JOÃO MARCOS BELTRAME BENATTI
Grão de milheto inteiro ou triturado fornecidos em duas frequências de
suplementação para bovinos de corte em pastejo
Cuiabá-MT
Setembro/2010
ii
JOÃO MARCOS BELTRAME BENATTI
Grão de milheto inteiro ou triturado fornecidos em duas frequências de
suplementação para bovinos de corte em pastejo
Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Ciência Animal da Universidade
Federal de Mato Grosso para obtenção do Título
de Mestre em Ciência Animal.
Área de Concentração: Zootecnia
Orientador: Prof. Dr. Eduardo Henrique Bevitori
Kling de Moraes
Co-Orientador: Prof. Dr. Joanis Tilemahos
Zervoudakis
Cuiabá-MT
Setembro/2010
iii
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL
FICHA CATALOGRÁFICA
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL O PARCIAL DESTE
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA
FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE
iv
CERTIFICADO DE APROVAÇÃO
Aluno: João Marcos Beltrame Benatti
Título: Grão de milheto inteiro ou triturado fornecidos em duas freqüências de
suplementação para bovinos de corte em pastejo.
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Ciência Animal da
Universidade Federal de Mato Grosso
para obtenção do Título de Mestre em
Ciência Animal.
Aprovada em: 09 de fevereiro de 2010
Banca Examinadora:
Prof. Dr. Joanis Tilemahos Zervoudakis
FAMEV/UFMT (Co-Orientador)
Prof. Dr. Luciano da Silva Cabral
UFMT/Cuiabá (Membro)
Prof. Dr. Daniel de Paula Souza
UFMT/Cuiabá (Membro)
Prof. Dr. Dalton Henrique Pereira
UFMT/Sinop (Membro)
______________________________________________
Prof. Dr. Eduardo Henrique Bevitori Kling de Moraes
UFMT/Sinop (Orientador)
v
DEDICATÓRIA
Dedico a DEUS,
aos meus pais José Luis Benatti e Mariléa Beltrame e aos
meus irmãos José Luis Benatti Filho e Julio Cesar Beltrame
Benatti pela força, dedicação, amor e confiança.
vi
AGRADECIMENTO
A FAPEMAT pela concessão da bolsa de estudos e ao CNPq por financiar o projeto
desta dissertação.
A Universidade Federal de Mato Grosso por me proporcionar a estrutura necessária
para um excelente desenvolvimento do mestrado.
A todos os funcionários da Fazenda Experimental da UFMT pela ajuda na realização
da parte de campo do experimento. Em especial ao Sr. Manézinho, Tilon, Racha,
Adão, Jaratataca, Miguel, André, Nequinho, Rico e Beto.
Aos responsáveis pelo Laboratório de Nutrição Animal, Prof. Dra Rosemary Lais
Galati e Cláudio pela confiança e ajuda na realização das análises laboratoriais.
Aos professores Luciano da Silva Cabral, Joanis Tilemahos Zervoudakis e Rosemary
Lais Galati pelos ensinamentos, amizade e por muitas vezes terem me ajudado sem
medirem esforços.
Aos animais experimentais fistulados (Fokito, Chibungo, Laranja, Silver e Ceará) e
aos de desempenho por expressar os resultados referentes aos tratamentos e
possibilitar a redação dessa dissertação.
A Sonia e a Letícia por ter aberto as portas de sua casa para mim e dividido comigo
os vários momentos especiais de mais essa etapa de minha formação.
Ao André Alves de Oliveira pelos 7 anos de convivência, amizade, discussões e
ensinamentos.
A todos os companheiros de turma do mestrado: Maurício, Marilu, Celina, Douglas,
Alício, André, Fábio, Crislaine, Inácio e Jonatan.
Ao Daniel Marino Guedes de Carvalho e Jefferson Fabiano Verner Cocheck pelo
companheirismo, ensinamentos e pelos momentos de alegria que passamos juntos.
A companheira de experimento Rafaela Zanin e aos estagiários Karib, Manoel, João
Rufino e Kleber, que sem eles não teria sido possível a realização do experimento.
Ao meu orientador Eduardo Henrique Bevitori Kling de Moraes por ter depositado em
mim sua confiança e por ter me ajudando somando à minha formação. Professor
espero que seu primeiro orientado tenha lhe trazido uma excelente experiência.
Aos companheiros de “Simpósios”: Bruno, João Paulo, Nelcino, Ísis, Rafaela, Puff,
Shark, Maurício, André, Daniel, João Rufino, Karib, Renatinha, Marcela dentre
outros.
As bolsistas Renatinha e Marcela, sempre dispostas, pela ajuda, mesmo nos
domingos e feriados até altas horas, no experimento, laboratório ou no buteco.
vii
Ao sempre dedicado Alício por ter me ajudado em todos os momentos e nunca
medido esforços para a realização do experimento.
A todos os professores das disciplinas que cursei no mestrado: Rosane, Rosemary,
Luciano, Pedro Veiga, Giolo, Luciana, Gerusa, Anselmo, Eduardo e Joadil pelos
ensinamentos, dedicação e amizade.
Aos professores da banca de qualificação: Eduardo, Luciano Cabral e Joanis; e aos
professores da banca de defesa: Eduardo, Luciano Cabral, Joanis, Dalton e Daniel
por ajudar na melhora da minha dissertação.
Aos secretários da Pós-Graduação em Ciência Animal Douglas e Elaine pela
paciência e amizade.
Aos amigos veteranos Nelcino, Ísis e Luis Carlos (LUCA) pelos ensinamentos e
amizade.
A Bunge Nutrição Animal por ter doado o farelo de algodão de alta energia.
A Luciana dos Santos Benatti pelo apoio e incentivo.
A todos os amigos de BARIRI-SP, que mesmo distante, mantiveram sempre sua
amizade e companheirismo.
E a todas as outras pessoas, não menos importantes, que não mencionei, mas que
estavam sempre presentes.
Enfim, a todos muito obrigado e
saibam que vocês são especiais
e já fazem parte da minha
história.
viii
EPÍGRAFE
“Não está na natureza das coisas que um único homem realize
um descobrimento súbito e inesperado; o conhecimento
avança passo a passo e cada homem depende do
trabalho dos seus pares e de seus
predecessores".
Sir Ernest Rutherford
ix
RESUMO
BENATTI, J.M.B. Grão de milheto inteiro ou triturado fornecidos em duas
frequências de suplementação para bovinos de corte em pastejo. 2010, 91 f.
Dissertação (Mestrado em Ciência Animal), Faculdade de Agronomia e Medicina
Veterinária, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2010.
Os experimentos foram desenvolvidos no setor de Bovinocultura de Corte da
Fazenda Experimental da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT/FAMEV),
com o objetivo de se avaliar o grão de milheto, em diferentes formas físicas (inteiro
ou triturado) fornecidos em suplementos múltiplos distribuídos diariamente ou três
vezes por semana (segundas, quartas e sextas-feiras) para bovinos de corte
mantidos em pastagem de Brachiaria brizantha cv. Marandu no período seco do
ano. Os suplementos foram fornecidos às 10h na ordem de 2 kg/animal/dia e 4,66
kg/animal/evento de suplementação para os tratamentos diários e três vezes por
semana respectivamente, totalizando uma distribuição semanal de 14 kg/animal. No
Experimento 1 foram utilizados cinco bovinos cruzados, castrados, fistulados no
rúmen com idades variando de 24 a 26 meses e peso médio inicial de 428,6 ± 26,06
kg, seguindo um delineamento em quadrado latino (5 X 5) em esquema fatorial 2 x 2
+ 1, sendo: duas formas físicas do grão de milheto (grãos inteiros – MI ou triturados
– MT), duas estratégias de suplementação (distribuição diária – 7X ou três vezes por
semana – 3X) e o tratamento adicional (controle – MM). Para isto, utilizou-se cinco
piquetes de 0,24 ha formados com Brachiaria brizantha cv. Marandu com massa
média total de 2.932,05 kgMS/ha e massa de matéria seca potencialmente digestível
de 1.539,64 kgMS/ha. Verificou-se que a suplementação promoveu maior consumo
(P>0,05) de matéria seca e orgânica totais e de nutrientes (PB, EE, CT, CNF e FDN)
que o tratamento controle. Não houve diferença (P<0,05) para o consumo de matéria
seca e orgânica de forragem. Para os valores referentes a digestibilidade aparente
obteve-se aumento com a suplementação (P>0,05) para MS, MO, PB, EE, CT, CNF
e FDN. As concentrações de nitrogênio amoniacal e pH ruminal foram diferentes
(P<0,05) somente para o tratamento controle. O consumo de N, N ureico no plasma,
excreção de N, N absorvido e balanço de N apresentou diferença significativa
apenas para MM em relação aos outros. No Experimento 2, 25 bovinos nelore não
castrados com idade de 20 meses e peso médio inicial de 350,92 ± 31,7 kg, foram
distribuídos de acordo com um delineamento inteiramente casualizado em esquema
x
fatorial 2 x 2 + 1, seguindo as mesmas especificações do Experimento 1. Foram
utilizados cinco piquetes de 1,6 ha, homogeneamente formados com Brachiaria
brizantha cv. Marandu com massa média total de 2.462,2 kgMS/ha e massa de
matéria seca potencialmente digestível de 1.308,2
kgMS/ha. Verificou-se que a
suplementação promoveu maior ganho de peso médio diário (GMD) (P<0,01) e peso
vivo médio final (PVF) (P<0,01) em relação a não suplementação, que apresentou
perda de peso, assim como o processamento do grão de milheto proporcionou
maiores valores (GMD e PVF) quando comparado a grãos inteiros (P<0,01), não
havendo, no entanto, diferenças entre as freqüências de suplementação, em
nenhuma das duas formas físicas (P>0,05). Para as variáveis relacionadas ao
comportamento ingestivo diurno, encontrou-se diferença (P<0,05) para o tratamento
controle em comparação aos suplementados para tempo no cocho, ócio, pastando e
água. Com relação a avaliação econômica observou-se maior retorno para o
tratamento 3XMT, seguido dos tratamentos 7XMT, 7XMI e 3XMI.
Palavras-chave:
ganho
de
peso,
digestibilidade, pastagem, suplementação
comportamento
ingestivo,
consumo,
xi
ABSTRACT
The experiment was conducted in the sector of Beef Cattle Experimental Farm
of the Federal University of Mato Grosso, located in Santo Antonio de Leverger - MT.
This study aimed to evaluate the grain of millet (Pennisetum glaucum) in different
physical forms (whole or ground) in multiple supplements distributed daily or three
times a week (Mondays, Wednesdays and Fridays) for beef cattle grazing Brachiaria
brizantha cv. Marandu in the dry season, on performance, economic, feeding
behavior and nutritional parameters. The supplements were provided the 10h in the
order of 2 kg/animal/day and 4.66 kg/animal/event supplementation for daily
treatments and three times per week respectively, with a total weekly distribution of
14 kg/animal. In Experiment 1 were used five cattle crossbred castrated rumen with
ages ranging from 24 to 26 months and initial weight of 428.6 ± 26.06 kilograms,
according to a Latin square design (5 X 5) in a factorial 2 x 2 + 1, as follows: two
physical forms of the grain of millet (whole grains - MI or ground - MT), two strategies
of supplementation (daily distribution - 7X or three times a week - 3X) and additional
treatment (control - MM ). For this, we used five paddocks of 0.24 ha, evenly formed
with Brachiaria brizantha cv. Marandu with average 2,932.05 kgMS/ha for dry matter
(MST) and 1,539.64 kgMS/ha for potentially digestible dry matter (MSpD). It was
found that supplementation promoted higher intake (P> 0.05) dry matter and total
organic matter and nutrients (CP, EE, CT, NFC and NDF) than control. There was no
difference (P <0.05) for the consumption of dry matter and organic of forage. For the
values for the apparent digestibility was obtained increased with supplementation (P>
0.05) for DM, OM, CP, EE, CT, NFC and NDF. Concentrations of nitrogen and rumen
pH were different (P <0.05) only for the control treatment. Consumption of N, N urea
in plasma, excretion of N, N absorbed and N balance showed a significant difference
only for MM in relation to others. In Experiment 2, 25 Nellore steers aged 20 months
and initial weight of 350.92 ± 31.7 kg, were distributed according to a block
completely randomized in a 2 x 2 + 1, following the same specifications Experiment
1. We used five paddocks of 1.6 ha, evenly formed with Brachiaria brizantha cv.
Marandu with average 2,462.2 kgMS/ha for dry matter (MST) and 1,308.2 kgMS/ha
for potentially digestible dry matter (MSpD). It was found that supplementation
promoted greater weight gain average daily gain (ADG) (P <0.01) and average final
weight (AFW) (P <0.01) compared to no supplementation, who presented weight
xii
loss, and processing the grain of millet had higher values (ADG and AFW) compared
to whole grains (P <0.01), without, however, differences between the frequencies of
supplementation in either physical forms (P > 0.05). For the variables related to
feeding behavior, there was difference (P <0.05) for the control treatment compared
to time supplemented to the cocho, ocio, grazing and water. As for the economic
evaluation showed higher return for treatment 3XMT, followed by treatment 7XMT,
7XMI and 3XMI.
Keywords: consumption, digestibility, ingestive behavior, pasture, supplementation,
weight gain
xiii
LISTA DE FIGURAS
Capítulo 1. Grão de milheto inteiro ou triturado fornecidos em duas
frequências de suplementação para bovinos de corte em pastejo:
parâmetros nutricionais.
Figura 1. Massas de matéria seca total (DMST), matéria seca potencialmente
digestível (MSpD), pseudocolmo seco (MPCS), pseudocolmo verde (MPCV),
lâmina foliar seca (MLFS) e lâmina foliar verde (MLFV) do capim marandu
durante os períodos experimentais ........................................................................ 49
Capítulo 2. Grão de milheto inteiro ou triturado fornecidos em duas
frequências de suplementação para bovinos de corte em pastejo
Figura 1. Massas de matéria seca total (DMST), matéria seca potencialmente
digestível (MSpD), pseudocolmo seco (MPCS), pseudocolmo verde (MPCV),
lâmina foliar seca (MLFS) e lâmina foliar verde (MLFV) do capim marandu
durante os períodos experimentais ........................................................................ 76
xiv
LISTA DE TABELAS
Capítulo 1. Grão de milheto inteiro ou triturado fornecidos em duas
frequências de suplementação para bovinos de corte em pastejo:
parâmetros nutricionais.
Tabela 1. Composição percentual dos suplementos, com base na matéria
natural. ................................................................................................................... 43
Tabela 2. Composição química dos suplementos e pastejo simulado ................... 51
Tabela 3. Valores médios para consumo de nutrientes. ........................................ 53
Tabela 4. Valores médios (%) para o coeficiente de digestibilidade e NDT
observado em função de cada tratamento ............................................................. 55
Tabela 5. Médias, na escala original, para a concentração de nitrogênio
amoniacal (N-NH3) e medidas para pH ruminal em função dos dias, tratamentos
e tempos de coleta. ................................................................................................ 57
Tabela 6. Volume urinário (VU), nitrogênio ureico no plasma sanguíneo (NUP),
excreção urinária de uréia (EU) e excreção urinária de nitrogênio ureico (ENU),
consumo de nitrogênio, nitrogênio excretado nas fezes (N Fezes), nitrogênio
absorvido (NABS) e balanço de nitrogênio (BN) em função dos tratamentos ........ 61
Capítulo 2. Grão de milheto inteiro ou triturado fornecidos em duas
frequências de suplementação para bovinos de corte em pastejo
Tabela 1. Composição percentual dos suplementos, com base na matéria
natural. ................................................................................................................... 71
Tabela 2. Composição bromatológica do suplemento, do pasto (simulação do
pastejo) e suas frações (%MS) ............................................................................. 79
Tabela 3. Peso corporal final (PCF – kg) e ganho em peso diário (GMD – kg/dia) 80
xv
Tabela 4. Médias (minutos/12 horas) para as variáveis cocho, ócio, água,
ruminação e pastejo, para os níveis de tratamento, níveis de dias e entre
combinações de níveis de tratamento e dia ........................................................... 84
Tabela 5. Indicadores zootécnicos e econômicos e respectivos valores para cada
tratamento. ............................................................................................................. 86
xvi
SUMÁRIO
1.Introdução geral ................................................................................................ 01
2.Revisão de Literaura ......................................................................................... 04
2.1 Produção animal em pastagens no período da seca ................................... 04
2.2 Suplementação de bovinos de corte no período da seca............................. 09
2.3 Efeitos da suplementação sobre os parâmetros ruminais de bovinos em
pastejo................................................................................................................ 13
2.4 Frequência de distribuição dos suplementos ............................................... 16
2.5 Processamento de grãos ............................................................................. 18
3.Referências bibliográficas ............................................................................... 22
Capítulo 1. Grão de milheto inteiro ou triturado fornecidos em duas
frequências de suplementação para bovinos de corte em pastejo:
parâmetros nutricionais.
Resumo .................................................................................................................. 39
Abstract .................................................................................................................. 40
Introdução .............................................................................................................. 41
Material e Métodos ................................................................................................. 42
Resultados e Discussão ......................................................................................... 48
Conclusão .............................................................................................................. 62
Referências Bibliográficas ...................................................................................... 63
Capítulo 2. Grão de milheto inteiro ou triturado fornecidos em duas
frequências de suplementação para bovinos de corte em pastejo:
desempenho produtivo, econômico e comportamento ingestivo diurno.
Resumo .................................................................................................................. 67
Abstract .................................................................................................................. 68
Introdução .............................................................................................................. 69
Material e Métodos ................................................................................................. 70
Resultados e Discussão ......................................................................................... 76
Conclusão .............................................................................................................. 89
Referências Bibliográficas ...................................................................................... 90
19
1. INTRODUÇÃO GERAL
O Complexo do Agronegócio possui grande participação na estrutura
produtiva do Brasil, tendo representado no ano de 2008 um valor equivalente a
26,46% do PIB, onde o setor pecuário participou com 7,8%, segundo estimativas do
Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP/Esalq (CEPEA,
2009).
Porém, mesmo com parcela significativa da arrecadação nacional, a
bovinocultura brasileira ainda possui caráter extensivo, resultando em baixos índices
produtivos (MACEDO, 2006), fazendo com que vários produtores migrem para
outras atividades. Desta forma, a utilização de tecnologias com intuito de melhorar a
lucratividade tem se mostrado de fundamental importância.
Nesse contexto, e sabendo-se que a dieta do rebanho brasileiro é tida como
sendo 99% proveniente do pasto (PAULINO et al., 2006a), a suplementação dos
animais é uma alternativa importante como forma de otimizar o aproveitamento dos
nutrientes da forragem por meio da melhora na digestibilidade dos constituinte da
parede celular assim como fornecer os nutrientes deficitários aos ruminantes.
Essa importância fica mais evidente nos períodos críticos do ano, a medida
que as forrageira tropicais decrescem em qualidade e quantidade, em decorrência
da maior participação de carboidratos estruturais e lignina, queda no teor de proteína
bruta, redução na digestibilidade e baixo acúmulo de massa de forragem. Desta
forma, o ajuste nutricional combinando gramíneas e suplementos alimentares
adicionais são requeridos para redução nas flutuações sazonais no desempenho ao
longo do ano (PAULINO et al., 2006a).
Porém, com o incremento de concentrados na dieta surge a necessidade de
distribuí-los aos animais, fato este que eleva os custos adicionais (FIGUEIREDO et
al., 2007). Desta forma, o emprego de técnicas que visem a redução na freqüência
de distribuição dos suplementos, com vistas a reduzir os custos com transporte, mão
de obra e depreciação de maquinários complementam essa tecnologia.
Outro ponto de grande importância quando se utiliza grãos para animais é a
forma de processamento dos mesmos. Segundo Bolzan et al. (2007), a trituração de
cereais para alimentação de ruminantes visa aumentar a área superficial de contato
e assim facilitar os processos digestivos.
20
Entretanto, nas fábricas de ração o tamanho dos grãos representa
dificuldade de moagem, principalmente quando os grãos possuem tamanhos
reduzidos como o milheto, onerando o gasto com processamento exigindo mais
tempo e proporcionando menor rendimento dos moinhos.
Desta forma, objetivou-se com a presente dissertação avaliar o grão de
milheto inteiro ou triturado, ofertados diariamente ou três vezes por semana em
suplementos múltiplos para bovinos de corte em pastagem de Brachiaria brizantha
cv. Marandu sobre o desempenho produtivo, econômico, comportamento ingestivo e
parâmetros nutricionais.
Os artigos dessa dissertação foram elaborados segundo as normas
preconizadas pela Revista Brasileira de Zootecnia.
21
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Produção animal em pastagens no período da seca
O padrão de crescimento fenológico das forrageiras tropicais conduz a
queda na qualidade da forragem a medida que chega a estação seca do ano,
ocorrendo modificações na sua estrutura o que leva a menor relação folha:colmo,
com aumentos nos teores de compostos estruturais, notadamente tecidos
lignificados e diminuição no conteúdo celular com quedas drásticas nos teores de
compostos nitrogenados totais, ocasionando queda na digestibilidade e qualidade
tendo-se, consequentemente, uma forrageira de baixo valor nutritivo (BERCHIELLI
et al., 2006). Desta forma, tem-se forragem com elevadas concentrações de fibra em
detergente neutro (FDN) com aumento nas porcentagens de fibra em detergente
neutro indigestível (FDNi), esta com elevada capacidade de repleção ruminal, a qual
influencia diretamente o consumo voluntário (DETMANN et al., 2008).
Reis et al. (2009) em revisão sobre suplementação, mencionaram que a
variação no desempenho animal pode ser interpretada como reflexo da qualidade da
forragem, e esta pode ser entendida como consumo de energia digestível e
concluíram que a qualidade é determinada por dois fatores principais: consumo de
matéria seca e valor nutritivo da forragem.
A deficiência de compostos nitrogenados na dieta, características das
forrageiras tropicais na época da seca, acarreta na redução do aproveitamento dos
substratos energéticos potencialmente utilizáveis da forragem, deixando de ser
efetivamente aproveitados por deficiência dos sistemas enzimáticos microbianos,
impedindo a maximização da exploração dos recursos basais do sistema
(LAZZARINI et al., 2006; PAULINO et al., 2006b). Níveis mínimos de 7% de proteína
bruta na dieta são requeridos para que as bactérias tenham condições de utilizar os
substratos energéticos fibrosos potencialmente digestíveis (VAN SOEST 1994).
Embasado nessa teoria tem-se que o uso de recursos suplementares à
forragem para ruminantes mantidos em pastagens de baixa qualidade é de vital
importância a fim de garantir a adequação dos nutrientes (principalmente
energia:proteína) melhorando, desta forma, a eficiência na conversão destes em
proteína microbiana (HERSOM, 2008).
22
Gomes Jr et al. (2002) estudaram o desempenho de novilhos mestiços em
fase de crescimento sob suplementação na seca e encontraram ganho médio diário
de 0,09 kg para a suplementação apenas com mistura mineral contrastando com a
média de 0,47 kg para os animais suplementados com fontes protéicas (farelo de
soja, farelo de algodão, farelo de glúten de milho e farelo de trigo), com
disponibilidades da forragem de 6.454 kg/ha de MS e com teor de 3,96% de PB.
Assim concluíram que a forragem proporcionou nutrientes próximos ao de mantença
dos animais refletindo no ganho em peso do tratamento controle. Isto reforça a
necessidade de se suplementar animais na seca com formulações múltiplas
fornecendo energia, proteína, vitaminas e minerais (REIS et al., 2009).
Euclides et al. (1998), avaliando o desempenho de novilhos em pastagem
de Brachiaria decumbens submetidos a diferentes regimes alimentares em dois
períodos secos consecutivos, encontraram no primeiro período superioridade no
ganho em peso médio diário dos animais que receberam suplementação múltipla
(1,03 kg/dia) em comparação aos suplementados apenas com mistura mineral (0,32
kg/dia), já no segundo período esses ganhos foram de 0,58 kg e -0,09 kg
respectivamente, associando essa divergência nos ganhos entre os períodos à
maior disponibilidade de matéria seca verde 830 kg/ha e 600 kg/ha para a primeira e
segunda seca respectivamente. Mencionaram ainda um aumento na capacidade de
suporte das pastagens quando os animais receberam suplementos múltiplos (0,87
UA/ha nos suplementados e 0,73 UA/ha no suplementado apenas com minerais).
2.2 – Suplementação de bovinos de corte no período da seca
A suplementação para bovinos de corte já vem sendo empregada há muito
tempo quando a forragem apresenta deficiência que impedem o animal de produzir
ou se reproduzir de forma satisfatória (SANTOS et al., 2007).
Nos sistemas de produção onde o pasto representa a base da dieta pode
haver limitações na produção animal, o que introduz problemas no balanceamento
de nutrientes, principalmente no balanço nitrogênio-carboidrato (PAULINO et al.,
2002; PAULINO et al., 2008).
Segundo Reis et al. (2005), o rebanho na época seca do ano se alimenta de
forragem de baixo valor nutritivo, caracterizada por um elevado valor de fibra
indigerível e teores de proteína bruta inferiores ao nível crítico de 7% MS. Sendo
23
assim, a utilização de suplementos que visem apenas a mantença ou ganhos em
peso moderados a médios vem como alternativa para uma pecuária moderna com
ciclos de produção curtos (PAULINO et al., 2006a).
De acordo com Reis et al. (2009) e Paulino et al. (2008), mesmo havendo a
disponibilidade de fibra potencialmente digestível nas pastagens na seca, a proteína
é o nutriente mais limitante, devendo esta ser corrigida através da suplementação, a
fim de aumentar a eficiência de degradação da fração fibrosa e, consequentemente,
a taxa de passagem e o consumo de matéria seca da forragem. Paulino et al. (2001)
e Detmann et al. (2005b) citaram que no caso de forragens tropicais, a digestão
requer uma população microbiana ativa com capacidade de digeri-la, sendo possível
que tanto em dietas de forragem total como mistas com concentrado, há situações
em que a digestão é limitada por capacidade microbiana ou enzimática e não
somente pela propriedade cinética da parede celular.
Com objetivo de suprir essas deficiências nutricionais impostas pela baixa
qualidade nutricional da forrageira, deve-se ter em mente que a suplementação vem
como uma fonte de nutrientes adicionais, que possui a característica de apoiar a
degradabilidade das frações fibrosas da planta, não devendo o suplemento suprir
além dos requisitos dos animais de acordo com os ganhos previamente desejados,
uma vez que esse produto possui um valor agregado alto o que pode inviabilizar,
economicamente, o sistema de produção (PAULINO et al., 2006a). Da mesma
forma, Paulino et al. (2002) indagaram que a meta de um programa de
suplementação para animais em pastejo é comumente maximizar consumo e
utilização da forragem, assim a utilização de pequenas quantidades de concentrados
protéicos podem aumentar o consumo de forragem quando as mesmas são de baixa
qualidade, especialmente quando tem altas relações de nutrientes digestíveis totais
(NDT) para proteína.
Paulino et al. (2006b) e Malafaia et al. (2003), mencionaram que o
fornecimento de pequenas quantidades (doses catalíticas) de suplemento pode
incrementar o consumo voluntário de forragem de baixa qualidade devido ao
aumento nos níveis de substratos nitrogenados disponíveis para as bactérias, com
elevação na taxa de digestão e síntese de proteína microbiana, o que permitiria
incrementar o consumo voluntário de forragem e ampliar a extração energética a
partir de carboidratos fibrosos da forragem, via ampliação do consumo de NDT
(PAULINO et al., 2008)
24
Desta forma, os suplementos devem ser formulados com base na qualidade
do pasto, com intuito de fornecer às bactérias ruminais níveis de nutrientes que não
limitem o crescimento da flora microbiana. Assim no período da seca, onde o
principal nutriente limitante é a PB, deve-se corrigir a deficiência da forragem
segundo os patamares de desempenho desejados incluindo tanto proteína
verdadeira como nitrogênio não protéico (NNP) na dieta. Quando da inclusão de
proteína degradável no rúmen (PDR) que atenda as necessidades das bactérias
fibrolíticas, a população desta pode aumentar significativamente uma vez que a
principal fonte de nitrogênio (N) requerido por elas é na forma de amônia, liberado a
partir da degradação ruminal dessa proteína (RUSSELL et al., 1992).
Segundo Lazzarini et al. (2006), o nível mínimo de 7% PB na dieta não
assegura maximização na utilização dos substratos energéticos de lenta
disponibilidade, uma vez que respostas positivas na degradação da fibra foi
observado ate valores próximos a 13-14% de PB. Todavia, nota-se que o maior
consumo voluntário e menores perdas de nitrogênio por excreção foi observado para
os valores de proteína basal próximos a 10% da dieta (PAULINO et al., 2006b).
Porém as bactérias necessitam da disponibilidade da energia (ATP). Assim,
quando da inclusão de proteína na dieta e forragem com reduzida taxa de digestão,
a quantidade de energia pode limitar o crescimento microbiano. Desta forma, os
suplementos para bovinos em gramíneas tropicais devem apresentar natureza
múltipla e sinérgica (PAULINO et al., 2008).
Desta forma, para que haja síntese de proteína microbiana é essencial não
só a presença de nitrogênio amoniacal ou aminoácidos em nível de rúmen, mas
também a presença de esqueletos carbônicos oriundos da degradação ruminal de
celulose, amido, pectina e de proteínas verdadeiras (SANTOS et al., 2007). Segundo
os mesmos autores, quando essa adequação de nutrientes (nitrogênio/carboidratos
prontamente disponíveis para as bactérias) não é atendida e ocorre um aumento na
concentração de amônia ruminal em quantidades acima das exigidas pela população
microbiana, esta é absorvida pelo epitélio ruminal e atinge a corrente sanguínea,
sendo novamente convertida em ureia no fígado e então excretada via urina ou
reciclada pela saliva ou rúmen (ciclo da uréia), acarretando em gasto energético.
O fornecimento de suplementos em muitos casos pode melhorar o
desempenho animal, mas nem sempre a resposta é satisfatória, podendo ser maior
ou menor que a esperada (SILVA et al., 2009). Essa variação entre o esperado e o
25
observado pode ser explicada por interações (associações) entre o suplemento e o
consumo de forragem e energia da dieta, podendo haver modificações da condição
metabólica ruminal e do próprio animal (GÓES et al., 2005).
Segundo Moore (1980) citado por Reis et al. (2009) essas interações podem
apresentar três efeitos: o aditivo, quando há um aumento na ingestão de matéria
seca total com constância ou estímulo no consumo da matéria seca de forragem,
sendo esse aumento ocasionado pelo consumo de matéria seca do suplemento; o
efeito combinado em que o consumo de matéria seca aumenta porém há uma
redução no consumo da forragem; e o efeito substitutivo onde o consumo de matéria
seca total é constante, porém o consumo de forragem diminui na mesma proporção
que aumenta o consumo de suplemento.
De acordo com Euclides e Medeiros (2005), quando se trabalha com
forragens de baixa qualidade, o consumo de gramíneas é relativamente baixo e
desta forma não há substituição significativa quando os suplementos são fornecidos
resultando em efeito aditivo. Porém quando a forragem é de boa qualidade, o
consumo de suplementos pode substituir em partes o consumo de matéria seca de
forragem.
Ainda no tocante, se a forragem apresenta níveis de proteína baixos, o
consumo será incrementado quando uma pequena quantidade de suplemento
protéico é inclusa na dieta (SANTOS et al., 2004). Quando o nível de suplementação
encontra-se em valores de até 0,3% do PV a redução no consumo de forragem é
mínimo, mas quando o fornecimento é maior que 0,3% do peso corporal (PC) esse
consumo é reduzido podendo ser ainda maior quando o fornecimento for de 0,8%
PC, devido ao limite biológico de ganho em peso de animais a pasto estarem
próximos de serem alcançados (ZINN e GARCES, 2006; SILVA et al., 2009).
Segundo Euclides (2001), quando se almeja ganhos em torno de 250 g/dia
na seca há necessidade de incluir energia e proteína ao sal mineral sendo
consumido nas quantidades de 0,1 a 0,2% do peso vivo. Já quando o objetivo é
alcançar a produção de novilhos precoce a pasto, com terminação na época seca,
deve-se fornecer quantidade de suplemento correspondente de 0,8 a 1% do PC,
alcançando ganhos de peso entre 500 a 900 g/dia.
Malafaia et al. (2003), em revisão sobre suplementação, mencionaram que
a suplementação protéico-energética na seca pode promover ganhos de peso diário
na ordem de 100 a 350 g, com animais consumindo suplementos nas quantidades
26
de 1 e 3 g/kg PV. Porém, se em condições de baixa disponibilidade de forragem, a
suplementação pode se tornar ineficiente, reportando a necessidade de se trabalhar
com estratégias anuais no manejo das pastagens para possibilitar disponibilidades
não limitantes no período crítico do ano.
Correia (2006) citou que além da suplementação suprir a deficiência da
forragem disponível ela pode aumentar a capacidade de suporte das pastagens,
auxiliar no manejo do pastejo e viabilizar o fornecimento de aditivos ou promotores
de crescimento. Embasado nesse preceito, Costa (2007) estudou a suplementação
energética para bovinos de corte em pastejo, tendo encontrado aumento médio de
10% na taxa de lotação em pastagens de capim Marandu. Euclides et al. (1998)
encontraram aumento na capacidade de suporte dos pastos de 0,73 para 0,87
UA/ha durante os períodos de suplementação e salientaram a importância desta
prática na liberação de áreas de pastagens devido ao abate precoce dos animais em
decorrência do aporte no ganho em peso médio dos animais com redução na idade
ao abate de 5 a 13 meses. Poppi e McLennan (2007) salientaram que o aumento na
taxa de lotação é fator fundamental para viabilizar economicamente essa prática.
2.3 – Efeitos da suplementação sobre as características ruminais de
bovinos em pastejo
A inclusão de recursos suplementares e sua resposta no desempenho
animal dependem de vários parâmetros que devem ser avaliados, sendo estes
determinantes na eficiência de utilização da FDN da forragem (PAULA, 2008).
Os substratos disponíveis para fermentação e o pH ruminal são os
principais determinantes da prevalência dos microrganismos no ecossistema
ruminal, destacando o pH como a principal causa isolada de efeitos associativos
negativos de diversos componentes da ração sobre a digestibilidade da mesma
(ORSKOV e TYLE, 1990 citados por FRANCO et al. 2004).
Quando da inclusão de carboidratos não fibrosos de rápida fermentação,
associado a restrições na disponibilidade de fibras dietéticas, o pH ruminal pode
declinar (RUSSEL et al., 1992). O pH em valores abaixo de 6,0, reduz a população
de microrganismos chegando a severa inibição em pH de 4,5 a 5,0. Van Soest
(1994) relatou o valor de 6,7 como o adequado para as bactérias.
27
Porém, nas condições brasileiras, essa queda abaixo de valores ideais é
pouco evidenciada, uma vez que o nível de fornecimento de suplemento é baixo e
os animais consomem grandes quantidades de fibras alimentares oriundas da
forragem (REIS et al., 2007).
Detmann et al. (2005a), trabalhando com níveis de proteína para bovinos de
corte em terminação mantidos a pasto no período de transição seca-águas, não
encontraram redução do pH abaixo dos limites considerados como limitantes para o
crescimento das bactérias celulolíticas, mesmo tendo trabalhado com inclusão de 4
kg de suplemento/animal/dia (suplementos constituídos por fubá de milho, grão de
soja integral, ureia e sulfato de amônio e mistura mineral).
Franco et al. (2004) em estudo com fornecimento de suplementos para
animais canulados no rúmen em quantidades de 0,5; 1,0; e 1,5 kg/animal/dia,
encontraram redução no pH ruminal nos animais que receberam suplementos em
relação aos que receberam apena mistura mineral, porém não foi observada quedas
abaixo dos níveis críticos para as bactérias.
As disponibilidades de N e energia são os principais fatores que limitam o
crescimento microbiano, sendo a disponibilidade de energia o principal fator que
determina a taxa de assimilação desse N (HUNTINGTON e ARCHIBEQUE, 1999,
citados por MAGALHÃES et al., 2005). Se a taxa de fermentação de carboidratos for
maior que a degradação da proteína, ocorre redução na produção de proteína
microbiana (MAGALHÃES, et al., 2005).
A digestibilidade dos diferentes componentes dos alimentos da dieta
apresenta
forte
relação
com o
fornecimento
de
compostos
nitrogenados
suplementares sob condições de forragem de baixa qualidade (MATHIS et al.,
2000), devido a deficiência desses compostos nessas forragens (DETMANN et al.,
2005a). Assim, a suplementação desse nutriente é requerida uma vez que limita o
crescimento da flora bacteriana quando em baixas concentrações ruminais.
O nitrogênio amoniacal oriundo da dieta ou da reciclagem endógena do N é
a principal fonte de energia requerida pelas bactérias que degradam a fibra
(RUSSEL et al., 1992), dessa forma sua concentração é necessária para maximizar
a síntese de proteína microbiana.
Porém existem discrepâncias na literatura sobre quais as concentrações
ideais de nitrogênio amoniacal ruminal (N-NH3). Leng (1990) citado por Detmann et
al. (2005a) sugeriram valores de 20 mg/dL de N-NH3 como sendo o volume de
28
nitrogênio amoniacal na qual haveria a máxima digestão ruminal sob condições
tropicais. Já Satter e Slyter (1974) citados por Paula (2008) relataram essa
concentração como sendo de 5 mg/dL (estudos realizados in vitro).
Van Soest (1994) ressaltou que para cada dieta há um valor ótimo de
concentração amoniacal devido a capacidade de síntese protéica e captação de
amônia que depende da taxa de fermentação dos carboidratos. Maior taxa de
fermentação determina maior eficiência, o que permite níveis de amônia
relativamente maiores. Desta forma, sabe-se da importância em se manter níveis
ruminais de amônia, porém suas concentrações ideais ainda são indefinidas.
Quando a fermentação da proteína no rúmen excede às exigências dos
microrganismos ou não está adequada com as disponibilidades de carboidratos
prontamente disponíveis, pode haver perdas devido ao acúmulo de amônia
(RUSSEL et al., 1992). Os mesmos autores relataram que a diferença entre as taxas
de degradação dos alimentos é que determina as perdas de N devido a diferenças
nas taxas de degradação da proteína exceder a taxa de degradação dos
carboidratos.
Essa amônia excedente é absorvida através da parede do rúmen e em
seguida é transportada através do sistema vascular porta-hepático para o fígado,
sendo convertida a uréia. Esta é a principal forma pela qual o N é eliminado do
organismo dos mamíferos (LOBLEY et al., 1995). Nos ruminantes essa uréia pode
voltar ao rúmen pela reciclagem endógena (ciclo da uréia). A excreção de
compostos nitrogenados via uréia ocasiona perdas energéticas devido a conversão
de amônia nesse composto (RUSSEL et al., 1992).
O metabolismo da uréia em bovinos pode ser evidenciado pelas mudanças
nas concentrações de nitrogênio no plasma e na urina (HUNTINGTON, 1997). Obeid
(2005) inferiu que para utilização ótima de N por bovinos de corte, aspectos
relacionados com a digestão e absorção de compostos nitrogenados, bem como a
demanda para produção do animal devem ser levados em consideração, sendo as
concentrações de N-ureico no sangue e urina reconhecidas como medidas úteis do
status de proteína ou de nutrição protéica de ruminantes.
Tem-se reportado que as concentrações plasmáticas de uréia estão
positivamente relacionadas com a ingestão de N (VALADARES et al., 1997),
podendo estar associada com a utilização ineficiente de proteína (BRODERICK,
29
1995). A ureia excretada pelos rins depende da concentração da mesma na dieta e
consequentemente na corrente sanguínea (RUSSEL et al., 1992).
Valadares et al. (1997), trabalhando com novilhos zebus alimentados com
rações contendo 45% de concentrado e teores de proteína bruta de 7 a 14,5%,
verificaram que a máxima produção microbiana correspondeu a concentrações de
N-ureico no plasma variando de 13 a 15 mg/dL, o que provavelmente representaria o
limite a partir do qual estaria ocorrendo perda de proteína.
Moraes et al. (2009), trabalhando com quatro níveis de inclusão de ureia (0;
1,2; 2,4 e 3,6% na matéria natural) em suplementos protéico-energéticos para
bovinos de corte durante o período da seca, encontraram que o aumento do nível de
uréia aumentou as concentrações de amônia ruminal e de nitrogêno ureico sérico
(18,6; 19,7; 20,4 e 22,7 mg/dL) e urinário (54,3; 59,6; 66,1 e 71,1 g/dL) dos animais
de forma linear, reduzindo, assim, o aproveitamento do nitrogênio dietético.
2.4 – Frequência de distribuição dos suplementos
A intensificação do sistema produtivo na pecuária está relacionada ao
aumento da participação dos itens decorrentes da nutrição e genética nos custos de
produção (FIGUEIREDO et al., 2007). Contudo, opções para melhorar a
operacionalidade na alimentação do rebanho podem proporcionar maiores retornos
dos investimentos e melhor remuneração, sem influenciar a qualidade dos produtos
(PAULINO et al., 2008).
Uma tecnologia barata e de fácil aplicabilidade para melhorar a rentabilidade
da bovinocultura de corte é o uso da suplementação para animais consumindo
forragens. Porém, em situações em que se tem aumento na participação do
concentrado na dieta, a necessidade de distribuição diária de concentrado eleva os
custos operacionais (BERCHIELLI et al., 2006).
Deste modo, a redução na freqüência do fornecimento de suplementos a
animais mantidos em pastagens (PAULA, 2008) reduz os custos decorrentes da
distribuição diária de suplementos, racionaliza a mão de obra (ZERVOUDAKIS,
2003) e reduz possíveis problemas de ordem trabalhista (BERCHIELLI et al., 2006).
A suplementação em dias alternados (em intervalo de até 6 dias) pode ser
feita com sucesso sem prejudicar o desempenho dos animais (BERCHIELLI et al.,
2006). Segundo Shauer et al. (2005), ruminantes sob suplementação intermitente
30
consumindo forragem de baixa qualidade conseguem manter o desempenho, a
eficiência microbiana, eficiência de utilização da matéria seca e do nitrogênio
semelhantes aos animais suplementados diariamente. Outro ponto favorável à
menor freqüência de suplementação foi relatado por Huston et al. (1999), que
mencionaram menores variações no ganho em peso entre os animais, devido a
redução na
competição
pelo
suplemento
quando fornecidos em maiores
quantidades.
Paulino et al. (2006b) relataram que a redução na freqüência não promove
redução na degradação da forragem e no desempenho, devido à habilidade dos
bovinos em manter os níveis de nitrogênio ruminal em patamares adequados para a
microbiota ruminal. Desta forma, Berchielli et al. (2006) inferiram que o principal
mecanismo dessa redução no impacto da menor freqüência de suplementação
sobre o desempenho animal é a reciclagem de nitrogênio. Assim, o nitrogênio pode
ser aumentado nos dias entre os eventos de suplementação, sendo a provável razão
para isso as mudanças na permeabilidade do trato gastrintestinal e/ou na regulação
renal da excreção de uréia (BOHNERT et al., 2002).
De acordo com Van Soest (1994), a reciclagem endógena da uréia pode ser
explicada por diferenças nas concentrações de amônia e ureia no rúmen e sangue.
A concentração de amônia no sangue tende a ser menor que no rúmen e o nível de
uréia no rúmen menor que no sangue, assim tem-se uma diferença de concentração
ocasionando uma transferência mútua de compostos.
Morais et al. (2009), em experimento com novilhos de corte mantidos em
pastagem, avaliaram a influência da freqüência de suplementação no consumo,
digestibilidade e fermentação ruminal e chegaram a conclusão de que a redução na
freqüência de suplementação de sete para cinco ou três vezes por semana não
afetou a ingestão de matéria seca, tanto de forragem como total, nem a
digestibilidade da matéria seca. Neste sentido, o pH ruminal e as concentrações de
amônia ruminal foram mantidas quando a freqüência de suplementação diminuiu.
Da mesma forma, Moraes (2006) avaliou suplementos de autocontrole de
consumo (AC) e diferentes freqüências de suplementação (segunda, quarta e sexta
– 3X; segunda a sexta-feiras – 5X; segunda-feira a sábado – 6X; e diário – 7X) nas
diferentes épocas do ano, seca, águas e transição água-seca. O referido autor não
observou diferenças significativas entre as diferentes estratégias de suplementação
e o desempenho dos animais.
31
Canesin et al. (2007), em estudo sobre o desempenho de bovinos em
pastagem submetidos a diferentes estratégias de suplementação no período das
águas e da seca não encontraram influência significativa no desempenho dos
animais quando compararam os diferentes tratamentos (suplementação diária, em
dias alternados e fornecidos de segunda a sexta-feira).
2.5 – Processamento de grãos
O termo processamento de grãos refere-se a métodos de preparação de
grãos para a alimentação animal (NUSSIO, 2002). Segundo Huntington (1997) e
Nussio (2002) o processamento está associado com melhor eficiência de utilização
de nutrientes, sendo o principal efeito a mudança no sítio de digestão de amido do
intestino delgado para o rúmen, com concomitante aumento nas porcentagens
degradadas em ambos os compartimentos.
O objetivo do processamento é aumentar o acesso aos grânulos de amido
pela redução do tamanho de partícula (OWENS et al., 1986) desta forma, processos
que reduzem o tamanho da partícula ou alteram a matriz protéica que cimentam os
grânulos de amido aumentam a extensão da digestão no rúmen e intestino delgado
aumentando, assim, a energia disponível para o animal (OWENS et al., 1997).
Da mesma forma, Nocek e Tamminga (1991) e McAllister et al. (1990)
discorreram que os métodos de processamento podem ser vários, porém o que se
objetiva com todos são a melhoria na digestibilidade dos alimentos devido a ruptura
das barreiras que impedem o acesso dos microrganismos ruminais e das enzimas
aos componentes nutricionais dos alimentos. Rodrigues (2003), por sua vez, relatou
que durante o processamento a matriz protéica do endosperma é rompida,
permitindo o acesso mais fácil das enzimas ao grânulo de amido. Hale (1973) citado
por Rodrigues (2003) considerou que em estudos histológicos com grãos
reconstituídos estes apresentam desorganização da matriz protéica ao redor dos
grânulos.
Dentre os diferentes tipos de processamento pode-se citar a moagem fina
ou grossa, extrusão, micronização, tostagem, peletização e laminação como
exemplos de processamentos a seco e, a maceração, laminação a vapor, floculação,
reconstituição, explosão, cozimento a vapor, como processos que envolvem adição
32
de água aos grãos, frequentemente, na forma de vapor com pressão (HALE, 1973
citado por ANTUNES e RODRIGUES, 2006).
Segundo McAllister e Cheng (1996) a moagem em grãos de cereais
aumenta o extensão e a taxa de digestão ruminal do amido, uma vez que o
pericarpo de tais grãos é resistente a penetração e ao ataque microbiano, devendo
ser fraturado pelo processamento mecânico ou mastigação para proceder-se a
digestão. Beauchemin et al. (1994) inferiram que os grãos intactos são resistente a
adesão na superfície pela microbiota ruminal de modo a dificultar o acesso aos
substratos.
Segundo Restle et al. (2009) a mastigação tem papel fundamental no
aumento da digestibilidade das dietas a base de grãos inteiros, devido a redução no
tamanho das partículas, disponibilização de nutrientes solúveis para fermentação,
exposição das porções internas do alimento para a colonização microbiana e
hidratação do alimento durante a salivação, o que facilita a digestão.
Em trabalho conduzido com vacas confinadas, Restle et al. (2009)
fornecendo silagem de milho como volumoso e concentrado constituído por grão de
aveia preta em diferentes formas físicas com relação volumoso:concentrado de
60:40, observaram superioridade no ganho médio diário (GMD) dos animais que
receberam grãos triturados (1,129 kg/dia) em relação aos que receberam uma
mistura de 50% de grãos inteiros e 50% de triturados (0,967 kg/dia) e apenas grãos
inteiros (0,799 kg/dia). Observaram também melhor conversão alimentar para o
tratamento triturado (9,182) em relação ao 50% triturado e 50% inteiro (11,217) e ao
tratamento apenas com grãos inteiros (13,203), sendo que esse processamento
proporcionou uma eficiência 30,5% superior na conversão de alimento em peso.
Lucci et al. (2008) testaram diferentes tamanhos de partículas de milho
(grosseiramente quebrado, grosseiramente moído e moído fino) em dieta composta
por farelo de soja (14%), milho em grão (26%) e feno (60%) encontraram menores
taxas de degradabilidade da matéria seca e proteína bruta para o milho
grosseiramente quebrado em relação as outras formas, sendo que em nenhuma das
formas fornecidas ocorreram alterações na digestão das fibras.
33
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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39
Capítulo 1
Grão de milheto inteiro ou triturado fornecidos em duas frequências de
suplementação para bovinos de corte em pastejo: parâmetros nutricionais
RESUMO – Objetivou-se estudar os parâmetros nutricionais de bovinos de corte
em pastejo suplementados em diferentes freqüências de suplementação com grão de
milheto inteiro ou triturado no período da seca. Para isto, foram utilizados cinco bovinos
cruzados, castrados, canulados no rúmen, com idades entre 24 a 26 meses e peso
corporal médio inicial de 428,6±26,06 kg, distribuídos de acordo com um delineamento
em quadrado latino (5x5) em esquema fatorial 2x2+1, sendo: duas formas físicas do
grão de milheto (grãos inteiros – MI ou triturados – MT), duas estratégias de
suplementação (distribuição diária – 7X ou três vezes por semana – 3X) e o tratamento
controle (mistura mineral – MM). Os animais foram mantidos em cinco piquetes de
0,24 ha, formados com capim Marandu. Foram fornecidos suplementos na ordem de
2,00 kg/animal/dia e 4,66 kg/animal/evento de suplementação para os tratamentos 7X e
3X respectivamente, totalizando uma distribuição semanal de 14 kg/animal. Verificouse que a suplementação com concentrado promoveu maior consumo de matéria seca e
orgânica totais e de nutrientes que o tratamento MM. Não houve diferença para o
consumo de matéria seca e orgânica de forragem. Para os valores referentes ao
coeficiente de digestibilidade, obteve-se aumento com a suplementação com
concentrado para MS, MO, EE, CT e CNF. Para as concentrações de nitrogênio
amoniacal ruminal, houve efeito da interação dia x hora x tratamento e efeito da
interação dia x tratamento para as medidas de pH ruminal. O consumo de N, N uréico
no plasma, excreções de N, N absorvido e balanço de N apresentou diferença apenas
entre o tratamento MM e os demais, não tendo sido encontrada interferência da forma
física do grão e freqüência de suplementação para essas variáveis.
Palavras-chave: consumo, digestibilidade, freqüência de suplementação, pastagem,
suplementação
40
Grain of millet whole or ground provided in two frequencies of supplementation
for beef cattle: nutritional parameters.
ABSTRACT – Studied the processing of the grain of millet, whole or ground,
provided in two different frequencies of supplementation (daily or three times a week)
for beef cattle in the dry season on the nutritional parameters. For this, we used five
crossbred steers, fistulated in the rumen, aged 24 to 26 months and initial weight of
428.6 ± 26.06 kg, according to a Latin square design in a factorial 2 x 2 + 1, as follows:
two physical forms of the grain of millet (whole grains - MI or ground - MT), two
strategies of supplementation (daily distribution - 7X or three times a week - 3X) and
additional treatment (control - MM). We used five paddocks of 0.24 ha, evenly formed
with Brachiaria brizantha cv. Marandu with average 2,932.05 kgMS/ha for dry matter
(MST) and 1,539.64 kgMS/ha for potentially digestible dry matter (MSPD). Provided to
2 kg/animal/day and 4.66 kg/animal/event supplementation for treatments 7X and 3X,
respectively, with a total weekly distribution of 14 kg of supplement/animal. It was
found that supplementation promoted higher intake (P> 0.05) dry matter and total
organic matter and nutrients than control. There was no difference (P <0.05) for the
consumption of dry matter and organic forage. For the values for the apparent
digestibility was obtained increased with supplementation (P> 0.05) for DM, OM, EE,
CT and CNF. Concentrations of nitrogen and rumen pH were different (P <0.05) for the
control treatment. Consumption of N, N urea in plasma, excretion of N, N absorbed and
N balance showed a significant difference only for MM in relation to others.
Keywords:
digestibility,
supplementation
frequency
of
supplementation,
intake,
pasture,
41
INTRODUÇÃO
A estacionalidade da produção de forragem gerada por fatores climáticos limita o
crescimento, disponibilidade e a qualidade da forragem, com reflexos diretos no
desempenho animal. Sendo assim, o fornecimento de suplemento nos períodos críticos
do ano tem se mostrado alternativa importante como forma de otimizar o
aproveitamento dos nutrientes da forragem por meio da melhora na digestibilidade dos
constituintes da parede celular vegetal.
Porém, os custos com transporte e a distribuição diária de suplementos para
bovinos em pastejo são bastante expressivos. Deste modo, o uso de técnicas como a
racionalização na distribuição de suplementos com intervalos de até seis dias (Berchielli
et al., 2006) é uma alternativa aos pecuaristas uma vez que os ruminantes mantidos em
pastagens com forragem de baixa qualidade são hábeis em manter o desempenho, a
eficiência de utilização da matéria seca, do nitrogênio e dos demais nutrientes
consumidos quando comparados a animais suplementados diariamente (Moraes et al.,
2010). Porém a utilização desta técnica em animais consumindo forrageiras de clima
tropical e em condições de pastejo ainda é pouco conhecida, podendo os resultados ser
variáveis (Berchielli et al., 2006).
O efeito do consumo do grão de milheto em diferentes formas físicas para bovinos
de corte em pastejo ainda não foi estudado, tornando-se de grande importância esse
conhecimento uma vez que é crescente a área plantada dessa gramínea no Brasil,
principalmente no Centro Oeste.
Segundo Theurer (1986), dois dos principais fatores que afetam a degradação
ruminal do amido são a fonte dos grãos de cereais e a forma de processamento deste.
Segundo Bolzan et al. (2007), a moagem de cereais para a alimentação de ruminantes
42
aumenta a área superficial de contato e assim facilita os processos digestivos, sejam eles
fermentativos ou enzimáticos.
Desta forma, objetivou-se com o presente estudo, avaliar o milheto grão inteiro ou
triturado, ofertados diariamente ou três vezes por semana em suplementos múltiplos
para bovinos de corte em pastagem de capim Marandu sobre os parâmetros nutricionais.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no período da seca, durante os meses de agosto a
outubro de 2008 no Setor de Bovinocultura de Corte da Fazenda Experimental da
Universidade Federal de Mato Grosso, localizada no município de Santo Antônio de
Leverger – MT.
Utilizaram-se cinco novilhos mestiços (Angus x Nelore), castrados, com peso
corporal (PC) médio inicial de 428,6 ± 26,06 kg, canulados no rúmen, distribuídos
segundo um delineamento quadrado latino 5x5 arranjados em esquema fatorial 2x2+1,
sendo: duas formas físicas do grão de milheto (inteiro – MI ou triturado – MT), duas
freqüências de suplementação (distribuição diária – 7X ou três vezes por semana – 3X)
e o tratamento controle (mistura mineral – MM). Compôs o experimento cinco períodos
experimentais com duração de 15 dias cada, sendo os 10 primeiros dias de cada período
destinados a adaptação dos animais.
Os animais foram alocados individualmente em cinco piquetes com 0,24 ha cada,
formados homogeneamente por Brachiaria brizantha cv. Marandu e dotados de
bebedouros e comedouros cobertos. Foi adotado o método de lotação contínua com taxa
de lotação fixa.
43
Forneceram-se os suplementos sempre as 10 h, seguindo uma distribuição
semanal de 14 kg de concentrado por animal. Constituíram o experimento os seguintes
tratamentos:
• 7XMI – Grão de milheto inteiro distribuído diariamente (2 kg/animal/dia);
7XMT – Grão de milheto triturado distribuído diariamente (2 kg/animal/dia); 3XMI –
Grão de milheto inteiro fornecido às segundas, quartas e sextas-feiras (4,66
kg/animal/evento de suplementação); 3XMT – Grão de milheto triturado fornecido às
segundas, quartas e sextas-feiras (4,66 kg/animal/evento de suplementação); MM –
Suplementação com mistura mineral (ad libitum).
Os suplementos (Tabela 1) foram formulados para proporcionar níveis de
consumo na ordem de 0,46% do peso corporal (PC)/dia e suprir 66% e 33% das
exigências diárias de proteína bruta e nutrientes digestíveis totais (NDT),
respectivamente, de um novilho castrado, com 450 kg de PC e ganho esperado de 0,5
kg/dia, segundo recomendações de Valadares Filho et al., (2006).
Tabela 1. Composição percentual dos suplementos, com base na matéria natural
Ingredientes
(%)
Mistura mineral (formulação comercial)1
2,5
Uréia/Sulfato de amônio (9:1)
3,0
Farelo de algodão alta energia (Bunge®)
39,5
Grão de milheto (triturado ou inteiro)
55,0
1
Níveis de garantia: cálcio, 198 g/kg; fósforo, 60 g/kg; sódio, 117 g/kg; magnésio, 5,1 g/kg;
enxofre, 12,6 g/kg; iodo, 17,7 g/kg; ferro, 125 mg/kg; selênio, 10,4 mg/kg; cobalto, 80 mg/kg;
manganês, 527 mg/kg; flúor, 700 mg/kg; cobre, 1.000 mg/kg; zinco, 3.000 mg/kg.
Para processamento do milheto utilizou-se desintegrador de grãos munido de
peneira com orifícios de 3,0 mm. Após processado, o milheto apresentou aspecto de
fubá grosso e não foi observada a presença de grãos inteiros.
44
No primeiro dia de cada período experimental procedeu-se a amostragem da
forragem por meio de dois métodos. Pelo primeiro método, amostras de forragem foram
coletadas de maneira direta, através do corte rente ao solo de três áreas delimitadas por
um quadrado metálico de 0,5 x 0,5 m (0,25m2), seguindo estimativa visual e
representativa da condição média de cada piquete.
Após a coleta, cada amostra foi pesada e homogeneizada. Para avaliação da massa
total de matéria seca (MS) de forragem (kgMS/ha) foi colhida uma sub-amostra,
acondicionada em saco plástico, identificada e analisada posteriormente e, outra subamostra que foi utilizada para a separação dos componentes morfológicos da forragem:
lâmina foliar verde, pseudocolmo verde, lâmina foliar seca e pseudocolmo seco, sendo a
inflorescência, quando encontrada, considerada como pseudocolmo.
Pelo segundo método, a amostragem da forragem consumida pelos animais foi
realizada via simulação manual de pastejo (pastejo simulado), feitas de acordo com
Johnson (1978), identificando previamente o tipo de material que o animal ingere, visto
que possibilita uma estimativa aceitável da dieta selecionada pelos animais em regime
de pastejo (Goes et al., 2003; Moraes et al., 2005). A coleta foi realizada por um único
amostrador em todo período experimental a fim de evitar variações em cada
amostragem.
Das amostras destinadas à estimativa da MST, foi calculado o percentual de MS
potencialmente digestível (MSpD) ofertada aos animais. Esse resultado foi obtido por
intermédio do resíduo insolúvel em detergente neutro (FDNi) avaliado após incubação
in situ das amostras em sacos de tecido não tecido (TNT – 100g/m2) por 240 horas
(Casali et al., 2008), segundo a equação: MSpD = 0,98 X (100 – FDN) + (FDN –
FDNi); em que: 0,98 = coeficiente de digestibilidade verdadeira do conteúdo celular;
FDNi = fibra em detergente neutro (FDN) indigestível.
45
A oferta de forragem (OF) foi calculada de acordo com a equação:
OF (%) 
MF X 100
PC
Onde: OF = oferta de forragem (%); MF = massa de forragem/ha/dia
(kgMS/ha/dia); PC = peso corporal médio dos animais (kg)
As amostras foram pré-secas em estufa com ventilação forçada a 55ºC por 72
horas e, posteriormente, moídas em moinho de facas tipo Willey até atingirem
granulometria de 1,0 mm para a realização das análises laboratoriais. As análises
químico-bromatológicas foram realizadas de acordo com descrições de Silva & Queiroz
(2002), com exceção das avaliações de FDN e FDA, que seguiram os métodos descritos
por Mertens (2002) e Van Soest & Robertson (1985), respectivamente.
Os carboidratos totais (CT) das amostras foram calculados segundo metodologia
descrita por Sniffen et al. (1992), em que CT(%) = 100 - (%PB + %EE + %Cinzas). A
quantificação dos carboidratos não fibrosos (CNF) foi obtido de acordo com adaptação
de Hall (2000) utilizando a equação CNF = 100 – [(%PB - %PB da uréia + %ureia) +
%FDNcp + %EE + %cinzas].
Os nutrientes digestíveis totais (NDT) estimados da forragem e dos suplementos
foram calculados segundo equação sugerida pelo NRC (2001). O teor de NDT
observado foi calculado segundo equação proposta por Weiss (1999).
Para estimar a excreção fecal foram fornecidos para cada animal diariamente 15g
do indicador externo óxido de cromo (Cr 2O3) acondicionado em cartucho de papel e
introduzido diretamente no rúmen. O fornecimento ocorreu sempre às 11 horas entre os
dias três e 10 de cada período experimental, sendo as coletas de fezes realizadas nos
dias nove, 10 e 11 as 16, 12 e 8h respectivamente.
O teor de cromo nas fezes foi determinado utilizando-se espectrofotômetro de
absorção atômica, sendo a excreção fecal estimada com base na razão entre a
46
quantidade do indicador fornecido e sua concentração nas fezes. A estimativa do
consumo voluntário foi obtida por intermédio do indicador interno FDNi.
Para relacionar o consumo ao PC dos animais, foi utilizado como referência o
peso médio no período, estimado pela média entre os valores inicial e final de cada
período.
No 12° e 13° dia de cada período, com a finalidade de se estimar as excreções
diárias de urina e ureia e concentrações plasmáticas de ureia, amostras “spot” de urina
em micção espontânea e de sangue através de punção da veia coccígea foram coletadas
quatro horas após o fornecimento do suplemento (14h). Em seguida, 10 mL de urina
foram diluídas em 40 mL de H2SO4 (0,036 N) e congeladas a -20oC para posterior
determinação dos teores de creatinina e uréia segundo Valadares et al. (1999). As
amostras de sangue foram centrifugadas a 2.500 rpm por 15 minutos e o plasma
armazenado em eppendorf’s identificados e congelados para posterior análise.
No 14° e 15° dia de cada período, foram coletadas, imediatamente antes da
suplementação (10h – tempo 0h) e quatro horas após o fornecimento do suplemento
(14h – tempo 4h), amostras de líquido ruminal para medir o pH e a concentração de
amônia (N-NH3). As medições de pH foram realizadas imediatamente após a coleta por
intermédio de peagâmetro digital. Para a determinação da amônia ruminal, foi separada
uma alíquota de 50 mL, acondicionada em recipiente de plástico contendo 1,0 mL de
H2SO4 (1:1), identificada e congelada a -20°C para posterior análise laboratorial. As
concentrações de N-NH3 do líquido ruminal foram determinados pelo sistema microKjeldahl, sem digestão ácida da amostra, mediante destilação com hidróxido de potássio
(KOH) 2 N.
As amostras de urina foram analisadas quanto aos teores de ureia (diacetil
modificado) e creatinina, empregando-se kits comerciais (Analisa®), seguindo-se
47
recomendações técnicas do fabricante. Foi calculado o volume urinário diário pela
relação entre a excreção diária de creatinina (EC), adotando-se como referência a
equação proposta por Chizzotti et al. (2008) e a sua concentração nas amostras spot.
Desta forma, assumiu-se que a excreção urinária diária de ureia foi o produto entre sua
concentração nas amostras “spot” e o valor estimado do volume urinário.
Para a análise estatística referente às variáveis de consumo, coeficiente de
digestibilidade e balanço de nitrogênio utilizou-se a comparação entre suplementos por
intermédio da decomposição da soma de quadrados relacionada a esta fonte por
intermédio de contrastes ortogonais: a) Suplementação mineral versus Suplementação
concentrada; b) Grão de milheto inteiro versus grão triturado; c) Suplementação três
vezes por semana (3X) versus diária (7X) e d) Interação entre forma física do grão de
milheto e a freqüência de suplementação. Foi utilizado o programa computacional SAS
(1999) na análise dos resultados. Adotou-se α = 0,10.
Para as variáveis referentes ao N-NH3 e pH ruminal foi adotado o esquema de
parcela sub-subdividida, com o período e dia na parcela principal, hora na subparcela e
tratamento na sub-subparcela, adotando-se seguinte modelo: yijkh = µ + i + βj + (β)ij +
k + (β)jk + (β)i(jk) + h + (β)jh + ()kh + (β)jkh + i(jkh) em que µ é uma constante
geral; i , βj, k e h são os efeitos de período, dia, hora e tratamento, respectivamente;
(β)ij, (β)i(jk) e i(jkh) são os erros aleatórios de parcela, subparcela e sub-subparcela,
respectivamente; (β)jh, ()kh e (β)jkh são as interações entre dia x tratamento, hora x
tratamento e dia x hora x tratamento, respectivamente.
Para as variáveis aleatórias N-NH3 e balanço de nitrogênio foi aplicada a
transformação na escala logarítmica, para correção das pressuposições de normalidade e
homogeneidade de variâncias.
48
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pode-se constatar (Figura 1) que com o passar dos meses houve redução na massa
total de matéria seca, com exceção do terceiro período, isso devido a época não
favorecer o crescimento das gramíneas, ao pastejo exercido pelos animais e morte e
degradação de alguns constituintes do dossel forrageiro. Também a MSpD reduziu com
o passar dos meses, acompanhada pelo aumento na disponibilidade de colmos secos
entre os dois primeiros períodos. O aumento dessa fração seca foi devido ao
amadurecimento dos colmos verdes já presentes na pastagem e conseqüente
senescência.
As massas para lâminas foliares verdes (MLFV) e secas (MLFS) reduziram
conforme seguiu os meses, podendo esse fato ser explicado pelos bovinos terem
exercido o pastejo selecionando o material colhido. Notou-se que entre os dois últimos
períodos elevaram-se as quantidades de materiais verdes, tanto pseudocolmos como
lâminas foliares sendo resultado do aparecimento de novos perfilhos devido a
precipitações que ocorreram nessa época.
49
Figura 1. Massas de matéria seca total (MST), matéria seca potencialmente digestível
(MSpD), pseudocolmo seco (PSCS), pseudocolmo verde (MPCV), lâmina
foliar seca (MLFS) e lâmina foliar verde (MLFV) do capim Marandu durante
os períodos experimentais
Euclides (2001) enfatizou que o consumo máximo de forragem ocorre quando os
animais estão em pastos com boa disponibilidade de folhas, sendo que o colmo e
material morto podem limitar o consumo.
A oferta de forragem encontrada no presente estudo foi de 10,81% PC, enquanto a
oferta de lâminas foliares (verde + seca) foi de 3,12% PC com uma relação lâmina
foliar:pseudocolmo de 0,41.
A participação de material seco (lâmina foliar seca + pseudocolmo seco), em
todos os períodos experimentais, encontrou-se muito elevada, apresentando massa
média de material seco seco de 2.336,4, 2.343,4 e 1.396,0 kgMS/ha, representando 79,7,
89,0 e 76,7% para o primeiro, segundo e terceiro período respectivamente.
50
Com relação aos valores encontrados para MSpD, a massa para cada período
experimental foi de 1.689,8; 1.700,7; 1.685,6; 1.322,8 e 1.299,2 kgMSpD/ha
correspondendo a 52,7, 54,3, 52,2, 51,1 e 51,9% da MST respectivamente. Segundo
Paulino et al. (2004), os valores indicados para a oferta de MSpD para associar
produção por animal, por área e eficiência de uso são entre 4 e 5% do PC. Essa variável
apresentou valores de 6,31; 6,33; 6,23; 4,86 e 4,64 %PC no presente estudo para os 5
períodos experimentais, respectivamente, atendendo o preconizado por esses autores.
Paulino et al. (2008) ressaltaram que a otimização na utilização dos recursos
basais (forragem) pode ser alcançada pelo incremento na disponibilidade de MSpD aos
animais e, concomitantemente, pela exploração dos efeitos positivos ou minimização
dos efeitos negativos da interação entre os recursos basais e os recursos suplementares,
delineados para proporcionar máxima taxa de fermentação, uma vez que o consumo
alimentar e suprimentos de nutriente depende da taxa de fermentação.
No tocante à constituição químico-bromatológica (Tabela 2) da forragem
constata-se que a porcentagem de PB (4,93% PB na MS) na simulação do pastejo
encontrou-se abaixo do recomendado por Minson (1990), Van Soest (1994) e Lazzarini
et al. (2009) de 7% como limite mínimo para atividade da microbiota ruminal.
51
Tabela 2. Composição química dos suplementos e pastejo simulado
Brachiaria brizantha
Suplemento
Itens
Pastejo simulado
MS (%)
91,25
61,35
MO1
95,25
92,54
27,06
4,93
75,91
54,94
FDNcp1
27,19
73,80
FDN1
29,18
75,39
FDA1
15,80
43,60
NIDN3
30,77
53,28
NIDA3
10,11
44,08
1
6,57
1,79
MM1
4,76
7,46
Lignina1
6,18
8,10
CT1
61,62
85,82
CNF1
48,01
14,31
FDNi1
1,89
36,77
1
1,24
25,47
PB1
NDT
EE
1,2
FDAi
1/
% MS; 2/ NRC (2001); 3/ % N total
Segundo Sampaio et al. (2009), nos períodos críticos do ano, a suplementação
com compostos nitrogenados é recomendada para promover adequada condição para os
microrganismos ruminais e melhorar a eficiência na utilização da fibra da forragem. No
caso de parede celular, a digestão requer uma população microbiana ativa com
capacidade de digerir seus componentes (Paulino et al., 2004). Assim, o consumo pode
ser controlado pela repleção ruminal devido a altas porcentagens de FDN na dieta com
baixa taxa de degradação.
As porcentagens de FDN, FDA e lignina nas amostras de capim Marandu via
simulação de pastejo foram altas, uma vez que representou 75,39; 43,6 e 8,10% da MS
52
respectivamente, podendo ser classificada como de baixa qualidade (Moraes et al.,
2006). Sarmento (2003) ressaltou que forragens com valores de FDA em torno de 30%
ou menos possuem consumo elevado, enquanto aquelas com teores acima de 40%
possuem menor ingestão.
Observou-se incremento (P<0,01) no consumo de matéria seca (MST) e orgânica
(MOT) totais nos animais que foram suplementados com concentrado. O mesmo foi
observado para o consumo dos demais nutrientes (P<0,10). Em contrapartida, não se
observou (P>0,10) influência das diferentes freqüências de suplementação e forma
física do grão de milheto sobre as variáveis de consumo estudadas. Não houve diferença
(P>0,10) entre o consumo de matéria seca e orgânica de forragem com a inclusão dos
suplementos (Tabela 3).
53
Tabela 3. Valores médios para consumo de nutrientes
Ítens1
MM2
Milheto
Milheto
Inteiro3
Triturado4
3X5
7X6
3X5
7X6
Contrastes
CV
(%)
A7
B8
C9
D10
kg/dia
MSF
5,88
6,17 6,12 6,37 6,57 11,68 0,2600 0,3380 0,9096 0,6674
MSS
0,07
1,84 1,84 1,84 1,84
MST
5,95
8,02 7,94 8,21 8,42
MOF
5,46
5,73 5,67 5,89 6,07 11,26 0,2589 0,3460 0,8915 0,6711
MOT
5,46
7,48 7,43 7,65 7,83
9,05 <,0001 0,3460 0,9002 0,6791
PB
0,30
0,82 0,80 0,82 0,83
5,90 <,0001 0,4347 0,6953 0,6996
EE
0,15
0,28 0,30 0,29 0,29
7,50 <,0001 0,2464 0,8998 0,6567
CT
5,01
6,39 6,34 6,54 6,70
9,60 0,0003 0,3579 0,9070 0,6734
FDN
4,41
5,07 5,02 5,25 5,30 10,57 0,0154 0,3495 0,8893 0,8710
CNF
0,60
1,41 1,41 1,38 1,49
-
-
-
-
-
9,43 <,0001 0,3380 0,9096 0,6674
9,02 <,0001 0,5891 0,9711 0,1620
%PC
MSF
1,35
1,43 1,42 1,44 1,53 12,28 0,2805 0,4554 0,9531 0,4671
MST
1,37
1,85 1,85 1,86 1,95
MOF
1,25
1,32 1,31 1,33 1,41 11,84 0,2764 0,4656 0,9378 0,4584
MOT
1,25
1,73 1,72 1,73 1,81
FDN
1,02
1,17 1,16 1,19 1,23 11,10 0,0198 0,4892 0,9216 0,6130
1/
9,05 0,0001 0,5048 0,9614 0,4499
9,77 <,0001 0,5186 0,9547 0,4465
MSF (matéria seca de forragem), MSS (matéria seca de suplemento), MST (matéria seca total), MOF
(matéria orgânica de forragem), MOT (matéria orgânica total), PB (proteína bruta), EE (extrato etéreo),
CT (carboidratos totais), FDN (fibra em detergente neutro) e CNF (carboidratos não fibrosos); 2/Mistura
mineral; 3/Suplemento constituído por milheto inteiro; 4/Suplemento constituído por milheto triturado;
5/
8
Distribuição três vezes por semana; 6/Distribuição diária; 7/Tratamento controle versus Suplementação;
/Grão de milheto inteiro versus Grão de milheto triturado; 9/Suplementação três vezes/semana versus
diária ; 10/Interação entre forma física do grão de milheto e a freqüência de
Da mesma forma que no presente estudo, Schauer et al. (2005) e Morais et al.
(2009) não encontraram diferenças no consumo de forragem e MS total com a redução
na freqüência de suplementação. Moraes et al. (2010), avaliando suplemento com
54
autocontrole de consumo e quatro freqüências de suplementação (três, cinco, seis e sete
vezes por semana) para bovinos de corte em pastejo no período da seca também não
encontraram efeito no consumo.
Segundo Vargas Jr. et al. (2008), estudando o grão de milho inteiro, tratado com
ureia ou moído, não encontraram diferença no consumo de MS, PB, EE, FDN e FDA
para nenhum dos tratamentos estudados. De acordo com o NRC (1996), o efeito do
processamento do grão no consumo de MS pode ser menos evidente quando a energia
disponível do grão inteiro não processado é alta ou quando o nível de consumo dos
animais é baixo.
Forbes (1995) citado por Pereira et al. (2003), relatou que quando animais são
submetidos a dietas de baixa qualidade, a ingestão é predita com mais acurácia por
fatores que descrevem o limite físico da ingestão-digestibilidade, índice de capacidade
física e peso vivo. Desta forma, o potencial de ingestão intrínseco de uma dieta poderá
refletir o seu efeito de repleção, mais do que a demanda energética do animal que se
alimenta da mesma (Pereira et al., 2003).
Com relação ao coeficiente de digestibilidade (Tabela 4), com exceção do
coeficiente de digestibilidade do extrato etéreo (CDEE) (P>0,10), o coeficiente de
digestibilidade da matéria seca (CDMS) e orgânica (CDMO) e dos demais nutrientes
aumentou (P<0,01) com o fornecimento de suplementação concentrada. Da mesma
forma, Ferrel et al. (2001) e Paula (2008) também encontraram menores valores para
o coeficiente de digestibilidade da PB para o tratamento apenas com mistura mineral
em detrimento da suplementação com concentrado.
Bohnert et al. (2002) relataram que a baixa digestibilidade da dieta para animais
recebendo apenas mistura mineral, provavelmente se deve aos maiores teores de fibra e
aos menores teores de PB em forragens de baixa qualidade.
55
Tabela 4. Valores médios (%) para o coeficiente de digestibilidade e NDT observado
em função de cada tratamento
Itens1
MM2
Milheto
Milheto
inteiro3
Triturado4
3X5
7X6
3X5
7X6
CV
(%)
Contrastes
A&
B8
C9
D10
CDMS
51,07 52,44 56,28 58,92 61,09 5,73 0,0025 0,0020 0,0826 0,3046
CDMO
53,33 56,63 59,30 62,74 64,12 5,83 0,0011 0,0041 0,2459 0,5374
CDPB
50,48 57,63 57,06 59,45 59,54 8,64 0,0072 0,3476 0,8559 0,9771
CDEE
56,38 58,22 56,09 64,24 64,06 9,72 0,1670 0,0195 0,5731 0,9616
CDFDN 55,73 58,46 60,46 63,18 63,13 6,63 0,0056 0,5242 0,0684 0,9843
CDCT
57,13 60,16 59,86 62,88 64,58 4,49 0,0047 0,0103 0,8627 0,3448
CDCNF 57,81 61,07 62,06 78,28 81,73 7,02 0,0007 <,0001 0,7409 0,2636
NDTobs 52,67 57,04 58,79 62,68 61,07 6,64 <,0001 0,0013 0,5387 0,3875
1/
Coeficientes de digestibilidade da matéria seca (CDMS), matéria orgânica (CDMO), proteína bruta
(CDPB), extrato etéreo (CDEE), fibra em detergente neutro (CDFDN), carboidratos totais (CDCT) e
carboidratos não fibrosos (CDCNF) e nutrientes digestíveis totais observado (NDTobs);
3/
2/
Mistura
4/
mineral; Suplemento constituído por milheto inteiro; Suplemento constituído por milheto triturado;
5/
8
Distribuição três vezes por semana; 6/Distribuição diária; 7/Tratamento controle versus Suplementação;
/Grão de milheto inteiro versus Grão de milheto triturado; 9/Suplementação três vezes/semana versus
diária; 10/Interação entre forma física do grão de milheto e a freqüência de suplementação.
Quanto ao processamento do grão, a suplementação com milheto triturados
melhorou (P<0,10) o CDMS, CDMO, CDEE, CDCT (carboidratos totais) e CDCNF
(carboidratos não fibrosos). Segundo McAllister e Cheng (1996), a moagem em grãos
de cereais aumenta o grau e a taxa de digestão ruminal do amido, uma vez que o
pericarpo de tais grãos é resistente a penetração e ao ataque microbiano, devendo ser
rompido pelo processamento mecânico ou mastigação para proceder-se a digestão.
Desta forma, devido a redução no tamanho das partículas, há disponibilização dos
nutrientes solúveis para fermentação, exposição das porções internas do alimento para a
colonização microbiana, facilitando assim a digestão (Restle, 2009), como observado no
presente trabalho.
56
Verificou-se durante a condução do experimento que uma parte dos grãos inteiros
ingeridos nos suplementos MI foram eliminados nas fezes, assim, observa-se um maior
CDCNF para os suplementos MT, sendo aproximadamente 18,44% maior quando
comparado aos suplementos MI.
Moron et al. (2000), avaliando grão de sorgo e milho inteiros, quebrados, moídos,
extrusados ou autoclavados, notaram que a quebra ou a moagem dos grãos permitiram
uma maior degradação do amido em relação aos grãos na forma inteira e que a redução
no tamanho da partícula exerceu um papel importante na degradação desse carboidrato.
Pode-se notar que a freqüência de suplementação não influenciou (P>0,10) o
CDMO, CDPB, CDEE, CDCT e CDCNF, porém influenciou (P<0,10) o CDMS e
CDFDN (fibra em detergente neutro).
Observa-se que o NDT observado (NDTobs) foi aumentado (P<0,01) com a
inclusão de recursos suplementares e com o processamento dos grãos (P<0,10), não
havendo no entanto diferença (P>0,10) entre as frequências estudadas, isso devido a
inclusão de concentrados mais digestíveis e ao maior coeficiente de digestibilidade
apresentados pelos suplementos MT.
Com relação às concentrações de N-NH3 ruminal (Tabela 5), houve efeito da
interação (P<0,01) dia x hora x tratamento. Não houve diferença (P>0,05) entre os
tratamentos para a variável N-NH3 no Tempo 0 (imediatamente antes da
suplementação), independentemente do dia de coleta. Para o Tempo 4 (quatro horas
após a suplementação), no dia em que os animais em menor freqüência de
suplementação não foram suplementados (Dia 1), foi encontrada diferença (P<0,01)
apenas para os tratamentos 7X.
Não houve diferença (P>0,05) para as concentrações de N-NH3 no tratamento
MM independentemente do dia ou horário de coleta. Com relação aos animais do
57
tratamento 3X, foi encontrada diferença (P<0,01) apenas no Tempo 4 do dia em que
todos os tratamentos foram suplementados (Dia 2). Já para os tratamentos 7X houve
diferença (P<0,01) entre os horários de coleta, não tendo sido encontrada variação nos
níveis de N-NH3 (P>0,05) entre dias de coleta.
Tabela 5. Médias, na escala original, para a concentração de nitrogênio
amoniacal (N-NH3) e medidas para pH ruminal em função dos
dias, tratamentos e tempos de coleta
Dias
Tempo
Milheto Inteiro6
5
MM
3X8
7X9
Milheto Triturado7
3X8
7X9
N-NH3 (mg/dL)
Dia 1
1
Dia 2
2
03
8,83Aa 11,81Ba 10,90Ba 10,10Ba
10,05Ba
44
9,34Ab 12,99Bb 27,78Aa 10,98Bb
25,33Aa
03
9,40Aa 10,92Ba 10,39Ba 10,29Ba
10,23Ba
4
10,74Ac 42,48Aa 28,56Ab 46,31Aa
27,12Ab
4
pH
1/
Dia 11
-
6,60b
6,38a
6,39a
6,31a
6,48a
Dia 22
-
6,53a
6,58a
6,41a
6,48a
6,42a
Dia em que os tratamentos com menor freqüência de suplementação não receberam
suplemento; 2/Dia em que todos os tratamentos foram suplementados; 3/Tempo 0 horas imediatamente antes da suplementação;
5/
suplementação; Mistura mineral;
6/
4/
Tempo 4 horas – 4 horas após a
Suplemento constituído por milheto inteiro;
7/
Suplemento constituído por milheto triturado; 8/Distribuição três vezes por semana;
9/
Distribuição diária.
Médias seguidas de letras maiúsculas diferentes, em coluna, discriminam diferenças
entre níveis de dia, em cada nível de tratamento.
Médias seguidas de letras minúsculas diferentes, em linha, discriminam diferenças entre
níveis de tratamentos, em cada nível de dia.
Bohnert et al. (2002) ressaltaram que ruminantes possuem a habilidade de
conservar níveis de N por longo período, isto possivelmente através da mudança na
permeabilidade do trato gastrintestinal à uréia e/ou pela regulação da excreção renal,
mantendo o fornecimento às bactérias entre os intervalos de suplementação.
58
Com relação ao pico de concentração ruminal de N-NH3 no Tempo 4 no Dia 2,
observa-se que os tratamentos 3X apresentaram maiores valores (P<0,01), isto devido
ao maior nível de fornecimento de suplemento em cada evento de suplementação. De
acordo com Del Curto et al. (1990), há associações entre suplementação protéica e
acréscimo na concentração de N-NH3 no ambiente ruminal.
Segundo Leng (1990) e Lazzarini (2007), a concentração de N-NH3 adequada à
fermentação ruminal em animais mantidos em condições tropicais é de 10,0 mg/dL.
Com o observado no presente estudo, pode-se inferir que apenas o tratamento MM
apresentou valores abaixo do recomendado por esses autores.
Para as medidas de pH ruminal (Tabela 5), houve efeito significativo da interação
dia x tratamento (P<0,01). Foi encontrada diferença (P<0,01) apenas para o tratamento
MM no Dia 1 em comparação aos demais. Porém os resultados mantiveram-se acima do
mínimo exigido pelas bactérias ruminais para adequado desenvolvimento. Segundo Van
Soest (1994), quando o pH encontra-se abaixo de 6,0, verifica-se redução na população
de microrganismos que degradam fibra, uma vez que bactérias celulolíticas são
sensíveis a pH abaixo desse valor, podendo chegar a severa inibição em pH de 4,5 a 5,0,
sendo que a faixa adequada para essas bactérias seriam próximos de 6,7.
Segundo Reis et al. (2007), nas condições brasileiras, pouco são evidenciadas
quedas de pH abaixo dos valores ideais, uma vez que o nível de fornecimento de
suplemento é baixo e os animais consomem grandes quantidades de fibras alimentares
oriundas da forragem. Desta forma há uma grande produção de saliva que possui poder
tamponante e altas concentrações de carboidratos estruturais de lenta degradação.
Corroborando essas informações, Detmann et al. (2005), trabalhando com
fornecimento de 4 kg de suplemento por animal mantidos em pastos no período de
59
transição seca-águas, não encontraram redução do pH abaixo dos limites considerados
como limitantes para o crescimento das bactérias que degradam fibra.
Com relação aos resultados obtidos para as variáveis referentes ao balanço de
nitrogênio (Tabela 6), pode-se visualizar que com exceção do volume urinário (VU)
(P>0,10), houve diferença apenas entre o tratamento controle e os demais para as
concentrações de nitrogênio ureico no plasma (NUP) (P<0,01), excreção de ureia (EU)
(P<0,01), excreção de nitrogênio ureico (ENU) (P<0,01), consumo de nitrogênio
(consumo N) (P<0,01), nitrogênio excretado nas fezes (N fezes) (P<0,01), nitrogênio
absorvido (NABS) (P<0,01) e lanço de nitrogênio (BN) (P<0,01), não havendo, no
entanto, influência (P>0,10) das formas do grão de milheto e das diferentes frequências
de suplementação.
Com relação a concentração para NUP, essa se manteve dentro da amplitude de
normalidade relatada em Guia (2000) citado por Pereira et al. (2007) como sendo de 6,0
a 27,0 mg/dL de NUP.
Da mesma forma que no presente estudo, Bohnert et al. (2002) encontraram
elevação na concentração de NUP a medida que foi fornecido suplementos protéicos a
animais consumindo forragem de baixa qualidade. Segundo Valadares et al. (1997),
níveis de 13,52 e 15,15 mg/dL representariam valores nos quais haveria a máxima
eficiência microbiana, sendo que a partir desses estariam ocorrendo perdas de proteína.
De acordo com Rennó et al. (2000), parte da uréia sanguínea é transferida ao rúmen por
intermédio da saliva ou do epitélio ruminal.
Pode-se visualizar que a medida que foi incrementado o consumo com
concentrado, maiores valores para N ureico no plasma foram observados, seguido de
maior excreção de N na urina. Van Soest (1994) relatou que a concentração de uréia
60
encontrada na urina está correlacionada positivamente com as concentrações de N no
plasma e com a ingestão de N.
Neste sentido, Rennó et al. (2000), trabalhando com novilhos com o objetivo de se
determinar a concentração plasmática de uréia e excreções de uréia e creatinina,
relataram haver aumento na concentração plasmática e excreções de ureia com aumento
nas porcentagens de PB e FDN nas dietas cujos valores de PB foram variáveis.
Pereira et al. (2007) avaliando o balanço de N e perdas endógenas em bovinos e
bubalinos alimentados com níveis crescentes de concentrado, encontraram que tanto a
uréia na urina quanto a uréia plasmática foram alterados pelos níveis de concentrado na
dieta, sendo 14,48, 17,50, 23,54 e 23,99 mg/dL para uréia plasmática e 10,47, 14,86,
23,69 e 28,71 g/dia para excreções de N para os níveis de inclusão de concentrado de 0,
24, 48 e 72% respectivamente.
61
Tabela 6. Volume urinário (VU), nitrogênio ureico no plasma sanguíneo (NUP), excreção urinária de uréia (EU) e excreção
urinária de nitrogênio ureico (ENU), consumo de nitrogênio, nitrogênio excretado nas fezes (N Fezes), nitrogênio
absorvido (NABS) e balanço de nitrogênio (BN) em função dos tratamentos
Itens1
MM2
VU (L)
VU (mg/kgPC)
NUP (mg/dL)
EU (g/dia)
ENU (g/dia)
ENU (mg/kgPC)
Consumo N (g/dia)
N Fezes (g/dia)
NABS (g/dia)
NABS (mg/kgPC)
BN (g/dia)
BN (mg/kgPC)
10,42
24,03
9,18
35,62
9,60
37,71
35,92
23,52
12,40
28,69
2,80
6,13
1/
Milheto Inteiro3
3X5
7X6
10,45
11,04
24,20
25,55
17,94
18,03
87,03
114,95
40,04
52,88
102,19 123,52
130,57 128,86
37,40
38,28
93,17
90,58
211,36 210,05
31,25
28,37
72,26
66,33
Milheto Triturado4
3X5
7X6
12,21
10,62
27,72
24,50
18,27
20,36
91,35
95,20
42,02
45,79
95,82
101,34
131,31
133,00
38,67
34,83
92,64
98,17
210,56
226,21
39,26
43,19
88,99
99,53
CV (%)
14,28
4,43
11,29
11,05
13,49
11,01
2,43
4,77
7,79
6,68
5,87
9,89
7
A
0,4143
0,4530
0,0002
0,0002
0,0002
0,0002
<,0001
0,0001
<,0001
<,0001
<,0001
<,0001
Contrastes
B
C9
0,4882 0,5631
0,5167 0,5222
0,6692 0,9674
0,5315 0,4233
0,5316 0,4235
0,7000 0,6720
0,9341 0,9360
0,4629 0,9417
0,8514 1,0000
0,8019 0,9708
0,9893 0,6161
0,9582 0,7881
8
D10
0,1342
0,1347
0,5742
0,9357
0,9357
0,9032
0,8438
0,3382
0,7912
0,7505
0,6031
0,7320
VU (volume urinário), NUP (nitrogênio ureico no plasma), EU (excreção de ureia), ENU (excreção de nitrogênio ureico), consumo N (consumo de
nitrogênio), N fezes (nitrogênio excretado nas fezes), NABS (nitrogênio absorvido), BN (balanço de nitrogênio); 2/Mistura mineral; 3/Suplemento
constituído por milheto inteiro; 4/Suplemento constituído por milheto triturado; 5/Distribuição três vezes por semana; 6/Distribuição diária; 7/Tratamento
controle versus Suplementação; 8/Grão de milheto inteiro versus Grão de milheto triturado; 9/Suplementação três vezes/semana versus diária;
10
/Interação entre forma física do grão de milheto e a freqüência de suplementação.
62
CONCLUSÃO
A suplementação concentrada aumenta o consumo total de matéria seca, orgânica e dos
nutrientes, porém não aumenta o consumo de forragem. Há melhora na digestibilidade da
matéria seca e orgânica quando se incrementa o consumo com concentrado e procede-se o
processamento do grão de milheto. As diferentes freqüências de suplementação e as diferentes
formas físicas do grão mantém adequadas as condições ruminais, mesmo nos dias não
suplementados. O balanço de N é mais alto para os animais recebendo suplementação
concentrada em comparação aos animais suplementados apenas com mistura mineral, não
havendo diferença entre forma física do grão e freqüência de suplementação.
63
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67
Capítulo 2
Grão de milheto inteiro ou triturado fornecidos em duas frequências de suplementação
para bovinos de corte em pastejo
RESUMO – Objetivou-se avaliar o processamento do grão de milheto em suplementos
múltiplos fornecidos diariamente ou três vezes por semana para bovinos de corte em pastejo
sobre o desempenho produtivo, econômico e comportamento ingestivo diurno durante o
período da seca. Utilizaram-se 25 bovinos nelore não castrados, com peso corporal médio
inicial de 350,92 ± 31,7 kg, mantidos em cinco piquetes de 1,45 ha cada formados com capim
Marandu. Os animais foram distribuídos em delineamento inteiramente casualizado
arranjados em esquema fatorial 2x2+1, sendo: duas formas físicas do grão de milheto (grãos
inteiros – MI ou triturados – MT), duas frequências de suplementação (distribuição diária –
7X ou três vezes por semana – 3X) e o tratamento controle (mistura mineral – MM).
Verificou-se que a suplementação concentrada promoveu ganhos em peso, enquanto que a
suplementação apenas com minerais acarretou em perdas em peso. A moagem do grão de
milheto proporcionou maiores ganhos quando comparado a grão inteiro, não havendo
diferenças entre as frequências de suplementação estudadas. Foi encontrado efeito
significativo da interação dia x tratamento para tempo no cocho, pastejo e bebendo água. Para
o tempo em ócio foi encontrada diferença entre o tratamento MM e os demais. O tempo
desprendido com ruminação não foi influenciado por nenhum dos fatores avaliados.
Observou-se maior retorno quando ofertou-se milheto triturado e em menor freqüência de
suplementação. A utilização de suplementos múltiplos, assim como o processamento do grão
de milheto possibilita maiores ganhos em peso, independentemente da freqüência de
suplementação estudada, sendo que o fornecimento de suplemento 3X reduz os custos da
suplementação.
Palavras-chave: desempenho, distribuição de suplementos, processamento do grão, seca,
suplementos múltiplos
68
Grain of millet whole or ground given frequencies of supplementation of beef cattle
grazing
ABSTRACT – The objective was to evaluate the processing of the grain of millet in
multiple supplements given daily or three times a week of beef cattle grazing on productive
performance, economic and diurnal intake behavior during the drought period. We used 25
non-castrated Nelore cattle with initial body weight of 350.92±31.7 kg, kept in five pickets of
1.45 ha each formed with grass Marandu. The animals were distributed in design entirely
radomized arranged in a factorial scheme 2x2+1, as follows: two physical forms of the grain
of millet (whole grains – MI or ground – MT), two frequencies of supplementation (daily
distribution – 7X or three times a week – 3X) and the control treatment (mineral mix – MM).
It was found that the concentrate supplementation promoted weight gains, while only mineral
supplementation resulted in weight loss. The ground of the grain of millet had higher gains
when compared to whole grain, with no differences between the frequencies of
supplementation. Was found significant effect of day x treatment interaction for time in the
trough, grazing and drinking water. For the resting time difference was found between the
treatment and the other MM. The time with rumination was not influenced by any of the
factors evaluated. There's a higher return when offering themselves millet grain and less
frequent supplementation.
Keywords: distribution of supplements, dry period, grain processing, multiple supplements,
performance
69
INTRODUÇÃO
A produção de bovinos de corte no Brasil é baseada principalmente em pastagens com
forragens tropicais, possuindo como ponto crítico a variação estacional durante o ano. Essas
oscilações na oferta e no suprimento de nutrientes devem ser reconhecidas como fatores
determinantes da necessidade de suplementação e ou complementação alimentar para a
elevação da produtividade. Porém, com o incremento de concentrados na dieta surge a
necessidade de distribuí-los aos animais, fato este que eleva os custos desta técnica
(Figueiredo et al., 2007). Neste sentido, estratégias de fornecimento de suplemento são
requeridas com intuito de reduzir despesas com combustível, mão de obra e depreciações de
maquinários.
A suplementação em intervalos maiores que um dia tem se mostrado eficiente devido ao
fato dos ruminantes manterem níveis de amônia ruminal, o que garantiria adequada
fermentação entre os eventos de suplementação (Moraes et al., 2010). No entanto, a redução
na freqüência de suplementação para animais consumindo forrageiras de clima tropical e em
condições de pastejo ainda é pouco conhecida, podendo os resultados ser variáveis (Berchielli
et al., 2006).
O crescimento da área plantada de milheto no Brasil, principalmente no Centro-Oeste,
tem proporcionado maior oportunidade da utilização dos grãos dessa gramínea na alimentação
animal (Bastos et al., 2005). Porém, em virtude de seu tamanho reduzido, o processamento
físico desses grãos traz gastos adicionais devido ao menor rendimento dos moinhos nas
fábricas de ração. Segundo Bolzan et al. (2007), a moagem dos cereais para alimentação de
ruminantes aumenta a área superficial de contato e assim facilita os processos digestivos,
sejam eles fermentativos ou enzimáticos. Desta forma, estudos sobre a utilização do grão de
milheto e seu processamento físico para a alimentação de ruminantes torna-se de grande
interesse.
70
Deste modo, objetivou-se avaliar o grão de milheto inteiro ou triturado em suplementos
múltiplos ofertados diariamente ou três vezes por semana sobre o desempenho produtivo,
econômico e o comportamento diurno de bovinos de corte mantidos em pastagens de capim
Marandu.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no período da seca, entre os meses de agosto a outubro de
2008 no Setor de Bovinocultura de Corte da Fazenda Experimental da UFMT, no município
de Santo Antônio de Leverger – MT.
Utilizaram-se 25 bovinos Nelore, não castrados, com peso corporal médio inicial de
350,92 ± 31,7 kg e idade média de 20 meses. Os animais foram distribuídos aleatoriamente
em grupos de cinco em cinco piquetes com 1,45 ha cada, sendo estes formados com
Brachiaria brizantha cv. Marandu, providos de bebedouros e comedouros cobertos. Visando
minimizar a influência de possíveis variações de ambiente, cada lote permaneceu em cada
piquete por 14 dias procedendo-se, ao final desse período, a rotação entre eles. Foi adotado o
método de pastejo de lotação contínua, com taxa de lotação fixa. No início do experimento
todos os animais foram submetidos ao controle de endo e ectoparasitas.
O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado arranjado em
esquema fatorial 2x2+1, sendo: suplementos constituídos por grão de milheto (Pennisetum
americanum (L.) Leeke) em duas formas físicas (inteiro – MI ou triturado – MT), duas
diferentes frequências de suplementação (diária – 7X ou três vezes por semana – 3X) e o
tratamento mistura mineral (MM). Forneceram-se os suplementos sempre as 10 h, seguindo
uma distribuição semanal de 14 kg de concentrado por animal. As formas físicas do grão e as
freqüências de suplementação consistiram os seguintes tratamentos:
71
• 7XMI – Grão de milheto inteiro distribuído diariamente (2 kg/animal/dia); 7XMT –
Grão de milheto triturado distribuído diariamente (2 kg/animal/dia); 3XMI – Grão de milheto
inteiro fornecido às segundas, quartas e sextas-feiras (4,66 kg/animal/evento de
suplementação); 3XMT – Grão de milheto triturado fornecido às segundas, quartas e sextasfeiras (4,66 kg/animal/evento de suplementação); MM – Suplementação com mistura mineral
(ad libitum).
Os suplementos (Tabela 1) foram formulados para proporcionar níveis de consumo na
ordem de 0,55% do peso corporal (PC)/dia e suprir 69% e 42% das exigências diárias de
proteína bruta e nutrientes digestíveis totais (NDT), respectivamente, de um novilho zebuíno,
não castrado, com 350 kg de PC e ganho esperado de 0,5 kg/dia, segundo recomendações de
Valadares Filho et al., (2006). A taxa de lotação média no período experimental foi de 2,76
UA/ha.
Tabela 1 – Composição dos suplementos, com base na matéria natural
Ingredientes
(%)
Mistura mineral1
2,5
Uréia/Sulfato de amônio (9:1)
3,0
Farelo de algodão alta energia (Bunge®)
39,5
Grão de milheto (triturado ou inteiro)
55,0
1
Níveis de garantia: cálcio, 198 g/kg; fósforo, 60 g/kg; sódio, 117 g/kg; magnésio, 5,1 g/kg; enxofre, 12,6 g/kg;
iodo, 17,7 g/kg; ferro, 125 mg/kg; selênio, 10,4 mg/kg; cobalto, 80 mg/kg; manganês, 527 mg/kg; flúor, 700
mg/kg; cobre, 1.000 mg/kg; zinco, 3.000 mg/kg.
Para o processamento do grão de milheto utilizou-se desintegrador de grãos munido de
peneira com orifícios de 3,0 mm. Após processado, o milheto apresentou aspecto de fubá
grosso e não foi observada a presença de grãos inteiros.
O estudo foi composto por três períodos experimentais de 28 dias cada, totalizando 84
dias. Para o cálculo do ganho em peso médio diário (GMD) utilizou-se a diferença entre o
72
peso corporal final (PCF) e inicial, ambos após jejum de sólidos por 16 horas, sendo o
resultado dividido pela quantidade de dias em experimento. Adotou-se como covariável o
peso corporal inicial em jejum.
No primeiro dia de cada período experimental procedeu-se a amostragem da forragem
por meio de dois métodos. Pelo primeiro método, a estimativa da massa de forragem foi
realizada de maneira direta, através do corte da forragem rente ao solo, de cinco pontos de
áreas delimitadas por um quadrado metálico de 0,5 x 0,5 m (0,25m2) e representativas da
condição média de cada piquete, seguindo uma estimativa visual.
Após a coleta, cada amostra foi pesada e homogeneizada. Para avaliação da massa total
de matéria seca (MS) de forragem (kgMS/ha) foi colhida uma sub-amostra, acondicionada em
saco plástico, identificada e analisada posteriormente e, outra sub-amostra que foi utilizada
para a separação dos componentes morfológicos da forragem: lâmina foliar verde,
pseudocolmo verde, lâmina foliar seca e pseudocolmo seco, sendo a inflorescência, quando
encontrada, considerada como pseudocolmo.
Pelo segundo método, a amostragem da forragem consumida pelos animais foi realizada
via simulação manual de pastejo (pastejo simulado) feitas de acordo com Johnson (1978). A
coleta foi realizada por um único amostrador em todo período experimental a fim de evitar
variações em cada amostragem.
Das amostras destinadas à estimativa da massa total de MS de forragem, foi calculado o
percentual de MS potencialmente digestível (MSpD). Esse resultado foi obtido por intermédio
do resíduo insolúvel em detergente neutro (FDNi) avaliado após incubação in situ das
amostras por 240 horas em sacos de tecido não tecido (TNT – 100g/m2) (Casali et al., 2008),
segundo a equação: MSpD = 0,98 X (100 – FDN) + (FDN – FDNi); em que: 0,98 =
coeficiente de digestibilidade verdadeira do conteúdo celular; FDN = fibra em detergente
neutro e FDNi = FDN indigestível.
73
As amostras foram pré-secas em estufa com ventilação forçada a 55ºC por 72 horas e,
posteriormente, moídas em moinho de facas tipo Willey até atingirem granulometria de 1,0 mm para a
realização das análises laboratoriais. As análises químico-bromatológicas foram realizadas de
acordo com descrições de Silva & Queiroz (2002), com exceção das avaliações de FDN e
FDA, que seguiram os métodos descritos por Mertens (2002) e Van Soest & Robertson
(1985), respectivamente.
Os carboidratos totais (CT) foram calculados segundo metodologia descrita por Sniffen
et al. (1992), em que CT(%) = 100 - (%PB + %EE + %Cinzas). A quantificação dos
carboidratos não fibrosos (CNF) nos suplementos foi obtida de acordo com adaptação de Hall
(2000). Os nutrientes digestíveis totais (NDT) estimados da forragem e dos suplementos
foram calculados segundo equação sugerida pelo NRC (2001).
A oferta de forragem (OF) foi calculada de acordo com a equação:
OF (%) 
MF X 100
PC
Onde: OF = oferta de forragem (%); MF = massa de forragem/ha/dia (kgMS/ha/dia);
PC = peso corporal médio dos animais (kg)
Para avaliação do comportamento ingestivo diurno, observou-se cada animal em
intervalos de 10 minutos, anotando as variáveis comportamentais: tempo de pastejo,
ruminação, ócio, bebendo água e consumindo suplemento. A visualização foi feita durante o
período compreendido entre 6 h e 18 h (12 h/dia) durante dois dias consecutivos com a
finalidade de se avaliar o comportamento em um dia em que os animais com menor
freqüência de suplementação não receberam suplemento (Dia 1) e outro em que todos os
animais receberam o suplemento (todos os tratamentos suplementados – Dia 2).
Para a análise estatística referente ao desempenho foram estabelecidas comparações
entre tratamentos por intermédio da decomposição da soma dos quadrados relacionados a esta
fonte por intermédio dos seguintes contrastes ortogonais: a) Suplementação mineral versus
74
suplementação concentrada; b) Grão de milheto inteiro versus grão triturado; c)
Suplementação três vezes por semana versus diária e d) Interação entre forma física do grão
de milheto e a freqüência de suplementação. Foi utilizado o programa computacional SAS
(1999) na análise dos resultados. Adotou-se α= 0,10.
Para a análise referente ao comportamento ingestivo diurno utilizou-se a teoria de
modelos mistos, empregando-se o método de estimadores de máxima verossimilhança. O
modelo misto utilizado é representado por y = µ + i + dij +k + ()ik + ijk, em que y é a
resposta no dia k do indivíduo j no grupo de tratamento i; µ, o efeito médio geral; i, o efeito
fixo do tratamento i; dij, o efeito aleatório do indivíduo j no grupo de tratamento i; k é o efeito
fixo do tempo k; ()ik é o efeito da interação fixa do tratamento i com o tempo k; ijk
representa o erro aleatório. Para a estrutura de covariância entre medidas repetidas de um
mesmo indivíduo, a não estruturada foi obtida como a de melhor ajuste pelo critério de
Akaike (AIC). Adotou-se α = 0,05.
Para a análise econômica foram utilizados os seguintes indicadores:
- Ganho em peso total (kg/animal): diferença entre o peso corporal inicial e final em
jejum;
- Ganho em equivalente carcaça (@): ganho em peso total multiplicado pelo rendimento
de carcaça (52%);
- Ganho em peso diário (g/animal/dia): ganho em peso total dividido pelos dias em
experimento (84 dias);
- Ganho em peso diferencial (g/animal/dia): superioridade dos tratamentos
suplementados com concentrado em relação ao controle;
- Receita (R$/animal): ganho em equivalente carcaça multiplicado pelo preço pago pela
@ no período (R$ 89,00 em outubro de 2008);
75
- Consumo de suplemento (kg/animal/dia): quantidade em quilogramas que cada animal
consumiu por dia (kg de suplemento fornecido em uma semana por animal dividido pela
quantidade de dias em uma semana);
- Custo do suplemento (R$/kg): custo do suplemento no período (milheto R$ 0,40/kg;
farelo de algodão R$ 0,27/kg; uréia R$ 1,67/kg; sulfato de amônio R$ 1,35/kg e a mistura
mineral R$ 1,38/kg). O custo do processamento do grão foi calculado com base na utilização
de desintegrador de grãos com motor de 12,5 cv com rendimento de 500 kg/hora (peneira com
orifício de 3 mm);
- Custo do transporte (R$/animal): distância percorrida para o fornecimento do
suplemento (1 km/dia) durante o experimento multiplicado pelo custo do km rodado (R$
0,44) divididos pela quantidade de animais por tratamento;
- Custo da mão de obra (R$/animal): preço da mão de obra (R$ 2,50/hora) multiplicado
pelas horas gastas para cada evento de suplementação no período (0,3 horas) dividido pela
quantidade de animais por tratamento;
- Custo total (R$/animal): soma dos custos com suplemento, transporte e mão de obra;
- Custo da @ produzida (R$/@): ganho em equivalente carcaça dividido pelo custo
total;
- Valor pago pela @ no período (R$/@): valor pago pela arroba no município de
Cuiabá-MT em outubro de 2008 (CEPEA);
- Margem bruta de lucro (R$/animal): receita subtraída a despesa;
- Ganho em peso diário mínimo necessário para cobrir o custo da suplementação
(kg/animal/dia): X=(15xY)/89) onde: X é a quantidade em quilos ganhos por dia necessário
para cobrir os custos com a suplementação, 15 é a quantidade de quilos em uma @, Y é o
gasto com a suplementação em cada tratamento por animal e 89 o preço cotado da @ no
período;
76
- Remuneração do capital investido (%): margem bruta de lucro dividida pelo custo
total.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com base na Figura 1, pode-se constatar que com o passar dos meses houve redução na
massa total de matéria seca, isso devido à época não favorecer o crescimento das gramíneas,
ao pastejo exercido pelos animais e morte e degradação de alguns constituintes do dossel
forrageiro.
Figura 1. Massas de matéria seca total (MST), matéria seca potencialmente digestível
(MSpD), pseudocolmo seco (MPCS), pseudocolmo verde (MPCV), lamina foliar
seca (MLFS) e lamina foliar verde (MLFV) durante os períodos experimentais.
As MLFS e MLFV reduziram conforme se seguiram os meses, podendo esse fato ser
explicado pelos bovinos terem selecionado o material colhido. Notou-se que entre os dois
últimos períodos elevaram-se as quantidades de materiais verdes, tanto pseudocolmos como
77
lâminas foliares, sendo resultado do aparecimento de novos perfilhos devido a precipitações
que ocorreram nessa época.
Os valores médios encontrados no presente estudo para oferta de forragem (OF) foi de
6,56%, para oferta de folhas o valor encontrado foi de 1,32%, com uma relação lâmina
foliar:pseudocolmo média de 0,24.
Com relação aos valores encontrados para MSpD, a massa para cada período
experimental foi de 1.552,2; 1.416,8 e 955,6 kg/ha correspondendo a 52,93; 53,8 e 52,48% da
MST
para
o
primeiro,
segundo
e
terceiro
períodos
respectivamente.
Segundo
Paulino et al. (2004), os fatores relacionados ao pasto mais importantes são oferta de forragem
potencialmente digestível que envolve a estrutura do pasto (massa de forragem e relação
folha:colmo) e qualidade do pasto sendo os valores indicados de 4 a 5% do peso corporal
(PC) em MSpD, visando associar produção por animal, por área e eficiência de uso. A MSpD
foi de 3,6% PC, revelando a baixa disponibilidade de nutrientes passíveis de utilização pelas
bactérias ruminais.
Os baixos valores encontrados para porcentagem de MSpD devem-se a alta proporção
principalmente de pseudocolmos secos, que possuem parede celular altamente lignificada.
Essa alta lignificação indisponibiliza, em partes, para degradação, os constituintes
potencialmente digestíveis dessa parede.
A participação de pseudocolmos secos na massa forrageira encontrou-se alta em todos
os períodos experimentais (56,1%, 73,9% e 69,2% para o primeiro, segundo e terceiro
períodos respectivamente). Segundo Euclides et al. (2001), pastagens submetidas ao regime
de lotação contínua, sempre há resíduos de forragem não consumidos que continua
decrescendo em qualidade, principalmente em épocas secas em resposta a menor taxa de
rebrota, desta forma o pasto será uma combinação de rebrota e da forragem recusada.
78
A participação de material seco (lâminas foliares secas + pseudocolmos secos), em
todos os períodos experimentais, encontrou-se muito elevada, apresentando massa média de
material seco seco de 2.336,4, 2.343,4 e 1.396,0 kgMS/ha, representando 79,7, 89,0 e 76,7%
para o primeiro, segundo e terceiro período respectivamente.
Vários autores já descreveram a importância da densidade de folhas verdes sobre a
qualidade da ingesta (Santos et al., 2004; Euclides et al., 2000; Euclides, 2001).
Euclides et al. (2000), em estudos comparando períodos do ano (seca e águas) e diferentes
gramíneas (Brachiaria brizantha e B. decumbens) notaram uma preferência pelo animal por
folhas a caules e material morto caracterizando sua seletividade.
No tocante à constituição química-bromatológica (Tabela 2) da forragem constata-se
que a porcentagem de PB (4,45% PB na MS) na simulação do pastejo encontrou-se abaixo do
recomendado por Minson (1990), Van Soest (1994) e Lazzarini et al. (2009) de 7% como
limite mínimo para atividade da microbiota ruminal.
Segundo Sampaio et al. (2009) a proteína é o nutriente mais limitante para adequada
utilização de forrageiras tropicais de baixa qualidade, assim, a suplementação com compostos
nitrogenados é recomendada para promover adequada condição para os microrganismos
ruminais e melhorar a eficiência na utilização da fibra da forragem. No caso de parede celular,
digestão requer uma população microbiana ativa com capacidade de digerir seus constituintes
(Paulino et al., 2004). Assim o consumo pode ser controlado pela repleção ruminal devido a
altas porcentagens de FDN na dieta com baixa taxa de degradação. Os altos teores de FDN,
FDA, lignina e FDNi, são resultado do estágio avançado de maturidade e da elevada
quantidade de matéria seca seca da forragem.
79
Tabela 2 – Composição bromatológica do suplemento, do pasto (simulação do pastejo) e suas
frações (%MS)
Frações do pasto
Suplemento
Pasto
Lâmina
Lâmina
Pseudo
Pseudo
foliar
foliar
colmo
colmo
Verde
seca
verde
seco
MS (%)
91,25
62,06
37,00
81,53
46,97
78,19
MO
95,25
92,54
88,99
91,28
93,66
94,51
27,06
4,45
9,78
2,88
1,90
1,59
75,91
54,96
57,84
52,90
51,12
49,36
FDN
29,18
75,24
66,68
77,54
80,17
83,24
FDNcp
27,19
69,11
62,21
74,06
78,32
82,54
FDA
15,80
49,62
34,73
50,04
57,17
78,35
NIDN2
30,77
61,43
55,13
76,09
83,24
96,00
2
NIDA
10,11
38,66
32,38
48,28
74,60
84,53
EE
6,57
2,23
2,81
2,43
1,78
0,90
MM
4,76
7,46
11,01
8,72
6,34
5,49
Lignina
6,18
8,24
4,50
5,39
6,01
13,43
CT
61,62
81,61
76,40
85,97
89,98
92,02
CNF
48,01
13,50
14,19
11,91
11,66
9,48
FDNi
1,89
40,50
22,60
40,58
50,13
67,14
FDAi
1,24
30,94
15,48
24,59
43,15
60,67
PB
NDT
1/
1
NRC (2001); 2/ % N total
Quanto ao desempenho dos animais (Tabela 3), observou-se diferença significativa
(P<0,01) entre os grupos suplementados e o controle (MM), tanto para PCF quanto para
GMD. Pode-se observar que a utilização de suplementos concentrados promoveu ganho em
peso, em detrimento da MM, que resultou em perdas em peso na ordem de 0,160 kg/dia.
80
Tabela 3 - Peso corporal final (PCF - kg) e ganho em peso médio diário (GMD – kg/dia)
Item
MM1
PCF
340
GMD
-0,16
Milheto
Milheto
Inteiro2
Triturado3
3X4
7X5
3X4
7X5
371
367
377
388
0,22 0,24
Contrastes
CV
(%)
A6
B7
C8
D9
11,30 <,0001 <,0001 0,3150 0,5739
0,36 0,38 12,32 <,0001 <,0001 0,3283 0,5117
1/
Mistura mineral; 2/Suplemento constituído por milheto inteiro; 3/Suplemento constituído por milheto triturado;
4/
Distribuição três vezes por semana; 5/Distribuição diária; 6/Tratamento controle (MM) versus Suplementação;
7
/Grão de milheto inteiro versus Grão de milheto triturado; 8/Suplementação três vezes/semana (3x) versus diária
(7X); 9/Interação entre forma física do grão de milheto e a freqüência de suplementação.
Segundo Paulino et al. (2004), nos modelos produtivos tradicionais, com uso exclusivo
de pastagens, os desequilíbrios nutricionais, especialmente no período outono-inverno,
limitam a resposta produtiva animal e afetam a economia e sustentabilidade dos sistemas
extensivos.
De acordo com Mertens (1994), o desempenho animal é função do consumo de
nutrientes digestíveis totais e metabolizáveis, assim, quando em pastagens com menor massa
de forragem e esta com estrutura que dificulte a apreensão pelo animal, o mesmo não tem a
capacidade de colhê-la com eficiência resultando em menores desempenhos.
Chacon e Stobbs (1976) inferiram que dentre os vários fatores que poderiam controlar o
consumo por animais a pasto as características estruturais da gramínea teriam relação com a
facilidade de preensão e seleção das mesmas. Hodgson (1990) citou como sendo três os
fatores que influenciam o consumo por animais: fatores qualitativos da forragem que limitam
a digestão, fatores relacionados ao estágio fisiológico dos animais e as características do
dossel forrageiro.
Gomes Jr et al., 2002 e Euclides et al., 2001 avaliando a suplementação na estação seca
e mantendo animais com suplementação mineral observaram ganhos modestos de peso,
81
mesmo quando os animais foram mantidos em piquetes com adequada ou alta massa de
forragem.
Ao se comparar a forma física do grão de milheto notou-se diferença (P<0,01) de grãos
triturados sobre inteiros sendo que o processamento do mesmo resultou em maior GMD e
maior PCF. Segundo Beauchemin et al. (1994), grão inteiro com pericarpo intacto é muito ou
totalmente resistente a digestão por ruminantes porque são resistentes a adesão dos
microorganismos.
Conforme relatado por Valadares Filho & Pina (2006), a adesão ao substrato é o passo
inicial no processo digestivo, contudo, para a digestão proceder-se, os microorganismos
devem penetrar ou esquivar-se das barreiras resistentes na superfície das partículas do
alimento, de modo a acessar os substratos. Bolzan et al. (2007) salientaram que a trituração de
cereais visa aumentar a área superficial dos grãos para facilitar os processos digestivos, sejam
eles fermentativos ou enzimáticos.
Com os resultados obtidos pode-se afirmar que os suplementos a base de grãos de
milheto na forma triturada promoveram maior aporte de nutrientes em detrimento aos a base
de grãos sem processamento, sendo esse fato evidenciado pela resposta no desempenho.
Moron et al. (2000) estudando diferentes formas de processamento do grão de milho e sorgo,
observaram diferença no amido efetivamente degradado no rúmen para ambos os alimentos
quando testados inteiros, quebrados, autoclavados, moídos e extrusados sendo que, o grão,
sem nenhuma forma de processamento, apresentou os resultados mais baixos seguido pelos
quebrados, autoclavados, moídos e extrusados respectivamente
A pronta utilização dos nutrientes oriundos do grão de milheto processado,
principalmente dos carboidratos não fibrosos, pode ter favorecido o crescimento bacteriano,
uma vez que o suplemento forneceu, além de energia, quantidade de uréia e sulfato de amônio
como fonte de N e enxofre para síntese de proteína bacteriana juntamente com proteína
82
verdadeira. De acordo com Van Soest (1994), grande parte do N utilizado pelos
microorganismos que degradam a fibra da forragem encontra-se na forma de amônia, no
entanto, concentrações de carboidratos fermentáveis são requeridas para maior eficiência na
síntese microbiana.
As diferentes freqüências de suplementação não influenciaram o GMD (P>0,10)
independentemente da forma física do grão de milheto, corroborando as afirmações de
Bohnert et al. (2002) que o controle de fornecimento de suplemento intercalando dias
suplementados e não suplementados, em animais submetidos a uma pastagem de baixa
qualidade, propicia desempenho e eficiência de utilização do N similar aos animais
suplementados diariamente.
Da mesma forma, Canesin et al. (2007) ao avaliarem três estratégias de suplementação
sobre o ganho em peso de bovinos, não encontraram diferença entre as frequências de
fornecimento de suplemento. Em contrapartida, Paula et al. (2010) estudando diferentes
fontes protéicas (farelo de soja e farelo de algodão alta energia) e freqüências de
suplementação (diária e três vezes por semana) observaram diferença entre as fontes protéicas
utilizadas e as freqüências de fornecimento dos suplementos sobre o GMD animais, sendo que
o farelo de soja e o fornecimento em dias intercalados propiciaram os melhores desempenhos.
Por sua vez, Garcia et al. (2005), ao avaliarem o desempenho de bovinos submetidos ao
método de lotação contínua no período seco, com massa de forragem de 4.204 kg MS/ha e
suplementos fornecidos em duas freqüências (diária e três vezes por semana), observaram que
a distribuição intercalada de suplementos influenciou negativamente o desempenho dos
animais, apresentando ganhos de 234 e 124 g para o fornecimento diário e alternado,
respectivamente.
Lampierre & Lobley (2001) mencionaram que a uréia reciclada e que volta ao trato
gastrintestinal representa de 30 a 40% do N ingerido por bovinos, sendo que
83
aproximadamente 50% deste podem ser convertidos em produtos anabólicos. Isto provê um
mecanismo vital para conservar N e mantém uma provisão de aminoácidos aos tecidos
periféricos. Desta forma, deduz-se que os animais que receberam suplementação três vezes
por semana, conseguiram ser eficientes na manutenção da concentração de amônia ruminal
durante os dias não suplementados, propiciando às bactérias ruminais concentrações de N
para crescimento, mantendo adequada condição ruminal para a digestão da fibra.
Com relação às observações comportamentais dos animais (Tabela 4) constatou-se que
para as variáveis aleatórias cocho e pastejo houve efeito significativo da interação dia x
tratamento (P<0,01). No dia que os animais dos grupos 3X não foram suplementados (Dia 1)
o tempo desprendido por esses no cocho foi de zero minuto, demonstrando que os mesmos
consumiram todo o suplemento no mesmo dia do evento de suplementação. Para o dia que
todos os tratamentos foram suplementados (Dia 2), observou-se maior dispêndio de tempo no
cocho para os animais dos tratamentos 3X devido a maior quantidade de suplemento
fornecida para esses tratamentos nesse dia. Não houve diferença (P>0,05) entre a forma física
do grão e dias de avaliação para a freqüência 7X.
Os tempos de ócio e busca por água foram influenciadas (P<0,10) pelo efeito de
tratamento, sendo que esta busca por água também sofreu influência do efeito de dias
(P<0,01). O maior tempo desprendido pelos animais no Dia 2 a procura de água pode ter sido
devido a maior quantidade de matéria seca de suplemento consumida pelos animais dos
tratamentos 3X nesse dia. O tempo de ruminação não foi influenciado por nenhum fator
estudado (P>0,05).
84
Tabela 4 – Médias (minutos/12 horas) para as variáveis cocho, ócio, água, ruminação e
pastejo, para os níveis de tratamento, níveis de dias e entre combinações de níveis
de tratamento e dia
Dias
MM
Milheto Inteiro 2
Milheto Triturado3
3X4
3X4
Dia 1
Dia 2
Média
1,16bA
2,30cA
1,73
0,00cB
82,98bA
41,49
Dia 1
Dia 2
Média
81,19
91,39
86,29b
183,59
165,31
174,45a
Dia 1
Dia 2
Média
18,09
19,07
18,58b
28,27
31,56
29,92a
Dia 1
Dia 2
Média
88,11
107,17
97,64
91,39
82,19
86,79
Dia 1
Dia 2
Média
1/
1
531,44bA 416,74aB
500,05cA 357,94bA
515,75
387,34
7X5
Cocho
45,37aA
0,00cB
46,03aA
82,16bA
45,7
41,08
Ócio
149,26
189,37
156,63
167,67
152,95a
178,52a
Água
28,93
21,04
27,47
26,30
28,2a
23,67a
Ruminação
67,72
100,60
82,19
80,87
74,96
90,74
Pastejo
428,71aA
408,97aB
407,67aA 362,98bA
418,19
385,98
7X5
Média
56,55aA
46,68aA
51,62
20,62
52,03
36,32
178,19
161,09
169,64a
156,32
148,42
152,37
26,30
27,62
26,96a
24,53B
26,40A
25,47
71,67
82,19
76,93
83,90
86,92
85,41
387,28aA
402,41aA
420,42
434,63
406,21
420,42
Dia em que os tratamentos com menor freqüência de suplementação não receberam suplemento; 2/Dia em que
todos os tratamentos foram suplementados; 3/Mistura mineral; 4/Suplemento constituído por milheto inteiro;
5/
Suplemento constituído por milheto triturado; 6/Distribuição três vezes por semana; 7/Distribuição diária.
Médias seguidas de letras maiúsculas diferentes, em coluna, discriminam diferenças entre níveis de dia, em cada
nível de tratamento.
Médias seguidas de letras minúsculas diferentes, em linha, discriminam diferenças entre níveis de tratamentos,
em cada nível de dia.
Os animais que receberam apenas mistura mineral apresentaram maior tempo de pastejo
(P<0,01) em relação aos outros tratamentos, não havendo, diferença (P>0,05) entre os dias
estudados. Houve diferença (P<0,01) entre dias de avaliação com a suplementação três vezes
por semana, sendo que no Dia 1 os animais pastejaram por um maior período. Observou-se
85
que no Dia 2, os mesmos animais tiveram menor (P<0,01) tempo em pastejo, devido ao maior
(P<0,01) tempo gasto no cocho e bebendo água. Segundo Hodgson (1990), quando animais
são suplementados, novas variáveis interferem no consumo de nutrientes e estão associados às
relações de substituição de forragem por suplemento e/ou, adição no consumo total de matéria
seca, que mudam conforme as características da base forrageira e do suplemento.
Com relação aos índices econômicos (Tabela 5) observou-se que o custo com o
processamento do grão de milheto aumentou o preço do suplemento. O valor gasto com
transporte foi superior para a suplementação diária, sendo o valor mais baixo encontrado para
a suplementação com mistura mineral, devido o fornecimento ter sido feito apenas uma vez
por semana. Também, os gastos com mão de obra foram reduzidos consideravelmente com a
redução na frequência de distribuição dos suplementos.
86
Tabela 5 – Indicadores zootécnicos e econômicos e respectivos valores para cada tratamento
Milheto
1
Indicadores
MM
Ganho em peso total (kg/animal)
Ganho em equivalente carcaça (@)
Milheto Inteiro2
Triturado3
3X4
7X5
3X4
7X5
-13,44
18,48
20,16
30,24
31,92
-0,47
0,64
0,70
1,05
1,11
360,00
380,00
380,00 400,00
520,00
540,00
-41,47
57,02
62,20
93,30
98,48
0,07
2,00
2,00
2,00
2,00
Custo do suplemento (R$/kg)
1,38
0,40
0,40
0,41
0,41
Custo do transporte (R$/animal)
5,25
12,27
36,96
12,27
36,96
Custo da mão de obra (R$/animal)
8,82
21,00
63,00
21,00
63,00
Custo total (R$/animal)
9,52
72,21
77,20
70,53
78,88
112,71 110,46
67,28
71,28
89,00
89,00
89,00
89,00
89,00
-50,99
-15,19
-15,00
22,77
19,61
0,036
0,277
0,293
0,271
0,299
-
78,96
80,57
132,29
124,86
Ganho em peso diário
(g/animal/dia)
Ganho em peso diferencial
(g/animal/dia)
Receita (R$/animal)
Consumo de suplemento
(kg/animal/dia)
Custo da @ produzida (R$)
Valor pago pela @ no período
(R$/@)
Margem bruta de lucro (R$/animal)
-160,00 220,00 240,00
-
-
Ganho em peso diário mínimo
necessário para cobrir o custo da
suplementação (kg/animal/dia)
Remuneração do capital investido
(%)
1/
Mistura mineral; 2/Suplemento constituído por milheto inteiro; 3/Suplemento constituído por milheto triturado;
4/
Distribuição três vezes por semana; 5/Distribuição diária; Rendimento de carcaça – 52%; Valor da @ do boi no
período (10/2008) – R$ 89,00; Salário mínimo (10/2008) – R$ 415,00; Valor do dólar no período (10/2008) –
R$ 2,16
Pode-se visualizar que os tratamentos que apresentaram maior custo com a
suplementação foram os tratamentos 7X devido a necessidade de fornecimento diário. A
87
suplementação em menor freqüência teve seus custos reduzidos, devido a menor freqüência
de distribuição dos suplementos.
Observaram-se maiores valores por arroba produzida para a suplementação com grão de
milheto inteiro em comparação ao grão de milheto triturado. Da mesma forma, a margem
bruta de lucro seguiu o mesmo padrão, apresentando valores menores quanto menor o ganho
observado.
Para a remuneração do capital investido obteve-se, para cada real investido, um retorno
de 1,32 e 1,24 reais, respectivamente, para a suplementação com grão de milheto triturado três
vezes por semana e diária o que comprova a viabilidade da suplementação em menor
frequência. Embora a suplementação diária com grão de milheto triturado tenha propiciado
maior ganho em peso, apresentou também maiores gastos com a suplementação. Assim, o
tratamento que demonstrou melhor resultado econômico foi o contendo milheto triturado e
ofertado três vezes por semana, devido aos menores gastos com distribuição dos suplementos.
Embora nem todas as estratégias de suplementação tenham sido economicamente
atraentes em uma primeira análise, deve-se atentar aos benefícios indiretos dessa técnica,
principalmente pela redução na idade ao abate, que resulta na desocupação das pastagens para
outras categorias, acarretando, com isso, em maior giro do capital.
Da mesma forma, Paula et al. (2010) também encontraram melhor retorno econômico
para o suplemento distribuído três vezes por semana e, segundo os autores, os menores custos
envolvidos no processo de distribuição dos suplementos na frequência de três vezes por
semana permitiram melhores retornos econômicos do que a suplementação diária.
Figueiredo et al. (2007) analisando quatro estratégias de suplementação para abate aos
18, 24, 30 e 40 meses encontraram, dentre as estudadas, melhores resultados econômicos para
abate aos 18, 30 e 24 meses, respectivamente, sendo a estratégia de abate aos 40 meses
economicamente insustentável a curto prazo. Também concluíram que a suplementação de
88
bovinos em pastagens tropicais é uma alternativa economicamente viável para recria e
terminação de machos de corte.
Do ponto de vista estratégico, pode-se inferir que o ambiente de comercialização da
arroba produzida e o custo dos ingredientes utilizados na formulação dos suplementos
assumem grande importância nas análises econômicas e, por conseguinte, na tomada de
decisões, uma vez que qualquer alteração favorável de mercado pode incrementar os índices
econômicos (Paula et al., 2010).
89
CONCLUSÃO
A suplementação concentrada de bovinos de corte em pastejo, no período da seca,
proporciona maior desempenho em relação à suplementação apenas com mistura mineral. O
processamento do grão de milheto, independentemente da freqüência de fornecimento dos
suplementos, promove maior desempenho animal, sendo o grão de milheto triturado, aliado à
suplementação em menor freqüência, a estratégia mais economicamente atrativa.
Animais suplementados apenas com mistura mineral tem maior tempo em pastejo em
comparação aos suplementados com concentrado independentemente da freqüência de
suplementação e formas físicas do grão.
90
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JOÃO MARCOS BELTRAME BENATTI Grão de milheto