Comportamento do PIB e de diversos indicadores sócio-econômicos do Município de Porto Alegre nos últimos anos Darcy Francisco Carvalho dos Santos Março/2007 SUMÁRIO Comentários iniciais e critérios.................................................................................... 3 1. Comportamento dos principais setores entre 1990 e 1998 ............................... 4 2. Evolução do PIB de Porto Alegre entre 1985 e 2004 ........................................... 6 2.1 PIB per-capita de Porto Alegre e do Estado do RS ....................................... 9 2.2 Nova metodologia para cálculo do PIB ........................................................... 9 3. Taxas de crescimento do PIB por períodos acumulados desde 1984 calculadas pelo método do Prof. Luiz Roque Klering ........................................... 10 4. Participação no PIB nacional dos principais municípios brasileiros, 1999 a 2004, segundo o IBGE.................................................................................................... 13 5. Índice de retorno do ICMS dos municípios.......................................................... 16 6. Outros indicadores econômicos............................................................................. 17 7. Posição de Porto Alegre no Idese .......................................................................... 20 Conclusão.......................................................................................................................... 24 BIBLIOGRAFIA: ................................................................................................................ 26 2 Comportamento de diversos indicadores sócio-econômicos do Município de Porto Alegre nos últimos anos Comentários iniciais e critérios Este trabalho objetiva acompanhar o comportamento do PIB do Município de Porto Alegre num período dilatado de tempo, ou seja, desde o ano de 1984, desde quando existem informações, assim como o de outros indicadores sócio- econômicos. No tocante ao PIB, deve ser destacado que as informações existentes dizem respeito a seu valor, mas são omissas quanto às causas de sua evolução. A Fundação de Economia e Estatística – FEE fornece a evolução de 1985 a 2004, distinguindo-se dois períodos distintos, sendo: • De 1985 a 1998: Com metodologia própria e com a utilização de estimativas populacionais da própria FEE, para o cálculo do PIB per-capita; • De 1999 em diante: Com metodologia desenvolvida pelos órgãos estaduais de estatística sob a coordenação do IBGE, que fornece os dados populacionais para o cálculo dos valores per-capita. Os dados de 2005 ainda não estão prontos, devendo demorar algum tempo, porque são fornecidos pelo IBGE para todo país ao mesmo tempo. Há uma outra metodologia que é desenvolvida pelo Prof. Luiz Roque Klering, da UFGRS, que dispõe de dados desde 1984. Também, no momento, só tem informações até 2004. Essa metodologia, recebida com reservas pelos técnicos da FEE, calcula o PIB de cada município, partindo da taxa de crescimento global estadual apurada pela referida Fundação, que é fornecida bem no início de cada ano. De posse dessa taxa, o valor de cada município é calculado levando em considerando o valor 3 adicionado fiscal - VAF utilizado pela Secretaria da Fazenda para o cálculo do retorno do Imposto de Circulação de Mercadorias – ICMS. Com o VAF só contempla as operações sujeitas à incidência do referido tributo, então o PIB municipal é calculado com uma base reduzida de seu valor, o que pode provocar distorções. A favor desse método é que, no curto, prazo não ocorrem mudanças na estrutura da economia dos municípios a ponto de distorcer significativamente os resultados. Relativamente a setores, os únicos dados existentes na FEE dizem respeito aos períodos de 1990 e 1998, que será tratado a seguir. Foram obtidos também dados sobre a indústria da construção civil, taxas de ocupação de mão de obra em diversos setores, junto ao DIEESE. Foram obtidos diversos indicadores sociais, com destaque especial para o Idese, da Fundação de Economia e Estatística. 1. Comportamento dos principais setores entre 1990 e 1998 O município de Porto Alegre, seguindo uma tendência da Região Metropolitana, reduziu sua participação no valor acionado da agricultura e na indústria e aumentou-a no comércio, ambas as situações de maneira mais acentuada que nesta última (Tabela 1.1). Tabela 1.1 Participação no valor adicionado do Estado, 1990 e 1998 ESPECICIFICAÇÃO AGROPECUÁRIA 1990 1998 INDÚSTRIA 1990 COMÉRCIO 1998 1990 1998 PORTO ALEGRE 0,79 0,10 9,49 8,28 27,10 30,15 RMPOA 4,97 3,59 51,11 48,77 47,10 50,44 Fonte: FEE. Segundo a FEE, entre 20 setores básicos da indústria, em onze, o Município de Porto Alegre reduziu sua participação no valor da produção estadual e em nove aumentou. Já a queda da RMPA ocorreu em sete setores, o que está a indicar que em quatro a redução ocorreu só no município de Porto Alegre. 4 Tanto a informação da Tabela 1.1 como a da Tabela 1.2 estão indicando a redução do dinamismo da economia de Porto Alegre, inclusive em relação à Região Metropolitana, já no período compreendido entre 1990 e 1998, fato esse que se acentuará nos últimos anos, conforme será demonstrado mais adiante. Houve setores que apresentaram expressiva quedas, como têxtil e mobiliário, que reduziram sua participação por metade na produção estadual. Outros, como produtos alimentares, mecânica e material de transporte, que apresentaram uma queda de quase 40% em 1998 da participação que tinham em 1990. É certo que alguns setores aumentaram, com destaque para química (79%) e material elétrico e de comunicações (59%). Tabela 1.2 Participação relativa do VS (*), por gênero industrial, de Porto Alegre e da RMPOA no total do Estado, 1990 e 1998 PORTO ALEGRE NÚMERO ESPECIFICAÇÃO 1990 1998 EDITORIAL E GRÁFICA 48,84 67,64 1 VESTUÁRIO, CALÇADOS E ARTEF. TECIDO 2,92 1,83 2 PRODUTOS ALIMENTARES 3 8,48 6,86 BEBIDAS 4 18,30 22,59 PERFUMARIA, SABÕES E VELA 5 36,57 47,01 PRODUTOS DE MATÉRIA PLÁSTICA 6 5,61 5,70 TÊXTIL 7 10,05 4,36 COUROS, PELES E SIMILARES 8 1,25 0,54 QUÍMICA 4,84 8,68 9 PRODUTOS FARM.E VETERINÁRIOS 10 64,19 81,16 MOBILIÁRIO 11 4,79 2,18 PAPEL E PEPELÃO 12 6,04 6,53 BORRACHA 13 1,00 1,19 MINERAIS NÃO METÁLICOS 14 6,91 6,65 METALURGIA 15 26,17 19,97 MECÂNICA 12,98 8,32 16 MAT. ELÉTRICO E DE COMUNICAÇÕES 17 16,33 25,94 MATERIAL DE TRANSPORTE 18 13,11 8,32 MADEIRA 19 5,21 3,42 DIVERSOS 20 20,04 14,41 Fonte: FEE (*) O VS é um proxi do VBP (valor bruto da produção). RMPOA 1990 1998 79,00 81,08 59,99 66,01 21,17 30,87 30,87 45,09 77,45 80,11 91,44 81,47 74,43 67,86 54,26 62,51 67,66 82,82 68,57 89,64 15,77 9,33 72,64 64,44 82,43 55,38 54,99 48,88 58,24 46,17 65,56 49,54 60,39 66,52 30,25 51,63 26,80 21,91 79,54 70,26 5 2. Evolução do PIB de Porto Alegre entre 1985 e 2004 O PIB do município de Porto Alegre evoluiu de R$ 12,7 bilhões em 1985 para R$ 17,9 bilhões em 2004, tomados a preços constantes de 2006, utilizando-se nessa atualização o deflator implícito. Nesse mesmo período, também a preços de 2006, o PIB estadual passou de R$ 102,3 bilhões para R$ 160,2 bilhões (Gráfico 2.1). Gráf. 2.1 PIB-POA E PIB-RS no período 1985-2004 ( R$ bilhões de 2006) 180,0 160,0 140,0 120,0 100,0 80,0 60,0 40,0 20,0 - 155,0 160,2 142,0 146,4 148,0 132,8 132,1 136,1 125,2 102,3 106,3 PIB-POA PIB-RS 12,7 13,3 15,0 15,0 15,1 19,8 20,0 19,2 18,8 17,8 17,9 1985 1990 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Fonte dos dados brutos: FEE- PIB Estadual e PIB Municipal Nota: Não há dados para os anos de 1986 a 1995, exceto 1990. Em termos relativos, O PIB-POA passou do índice 100 em 1985 para o índice 140 em 2004, ficando abaixo do PIB-RS, que evoluiu de 100 para 157. O PIB da Capital cresceu a uma taxa anual de 1,8%, enquanto o do Estado cresceu 2,4% (Tabela 2.2). Observando o Gráfico 2.2, verifica-se que o PIB de Porto Alegre cresceu igual ao PB estadual entre 1985 e 1990, quando ambos passaram do índice 100 para o índice 104. Daí em diante o PIB da Capital cresceu menos que o PIB do Estado até 1998. Em 1999, o PIB de Porto Alegre cresceu 30,5%, quando passou de R$ 15,1 bilhões para R$ 19,8 bilhões. 6 Gráf.2.3 Participação % do PIB-POA no PIB-RS, 1985-2004 % 15,0 14,5 14,0 13,5 13,0 12,5 12,0 11,5 11,0 10,5 10,0 14,5 14,1 13,1 12,5 12,7 12,5 12,0 1985 1990 1996 Fonte dos ados brutos:FEE 11,3 1997 11,5 1998 11,5 1999 2000 2001 2002 2003 11,2 2004 Fonte dos dados brutos: FEE- PIB Estadual e PIB Municipal Nota: Não há dados para os anos de 1986 a 1995, exceto 1990. O PIB da Capital passou de 11,5% do PIB estadual em 1998, para 14,5% em 1999, quando começou acentuada e contínua queda, culminando em 2004 com um percentual inferior ao que tinha em 1998, isto é, apenas 11,2% (Gráfico 3). Isso decorreu de dois fatos contraditórios, que foram o crescimento do PIB estadual e o decréscimo do PIB da Capital (Gráfico 2.1). Essa enorme bolha de crescimento do PIB da Capital não apresenta nem um fator de ordem econômica que o explique, eis que ela teve origem num crescimento de 30,5% em 1999, ano em que o PIB estadual cresceu apenas 3%. A explicação aparente ao fenômeno está na mudança de metodologia (item 2.1), que ocorreu exatamente em 1999. A partir desse ano, conforme já referido no inicio deste trabalho, a FEE passou a utilizar metodologia desenvolvida em conjunto com o IBGE aplicada a todos os municípios brasileiros. No entanto, a mudança de metodologia pode explicar o crescimento que ocorreu no ano de 1999, mas não explica a queda verificada a partir de então. Esta sim deve-se a fatores econômicos, que estão refletidos na perda da posição da nossa Capital em relação aos principais municípios brasileiros, que é tratado no item 4. O que se depreende da análise dessa evolução é que se não houvesse ocorrido essa mudança de critério, a queda de participação no PIB estadual 7 ocorrida a partir de 2000 incidiria sobre um PIB municipal bem menor. Com isso, a nossa participação de 11,2% verificada em 2004 seria muito menor. Então, a mudança de critério ocorrida em 1999 serviu para encobrir parcialmente uma situação que é muito pior. O Gráfico 2.4 apresenta os dez municípios de maior PIB em 2004 e seu respectivo crescimento entre 1985 e 2004. Conforme se observa, Porto Alegre, com 40,3% foi o terceiro menor crescimento, ficando acima de Novo Hamburgo (9,7%) e de Pelotas (-3,3%). Quanto a Novo Hamburgo, a crise da indústria calçadista explica o fenômeno, e quanto a Pelotas, é por demais conhecida a crise por que passa a Região Sul do Estado, devendo ser descontado o fato que esse município sofreu no período os efeitos do desmembramento de três novas unidades municipais. Nossa Capital, com 40,3% (taxa média de 1,8%) de crescimento no período, ficou aquém da média estadual, que foi de 56,6% (taxa média de 2,4%). Gráf.2.4 Taxas de crescimento real do PIB dos pincipais municípios e do Estado, entre 1985 e 2004 Triunfo 242,3% Rio Grande 126,5% Caxias do Sul 98,9% Gravataí 96,5% Santa Cruz do Sul 76,5% Canoas 74,9% Passo Fundo 58,2% Média do Estado 56,6% Porto Alegre 40,3% Novo Hamburgo Pelotas -50,0% 9,7% -3,3% 0,0% 50,0% 100,0% 150,0% 200,0% 250,0% 300,0% Fonte dos dados brutos: FEE- PIB Estadual e PIB Municipal 8 2.1 PIB per-capita de Porto Alegre e do Estado do RS O PIB per-capita da Capital esteve sempre abaixo do estadual, superando somente no ano de 1999, quando houve a alteração de critério já referida e também tratada no item seguinte (Gráfico 2.5). Gráf. 2.5. PIB-pc da Capital e do Estado (R$ de 2006) 16.000 15.000 14.000 13.000 12.000 11.000 10.000 9.000 1985 1990 1998 1999 2004 Poa 10.740 10.617 11.349 14.796 12.625 RS 12.211 11.769 13.228 13.420 14.939 Fonte dos dados brutos: FEE PIB estadual e municipal. 2.2 Nova metodologia para cálculo do PIB Conforme já referido, foi em 1999 que ocorreu a mudança de metodologia do cálculo do PIB municipal, quando a FEE passou a trabalhar junto com o IBGE utilizando um método unificado para todo o país. A Tabela 2.1, relativa ao dez maiores municípios do Estado, mostra as grandes variações para mais ou para menos no valor do PIB municipal, entre 1998 e 1999. Nas variações para mais destacam-se Triunfo (37,2%), Porto Alegre (30,5%), Gravataí (15,1%), Passo Fundo (12,5%) e Pelotas (11,6%). Nas variações negativas, o destaque foi de Santa Cruz do Sul (-23,7%), Rio Grande (-22%) e Caxias do Sul (-10,4%). Não dá para dimensionar o quanto dessas variações decorre da mudança de critério, mas certamente a maior parte delas tem essa origem. 9 Tabela 2.1 Variação do PIB dos dez principais municípios do Estado entre 1998 e 1999, ano da mudança de critério de apuração Em R$ milhões de 2006 Variação MUNICÍPIOS 1998 1999 1998-99 Porto Alegre 15.147 19.770 30,5% Canoas 7.372 7.447 1,0% Caxias do Sul 7.678 6.877 -10,4% Triunfo 2.591 3.554 37,2% Gravataí 2.346 2.699 15,1% Rio Grande 3.724 2.905 -22,0% Novo Hamburgo 3.517 3.485 -0,9% Santa Cruz do Sul 3.947 3.013 -23,7% Pelotas 2.690 3.003 11,6% Passo Fundo 1.684 1.894 12,5% 10 municípios 50.696 54.647 7,8% 132.112 136.072 3,0% Rio Grande do Sul Fonte dos dados brutos: FEE- PIB Estadual e PIB Municipal Participação RS 1998 1999 2004 11,5 14,5 11,16 5,6 5,5 6,03 5,8 5,1 5,68 2,0 2,6 4,52 1,8 2,0 2,73 2,8 2,1 2,67 2,7 2,6 2,40 3,0 2,2 2,25 2,0 2,2 1,66 1,3 1,4 1,41 38,4 40,2 40,51 100,0 100,0 100,00 Outro aspecto importante a destacar é que de todos os municípios da Tabela 2.1 que aumentaram sua participação no PIB estadual em 1999, somente Porto Alegre e Pelotas reduziram em 2004 a participação que tinham em 1998. Os demais continuaram aumentando. É mais uma prova de que as perdas de posição posteriores a 1999 tiveram a ver com as flutuações da atividade econômica nos respectivos municípios. 3. Taxas de crescimento do PIB por períodos acumulados desde 1984 calculadas pelo método do Prof. Luiz Roque Klering Neste item está sendo feita uma análise do comportamento, quanto ao crescimento do PIB em diversos períodos, dos 10 maiores municípios de que trata o item anterior. Para isso, tomou-se como base o estudo desenvolvido pelo Prof. Luiz Roque Klering, que, coforme referido no começo deste trabalho, adota metodologia própria. Com base nos dados referidos de ambas as fontes foi construída a Tabela 3.1, que serviu com fonte para os gráficos desta seção. 10 Tabela 3.1 Dez maiores municípios segundo o PIB total do RS, 2004 Taxas de crescimento real do PIB em diversos períodos Em ordem de PIB total MUNICÍPIOS PIB CRESC. CRESC. CRESC. CRESC. R$ 1.000,00 REAL REAL REAL REAL 2004 Porto Alegre Canoas Caxias do Sul Triunfo Gravataí Rio Grande Novo Hamburgo Santa Cruz do Sul Pelotas Passo Fundo Total Rio Grande do Sul 15.944.201 8.610.943 8.117.442 6.461.807 3.894.463 3.820.671 3.434.114 3.209.996 2.372.849 2.010.607 57.877.093 (2,34) (5,80) 6,84 21,81 17,82 3,23 (0,23) (12,42) 13,11 2,60 POS. 361 404 222 75 98 272 325 448 139 280 1999-2004 (4,05) 2,13 0,67 5,16 8,55 (0,78) (1,45) (4,65) (3,56) (0,62) POSIÇÃO POS. 1994-2004 POS. 1984-2004 436 295 341 204 108 371 383 444 422 365 1,97 2,28 3,39 6,23 7,51 1,04 (1,12) 2,49 (0,19) 2,71 318 304 249 140 97 345 395 292 371 278 3,53 7,69 6,26 6,53 5,75 1,29 1,53 2,35 0,55 4,51 95 17 27 24 38 182 171 140 200 73 3,35 3,32 2,02 2,39 142.874.226 FONTE: FEE/Núcleo de Contabilidade Social - valor do PIB Programa de Pós-Graduação em Administração da UFRGS - Prof. Luiz Roque Klering : crescimento e posição. Conforme se observa na Tabela 3.1 e no Gráfico 3.1, Porto Alegre, no período de 1984-2004 apresentou um crescimento real anual do PIB de 3,53%, ocupando a posição 95 no Estado em dimensão de crescimento. Quanto o período se encurta, para 1994-2004, essa taxa baixa para 1,97% e a posição sobe para 318. A situação piora quando o período fica mais recente, pois entre 1999-2004, a taxa de crescimento do PIB foi negativa de -4,05%, e a posição entre os demais municípios subiu para 436., tendo ficado abaixo de mais de 87% dos municípios, que tiveram melhor desempenho. Já em 2004, tomado isoladamente, a situação melhorou um pouco, tendo a taxa ficado em -2,34% e a posição em 361. 11 Gráf. 3.1 Posição de Porto Alegre na taxa de crescmento do PIB entre os demais municípios, por períodos 95ª 318ª 1984-2004 361ª 436ª 1994-2004 1999-2004 2004 Fonte: Tabela 3.1. O Gráfico 3.2 mostra que o PIB de Porto Alegre, quando tomado um período de 20 anos, 1984-2004, apresenta crescimento maior que a média dos demais municípios do Estado, isto é, de 3,53% para 2,39%, respectivamente. À proporção que esse prazo se encurta até 2004, Porto Alegre vem perdendo posição, de modo que nos últimos 10 anos, o crescimento da Capital e dos demais municípios foi praticamente o mesmo (1,97% para 2,02%). Nos últimos cinco anos, entretanto, Porto Alegre apresentou uma taxa negativa de 4,05%, enquanto a média dos demais foi positiva de 3,32%. O fenômeno repetiu-se, quando tomado isoladamente o ano de 2004, só que numa dimensão menor (-2,34% para 3,35%, respectivamente). Gráf 3.2 Taxas de crescimento do PIB de POA e do Estado, por períodos 4,00 3,53 2,39 2,00 3,35 3,32 1,97 2,02 (2,00) (4,00) POA (2,34) RS (4,05) (6,00) 1984-2004 1994-2004 1999-2004 2004 Fonte: Tabela 3.1. 12 Quando tomados para comparação os 10 municípios com maiores PIBs, em 2004, constata-se que a nossa Capital também vem perdendo posição, embora tenha apresentado uma leve melhora nesse ano. No período de 1984-2004, entre as taxas de crescimento dos dez principais municípios, Porto Alegre ocupava a 6ª posição. Já quando o período é mais recente, de 1994-2004, a posição passa a ser a 7ª, passando para a 9ª no período 1999-2004, subindo para a 8ª posição em 2004 (Gráfico 3.3). Gráf. 3.3 - Posição da taxa de crescimento do PIB de Porto Alegre entre os 10 maiores PIBs, poer períodos 6a. 7ª 8ª 9ª 1984-2004 1994-2004 1999-2004 2004 Fonte: Tabela 3.1. 4. Participação no PIB nacional dos principais municípios brasileiros, 1999 a 2004, segundo o IBGE Em nível nacional, os dados disponíveis são mais recentes. Existem somente a contar de 1999. Não é só no contexto regional que Porto Alegre vem perdendo posição, pois o fenômeno ocorre também quando a comparação é feita em nível nacional. É o que se observa, quando se confronta o PIB da nossa Capital com os principais municípios brasileiros (Tabela 4.1). Em 1999, Porto Alegre ocupava a 7ª posição entre as principais cidades brasileiras em tamanho do PIB, posição essa que foi a 9ª nos dois anos seguintes, 13 passando para a 11ª em 2002. Em 2003, houve uma leve melhora, pois baixamos para a 10ª colocação. Entretanto, os dados de 2004 do IBGE nos colocam na 13ª posição (Tabela 4.2), tendo sido superados por Macaé/RJ São José dos Campos/SP e São Bernardo do Campo/SP. A Tabela 4.2 reúne os 21 municípios que, juntos, são responsáveis por 1/3 do PIB nacional. É verdade que dois municípios que estão na nossa frente ocupam essa posição principalmente em função da extração do petróleo, que são Campos dos Goytacazes/RJ e Macaé/RJ. Por outro, lado, perdemos seis posições entre 1999 e 2004. Curitiba, que tinha uma posição semelhante à de Porto Alegre, em 2004 ocupou a 7ª posição, a mesma que tinha em 2000. Na mesma situação estão Manaus e Belo Horizonte que continuam entre os 4ª e 5 lugares, apenas trocando de posição entre si. Sem falar de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília que, por razões óbvias, estão sempre na mesma posição. Tabela 4.1 Posição dos 10 maiores municípios em relação ao PIB e participação realativa do PIB e da população - 1999 - 2003 Municípios e Unidades de Federação São Paulo/SP Rio de Janeiro/RJ Brasília/DF Manaus/AM Belo Horizonte/MG Campos do Goytacazes/RJ Guarulhos/SP Curitiba/PR Duque de Caxias/RJ Porto Alegre/RS Posiçao dos municípios em relação ao PIB 1999 2000 2001 2002 2003 1º 2º 3º 5º 4º 27ª 8ª 6ª 15ª 7ª 1º 2º 3º 5º 4º 17ª 8ª 7ª 11ª 9ª 1º 2º 3º 4º 5º 17ª 6ª 7ª 10ª 9ª 1º 2º 3º 4º 5º 6ª 8ª 7ª 9ª 11ª 1º 2º 3º 4º 5º 6ª 7ª 8ª 9ª 10ª Participação % relativa em 2003 PIB População 9,44 4,34 2,43 1,50 1,39 1,08 1,03 0,99 0,99 0,94 6,01 3,36 1,25 0,87 1,30 0,23 0,66 0,95 0,46 0,78 Fonte: IBGE - Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais. OBSERVAÇÂO: Em 2004, Porto Alegre passou para a 13ª posição. 14 Deve ser destacado, ainda, que em 2004, havia seis municípios que não são capitais de estado com PIB maior que Porto Alegre, sem considerar Camaçari, que vem logo depois, perdendo somente na terceira casa decimal, porque ambos têm 0,90 do PIB nacional. Em 1999, os municípios que não eram capitais de estado e que superavam Porto Alegre eram apenas três (Tabela 4.2). Tabela 4.2 Posição ocupada pelas principais cidades brasileiras no PIB nacional, 2004 Em R$ 1.000,00 correntes Ordem 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 Municípios/UF São Paulo/SP Rio de Janeiro/RJ Brasília/DF Manaus/AM Belo Horizonte/MG Campos do Goytacazes/RJ Curitiba/PR Macaé/RJ Guarulhos/SP Duque de Caxias/RJ São José dos Campos/SP São Bernardo do Campo Porto Alegre/RS Camaçari/BA Fortaleza/CE Betim/MG Campinas/SP Recife/PE Salvador/BA Barueri/SP Paulínea/SP Subtotal BRASIL Participação percentual PIB a preços correntes Relativa Acumulada 160.637.533 9,09 9,09 73.974.912 4,19 13,28 43.521.629 2,46 15,74 29.677.838 1,68 17,42 24.513.367 1,39 18,81 21.345.644 1,21 20,02 19.109.744 1,08 21,10 18.339.127 1,04 22,14 18.194.924 1,03 23,17 17.955.126 1,02 24,19 17.679.809 1,00 25,19 16.906.079 0,96 26,14 15.944.201 0,90 27,05 15.891.624 0,90 27,95 15.797.377 0,89 28,84 14.838.747 0,84 29,68 14.716.830 0,83 30,51 14.279.476 0,81 31,32 14.218.146 0,80 32,13 11.346.634 0,64 32,77 10.010.037 0,57 33,33 588.898.804 33,33 1.766.621.054 100,00 Fonte: IBGE - PIB dos Municípios 2004. O Gráfico 4.1 ilustra a perda de posição do Município de Porto Alegre entre os demais municípios brasileiros no período 1999-2004, comparativamente com outras duas capitais de estados semelhantes, no caso, Paraná e Minas Gerais, no período 1999 a 2004. 15 Pelo gráfico, observa-se que tanto Curitiba como Belo Horizonte perderam uma posição entre 1999 e 2004, o que é natural, diante do comportamento dinâmico da economia. Já Porto Alegre perdeu seis posições, ao passar do 7º lugar para o 13º. A maneira como construída este gráfico pode dar uma impressão visual invertida, porque quanto mais alta curva pior está a situação. Gráf. 4.1 Posição entre os demais municípios nacionais quanto ao PIB de três capitais, 1999-2004 Posição 14 12 10 8 6 4 2 1999 2000 2001 2002 2003 2004 POA 7 9 9 11 10 13 Curitiba 6 7 7 7 8 7 B.Horizonte 4 4 5 5 5 5 Fonte: Tabelas 4.1 e 4.2 (origem dos dados:IBGE) 5. Índice de retorno do ICMS dos municípios Por derradeiro, constatou-se também a redução do índice de retorno do ICMS em mais de 20% no período de 9 anos, isto é, entre 1998 e 2007, o que representa uma perda em torno de R$ 90 milhões anuais em arrecadação para o Município. (Gráfico 5.1) O retorno do ICMS é um grande indicador da situação econômica do município, uma vez que 75% de seu valor tem origem no valor adicionado fiscal. Desde 1998 não houve nenhum desmembramento de município, hipótese que, existindo, poderia justificar a redução do índice. O fato de Porto Alegre ter uma predominância de serviços no seu produto pode justificar o valor do retorno, mas não sua alteração, que depende de uma mudança na estrutura da economia, o que não se faz em espaço tão curto de tempo, a ponto de justificar uma redução dessa dimensão no valor do índice. 16 O retorno do ICMS, isoladamente, é o principal item da receita dos municípios maiores, como Porto Alegre e, portanto, sua redução causa grande impacto nas finanças municipais. Deve ser destacado que o valor adicionado utilizado para o cálculo do retorno de ICMS de um ano é a média aritmética dos anos (n-2) e (n-3), em que “n” é o ano em que os índices devem ser aplicados. Os índices para 2007, por exemplo, são calculados com base na média dos anos 2004 e 2005. Por isso para verificar o eventual sucesso ou insucesso de um ano deve-se levar em consideração esse fato. Gráf. 5.1 - Índices de retorno do ICMS de POA, 1998-2007 % 14,5 14,0 13,7 13,8 14,0 13,3 13,5 12,6 13,0 12,1 12,5 12,0 11,1 11,5 11,3 10,9 11,0 10,5 10,5 10,0 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Fonte dos dados: www.sefaz.rs.gov.br. 6. Outros indicadores econômicos Na área da construção civil, segundo o Sinduscon-RS, o número de economias vistoriadas em Porto Alegre passou de uma média de 17.648 unidades no período 1978-1983 (época em que existia o BNH) para apenas 5.135 unidades no período 2001-2006, uma queda de 70%. A partir de 1990 esse número girou em torno de 5.000, com variações para mais e para menos. Nesse período, a população cresceu em torno de 15%. É um setor importante que praticamente 17 estagnado. O Gráfico seguinte, com origem na Assessoria Econômica do Sindicato referido, ilustra melhor as afirmativas citadas. Economias Vistoriadas em Porto Alegre 1971 a *2007 25.000 15.000 10.000 5.000 2006 *2007 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 1996 1995 1994 1993 1992 1991 1990 1989 1988 1987 1986 1985 1984 1983 1982 1981 1980 1979 1978 1977 1976 1975 1974 1973 1972 0 1971 Número de Economias 20.000 Ano * Acumulado últimos 12 meses fechados em fev/2007 Fontes DEE/SINDUSCON-RS Dados Primários: SPM/PMPA Assessoria Econômica/SINDUSCON-RS 20-03-2007 No tocante ao emprego, segundo o DIEESE, entre 1993 e 2005, enquanto a população de Porto Alegre cresceu 10,9%, a população economicamente ativa, 16,4%, o número de desempregados expandiu-se em 41,8%. Passou de um total de 67.000 para 95.000 (Tabela 6.1). Tabela 6.1 Estimativa da população total e população em idade ativa por condições de trabalho. Porto Alegre - 1993 e 2005 - Em 1.000 pessoas Indicadores Popualação total População em idade ativa Popualação economicamente inativa População economicamente ativa Ocupados Desempregados Estimativas 1993 2005 1.273 1.412 1.059 1.231 462 536 597 695 530 600 67 95 Variação Absoluta % 139 10,9 172 16,2 74 16,0 98 16,4 70 13,2 28 41,8 Fonte: Dieese - Emprego, Informalidade e Atividades Empreendedoras (apresentação) 18 Segundo o mesmo DIEESE, entre outubro/2002 e outubro/2006, o número de assalariados privados com carteira cresceu em torno de 20%, enquanto o sem carteira assinada cresceu 110%. No serviço público houve um decréscimo em torno de 12%. Esses dados refletem o baixo crescimento da economia local, o avanço da informalidade e a crise das finanças estaduais. No mesmo período, houve um leve crescimento do nível ocupacional nos serviços (30%) e no comércio (20%). Na construção civil, com variações para mais e para menos, o nível de ocupação apresentou leve crescimento, em torno de 10%. Na indústria de transformação ocorreu a maior queda, em torno de 30%. Os dois gráficos seguintes, com origem no próprio DIEESE demonstram as afirmativas feitas. 19 7. Posição de Porto Alegre no Idese O Idese é definido pela FEE da seguinte maneira: “ O Idese é um índice sintético, composto por 12 indicadores divididos em quatro blocos temáticos: Educação; Renda; Saneamento e Domicílios; e Saúde. Esses indicadores são transformados em índices e, então, agregados segundo os blocos aos quais pertencem, gerando, assim, quatro novos índices (um para cada bloco) O Idese é o resultado da agregação dos índices desses blocos.” O Idese de Porto Alegre, considerado isoladamente, apresentou um crescimento de 9,3% entre 1991 e 2000 para, depois ficar mais ou menos estabilizado daí em diante (Tabela 7.1). No entanto, quando se compara a evolução do Município de Porto Alegre em relação aos demais municípios do Estado, constata-se que nossa Capital vem 20 perdendo posição ao longo dos anos. Porto Alegre apresentou evolução positiva, mas num ritmo bem menor que a maioria dos demais municípios (Tabela 7.2) Tabela 7.1 Índices por blocos temáticos, Idese-POA e Idese-RS, 1991-2003 ESPECIFICAÇÃO/ANOS EDUCAÇÃO RENDA SANEAMENTOS E DOMICÍLIOS SAÚDE IDESE POA IDESE-RS Fonte: FEE-Idese 1991 0,806 0,756 0,673 0,815 0,762 0,688 2000 0,851 0,828 0,742 0,840 0,815 0,752 2001 0,855 0,814 0,743 0,838 0,812 0,751 2002 0,860 0,812 0,744 0,835 0,813 0,753 2003 0,866 0,809 0,746 0,833 0,813 0,767 No índice geral (Idese), passamos do 1º lugar em 1991, para o 3º em 2000 e para o 4º em 2002. Em 2003, passamos ocupar a 5ª posição. Em educação, saímos da posição 11 em 1991 para a posição 165 em 2003. Em renda, saímos da 14ª posição em 1991 para a 61ª em 2003, mesmo que em 2000 tenhamos reduzido para a 10ª posição, para o que contribuiu muito a mudança de critério para o cálculo do PIB municipal ocorrida em 1999. Em saneamentos e domicílios, partirmos da 2ª posição em 1991, para a para a 3ª em 2000, para estabilizarmos na 4ª a partir de 2001. Por fim, em saúde, apresentamos uma deterioração continuada entre 1991 e 2001, saindo da posição 260ª para 410ª. Após apresentamos melhora, culminando com a posição 377 em 2003. Tabela 7.2 Posição dos blocos temáticos e do Idese-POA no contexto estadual 1991-2003 BLOCOS/ANOS EDUCAÇÃO RENDA SANEAMENTOS E DOMICÍLIOS SAÚDE IDESE-POA Fonte: FEE-Idese 1991 11 14 2 260 1 2000 127 10 3 373 3 2001 135 17 4 410 3 2002 156 23 4 408 4 2003 165 61 4 377 5 21 Deve ser destacado, no entanto, que examinando-se os diversos indicadores que formam os blocos, vê-se que a evolução do Idese decorre de fatores que podem estar a cargo do Município, do Estado ou da União ou até alheios às esferas governamentais citadas, como mercado, desenvolvimento da tecnologia, concorrência externa, fatores climáticos, entre outros. A composição de cada bloco permite avaliar o grau de responsabilidade de cada ente federativo na evolução do índice geral ou Idese, conforme abaixo: Educação: Taxa de abandono do ensino fundamental (0,25); taxa de reprovação do ensino fundamental (0,20); taxa de atendimento no ensino médio (0,20); taxa de analfabetismo de pessoas de 15 anos ou mais de idade (0,35). O ensino fundamental tem peso 0,45, alcançando 0,8, quando se inclui a taxa de analfabetismo de pessoas de 15 anos ou mais de idade. O atendimento no ensino fundamental na Capital é predominantemente do Estado, embora esse nível de ensino deva ser prioritariamente do Município. Já o ensino médio, com peso 0,20, é de responsabilidade do Estado. Renda: 50% deve ao PIB per-capita, que vem caindo, conforme já tratado. Os outros 50% dependem da apropriação, que é medida pelo valor adicionado bruto per-capita. A responsabilidade municipal nesse indicador está na ausência de políticas que induzam ao desenvolvimento econômico do Município. Condições de saneamento e domicílio: Tem peso 0,5 o percentual de domicílios abastecidos com água – rede geral; e 0,4 o percentual de domicílios atendidos com esgoto sanitário: rede geral de esgoto ou pluvial. A média de moradores por domicílio tem peso 0,1. Os fatores que influem nesse indicador, 90% são atribuições municipais. Saúde: Os indicadores que formam este bloco são: percentual de crianças com baixo peso ao nascer (0,33); taxa de mortalidade de menores de 5 anos (0,33) e esperança de vida ao nascer (0,33). As responsabilidades quanto a esses fatores são das três esferas governamentais. 22 8. Outros indicadores sócio-econômicos de Porto Alegre Apesar da queda de posição, nossa Capital ainda apresenta índices sócioeconômicos destacados no contexto estadual, nacional e até internacional, de que são exemplos os seguintes: Num. ESPECIFICAÇÃO VALOR 1 Taxa de analfabetismo (2000) 3,45% 2 Esperança de vida ao nascer (2000) 3 Mortalidade infantil por 1.000 nascidos vivos (2005) 12,89 4 IDH -11ª posição no país (IPEA, 2000) 0,865 5 IDESE -5ª posição no RS (FEE, 2003) 0,813 6 Percentagem de crianças de 7 a 14 anos na escola 100% 7 Percentagem dos domicílios com abastecimento 98,13 71,59 anos adequado de água 8 Idem destino adequado do lixo 99,37 9 Idem esgoto sanitário adequado 92,32 10 Média de moradores por domicílio (IBGE 2000) 3,06 11 Média de filhos por família (IBGE 2000) 1,1 12 Árvores em vias públicas 1,2 milhão Fonte: SINDUSCON-RS – Assessoria Econômica. 23 Conclusão É notória a queda da participação do PIB de Porto Alegre, tanto quando comparado com os demais municípios do Estado, como quando a comparação é em nível nacional. Essa queda, que vem desde 1990. Nos anos 1999 a 2001, o crescimento do PIB municipal ficou acima do estadual. Acredita-se que esse crescimento de 1999 deveu-se à mudança de metodologia de cálculo ocorrida naquele ano. A mesma causa já não pode ser atribuída à queda a partir de então, que deve decorrer de fatores econômicos, que teriam levado a participação no PIB estadual de 2004 (a menor da série desde 1985), a patamares ainda menores não fosse a alteração de critério referida. A taxa de crescimento entre 1985 e 2004, de apenas 1,8%, foi inferior à média estadual (2,4%). Entre os dez maiores municípios, no período citado, a taxa de Porto Alegre só foi maior que a de Pelotas e a de Novo Hamburgo, cujas crises, por razões diversas, são conhecidas. Segundo o estudo do Prof. Klering, se tomarmos o período 1984-2004 (20 anos), a taxa de crescimento do PIB de Porto Alegre fica na 6ª posição entre os dez maiores municípios, marca essa que sobe para a 9ª quando o período for de 1999-2005 (últimos cinco anos). No Estado, a posição de Porto Alegre na taxa de crescimento do PIB, que era a 95ª no período 1984-2004, passou para 436, quando o período considerado são os últimos cinco anos. No país, o PIB de Porto Alegre ocupava a 7ª posição em 1999, subindo para a 13ª em 2004. Capitais como Curitiba e Belo Horizonte mantiveram-se mais ou menos a mesma posição no período. Mesmo que tenham tomado a nossa frente cidades onde há extração de petróleo, o mesmo não aconteceu com outras capitais, como as citadas. O mais grave, ainda, é que, em 1999, havia três cidades não capital de estado na nossa frente, passando a seis em 2004. 24 Outro fator a destacar é a queda de 20% no valor do retorno do ICMS a partir de 1998, quando não existiu nenhum desmembramento de município novo. Esse fato é altamente negativo para as finanças do Município, pois esse é o item de receita de maior valor isoladamente considerado. Isso corresponde a uma perda de arrecadação de R$ 90 milhões anuais. No tocante ao Idese, nossa Capital também vem perdendo a participação, pois do 1º lugar em 1991, passou para o 5º em 2003. As causas podem ser atribuídas às três esferas governamentais e a outros fatores alheios a elas. No tocante à renda, a responsabilidade do Município está na ausência de políticas que induzam ao desenvolvimento econômico. O decréscimo da atividade econômica de Porto Alegre também está refletida na estagnação da indústria da construção civil a contar dos fins da década de 1980. O crescimento do desemprego entre 1993 e 2005 em 41,8%, enquanto a população cresceu 10,9% é outro indicador da queda da atividade econômica. Outro fator que vai no mesmo sentido foi a queda do nível de ocupação na indústria de transformação entre 1992 e 2006, na ordem de 30%. O crescimento no comércio e nos serviços foi em nível inferior e no serviço público a taxa foi negativa. Além disso, enquanto a ocupação com carteira assinada cresceu 20% a sem carteira assinada cresceu 110%, denunciando o crescimento da informalidade. Apesar dessa queda na atividade econômica, nosso Município continua apresentando bons indicadores sócio-econômicos que o colocam entre os principais municípios em qualidade de vida do Estado e no País. 25 BIBLIOGRAFIA: FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA: PIB estadual e PIB Municipal FUNDAÇÃO DE ECONOMIA ESTATÍSTICA: Diversas informações sobre valor adicionado e valor da produção dos municípios. FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA: Idese – Metodologia e Municípios segundo o Idese geral: 1991, 2000 a 2003. FUNDAÇÃO IBGE: PIB dos Municípios KLERING – Luiz Roque – Aspectos Econômicos do RS – Municípios do RS. SECRETARIA DA FAZENDA DO ESTADO DO RS: Índice de Retorno do ICMS dos Municípios. SINDICATO DAS INDÚSTRIAS DA CONSTRUÇÃO CIVIL – SINDUSCON – DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA - Economias Vistoriadas em Porto Alegre, 1971 – 2007 e Panorâmico Econômico Sócio-Ambiental de Porto Alegre (Apresentação julho/2006) DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ECONOMIA E ESTATISTICA – DIEESE Emprego, Informalidade e Atividades Empreendedoras, 1993 e 2005 (Apresentação feita por Lúcia Garcia) 26