Por exemplo, em processo de cristalização é interessante prever e controlar o tamanho da distribuição dos cristais produzidos. Neste caso as partículas são os cristais e a distribuição do tamanho dos cristais é o principal estado das partículas. (RAMKRISHNA, 2000). É conveniente fazer a distinção entre as coordenadas externas r=(r1,r2,r3), espaço e tempo, que podem ser utilizados para indicar a posição do vetor de partículas, e as coordenadas internas x=(x1,x2,...,xd), diâmetro ou volume das gotículas dispersas, representando o subscrito d as diferentes quantidades associadas com a partícula. O vetor da partícula é representado por ambas as coordenadas (x,r). O domínio de coordenadas internas é representado por Ωx, e o domínio de coordenadas externas é representado por Ωr, que é o conjunto de pontos no espaço físico no qual as partículas se encontram presentes. Estes domínios podem estar delimitados ou podem ter limites infinitos (RAMKRISHNA, 2000). Para determinar uma equação genérica do BP, primeiramente devemos definir o vetor de fase continua Y(r,t)=[Y1(r,t) , Y2(r,t) , ... , Yc(r,t)], que é claramente função apenas do espaço e tempo, coordenadas externas. Neste caso a evolução neste sistema é governada pelas leis de transporte e por interações entre as partículas (RAMKRISHNA, 2000). Para obtermos o equacionamento do BP, segue a descrição abaixo retirada do livro sobre BP de RAMKRISHNA (2000). Primeiramente devemos identificar o 36 número da função densidade médio, que é postulado e definido no espaço de estado da partícula: [ ( )] ( ) eq. (3) Sendo o lado esquerdo a média atual do número de densidade n(x,r,t), enquanto o lado direito mostra a média do número da densidade f1(x,r,t). Para calcular a média do número de partículas em qualquer região do espaço, é necessário saber a média do número da densidade anterior. Assim o número total de partículas é calculado em certa unidade de volume de espaço físico, é denotado por N(r,t): ( ) ( ∫ ) eq. (4) Se desejarmos o número de densidade espacial de uma classe selecionada de partículas que pertencem a subconjunto Ax do espaço, então a integração acima deve estar sobre o subconjunto Ax. Também é possível definir a função densidade para o volume ou massa da população de partículas de modo similar. Para o volume a definição é v(x)f 1(x,r,t) e a densidade da fração do volume definida por φ(x,r,t) é: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ∫ ( ) eq. (5) As densidades de volume e de massa estão relacionadas com a quantidade de material da fase dispersa, portanto são fisicamente mais relevantes. Definido R(x,r,Y,t) e X(x,r,Y,t) como velocidade através das coordenadas externas e internas respectivamente, é possível agora, identificar os fluxos de partículas, assim, f1(x,r,t)R(x,r,Y,t) representa o fluxo através do espaço físico e f1(x,r,t)X(x,r,Y,t) o fluxo pela coordenada interna. Sendo estes fluxos importantes para a formulação do balanço populacional. Considerando o balanço populacional entre dois pontos a e b, onde a e b são pontos onde ocorre uma mudança referente à coordenada interna, tamanho da partícula, podemos dizer: ̇( ) ( ) ̇( ) ( ) eq. (6) 37 O primeiro termo representa o fluxo em a e o segundo o fluxo em b. Assumindo que não há modo de alterar o número de partículas entre os limites [a,b], escrevemos o balanço numérico no intervalo como: ( ∫ ̇( ) ) ( ) ̇( ) ( ) eq. (7) Reorganizando e integrando, devido à característica da eq. (6), temos a equação do balanço populacional. ( ) ( ̇( ) ( )) eq. (8) Está equação deve ser submetida às condições de contorno e inicial, sendo tais condições características exclusivas para cada estudo de caso. Então de um modo geral a equação do balanço populacional é um balanço de entrada e saída de fluxos de uma população dispersa especificada por seu tamanho em um sistema que pode possuir várias dimensões. Quando temos um sistema onde a distribuição do tamanho das partículas é afetada apenas pela coalescência binária, a agregação somente ocorre entre duas gotículas, podemos utilizar a equação do balanço populacional representada pela equação (8) (RAMKRISHNA, 2000). ( ( ) )∫ ∫ ( ( ) ( ) ( ) ( ) ) eq. (9) Onde: f1(v-w,t), f1(v,t) e f1(w,t) representam as funções densidade, concentração da distribuição das gotículas de volume v-w, v e w, respectivamente. β(v-w,w) e β(v,w): representam as velocidades de coalescência entre as gotículas de volume v-w e w e entre as gotículas de volume v e w respectivamente. O primeiro termo à direita da equação (9) representa o aparecimento de novas partículas de tamanho v devido à coalescência, agregação de partículas de menor tamanho e o segundo termo o desaparecimento de partículas de tamanho v devido a sua coalescência com outras gotículas do sistema. 38 A multiplicação por ½ é necessária devido a dupla contagem das partículas na integração (por exemplo: a gota 1 agrega com a gota 2 e posteriormente a gota 2 agrega com a gota 1). Para a descrição do balanço populacional em sistemas com fases de distintas massas específicas, ocorrem fenômenos como transporte axial (sedimentação/flotação), assim a distribuição de tamanho de gotículas é afetada pela difusão ao longo das coordenadas espaciais e pela velocidade de segregação (advecção) (STERLING et al., 2004). Usando as definições acima podemos escrever de um modo geral a equação do BP para sistemas com coordenas externas: ( [ ) [ ̇ ( ( ( )] ))] ( ) eq. (10) O termo à esquerda representa o acúmulo de partículas no espaço das variáveis internas e externas. O primeiro termo a direita representa o transporte convectivo causado pela sedimentação (termo advectivo), o segundo termo representa o transporte difusivo onde Dx é o coeficiente de difusão anisotrópico (termo difusivo). O terceiro termo a direita é o termo fonte, este termo pode ser dividido entre a taxa de nucleação J(x,r,Y,t), taxa de crescimento G(x,r,Y,t) e as taxas de Birth e Death, B(x,r,Y,t) e D(x,r,Y,t). ( ( ) ) ( ( ) ) ( ( ) ) ( ) eq. (11) 2.4.1 Métodos de soluções de Balanço Populacional Somente para casos mais simples da equação do BP é que temos solução analítica, como em SCOTT (1968) ou PATIL e ANDREWS (1998) que desenvolveram a resolução analítica considerando que a equação do BP não tinha termos de advecção, difusividade ou acúmulo. Ambos os autores consideravam apenas o termo fonte como o termo que influenciava a distribuição. Sendo que no termo fonte, SCOTT (1968) considerava apenas a taxa de coalescência como citado 39 pela eq. (9) e os autores PATIL e ANDREWS (1998) consideravam os temos de coalescência e quebra (CUNHA, P. E. R., 2007). Apesar de geralmente as soluções analíticas não serem aplicadas a problemas reais, devido a maior complexidade dos mesmos, estas são extremamente importantes para a validação de novos métodos numéricos para o BP. Entre as técnicas de solução analítica encontram-se relatadas na literatura o método de aproximações sucessivas, o método das características, o método das gerações sucessivas e o método de transformada de Laplace (SANTOS, F. P. dos, 2010). Entretanto, a equação do balanço populacional conforme apresentada na eq. (10), com o termo fonte representado pela eq. (9) é uma equação integro-diferencial com dependência temporal e espacial e para sua resolução não existe formulação analítica, portando para resolver precisamos utilizar técnicas numéricas. Os métodos numéricos encontrados na literatura podem ser classificados em: método dos momentos, método dos resíduos ponderados, métodos estocásticos, métodos híbridos e técnicas de discretização. A escolha do método não é trivial, pois alguns métodos possuem certas restrições e existem vários equacionamentos de balanço populacional. O método dos momentos resulta em transformar a equação do BP em um sistema de EDOs (equações diferenciais ordinárias), que descreve a coordenada interna em alguns momentos da função densidade. O número de momentos é limitado normalmente em ordem zero para representar a densidade numérica da população e para a massa como coordenada interna o momento de primeira ordem representa a densidade mássica da população. Este tipo de abordagem resulta em baixo tempo computacional, pois a curva de distribuição não é completamente calculada, somente são determinados os momentos da distribuição (CUNHA, P. E. R., 2007). Em certas equações do BP é necessário uma distribuição de ordem superior, e o método dos momentos torna-se incapaz de fechar o sistema de equações. Neste caso surgem os métodos híbridos, que são meios de contornar o problema do fechamento das equações, usando aproximações pelo método de quadratura gaussianas das integrais. Essa metodologia soluciona o problema do fechamento para uma ampla variedade de problemas (CUNHA, P. E. R., 2007). 40 O método dos resíduos ponderados é uma técnica para soluções de equações diferenciais parciais e fundamenta-se na aproximação da função densidade pela soma ponderada de elementos de uma base do espaço das funções que constituem a solução procurada (CUNHA, P. E. R., 2007). As bases são funções conhecidas como delta de Dirac ou a própria função peso (método de Garlekin). Os variados tipos de métodos dos resíduos diferem pelo uso de funções globais ou locais (PINTO e LAGE2, citado por SANTOS, F. P. dos, 2010). Quando aplicado a uma função local, a função é aplicada a um pequeno intervalo do domínio, é então caracterizado o método matemático conhecido como método dos elementos finitos. Alguns autores destacam a aplicação dos métodos dos elementos finitos para resolução de BP, porém esta técnica é indicada a sistemas onde se tem um conhecimento da distribuição final e as velocidades são calculadas por expressões simples. Os métodos estocásticos são baseados em simulações de um sistema, gerando números aleatórios para o cálculo das funções de densidade. Portanto, a equação do BP que é determinística, é substituída pela simulação estocástica do sistema. Entre os métodos estocásticos destaca-se o de Monte Carlo por ser híbrido e considerar uma parte semi-analítica. Podemos encontrar vários trabalhos comparando as soluções estocásticas, pois é um método bem flexível, podendo ser adaptado a qualquer tipo de equacionamento de BP, porém o gasto com o tempo em simulações é elevado e a incorporação em sistemas computacionais não é uma tarefa simples (SANTOS, F. P. dos, 2010). As técnicas de discretização ou métodos das classes consistem em discretizar a coordenada interna em um número finito de classes, sendo este espaçamento da coordenada interna, entre o maior e o menor valor, constante ou determinado por progressões geométricas (PG). A discretização da variável interna (tamanho da partícula) aplicado no BP transforma a equação integro diferencial em um sistema de equações ordinárias. Esta metodologia diferente do método dos momentos permite obter a discretização completa da distribuição para a equação do BP. O método de classes mais utilizado é o método do pivotamento descrito por KUMAR e RAMKRISNHA (1996a), por apresentar solução para o problema de 2 PINTO, J.; LAGE, P. Métodos numéricos em problemas de Engenharia Química. E-papers, 2001. 41 inflexibilidade da malha, pois ele concentra as informações de um intervalo em torno de um único ponto, chamado de ponto pivô. O método do pivotamento pode ser fixo ou móvel, a diferença no móvel é que o ponto pivô irá se alterar na direção do tamanho das novas partículas formadas (KUMAR e RAMKRISHNA, 1996b). Este método já foi validado em outros trabalhos como CUNHA, P. E. R., (2007) e foi comprovado sua eficiência em relação ao modelo de pivotamento móvel no trabalho de NOPENS, et al., (2005), verificando que o pivotamento fixo atinge mais rapidamente o estado estacionário e gasta menor tempo computacional, porém é necessário um número maior de intervalos. Portanto apresentaremos melhor o seu equacionamento a seguir. 2.4.2 Método do pivô fixo Para começar a discretização do pivô fixo é necessário escolher o tipo de malha que desejamos, entre uma malha com espaçamentos fixos ou uma gerada por PG. A malha gerada por PG necessita de menos pontos pivôs para discretizar toda a extensão da coordenada interna, tem um custo computacional menor e gera uma malha não uniforme com espaçamentos mais finos nas regiões de menor tamanho de partícula e mais grosseiros nas regiões com maiores tamanhos de partícula. Geralmente quanto mais fina a malha de discretização, menor é o erro de aproximação, mas isso gera mais equações para serem resolvidas e ocasiona maior esforço computacional associado a esta solução (ULIANA, M., 2007). Assim um dos problemas desta solução é a parte de simulação, pois é necessário aperfeiçoar a precisão nos resultados e tempo gasto. Para cada classe de partículas Ni(t) correspondente a faixa de intervalo (Vi,Vi+1) atribui-se um ponto pivô (tamanho) característico xi. O Vi fica na média entre dois pontos xi conforme a FIGURA 14 com malha gerada por PG. FIGURA 12 - DISCRETIZAÇÃO POR MALHA NÃO UNIFORME 42 O domínio da coordenada fica restrito entre (Vi,Vi+1). O cálculo da malha e dos pontos pivôs são determinados pelas equações abaixo: eq (12) onde x0 não existe e x1 é calculado conforme equação (13), q>1 é uma constante que determina o espaçamento da distribuição e também é responsável junto com o menor e o maior tamanho de gotas de gerar o número de pontos pivôs (Np). Quanto mais q se aproxima de 1 mais pontos pivôs serão gerados para discretizar o volume ou o diâmetro das gotas. eq. (13) Sendo i um número inteiro com domínio em [1,np], xi é o valor característico do ponto pivô referente a um intervalo determinado pela média de dois pontos pivôs conforme equação (14). ( ) eq. (14) Aplicando o operador ∫ ( ∫ ) [ ∑ ∫ ( no termo fonte, descrito pela eq. (9), temos: )∑ ( ∫ ( ∫ ) ( ) ( ) ) ( ] ) eq. (15) onde Np é o número de intervalos do domínio, ou número de pontos pivôs pois cada intervalo tem um único ponto pivô. Assim o número total de gotículas no intervalo é definido por: ( ) ∫ ( ) eq. (16) 43 Baseado no teorema do valor médio e na representação dos intervalos através de pontos pivôs, a eq.(16) pode ser representada em função do número de partículas (ni e nj) nos intervalos (RAMKRISHNA, 2000), como mostra a equação (17). ( )∫ ( ∫ ) ( ) ( ) eq. (17) Para computar a formação de novas partículas de volume (v) a função densidade destas espécies é distribuída entre categorias consecutivas, para isto é necessário utilizar a seguinte aproximação: ( ) ( ( ) ) ( eq. (18) ) eq. (19) As frações de partículas a(v,xi) e b(v, xi+1) são atribuídas aos pontos pivôs característicos xi e xi+1 respectivamente de modo que duas propriedades de interesse sejam preservadas, número e volume das partículas (momentos 0 e 1 da distribuição), conforme equações (18) e (19). Estas aproximações aplicadas na equação (9) do BP, equação que representa o termo fonte, apenas com a taxa de “Birth” e “Death”, resulta em: ∑ ( ) ∑ ( ) eq. (20) no primeiro somatório o limite inferior (j,k) equivale ao intervalo de; ( ) eq. (21) e ηi é a função densidade das partículas que coalescem no intervalo i. Estas seguem a equação (22) para gerar a nova distribuição. ( ( ) ) eq. (22) 44 Assim é feita a redistribuição das partículas de volume xi formadas por coalescência a partir das partículas de volume v = xj + xk, esta redistribuição é ilustrada na FIGURA 15. FIGURA 13 - DISTRIBUIÇÃO DAS FRAÇÕES DE COALESCÊNCIA FONTE: ULIANA, M., 2007. 2.4.3 Método de volumes finitos Métodos como pivô fixo são utilizados para discretização da coordenada interna e transformam a equação do BP em um sistema de equações ordinárias. Para a solução deste sitema de equações do balanço populacional existem vários métodos matemáticos numéricos, entre eles citam-se alguns relatados na literatura: o método de Runge Kutta foi utilizado por ULIANA, M. (2007), o método de Euler explicito usado por MARINANGELO, G. (2010), Euler-Lagrange utilizado por CAMPOS E LAGE (2003), discretização por elementos finitos em MAHONEY, A. W.; RAMKRISHNA, D. (2002) e discretização por volumes finitos ATTARAKIH et al. (2004) e CUNHA, P. E. R (2007). De acordo com a presente revisão existem várias abordagens, porém entre todos os métodos, a discretização por volumes finitos tem suas vantagens pela simplicidade de aplicação, conservação da grandeza e pouco esforço computacional se comparado aos demais métodos. O método dos volumes finitos é utilizado para resolver problemas que tenham coordenadas espaciais, ou seja, problemas de valor de contorno. Geralmente é utilizado na resolução de modelos que tenham valor de contorno difusivo, comumente confundido com o método de diferenças finitas por em 45 alguns casos apresentar a mesma equação discretizada, porém possuem bases de formulação bastante diferentes. Enquanto o método de diferenças finitas tem dedução puramente matemática a partir de aproximações de derivadas, o método de volumes finitos tem base física (PINTO, J. C.; LAGE, P. L. C. (2001). Esta base física é o que garante a conservação de uma grandeza ao longo de um processo, muito utilizado em problemas de Engenharia Química baseados em fenômenos dos transportes de massa, movimento e calor. Problemas semelhantes ao modelo de BP são modelos com termos que representam o acúmulo, o transporte convectivo, o transporte difusivo e a geração de uma dada grandeza. Para cada volume é aplicado um balanço da grandeza estudada. Esta é uma vantagem em relação ao método de diferenças finitas onde ocorrem erros devido à aproximação de valor inicial. Para muitas equações como, por exemplo, a do BP onde a grandeza é o número de gotas é difícil aplicar um balanço para o volume de controle, para tanto à equação discretizada pelo método de volumes finitos pode ser obtida aplicando um operador integral, que pode ser especificado para todas as coordenas externas inclusive o tempo. Este operador é definido de acordo com as coordenas trabalhadas em cada caso, podendo ser em coordenadas cartesianas, cilíndricas ou esféricas. Em coordenadas cartesianas e unidimensional o operador é definido pela equação (23). ∫ ∫ eq. (23) Onde os limites de integração (w) e (e) representam as faces do volume de controle associado ao ponto central P, (e) é a face superior e (w) é a face inferior, acima deste volume P encontra-se o volume de controle com ponto central (E) e abaixo o volume de controle com ponto central (W). A FIGURA (25) demonstra a geração de uma malha utilizando a técnica de volumes finitos. 46 FIGURA 14 - MALHA COM VOLUMES INTEIROS ADAPTADO DE PINTO E LAGE (2001) A FIGURA 26, ilustra a aplicação dos volumes de controle para uma única coordenada axial, porém por estar vertical e não apresentar um contorno difere da FIGURA 25. FIGURA 15 - REPRESENTAÇÃO DOS VOLUMES DE CONTROLE A aplicação do operador em equações ordinárias transforma o sistema de Np equações diferenciais em um sistema de Np equações algébricas lineares. Este sistema pode ser representado na forma matricial gerando um caso especifico de matriz, a tridiagonal, onde somente os coeficientes da diagonal, acima e abaixo da diagonal possuem valores não nulos. Para resolução deste tipo de sistema matricial existem várias técnicas como eliminação Gaussiana, fatoração LU e algoritmo de Thomas, porém a que apresenta menor gasto de memória computacional e é 47 tipicamente mais utilizada em matrizes tridiagonais é a técnica de Thomas (PINTO e LAGE 2001). A resolução deste sistema matricial também é uma vantagem em relação ao custo computacional gerado pelos métodos de Runge Kutta ou Euler, sendo mais simples de aplicar e obtendo a solução mais rapidamente. 2.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE A REVISÃO BIBLIOGRÁFICA A partir da revisão verifica-se a importância da emulsão na indústria do petróleo, sua utilização para ajudar no transporte dos poços até o processamento primário, onde a partir deste ponto deixa de ser algo desejado e surge a necessidade de tratá-la. Neste ponto observam-se diferentes abordagens para a desemulsificação, sendo que não existe o melhor método de quebrar emulsões. Cada qual pode ser utilizado sozinho ou em conjunto tornando-se eficiente e restrito de acordo com determinadas características da emulsão formada. Porém, a separação gravitacional é de grande utilização no tratamento primário e se a emulsão não for tão estável pode ser utilizado. Fazendo uma busca na literatura vemos que existem poucas abordagens que desenvolvem a modelagem para sedimentadores gravitacionais ou outro tipo de equipamento para a desemulsificação utilizando o modelo de balanço populacional, a maioria dos trabalhos se restringe apenas a parte laboratorial e ao estudo dos fenômenos que ocorrem na desemulsificação como a coalescência e a quebra. A modelagem é essencial no desenvolvimento e otimização de equipamentos altamente eficientes e na extrapolação de dados que não foram coletados experimentalmente. Devido às características físico-químicas especificas de cada petróleo e de no Brasil a sedimentação gravitacional ser o processo de desemulsificação água em óleo mais utilizado, existe a necessidade desta pesquisa para que possamos no futuro projetar equipamentos mais desemulsificação de emulsões A/O. eficientes na 48 3. MATERIAL, METODOLOGIA E TÉCNICAS NUMÉRICAS Neste capítulo descreve-se todos os materiais e metodologias utilizadas na etapa experimental bem como as técnicas discretativas utilizadas para resolução do modelo, fluxograma da sequência lógica da programação e descrição da sua linguagem escrita em FORTRAN 90. Para esta dissertação utilizou-se o método de pivô fixo, pois conforme visto na revisão trata-se de um do método numérico eficiente e posteriormente validado. Sendo que para a resolução do balanço populacional considerou-se as partículas sendo as gotas de água, as coordenadas internas foram discretizadas pelo tamanho das gotículas (volume) e as externas foram o tempo e o espaço. A variável espacial será em coordenadas cilíndricas, porém é simplificada considerando que não existe variação da função densidade com o raio ou com o ângulo do sedimentador. Portanto a variação espacial ocorre somente em função do eixo z (altura), sendo o fundo do sedimentador z=0. No caso em estudo, o termo fonte será descrito apenas pela coalescência, não considerando nucleação, crescimento ou quebra de gotas para formar gotas menores. Esse termo fonte é descrito anteriormente na equação (9). O preparo de emulsão e as analises de determinação de teor de água, determinação da distribuição das gotas e caracterização do petróleo oriundo do CENPES-PR foram realizadas no laboratório EMULTEC da Universidade Federal do Paraná (UFPR). 3.1 MATERIAL 3.1.1 Propriedades do petróleo e da água utilizados no preparo das emulsões A água utilizada para preparo de emulsões nesta dissertação, foi água destilada acrescentando uma concentração de NaCl para representar a água de produção pois, é comum injetar água do mar nos poços para extração do petróleo. A tabela 3 representa as características da água utilizada neste trabalho. O trabalho de 49 (SCHEER, 2007) comprova que este valor de 50 g/l é o valor usado para representar a água de produção, sem haver a necessidade de adição de outros tipos de sais como magnésio e cálcio ambos na forma de cloretos. TABELA 2 - PROPRIEDADES DA ÁGUA Densidade 1,031 pH 7,05 Salinidade 50 g/cm 3 g/l Para a amostra de petróleo cedida pelo centro de pesquisas da Petrobrás (CENPES), foram feitas algumas analises a fim de caracterizar certas propriedades relacionadas à sua composição. Sendo estas informações essenciais para a caracterização e um melhor conhecimento do petróleo utilizado nesta dissertação. Entre as propriedades mais importantes para caracterizar a amostra de petróleo estão: SARA (Saturados, Aromáticos, Resinas e Asfaltenos); Densidade; Viscosidade; Teor de água; As analises de densidade, viscosidade e teor de água foram feitas utilizando as técnicas de densimetria (ASTM D-5002), viscosimetria (ASTM D-7042) e titulação potenciométrica (NBR-14647 / Karl Fischer) respectivamente. Já a analise de SARA foi realizada pelo CENPES e encaminhada junto com 10 litros de amostra. 3.1.2 Preparo de emulsões A/O As emulsões foram preparadas utilizando água destilada ou salmoura (solução aquosa de NaCl 50 g/L), contendo 63 % de petróleo em volume e o restante em água, seguindo os procedimentos abaixo: 1) Aquecimento do petróleo até 60ºC por 2 minutos, para diminuir a viscosidade e evitar precipitação de parafinas. 2) Adição do petróleo e água em um reservatório (Becker) e agitação manual com bastão de vidro por 1 minuto. O óleo é adicionado 50 primeiramente ao reservatório e posteriormente a água, pois devido a diferenças de massas específicas ocorre uma primeira mistura entre as fases. 3) Agitação da mistura óleo e água com agitadores mecânicos para gerar as emulsões, sendo o tipo de agitador escolhido a velocidade de rotação e o tempo de cisalhamento determinados no planejamento fatorial. Para gerar a emulsão, dispersão da fase aquosa na oleosa, utilizou-se agitação via homogeneizador Silverson L4RT e Polytron PT3100 D, mostrados na FIGURA 17. O funcionamento dos agitadores baseia-se na aspiração do fluído líquido para um rotor, este gira a uma velocidade de até 8000 rpm expulsando o fluido por ação da força centrífuga através das fendas da ponta do agitador. Ambos são adequados para emulsões, sendo que o modelo Silverson L4RT com este bico ¾” tubular produz uma maior cisalhamento o que gera emulsões com menores gotículas enquanto que o modelo Polytron gera gotículas mais uniformes. A B FIGURA 16 – AGITADORES MECÂNICOS: A) SILVERSON, B) POLYTRON 3.1.3 Determinação do teor de água Para determinação do teor de água em emulsões com concentrações de água superiores a 5% normalmente utiliza-se a titulação volumétrica empregando reagente de Karl-Fischer (K-F). Neste trabalho foi utilizado o titulador volumétrico compacto V30 da METTLER TOLEDO ilustrado na FIGURA 19, este equipamento foi projetado para determinações rápidas e precisas de 100ppm até 100% de água, com um eletrodo para identificar o fim da reação automaticamente. 51 FIGURA 17 - TITULADOR VOLUMÉTRICO V30 K-F Primeiramente a amostra de emulsão é dissolvida em uma solução de metanol anidro (isento de água) e clorofórmio na proporção molar de 3:1. O reagente de K-F é adicionado até que toda a água seja consumida na reação. O modelo V30 da METTLER TOLEDO calcula a porcentagem de água da amostra através da relação do volume gasto de reagente e a massa amostral adicionada ao recipiente contendo o solvente. As reações envolvidas na titulação de K-F são descritas nas equações (24) e (25) respectivamente. →[ [ ] [ ] ] eq. (24) → [ ] eq. (25) O metanol do solvente reage com dióxido de enxofre e piridina (C5H5N) formando um complexo de piridina-trióxido de enxofre, conforme a primeira reação. Este complexo é oxidado pelo iodo presente no reagente de Karl-Fischer, a oxidação consome a água encerrando a reação, conforme mostrado na eq. (25). As massas das emulsões (soluto) que foram adicionadas para a caracterização encontram-se na faixa de 0,2 a 0,6g, estas foram solubilizadas em 52 solução (metanol e clorofórmio) na faixa de 5,0 a 6,0g de solução. Após isso era injetado no K-F V30 entre 0,05 e 0,1g de solução. O valor de porcentagem gerado pelo equipamento era trabalhado conforme o procedimento abaixo, encontrando assim o valor real da quantidade de água na emulsão. → Resolve o sistema, encontra-se x: → → Onde: A= Solução injetada no Karl Fischer (g) B= Resultado da porcentagem de água da solução injetada % C= Quantidade de água total na alíquota retirada da solução de análise (g) D= Massa total da solução preparada para análise (massa extrato + massa de solução) (g) E= Quantidade de água total na solução (g) F= Massa de emulsão (soluto) (g) G= Quantidade de água total na massa utilizada na análise % 3.1.4 Determinação do tamanho das gotas A determinização do tamanho das gotas foi realizada por microscopia através de um microscópio (Axio Vision LE – Carl Zeiss), ilustrado na FIGURA 18. Este aparelho gera imagens através de uma câmera (AxioCam MR) que são visualizadas no computador usando o software AxioVision Rel. 4.8. O microscópio é invertido, ou seja o feixe de luz é projetado de cima para baixo, dotado de lentes capazes de dar um zoom a imagem em até 1600 vezes e com três filtros de excitação (ultravioleta, azul, vermelha) para gerar imagens sem coloração. Para as 53 imagens retiradas nesta dissertação, foi utilizada a lente com aproximação de 1600 vezes. FIGURA 18 - MICROSCÓPIO AXIO VISION LE Para fazer a DTG foram contabilizadas as gotículas de águas dispersas na emulsão A/O. Para fazer uma analise estatística com média e variância foram escolhidas três fotos para representar o experimento. Todo o processo é feito em triplicata desde a preparação da emulsão, coleta de amostras, analise microscópica, retirada de fotografias, analise de imagem para caracterizar o erro experimental. Para padronizar as imagens no programa computacional AxioVision Rel. 4.8, todas as imagens foram fotografadas usando a propriedade color offset = 0,50 e não alterando o foco durante aquela amostragem. A FIGURA 19, ilustra uma imagem de emulsão A/O retirada usando o microscópio Axio Vision LE. Vale destacar que a emulsão formada não possui a coloração desta foto, esta coloração em tom de azul foi colocada através do software AxioCam MR para melhor visualização das gotículas de água em petróleo. 54 FIGURA 19 - ILUSTRAÇÃO DE EMULSÃO A/O Para fazer a distribuição foi utilizado primeiramente o software ImageJ para fazer tratamento da imagem, contabilizar as gotas e fazer medições dos tamanhos das gotas. Este programa computacional foi escolhido por ser um software livre. O tratamento da imagem é importante para ressaltar as características de interesse, no caso o contorno das gotas e eliminar as gotas de camadas inferiores. Vale ressaltar que as gotas foram consideradas esféricas, portando para o cálculo dos diâmetros através da analise das imagens consideramos um corte vertical nas esferas, formando assim círculos. Deve-se salientar que os procedimentos aqui adotados podem não ser satisfatórios para outros tipos de amostras, dependendo das características que se pretende estudar o tratamento será diferente. O programa ImageJ possui certos tratamentos de imagens padronizados clicando no ícone Image na barra de ferramentas do programa, conforme mostra a FIGURA 20. Porém, para obter o tratamento desejado é necessário utilizar as personalizações manuais no ícone Process, sendo que este permite processar a imagem de várias maneiras, conforme será melhor explicado. FIGURA 20 - TOOL BAR DO SOFTWARE IMAGEJ O procedimento para tratamento e análise das imagens foi descrito por DIAS, F. da C. (2008) para contabilizar grãos em uma cerâmica. Para esta 55 dissertação os procedimentos sofreram modificações para uma melhor visualização e caracterização das gotas, conforme descrito abaixo. 1. Primeiramente abre-se uma imagem obtida no microscópio, como a da ilustração 19, clicando em File, Open e em seguida escolhe-se a imagem que será analisada. 2. O segundo passo é definir uma escala, para fazer isso é necessário que a imagem tenha uma escala com tamanho conhecido, assim clica-se no ícone Straight line selection e desenha-se uma reta (linha amarela) sobre a escala (vermelha) a qual tem o tamanho conhecido. Após, clica-se no botão Analyze > Set Scale então aparecerá a seguinte caixa de diálogo mostrado na FIGURA 21, onde coloca-se o valor conhecido do tamanho da reta desenhada e dentro da caixa Unit Length escreve-se a unidade de medida que trabalha-se μm. Marcase a opção Global para que essa escala fique para todas as imagens que posteriormente forem analisadas. FIGURA 21 - SET SCALE 3. Clica-se em Process > Sharpen (10x), este comando serve para aumentar o contraste da imagem, realçando detalhes na imagem, podendo realçar a presença de ruídos também. Quanto mais vezes o botão for clicado maior será o contraste. 4. Após realçar a imagem, utiliza-se o botão Process > Find Edges (1x) para detecção de bordas. 56 5. Utiliza-se um filtro para suavizar os tons de cinza da imagem, Process > Filters > Gaussian Blur, uma caixa de diálogo abrirá, nela altera-se a taxa de sigma (radius) para 0,5 e assinala a opção Scaled Units de modo que o filtro limpe melhor a imagem. 6. Seleciona-se Process > Binary > Make Binary, pois o pacote de analises de imagens do programa comporta apenas imagens binarizadas. É importante salientar que o software faz na sua forma padrão contabilização dos objetos escuros da imagem, isto pode ser alterado de acordo com o que se deseja analisar. Seguindo estes passos na FIGURA 22b podemos comparar a transformação com a FIGURA 22a que mostra a foto original. A B FIGURA 22 – IMAGENS ORIGINAL (A), E APÓS TRATAMENTO (B) 7. Após tratar a imagem faz-se a parte de análises, primeiramente clicase no botão Analyze > Set Measurements. Nesta parte selecionamos quais medidas serão calculadas pelo programa como área, perímetro e outros. Também nesta parte escolhe-se o número de casas decimais dos valores que serão calculados. 8. Para analisar a imagem, clica-se em Analyse > Analyse Particle. Nesta caixa seleciona-se as opções Exclude on Edges para eliminar a contagem das gotas que estão em contado com as paredes, Display Results para nos mostrar uma caixa com os valores calculados e Clear Results para apagar estes dados em futuras analises. Seleciona-se também a opção Show > Outline para gerar uma nova imagem indicando os contornos e a numeração das gotas, conforme 57 FIGURA 23, para que certificar que o programa calculou corretamente. FIGURA 23 - IUSTRAÇÃO DE PARTE DA FIGURA GERADA PELA OPÇÃO OUTLINE 9. Por fim, extrapolam-se os dados de área para o Excel, calculam-se os diâmetros das gotas e constrói-se a DTG. O software Image J calcula a área da secção transversal das gotículas e assim é possível calcular os diâmetros e volumes das partículas considerando que as gotas são esferas perfeitas. De acordo com a observação e analise das imagens obtidas por microscopia foram excluídas todas as gotículas cujo diâmetro fosse inferior a 1 μm, pois era muito difícil identificar se estas pequenas gotas estavam mesmo focalizadas. Tendo os diâmetros de todas as gotículas presentes em uma determinada imagem estes foram convertidos em um arquivo “entrada.txt”, onde um programa em linguagem FORTRAN fazia a leitura destes e calculava a porcentagem do número total de gotas que se encontrava em determinada faixa de diâmetro de tamanho uniforme de 1 μm. Além da porcentagem do número de gotas, foi realizado o cálculo do diâmetro médio de Sauter (DS) e seu desvio padrão para facilitar a caracterização da distribuição do tamanho de partículas. Foram feitos gráficos com os resultados de DS pelo tempo nos três níveis e para as quatro condições. Para o cálculo do DS, os diâmetros de gotas maiores que 9,0 μm devido ao fato de não ocorrerem em nenhuma das condições experimentais casos onde a porcentagem do número de gotas desta e de faixas maiores fosse superior a 1% do total, foram considerados outliers e excluídos. 58 3.1.5 Teste de separação gravitacional em laboratório Foram realizados ensaios de quebra de emulsões de A/O em sedimentador gravitacional sem adição de desemulsificantes químicos para ajudar na quebra da emulsão. Os testes foram conduzidos em batelada em um sedimentador de vidro com altura interna de 15,9 cm e diâmetro de 7,0 cm, correspondendo a um volume de emulsão adicionado ao sedimentador de 610 cm3. O sedimentador é encamisado possibilitando que os experimentos fossem realizados sob temperaturas controladas. O separador gravitacional possui três níveis para coleta de amostra, sendo as alturas destes medidos a partir do fundo do sedimentador de 6,5 cm, 9,0 cm e 12,0 cm. A TABELA 2 mostra os dados do sedimentador utilizado nesta dissertação. TABELA 3 - DADOS DA CAPACIDADE DO SEDIMENTADOR diâmetro [cm] 7,0 2 área de secção transversal [cm ] 38,48 altura total [cm] altura nível A [cm] altura nível B [cm] altura nível C [cm] 15,9 12,0 9,0 6,5 Durante os testes, eram coletadas amostras para fins de determinação de teor de água e DTG. A FIGURA 24 monstra o sedimentador utilizado nesta dissertação. 59 A B C FIGURA 24 - SEDIMENTADOR GRAVITACIONAL Cada condição experimental de quebra de emulsão foi monitorada a cada hora durante um período de 5 horas através de visualização direta da altura de água livre formada na parede do separador. Além disso, uma amostra de 2 mL foi retirada de cada nível através de mangueiras. Foi necessário a cada amostragem descartar o conteúdo que preenchia a mangueira, aproximadamente 1 mL. Imediatamente após cada coletagem as fotos foram realizadas no microscópio. Conhecendo as dimensões do sedimentador pode-se determinar qual é a quantidade máxima de amostra em mL, cujo foi possível retirar sem que o nível de emulsão fique abaixo do nível (A) de coleta amostral, a fim de prevenir erros de planejamento e averiguar todas as possibilidades que se tem para trabalhar. 3.2 PLANEJAMENTO FATORIAL 60 Para a realização dos experimentos desta dissertação, foi adotado o planejamento fatorial completo de dois fatores, temperatura (K) e tipo de agitador a dois níveis distintos resultando em quatro condições experimentais. Sendo que a concentração de água em porcentagem de volume manteve-se constante para estas condições experimentais. A tabela 4 resume os fatores e níveis utilizados, enquanto que a tabela 5 detalha cada condição experimental. TABELA 4 - FATORES E NÍVEIS EXPERIMENTAIS FATORES: Níveis -1 1 T em [°C] 20 60 Agitador Silverson Polytron TABELA 5 - CONDIÇÕES EXPERIMENTAIS FATORIAL COMPLETO Condição experimental: T TAg 1 -1 -1 2 1 -1 3 -1 1 4 1 1 3.3 TESTES PRELIMINARES DE ESTABILIDADE Foram feitos alguns testes de separação gravitacional em escala laboratorial a fim de estudar a estabilidade das emulsões durante um período de 24 horas, para encontrar uma condição onde possamos aplicar a modelagem do balanço populacional sem que haja a necessidade da utilização de desemulsificantes químicos para o tratamento das emulsões A/O. Durante os testes laboratoriais 100 mL de emulsão foram preparados a cada teste, com diferentes concentrações de água em volume, utilizando água destilada e água com uma concentração de 50 g/L de NaCl. Para a visualização da separação foram utilizados decantadores cônicos de 100 mL com escala graduada. Vale ressaltar que foram feitas duplicatas todas sob temperatura de 20 ºC e foi utilizado somente o agitador Polytron PT3100 D para 61 estes testes, alterando a velocidade de rotação. Os resultados foram divididos em duas partes, primeiro para os testes com água destilada e segundo para os testes com solução de NaCl. 3.4 DISCRETIZAÇÃO DO BALANÇO POPULACIONAL Todo o desenvolvimento computacional desta dissertação foi desenvolvido em código de linguagem FORTRAN 90 (Compaq Visual Fortran 6.0) empregando um Notebook com processador Intel® Core™ I5-2410M CPU @ 2.30 Ghz de 2ª geração e 6,0 GB de memória. Também foi desenvolvido um esquema de resolução mais simples no excel para verificar os resultados de algumas etapas do FORTRAN. O modelo matemático foi desenvolvido para a resolução da equação do balanço populacional proposta em eq. (9), que considera os termos difusivo, advectivo e de fonte. Sendo o termo fonte responsável pela descrição do fenômeno de coalescência, este incorpora a variável temperatura, pois o calor é uma variável importante para acelerar o processo de separação de fases. Desconsiderado variações da distribuição do tamanho de gotas com o raio e o ângulo, ou seja, aplicando o BP somente na coordenada z, reescrevemos a EQUAÇÃO (9) e obtemos: ( ) ( ( ) ( )) ( ( ( )) ) ( ) eq. (26) onde w(v,t) é a velocidade terminal calculada pela lei de Stokes, v é o volume das gotículas, Dz é o coeficiente de difusão, z é a coordenada espacial e ϴ(v,z,t) é o termo fonte. Esta equação também foi utilizada por STERLING, et al. (2004) em seu trabalho sobre a modelagem da dispersão de óleo em derrames marinhos e por CUNHA, P. E. R (2007) sobre a modelagem matemática da separação gravitacional de emulsões de petróleo. O coeficiente de difusão varia com a altura, pois a concentração de água é alterada também em função da altura, mas para simplificar cálculos abordaremos um coeficiente de difusão médio calculado pela equação de Stokes-Einsten. 62 Para a resolução da equação (26), primeiramente esta é discretizada utilizando a técnica do pivô fixo com relação à coordenada interna, volume das gotículas, apresentada anteriormente na seção 2.4.2. A discretização transforma a equação integro diferencial num sistema de Np equações parciais, onde Np representa o número de intervalos discretizados, conforme eq. (27). ( ) ( ) eq. (27) Sendo nk o número de gotas no intervalo k equivalente a função densidade, wk a velocidade de sedimentação das gotas no intervalo k e o termo fonte que descreve a formação e desaparecimento de gotículas do intervalo k, incluindo a coalescência binária e interfacial conforme a equação (28): ∑ ∑ eq. (28) Sendo ηk a função de distribuição das gotículas. A eq. (29) é a lei de Stokes e descreve a velocidade de sedimentação wk. Este é aplicado ao intervalo k e multiplicado por uma constante (KS) que é parâmetro ajustável que representa a eficiência da sedimentação. O parâmetro KS é negativo de modo a orientar o movimento de sedimentação contrário à coordenada axial cujo sentido é definido para cima. Nesta equação, μc é a viscosidade dinâmica da fase contínua, ρd e ρc são respectivamente massa específica da fase dispersa e contínua, g é a aceleração da gravidade e d é o diâmetro das gotículas no intervalo descrito pelo subscrito. ( ) eq. (29) Inclusa no termo fonte está a taxa de coalescência entre uma gota do intervalo i e outra do intervalo k (βi,k), conforme equação (30). Este termo descreve as taxas de coalescência devido ao movimento browniano (βBR) e por sedimentação gravitacional (βSG), sendo também multiplicado por um parâmetro ajustável que controla a eficiência da agregação (Kβ). ( ( ) ( )) eq. (30) 63 As taxas βBR e βSG são calculadas respectivamente pelas equações (30) e (31). Caso a interação acontecer entre gotas do intervalo i e outra do intervalo j as EQUAÇÕES (30), (31) e (32) continuam válidas, bastando apenas substituir o subscrito k por j. ( ) ( ) ( ( )( ) | ) | eq. (31) eq. (32) onde os subscritos (i, j, k) representam classes de tamanho de gotícula, z é a coordenada espacial altura medida a partir do fundo do sedimentador, ηk é a função de distribuição das gotas, d é o diâmetro das gotículas no intervalo descrito pelo subscrito, T é a temperatura em KELVIN, K é a constante de Boltzman, x é o volume das gotas dos pontos pivôs, vf é a velocidade de coalescência interfacial das gotículas, Np é o maior tamanho de gota considerado na distribuição e o número de pontos pivôs e t é o tempo. Para resolução do sistema de Np equações diferenciais parciais descrito pela equações (27), é necessário especificar as condições iniciais e de contorno. A condição inicial é a descrição dos valores de nk para todos os valores de k=1,..., Np. Estes valores foram determinados através das medidas de DTG das emulsões sintetizadas em laboratório. As condições de contorno são duas, em z=0 (fundo do sedimentador) e em z=h no topo da interface ar-emulsão, sendo considerada a aproximação descrita pela equação (33). eq (33) Empregando a eq. (33) no contorno inferior resulta em saldo nulo da variação da distribuição, assim a distribuição não é influenciada pela sedimentação ou difusividade e sim somente pela coalescência binária e interfacial. Também aplicando em relação ao topo do sedimentador (z=h) resulta em saldo nulo da variação da distribuição, assim no topo a distribuição é modificada somente por fenomênos de coalescência binária. Estas condições foram aplicadas com sucesso 64 em STERLING et al. (2004b), ATTARAKIH et al. (2004) e CUNHA, P. E. R (2007) permitindo a solução do balanço populacional sem problemas de descontinuidade. 3.4.1 Aplicação da técnica de volumes finitos no modelo A técnica de volumes finitos foi aplicada em três volumes de controle distintos, ao volume de controle (Nz) no topo do sedimentador (z=h), ao volume de controle (1) no fundo do sedimentador e um volume de controle que representada todos os volumes internos (2,...,Nz-1). 3.3.1.1 Volumes finitos para volumes internos Aplicando a equação (33) para os volumes internos (2,...,Nz-1) representados na equação (27) do BP, obtemos: ∫ ∫ ∫ ∫ ∫ ( ( ∫ ) ∫ ) ∫ eq. (34) Pode ser observado aqui o significado físico da resolução pelo método de volumes finitos, o fluxo de número de gotas causado pelos termos difusivo e advectivo, que atravessa o volume de controle pelas faces (e) e sai pela face (w) é igual à geração da variável nk se não tivermos o termo de acúmulo. Para simplificações os coeficientes Dz e wk foram considerados constantes, fazendo a integração obtem-se: ( ) | ( | | ) eq. (35) Onde o sobrescrito zero indica que o termo é avaliado no instante t, enquanto os termos sem este sobrescrito são avaliados em t+Δt. Os parâmetros Δt e Δz são os incrementos respectivamente de tempo e altura do volume de controle que 65 foram escolhidos para especificar a discretização da malha. Valores menores sugerem uma malha mais fina. O termo nkP é referente ao número de gotas no intervalo k no ponto central P dos volumes de controles internos. É importante observar que o termo fonte foi avaliado somente no instante t, enquanto que os dois termos a direita da equação foram avaliados no instante t+Δt, ou seja, é aplicado um esquema de integração de primeira ordem semi-implicito. Algumas aproximações para os termos difusivos e advectivos, pois estes foram avaliados nas faces (w) e (e). Segundo CUNHA (2007) os termos difusivos podem ser aproximados por um esquema de diferenças centrais e os termos advectivos pelo esquema upwind, onde nk na face (w) é aproximado por nkP e o valor de nk na face (e) é aproximado por nkE). A utilização do esquema de diferenças centrais no termo advectivo causaria oscilações nas soluções. Os esquemas de aproximações são demostrados nas equações (36 a 39). [ ] eq. (36) [ ] eq. (37) | eq. (38) | eq. (39) Aplicando as aproximações na eq. (35) tem-se: ( ) eq. (40) Colocando em evidência os termos iguais: ( ) ( ( ) ) eq. (41) 66 Abrindo as multiplicações: eq. (42) Agrupando os termos que possuem nkP, nkE e nkW: ( ) ( ) ( ( ) ) eq. (43) Adotando quatro variáveis para simplificação da equação: eq. (44) eq. (45) eq. (46) eq. (47) Adotando as novas variáveis a equação (43), obtem-se: eq. (48) Nestes casos de volumes de controle internos não há coalescência interfacial, portanto o termo fonte é constituído apenas pela coalescência binária das gotas e é calculado pela equação (49). ∑ ∑ 3.3.1.2 Volumes finitos para o volume de fronteira Nz eq. (49) 67 Para aplicação do operador no volume de controle do topo do sedimentador foi necessário especificar a condição de contorno em z=h (interface emulsão e ar atmosférico). Utilizando a equação (32), a condição de contorno nesta fronteira fica: | | eq. (50) Repetindo todo o procedimento da equação (34) até a equação (40), mas com a condição de contorno da eq. (50), eliminou-se todo volume de controle (e), pois este não existe no topo, obtém-se então à equação (51). ( ) eq. (51) Reescrevendo a equação sem os termos em (e), temos: ( ) eq. (52) Abrindo as multiplicações e isolando os termos nkP e nkW, temos: ( ) ( ) ( ) eq. (53) Nomeando algumas variáveis para simplificar a equação: eq. (54) eq. (55) eq. (56) A variável AkP eq. (54) difere da AkP eq. (44). Aplicando as variáveis das equações (54 a 56) na equação (53), tem-se: eq. (57) 68 onde o termo fonte foi constituído somente pela coalescência binária e calculado pela equação (49). 3.3.1.3 Volumes finitos para o volume de fronteira (1) Para aplicação do operador no volume de controle do fundo do sedimentador foi necessário especificar a condição de contorno em z=0 (interface emulsão e água). Utilizando a equação (32), a condição de contorno nesta fronteira fica: | | eq. (58) Repetindo todo o procedimento da equação (34) até a equação (40), com a condição de contorno da eq. (58), eliminando todo volume de controle (w), pois este não existe no fundo, obtêm-se à equação (59). ( ) eq. (59) Reescrevendo a equação sem os termos em (w), temos: ( ) eq. (60) Abrindo as multiplicações e isolando os termos nkP e nkE, temos: ( ) ( ) ( ) eq. (61) Nomeando algumas variáveis para simplificar a equação: eq. (62) eq. (63) 69 eq. (64) A variável AkP eq. (64) difere da AkP eq. (44) e de AkP eq. (54). Aplicando as equações (62 a 64) na equação (61) tem-se a equação (65). eq. (65) No caso do volume de controle do fundo do sedimentador, o termo fonte é constituído pela coalescência binária e interfacial, conforme equação (66). eq. (66) O termo de coalescência binária foi calculado como nos volumes de controle internos e de topo a partir da equação (49). Para o cálculo do termo de coalescência interfacial, CUNHA (2007) sugere uma equação empírica onde considera que a taxa de coalescência interfacial é diretamente proporcional ao número de gotas presentes no volume de controle 1 e à velocidade de coalescência interfacial vf k, velocidade de uma dada gota de volume k. Esta velocidade proporcional à altura do empacotamento denso (Δh) localizado na interface. eq. (67) eq. (68) onde KI é um parâmetro ajustável e adimensional para a vfk e As é a área da secção transversal do sedimentador gravitacional cilíndrico. Devido à coloração da emulsão de petróleo não foi possível observar o empacotamento denso, então para este trabalho Δh foi considerado igual a altura de água livre observada. 3.4.2 Formação do sistema matricial Conforme comentado anteriormente a aplicação do método de volumes finitos na equação do balanço populacional resulta num sistema de equações algébricas lineares que pode ser escrito em forma de uma matriz tridiagonal. Assim o conjunto de equações 44-49, 54-57 e 62-68 resultou numa matriz conforme 70 demonstrado sua formação de forma genérica na tabela (6), onde as cores verde, azul e vermelho representam respectivamente a diagonal superior, diagonal principal e a diagonal inferior da matriz. Nz é o valor da quantidade de volumes de controle finitos e o valor do número de linhas e colunas da matriz, portanto quanto maior for seu valor maior será o número de equações algébricas para serem resolvidas e consequentemente maior o sistema matricial. TABELA 6 - MATRIZ RESULTANTE DO SISTEMA DE EQUAÇÕES DISCRETIZADAS a1,1 a1,2 0 0 0 0 a2,1 0 0 a2,2 ⋱ 0 a2,3 ⋱ ⋱ 0 ⋱ ⋱ 0 0 ⋱ 0 0 0 0 0 0 aNz-1,Nz-2 aNz-1,Nz-1 aNz-1,Nz 0 0 0 0 aNz,Nz-1 aNz,Nz Os temos da matriz são definidos por: 1) Para os volumes nos contornos, em z=0 temos: eq. (69) eq. (70) 2) Para os volumes nos contornos, em z=h temos: eq. (71) eq. (72) 3) Para os volumes centrais da discretização, temos: eq. (73) eq. (74) 71 eq. (75) onde i = 2 a Nz-1. O modelo foi implementado em código computacional FORTRAN 90 (Compaq Visual Fortran 6.0) e para tanto foi desenvolvido um algoritmo com rotinas e sub-rotinas. 3.5 PARÂMETROS UTILIZADOS NA SIMULAÇÃO Para a simulação do modelo de BP resolvido numericamente pelos métodos discretativos, de pivotamento para coordenada interna (tamanho das partículas, volume) e método de volumes finitos para discretizar as coordenadas externas tempo e espaço (altura da coluna de líquido no separador gravitacional), alguns parâmetros foram definidos, sendo calculados apenas a difusividade média Dz e ainda três foram ajustados através de uma rotina para ajustes de parâmetros (KS, KB, KI) desenvolvida em cima do programa no FORTRAN, a fim de ajustar os pontos experimentais de volume de água observado com os pontos de volume de água calculado pelo modelo. Foi escolhido abordar a resolução através destes métodos numéricos pois após verificar na literatura foi constatado que são eficientes e gastam pouco tempo computacional para resolução do modelo de BP. Os métodos transformam a equação integro-diferencial em um sistema de equações numéricas que gera matrizes tridiagonais cuja resolução é obtida pelo método de Thomas. A TABELA 7 resume os parâmetros utilizados na resolução do modelo de BP. Os parâmetros q e nvc foram escolhidos por tentativa e erro, estes eram alterados até verificação que outro valor não iria interferir na resposta. É importante ressaltar que diminuindo o valor de q e deltat teremos respectivamente um espaçamento menor em volume de partícula e no tempo e isto irá afetar e muito o tempo computacional, o mesmo ocorre quando aumentamos o valor de nvc e assim teremos mais volumes de controle para calcular. 72 TABELA 7 - PARÂMETROS DA SOLUÇÃO ANALITICA UTILIZADOS PARÂMETRO DEFINIÇÃO VALOR UNIDADE q Espaçamento da P.G 1.8 admensional nvc Número de volumes de controle 400 admensional VE Volume adicionado ao sedimentador 612 mL PA Porcentagem de água na emulsão em volume 37 % dmin Diâmetro da menor gota 1 μm dmax Diâmetro da maior gota 9 μm tempof Tempo final da simulação e observação 18000 s deltat Acréscimo de tempo 10 s Dz Difusividade da água em petróleo 5.82 μm /s ρd Densidade da fase dispersa (água) 1 g/cm 3 ρc Densidade da fase contínua (petróleo) 0.9134 g/cm 3 μc Viscosidade dinâmica do petróleo 9.22E-03 g/μm.s dsed Diâmetro do sedimentador 7 cm hsed Altura da coluna de líquido no sedimentador 15.9 2 cm 2 2 KB Constante de Boltzman 1.38E-08 μm .g/s .k KS Parâmetro ajustável da velocidade de sedimentação - admensional KB Parâmetro ajustável da taxa de coalescência binária Parâmetro ajustável da taxa de coalescência interfacial - admensional - admensional KI 3.6 DESENVOLVIMENTO DO CÓDIGO COMPUTACIONAL Neste trabalho, um código computacional foi desenvolvido com sub-rotinas chamadas pelo programa principal. O modelo de balanço populacional foi solucionado por discretização com método de pivotamento fixo e método de volumes finitos tem o seguinte algoritmo, FIGURA (27). 73 Parâmetros Entrada de dados Geração dos Pontos Pivôs Entrada da distribuição 2 Geração da DTG em número de gotas Inicia a contagem do tempo t=0 Cálculo do nº de gotas k por volume de controle k+1 Calcula o nº de gotas k em cada volume de controle vfk ηk βBR β ºB βSD Calculo do BP wk lei de Stokes Vetores da matriz Resolução do sistema matricial Registra nova DTG Sim Se k Maior k Não 1 74 1 Calcula Volume água Livre Calcula Novo Volume de Controle Calcula nova altura dos volumes finitos Identifica Volumes do empacotamento denso Calcula h do empacotamento denso Impressão de Resultados Sim 2 Se t t final Não FIM FIGURA 25 - ALGORTIMO DA PROGRAMAÇÃO 75 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1 ESPECIFICAÇÕES DO PETRÓLEO A TABELA 8 apresenta as especificações do petróleo utilizado nesse trabalho. Pode-se verificar que conforme as analises realizadas, o petróleo apresenta °API relativamente baixo determinando ser um petróleo pesado, também apresenta baixo teor de água e altas concentrações de resinas e asfaltenos, o que torna a emulsão estável dependendo do processo utilizado em seu preparo. Neste, em específico a emulsão formada não era estável e quebrava-se naturalmente sem a adição de desemulsificantes. Os resultados de SARA foram cedidos pelo CENPES. TABELA 8 - PROPRIEDADES DO PETRÓLEO Propriedade valor unidade Densidade 0,927 g/cm ᵒAPI 20 Teor de água 2,54 % Saturados 37,6 % Aromáticos 24,3 % Resinas 33,1 % Asfaltenos 5,1 % 92,2 cp 3 SARA Viscosidade 60 ᵒC Comparando o petróleo utilizado neste trabalho com outro petróleo utilizado em um trabalho disponível na literatura (CUNHA, 2007), é possível observar certas diferenças, pois os óleos foram retirados de poços brasileiros distintos. Os fatores que mais diferem são quanto à quantidade de resinas e saturados, enquanto este possui uma maior concentração de resinas o utilizado por (CUNHA, 2007) apresentava uma maior concentração de saturados. Já entre outras propriedades como densidade, aromáticos e asfaltenos há uma maior semelhança. 76 O grau API de valor 20 indica ser um petróleo pesado, isto é um fator importante para o estudo, pois no processo de retirada do petróleo dos poços os óleos mais leves são primeiramente extraídos restando nos poços mais velhos os óleos mais pesados e de maior dificuldade de extração. 4.2 ESTABILIDADE DE EMULSÕES Os resultados das análises com água destilada e resultados de estabilidade se encontram na TABELA 9, estas emulsões tinham volume de 100 mL: TABELA 9 - ESTABILIDADE EMULSÕES A/O COM ÁGUA DESTILADA tempo [h] teste água [%] óleo [%] agitação [rpm] 1 2 3 24 1 30 70 8000 estável estável estável estável 2 40 60 8000 estável estável estável estável 3 50 50 8000 instável instável instável instável 4 60 40 8000 instável instável instável instável pode-se visualizar que as emulsões com porcentagem de água inferior a 50% se mostraram estáveis mesmo após um período de 24 horas após o cisalhamento. No teste 4 ocorreu separação instantânea de modo que a emulsão não se formou completamente e restou água livre, portanto inviabilizando esta para o estudo com modelagem. Como o objetivo deste estudo era observar uma condição onde houvesse separação, mas que esta não ocorresse de forma instantânea como no experimento 4, foram feitos mais dois testes com base nos resultados do experimento 3 conforme TABELA 10. TABELA 10 - ESTABILIDADE DA EMULSÃO 50/50 COM ÁGUA DESTILADA tempo [h] teste água [%] óleo [%] agitação [rpm] 1 2 3 24 3a 50 50 5000 instável instável instável instável 3b 50 50 10000 instável instável instável instável Como podemos observar na condição 3b mesmo aumentando à velocidade de cisalhamento a emulsão manteve-se instável. Apesar, de no instante zero já 77 obtermos parte da solução como água livre, foi visualizado um aumento desta com o passar do tempo, indicando que houve quebra da emulsão devido à coalescência, difusividade e sedimentação gravitacional. Os resultados com água destilada indicam que a condição experimental adequada para o estudo seria uma emulsão que contenha entre 40 e 50 % de água em volume. Mais testes teriam que ser feitos para determinar a concentração ideal, onde toda água fosse emulsionada e a separação ocorresse após determinado tempo, as realizadas nos testes 3a e 3b mostraram-se muito instáveis gerando a hipótese de não ter ocorrido à emulsificação total. As análises com solução salina e resultados de estabilidade são apresentados na TABELA 11: TABELA 11 - ESTABILIDADE EMULSÕES A/O COM SALMORA C. exp. %A %O rpm 1h 2h 3h 24 h 5 30 70 8000 estável estável estável estável 6 40 60 8000 instável instável instável instável 7 50 50 8000 instável instável instável instável 8 60 40 8000 instável instável instável instável conforme visualização na TABELA 11, apenas a emulsão do teste 5 manteve-se estável. A partir deste resultado foram realizados mais alguns testes conforme a TABELA 12, a fim de tentar aumentar a estabilidade obtida com os testes 5 e 6. Também foi realizado um teste com condições de concentração intermediárias aos testes 5 e 6 denominado teste 9. TABELA 12 - ESTABILIDADE EMULSÕES A/O COM SALMORA ALTERANDO CERTAS CONDIÇÕES - 1 tempo [h] teste água [%] óleo [%] agitação [rpm] 1 2 3 24 5a 30 70 5000 estável instável instável instável 9 35 65 8000 instável instável instável instável 6a 40 60 10000 instável instável instável instável Os resultados indicam que a diminuição da taxa de cisalhamento na condição 5 manteve-a estável pelo período de 1 hora e somente após começou a desestabilizar, porém a taxa de quebra foi muito lenta sendo observado formação de 78 apenas 1,5 mL de água livre após 24 horas, ou seja, foi obtida uma emulsão estável. A emulsão do teste 6a manteve-se instável mesmo aumentando a taxa de coalescência, o que provoca diminuição do tamanho das partículas e maior estabilidade das emulsões. A água da emulsão do teste 9 separou 3,0 mL após o tempo de 24 horas portanto foi uma emulsão que tem certa estabilidade, o que dificultou a separação. Com base neste teste foi realizado o teste 9a onde a taxa de cisalhamento foi reduzida e o teste 9b onde a concentração de água foi aumentada para tentar tornar a emulsão mais instável. Os resultados dos testes 9a, 9b são apresentados na TABELA 13: TABELA 13 - ESTABILIDADE EMULSÕES A/O COM SALMORA ALTERANDO CERTAS CONDIÇÕES - 2 tempo [h] teste água [%] óleo [%] agitação [rpm] 1 2 3 24 9a 35 65 5000 instável instável instável instável 9b 37 63 8000 instável instável instável instável A TABELA 13 indica que ambas as emulsões formadas mantiveram-se instáveis, porem nas visualizações de laboratório pode ser verificado que o experimento 9a teve apenas 1,0 ml de água livre separado após 4 horas, enquanto que o experimento 9b teve 10,0 ml de água livre. Portanto estes testes comprovam que a condição mais adequada para este estudo, realização da modelagem com BP sem o uso de aditivos químicos, como surfactantes, é a condição 9b. O teste 9b se manteve estável por algum tempo após formação com uma velocidade de separação razoável, possibilitando a visualização da formação de água livre no período de 5 horas no qual foi planejado o estudo. 4.3 SEPARAÇÃO GRAVITACIONAL O GRÁFICO 1 representa o volume de água livre formado no intervalo de tempo de 1 a 5 horas para as condições experimentais da Tabela 5. A partir destes resultados é possível verificar que a condição 3 foi a mais estável durante todo o período da coleta amostral tendo aproximadamente 145,0 mL separados após cinco 79 horas. Por esse motivo esta condição foi escolhida para a realização da triplicata do experimento. Também nota-se que as condições 1 e 3 que operavam em temperatura de 20 °C tiveram uma formação de água livre mais lenta comparando com as condições 2 e 4 que estavam na temperatura de 60 °C, o que foi esperado, pois a revisão bibliográfica relata que o aumento da temperatura facilita a separação das emulsões de petróleo. Pela comparação do tipo de agitador utilizado, pode-se verificar ao longo de cinco horas que as condições 3 e 4, que utilizavam o modelo Polytron, formaram um menor volume de água 145,0 e 185,0 mL respectivamente, se comparadas com as condições 1 e 2 ,que obtiveram 204,0 mL utilizando o modelo Silverson, isto pode ser explicado pelo fato que o agitador Polytron é conhecido por gerar gotículas mais uniformes e menores comparando com o Silverson, assim a emulsão torna-se mais estável. 250 Volume (ml) 200 150 100 50 0 0 1 2 3 4 5 6 tempo (h) c1 c2 c3 c4 GRÁFICO 1- VOLUME DE ÁGUA LIVRE FORMADO NAS CONDIÇÕES EXPERIMENTAIS PELO TEMPO 4.4 CARACTERIZAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DO TAMANHO DE GOTAS A TABELA 14 apresenta os valores de diâmetro de Sauter (DS) e o desvio padrão nos três níveis A, B e C respectivamente para a separação gravitacional a 20°C realizada com o agitador Silverson. Os valores de diâmetro negrito indicam que o mesmo é menor que um ou dois valores de diâmetro de níveis mais próximos do 80 topo do sedimentador naquele determinado instante de tempo, estes são valores que fugiram da normalidade, pois o esperado era encontrar diâmetros de valores maiores ao se aproximar do fundo do sedimentador. Os valores de desvio padrão que se encontram em negrito atingiram um valor superior a 0,50. Valores altos indicam um maior erro, oscilação e dispersão das gotículas, pois o diâmetro médio de Sauter é fortemente alterado por uma única gotícula que tenha um diâmetro grande, entre 8-9 μm. TABELA 14 – DIÂMETRO DE SAUTER PARA CONDIÇÃO EXPERIMENTAL 1 Nível A (12.0 cm) tempo (h) Nível B (9.0 cm) Nível C (6.5 cm) 0 4.53 ± 0.49 4.53 ± 0.49 4.53 ± 0.49 1 2.93 ± 0.44 3.87 ± 0.46 3.95 ± 0.39 2 2.84 ± 0.21 3.53 ± 0.46 4.63 ± 0.45 3 3.35 ± 0.39 3.34 ± 0.47 3.35 ± 0.65 4 3.5 ± 0.5 3.53 ± 0.74 3.39 ± 0.41 5 3.26 ± 0.35 3.86 ± 0.53 4.42 ± 0.59 O GRÁFICO 2 apresenta a distribuição do tamanho de partículas através do diâmetro de Sauter com a exclusão dos outliers, gotas menores que 1 μm e gotas maiores que 9 μm. Como podemos visualizar na curva A, que representa o nível A, ocorre uma diminuição do valor do diâmetro médio de Sauter através do tempo. Isto pode ser compreendido, pois durante o preparo de emulsão surgem gotas mais dispersas e com diâmetros maiores que fazem o DS atingir o valor de 4,53 μm no tempo inicial. As gotas maiores sedimentam mais rapidamente e ocasionam uma queda significativa no valor do DS nas primeiras horas de separação atingindo o valor mínimo de 2,84 μm no tempo duas horas, após isso o valor de DS volta a crescer, pois ocorre coalescência entre as gotículas e ao final de cinco horas atinge o valor de 3,26μm. Na curva B e C temos comportamentos similares nas primeiras horas, pois ambos os níveis iniciam com a mesma distribuição inicial, assim o valor de DS atinge um mínimo de 3,34 μm em duas horas para a curva B e 3,35 μm em três horas para a curva C. Após isso o valor de DS volta a aumentar e ao final de cinco horas alcança 3,86 μm e 4,42 μm respectivamente para as curvas B e C. Na curva C pode-se ver um pico máximo em duas horas de 4,63 μm seguida de uma redução no DS em 5 horas, o que poderia ser causado pelo fenômeno de coalescência. Apesar disso, este resultado não deve ser levado como o único fator 81 para indicar a coalescência, pois na preparação de uma emulsão, as gotículas ficam muito dispersas e conforme foi escrito anteriormente, apenas uma gota grande é capaz de alterar todo o resultado do DS. Vale ressaltar que a analise por microscopia não é a mais indicada nestes casos de emulsão onde temos gotículas muito pequenas. D Sauter (μm) 6.00 5.00 4.00 3.00 2.00 0 1 2 3 4 5 6 tempo (h) A B C GRÁFICO 2 - PERFIL DO DS PARA A CONDIÇÃO EXPERIMENTAL 1 (SILVERSON E 20ºC) A TABELA 15 apresenta os dados de DS e desvio padrão para a condição experimental 2. Os resultados de DS em negrito indicam algum valor inesperado e os resultados de desvio padrão em negrito indicam um valor elevado indicando uma distribuição de tamanho de gotas mais dispersa. A altura dos níveis A,B e C é em relação ao fundo do separador gravitacional. TABELA 15 - DS PARA CONDIÇÃO EXPERIMENTAL 2 tempo (h) Nível A (12.0 cm) Nível B (9.0 cm) Nível C (6.5 cm) 0 4.27 ± 0.41 4.27 ± 0.41 4.27 ± 0.41 1 3.63 ± 0.42 3.21 ± 0.32 3.68 ± 0.46 2 4.16 ± 0.41 3.88 ± 0.52 3.93 ± 0.56 3 3.57 ± 0.42 3.70 ± 0.40 3.84 ± 0.45 4 3.80 ± 0.46 3.67 ± 0.45 3.99 ± 0.45 5 4.00 ± 0.41 4.25 ± 0.43 4.69 ± 0.44 82 O GRÁFICO 3 apresenta perfis semelhantes nas curvas A, B e C. Todas as curvas tem um declínio na primeira hora devido a sedimentação mais rápida nas duas primeiras horas conforme pode ser visualizado no GRÁFICO 1 referente ao volume de água livre formado. Após o decréscimo do valor de DS, todas as curvas sofrem aumentos de valores devido à coalescência binária das gotas. As curvas A e B voltam a decair levemente, mas seu valor mantém-se estável se consideramos o desvio padrão. Ao final de cinco horas o nível C obteve um valor de DS de 4,69 μm, ou seja, um aumento de 0,42μm em relação ao DS inicial. 6.00 D Sauter (μm) 5.00 4.00 3.00 2.00 0 1 2 3 4 5 6 tempo (h) A B C GRÁFICO 3 - PERFIL DO DS PARA A CONDIÇÃO EXPERIMENTAL 2 (POLYTRON E 20ºC) A TABELA 16 apresenta os valores de diâmetro de Sauter (DS) e o desvio padrão nos três níveis A, B e C respectivamente para a separação gravitacional a 20°C realizada com o agitador Polytron. Os em valores em negrito indicam alguma anormalidade do valor. TABELA 16 - DS PARA CONDIÇÃO EXPERIMENTAL 3 Nível A (12.0 cm) tempo (h) Nível B (9.0 cm) Nível C (6.5 cm) 0 3.81 ± 0.45 3.81 ± 0.45 3.81 ± 0.45 1 3.36 ± 0.40 3.97 ± 0.40 3.78 ± 0.50 2 3.81 ± 0.40 4.06 ± 0.48 4.44 ± 0.43 3 4.14 ± 0.44 4.17 ± 0.46 4.46 ± 0.43 4 4.53 ± 0.42 4.6 ± 0.40 4.81 ± 0.40 5 4.62 ± 0.47 4.44 ± 0.47 4.21 ± 0.58 83 O GRÁFICO 4, representa a evolução do diâmetro médio de Sauter obtido com a condição experimental 3 pelo período de tempo de até cinco horas, para os três níveis A, B e C. Os resultados apresentados são referentes a uma média dos valores de DS encontrados nas três réplicas que foram realizadas, portanto de todas as condições experimentais está é a que mais temos confiança de seu resultados. Pode-se observar que a curva A teve um mínimo nas primeiras horas como esperado, alcançando o valor 3,47 μm, devido à sedimentação mais rápida quando se tem uma maior concentração de gotículas maiores e uma maior concentração de água. Posteriormente devido ao fenômeno da coalescência, o valor do DS continuou a crescer até atingir 4,96 μm no tempo final de cinco horas. As curvas B e C demonstram comportamentos iguais onde o valor de DS aumenta até o tempo de quatro horas atingindo 4,60 μm e 4,81 μm respectivamente. No tempo de cinco horas as curvas B e C tiveram um decaimento sendo que o nível C teve um valor inferior aos demais níveis B e A. Este decaimento do valor de C em 5 horas, pode ser explicado como uma falha do processo de medição utilizado para caracterizar a distribuição de tal nível, pois três fotos por amostra podem não ter sido o suficiente para a caracterização da DTG. Outra possibilidade seria uma falha de exclusão de outliers, o que seria de certa forma também devido ao método utilizado para fazer a DTG, pois os outliers foram excluídos de acordo com seu valor de importância para a DTG. 6.00 D Sauter (μm) 5.00 4.00 3.00 2.00 0 1 2 3 4 5 6 tempo (h) C A B GRÁFICO 4 - PERFIL DO DS PARA A CONDIÇÃO EXPERIMENTAL 3 (SILVERSON E 60ºC) 84 A TABELA 17 apresenta os valores de diâmetro de Sauter (DS) e o desvio padrão nos três níveis A, B e C respectivamente para a separação gravitacional a 60°C realizada com o agitador Polytron. Os valores em negrito indicam alguma anormalidade do valor, pois não é esperado o mesmo ser de valor menor que os níveis superiores no mesmo instante de tempo. TABELA 17- DS PARA CONDIÇÃO EXPERIMENTAL 4 Nível tempo (h) Nível A (12.0 cm) Nível B (9.0 cm) Nível C (6.5 cm) 0 4.21 ± 0.44 4.21 ± 0.44 4.21 ± 0.44 1 3.86 ± 0.48 3.92 ± 0.43 3.52 ± 0.37 2 3.57 ± 0.35 4.48 ± 0.38 4.18 ± 0.49 3 3.93 ± 0.41 4.21 ± 0.49 4.02 ± 0.36 4 5.03 ± 0.37 4,00 ± 0.41 4.12 ± 0.39 5 4.72 ± 0.41 4.09 ± 0.53 4.15 ± 0.39 O GRÁFICO 5 apresenta o comportamento do DS para os níveis do sedimentador. A curva C apresenta valores inferiores de diâmetro médio de Sauter para uma ou ambas curvas A e B, o que é algo que não deveria ocorrer mas, pode ser que neste ponto tem-se o chamado empacotamento denso de gotículas, ou seja, um acúmulo de gotículas, sendo a maioria de tamanhos menores que não coalesceram. O fenômeno do empacotamento denso não pode ser visualizado a olho nú, porém as fotos retiradas em 5 horas foram muito mais povoadas de gotas como mostra a FIGURA 28, comparando com as imagens dos níveis A e B. Devido ao método usado para coletar a distribuição do tamanho de gotas e a escolha da exclusão de outliers, pode-se obter na curva C pontos com valores mais elevados. Para exemplificar o problema da exclusão errônea dos outliers, pode ser visto como exemplo o nível C em cinco horas onde se tem o valor de 4,15 μm para o DS, caso os valores de outliers não fossem retirados este valor alcançaria 6,78 μm com desvio padrão de 1,17 que é três vezes superior ao valor atual de 0,39. Apenas uma gota com diâmetro de 10,0 μm pode ocasionar um aumento de até 0,2 μm no diâmetro médio de Sauter para este caso. 85 A C B FIGURA 26 - FOTOS DA CONDIÇÃO 4 NO TEMPO 5 HORAS; NOS NÍVEIS A, B e C 6.00 D Sauter (μm) 5.00 4.00 3.00 2.00 0 1 2 3 4 5 6 tempo (h) B A C GRÁFICO 5 - PERFIL DO DS PARA A CONDIÇÃO EXPERIMENTAL 4 (POLYTRON E 60ºC) 4.5 COMPARAÇÕES DO DIÂMETRO CONDIÇÕES EXPERIMENTAIS DE SAUTER ENTRE Comparando a evolução do DS para condições experimentais c1, c2, c3 e c4, podem-se averiguar certas semelhanças entre as que utilizam o mesmo tipo de agitador para preparo de emulsão. No GRÁFICO 6 a comparação é feita para o nível A, as condições c1 e c2 que utilizam o agitador Silverson possuem valores iniciais de DS bem próximos de 86 4,53 ± 0.49 μm e 4,27 ± 0.41 μm, ou seja, estão dentro da mesma faixa de amplitude. Ambas as curvas apresentam um perfil parecido de evolução sendo que a c2, condição que opera em temperatura de 60 °C, resultou em valores maiores de DS em todos os pontos, o que pode ser explicado como uma maior taxa de coalescência em temperaturas mais elevadas. As condições experimentais que utilizam o agitador Polytron, c3 e c4, apresentaram uma maior diferença inicial dos valores de DS, porém resultaram em uma evolução semelhante e no tempo final atingiram valores próximos de DS, 4,62 ± 0.47 μm e 4,72 ± 0.41 μm respectivamente. No GRÁFICO 7, esta comparação foi feita para o nível C. As condições experimentais c1 e c2 apresentam variações de comportamento. A curva c1 possui maiores valores de DS se comparado com c2 até o período de duas horas. A partir deste instante, este comportamento foi invertido, sendo então a partir de três horas os valores do DS de c2 foram superiores, o que era esperado, pois c2 possui uma temperatura mais elevada o que provoca diminuição da viscosidade gerando uma maior facilidade para as gotas se locomoverem e coalescerem. Analisando agora as curvas c3 e c4, observa-se que mesmo c3 tendo maiores valores de DS durante toda a analise, a formação de água livre no GRÁFICO 1 mostra que houve uma menor formação de água livre, equivalente a 40,0 mL aproximadamente, por estar em uma temperatura inferior. É importante ressaltar que os valores de diâmetro médio de Sauter da condição experimental 4 foram os que apresentaram mais interferências devido a exclusão dos outliers, e imagens com maior quantidade de gotículas devido ao empacotamento denso. 87 6.00 d Sauter (μm) 5.00 4.00 3.00 2.00 1.00 0.00 0 1 2 3 4 5 6 tempo (h) c1 c2 c3 c4 GRÁFICO 6 - COMPARATIVO DO DS ENTRE AS CONDIÇÕES EXPERIMENTAIS NO NÍVEL A 6.00 d Sauter (μm) 5.00 4.00 3.00 2.00 1.00 0.00 0 1 2 3 4 5 6 tempo (h) c1 c2 c3 c4 GRÁFICO 7 - COMPARATIVO DO DS ENTRE AS CONDIÇÕES EXPERIMENTAIS NO NÍVEL C 88 4.6 RESULTADOS KARL-FISCHER Seguindo o procedimento descrito na secção 3.1.3 foram determinados os valores de teor de água para as amostras de emulsão da condição experimental 3 nos níveis A, B e C a cada hora. Os resultados de teor de água são exibidos na TABELA 18 em triplicata, sendo calculada a média em cada nível representada por (AM, BM e CM) e o desvio padrão em cada hora (DP). TABELA 18 - PORCENTAGEM DE ÁGUA NOS NÍVEIS A, B E C OBTIDOS COM A CONDIÇÃO EXPERIMENTAL 3 Tempo (h) A1 A2 A3 AM DP 0 39.54 1 14.91 18.00 16.97 16.63 ± 1.28 2 9.46 9.57 8.73 9.25 ± 0.37 3 9.65 8.90 9.33 9.29 ± 0.31 4 9.59 8.98 9.59 9.39 ± 0.29 5 9.48 10.27 10.37 10.04 ± 0.40 Tempo (h) 0 1 2 3 4 5 Tempo (h) 0 1 2 3 4 5 B1 B2 B3 9.28 8.22 9.56 6.29 6.44 10.18 8.11 10.08 6.29 6.53 8.60 9.32 9.68 7.22 6.53 C1 C2 C3 9.83 8.42 9.52 7.79 8.83 9.46 9.84 7.64 6.97 8.52 10.02 11.40 7.29 7.68 8.52 BM 39.54 9.35 8.55 9.77 6.60 6.50 CM 39.54 9.77 9.89 8.15 7.48 8.62 DP ± 0.65 ± 0.55 ± 0.22 ± 0.44 ± 0.04 DP ± 0.23 ± 1.22 ± 0.98 ± 0.36 ± 0.15 No GRÁFICO 8, pode-se observar que não houve aumento em nenhum dos níveis e ambos sofreram grande queda na primeira hora, mantendo-se os teores de água praticamente estáveis nas horas seguintes. Isto indica que para a condição experimental 3 a taxa de coalescência binária é muito inferior a taxa de sedimentação gravitacional e a taxa de coalescência interfacial é alta pois não está ocorrendo o efeito de empacotamento das gotículas. Mas isso não significa que não está ocorrendo coalescência binária, os fenômenos aqui observados apenas 89 ressaltam que esta ocorre, porém com baixa relevância se comparado a teor de água % sedimentação gravitacional. 40.00 37.50 35.00 32.50 30.00 27.50 25.00 22.50 20.00 17.50 15.00 12.50 10.00 7.50 5.00 0 1 2 3 4 5 6 tempo (h) A B C GRÁFICO 8 - TEORES DE ÁGUA NOS NÍVEIS A, B E C POR HORA A sedimentação é regida pela lei de Stokes, portanto para gotículas maiores teremos uma velocidade de sedimentação maior. Como todos os níveis no primeiro instante estão com a mesma porcentagem de água e apresentam a mesma distribuição do tamanho de gotículas, todos os níveis sedimentam na mesma velocidade. Assim níveis que tiverem gotas maiores sedimentaram mais rapidamente diminuindo o teor de água. Com o passar do tempo a coalescência binária ocorre e no nível A haverão gotículas menores que nos níveis B e C respectivamente, conforme esperado e visualizado na DTG do GRÁFICO 4. Assim o teor de água passa a ser menor nos níveis B e C. Pode-se observar que a curva A sofre uma menor redução do teor de água, pois apresenta menores gotículas e mesmo após cinco horas manteve-se com porcentagem de água superior a B e C que apresentam comportamento similar entre si. 90 4.7 BALANÇO POPULACIONAL Na TABELA 19 estão os valores paramétricos utilizados para obtenção dos gráficos subsequentes desta secção. Se comparado com outros valores de constantes encontrados na literatura, vemos que estes possuem valores inferiores para as constantes de coalescência KB e KI e superior para o parâmetro de Stokes KS isto se deve ao fato das unidades utilizadas para calcular estas taxas de velocidade, sempre utilizado micrometros em vez de cm. O ajuste dos parâmetros de sedimentação gravitacional, velocidade de coalescência binária e interfacial foram feitos através de uma rotina pronta em FORTRAN 90 conhecida por Swarm, a simulação rodou por três dias para especificar os valores e encontrar um mínimo para a função objetivo. TABELA 19 - PARÂMETROS OTIMIZADOS KS KB KI 1481.2019 4.2208E-15 1.0165E-17 O GRÁFICO 9 apresenta os valores do volume de água livre preditos pelo modelo de balanço populacional e o volume observado para a condição experimental 1, enquanto que o GRÁFICO 10, mostra no eixo x os valores observados e no eixo y os valores preditos. Pode-se observar que para a c1, o modelo foi eficiente principalmente a partir da segunda hora, apresentando um erro máximo de 25,96 mL no tempo de 1 hora. 250.0 volume (mL) 200.0 150.0 100.0 50.0 0.0 0 1 2 3 4 5 tempo (h) obs. pred. GRÁFICO 9 - VOLUME DE ÁGUA LIVRE EM C1 (SILVERSON E 20ºC) 91 volume predito (mL) 250.0 200.0 150.0 100.0 50.0 0.0 0.0 50.0 100.0 150.0 200.0 250.0 volume experimental (mL) GRÁFICO 10 - VOLUME OBSERVADO X PREDITO EM C1 (SILVERSON E 20ºC) O GRÁFICO 11 apresenta os valores do volume de água livre preditos pelo modelo de balanço populacional e o volume observado para a condição experimental 2. Pode-se observar que para a c2, o modelo não atingiu valores próximos aos medidos em laboratório e isso se deve ao fato dos parâmetros da TABELA 19 não representarem esta condição experimental. Todos os valores calculados foram inferiores aos observados. 250.0 volume (mL) 200.0 150.0 100.0 50.0 0.0 0 1 2 3 4 5 tempo (h) obs. pred. GRÁFICO 11 - VOLUME DE ÁGUA LIVRE EM C2 (POLYTRON E 20ºC) No GRÁFICO 12 fica ainda mais evidente a discrepância entre os valores observados (eixo x) pelos calculados pelo BP (eixo y). Pode-se visualizar que em 92 nenhum momento as retas chegam a se cruzar, o que indicaria uma aproximação dos valores calculados para os valores observados. volume predito (mL) 250.0 200.0 150.0 100.0 50.0 0.0 0.0 50.0 100.0 150.0 200.0 250.0 volume experimental (mL) GRÁFICO 12 - VOLUME OBSERVADO X PREDITO EM C2 (POLYTRON E 20ºC) O GRÁFICO 13 apresenta os valores do volume de água livre preditos pelo modelo de BP e o volume observado para a condição experimental 3. Pode-se observar que para a c3, o modelo não conseguiu valores próximos aos medidos em laboratório e isso se deve ao fato dos parâmetros da TABELA 19 não representarem esta condição experimental. O diferencial de c3 para c2 é que em c3 os valores calculados pelo modelo foram em todos os tempos superiores aos observados. Vale ressaltar que o experimento c3 foi o único que teve sua triplicata para o volume observado. 250.0 volume (mL) 200.0 150.0 100.0 50.0 0.0 0 1 2 3 4 5 tempo (h) obs. pred. GRÁFICO 13 - VOLUME DE ÁGUA LIVRE EM C3 (SILVERSON E 60ºC) 93 No GRÁFICO 14 pode-se visualizar que em nenhum momento as retas chegam a se cruzar, o que indica que em nenhum ponto o modelo atingiu os valores observados. volume predito (mL) 250.0 200.0 150.0 100.0 50.0 0.0 0.0 50.0 100.0 150.0 200.0 250.0 volume experimental (mL) GRÁFICO 14 - VOLUME OBSERVADO X PREDITO EM C3 (SILVERSON E 60ºC) O GRÁFICO 15 apresenta os valores do volume de água livre preditos pelo modelo de balanço populacional e o volume observado para a condição experimental 4. Observa-se que para a c4, o modelo foi eficiente em prever os dados experimentais, tendo um erro máximo no tempo 1 hora de 14,52 mL e um mínimo de 2,45 mL em 3 horas. No GRÁFICO 16, é possível observar que e a reta dos preditos x observados quase se sobrepõem a reta dos valores observados. 250.0 volume (mL) 200.0 150.0 100.0 50.0 0.0 0 1 2 3 4 5 tempo (h) obs. pred. GRÁFICO 15 - VOLUME DE ÁGUA LIVRE EM C4 (POLYTRON E 60ºC) 94 volume predito (mL) 250.0 200.0 150.0 100.0 50.0 0.0 0.0 50.0 100.0 150.0 200.0 250.0 volume experimental (mL) GRÁFICO 16 - VOLUME OBSERVADO X PREDITO EM C4 (POLYTRON E 60ºC) Os resultados vistos nesta seção foram satisfatórios para as condições c1 e c4, condições com extremos de variáveis, pois c1 foi feito a temperatura de 20 ºC e no agitador Silverson enquanto c4 estudado na temperatura de 60 ºC e no agitador Polytron. Ambas as condições apresentarão segundo o GRÁFICO 1 uma formação de água livre um pouco semelhante e por isso o ajuste dos parâmetros aproximou os resultados para uma faixa intermediária aos dois. É importante ressaltar que foram utilizados os mesmo parâmetros para as condições, portanto este foi o fator de não ter resultados mais precisos, pois as condições demonstraram comportamentos distintos quanto a separação de água apesar de a DTG inicial ser semelhante para todos. 4.7.1 Balanço Populacional para a condição 3 Ajustando o modelo para calcular os parâmetros específicos para condição experimental 3 temos os seguintes resultados; KS=1788.1113, KB=0.8651038005E14 e KI=0.5420529421E-15. O GRÁFICO17 apresenta os valores do volume de água livre preditos pelo modelo de balanço populacional e o volume observado para a condição experimental 3, enquanto que o GRÁFICO 18, mostra no eixo x os valores observados e no eixo y os valores preditos. Pode-se observar que comparados com os GRÁFICOS 13 e 14, nestes o modelo conseguiu ajustar melhor os valores de volume de água livre apresentando erros bem menores. 95 200.00 volume (mL) 150.00 100.00 obs. pred. 50.00 0.00 0 1 2 3 4 5 6 tempo (h) GRÁFICO 17 – VOLUME DE ÁGUA LIVRE EM C3 II (SILVERSON E 60ºC) volume predito (mL) 250 200 150 100 50 0 0.00 50.00 100.00 150.00 200.00 250.00 volume experimental (mL) GRÁFICO 18 – VOLUME OBSERVADO X PREDITO EM C3 II (SILVERSON E 60ºC) 96 5. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES Neste trabalho foi estudada a estabilidade das emulsões água em petróleo através do processo de separação gravitacional. Para tanto foram realizados ensaios de laboratório e foi elaborado um programa em FORTRAN utilizando o modelo o balanço populacional das gotículas. Os resultados experimentais de DTG obtidos através de microscopia e analise de imagens no programa IMAGE J, não foram tão eficientes quanto o esperado devido à emulsão formada ter gotículas muito pequenas menores que 1 μm o que dificultou a visualização. Para transpor este fator foi adotado somente partículas superiores a 1 μm. Foi verificado que a temperatura é um fator importante para a separação das fases, pois as emulsões que operaram em maior temperatura tiveram uma separação mais rápida e em maior volume final. Comparando os tipos de agitadores o Polytron se mostrou mais eficiente em formar emulsões mais estáveis, pois o formato de seu propulsor gerou uma emulsão com uma DTG mais uniforme e tendo um diâmetro médio de Sauter inferior as emulsões formadas pelo Silverson nas mesmas condições de temperatura. O uso do diâmetro médio de Sauter se mostrou eficiente para representar toda uma distribuição com apenas um valor e facilitou a visualização do que ocorreu em cada teste experimental. Os métodos numéricos utilizados para resolver o modelo de balanço populacional, técnica de pivotamento e método de volumes finitos demonstraram serem uteis, porém requerem um conhecimento avançado de alguma linguagem computacional para implementação, pois o modelo de BP é um pouco complexo e a sua discretização gera ainda mais equações para resolver. O modelo de balanço populacional se mostrou eficiente para prever o volume de água livre formado. Sendo que em apenas duas condições os parâmetros não ficaram adequados para descrever os valores observados. O modelo de balanço populacional ajustaria melhor o volume de água calculado, se para cada condição experimental tivéssemos um ajuste paramétrico especifico como visualizado na secção 4.7.1. 97 Como sugestões para a continuação deste trabalho e de novos estudos, propõem-se: Utilizar o modelo de balanço populacional em outros estudos com diferentes tipos de emulsões ou processos de separação, pois é um modelo muito eficiente quando possui os valores de parâmetros bem ajustados. Investigar o erro experimental da analise de distribuição do tamanho de partículas feita com microscopia comparando seu resultado com outra feita por difração a laser. 98 REFERÊNCIAS ATTARAKIH, M. M.; BART, H. J.; FAQIR, N. M. numerical solution of the spatially distributed population balance equation describing the hydrodynamics of interacting liquid-liquid dispersion. Chemical Engineering Science, v. 59, p. 25672592, 2004. ATTARAKIH, M.; ALBARAGHTHI, T.; ABU-KHADER, M.; AL-HAMAMRE, Z.; BART, H. 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