REDE DE COOPERAÇÃO INTERORGANIZACIONAL: ESTUDO DE CASO DE UMA REDE METAL-MECÂNICA NO RIO GRANDE DO SUL Autoria: Silvana Saionara Gollo, Angelita Freitas da Silva, Eduardo Angonesi Predebon, Cassiane Kolcenti, Darline Balen RESUMO O tema redes de cooperação interorganizacional torna-se de grande importância devido a sua atualidade e significado econômico no mercado brasileiro (Balestrin, Verschoore & Reyes, 2010). O desenvolvimento de ações conjuntas visando objetivos coletivos é a base do conceito de cooperação entre empresas. Amato Neto (2000) afirma que um sistema de cooperação entre empresas une organizações independentes, que possuem proximidade geográfica, normalmente pertencem a um mesmo setor industrial, e que conseguem coordenar-se de forma a melhorar suas condições de competitividade no mercado por meio de estratégias comuns a todos os envolvidos na rede. Migueletto (1998) propõe que a rede é um arranjo organizacional formado por atores que unem-se em grupo com a finalidade de atingir objetivos que de forma isolada não teriam condições de alcançar. Sendo que trata-se de formar uma visão compartilhada da realidade e utilizar diversos recursos para empreender ações de forma cooperada. Neste sentido, tem-se ações conjuntas de marketing, redução de custos, resolução de problemas comuns e ampliação do poder de negociação com fornecedores, como alguns dos benefícios alcançados pelas empresas cooperadas (Wittmann et al.,2004). Já Verschoore e Balestrin (2008, p. 1053) identificam cinco fatores relevantes para o estabelecimento de redes de cooperação: Escala e Poder de Mercado; Acesso a Soluções; Aprendizagem e Inovação; Redução de Custos e Riscos; e Relações Sociais. O presente artigo objetiva analisar a Metal-Mecânica Rede do Alto Uruguai Gaúcho, investigando os pressupostos à configuração e os fatores relevantes para o estabelecimento de redes de cooperação interorganizacional. A metodologia utilizada foi uma pesquisa qualitativa e exploratória, realizada por meio de um estudo de caso. A coleta de dados foi operacionalizada através do estudo e análise de documentos, onde foram obtidos os dados secundários, e os dados primários foram coletados por meio de entrevistas. Foram obtidos dados para gerar informações para a caracterização da rede, tipologias da rede, pressupostos à configuração da rede, bem como os fatores relevantes ao estabelecimento da rede. A Metal-Mecânica Rede do Alto Uruguai Gaúcho apresenta-se como uma rede que prima pela cooperação entre seus associados, sem deixar de lado a autonomia estrutural. Os resultados apontam para uma diversidade de benefícios alcançados pelas empresas participantes e diferentes mecanismos de coordenação e integração que auxiliam na gestão da rede. 1 1 INTRODUÇÃO Nas condições atuais de mercado a competição e a cooperação entre as empresas pode ocorrer em escala mundial. Segundo Soares (2004), a economia moderna possui como característica fundamental a possibilidade de as empresas atuarem de forma global, independente de seu tamanho ou ramo de atividade. Essa perspectiva tem suas raízes no processo de abertura dos mercados e na globalização que permitem às empresas de diversos portes e nacionalidades competirem e cooperarem de forma simultânea. Esta realidade exige um posicionamento inovador por parte das empresas. Wittmann et al.(2004) discorrem sobre este assunto dizendo que a nova ordem mundial força as empresas a acompanhar as mudanças para permanecerem nos mercados, e, que para se adaptarem ao ambiente de concorrência global precisam manter altos níveis de qualidade, inovação, produtividade e competitividade. Para muitas empresas, as premissas apontadas somente são possíveis através de estratégias de cooperação, em especial, de redes de cooperação interorganizacionais. Segundo Saccomano Neto e Truzzi (2009), as rede de cooperação interorganizacional tornaram-se uma perspectiva central de análises organizacionais contemporâneas, adequada para a compreensão do binômio competição/cooperação, a qual permeia os mercados e as relações entre os atores econômicos. Balestrin, Verschoore e Reyes (2010) afirmam o que o tema redes de cooperação interorganizacional ganha cada vez mais relevância na pauta dos estudos organizacionais brasileiros. De acordo com os autores um dos fatores é que a comunidade acadêmica brasileira encontra-se sintonizada com estudos organizacionais contemporâneos, bem como com a dinâmica empresarial; outro fator é a importante dimensão econômica e social tomada pela criação de redes de empresas no Brasil, principalmente no que tange o desenvolvimento de pequenas e médias empresas. A Secretaria de Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais do Estado do Rio Grande do Sul, promove o Programa Redes de Cooperação, objetivando reunir e fomentar a cooperação entre empresas com interesses comuns, a fim de constituem uma entidade juridicamente estabelecida, sem quotas de capital, que mantém a independência legal e a individualidade de cada empreendimento. Esta entidade ou Rede de Cooperação visa possibilitar melhores condições de concorrência através de estratégias coletivas (Sedai-RS, 2011). No contexto das redes de cooperação interorganizacionais o presente artigo objetiva analisar a Metal-Mecânica Rede do Alto Uruguai Gaúcho, investigando os pressupostos à configuração e os fatores relevantes para o estabelecimento de redes de cooperação interorganizacional. Este artigo é um recorte do Projeto de Pesquisa que visa estudar o Arranjo Produtivo Metal-Mecânico na região do Alto Uruguai/RS, inserido na linha de Pesquisa de Estratégia Organizacional, Negócios Internacionais e Governança Corporativa, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul. Este artigo foi desenvolvido por meio de uma pesquisa qualitativa e exploratória. Os dados secundários foram à base da pesquisa, obtidos pelo estudo e análise de documentos de criação e funcionamento da rede, como: estatuto, regimento, relatórios de atividades. Os dados primários foram obtidos por meio de entrevistas com o gestor empresarial da rede. A fim de proporcionar um melhor entendimento do relato desta pesquisa apresenta-se o artigo da seguinte forma: após esta introdução, esboça-se um referencial teórico sobre cooperação interorganizacional, redes de cooperação, tipologia de redes de cooperação, pressupostos à configuração de redes de cooperação interorganizacional e fatores determinantes à formação de redes de cooperação interorganizacional. A seguir, descreve-se a metodologia e relata-se o estudo de caso, discutindo aspectos relevantes com base no quadro teórico de referência. Por fim, apresentam-se as considerações finais, as limitações do estudo, 2 assim como também são esboçadas implicações para pesquisas futuras. 2 COOPERAÇÃO INTERORGANIZACIONAL A cooperação tem seu fundamento nos trabalhos de Coase (1937) que apresenta o mecanismo da organização, onde a coordenação (entrepreneur ) promove a alocação dos recursos, sem a interferência direta do mecanismo de preços. Em seguida, Williamson (1985) apresenta o mercado e a hierarquia (firma) como modos alternativos de organização das transações. Os argumentos básicos dos autores é que as transações que envolvem incertezas sobre seus resultados são frequentes e requerem investimento em ativos específicos, por isso, tenderão a ser internalizada pela firma (hierarquia). Já, as transações simples, não-repetitivas e que não requerem investimento em ativos específicos tenderão a ocorrer através do mercado (transações de mercado). No modelo de Williamson (1985), o mercado e a hierarquia são considerados formas alternativas de coordenação da atividade econômica da firma, cujos custos variam de acordo com a freqüência das transações, o grau de especificidade dos ativos e o grau de incerteza sobre os resultados esperados. O oportunismo e a racionalidade limitada expressam a incapacidade dos atores de elaborar contratos que prevejam todas as contingências possíveis associadas à transação, e, essas, podem ser as razões que levam a firma a preferir internalizar a atividade e assim evitar os “custos de transação de mercado”. Quando as transações são internalizadas torna-se menos importante prever todas as contingências possíveis, pois elas podem ser administradas pela estrutura de governança da firma. No entanto, segundo o autor, há formas de coordenação, que não podem ser asseguradas nem pela firma (hierarquia) nem pelo mercado, e nesse sentido, o autor propõe um modelo híbrido que considera as transações num continuum entre o mercado e a hierarquia: “transações de cooperação entre firmas”. Segundo Gray e Wood (1991), a colaboração é um processo através do qual, diferentes partes, vendo aspectos diferenciados de um problema podem, construtivamente, explorar suas diferenças e, procurar limitadas visões. Para os autores, a colaboração ocorre quando “autonomous stakeholders” com domínio de um problema se envolvem em um processo interativo, usando divisão de papéis, normas e estruturas, para agir ou decidir questões relacionadas ao problema. “A cooperação interfirmas existe quando duas ou mais agem em conjunto para perceber ganhos mútuos” (Combs & Kethce, 1999, p. 867). O conceito de cooperação entre empresas consiste basicamente no desenvolvimento de ações conjuntas que contemplem interesses comuns a todas as partes envolvidas. Segundo Pike, apud Amato Neto (2000), o sistema de cooperação entre empresas pode ser assim descrito: [...] como sendo composto geralmente de pequenas empresas independentes, organizado em um local ou região como base, pertencendo ao mesmo setor industrial (incluindo todas as atividades correnteza abaixo e correnteza acima), e empresas individuais a especializar-se em uma fase particular do processo produtivo, organizadas juntas, e que se fazem valer das instituições locais, através de relacionamentos de competição e cooperação (Amato Neto, 2000, p. 41). 2.1 Redes de Cooperação Interorganizacional As redes de organizações podem formular estratégias de negócios voltadas à cooperação e à competição capitalizando os relacionamentos e criando valor máximo no mercado. Estas estratégias institucionalizam-se através de arranjos produtivos como: clusters, redes de empresas, alianças estratégicas (Gollo, 2006). O conceito de rede segundo Minarelli (2001) trata da configuração do canal pelo qual os indivíduos captam, integram e distribuem informações, bens e serviços com maior eficiência. Uma rede, independente de sua natureza, refere-se a um sistema de nodos e elos. A fim de explicitar de forma clara como se caracterizam as redes faz-se necessário algumas 3 diferenciações. Sendo que as redes podem ser: interorganizacionais ou intraorganizacionais; formais ou informais (Santos & Bastos, 2007). As redes interorganizacionais são redes caracterizadas por conexões entre empresas (Castells, 1999). Dentre as redes interorganizacionais encontram-se as redes de cooperação, parcerias e alianças. Sendo que uma rede de empresas configura-se como um conjunto de unidades de produção ou comercialização que operam de forma interligada, porém mantendo sua individualidade (Britto, 2004). De acordo com Migueletto (1998, p. 48), a rede é um arranjo organizacional formado por um grupo de atores, que se articulam - ou são articulados por uma autoridade - com a finalidade de realizar objetivos complexos, e inalcançáveis de forma isolada” É um espaço no qual se produz uma visão compartilhada da realidade, se articulam diferentes tipos de recursos e se conduzem ações de forma cooperada. As redes interorganizacionais podem ser definidas como complexas estruturas compostas por empresas que, conscientemente, admitem possuir limitações estruturais, financeiras e competitivas que restringem as condições de sobrevivência e desenvolvimento de forma isolada. Então, as redes são baseadas em uma estrutura que contempla atividades agregadoras de valor para os consumidores finais, resultando em maior poder de competição para as empresas inter-relacionadas – as firmas individuais seriam menos competitivas em comparação com a atuação em base coletiva (Barbosa, Saccomano, & Vieira Porto, 2007). O outro tipo de abordagem envolve a capacidade da coordenação de atividades econômicas. Neste caso, as redes seriam estruturas com formas de atuação preocupadas com a adaptação às mudanças do ambiente na qual poderiam estar inseridas. Britto (2002) aponta que nesse conceito as redes de empresas estão associadas às configurações interorganizacionais conduzidas por um relacionamento de caráter cooperativo e recíproco entre empresas independentes, gerando uma nova forma de coordenação das atividades econômicas. Britto (2004, p.349) define como principais características de uma rede: a) A presença de um grau elevado de compatibilidade e complementaridade técnica entre os agentes e as atividades por eles realizadas. b) A existência de um grau elevado de integração de atividades produtivas ao nível da rede, devido á presença de externalidades técnicas, pecuniárias e de demanda. c) A geração de externalidades tecnológicas e outros tipos de ganhos relacionados ao progresso técnico, devido à variedade de empresas inseridas nesses arranjos e à complementaridade entre as respectivas competências. d) A consolidação de uma infra-estrutura particular que conforma tais sistemas, a qual implica um certo grau de irreversibilidade quanto a investimentos realizados por agentes que eles integram. 2.2 Tipologias de Redes de Cooperação Diferentes autores que estudam a temática das redes de cooperação propõem tipologias de redes de cooperação interorganizacionais. Grandoni e Soda (1995), por exemplo, classificam as redes segundo seus graus de formalização, centralização e mecanismos de cooperação, podem se apresentar como: (a) Sociais, (b) Burocráticas e (c) Proprietárias. Casarotto Filho e Pires (1999) apresentam dois tipos de redes para pequenas empresas: topdown que se caracteriza pelo fato de que empresas de menor porte fornecem direta e indiretamente sua produção à uma empresa-mãe, e a rede flexível, que ocorre quando as pequenas e médias empresas reúnem-se a partir da formação de um consórcio com objetivos comuns, no qual o conjunto das atividades desta empresa e a sua forma de funcionamento fariam com que elas atuassem como uma grande empresa; Marcon e Moinet (apud Balestrin & Vargas, 2008), apresentam um “mapa de 4 orientação conceitual”, indicando, a partir de quatro quadrantes, as principais dimensões sobre as quais as redes são estruturadas: cooperação ou ligação hierárquica, no eixo vertical e conveniência informal e relações formalmente estabelecidas por contratos, no eixo horizontal. Assim, as redes podem ser classificadas em: a) Redes verticais: pertencem a dimensão da hierarquia e são conhecidas como cadeia de suprimentos. Tendo uma clara estrutura hierárquica essa configuração é utilizada, por exemplo, pelas grandes redes de distribuição que adotam essa estratégia para estar mais próximo do cliente, como ocorre com as grandes redes de distribuição integrada, distribuição alimentar e bancos; b) Redes horizontais: pertencem a dimensão da cooperação. Nessas redes as organizações preservam a sua independência, mas coordenam suas atividades de forma conjunta com o intuito de atingir certos objetivos como: criação de novos mercados, suporte de custos e riscos em pesquisas e desenvolvimento de novos produtos, definição de marcas de qualidade, entre outros. Essas redes formam-se sob a dimensão da cooperação de seus membros, que escolhem a formalização flexível para melhor adaptar a natureza de suas relações. Nesse modelo de cooperação interorganizacional, existe uma grande heterogeneidade de formas, como os consórcios de compra, as associações profissionais, as redes de lobbying, as alianças tecnológicas; c) Redes formais: pertencem a dimensão contratual. Nesse caso as redes são formalizadas através de contratos que estabelecem regras de conduta entre os atores que compõem a rede. As alianças estratégicas, os consórcios de exportação, as joint-ventures e as franquias são exemplos de redes formalizadas; d) Redes informais: pertencem a dimensão da convivência. Elas permitem encontros informais entre os agentes, portadores de preocupações comuns. As redes são formadas sem qualquer tipo de contrato formal e agem em conformidade com interesses comuns, baseados na confiança. Outra questão relevante é a quantidade de poder que uma organização possui sobre a outra, pois isto é o que define as relações de simetria entre as empresas A simetria é dada pela centralização ou descentralização de poder na rede, ou seja, em uma rede onde existe uma grande centralização do poder ocorre uma assimetria das relações e onde existe uma descentralização do poder ocorre simetria de relações (Amato Neto, 2000). 2.3 Pressupostos à configuração de redes de cooperação interorganizacional O estabelecimento de redes de cooperação pressupõe três condições fundamentais: objetivos comuns, interação e gestão (Balestrin, & Verschoore, 2008). Em relação à condição interação os autores salientam os seguintes atributos indispensáveis: (a) conectividade - grau de ligação entre os participantes da rede; (b) identidade - imagem mental criada em relação aos participantes; (c) complexidade - formas variadas e simultâneas de interação; (d) laços fortes - interações que ocorrem em função de longos períodos de tempo; (e) equivalência estrutural - grau de similaridade das interações entre as empresas da rede; (f) autonomia estrutural - capacidade de cada empresa beneficiar-se do fluxo de informações que circula na rede; (g) centralidade - indica em que medida uma organização está conectada às demais da rede. Segundo Wittman et al. (2004, p.06) “(...)os fatores mais importantes para o sucesso de uma rede de empresas são confiança, comprometimento e respeito mútuo entre os membros, existência de valores éticos entre os membros, motivação das partes envolvidas e definição clara dos objetivos e regulamento da rede”. 2.4 Fatores relevantes ao estabelecimento de redes de cooperação interorganizacional De acordo com Verschoore e Balestrin (2008, p. 1053), é possível identificar cinco fatores relevantes para o estabelecimento de redes de cooperação, os quais reúnem o conjunto de ganhos às indústrias participantes, conforme segue: 1. Escala e Poder de Mercado: Benefícios obtidos em decorrência do crescimento do número de associados da rede. Quanto maior o número de empresas, maior a capacidade da 5 rede em obter ganhos de escala e de poder de mercado. 2. Acesso a Soluções: Os serviços, os produtos e a infra-estrutura disponibilizando pela rede para o desenvolvimento de seus associados; 3. Aprendizagem e Inovação: a socialização de idéias e de experiências entre os associados e as ações de cunho inovador desenvolvidas em conjunto pelos participantes. 4. Redução de Custos e Riscos: a vantagem de partilhar os custos e os riscos de determinadas ações entre os associados, bem como nos investimentos que são comuns aos participantes; 5. Relações Sociais: a consolidação das relações sociais entre os indivíduos, ampliando o capital social e levando as relações do grupo para além daquelas puramente econômicas. A pesquisa de Balestrin, Verschoore e Freire (2007) trazem a percepção dos empresários sobre os principais resultados da participação das empresas em redes de cooperação. Os autores constataram que 35,6% dos respondentes citaram que a aquisição de novos conhecimentos por meio da socialização de informações, de experiências e de idéias, foram os principais resultados obtidos pela empresa na rede; para 27,1% dos empresários a redução de custos, representado pela barganha e escala na compra de mercadorias e demais suprimentos representou o maior ganho para a empresa; para 22,3% dos respondentes, o principal benefício da rede para a empresa foi a maior visibilidade da empresa no mercado, representado, sobretudo, pelo marketing em conjunto, pelo desenvolvimento de uma marca forte e pelo aumento de novos canais de vendas; o acesso a soluções foi citado por 9,7% dos respondentes, representada pela resolução de problemas organizacionais, acesso a novas tecnologias, melhorias em processos produtivos, acesso a consultorias e realização de cursos de capacitação, foi o principal ganho da empresa; e o capital social representou 5,3% das respostas, e o principal ganho com a entrada na rede foi o aumento de amizade e de confiança com outros empresários da rede e a ampliação de novos relacionamentos profissionais. Amato Neto (2000) sugere que, entre os motivos para e formação de redes de empresas, estão: (a) o aumento da competitividade via integração tecnológica, que possibilita a redução de custos em razão dos diferentes ramos tecnológicos; (b) a construção de competência de classe mundial, visto que há união entre empresas como forma de fixação de marcas; (c) o aumento na velocidade de entrada e a criação de um produto novo, pois a primeira empresa a introduzir um novo produto no mercado desfruta de uma posição dominante e passa a auferir lucros extraordinários, enquanto essa inovação não se difundir entre os concorrentes Descrevendo os benefícios alcançados através das alianças estratégicas pode-se entender os fatores motivadores de associações entre empresas. Referindo-se a este pressuposto, Wittmann et al. (2004) destacam ações de marketing conjuntas, redução de custos, resolução de problemas comuns e ampliação no do poder de negociação com fornecedores. Para Wilk e Fensterseifer (2003) as alianças estratégias podem focar o desenvolvimento de tecnologias, mercado e ⁄ou conhecimento. Para os autores, frente ao dinamismo dos mercados atuais, as estratégias de associação tornam-se cada vez mais uma exigência, pois dificilmente uma empresa atuando isoladamente possuirá ou conseguirá desenvolver, na velocidade imposta pelo mercado, todos os recursos, competências e tecnologias necessárias para atuar no competitivo ambiente de negócios 3 ASPECTOS METODOLÓGICOS Este trabalho caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa e exploratória. Quanto ao procedimento técnico, a pesquisa caracteriza-se como um estudo de caso, que, segundo Yin (2001), é válido para estudar as relações entre variáveis sem relação direta de causa ou efeito; é “uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto de vida real.” (2001, p.32). 6 O objeto de estudo é a Rede Metal-Mecânica do Alto Uruguai. Buscando atender aos objetivos propostos foram estabelecidas categorias de investigação a partir do referencial teórico (Quadro 1). Foram obtidos dados para gerar informações para a caracterização da rede, tipologias da rede, pressupostos à configuração da rede, bem como os fatores relevantes ao estabelecimento da rede. Os dados foram coletados em fontes primárias e secundárias. Os dados secundários foram à base da pesquisa, obtidos pelo estudado e análise de documentos de criação e funcionamento da rede, como: estatuto, regimento, relatórios de atividades. Os dados primários foram obtidos por meio de entrevistas com o gestor empresarial da rede. CATEGORIAS Pressupostos à configuração de redes de cooperação VARIÁVEIS DE ANÁLISE 1) Objetivos Comuns: os objetivos podem ser os mais diversos, mas precisam ser comuns àquela rede de cooperação. 2) Gestão: a) estrutura da rede; b) empreendedorismo e profissionalização da rede; c) mecanismos de coordenação; d) Instrumentos de gestão; 3) Interação: a) conectividade: refere-se ao grau de conexão entre os participantes de uma rede; b) identidade: corresponde à imagem mental criada em relação aos participantes; c) complexidade: diz respeito às formas variadas e simultâneas de interação; d) laços fortes: significam as interações que ocorrem em função de longos períodos de tempo; e) equivalência estrutural: referente ao grau de similaridade das interações entre as empresas da rede; f) autonomia estrutural: diz respeito à capacidade de cada empresa de se beneficiar do fluxo de informações da rede; g) centralidade, a qual indica em que medida uma empresa está conectada às outras da rede. Fatores Relevantes ao 1) Escala e Poder de Mercado: Benefícios obtidos em Estabelecimento da decorrência do crescimento do número de associados da Rede - Benefícios. rede. Quanto maior o número de empresas, maior a capacidade da rede em obter ganhos de escala e de poder de mercado. 2) Acesso a Soluções: Os serviços, os produtos e a infraestrutura disponibilizando pela rede para o desenvolvimento de seus associados; 3) Aprendizagem e Inovação: a socialização de ideias e de experiências entre os associados e as ações de cunho inovador desenvolvidas em conjunto pelos participantes. 4) Redução de Custos e Riscos: a vantagem de partilhar os custos e os riscos de determinadas ações entre os associados, bem como nos investimentos que são comuns aos participantes; 5) Relações Sociais: a consolidação das relações sociais entre os indivíduos, ampliando o capital social e levando as relações do grupo para além daquelas puramente econômicas. Figura 1. Categorias de Investigação Fonte: Elaborado pelos autores AUTORES BALESTRIN E VERSCHOORE (2008) VERSCHOORE E BALESTRIN (2008) 4 ANÁLISE DO CASO O caso da Metal-Mecânica Rede do Alto Uruguai Gaúcho é apresentado em dois momentos. Inicialmente, caracteriza-se o arranjo produtivo metal-mecânico do Alto Uruguai/RS e identificam-se os ramos de atividade das indústrias de transformação pertencentes à Metal-Mecânica Rede. A seguir, apresentam-se os dados coletados de acordo com o quadro teórico norteador do estudo, apresentados na Figura 1. 7 4.1 Caracterização do Arranjo Produtivo Metal-Mecânico do Alto Uruguai/RS A região do Alto Uruguai, no norte do estado do Rio Grande do Sul é formada por 32 municípios: Aratiba, Áurea, Barão de Cotegipe, Barra do Rio Azul, Benjamin Constant do Sul, Campinas do Sul, Carlos Gomes, Centenário, Charrua, Cruzaltense, Entre Rios do Sul, Erebango, Erechim, Estação, Erval Grande, Faxinalzinho, Floriano Peixoto, Gaurama, Getúlio Vargas, Ipiranga do Sul, Itatiba do Sul, Jacutinga, Marcelino Ramos, Mariano Moro, Paulo Bento, Ponte Preta, Quatro Irmãos, São Valentim, Sertão, Severiano de Almeida, Três Arroios e Viadutos. Dados da Fundação de Economia e Estatística (FEE, 2010) apontam uma população total desta região, em 2010, de 221.450 habitantes, distribuída em uma área de 6.348, o que corresponde a uma densidade demográfica de 34,9 hab/km2. A população apresenta uma renda per capita de R$ 14. 203,36. As empresas desta região exportaram um valor de $ 153.31.830,00, preço FOB. Na região do Alto Uruguai existiam um total de 10.554 empresas com CNPJ, em 2008, o que representa 2,48 % do total de empresas do estado do Rio Grande do Sul. As empresas daquela região empregam 61.376 pessoas, que recebiam, em média, 2,24 salários (IBGE, 2010). Até 2006, a região do Alto Uruguai possuia um total de 1.673 indústrias de transformação, o que representava 3,36% do total do Rio Grande do Sul (IBGE, 2010). Erechim é o município que mais possui empresas neste segmento (825), representando 49,31% (IBGE, 2010). É nesta região que se localiza a Rede Metal-Mecânica do Alto Uruguai, foco deste estudo. 4.2 Indústria de Transformação pertencentes à Rede Metal-Mecânica A Rede Metal-Mecânica é formada por 59 indústrias de transformação, que atuam principalmente na fabricação de máquinas e equipamentos (25%), fabricação de produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos), (22%) e metalúrgicas (15%), conforme pode-se verificar na Figura 2. Atividades das empresas da rede Número de empresas Percentual METALURGIA 9 15,25% FABRICAÇÃO DE PRODUTOS DE METAL, EXCETO MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS 13 22,00% FABRICAÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE INFORMÁTICA, PRODUTOS ELETRÔNICOS E ÓPTICOS 0 0,00% FABRICAÇÃO DE MÁQUINAS, APARELHOS E MATERIAIS ELÉTRICOS 1 1,70% FABRICAÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS 15 25,40% FABRICAÇÃO DE VEÍCULOS AUTOMOTORES, REBOQUES E CARROCERIAS 0 0,00% FABRICAÇÃO DE OUTROS EQUIPAMENTOS DE TRANSPORTE, EXCETO VEÍCULOS AUTOMOTORES 4 6,80% MANUTENÇÃO, REPARAÇÃO E INSTALAÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS 6 10,20% OUTROS 11 18,60% Total de empresas 59 100,00% Figura 2: Principais Ramos de Atividades das indústrias da Rede Metal-Mecânica do Alto Uruguai. Fonte: IBGE (2010) 8 4.2 Pressupostos à Configuração da Metal-Mecânica Rede do Alto Uruguai Gaúcho a) Objetivos Comuns: A Metal-Mecânica Rede do Alto Uruguai Gaúcho tem por finalidade assistir, orientar, instruir e estimular a cooperação das associadas, no que diz respeito às atividades do ramo metal-mecânico ou ligadas ao setor. Desde sua fundação o objetivo central da Rede é a de buscar o aumento da competitividade individual das indústrias de transformação associadas, reunindo esforços para desenvolver ações conjuntas de cooperação e competição, o que poderá contribuir para o desenvolvimento regional. Essa iniciativa permite reconhecer a visão empreendedora e de futuro que os empresários demonstram na condução de seus negócios. A finalidade principal da Metal-Mecânica Rede do Alto Uruguai Gaúcho é a de realizar estratégias conjuntas à redução de custos, principalmente, com a compra de matéria-prima, a prospecção de novos negócios e a formação/qualificação de mãode-obra. Mais de cinco anos se passaram e a finalidade principal da rede continua sendo a qualificação da mão-de-obra para atuar no segmento metal-mecânico, tendo em vista que esta é uma das maiores dificuldades relatadas pelo gestor. Percebe-se, assim, que existem objetivos comuns na rede de cooperação em estudo, o que segundo Balestrin e Verschoore (2008), representa um princípio básico para o bom funcionamento de uma rede de cooperação interorganizacional. b) Gestão da rede: este item está dividido em estrutura da rede, empreendedorismo e profissionalização na rede, mecanismos de coordenação, os quais são relatados a seguir: • Formalização da Rede: A Metal-Mecânica Rede do Alto Uruguai Gaúcho pode ser classificada como Rede Horizontal. Segundo Marcon e Moinet (2000 apud Balestrin & Vargas, 2002) uma rede horizontal pertence à dimensão cooperação. Nesse tipo de rede as indústrias preservam a sua independência, mas coordenam suas atividades de forma conjunta com o intuito de atingir certos objetivos comuns. Corroborando com a literatura, observa-se que a referida Rede constituiu-se numa associação jurídica na qual cada uma das indústrias de transformação associadas mantém sua independência financeira, econômica e administrativa. A Rede em estudo também pode ser classificada como uma Rede Formal, pertencente à dimensão contratual. Nesse caso, a rede está formalizada através de documentos que estabelecem regras de conduta entre os atores que a compõe. Como instrumentos contratuais a rede possui Estatuto, Regimento Interno, Código de Ética, Termo de Admissão para Associados, Manual de Participação em Feiras, entre outros adendos. Todas as empresas associadas a Metal-Mecânica Rede do Alto Uruguai Gaúcho assinam um Termo de Admissão, no qual se comprometem a seguir o Estatuto da Rede e seus demais regulamentos internos. No caso da Rede em estudo pode-se afirmar que existe uma Rede de Empresas associadas e o Consórcio de Empresas, conforme Figura 3. C O N S Ó R C IO J L I H A K E B C G R ED E D E C O OP ER A Ç Ã O F D Figura 3: Rede de Cooperação e Consórcio de Compra Fonte: Elaborado pelos autores 9 • Estrutura da Rede: a Metal-Mecânica Rede do Alto Uruguai Gaúcho possui uma estrutura organizacional composta pelo presidente, vice-presidente, gestor empresarial e tesoureiro. A Rede possui também um Conselho Fiscal e um Conselho de Ética. A Rede possui um escritório em sede alugada, onde são realizadas as reuniões e trabalha o Gestor Empresarial, o qual trabalha diariamente realizando contatos e prospectando negócios, além de realizar os serviços administrativos da rede. Sua ação é fundamental à busca de alternativas de novos mercados de vendas e compras conjuntas, organização de missões empresariais, visitas técnicas e auxiliar os associados para suas participações em feiras de negócios. Além disso, é responsável pelas parcerias para realização de cursos de formação e qualificação da mão-de-obra. Segundo Balestro (2004), a existência de uma central de coordenação constitui-se num dos fatores centrais para o funcionamento de uma rede. • Empreendedorismo e Profissionalização da Rede: a Metal-Mecânica Rede do Alto Uruguai Gaúcho foi fundada no dia oito de agosto de 2005. A referida rede é uma iniciativa empreendedora e nasceu através da parceria de sete empresas (Wtec Móveis e Equipamentos Técnicos Ltda, Brastelha Industrial Ltda, Dheytécnica Indústria de Máquinas Ltda, Kosmos Indústria de Moldes e Matrizes Ltda, Liape Indústria e Comércio de Auto Peças Ltda, Metalúrgica Monte Castelo Ltda, Termoaves Indústria e Comércio Ltda) do segmento de transformação de Erechim e região que acreditaram na idéia de associação visando cooperar para competir no mercado global. Atualmente, a Rede conta com 59 indústrias de transformação. Segundo o Gestor Empresarial “a nossa instituição segue um planejamento estratégico baseado sempre em pesquisas realizadas em nossas associadas, todas as ações proposta pela rede são demandas reprimidas das empresas, dentre as diversas atividades que a rede vem desenvolvendo nos últimos anos algumas dessas se destacam como: cursos de qualificação empresarial, cursos de capacitação profissional de colaboradores, missões a feiras nacionais e internacionais, visitas técnicas, exposição em feiras, convênios (Plano de Saúde e Odontológico, Instituições de Ensino) entre outros”. O crescimento da Rede tem exigido sua profissionalização, a qual tem sido concretizada através da busca de parcerias e de programas de qualificação dos gestores da rede, dos dirigentes e do pessoal técnico-administrativo das indústrias associadas. Desde 2005, foram realizadas parcerias com a Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões Uri Campus de Erechim, Sebrae e outras entidades, bem como a contratação de assessorias e consultorias para realização de diagnósticos junto às indústrias e organização da rede. Em busca de profissionalização, foi contratado um gestor empresarial para secretariar a rede. Salienta o gestor empresarial que a rede desenvolve um processo de qualificação de seus associados, realizando treinamentos periódicos e proporcionando a oportunidade de participação em palestras, feiras e seminários para o aprimoramento de conhecimento administrativo e técnico. Salienta o Gestor Empresarial que a rede conta com serviços de consultoria que pode ser utilizado pelo associado sempre que julgar necessário, informando-o e auxiliando-o nas compras, vendas e participação das feiras. Os gestores da Rede e seus associados têm consciência da importância da profissionalização, que pode levar ao aprendizado constante, novos conhecimentos e à inovação. A prática demonstra que esta atitude positiva de associar-se a outras empresas por meio de redes parte geralmente de empreendedores de sucesso. Empreendedores estes, que possuem características extras, além de alguns atributos pessoais que, somados as características sociológicas e ambientais, os tornam excepcionais (Dornelas, 2005). Pedroso e Pereira (2006, p. 18), estudando uma rede interorganizacional sob o prisma empreendedor, constatam que, naquele tipo de rede, para atores empreendedores, a rede serve apenas como uma fase de crescimento e não como um fim; que os atores empreendedores podem permanecer nas redes, por longos anos, tendo como objetivo a maximização do status social e não da 10 rentabilidade organizacional; muitos membros não empreendedores permanecem em redes de benefícios limitados por aversão ao risco e à incerteza. • Mecanismos de Coordenação: na rede acontecem reuniões de diretoria periodicamente, nas quais são tomadas decisões estratégicas para o planejamento de ações de curto, médio e longo prazo. Ocorrem também reuniões de trabalho com os associados, os quais se configuram como momentos de troca de informações, tomadas de decisões e interação. Segundo o Gestor Empresarial “o relacionamento entre as associadas da MetalMecânica Rede é um dos pontos mais estimulados pela atual diretoria, assim como, das diretorias anteriores, pois este contato entre as empresas é de extrema importância para gerar troca de informações e fomentar negócio. Importante salientar que numa estratégia de cooperação os interesses individuais não devem se sobrepor aos interesses da rede, e, assim, é preciso contemplar sempre que possível os interesses da maioria, através de decisões tomadas por consenso, levando em consideração a opinião da maioria num momento colaborativo - isso é também o que evidencia na Metal-Mecânica Rede do Alto Uruguai. Uma dificuldade para o desenvolvimento da cooperação entre as empresas atuantes de rede interorganizacional é sua organização/coordenação para atingir objetivos comuns. Segundo Balestrin e Verschoore (2008), para que os objetivos sejam atingidos, mesmo sendo eles comuns entre as empresas associadas é necessário que haja alguma forma de interferência. Ocorre que as empresas possuem interesses coletivos, mas mantém os interesses e as necessidades individuais. Dessa forma, é preciso que a rede seja vista como uma nova organização e que seja gerida de forma especial. Para Thesing (2006), um dos desafios da gestão passa pela coordenação da rede. Por vezes, a busca da consensualidade sofre forte influencia do processo de negociação entre os empresários, especialmente, por meio de processos de barganha, onde muitos cooperantes não participam de forma direta e democrática (somente uma equipe). É exatamente esse mecanismo envolvendo a associação-rede- gestão que deve estar fortalecida e desempenhar o verdadeiro papel para a prática de cooperação da rede. Para o autor, este processo não é compreendido na sua plenitude, questionando: O que de fato nutre a gestão? São as relações entrecruzadas do tipo comunicativo/educativo na associação-rede-gestão? Em nosso entender é exatamente na relação rede-gestão que devem ser planejados os mecanismos de coordenação estratégicos, com vistas ao gerenciamento e condução participativa dos objetivos da rede. c) Interação: formada pelos seguintes atributos: • Conectividade: a conectividade na Metal-Mecânica Rede do Alto Uruguai evidenciase como um ponto forte, havendo uma boa capacidade relacional, permitindo o fluxo de informações, principalmente via comunicação telefônica e internet (e-mail). A conectividade, afirmam Hage e Hollingsworth (2000), constitui-se em fator de sucesso, o que é enfatizado pelo Gestor Empresarial: “o relacionamento entre as associadas da Metal-Mecânica Rede, é um dos pontos mais estimulados pela atual diretoria”. • Identidade: segundo o Gestor Empresarial a diretoria e os associados da rede pessoas empreendedores que procuram, através de uma ação de cooperação, obter maior competitividade no mercado em atual e na prospecção futura. Além disso, são inovadores, procurando através de novos conhecimentos e aprendizado, principalmente, em participação e feiras e missões e em cursos de qualificação, novas fontes à inovação. • Complexidade: no que diz respeito aos instrumentos de integração estão o planejamento estratégico conjunto da rede com seus associados. Segundo Balestrin e Verschoore (2008), as redes de cooperação são organizações complexas e precisam estar alicerçadas num modelo de gestão que favoreça sua sobrevivência e seu crescimento, uma vez que a simples formação de uma rede não garante que ganhos competitivos serão gerados. 11 • Laços fortes: os laços ou embeddedness que ocorrem ao longo da rede mostram-se presentes, sendo importantes para o estabelecimento e a manutenção da confiança nas relações interorganizacionais de cooperação e a redução do comportamento oportunista. Apontam Balestrin e Verschoore (2008), que um gestor de rede inicia aproximando empresas com interesses comuns e estabelecendo um círculo de confiança. A seguir, assume o papel de um operador, coordenando a rede no sentido de identificar problemas e apresentar soluções viáveis, e termina como um mediador que promove a cooperação, administra conflitos, monitora os participantes e aproxima agentes externos e novos associados. • Equivalência estrutural: percebe-se que há equivalência estrutural na rede em estudo, tendo em vista que todos os atores ocupam posições similares na estrutura da rede, fato esse que gera comportamentos similares entre eles. Quanto ao grau de similaridade das interações entre as empresas da rede, um exemplo liga-se às ações de compra conjuntas, através das quais os atores em posições idênticas e representados pelo Consórcio de Compras, realizam negociações com objetivos de prospecção de fornecedores e compras conjuntas, com objetivos idênticos e todos com os mesmos benefícios - redução de custos de forma similar. Como referem Clegg e Hardy (1998), a colaboração entre as organizações pode ser uma forma potencial de solução de problemas, levando muitas a desenvolverem práticas colaborativas, o que se evidencia nesta rede estudada. • Autonomia estrutural: entende-se que existe uma autonomia estrutural, por na MetalMecânica Rede, o Consórcio de Compras - que representa um ator da rede intermedia a relação entre todos os associados com seus fornecedores, gerando os mesmos efeitos da estrutura centralizada. Desta forma também podem ser citadas as participações em cursos de qualificação que são negociadas pela rede em nome de seus diferentes atores (associados). Outra estratégia conjunta que será adotada pela Rede é a implantação do site da Rede, na qual estarão na plataforma virtual todos os seus associados, gerando sinergia nas comunicações, nos processos de compra e vendas dos produtos. Centralidade: as empresas da rede estão conectadas às outras empresas da rede através da entidade central que administra a rede, bem como intermediadas em suas compras pelo consórcio de compras. 4.3 Fatores Determinantes para o Estabelecimento da Metal-Mecânica Rede do Alto Uruguai Gaúcho a) Escala e Poder de Mercado: Identificou-se que a Rede Metal-Mecânica do Alto Uruguai iniciou em 2005 com a parceria de sete indústrias de transformação localizadas em Erechim/RS. Em 2009, a rede contava com 38 indústrias e empregava 3,5 pessoas (Prefeitura Municipal de Erechim, 2009). Em 2011, a rede conta com 59 indústrias e, em decorrência do crescimento no número de associados da rede constata-se que maior é sua capacidade de obter ganhos de escala e de poder de mercado. Com a instalação do consórcio de compras, as empresas da rede agem como se fossem uma grande empresa em seus processos de compras conjuntas. O processo inicia quando as empresas participantes selecionam os insumos que utilizam em comum, bem como seus fornecedores e os valores pagos. A comissão responsável pela negociação entra em contato com os empreendedores e solicita o valor da verba disponível para a compra. De posse das informações, é realizada uma espécie de pregão eletrônico, no qual os fornecedores apresentam suas propostas sobre esse valor, e aquele que oferecer a melhor solução vence o processo. As negociações são feitas conforme a demanda, sem período fixo. Nem todas as empresas participam do processo, uma vez que podem não utilizar determinado produto. Ao final, os valores são únicos, mas a aquisição é efetivada individualmente, em que cada empresa recebe a nota fiscal correspondente. Verschoore e Balestrin (2008), esse fator (escala e poder de mercado) está positivamente correlacionado com crescimento do número de associados da rede. Quanto maior o número de empresas, maior a sua capacidade de obter ganhos de escala e poder de mercado. Em suas pesquisas, este foi o segundo fator mais lembrado (19,99%) por empresários - “é a possibilidade de 12 ampliar a força de ação de uma empresa, pela união com outras empresas (p.1063). A economia de escala, o poder de mercado e a busca por melhores condições de preços junto a fornecedores estão entre as principais motivações das empresas para formarem uma rede (Amato Neto, 2000). b) Acesso a soluções: este fator apresenta grande importância aos associados de redes. A rede disponibiliza aos seus associados os serviços de treinamento e desenvolvimento de pessoas. De todos os objetivos visados pela rede, seus integrantes consideram como o mais importante o treinamento e a qualificação de profissionais (gestores, supervisores e pessoal técnico operacional), tendo em vista que é uma das maiores dificuldades das empresas de pequeno e médio porte que atuam isoladamente. Para tanto, a rede estabeleceu parcerias com o Sebrae e com o Senai para a realização de cursos de qualificação na área metal-mecânica. As associadas da Rede já participaram de treinamentos gerenciais, consultorias em grupo, integram os programas ISO e de qualidade. Em todos os treinamentos o foco maior é dado ao treinamento comportamental, envolvendo comprometimento, trabalho em equipe e a busca por resultados. Também foram formadas diversas turmas por funcionários das indústrias, que participaram de aulas de solda e torno mecânico. Em suas pesquisas Verschoore e Balestrin (2008, p. 1062) os empresários em 26,29% dos casos destacaram este fator (acesso a soluções) como o mais importantes para os associados da rede. Para eles, os empresários estabelecem redes de cooperação como meio de minimizar suas dificuldades individuais mediante soluções compartilhadas. c) Aprendizagem e Inovação: a socialização de idéias e de experiências entre os associados e as ações de cunho inovador desenvolvidas em conjunto pelos participantes. Um dos maiores desafios da rede é o de ampliar os horizontes das empresas associadas, ir em busca do conhecimento, de novas idéias, novos processos, conquistando melhores condições de competitividade, e maior geração de renda. Um avanço já foi conquistado quando os associados (concorrentes) conseguiram sentar frente a frente e se enxergarem não apenas como concorrentes, mas sim, parceiros dentro de uma mesma associação. Muitas ações buscando aprendizagem já foram realizadas pela Rede, a exemplo das missões empresarias nas quais os associados tiveram a oportunidade de participar e já voltaram com novos olhares para dentro de suas organizações, melhorando processos, conhecendo novos concorrentes e matérias-primas. As missões internacionais já realizadas foram: Feira de Hannover / Alemanha; Feira Batimat / França; Feira Expocomer / Panamá; Feira Internacional Havana / Cuba; e Feira Canton Fair / China. As missões empresariais para visitação de feiras ocorrem anualmente e destacam-se: Mercopar / RS, Intermach / SC, Metalurgia / SC, Brasilplast / SP, Feimafe / SP. O processo de aprendizagem ocorre também em exposições em feiras com na Expodireto / RS, Construsul / RS, Construir / RS, Mercopar / RS. Segundo Pedroso e Pereira (2006) a aprendizagem em rede permite que as empresas envolvidas acessem novos conceitos, métodos, estilos e maneiras de abordar a gestão, a resolução dos problemas e o desenvolvimento de seus negócios. Somente assim, os benefícios em rede tornam-se inesgotáveis e inimitáveis pelas outras redes. Verschoore e Balestrin (2008, p. 1063) estudando este fator constataram que 19,60% dos empresários consideram que nas redes de cooperação, o ambiente favorável à aprendizagem organizacional e à geração de inovações possibilita ganhos às empresas. d) Redução de Custos e Riscos: a vantagem de partilhar os custos e os riscos de determinadas ações entre os associados, bem como nos investimentos que são comuns aos participantes. Segundo o Gestor Empresarial da Metal-Mecânica Rede do Alto Uruguai Gaúcho, "a primeira compra de papel A4, por exemplo, não buscou somente a economia, mas também oferecer treinamento para as empresas, e, a redução dos custos foi de 11,5%". Outras negociações do consórcio mostraram-se exitosas e promoveram a redução de custos, como a de arame de solda MIG, e o gás utilizado no segmento metal-mecânico. Afirma o Gestor 13 Empresarial que algumas experiências dão mostras positivas de que a união de esforços pode ser muito vantajosa para todas as empresas do grupo, pois o primeiro treinamento contratado junto ao Sebrae teve uma redução de 70% dos custos. Reduzir custos é um dos principais desafios do setor metal mecânico e na maioria das vezes representa o diferencial competitivo. Verschoore e Balestrin (2008, p. 1063) em suas pesquisas apontaram para 16,61% a proposição de que a redução de custos e riscos para os envolvidos é fator relevante para o estabelecimento de redes de cooperação. Apontam que esses benefícios (redução de custos e riscos) são diferenciais decisivos em face dos concorrentes. e) Relações Sociais: a consolidação das relações sociais entre os indivíduos, ampliando o capital social e levando as relações do grupo para além daquelas puramente econômicas. Percebe-se que na Metal-Mecânica Rede do Alto Uruguai Gaúcho há relacionamentos sociais de cooperação Baldi e Vieira (2006) afirmam que a imersão social se refere às relações diádicas dos atores e a estrutura da rede de relações como um todo, que afeta ação econômica e suas conseqüências. O pesquisa de Verschoore e Balestrin (2008) evidenciou a capacidade das redes de gerar as condições necessárias ao fortalecimento dos laços de relacionamento entre os participantes, conforme apontaram 17,51% dos empresários. De acordo com o gestor executivo os principais resultados obtidos foram a divulgação e reforço das marcas das empresas envolvidas; o contato mais próximos com clientes; novas parcerias firmadas; a ampliação do negócio; o conhecimento de novos processos e das inovações do mercado; e a visibilidade das empresas associadas. Ou seja, ganhos de credibilidade no mercado, garantindo maior legitimidade nas ações empresariais e redimensionando a importância da empresa em seu ambiente comercial; novas possibilidades de relacionamentos empresariais, com Universidades, agências estatais e instituições tecnológicas; redução de custos de produção e riscos de investimento, com compras conjuntas de mercadorias, materiais de expediente, máquinas e equipamentos e acesso a grandes marcas; normatização de procedimentos e certificações; aumento da produtividade e redução da ociosidade; capacitação gerencial e qualificação profissional; abertura e consolidação de mercados com estruturas de comercialização nacionais e internacionais; e, troca de informações e experiências. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Em razão das mudanças no ambiente institucional as empresas que fazem parte do mundo dos negócios empresariais estão mudando suas estruturas de organização e funcionamento. A formação de redes de cooperação interorganizacional tem sido uma nova configuração às empresas no sentido de cooperar para competir. Os estudos envolvendo as redes de cooperação interorganizacional têm sido realizados de diversas perspectivas. Porém, este artigo buscou um maior entendimento dos pressupostos a configuração e os fatores relevantes ao estabelecimento da Metal-Mecânica Rede do Alto Uruguai. A referida rede é caracterizada como uma rede horizontal, constituída por pequenas e médias empresas, que buscam nos relacionamentos de cooperação, formada por uma estrutura formal, na qual cada uma das empresas associadas adere a rede também através de um termo de compromisso em que se propõe a realizar ações colaborativas para aumentar a competitividade de todas as empresas que formam a rede. O caso da Metal-Mecânica do Alto Uruguai Gaúcho apresenta-se como um case de relacionamento interorganizacional de cooperação de sucesso que continua em processo de aprendizagem, inovação e crescimento. É uma rede que tem como pressupostos o objetivo comum entre seus membros, a integração, abrangendo aspectos de conectividade, identidade, laços de integração e autonomia estrutural. No que tange à gestão, constatou-se a existência de diferentes mecanismos de coordenação e integração. Percebe-se que a rede constitui-se como alternativa estratégica de cooperação para 14 competir (Gollo, 2006; Balestrin & Verschoore, 2008), confirmando que as redes de cooperação interorganizacionais surgem como possibilidade emergente viável para muitas organizações crescerem através do compartilhamento de ativos e competências. Torna-se pertinente salientar que outras questões importantes trabalhadas no escopo deste artigo merecem maior aprofundamento, pois não poderiam ser tratadas aqui pelo fato de tratar-se de uma pesquisa qualitativa, representando uma limitação à análise de dados. Estudo futuro será realizado através de pesquisa quantitativa, a qual faz parte de uma segunda fase da pesquisa, onde serão pesquisadas as 59 empresas que compõem a Metal-Mecânica Rede do Alto Uruguai. 6 REFERÊNCIAS Amato Neto, J. (2000). Redes de cooperação produtiva e clusters regionais: oportunidades para as pequenas e médias empresas. São Paulo: Atlas. Baldi, M., & Vieira, M. M. F. (2006, julho-setembro). Calçado do Vale: Imersão Social e Redes Interorganizacionais. RAE. 46 (3), pp. 16-27. Balestrin, A. (2005). A dinâmica da complementaridade de conhecimentos no contexto das redes interorganizacionais. 2005. 212 f. 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