Ensaios Clínicos Alexander R. Precioso Diretor da Divisão de Ensaios Clínicos e Farmacovigilância - Instituto Butantan Pesquisador do Instituto da Criança – HC / FMUSP Introdução • Os recentes desenvolvimentos em biotecnologia e na imunologia básica têm possibilitado o desenvolvimento de novas vacinas bem como o aprimoramento daquelas que já estão registradas e em uso rotineiro. Introdução • A complexidade dessas novas vacinas tem sido um grande desafio para os cientistas, médicos e representantes das Agências Regulatórias com relação à qualificação das mesmas para serem usados em seres humanos. Introdução • Portanto, a realização de ensaios clínicos é fundamental segurança para e gerar eficácia informação dessas de vacinas possibilitando a introdução e/ou manutenção de uso das mesmas na sociedade. Ensaio Clínico - Definição • Ensaio clínico, pesquisa clínica ou estudo clínico é qualquer investigação em seres humanos com o intuito de descobrir ou verificar os efeitos clínicos, farmacológicos, farmacodinâmicos e/ou outros efeitos de um produto, e/ou de identificar qualquer evento adverso a este(s), com o objetivo de averiguar sua segurança e /ou eficácia. (EMEA, 1997) • Produtos :medicamento, vacina, instrumento ou equipamento Ensaio Clínico • Ensaio Clínico Duplo-Cego e Randomizado • “Gold- Standard” • Segurança e eficácia de uma intervenção em seres humanos Ensaio Clínico Duplo-Cego e Randomizado Recrutamento de Voluntários Voluntários alocados aleatoriamente no grupo vacina e no grupo controle Critérios de Inclusão Critérios de Exclusão Grupo Controle •Placebo •Outra vacina •Nada Ensaio Clínico Duplo-Cego e Randomizado • Estudos prospectivos – As intervenções são planejadas antes e a exposição é controlada por pesquisadores • Capacidade de minimizar a influência de fatores de confusão sobre as relações de causa-efeito – Apenas a chance influencia o processo • Manobras para minimizar as fontes de viés – Evita-se ou previne-se as diferenças sistemáticas entre os grupos comparados (evita resultados tendenciosos) Randomização Mascaramento Grupo Controle Minimizar as Fontes de Viés • 1) Randomização • Método para alocar voluntários nos grupos de estudo de forma aleatória (por acaso) • Da a cada participante a mesma chance (probabilidade) de ser alocado para um ou outro grupo – Previne o viés de seleção • Tendência de incluir voluntários específicos em um grupo de estudo ao invés de outro – Dilui as características individuais da amostra Minimizar as Fontes de Viés • 2) Mascaramento – Procedimento para manter os voluntários e/ou pesquisador e/ou avaliador dos resultados sem conhecimento sobre o tipo de intervenção • Simples-cego: significa que uma das três categorias de indivíduos desconhece a intervenção alocada ao longo do estudo • Duplo-cego: normalmente os voluntários e o pesquisador (que também é o avaliador dos dados) desconhecem a intervenção • Triplo-cego: voluntários, pesquisador e avaliador dos dados desconhecem a intervenção Minimizar as fontes de Viés • Mascaramento – Evita viés na realização e interpretação dos resultados do ensaio clínico – O conhecimento da intervenção pode influenciar: • • • • • • • • No recrutamento dos voluntários Na alocação dos voluntários nos grupos de estudo No cuidado administrado aos voluntários Nas atitudes dos voluntários em relação a intervenção Na avaliação dos desfechos No gerenciamento das entradas/saídas dos voluntários Na exclusão de dados de análise Na análise estatística Minimizar as Fontes de Viés • Mascaramento – Viés de desempenho • Evita diferenças sistemáticas no cuidado fornecido aos participantes em função do grupo para o qual foi alocado (viés do investigador) • Evita diferenças no relato de sinais e sintomas por parte dos participantes (viés do voluntário) – Viés de detecção • evita diferenças sistemáticas durante a análise dos desfechos (viés do avaliador) Minimizar as Fontes de Viés • 3) Grupo Controle – A experiência do grupo controle nos conta o que teria acontecido com o voluntário caso ele não tivesse recebido a intervenção que está sendo estudada • Placebo • Outra vacina • Nada Fases dos Ensaios Clínicos • Existe um modelo basicamente predeterminado sobre as fases de estudo que uma vacina nova deve atravessar para obtenção de registro e liberação para o uso. Fases dos Ensaios Clínicos • Etapa Pré-clínica – Todas as avaliações laboratoriais e em animais de experimentação que antecedem a administração da vacina em seres humanos • Etapa Clínica – Avaliação nos seres humanos – Fases I, II e III: pré-obtenção de registro – Fase IV: pós-obtenção de registro Fase I • Primeiro fase de teste da vacina em seres humanos • Pequeno número de voluntários (10 -20); – Sem significância estatística • Voluntários adultos sadios de ambos os sexos • Gerar dados de segurança e tolerabilidade (imunogenicidade) Fase II • Avaliação da segurança • Avaliação da imunogenicidade • População de 100 a 200 voluntários afetados pela doença ou condição para qual a nova vacina foi desenvolvida – Sem significância estatística • Procura-se estabelecer a relação dose/resposta; número de doses e resposta • Novas indicações para produtos já registrados Fase III • Fase III - última fase pré-registro • Conduzida em um número maior de voluntários (milhares) – Busca avaliar se os efeitos imunogênicos demonstrados na fase II têm significância estatística e relevância clínica, para uma indicação e para um grupo específico de voluntários • Avaliação da eficácia • Mantém-se a avaliação da segurança. Fase IV • Estudo pós-obtenção de registro • Condições rotineiras de uso – Estudos de efetividade • situação menos controlada do que a fase III – Estudos de Farmacovigilância • Monitoramento de eventos adversos pósregistro • Raros • Não identificados Agentes dos Ensaios Clínicos • • • • Pesquisador - Investigador Principal Patrocinador Comitê de Ética Autoridade Regulatória Interação contínua durante a realização do ensaio clínico Declaração de Helsinque – Boas Práticas Clínicas Patrocinador Investigador Principal Comitê de Ética Autoridade Regulatória Boas Práticas Clínicas • Padrão internacional de qualidade ética e científica, para o desenho, condução e desempenho, monitorização, auditoria, registro, análise e relato de dados de estudos que envolvam a participação de seres humanos. Boas Práticas Clínicas • O cumprimento desse padrão assegura ao sujeito da pesquisa que seus direitos, sua segurança e seu bem estar estão protegidos com base na Declaração de Helsinki e que os dados obtidos no estudo têm credibilidade. Regulamentação para a Realização de Ensaios Clínicos no Brasil • Resolução n.196 do CNS de 10 de outubro de 1996 – Baseia-se no Código de Nuremberg (1947), Declaração dos Direitos do Homem (1948) e na Declaração de Helsinque (1964); – Cria o sistema CEP - CONEP Regulamentação para a Realização de Ensaios Clínicos no Brasil Resoluções Ministério da Saúde regulamenta e supervisiona as práticas de pesquisa clínica no Brasil, por meio da ANVISA Quais as autorizações necessárias para a realização de um ensaio clínico? CEP / CONEP ANVISA Considerações Finais • O ensaio clínico duplo-cego e randomizado (ECR) é uma das ferramentas mais poderosas para a obtenção de evidências para o cuidado à saúde. • A sua elaboração, condução, análise e a forma de relatar os resultados obtidos devem estar de acordo com os princípios éticos, regulatórios e das Boas Práticas Clínicas. Considerações Finais • A responsabilidade pelo voluntário participante do ensaio clínico é compartilhada entre o pesquisador, patrocinador, comitê de ética e agência regulatória. Considerações Finais • Embora o ensaio clínico duplo-cego e randomizado seja a forma mais confiável de se estimar a segurança e a eficácia de um produto em estudo, esta estimativa nunca é absolutamente conclusiva, pois ela se refere a uma amostra, ou seja, um subgrupo da população. Instituto Adolfo Lutz Obrigado Alexander R. Precioso [email protected]