CENTRO UNIVERSITÁRIO POSITIVO AVALIAÇÃO DAS PRÁTICAS DE GESTÃO DA EROCUT INDUSTRIAL LTDA. À LUZ DOS FUNDAMENTOS E CRITÉRIOS DO PRÊMIO NACIONAL DA QUALIDADE CURITIBA 2007 ALDOIR GESSI JUNIOR WESLEY QUEIROZ GOMES AVALIAÇÃO DAS PRÁTICAS DE GESTÃO DA EROCUT INDUSTRIAL LTDA. À LUZ DOS FUNDAMENTOS E CRITÉRIOS DO PRÊMIO NACIONAL DA QUALIDADE Monografia apresentada para obtenção do título de Engenheiro Mecânico, no curso de Graduação em Engenharia Mecânica do Centro Universitário Positivo. Orientador: Professor Cláudio César Ferreira. CURITIBA 2007 AGRADECIMENTOS Agradecemos primeiramente a DEUS que nos permitiu alcançar os nossos objetivos e por ter nos amparado em todos os momentos e pelas pessoas especiais que nos ajudaram e nos incentivaram nessa longa jornada, das quais, destacamos: • Nossos queridos e amados pais, que nos proporcionaram a oportunidade de realizar nossos sonhos; • Aos nossos amigos de turma; • Cláudio César Ferreira, nosso competente professor e orientador, que sempre esteve disposto a nos ajudar e repassar suas experiências e conhecimentos, bem como, ajudar-nos a traçar todos os passos desta pesquisa. • Aos diretores da Erocut Industrial Ltda., que nos permitiram ter acesso a todos os setores, registros e documentos da empresa. ii SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS ...................................................................................................v LISTA DE TABELAS .................................................................................................vi LISTA DE QUADROS ............................................................................................... vii RESUMO.................................................................................................................. viii ABSTRACT................................................................................................................ix 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1 2 PROBLEMA, DELIMITAÇÃO E JUSTIFICATIVA DA PESQUISA ........................ 4 3 OBJETIVOS............................................................................................................ 8 3.1 OBJETIVO GERAL............................................................................................... 8 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................. 8 4 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................. 9 4.1 A EXCELÊNCIA EM GESTÃO ORGANIZACIONAL ............................................ 9 4.2 SISTEMA DE GESTÃO ...................................................................................... 11 4.2.1 Ciclo PDCA (método de controle de processos) ............................................. 13 4.3 MODELO DE GESTÃO SEGUNDO A FNQ ....................................................... 16 4.3.1 Liderança ......................................................................................................... 20 4.3.1.1 Sistema de liderança .................................................................................... 21 4.3.1.2 Cultura da excelência ................................................................................... 22 4.3.1.3 Análise crítica do desempenho da organização ........................................... 24 4.3.2 Estratégias e Planos........................................................................................ 25 4.3.2.1 Formulação das estratégias ......................................................................... 26 4.3.2.2 Implementação das estratégias .................................................................... 27 4.3.3 Clientes............................................................................................................ 29 4.3.3.1 Imagem e conhecimento de mercado........................................................... 30 4.3.3.2 Relacionamento com clientes ....................................................................... 31 4.3.4 Sociedade........................................................................................................ 32 4.3.4.1 Responsabilidade socioambiental ................................................................ 33 4.3.4.2 Ética e desenvolvimento social..................................................................... 34 4.3.5 Informações e Conhecimento .......................................................................... 35 4.3.5.1 Informações da organização ........................................................................ 36 iii 4.3.5.2 Informações comparativas............................................................................ 37 4.3.5.3 Ativos intangíveis.......................................................................................... 38 4.3.6 Pessoas........................................................................................................... 39 4.3.7 Processos ........................................................................................................ 44 4.3.7.2 Processos de relacionamentos com fornecedores ....................................... 46 4.3.7.3 Processos econômico-financeiros ................................................................ 47 4.3.8 Resultados....................................................................................................... 48 4.4 AVALIAÇÃO DE SISTEMAS DE GESTÃO ........................................................ 51 5 MÉTODO .............................................................................................................. 54 5.1 PREÂMBULO ..................................................................................................... 54 5.2 GERAÇÃO DA LISTA DE VERIFICAÇÃO.......................................................... 54 5.3 COLETA DE DADOS.......................................................................................... 56 6 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS.............................................................. 66 6.1 PREÂMBULO ..................................................................................................... 66 6.2 RESULTADOS DA LISTA DE VERIFICAÇÃO ................................................... 66 6.3 INTERPRETAÇÃO DOS DADOS....................................................................... 70 7 CONCLUSÕES ..................................................................................................... 72 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 75 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 78 APÊNDICE 1 - QUESTIONÁRIO ............................................................................. 81 iv LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – MODELO GERAL DE UM PADRÃO DE SISTEMA ......................................................... 12 FIGURA 2 – PDCA – MÉTODO DE CONTROLE DE PROCESSOS ................................................... 13 FIGURA 3 – DETALHAMENTO DO PDCA PARA MANTER RESULTADOS ...................................... 15 FIGURA 4 – DETALHAMENTO DO PDCA DE MELHORIAS............................................................... 15 FIGURA 5 – FUNDAMENTOS X CRITÉRIOS DE EXCELÊNCIA ........................................................ 18 FIGURA 6 – PROCESSO DE ANÁLISE DO DESEMPENHO .............................................................. 24 FIGURA 7 – O PLANEJAMENTO DA QUALIDADE ............................................................................. 31 v LISTA DE TABELAS TABELA 1 – PONTUAÇÕES MÁXIMAS ............................................................................................... 19 TABELA 2 – CRITÉRIO 1 - LIDERANÇA .............................................................................................. 67 TABELA 3 – CRITÉRIO 2 – ESTRATÉGIAS E PLANOS ..................................................................... 67 TABELA 4 – CRITÉRIO 3 – CLIENTES ................................................................................................ 68 TABELA 5 – CRITÉRIO 4 – SOCIEDADE ............................................................................................ 68 TABELA 6 – CRITÉRIO 5 – INFORMAÇÕES E CONHECIMENTO..................................................... 69 TABELA 7 – CRITÉRIO 6 – PESSOAS ................................................................................................ 69 TABELA 8– CRITÉRIO 7 – PROCESSOS............................................................................................ 69 TABELA 9– CRITÉRIO 8 – RESULTADOS .......................................................................................... 70 TABELA 10– MÉDIA GERAL ................................................................................................................ 71 vi LISTA DE QUADROS QUADRO 1 – VISÃO RESUMIDA DOS CRITÉRIOS DO PNQ ............................................................ 50 QUADRO 2 – MODELO DE LISTA DE VERIFICAÇÃO........................................................................ 55 QUADRO 3 – CRITÉRIO 1 - LIDERANÇA............................................................................................ 56 QUADRO 4 – CRITÉRIO 2 – ESTRATÉGIAS E PLANOS ................................................................... 58 QUADRO 5 – CRITÉRIO 3 - CLIENTES............................................................................................... 60 QUADRO 6 – CRITÉRIO 4 - SOCIEDADE ........................................................................................... 60 QUADRO 7 – CRITÉRIO 5 – INFORMAÇÕES E CONHECIMENTO................................................... 62 QUADRO 8 – CRITÉRIO 6 – PESSOAS .............................................................................................. 62 QUADRO 9 – CRITÉRIO 7 – PROCESSOS......................................................................................... 64 QUADRO 10 – CRITÉRIO 8 – RESULTADOS ..................................................................................... 65 vii RESUMO O presente estudo tem como objetivo avaliar as práticas de gestão adotadas pela Erocut Industrial Ltda (empresa paulistana do segmento metalúrgico) à luz dos princípios e critérios do Prêmio Nacional da Qualidade. Para tanto, foi realizada uma pesquisa na referida empresa onde foi utilizado, como estrutura básica de investigação, o modelo Likert para a pesquisa e avaliação das práticas de gestão. Tal pesquisa foi estruturada em listas de verificações onde foram desenvolvidas questões baseadas nos fundamentos e critérios do Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ), e foi embasada, em termos teóricos, pelas práticas de gestão preconizadas pela Fundação Nacional da Qualidade, bem como por autores de renome internacional, como Collins e Porras (1995), Chiavenato (2005), Maximiano (2000), Juran (1990), Deming (1990), Drucker (1996), entre outros. Uma vez concluída a pesquisa adotou-se o método de Likert como mecanismo de avaliação e verificou-se após a apuração das respostas das listas de verificação, uma media geral de 2,65, estando, portanto, em consonância com o “Sistema 3” de Likert; isto é, as práticas atuais de gestão da Erocut Ltda. estão tendendo ao “sucesso”, sendo que a maior média ( x = 3,71) diz respeito a “Clientes” e a menor média ( x =1,87), diz respeito a “Sociedade”. Apesar disso, observou-se que a média geral encontra-se em uma zona “limítrofe” entre os sistemas 2 e 3 de Likert, cujos limites são: de 1,50 a 2,49 (Sistema 2); de 2,50 a 3,49 (Sistema 3), donde conclui-se que há muitas práticas de gestão a serem implementadas e/ou aprimoradas na empresa. viii ABSTRACT This study intends to evaluate the practices of management adopted by the company Erocut Industrial Ltda (a company from Sao Paulo in the field of metallurgy) under the light of the principles and criteria settled by the National Prize of Quality. In order to reach such purpose, a research was carried out in the company above where the Likert model was used as the basic structure of investigation for the survey and evaluation of the management practices. The research was grounded on checking lists with questions developed taking into account the principles and criteria settled by the National Prize of Quality (Prêmio Nacional da Qualidade - PNQ) and it was based – in theoretical terms – by the management practices settled by the National Foundation of Quality as well as renowned authors such as Collins and Porras (1995), Chiavenato (2005), Maximiano (2000), Juran (1990), Deming (1990), Drucker (1996), among others. Once the survey was concluded, the Likert’s method was adopted as an evaluation mechanism and a 2.65 general average was found out after the checking list answer was assessed being thus in compliance with Likert’s “System 3”; that is, the current management practices carried out by Erocut Ltda. have a tendency for “success” being it that the higher average ( x =3,71) concerns “Clients” and the lower average ( x =1,8), concerns the “Society”. Nonetheless, the general average is within a “Border” area between Likert’s Systems 2 and 3, whose limits are: from 1.50 through 2.49 (System 2); from 2.50 through 3.49 (System 3), and it can be concluded that there area many management practices to be implemented and/or improved in the company. ix 1 INTRODUÇÃO A chegada do século XXI vem marcada com algumas características, como o mundo globalizado e a emergência de uma nova sociedade que se convencionou chamar de sociedade do conhecimento. Tal cenário traz inúmeras transformações em todos os setores da vida humana. Observam-se transformações econômicas, tecnológicas e sociais, forçando, as organizações a se adaptarem a essas transformações. Com isso, a criação de vantagem competitiva baseada em qualidade de gestão está sendo o conceito “chave” para o sucesso das organizações desse século. Assim sendo, conceito de excelência em gestão, segundo Collins e Porras (1995), é um conjunto de princípios e valores que são adotados por uma organização e que os pratica em todos os níveis de funcionamento e de atuação. Esses princípios e valores podem ser relacionados como pilares de gestão e são denominados como os fundamentos de excelência que se constituem nas bases do modelo de excelência em gestão disseminado pela FNQ – Fundação Nacional da Qualidade. Os benefícios trazidos pela adoção dos fundamentos de excelência ficam claros quando se sabe que 40 das 100 maiores e melhores empresas do país apontadas no ranking da revista Exame (renomada revista publicada pela editora Abril) apud. Pagliuso (2007)1 são membros da FNQ; ou seja, adotam seu modelo de excelência, independentemente de participar do PNQ – Prêmio Nacional da Qualidade. Das 150 empresas indicadas como melhores para se trabalhar, 26 são membros da FNQ e das dez primeiras, cinco fazem parte dessa comunidade da qualidade. Ao todo, são 160 organizações filiadas, com mais de um milhão de pessoas diretamente relacionadas. Esses números apenas apontam que, mesmo em tempos de incertezas, as empresas brasileiras vêm fazendo sua parte, modernizando seus equipamentos, capacitando e treinando pessoas, reestruturando e melhorando seus 1. Pagliuso, A. (2007): texto extraído diretamente do site da FNQ (www.fnq.org.br). 2 processos, tornando-se mais competitivas e gerando riquezas para o país e para toda a sociedade. A FNQ tem como missão disseminar os fundamentos de excelência em gestão entre as empresas de qualquer porte ou tamanho, além de gerenciar e difundir práticas e casos oriundos do PNQ entre as empresas brasileiras. O objetivo é mobilizar um número cada vez maior de empresas para a prática de uma gestão de “Classe Mundial”, no sentido de contribuir para o aumento da competitividade dessas organizações e do Brasil no cenário global. Neste sentido, o presente trabalho tem como objetivo identificar quais são as práticas administrativas adotadas pela Erocut Industrial Ltda. que atua no mercado paulistano como prestadora de serviços no segmento metalúrgico de corte por eletroerosão a fio para indústrias de varias áreas como, automobilística, autopeças, eletroeletrônicos e indústrias metalúrgicas como um todo, e observar se essas práticas são as mais comumente encontradas nas organizações de sucesso ou de insucesso, utilizando como parâmetro o modelo de excelência em gestão disseminado pela FNQ. Para tanto, para se estruturar de forma lógica a seqüência do presente trabalho, este documento contempla a proposta para a realização da pesquisa. Para tanto, foi redigido em cinco capítulos considerando este como sendo o capítulo introdutório. No segundo capítulo encontra-se a justificativa da realização deste projeto, onde destaca-se, fundamentalmente, a importância da excelência organizacional como aspecto relevante para a longevidade das empresas. No terceiro capítulo estão evidenciados o objetivo geral e os objetivos específicos. No quarto capítulo encontra-se a revisão da literatura. Nela está inserida a base teórico-concentual, contemplando teorias e estudos em excelência em gestão, sistemas de gestão e modelo de gestão segundo a FNQ e também o item auditoria. No quinto capítulo, encontram-se os passos metodológicos seguidos para se atingir os objetivos estabelecidos, partindo-se do plano de pesquisa e estendendo-se até a apresentação dos dados coletados. 3 Já no sexto capítulo, estão evidenciados os resultados obtidos da pesquisa realizada no presente estudo. No sétimo capítulo, são apresentadas as conclusões acerca do presente estudo, e por fim, no capítulo de número oito as considerações finais desta pesquisa, nas quais são apontadas algumas sugestões para a melhoria da sistemática de gestão da empresa. 4 2 PROBLEMA, DELIMITAÇÃO E JUSTIFICATIVA DA PESQUISA O mundo está passando por uma era de diversas transformações econômicas, políticas e tecnológicas as quais influenciam todos os níveis sociais. Neste novo século, as organizações têm procurado formas alternativas para sobreviver no mundo dos negócios. Hoje, com referida evolução tecnológica, as organizações conseguem se comunicar mais rapidamente, com isso aumentando a sua capacidade de se colocar no mercado, aumentando recursos de que dispõem, concebendo estratégias e aproveitando as oportunidades que lhes são colocadas evitando, assim, as ameaças identificadas. Segundo Kotler apud. Silva e Neves (2004, p.323), “devido à competitividade dos mercados, já não basta compreenderem os clientes. As empresas precisam começar a prestar muita atenção aos seus concorrentes. Empresas bem-sucedidas projetam e operam sistemas para obter informações contínuas sobre seus concorrentes”. Nota-se que a criação e a sustentação de vantagem competitiva estão ligadas ao sucesso e ao insucesso das organizações e determinam a adequação das atividades que contribuem para seu desempenho, pois através da competitividade, as organizações são obrigadas a inovar e criar soluções para se obter uma posição competitiva e favorável no mercado. Segundo Porter (1989, p.31): “A vantagem competitiva não pode ser compreendida observando-se a empresa como um todo. Ela tem sua origem nas inúmeras atividades distintas que uma empresa executa no projeto, na produção, no marketing, na entrega e no suporte de seu produto. Cada uma destas atividades pode contribuir para a posição dos custos relativos de uma empresa, além de criar uma base para a diferenciação”. Basicamente, as empresas podem dispor de dois tipos de vantagem competitiva segundo Porter (1989): a vantagem de custo e a diferenciação. A 5 vantagem de custo é de vital importância, pois está baseada na sustentabilidade da empresa, mas depende também da diferenciação, ou seja, o quanto a empresa se diferencia de sua concorrência e se torna singular em algo vital para os compradores, além de simplesmente oferecer um preço baixo. Deste modo, empresas que ofereçam tecnologias a frente de seus concorrentes, qualidade nos processos e nos serviços, estará se diferenciando de seus clientes. Esta situação é observada na Erocut Industrial Ltda. que atua no mercado paulistano desde 1997, como prestadora de serviços no segmento metalúrgico de corte por eletroerosão a fio para indústrias como automobilísticas, eletroeletrônicas entre outras. Ao longo dos últimos anos, a empresa adquiriu máquinas exclusivas que criaram uma diferenciação perante a concorrência e, apesar de ter custos operacionais um pouco elevados, a empresa possui uma vasta gama de clientes possuindo uma posição sustentável e qualidade superior nos serviços em relação à maioria dos concorrentes. Mesmo assim, observa-se que no Brasil existe grande quantidade de organizações pouco competitivas internacionalmente, pois a qualidade não tem sido o atributo mais valorizado. Segundo Coutinho e Ferraz (1994, p. 313) “O baixo poder aquisitivo da população leva a que, para grande parte dos consumidores brasileiros, o preço seja o atributo mais relevante do produto, priorizado mesmo em detrimento da qualidade”. Com isso, mesmo as empresas que possuem melhor colocação no mercado se concentram em um mix de produtos mais simples e de menor valor agregado, gerando, dessa forma, uma competitividade modesta, abrindo espaço para empresa de baixa qualidade, principalmente em termos de conformidade às especificações, adequação ao cliente, confiabilidade, durabilidade e desempenho. Esse cenário tem estimulado a adoção de práticas de sobrevivência oportunistas. Em alguns casos, os produtores optam por vantagens de custo pelo não cumprimento de obrigações fiscais e trabalhistas, ou então, adotam simultaneamente práticas abusivas de preço, exigências ou ainda, a manipulação da qualidade dos produtos. 6 Segundo Coutinho e Ferraz (1994), com essas práticas, essas empresas não somente deixam de buscar uma competitividade autêntica, como prejudicam o desempenho competitivo das empresas que com elas concorrem e dos demais setores com os quais se relacionam. Outro fator que prejudica a competitividade entre as organizações no Brasil é o desequilíbrio do sistema tributário nacional. Observa-se que países que são bastante competitivos internacionalmente possuem uma carga tributária sustentada em impostos progressivos, ou seja, aqueles que incidem diretamente sobre a renda, o qual desonera o setor produtivo da economia. Já no Brasil, ocorre a comutatividade dos impostos ou “incidência em cascata”, ou seja, impostos que incidem sobre outros impostos, prejudicando o desenvolvimento das organizações. Atualmente, o mundo está vivendo a era da informação e do conhecimento, segundo Pagliuso (2007)2, só vão se destacar as empresas e instituições que tiverem o conceito de inovação muito presente em seu cotidiano e, claro, líderes afinados com essa idéia. É, sem dúvida, o melhor caminho a seguir diante de um mercado altamente competitivo, rápido e inconstante, onde só se diferenciam os que propiciam avanços em produtividade, e isso só é possível, na maioria das vezes, como conseqüência de novas maneiras de ver e de fazer as coisas, seja um modo mais eficiente de aproveitar recursos, seja a entrada em um novo mercado até então nunca imaginado, ou simplesmente a aposta em um produto ou idéia excepcional. Segundo Pagliuso (2007)2, nos tempos atuais e daqui para o futuro, as organizações mais estáveis serão aquelas que forem comandadas por profissionais altamente capacitados, prontos para os novos desafios e promover mudanças constantes. Já tem sido esse o diferencial das empresas que adotaram essa orientação. Os resultados são visíveis: competitividade e sustentabilidade. Com isso, hoje existe a FNQ, que tem como missão “disseminar os fundamentos da excelência em gestão para o aumento de competitividade das organizações e do Brasil”, ou seja, disseminar as boas práticas de gestão. Diante disso, é de grande importância analisar as práticas de gestão da Erocut Ltda. com base nos fundamentos e critérios da Fundação Nacional da Qualidade, pois com instabilidade do mercado nacional e com a serie de outros fatores já descritos que afetam continuamente na longevidade das organizações, 2. Pagliuso, A. (2007): texto extraído diretamente do site da FNQ (www.fnq.org.br). 7 nada melhor, do que avaliar a situação atual dessa empresa e comparar como modelo em excelência em gestão disseminado pela FNQ que é utilizado pela maioria das organizações de sucesso do mundo. 8 3 OBJETIVOS 3.1 OBJETIVO GERAL Avaliar as práticas de gestão da Erocut Industrial Ltda. com base nos Fundamentos e Critérios da Fundação Nacional da Qualidade. 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS a) Identificar as práticas de gestão da Erocut Industrial Ltda. que também são adotadas pelas organizações de sucesso (boas práticas de gestão); b) Identificar as práticas de gestão da Erocut Industrial Ltda. que são (foram) características das organizações que não alcançam sucesso (más práticas de gestão). 9 4 REVISÃO DA LITERATURA 4.1 A EXCELÊNCIA EM GESTÃO ORGANIZACIONAL A definição do processo administrativo segundo Caravantes et. al. (2005) compreende cinco funções: planejamento, organização, liderança, execução e controle. O processo como um todo e cada uma dessas funções é sistema de raciocínio, com entradas de informações e saídas de decisões. As decisões que saem de um processo são entradas para outras. Algumas pessoas, organizações e comunidades recebem as informações e não processam ou as processam mal. A capacidade das pessoas depende do uso das técnicas ou ferramentas administrativas (cronograma, orçamentos, e assim por diante). A capacidade e as técnicas são as transformadoras das informações em decisões. Na seqüência, encontram-se as definições das diversas funções, segundo Chiavenato (1999, p. 87): • Planejamento: é uma função administrativa que determina antecipadamente os objetivos e o que deve ser feito para alcançá-los, e pode ocorrer em três níveis: o estratégico, o tático e o operacional. E existem também quatro tipos de planos onde se encaixa o planejamento: procedimentos, orçamento, programas ou programações e normas ou regulamentos. • Organização: é uma função administrativa que consiste no agrupamento das atividades necessárias para realizar o que foi planejado, e consiste em três níveis: nível global (desenho organizacional), nível departamental (desenho departamental) e nível das tarefas e operações (desenho de cargos e tarefas) • Execução: é uma função administrativa que orienta e guia o comportamento das pessoas na direção dos objetivos a serem alcançados, ou seja, consiste em realizar atividades planejadas, envolvendo gasto de energia física e intelectual. Pode ocorrer em três níveis: nível global (direção), nível departamental (gerência) e nível operacional (supervisão) • Controle: é a função administrativa que visa assegurar se o que foi planejado, organizado e executado, cumpriu os objetivos pretendidos. O controle é constituído por quatro fases: estabelecimentos de critérios, observação do 10 desempenho, comparação do desempenho com o padrão estabelecido e ação corretiva para eliminar os desvios ou variações. Contém também três níveis: nível estratégico, tático e operacional. • Liderança: é um processo complexo, que compreende diversas atividades e competências dos administradores, como coordenação, direção, motivação, comunicação e participação. Você depende da liderança para fazer funcionar todos os outros processos da administração. A administração apresenta muitas facetas, não há respostas simples e claras e nenhuma maneira melhor de fazê-la. É uma área de atividades complexa que requer enorme esforço e boa vontade para que possa ser bem realizada. A principal vantagem competitiva das organizações atualmente está sendo, e será cada vez mais, a qualidade da gestão. Para Collins e Porras (1995) O conceito de excelência em gestão é um conjunto de princípios e valores que são adotados por uma organização de qualquer nação, setor ou porte, que os pratica em seu dia-a-dia em todos os seus níveis de funcionamento e de atuação e com todos os seus públicos interno e externo. Para Pagliuso (2005)3, superintendente geral da FNQ, esses princípios e valores podem ser relacionados como pilares da gestão e são denominados os “fundamentos da excelência” que são disseminados pela Fundação Nacional da Qualidade e adotado por muitas organizações, algumas delas ganhadoras do Prêmio Nacional da Qualidade, após uma longa e rigorosa avaliação. Essa análise é feita com base em oito critérios de excelência: liderança, estratégias e planos, clientes, sociedade, informações e conhecimento, pessoas, processos e resultados. O mesmo autor, ainda afirma que na prática, porém, a empresa em busca da excelência em gestão não só está em conformidade com esses critérios, mas também incorpora cotidianamente os doze fundamentos de excelência – pilares que compõem o estado da arte da gestão para um melhor desempenho e o aumento da competitividade. Estes conceitos visam a responsabilidade social, o aprendizado organizacional, a inovação, a agilidade, a liderança e constância de propósitos, a visão de futuro, o foco no cliente e no mercado, a gestão baseada em fatos, a 3. Pagliuso, A. (2005): texto extraído diretamente do site da FNQ (www.fnq.org.br). 11 valorização das pessoas, a abordagem por processos e a orientação para resultados. Pagliuso (2005)4 diz que “Todos esses fundamentos tornam-se práticas adotadas por empresas praticantes de uma gestão considerada de “Classe Mundial”, ou seja, elas têm um nível de desempenho superior à média global e são, portanto, competitivas mundialmente”. Destaca-se, entretanto, que a adoção de práticas “Excelentes” de gestão pressupõe a existência de uma determinada maturidade e capacidade administrativa das organizações, o que é possível desenvolver mediante a concepção, implementação, manutenção e melhoria contínua de sistemáticas de gerenciamento da qualidade, tanto de produtos, como de processos e sistemas. 4.2 SISTEMA DE GESTÃO Nas suas obras “Qualidade Total” (1992) e “Gerenciamento pelas Diretrizes” (1996), Campos defende a idéia de que os padrões de sistema de gestão são a tradução dos procedimentos, ou seja, representam “a maneira de trabalhar” da organização, em situações em todos os departamentos. Campos ressalta, ainda, que as empresas, de todos os tamanhos, enfrentam desafios e demandas relacionados com sua lucratividade, qualidade, tecnologia e desenvolvimento sustentável. Um sistema de gestão eficiente pode ajudar as organizações a enfrentarem os desafios atuais no dinâmico mercado global. Para transformar pressões competitivas em vantagens competitivas, é preciso manter e aperfeiçoar o desempenho operacional, sistematicamente. Um sistema de gestão pode ajudar a focalizar, organizar e sistematizar os processos para controlar e melhorar a organização. A implementação de um Sistema de Gestão de qualquer tipo é uma empreitada significativa para uma organização buscando a melhoria do negócio. Entretanto, bom planejamento e apoio da alta administração podem facilitar este processo significativamente. Para todos os Sistemas de Gestão, existem algumas ferramentas comuns a serem usadas, e um processo comum que pode ser utilizado durante a implementação. 4. Pagliuso, A. (2005): texto extraído diretamente do site da FNQ (www.fnq.org.br). 12 Campos (1992, p. 43) diz que ao se estabelecer um padrão de sistema, o “objetivo” deve ser unificar e clarear, pois com a unificação do sistema será assegurado que a sua maneira de condução sempre será a mesma, para que os resultados atingidos estejam sempre na mesma faixa de aceitação; e clarear porque cada individuo, cada seção, cada departamento, deve saber claramente a sua função, onde ela será realizada, porque está sendo realizada, quando será realizada e para que está realizada. Campos, nessa mesma obra, apresenta um exemplo padrão de sistema sob o método 5W1H em um ciclo PDCA (Figura 1). Após ser estabecido, o padrão do sistema deve ser mantido e continuamente aperfeiçoado, introduzindo-se melhorias no padrão de fiel maneira que o objetivo seja cada vez mais eficazmente alcançado. FIGURA 1 – MODELO GERAL DE UM PADRÃO DE SISTEMA FONTE: CAMPOS, 1992 13 4.2.1 Ciclo PDCA (método de controle de processos) Segundo Campos (1996), o ciclo PDCA é um método de gerenciamento de sistemas e é um caminho para atingir as metas atribuídas aos produtos dos sistemas de gestão. O ciclo “PDCA” (Figura 2) tem por princípio tornar mais claros e ágeis os processos envolvidos na execução da gestão, como por exemplo na gestão da qualidade, dividindo-a em quatro principais passos: Plan (planeamento), Do (execução), Check (verificação) e Act (agir). FIGURA 2 – PDCA – MÉTODO DE CONTROLE DE PROCESSOS FONTE: CAMPOS, 1996 O PDCA é aplicado, principalmente, nas normas de sistemas de gestão e deve ser utilizado em qualquer empresa de forma a garantir o sucesso nos negócios, independentemente da área ou departamento (vendas, compras, engenharia, entre outros). Para Deming (1992), o ciclo tem quatro partes. Em resumo, uma organização planeja uma mudança, realiza essa mudança, verifica os resultados, e 14 dependendo dos resultados, age para organizar as mudanças ou para recomeçar o ciclo de aperfeicoamento com novas informações. Segundo Campos (1996), o ciclo PDCA possui dois tipos de metas: “metas para manter e metas para melhorar”. Exemplo de metas para manter: • Atender ao telefone sempre antes do quarto sinal; • Entregar o relatório financeiro até o quinto dia útil do mês; • Trocar a peça da máquina em até cinco minutos para realizar a usinagem. Essas “metas para manter” segundo o autor podem ser também chamadas de “metas padrão”, e só podem ser atingidas através de operações padronizadas. O conjunto de procedimentos operacionais padrão é o próprio planejamento operacional da empresa. Exemplos de metas para melhorar: • Reduzir o tempo de atendimento do telefone para antes do terceiro sinal em um mês; • Aumentar as vendas na região sul em dez porcento até o fim do ano; • Reduzir o tempo de set-up5 da máquina de cinco minutos para três minutos em 2 meses. O mesmo autor comenta que para atingir novas metas, ou novos resultados, deve-se modificar os procedimentos operacionais padrão. Campos apresenta de forma simplificada esses dois tipos de método. (Figura 3 e Figura 4). 5 Tempo de set-up: tempo de troca de ferramenta/peça em uma máquina. 15 FIGURA 3 – DETALHAMENTO DO PDCA PARA MANTER RESULTADOS FONTE: CAMPOS, 1996 FIGURA 4 – DETALHAMENTO DO PDCA DE MELHORIAS FONTE:CAMPOS, 1996 16 Segundo o mesmo autor, o plano para se atingir a meta padrão é o procedimento operacional padrão (Standard Operational Procedure). O PDCA utilizado para se atingir metas padrão, ou para manter os resultados num certo nível desejado, pode então ser chamado de SDCA (S para Standard ou padrão) e para se atingir novas metas, ou novos resultados, deve-se modificar os procedimentos operacionais padrão. 4.3 MODELO DE GESTÃO SEGUNDO A FNQ Segundo a Fundação Nacional da Qualidade, o Modelo de Excelência em Gestão (MEG), está fundamentado sobre um conjunto de conceitos fundamentais e estruturado em critérios e requisitos, que expressam a compreensão sobre a excelência em gestão. Segundo Pagliuso (2006)6, superintendente geral da FNQ, os fundamentos de excelência são definidos em: • Pensamento Sistêmico: entendimento das relações de interdependência entre os diversos componentes de uma organização, bem como entre a organização e o ambiente externo. • Aprendizado Organizacional: busca o alcance de um novo patamar de conhecimento para a organização por meio da percepção, reflexão, avaliação e compartilhamento de experiências. • Cultura de Inovação: promoção de um ambiente favorável à criatividade, experimentação e implementação de novas idéias que possam gerar um diferencial competitivo para a organização. • Liderança e Constância de Propósitos: atuação de forma aberta, democrática, inspiradora e motivadora das pessoas, visando ao desenvolvimento da cultura da excelência, à promoção de relações de qualidade e à proteção dos interesses das partes interessadas. • Orientação por Processos e Informações: compreensão e segmentação do conjunto das atividades e processos da organização que agreguem valor para as partes interessadas, sendo que a tomada de decisões e execução de 6. Pagliuso, A. (2005): texto extraído diretamente do site da FNQ (www.fnq.org.br). 17 ações deve ter como base a medição e análise do desempenho, levando-se em consideração as informações disponíveis, além de incluir os riscos identificados. • Visão de Futuro: compreensão dos fatores que afetam a organização, seu ecossistema e o ambiente externo no curto e no longo prazo, visando a sua perenização. • Geração de Valor: alcance de resultados consistentes, assegurando a perenidade da organização pelo aumento de valor tangível e intangível de forma sustentada para todas as partes interessadas. • Valorização das Pessoas: estabelecimento de relações com as pessoas, criando condições humanamente, para que maximizando elas seu se realizem profissionalmente desempenho comprometimento, desenvolvimento de competências por meio e do e espaço para empreender. • Conhecimento sobre o Cliente e o Mercado: conhecimento e entendimento do cliente e do mercado, visando à criação de valor de forma sustentada para o cliente e, conseqüentemente, gerando maior competitividade nos mercados. • Desenvolvimento de Parcerias: desenvolvimento de atividades em conjunto com outras organizações, a partir da plena utilização das competências essenciais de cada uma, objetivando benefícios para ambas as partes. • Responsabilidade Social: atuação que se define pela relação ética e transparente da organização com todos os públicos com os quais ela se relaciona, estando voltada para o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais como parte integrante da estratégia da organização. A partir desses fundamentos, a Fundação Nacional da Qualidade desenvolveu oito critérios de excelência para conferir o Prêmio Nacional da Qualidade às organizações. Esses critérios são: 1) Liderança; 2) Estratégias e Planos; 3) Clientes; 4) Sociedade; 5) Informações e Conhecimento; 6) Pessoas; 7) Processo; 8) Resultados. 18 Segundo a FNQ (2000) os critérios de excelência possuem um conjunto de características relevantes, que estão diretamente relacionadas aos fundamentos e ao processo de avaliação (Figura 5). Os critérios focalizam os resultados da organização, destacando cinco áreas principais de resultados: • Satisfação dos clientes e mercado; • Finanças; • Pessoas; • Fornecedores; • Produto e processos organizacionais. Para a Fundação, nessas cinco áreas, as melhorias nos resultados contribuem para o desempenho global da organização. A utilização de um conjunto de indicadores ajuda a assegurar que as estratégias da organização sejam harmonizadas, para que não haja conflitos internos com as necessidades das diversas partes interessadas ou entre metas de curtos e longos prazos. FIGURA 5 – FUNDAMENTOS X CRITÉRIOS DE EXCELÊNCIA FONTE: FNQ, 2007 19 Os Critérios permitem o diagnóstico baseado em metas de pontuação. Os critérios formam um conjunto de vinte e quatro requisitos básicos (itens) orientados para resultados. A tabela de pontuação mostra cada uma das três dimensões de avaliação – enfoque, aplicação e resultados – e os principais fatores utilizados para avaliar essas dimensões (Tabela 1). Portanto, a avaliação fornece um conjunto de pontos fortes e de oportunidades para melhoria para cada um dos itens, possibilitando a tomada de ações para melhorar os resultados da organização. Esse diagnóstico do sistema de gestão é uma ferramenta que supera as melhores análises críticas de desempenho conhecida. TABELA 1 – PONTUAÇÕES MÁXIMAS CRITÉRIO 1 - LIDERANÇA 1.1 - Sistemas de liderança 1.2 - Cultura de excelência 1.3 - Análise crítica do desempenho da organização 110 40 40 30 CRITÉRIO 2 - ESTRATÉGIAS E PLANOS 2.1 - Formulação das estratégias 2.2 - Implementação das estratégias 60 30 30 CRITÉRIO 3 - CLIENTES 3.1 - Imagem e conhecimento de mercado 3.2 - Relacionamento com clientes 60 30 30 CRITÉRIO 4 - SOCIEDADE 4.1 - Responsabilidade socioambiental 4.2 - Ética e desenvolvimento social 60 30 30 CRITÉRIO 5 - INFORMAÇÕES E CONHECIMENTO 5.1 - Informações da organização 5.2 - Informações comparativas 5.3 - Ativos tangíveis 60 20 20 20 CRITÉRIO 6 - PESSOAS 6.1 - Sistemas de trabalho 6.2 - Capacitação e desenvolvimento 6.3 - Qualidade de vida 90 30 30 30 CRITÉRIO 7 - PROCESSOS 7.1 - Processos principais de negócio e dos processos de apoio 7.2 - Processos de relacionamento com os fornecedores 7.3 - Processos econômico-financeiros 110 50 30 30 CRITÉRIO 8 - RESULTADOS DA ORGANIZAÇÃO 8.1 - Resultados econômico-financeiros 8.2 - Resultados relativos aos clientes e ao mercado 8.3 - Resultados relativos à sociedade 8.4 - Resultados relativos às pessoas 450 100 100 60 60 8.5 - Resultados dos processos principais do negócio e dos processos de apoio 8.6 - Resultados relativos aos fornecedores 100 30 TOTAL DE PONTOS POSSÍVEIS FONTE: FNQ, 2007. 1000 20 4.3.1 Liderança Segundo Maxiamiano (2000, p. 326), “liderança é o processo de conduzir as ações ou influenciar o comportamento e a mentalidade de outras pessoas”. Existem diversas teorias que estudam a liderança em termos de estilos de comportamento do líder em relação aos seus subordinados, isto é, maneiras pelas quais o líder orienta sua conduta. Para Prentice apud. Maxiamiano (2000, p. 326), “liderança é a realização de metas por meio da direção de colaboradores. A pessoa que comanda com sucesso seus colaboradores para alcançar finalidades específicas é líder. Um grande líder tem essa capacidade dia após dia, ano após ano, numa grande variedade de situações”. Segundo Chiavenato (1999) a teoria mais utilizada que explica a liderança por meio de estilos de comportamento, sem se preocupar com as características pessoais de personalidade do líder, divide a liderança em três estilos: liderança autoritária, liderança democrática e liderança liberal. No entanto, para Maxiamiano (2000), a liderança não pode ser vista apenas como habilidade pessoal, que torna algumas pessoas mais aptas a influenciar outras. Às vezes, é o contrário que ocorre. Um grupo necessita de um líder e escolhe alguém para desempenhar o papel. Em outros casos, o líder parece ser uma figura temporariamente eficaz, cujo sucesso depende apenas da existência de uma missão. Completada a missão, o líder torna-se desnecessário e é rejeitado pelo grupo. Maxiamiano (2000) afirma, ainda, que deve-se enxergar a liderança como um processo interpessoal dentro de um contexto complexo, no qual outros elementos estão presentes. Para Douglas McGregor apud. Maxiamiano (2000, p. 330), “liderança não é apenas um atributo da pessoa, mas uma combinação de quatro variáveis ou elementos: (1) as características do líder, (2) as atitudes, (3) as características da organização, em especial a tarefa a ser realizada, e (4) a conjuntura social, econômica e política”. Para a FNQ (2007), o critério de liderança traduz, essencialmente, o fundamento de excelência “Liderança e Constância de Propósitos” e tem como objetivo examinar o sistema de liderança da organização, o envolvimento pessoal da 21 alta direção no exercício de uma liderança eficaz e no estabelecimento, na internalização, na disseminação e na prática das diretrizes e valores que promovam a excelência do desempenho, levando em consideração as necessidades de todas as partes interessadas. 4.3.1.1 Sistema de liderança Segundo a FNQ (2007, p. 6), o sistema de liderança “define como a liderança é exercida na organização de modo a promover o pleno exercício de orientação e de direcionamento para os negócios. Esclarece como as principais decisões são tomadas, comunicadas e conduzidas em todos os níveis da organização”. Segundo Robbins (2002), essas decisões, normalmente, são tomadas por meio de um conjunto de reuniões estruturadas, com finalidades e freqüências próprias, que contam com a participação das lideranças nos diversos níveis. A FNQ destaca ainda que o sistema de liderança aborda os elementos necessários ao desenvolvimento e implementação de um sistema de liderança. Seus requisitos incluem a forma de exercício da liderança, a interação da direção com as partes interessadas, a implementação da governança, a gestão de riscos e o processo decisório, assim como as práticas relacionadas à identificação, formação e desenvolvimento de líderes. Já para Chiavenato (1999), um sistema de liderança eficaz se baseia em valores claros, considera as necessidades de todas as partes interessadas e fixas elevadas expectativas de desempenho e de melhoria, sendo de fundamental importância que as necessidades de todas as partes interessadas sejam identificadas e entendidas para que elas sejam efetivamente consideradas pela organização. De acordo com a FNQ (2007), a ação da direção e dos demais líderes deve conduzir ao equilíbrio e à harmonia no relacionamento com todas as partes interessadas, de forma a assegurar o comprometimento e o consentimento geral para concretizar a visão da organização. De acordo com Robbins (2002), é fundamental que essas necessidades sejam adequadamente identificadas e entendidas, para que possam, efetivamente, ser consideradas pela organização e que os líderes tenham competência para 22 entender e analisar esses interesses e determinar em que grau eles podem ser atendidos de maneira harmônica e balanceada, de forma a criar valor e manter um nível de satisfação adequado. A FNQ (2007, p. 10), destaca que “o sistema de liderança estabelecido tenha o foco efetivo na manutenção da confiança e na proteção dos interesses das partes interessadas, a organização deve estruturar sua governança”, sendo que, a governança se caracteriza por um sistema de gestão e controles exercidos sobre a administração da organização. Compreende as responsabilidades dos acionistas, proprietários, conselhos de administração, diretoria e presidente. Para Motta e Vasconcelos (1996), a governança pode incluir processos como aprovação dos objetivos estratégicos, avaliação e monitoramento do desempenho da direção e da organização como um todo, planejamento da sucessão, auditorias independentes, financeiras, de informática, de riscos ou de processos, internas e externas, estabelecimento de benefícios e compensações aos executivos, gestão de riscos, divulgações e relatos financeiros. Por fim, para a FNQ esse critério deve ser abordado como as habilidades necessárias para que os líderes exerçam efetivamente a liderança que é identificada, definida e utilizada como base para o desenvolvimento da alta direção e dos demais líderes que compõem o sistema de liderança da organização. 4.3.1.2 Cultura da excelência Para a FNQ a cultura da excelência é a forma como são estabelecidos e atualizados os valores e os princípios organizacionais e como as mudanças culturais necessárias para apoiar a concretização das estratégias são estimuladas. Além disso, a FNQ (2007) diz que a cultura da excelência aborda uma questão fundamental quando trata de estruturar as práticas de gestão e de criar as condições necessárias à busca da excelência pela organização: os mecanismos utilizados para estabelecer padrões de trabalho, para controlar as práticas de gestão, para verificar o cumprimento dos padrões e a implementação do sistema de aprendizado para avaliar e melhorar as práticas e padrões. Finalmente, trata de como a inovação é desenvolvida na organização. 23 Segundo a FNQ (2007, p.18), “para que se promova a cultura da excelência na organização, é necessário que haja convergência nas ações relativas a todos os setores, unidades e processos, levando-se em consideração as necessidades de todas as partes interessadas”. Para tanto, é fundamental que a direção da organização estabeleça um conjunto de valores e princípios organizacionais que definam o rumo a ser seguido e balizem as decisões e as ações das pessoas da organização. Segundo Maximiano (2000), esses princípios contemplam as orientações que a organização deve seguir, por exemplo: missão, visão, políticas, princípios gerenciais, compromissos com partes interessadas e códigos de ética. De acordo com Collins e Porras (1995, p.80), “os valores são crenças que influenciam o comportamento, as relações e o processo decisório de uma organização, devendo ser utilizado para responder perguntas como: como queremos conduzir nosso negócio? como queremos tratar nossas partes interessadas? o que valorizamos e em que acreditamos?”. Para Maximiano (2000, p. 412), “missão estabelece o propósito ou as razões para a existência da organização, do ponto de vista de sua utilidade para os clientes. Identificar ou definir a missão significa entender qual necessidade do mercado a organização satisfaz”. Portanto, missão é a expressão da razão de ser de uma organização; enfim, é o seu propósito. Por outro lado, para Chiavenato (1999) a visão representa um estado futuro desejado, um direcionamento para a organização. De forma implícita ou explícita, a visão deve definir um conjunto de metas audaciosas. Para ser válida, a visão não deve mudar a cada ciclo de negócio, pois as estratégias serão formuladas para torná-la real no longo prazo. Segundo Collins e Porras (1995), as organizações visionárias definem estados futuros desafiadores que visam estimular o seu crescimento, progresso e perpetuação, mas preservando seus valores. Para tanto, deve alinhar seu sistema de liderança e suas ações e decisões com esses valores e princípios. Para Collins e Porras (1995), construir uma organização visionária requer 1% de visão e 99% de alinhamento. Os valores e princípios, normalmente, são estabelecidos por ocasião da elaboração do planejamento estratégico pela direção da organização ou em eventos especialmente definidos com esse propósito. Para a 24 FNQ (2007, p.18), “consultas envolvendo a força de trabalho e outras partes interessadas são usualmente utilizadas pelas organizações para que se tenha um processo mais participativo em termos de criação ou atualização dos valores e princípios”. Quando esse processo é participativo, muito provavelmente, a disseminação dos valores e princípios será mais fácil e a adesão da força de trabalho será mais rápida. 4.3.1.3 Análise crítica do desempenho da organização Segundo a FNQ (2007), é importante que a organização tenha um processo estruturado e consistente de análise do seu desempenho, com entradas ou insumos bem definidos, atividades de processamento dessas entradas, agregação de valor, atividades de tomada de decisão e saídas ou produtos dessa análise com conclusões e decisões a serem comunicadas e implementadas. A figura 6 mostra uma representação esquemática desse processo. FIGURA 6 – PROCESSO DE ANÁLISE DO DESEMPENHO Resultados e outras informações Integração de dados e realização de estudos Análise e definição das ações corretivas Comunicação das conclusões Decisões e orientações FONTE: FNQ, 2007 Implementação e acompanhamento das ações corretivas 25 Para a FNQ, esse processo define quatro momentos importantes da análise do desempenho (p. 10): • Integração de dados e realização de estudos e análises setoriais; • Análise, tomada de decisão e definição de ações corretivas e preventivas; • Comunicação das conclusões e decisões; • Implementação e acompanhamento das ações definidas. Para Robbins (2002) esse processo de análise do desempenho é fundamental para que a organização identifique se a sua missão está sendo cumprida, se suas estratégias estão sendo efetivamente implementadas e se seus objetivos estão sendo alcançados e se sua visão de futuro está sendo concretizada. Já para Kaplan e Norton (1997, p. 240) “estabelecidas as metas para as perspectivas financeira, dos clientes, dos processos internos e de aprendizado e crescimento, os executivos podem avaliar se as iniciativas atuais permitirão atingir esses ambiciosos objetivos, ou se novas iniciativas serão necessárias”. Para a FNQ um conjunto abrangente de informações deve ser utilizado para apoiar e permitir a análise do desempenho da organização, tais como, informações relativas às mudanças no ambiente externo incluindo-se aspectos setoriais, mercadológicos, competitivos, tecnológicos, econômicos, políticos e sociais são essenciais para contextualizar a análise, já que o alcance de metas deve ser analisado à luz de novos fatos, que podem ter mudado o cenário externo em relação ao cenário previsto e utilizado no momento do planejamento e estabelecimento de metas. 4.3.2 Estratégias e Planos Segundo FNQ (2007), o critério “Estratégias e Planos” traduz, primordialmente, o fundamento da excelência “Visão de Futuro”, pois determina os elementos de análise do ambiente externo para compreensão dos fatores que afetam o negócio e o mercado de atuação no curto e no longo prazo, assim como o delineamento das perspectivas futuras, proporcionando elementos para traduzir a 26 visão da organização em estratégias e planos concretos para alcançá-la, com comprometimento das pessoas. No entanto, Robbins (2002), relata que estratégias externas “são concebidas para alterar de fato o ambiente e ajustá-lo melhor às capacidades da organização”. O autor citado comenta, também, que as estratégias que buscam diretamente alterar o ambiente para torná-lo mais favorável a uma organização, se estendem ao uso de anúncios para moldar a preferência do consumidor até “acordos” com um concorrente para restringir a competição. Para Mintzberg e Quinn (2001), o ambiente refere-se às várias características do contexto externo da organização relacionado ao mercado, ao clima político, às condições econômicas e assim por diante. Por fim, para a FNQ o critério “Estratégias e Planos” examina como a organização formula suas estratégias de forma a direcionar e fortalecer seu desempenho e sua posição competitiva, e as desdobra em planos de ação e metas para todos os seus setores e suas unidades. 4.3.2.1 Formulação das estratégias Para a FNQ, a formulação das estratégias diz respeito aos insumos fundamentais a um planejamento estratégico eficaz, com base em análise dos cenários orientados para o futuro, que possibilite o desenvolvimento de estratégias, com foco no cliente e no mercado, para orientar a tomada de decisões, a alocação de recursos e a gestão da organização como um todo. Segundo a FNQ (2002, p.53), “o papel fundamental do planejamento estratégico é direcionar o trabalho do dia-a-dia, alinhado-o com as estratégias, assegurando, desta forma, que as ações reforcem as atividades prioritárias da organização”. De acordo com Fleury (2001), o planejamento estratégico tem sido considerado como atividade prescritiva, analítica e racional. Muitos são incrédulos quanto a seus resultados, à medida que, no decorrer de sua execução, a estratégia formulada é revista e modificada em função de eventos não previstos. 27 Segundo Mintzberg apud. Fleury (2001) “talvez não haja nenhum outro processo nas empresas que seja mais demandante para a cognição humana do que a formulação de estratégias”. Já a colocação de Schwaninger apud. Fleury (2001) completa e reforça esse argumento ressaltando que o “desenvolvimento de estratégia é a gestão do processo de aumentar conhecimento”. Para Fleury (2001), a empresa deve abordar o processo de formulação de estratégias para estabelecer, manter e renovar sistematicamente um conjunto de atividades distinto dos seus competidores que entregue maior valor para seus clientes e mercados, assim como crie valor social para as comunidades com as quais interage. No entanto, Kaplan e Norton (1997, p.86), relatam as dimensões da competência no processo de formulação de estratégias que são: “saber agir, saber mobilizar, saber comunicar, saber aprender, saber assumir responsabilidades, ter visão estratégica”. Assim a competência para a formulação de estratégias é a primeira para a empresa no contexto de alta competitividade que caracteriza os mercados globais Segundo a FNQ (2007), é de grande importância que as organizações abordem um processo de planejamento, que visa definir os caminhos que a organização deve trilhar para tornar real uma visão de futuro, a partir da identificação de forças restritivas e impulsoras, externas e internas, decorrentes de uma análise ambiental. 4.3.2.2 Implementação das estratégias Para a Fundação (2007), a implementação das estratégias é um dos aspectos mais críticos para o sucesso de longo prazo de uma organização, já que inclui o planejamento das ações, a alocação dos recursos e a definição das metas necessárias para sustentar as estratégias estabelecidas, assim como as sistemáticas para comunicação e o monitoramento de seus resultados. Para Fleury (2001, p.151), “a empresa deve abordar o processo de formulação de estratégias para estabelecer, manter sistematicamente e renovar um conjunto de atividades distinto de seus competidores que entregue maior valor para 28 seus clientes e mercados, em permanente processo de mudança”, ou seja, o estabelecimento de metas de curto e longo prazos, bem como a montagem dos planos de ação para sustentar o alcance das metas, em geral, de forma simultânea e interdependente durante o ciclo de planejamento. Segundo a Fundação (2000), em muitas organizações, os resultados econômico-financeiros, de desempenho no mercado ou outros almejados pela parte interessada controladora alimentam e inspiram o estabelecimento de metas pela administração, pelo simples fato de que é a parte que tem o maior interesse no sucesso da organização. A FNQ comenta ainda, que a definição de metas referentes ao atendimento das necessidades da parte interessada controladora ou suas instâncias - acionistas das empresas privadas e mistas, mantenedores das organizações sem fins lucrativos e instâncias de governo nos órgãos de administração pública - e das necessidades das demais partes interessadas resultam do balanceamento e harmonização de interesses e visam ao desenvolvimento sustentável e à perpetuação da organização Classe Mundial. Para Kaplan e Norton (1997), na maioria das organizações as metas voltam a ser debatidas, constantemente, durante o ciclo de planejamento, quando são analisados os investimentos necessários para sua realização e o correspondente impacto no demonstrativo de resultados de curto e longo prazo. Para a FNQ (2007), os planos de ação caracterizam-se por um conjunto de iniciativas articuladas, categorizadas ou não (planos de vendas, marketing, comunicação, pesquisa e desenvolvimento, qualidade, informática, manutenção, segurança, recursos humanos, responsabilidade social, treinamento, benchmarking, investimento, logística e outros), que guiam, na prática, a implementação das estratégias formuladas. Os níveis dos resultados alcançados, demonstrados por meio dos indicadores das estratégias, serão conseqüência do nível de êxito na implementação desses planos de ação, desdobrados a partir das estratégias. 29 4.3.3 Clientes Para a FNQ (2007) o critério “Clientes” está diretamente relacionado com o fundamento “conhecimento sobre o cliente e o mercado”, que preconiza a criação e entrega de valor para o cliente de forma sustentada e maior competitividade nos mercados. Isso se dá por meio do conhecimento e entendimento destas duas entidades: cliente e mercado. Já para Churchill e Peter (2000), o valor para o cliente é a diferença entre as percepções do cliente quanto aos benefícios e quanto aos custos de comprar e usar produtos e serviços. Os benefícios típicos para o cliente são funcionais, sociais, pessoais e experimentais e os custos típicos para o cliente são monetários, temporais, psicológicos e comportamentais. Para Drucker apud. Kotler (1986, p. 137): “É o cliente quem determina o que uma empresa é, pois é o cliente (e somente ele) quem, por estar desejoso e disposto a pagar por um bem ou um serviço, transforma recursos econômicos em riqueza, coisas em bens. Não é de primordial importância o que uma empresa pensa que produz – principalmente não para o futuro da empresa e para o seu bom êxito. O que é decisivo é o que o cliente pensa que está comprando, o que ele considera “valor” – isto é o que determina o que uma empresa é, o que ela produz e se ela prosperará.” Nesta linha de pensamento, Deming (1990), destaca que a organização deve buscar o entendimento das necessidades do cliente e do mercado e enfatiza o relacionamento com o cliente como uma importante parte da estratégia global de conhecimento e aprendizado. Para a FNQ (2000), o critério foco no cliente examina como a organização monitora e se antecipa às necessidades dos clientes e dos mercados, e a forma como a organização estreita seu relacionamento com os clientes, divulga seus produtos, marcas e ações de melhoria. O critério também examina como a organização mede e intensifica a satisfação e a fidelidade dos clientes. Também é examinado como as práticas associadas ao conhecimento relacionamento com o cliente são avaliadas e melhoradas. mútuo e ao 30 4.3.3.1 Imagem e conhecimento de mercado Para a FNQ (2007), este item deve tratar dos processos que a organização adota para conhecer os clientes e os mercados, bem como dos processos para ser conhecida. A organização, em um primeiro momento, necessita identificar onde está e onde pretende estar com relação a seus clientes e mercados. Em um segundo momento, ela precisa conhecer as necessidades e expectativas dos seus clientes atuais e potenciais, além dos ex-clientes. E para a organização ser conhecida por aqueles clientes e mercados já identificados, precisa-se definir suas estratégias para ouvir e aprender com os diferentes grupos de clientes e segmentos do mercado. Segundo Kotler (1986), é mais fácil compreender um mercado em particular se houver um conhecimento funcional das importantes características institucionais de cinco tipos de mercados: o mercado consumidor (ou de bens de consumo), o mercado produtor (ou de bens de produção), o mercado revendedor, o mercado governamental e o mercado internacional. Já para a FNQ (2007, p.10), “um conhecimento maior dos mercados, dos clientes e de suas necessidades e expectativas passou a ser básico para poder oferecer realmente aquilo que os clientes querem”. Alguns atributos e características dos produtos, tais como, garantias, assistência técnica, entrega e cortesia no atendimento, entre outros, deixaram de ser diferenciais competitivos e já fazem parte dos requisitos explícitos ou não dos clientes. Para a FNQ (2007), as práticas de gestão utilizadas para identificar as necessidades e expectativas dos clientes devem estar diretamente relacionadas às estratégias da organização para que se tornem eficazes. Para produtos personalizados, por exemplo, é comum a organização usar uma ferramenta que acumule rapidamente informações sobre as necessidades dos clientes e as coloque disponíveis para os responsáveis por desenvolver, produzir e entregar o produto. Juran (1990) propõe um roteiro para o planejamento da qualidade em seis passos (figura 7). FIGURA 7 – O PLANEJAMENTO DA QUALIDADE 31 Identificar os clientes Determinar as necessidades dos clientes Traduzir para a linguagem da organização Desenvolver características do produto Desenvolver processos Transferir para operações FONTE: JURAN, 1990. Observa-se que os dois primeiros passos são “identificar os clientes” e “determinar as necessidades dos clientes”; dessa forma, a organização estará mais próxima do ponto de poder fornecer aquilo que o cliente realmente quer, podendo desenvolver as características do produto, processos e operações. 4.3.3.2 Relacionamento com clientes Segundo a FNQ (2000), o relacionamento com o cliente é um recurso potencialmente importante para o entendimento e a gestão das expectativas dos clientes e para o desenvolvimento de novos negócios. Ele aborda ainda o processo de gestão das reclamações e das sugestões. A FNQ ressalta, ainda, que devem ser examinados a maneira como a organização avalia a satisfação, a fidelidade e a insatisfação dos clientes e a 32 satisfação em relação à concorrência. E esses aspectos avaliados são informações de grande importância para a gestão da organização, em um ambiente competitivo. Para Churchill (2000), há pelo menos dois tipos de relações que as empresas podem ter como os clientes: relacionamentos diretos e relacionamentos indiretos. Nos relacionamentos diretos, os fornecedores conhecem seus clientes pelo nome e podem comunicar-se diretamente com eles. Já nos relacionamentos indiretos as relações em que os fornecedores não conhecem os clientes individuais pelo nome, mas os produtos desses fornecedores têm significado para os clientes. O mesmo autor comenta, ainda, que os profissionais de marketing devem considerar não só o valor que seus produtos e serviços oferecem, mas, também, se eles oferecem valor superior em relação aos produtos e serviços dos concorrentes. Caso isso não ocorra e se não houver nenhuma estratégia disponível para corrigir a situação, a empresa e o profissional de marketing podem ter dificuldade para sobreviver a longo prazo. 4.3.4 Sociedade Para a FNQ (2007) a estruturação do critério “Sociedade” está baseada principalmente, no fundamento “Responsabilidade Social”, que pressupõe o reconhecimento da comunidade e da sociedade como partes interessadas da organização. O valor da organização depende de sua credibilidade perante a sociedade e de seu reconhecimento público. Diante disso, “o zelo com a imagem perante a sociedade é elemento fundamental para o sucesso e a perenidade da organização” FNQ (2007, p. 6). Valle (2004, p. 28) relata que, para a organização ter um desenvolvimento sustentável deve “atender às necessidades da geração atual sem comprometer o direito das futuras gerações atenderem a suas próprias necessidades”. O desenvolvimento sustentável deve, portanto, assegurar as necessidades econômicas, sociais e ambientais, sem comprometer o futuro de nenhuma delas. Para a FNQ (2007 p. 6) a responsabilidade socioambiental visa a “importância de minimizar quaisquer impactos negativos que seus processos, produtos e instalações possam representar para a sociedade, bem como para a 33 conservação dos recursos e a preservação dos ecossistemas”. É importante destacar que esses conceitos devem ser considerados durante todo ciclo de vida do produto, ou seja, desde o projeto até a disposição final. Este critério aborda, também, ética e desenvolvimento social. Para Bateman e Snell (1998 p.142) “ética é o sistema de regras que governa a ordenação de valores”, sendo valores os princípios de conduta como proteção, honestidade, responsabilidade, manutenção de promessas, busca de excelência, lealdade, justiça, integridade, respeito pelos outros e cidadania responsável. 4.3.4.1 Responsabilidade socioambiental Segundo a FNQ (2007), este critério enfoca como a organização contribui para o desenvolvimento sustentável, por meio da minimização dos impactos negativos potenciais de seus produtos, processos e instalações na sociedade, e pela forma como envolve as partes interessadas nas questões relativas à responsabilidade socioambiental. É importante destacar que o item trata dos impactos tanto sociais como ambientais desde o projeto até a disposição final. Para Harrington e Knight (2001) o sistema de gestão inclui todos os procedimentos e práticas relativos a gestões ambientais da organização e todas as pessoas da organização, cujas ações podem ter ou têm impacto ambiental. Os mesmos autores apontam, ainda, algumas vantagens de um bom sistema de gestão ambiental (SGA) (p. 74): • O SGA organizacional é aceito internacionalmente. • O SGA oferece uma base para todas as atividades de melhoria organizacional. • Possibilita assegurar que os ganhos com a melhoria sejam captados e internalizados. Já para Valle (2004), os conceitos de responsabilidade social e de qualidade ambiental, podem caminhar juntos, para benefício da sociedade e da imagem da empresa que os pratica e consiste, também, em um conjunto de medidas e 34 procedimentos bem definidos que, se adequadamente aplicados, permitem reduzir e controlar os impactos introduzidos por um empreendimento sobre o meio ambiente. Valle destaca, ainda, a disseminação dos conceitos de garantia da qualidade e responsabilidade social, a gestão ambiental que passou a ocupar uma posição de destaque entre essas funções organizacionais, não somente pela contribuição positiva que agrega à imagem da empresa, mas também pelos efeitos danosos que um mau desempenho ambiental pode causar a essa imagem. Em conseqüência disso, a qualidade ambiental tornou-se parte dos valores cultivados pela organização e desempenha, portanto, papel importante na estruturação e manutenção de sua imagem. 4.3.4.2 Ética e desenvolvimento social Segundo o Instituto Ethos apud. FNQ (2007, p. 14) “A ética é à base da responsabilidade social, expressa nos princípios e valores adotados pela organização. Não há responsabilidade social sem ética nos negócios”. Portanto, as organizações que buscam a incorporação do fundamento responsabilidade social devem manter práticas que assegurem um relacionamento ético com todas as partes interessadas e com os concorrentes. Uma prática usualmente adotada é a formalização de um código de ética, que explicita os princípios adotados pela organização e as regras de comportamento a serem mantidas pelos seus representantes. Normalmente, esse código de ética é divulgado tanto interna como externamente. Para Bateman e Snell (1998), o objetivo da ética e identificar tanto as regras que deveriam governar o comportamento das pessoas quanto os “bens” que vale a pena buscar. Todas as decisões éticas são guiadas pelos valores subjacentes de cada pessoa. Assim, ética é o sistema de regras que governa a ordenação de valores. Bateman e Snell (1998) destacam, ainda, que os códigos de ética, são um dos sinais mais visíveis do compromisso corporativo com o comportamento ético. Os códigos de ética devem ser cuidadosamente escritos e ajustados às filosofias individuais das empresas. A maioria dos códigos de ética aborda assuntos como 35 conduta dos empregados, comunidade e meio ambiente, acionistas, consumidores, fornecedores e prestadores de serviços, atividade política e tecnologia. Os mesmos autores relatam que a responsabilidade social da empresa é a extensão do papel empresarial, além dos objetivos econômicos. No entanto Maximiano (2000) relata que a responsabilidade social deve pautar sua ação pelo princípio do estágio pós-convencional da sociedade. Ou seja, o princípio da responsabilidade social baseia-se na premissa de que as organizações são instituições sociais, que existem com autorização da sociedade, e que utilizam os recursos da sociedade e afetam a qualidade de vida da sociedade. 4.3.5 Informações e Conhecimento Segundo a FNQ (2000), o critério Informações e conhecimento examinam a gestão e a eficácia da utilização das informações da organização e das informações comparativas para apoiar os principais processos e a gestão do desempenho da organização. O critério também examina como os indicadores de desempenho são desenvolvidos, integrados e correlacionados e como é analisado criticamente o desempenho da organização. Também é examinado como as práticas associadas à gestão das informações da organização, à gestão das informações comparativas e à análise crítica do desempenho da organização são avaliadas e melhoradas. Para Certo e Peter (1993), para se obter sucesso no controle estratégico, a administração deve ter informações válidas e confiáveis que reflitam as diversas medidas de desempenho organizacional. Sem tais informações, as atitudes tomadas para exercer o controle estratégico serão altamente subjetivas e terão pouca chance de melhorar consistentemente o desempenho organizacional. As informações são vitais ao controle estratégico bem-sucedido. De acordo com McGee e Prusak (1994), informação válida e abrangente sobre o ambiente externo e também sobre o estado atual da organização é apenas um aspecto da contribuição da informação para definição de uma estratégia competitiva. A informação e a tecnologia da informação são também recursos a serem desenvolvidos juntamente com o capital, mão-de-obra e outros recursos envolvidos na definição de uma estratégia. 36 Os mesmos autores relatam (1994, p. 34) que “o papel da informação na definição de uma estratégia competitiva é simplesmente uma questão de perspectiva”. Já para a FNQ (2007), o critério informações e conhecimento traduzem, primordialmente, o fundamento da excelência orientada por processos e informações, pois determina a tomada de decisões na organização com base em medições e análise do seu desempenho e de outros fatos e dados dos ambientes interno e externo. Esse critério aborda as informações mais importantes e sua respectiva gestão, bem como as análises utilizadas para um gerenciamento eficaz da organização e para impulsionar a melhoria de seu desempenho e da competitividade. Esse critério pode ser considerado como o centro de inteligência ou o “cérebro” da organização, para o alinhamento das operações com as diretrizes estratégicas. 4.3.5.1 Informações da organização De acordo com a FNQ (2000), o critério informações da organização aborda a seleção, a obtenção, a utilização e a atualização das informações da organização, em apoio às metas globais do negócio, com forte ênfase na gestão de processo e na melhoria do desempenho. De uma forma geral, representa um dos principais alicerces para as organizações orientadas para o desempenho e que efetivamente utilizam informações financeiras e não-financeiras, e como cada tipo se relaciona com os principais processos e metas da organização. Segundo a FNQ (2007, p. 7), são cinco processos gerenciais importantes utilizados pela organização na gestão das informações: • Identificação das necessidades das informações; • Implementação de sistemas de informação que as atendam; • Atualização tecnológica dos sistemas desenvolvidos; • Disponibilização das informações aos usuários; e • Segurança das informações. 37 O mesmo autor relata ainda, que são necessárias para apoiar os principais processos, a tomada de decisão e a melhoria do desempenho da organização, bem como a descrição de como as práticas associadas à gestão das informações da organização são avaliadas e melhoradas. Para Certo e Peter (1993), as informações das atividades organizacionais são um pré-requisito estratégico bem-sucedido. Reconhecendo a importância de adquirir e aplicar tais informações, a maioria das organizações estabelece sistemas de informações administrativas e sistemas de apoio às decisões administrativas. Uma vez estabelecido, os sistemas de informações devem ser constantemente monitorados para garantir seu funcionamento apropriado. 4.3.5.2 Informações comparativas Segundo FNQ (2007) informações comparativas permitem que a organização conheça o seu grau de competitividade e de excelência, a partir da comparação externa de seus resultados financeiros e não-financeiros; identifique diferenciais favoráveis e desfavoráveis a serem tratados; e possibilite o estabelecimento de metas baseadas em fatos. Permitem também encontrar, por meio da prática do benchmarking7, novos insights8 na configuração de seus produtos e processos, operacionais e gerenciais, potencializando o aprendizado e a inovação. Isso significa que, para alcançar níveis de excelência e aumentar a competitividade, não basta assegurar a melhoria contínua dos resultados, produtos e processos, é preciso olhar com atenção para o mercado e realizar comparações para conhecer o nível de excelência ou de competitividade alcançado e para evidenciar oportunidades de melhoria. No entanto McGee e Prusak (1994) relatam que as informações afetam a definição da estratégia tanto como um dado vital para o processo de planejamento quanto uma variável essencial da definição de estratégia. A informação e a tecnologia da informação têm sido utilizadas com significativa vantagem competitiva na execução de processos vitais de negócios. 7 Benchmarking: tempo um processo contínuo de comparação dos produtos, serviços e práticas empresarias entre os mais fortes concorrentes ou empresas reconhecidas como líderes. 8 Insights: Descoberta súbita da solução de um problema, da estrutura de uma figura ou de um objeto percebido; compreensão repentina de uma situação; intuição. 38 Para a FNQ (2000), esse item aborda os impulsionadores externos de melhoria, isto é, informações relativas à posição competitiva e às melhores práticas disponíveis no mercado. Tais informações, normalmente, têm tanto valor operacional quanto estratégico. 4.3.5.3 Ativos intangíveis Para a FNQ (2007), os ativos intangíveis que geram diferenciais competitivos, também denominados “capital intelectual”, necessitam de um foco gerencial específico para a organização poder tratar a questão de forma objetiva e prática, com foco em resultados, em vez de adotar uma abordagem conceitual e filosófica, que pode levar a projetos ambiciosos demais e direcionados apenas para a gestão do conhecimento, esquecendo-se do desenvolvimento de outros ativos, que podem, conforme o perfil do negócio, ser até mais importantes e mais fáceis de serem tratados. Segundo Kaplan e Norton (1997), a avaliação dos ativos intangíveis e capacidades da empresa seria particularmente útil, visto que, para o sucesso das empresas da era da informação, eles são mais importantes do que os ativos físicos e tangíveis. Os mesmos autores relatam, que os ativos intangíveis permitem que sua empresa (1997, p.4): • Desenvolva relacionamentos que conservem a fidelidade dos clientes existentes e permitam que novos segmentos de clientes e áreas de mercado sejam atendidos com eficácia e eficiência. • Lance produtos e serviços inovadores desejados por seus clientes alvo. • Produza bens e serviços customizados de alta qualidade a preços baixos e com ciclos de produção mais curtos. • Mobilize a habilidade e a motivação dos funcionários para a melhoria contínua de processos, qualidade e os tempos de resposta. • Utilize tecnologia da informação, bancos de dados e sistemas. 39 Para a FNQ (2007), o item ativos intangíveis aborda o tema de forma objetiva, por meio de quatro processos gerenciais importantes: • Identificação dos ativos intangíveis geradores de diferenciais competitivos; • Desenvolvimento dos ativos; • Manutenção e proteção de ativos; • Desenvolvimento e manutenção do conhecimento. 4.3.6 Pessoas Para a FNQ (2007) a estruturação deste critério está baseada principalmente no fundamento “Valorização das pessoas” que relaciona o desempenho da organização com a capacitação, motivação e bem-estar da força de trabalho, bem como com um ambiente propício à participação e ao desenvolvimento. Os requisitos deste critério estão baseados também nos fundamentos “Geração de Valor”, “Pensamento Sistêmico” e “Aprendizado Organizacional”. Segundo Mikovich e Boudreau (2000, p.19) “ainda que as instalações físicas, os equipamentos e os recursos financeiros sejam necessários para a organização, as pessoas – os recursos humanos – são particularmente importantes”. Para os autores, são os recursos humanos que trazem o brilho de criatividade para a empresa. As pessoas planejam e produzem os produtos e serviços, controlam a qualidade, vendem os produtos, alocam recursos financeiros e estabelecem as estratégias e objetivos para a organização. Para a FNQ (2007) este critério reúne em seus itens os requisitos voltados a selecionar, integrar, e organizar as pessoas e gerenciar seu desempenho; capacitar e desenvolver; e manter o ambiente de trabalho, de forma a assegurar a utilização plena do potencial das pessoas que compõem a força de trabalho, em alinhamento com as estratégias organizacionais. 40 4.3.6.1 Sistema de trabalho Segundo a FNQ (2007) este item identifica as formas como a organização proporciona à sua força de trabalho as condições para definir e executar seus processos. Inclui como as pessoas são organizadas, visando assegurar condições adequadas de trabalho no que se refere a aspectos como cooperação, comunicação, autonomia, estrutura de cargos e outros. Esses aspectos são reconhecidos como importantes para que as pessoas tenham a possibilidade de utilizar plenamente seu potencial. Os requisitos deste item incluem também as práticas voltadas à seleção, contratação e integração de novos membros da força de trabalho, bem como ao gerenciamento do desempenho, reconhecimento e remuneração. Para Milkovich e Boudreau (2000), o trabalho e a forma de sua organização são vitais para a administração de Recursos Humanos. As habilidades e as experiências requeridas para o desempenho de uma função orientam o tipo de educação e treinamento que as pessoas procuram. Em sentido amplo, a função exercida estabelece a remuneração que o individuo recebe e, por isso, a qualidade de sua vida financeira. Para os mesmos autores (p. 73) “muitas pessoas encontram no trabalho sua realização pessoal e seu status social”. Decisões organizacionais básicas, como qual tecnologia empregar, qual estratégia adotar ou que desenho de organização deve ser usado, determinam a natureza do trabalho. Segunda a FNQ (2007) um sistema organizacional é composto por diversos subsistemas inter-relacionados e interdependentes. O desempenho de uma organização depende, entre outros aspectos, do nível de entendimento que as pessoas que nela atuam tenham das relações de interdependência entre os diversos componentes da mesma e da forma como perseguem os mesmos objetivos. Isso implica a necessidade de uma comunicação eficaz e de cooperação entre todas as pessoas, mesmo que trabalhem em áreas e localidades diferentes. Como exemplo da importância deste fato, pode-se citar que em uma organização todas as pessoas executam processos em que são clientes ou fornecedores umas das outras. Portanto, deve haver canais de relacionamento eficazes para a transmissão das 41 necessidades e expectativas entre as mesmas. Esses canais devem também ser utilizados para realimentação, comunicação do nível de satisfação e outras informações normais na relação cliente-fornecedor. Para a FNQ, outro exemplo da importância da comunicação e da cooperação diz respeito ao trabalho em grupo, muitas vezes, os grupos de trabalho de uma organização requerem que sua composição seja multifuncional ou, ainda, que contenham pessoas de diferentes localidades, e o resultado do trabalho depende do grau em que as pessoas conseguem se comunicar e colaborar umas com as outras, independentemente da distância geográfica ou das áreas a que estejam vinculadas. 4.3.6.2 Capacitação e desenvolvimento Segundo a FNQ (2007, p.19), para assegurar que a força de trabalho possa utilizar plenamente seu potencial de contribuição, a organização deve proporcionar a capacitação e o desenvolvimento adequados. Isso deve ser feito tanto para as pessoas que ingressam na força de trabalho quanto para os integrantes da mesma, à medida que estes evoluem na carreira e ocupam diferentes posições dentro da organização. É importante fazer uma distinção entre "capacitar" e "desenvolver": • Capacitar - dotar a pessoa dos conhecimentos e habilidades necessários para a correta realização das tarefas sob sua responsabilidade; ou seja, torná-la capaz de realizar essas atividades; • Desenvolver - proporcionar evolução contínua da capacidade da pessoa, de modo a fazer com que ela seja capaz de executar atividades cada vez mais complexas, proporcionando condições de evolução profissional. Para Chiavenato (2005) para poder distribuir os níveis adequados de autoridade e responsabilidade por toda a organização, torna-se necessário fortalecer todos os seus membros. Isso proporciona melhor controle. O elemento essencial de controle é a auto-estima das pessoas. O grau de controle manifestado pelas pessoas com elevada auto-estima é muito grande, enquanto o manifestado pelas pessoas com baixa auto-estima é mínimo. O empowerment – ou delegação – 42 aumenta o controle, incrementa a auto-estima e impulsiona a qualidade dentro da organização. Para o mesmo autor (2005, p.154) “empowerment é um conceito do qual muito se fala, mas pouco se pratica”. Seu objetivo é simples: transmitir responsabilidade e recursos para todas as pessoas a fim de obter a sua energia criativa e intelectual, de modo que possam mostrar a verdadeira liderança dentro de suas próprias esferas individuais de competência. Existem alguns princípios para fazer a delegação para as pessoas: 1. Dar às pessoas um trabalho que façam elas se sentir importante. 2. Dar às pessoas plena autoridade e responsabilidade, independência e autonomia em suas tarefas e recursos. 3. Permitir que as pessoas tomem decisões a respeito de seu trabalho. 4. Dar visibilidade às pessoas e proporcionar reconhecimento por seus esforços e resultados. 5. Construir relacionamentos entre as pessoas, ligando-as com pessoas mais importantes e apoiando-as através de líderes e impulsionadores. 6. Mover a informação em todos os níveis. Informação é poder e habilita as pessoas a pensar e agir melhor. 7. Pedir a opinião das pessoas a respeito dos assuntos de trabalho. Fazer com que elas se sintam as donas dos processos de trabalho. Fazer com que elas tenham orgulho de pertencer à organização. 8. Acentuar a colaboração e o espírito de equipe. Delegar encargos às pessoas e as equipes. 9. Ajudar as pessoas delegadas a delegar às demais. Estender a delegação a todos os níveis e áreas da organização. Transformar as velhas regras e regulamentos em meios para divulgar a informação, opiniões e idéias por toda a organização. Para Chiavenato (2005, p.155) “o segredo é utilizar todo o seu pessoal, todas as habilidades, todo o tempo. Dar autoridade e recursos às pessoas e deixálas agir”. 43 4.3.6.3 Qualidade de vida Segundo a FNQ, em coerência com o fundamento “Valorização das Pessoas”, é esperado que as organizações que buscam a excelência dêem grande prioridade à preservação da integridade física de sua força de trabalho, razão pela qual as práticas voltadas para a saúde ocupacional, segurança e ergonomia devem ser tratadas com atenção. Para isso, as empresas devem estabelecer métodos que identifiquem os perigos e riscos envolvidos em suas operações e definam formas de reduzir sua importância ou, mesmo, de eliminar os riscos. A legislação brasileira contém exigências relativas a saúde ocupacional, segurança e ergonomia, o que já assegura a existência de algumas práticas mínimas, tais como o PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional) e o PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais). Para Chiavenato (2005) “a higiene do trabalho está relacionada com as condições ambientais de trabalho que asseguram a saúde física e mental e com as condições de bem-estar das pessoas”. Do ponto de vista de saúde física, o local de trabalho constitui a área de ação da higiene do trabalho, envolvendo aspectos ligados a exposição do organismo humano a agentes externos como ruído, ar, temperatura, umidade, luminosidade e equipamentos de trabalho. Assim, um ambiente saudável de trabalho deve envolver condições ambientais físicas que atuem positivamente sobre todos os órgãos do sentidos humanos e do ponto de vista de saúde mental, o ambiente de trabalho deve envolver condições psicológicas e sociológicas saudáveis e que atuem positivamente sobre o comportamento das pessoas, evitando impactos emocionais como estresse. Para a FNQ (2007) a organização precisa estabelecer formas de avaliar o bem-estar, a satisfação e a motivação, de modo a assegurar a contínua adequação de suas práticas, bem como de orientar a melhoria contínua das mesmas. Os instrumentos utilizados para essa avaliação devem, obrigatoriamente, cobrir os fatores que afetam o bem estar, a satisfação e a motivação das pessoas. Além disso, esses instrumentos devem cobrir todas as categorias de pessoas da força de trabalho. 44 4.3.7 Processos De acordo com a FNQ (2007), este critério aborda a gestão dos processos da organização que agregam valor de uma forma geral. Mais especificamente, considera os processos que agregam valor diretamente para os clientes, os processos de apoio, os processos de relacionamento com os fornecedores e os processos econômico-financeiros da organização. A gestão por processos une as pessoas da organização, criando um ambiente agradável, cooperativo e produtivo, o qual assegura os resultados da organização. Já para Chase et al. (2006) um processo é qualquer parte de uma organização que transforma as entradas em saídas que, espera-se, tenham um valor maior para a organização do que as entradas originais. Segundo FNQ (2000), o critério gestão de processos examina os principais aspectos da operação da organização, incluindo o projeto do produto com foco no cliente, a produção, os processos de apoio e aqueles relativos aos fornecedores, em todos os setores e unidades. Examina, portanto, como os principais processos são projetados, executados, analisados e melhorados para atender às necessidades dos clientes e para aprimorar o desempenho global da organização. Também é examinado como as práticas associadas à gestão dos processos são avaliadas e melhoradas. Para Chase et al. (2006, p. 115), “é recomendável categorizar os processos para descrever como um processo é projetado”. Ao categorizar um processo rapidamente, pode-se mostrar as similaridades e as diferenças entre os processos. Segundo Davis et al. (2001), o critério Processos aborda como uma organização deve ser compatível com as exigências do consumidor, no nicho de mercado específico que ela está tentando servir. Por fim a FNQ (2000), relata que a abordagem de enfoque referente à melhoria da gestão de processos tem como principal finalidade examinar como as organizações aprendem com as suas práticas de gestão, utilizando, para tanto, métodos sistemáticos que incluem a definição, o acompanhamento e a análise crítica de indicadores específicos. 45 4.3.7.1 Processos principais do negócio e processos de apoio Segundo a FNQ (2007, p.6), “este item trata dos processos que geram os produtos e serviços da organização, entregues aos seus clientes, e os processos que suportam a execução destes processos de produção dos produtos e serviços”. Para Chase et al. (2006) entender como os processos funcionam é essencial para garantir a competitividade de uma empresa. “Um processo que não atende às necessidades punirá a empresa toda vez que este operar” (p.112). Para a FNQ (2007) os processos da organização precisam ser conhecidos, principalmente os de agregação de valor, para que a filosofia do fundamento da excelência “Orientação por processos e informações” possa ser efetivamente praticada na organização. Por meio dos processos de agregação de valor, a organização gera benefícios para os seus clientes, para o seu negócio e para as outras partes interessadas, para que possam adquirir os produtos ou serviços da organização para a satisfação das suas necessidades e expectativas. Diante disso, a FNQ (2007) relata que, outro ponto relevante é a questão da agregação de valor pelos processos. “Qualquer processo, do mais simples ao mais complexo, tem que agregar valor; ou seja, sua saída tem que ser mais valorizada que as suas entradas” (p.8). O processo em si é, efetivamente, uma atividade de transformação, que trabalha ou processa as entradas, agregando, principalmente, a mão-de-obra envolvida no processo, o que faz com que a saída tenha um valor maior do que a entrada, ou entradas, do respectivo processo. “Qualquer processo que não agregue valor deve ser considerado como desnecessário na organização e prontamente eliminado” (p.8). Para Corrêa e Corrêa (2004) a partir das necessidades e expectativas dos clientes, de outras partes interessadas e dos correspondentes requisitos de processo, os processos principais do negócio e de apoio precisam ser projetados para assegurar o atendimento destas necessidades e expectativas. “Os projetos do produto e do processo que o produzirá são vistos cada vez mais como atividades inter-relacionadas que devem ser tratadas paralelamente, mais do que de forma seqüencial” (p. 320). Os processos muitas vezes restringem as possibilidades dos 46 projetistas de produto da mesma forma que pequenas alterações de projeto nos produtos podem repercutir em substanciais alterações nos processos que produzem. Segundo a FNQ (2007, p.20) “os processos principais do negócio e os processos de apoio, além de monitorados, precisam ser analisados e melhorados”. O monitoramento visa garantir o atendimento de seus requisitos e das necessidades das partes interessadas. Além do monitoramento, é necessário proceder a uma análise de cada um dos processos principais do negócio e dos processos de apoio, com o objetivo de identificar oportunidades para promover melhorias nestes processos e a efetiva implementação de melhorias ou inovações nos mesmos. 4.3.7.2 Processos de relacionamentos com fornecedores Para a FNQ (2007, p.22) “este item trata do relacionamento com os fornecedores da organização no que tange às matérias-primas, aos produtos, materiais ou serviços adquiridos”, ou seja, contempla o desenvolvimento da cadeia de suprimento, a seleção e qualificação dos fornecedores, a disponibilidade do fornecimento, o atendimento aos requisitos da organização, o envolvimento dos fornecedores com os valores e princípios organizacionais e a minimização dos custos associados ao fornecimento. Segundo a FNQ (2007, p.22) “o fornecedor é qualquer pessoa física ou jurídica que fornece um produto ou serviço à organização. Pode ser um produtor, um distribuidor, um varejista ou um comerciante que forneça produtos, materiais, serviços ou informações”. Para Ballou (1993), da mesma forma que existe um canal de distribuição para os fluxos de produtos e informações na distribuição física, há um canal semelhante no suprimento físico. As atividades identificadas no canal de suprimento podem ser consideradas fundamentais para administração de materiais, pois elas afetam principalmente a economia e a eficácia do movimento de matérias. Para a FNQ (2007, p.22) “a cadeia de suprimento é composta pelo fluxo de produtos, serviços e informações. Vai desde o fornecedor até o cliente”. A organização deve identificar os seus potenciais fornecedores e, em decorrência, 47 desenvolver a sua cadeia de suprimento, podendo ser classificada em três categorias distintas: • Cadeia de Suprimentos Total – envolve todas as relações entre os clientes e os fornecedores, desde a extração da matéria prima até a compra do produto pelo consumidor final. • Cadeia de Suprimentos Imediata – envolve os fornecedores e os consumidores com os quais a empresa faz negócio diretamente. • Cadeia de Suprimentos Local – envolve os fluxos internos de materiais, serviços e informações entre departamentos ou setores de produção. Segundo a FNQ (2007) a seleção de fornecedores é um processo de escolha entre os potenciais fornecedores previamente identificados, segundo critérios de seleção definidos, dentro do mercado de atuação da organização. A qualificação de um fornecedor traduz um processo de aprovação do fornecedor, previamente selecionado, segundo critérios de qualificação definidos pela organização. “O critério de seleção é composto por requisitos que o fornecedor deve ter ou cumprir para ser elegível à qualificação na organização. O critério de qualificação é formado por requisitos que o fornecedor selecionado deve cumprir para ser aprovado, efetivamente, como fornecedor da organização” (p.24). 4.3.7.3 Processos econômico-financeiros Segundo a FNQ (2007), a gestão econômico-financeira compreende o conjunto de todas as atividades coordenadas para dirigir e controlar uma organização no que diz respeito às suas finanças. Engloba o gerenciamento dos aspectos relacionados à sustentação econômica do negócio, os recursos financeiros para atender às necessidades operacionais, a definição de recursos para a realização de investimentos, os riscos financeiros e o orçamento, entre outros. De acordo com Chase et al. (2006), se as empresas usam retorno sobre o investimento, retorno sobre o capital empregado, ou alguma outra medida baseada no valor como o objetivo financeiro de alto nível, elas têm duas estratégias básicas para direcionar o desempenho financeiro: “crescimento e produtividade”. A 48 estratégia de crescimento da receita foca no desenvolvimento de novas fontes de receita e rentabilidade. Já a estratégia da produtividade geralmente rende resultados mais rapidamente do que a estratégia de crescimento. Kaplan e Norton apud Chase et al. (2006), “enfatizam uma abordagem equilibrada para certificar-se de que as reduções nos custos e nos ativos não comprometam as oportunidades de crescimento de uma organização”. Para Davis et al. (2001, p.104), “as decisões econômicas de investimento de capital têm sido altamente racionalizadas, conforme evidenciado pela variedade de técnicas que são disponíveis atualmente”. Por fim a FNQ (2007) destaca que a organização deve garantir os recursos financeiros necessários às necessidades operacionais e à manutenção de um fluxo financeiro equilibrado. As necessidades operacionais decorrem das atividades relacionadas aos processos principais do negócio e aos respectivos processos de apoio. É a necessidade financeira para manter o funcionamento do negócio. É composto pelas entradas financeiras, provenientes das vendas e outras receitas, e as saídas financeiras resultantes das despesas da organização. 4.3.8 Resultados Para a FNQ (2000), o critério “resultados” da organização examina a evolução do desempenho da organização em relação à satisfação dos clientes, ao mercado, às finanças, às pessoas, aos fornecedores, ao produto e aos processos organizacionais. São também examinados os níveis de desempenho da organização em relação aos concorrentes e às informações comparativas pertinentes. A FNQ comenta ainda, que o critério busca balancear os resultados financeiros com os não-financeiros, procurando abordar todas as partes interessadas da organização. Além disso, existe uma abordagem balanceada entre os resultados fim da organização, com os resultados intermediários ou impulsionadores. Segundo a FNQ (2007, p.5), para colocar este critério em prática as organizações devem considerar que: 49 • gerar valor para todas as partes interessadas visa aprimorar relações e assegurar o desenvolvimento da organização; • a organização que age desta forma, enfatiza o acompanhamento dos resultados em relação às metas, a comparação destes com referenciais pertinentes e o monitoramento da satisfação de todas as partes interessadas, obtendo sucesso de forma sustentada e adicionando valor para todas elas; • a geração de valor depende cada vez mais dos ativos intangíveis, que atualmente representam a maior parte do valor das organizações; • o conhecimento tático oriundo do trabalho em redes formais e informais também deve ser considerado. De acordo com Robbins e Coulter (1998), os resultados de uma organização são influenciados por uma variedade de fatores externos ao controle da administração. Estes incluem a economia, políticas governamentais, ações dos competidores, a situação da indústria em questão, o controle de tecnologia patenteada e decisões tomadas pelos administradores da organização. Por fim a FNQ (2007) comenta que a organização deve apresentar os resultados que propiciam a avaliação da satisfação dos clientes, do desempenho no mercado, do desempenho financeiro global, bem como do desempenho da gestão de pessoas, dos fornecedores, dos produtos e de todos os principais processos da organização. O critério Resultados analisa os resultados dos principais aspectos de cada critério do PNQ. Pode-se observar no quadro 1 uma visão resumida de cada critério. 50 QUADRO 1 – VISÃO RESUMIDA DOS CRITÉRIOS DO PNQ CRITÉRIO LIDERANÇA ESTRATÉGIAS E PLANOS PRINCIPAIS ASPECTOS Preconiza o comprometimento dos líderes com os valores e princípios da organização com as estratégias, com o sistema de gestão para a excelência e com a criação de um ambiente organizacional que estimule as pessoas a realizar um propósito comum e duradouro. Determina os elementos de análise do ambiente externo para compreensão dos fatores que afetam o negócio e o mercado de atuação no curto e no longo prazo, assim como o delineamento das perspectivas futuras, proporcionando elementos para traduzir a visão da organização em estratégias e planos concretos para alcançá-la, com comprometimento das pessoas. CLIENTES Preconiza a criação e entrega de valor para o cliente de forma sustentada e maior competitividade nos mercados. Isso se dá por meio do conhecimento e entendimento destas duas entidades: cliente e mercado. SOCIEDADE Pressupõe o reconhecimento da comunidade e da sociedade como partes interessadas da organização. O valor da organização depende de sua credibilidade perante a sociedade e de seu reconhecimento público. Por esta razão, o zelo com a imagem perante a sociedade é elemento fundamental para o sucesso e a perenidade da organização. INFORMAÇÕES E CONHECIMENTO PESSOAS PROCESSOS Determina a tomada de decisões na organização com base em medições e análise do seu desempenho e de outros fatos e dados dos ambientes interno e externo. A organização deve dispor de sistemas de informação adequados para essa finalidade e usar sistematicamente informações comparativas. Relaciona o desempenho da organização com a capacitação, motivação e bem-estar da força de trabalho, bem como um ambiente propício à participação e ao desenvolvimento. Aborda a gestão dos processos da organização que agregam valor de uma forma geral. Mais especificamente, considera os processos que agregam valor diretamente para os clientes, os processos de apoio, os processos de relacionamento com os fornecedores e os processos econômico-financeiros da organização. Orienta a organização para a compreensão e gerenciamento por meio de processos, obtendo-se, em decorrência, o pleno domínio dos recursos empregados pela organização, a previsibilidade dos seus resultados, a evolução do seu desempenho e a implementação sistemática de inovações e melhorias. FONTE: OS AUTORES BASEADO NO PNQ, 2007 Para que seja possível a verificação do alcance dos objetivos estabelecidos, bem como, da verificação do “grau” de adesão das organizações aos princípios e critérios da FNQ, é importante que sejam feitas auditorias da sistemática de gestão, as quais atuam como instrumentos para a melhoria da qualidade e produtividade das organizações (Maranhão, 2001). 51 4.4 AVALIAÇÃO DE SISTEMAS DE GESTÃO Segundo Holmes apud. Motta (1988, p.15), “a auditoria é o exame de demonstrações e registros administrativos. O auditor observa a exatidão, integridade e autenticidade de tais demonstrações, registros e documentos”; ou seja, o avaliador tem como objetivo expressar uma opinião sobre a situação patrimonial, financeira e resultado das operações e demais processos de determinado período de uma organização através de um sistema que garanta a verificação dos resultados com maior exatidão. Já para Magalhães et al. (2001), a avaliação permite um registro do trabalho executado e oferece segurança contra possíveis omissões, identificando, assim, a responsabilidade de execução de cada área, além de proporcionar a revisão e a avaliação do exame procedido. Antes da realização da avaliação em si, é necessário a elaboração ou a utilização de um sistema existente que possa viabilizar a análise da organização. Desta forma, Likert (1975) propõe a estruturação e a aplicação de um questionário baseado em seu sistema de avaliação que pode ser usado para descobrir as características atuais da organização e também as características que seus membros têm como ideais. Segundo Likert (1975), existem três amplas categorias de variáveis no sistema de avaliação (p. 41): • Variáveis causais – são aquelas caracterizadas pela independência que trazem em si. Determinam o curso de eventos dentro da organização e os próprios resultados obtidos pela empresa. As variáveis causais podem ser alteradas ou modificadas pela organização e seus dirigentes. As condições gerais dos negócios, embora uma variável independente, não é incluída na lista das causais. As variáveis causais abragem a estrutura da organização e as diretrizes, decisões, estratégias, aptidões e comportamento da administração da firma. • Variáveis intermediárias – são aquelas que refletem a “saúde” interna da organização. São, por exemplo, a lealdade, as atitudes, as motivações, as 52 metas de desempenho individual e a consciência geral da capacidade de todos para uma interação eficaz, perfeita comunicação e correta tomada de decisões. • Variáveis de resultado – são as dependentes, aquelas que refletem as realizações da organização. Exemplo: a produtividade, os custos, os desperdícios no serviço, os lucros obtidos. Segundo Likert apud. Ferreira (2001) é necessário que os resultados obtidos através do questionário sejam analisados de forma que as médias das respostas (numa escala tipo Likert) sejam plotadas em um gráfico que faz menção a cada uma das questões formuladas. Para a realização deste questionário o avaliador deve criar listas de verificação, contendo questões referentes aos sistemas de gestão. Para isso, o avaliador deve ir à organização e analisar evidências objetivas, registros e documentos, desse modo, podendo preencher corretamente estas listas de verificação. A lista de verificação deve ser desenvolvida com base nas práticas de gestão descritas na revisão da literatura a qual deve conter questões baseadas nos fundamentos e critérios para o Prêmio Nacional da Qualidade. A lista de verificação deve ser fundamentada no Ciclo PDCA, onde são desenvolvidas questões de planejamento, de execução, de checagem e de ação. As repostas referentes às práticas administrativas devem ser preenchidas pelos próprios autores, mediante o preenchimento com um “X” em apenas um dos graus (1, 2, 3, 4 ou 5). As respostas devem ser divididas numa escala tipo Likert de quatro pontos, com as seguintes legendas: 1 – não/nunca; 2 – às vezes/raramente; 3 – frequentemente; 4 – sim/sempre; no caso de ocorrer uma situação diferente podemse anotar as possíveis observações e não sendo possível constar/verificar/avaliar deve-se marcar na legenda 5, a qual não será considerada no cálculo das médias das respostas. Para a interpretação das respostas das listas de verificação será utilizado o seguinte critério: se a média aritmética geral de todas as questões de todas as listas de verificação ficar entre 1,00 e 1,49 a organização estará no Sistema 1 de Likert; se 53 a média ficar entre 1,50 e 2,49 a organização estará no Sistema 2; se a média ficar entre 2,50 e 3,49 a organização estará no Sistema 3; e se a média ficar entre 3,50 e 4,00 a organização estará no Sistema 4. Com isso, pode-se saber se a organização está mais próxima do “sucesso” ou do “insucesso”; pois os Sistemas 1 e 2 demonstram que se está mais próximo do “insucesso” e os Sistemas 3 e 4 demonstram que se está mais próximo do “sucesso” (Likert, 1975). 54 5 MÉTODO 5.1 PREÂMBULO Para se obter o devido êxito nos objetivos delineados no presente estudo, estabeleceu-se uma pesquisa, a qual contempla questões variadas acerca de práticas de gestão. A pesquisa proposta teve caráter quantitativo. Nela foram encontradas as médias aritméticas, que resultou na identificação das práticas de gestão adotadas pela empresa Erocut Industrial Ltda. De posse do resultado da análise e da indicação em qual sistema de gestão a empresa se encontra, é possível identificar se as práticas de gestão adotadas estão mais próximas das empresas que alcançaram “sucesso” ou das empresas que não alcançaram o “sucesso”. Pelo fato de apresentar caráter quantitativo, a pesquisa, segundo Richardson et. al. apud Ferreira (2001, p. 61-62), “caracteriza-se pelo emprego da quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento dessas através de técnicas estatísticas”. Para se chegar ao objetivo estabelecido, foram seguidos os seguintes passos metodológicos: a) Geração de uma lista de verificação a ser utilizada no diagnóstico da gestão organizacional. b) Visita à Erocut, a fim de se coletar as evidências objetivas às questões constantes na lista de verificação. c) Tabulação dos dados. d) Conclusões do estudo. 5.2 GERAÇÃO DA LISTA DE VERIFICAÇÃO A lista de verificação foi desenvolvida com base nas práticas de gestão descritas na revisão da literatura e contém questões baseadas nos fundamentos e critérios para o Prêmio Nacional da Qualidade. A lista de verificação foi 55 fundamentada no Ciclo PDCA, onde foram desenvolvidas grupos de questões relativas para cada um dos oito critérios (quadro 2). As respostas foram divididas numa escala tipo “Likert” de quatro pontos, com as seguintes legendas: 1 – não/nunca; 2 – às vezes/raramente; 3 – frequentemente; 4 – sim/sempre; 5 - não foi possível constatar/verificar/avaliar e no caso de ocorrer uma situação diferente pôde-se anotar as possíveis observações. E para constatação de evidências e dados, para cada situação ou critério, foram analisados de três a quatro registros e/ou documentos aleatoriamente, de modo a se certificar das práticas de gestão efetivamente adotadas pela Erocut. QUADRO 2 – MODELO DE LISTA DE VERIFICAÇÃO Respostas CRITÉRIO 1 Questões Observações Não foi possível Não/nunca Às vezes/ raramente Frequentemente Sim/sempre constatar/verificar /avaliar 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 FONTE: OS AUTORES, 2007. As repostas referentes às práticas administrativas foram preenchidas pelos próprios autores, mediante a anotação de um “X” em apenas um dos graus (1, 2, 3, 4 ou 5). Essa lista de verificação foi realizada para questões variadas acerca de práticas de gestão baseadas nos oito critérios do PNQ. Para a tabulação dos resultados foi calculada a média das respostas em cada lista de verificação de cada critério; por fim, foi calculada a média geral de todas as listas de verificação. 56 5.3 COLETA DE DADOS Para a realização desta pesquisa foi considerada a opinião da alta direção, que foi entrevistada pelos autores na empresa em questão, em agosto de 2007, além da citada observação de registros e documentos. A primeira lista de verificação (Quadro 3) avalia às práticas de liderança da organização. QUADRO 3 – CRITÉRIO 1 - LIDERANÇA Questões 1) A organização possui um sistema de avaliação e monitoramento do desempenho da direção e da organização como um todo? 2) A organização possui mecanismos para identificar os riscos empresariais mais significativos que influenciam em seu processo decisório? 3) A organização classifica esses riscos? 4) A organização analisa esses riscos? 5) A organização possui práticas na identificação de novos líderes? 6) A organização possui práticas de formação e desenvolvimento desses líderes? 7) A organização possui um planejamento de sucessão? 8) A organização realiza auditorias financeiras? 9) A organização faz divulgações e relatos financeiros? 10) A organização possui mecanismos para estabelecer padrões de trabalho? 11) A organização possui sistema de verificação dos padrões de trabalho adotados? 12) A organização possui um sistema de aprendizado para avaliar e melhorar as práticas e padrões de trabalho? 13) A organização possui um sistema de desenvolvimento de inovação? 14) Existe na organização uma convergência nas ações relativas a Respostas 1 2 3 4 5 57 todos os setores, unidades e processos, levando-se em consideração as necessidades de todas as partes interessadas? 15) Existe na organização um conjunto de valores e princípios que definam o rumo a ser seguido e que balizem as decisões e as ações das pessoas da organização? 16) A organização possui uma missão declarada? 17) A organização possui uma visão? 18) A organização dissemina sua missão entre todos os setores? 19) A organização dissemina sua visão entre todos os setores? 20) A organização dissemina seus valores entre todos os setores? 21) A organização possui um sistema de análise no qual identifica se sua missão esta sendo cumprida? 22) A organização possui um sistema de análise no qual identifica se suas estratégias estão sendo efetivamente implementadas? 23) A organização possui um sistema de análise no qual identifica se seus objetivos estão sendo alcançados? 24) A organização possui um sistema de análise no qual identifica se sua visão de futuro esta sendo concretizada? 25) A organização possui um sistema de analise de desempenho, através de informações relativas as mudanças no ambiente externo incluindo-se aspectos setoriais, mercadológicos, competitivos, tecnológicos, econômicos, políticos e sociais? FONTE: OS AUTORES, 2007. As questões relativas ao critério “Estratégias e Planos” (Quadro 4), avaliam os elementos de análise do ambiente externo e interno para compreensão dos fatores que afetam o negócio e o mercado de atuação no curto e longo prazo, assim como o delineamento das perspectivas futuras. 58 QUADRO 4 – CRITÉRIO 2 – ESTRATÉGIAS E PLANOS Questões 26) A organização formula suas estratégias de forma a direcionar e fortalecer seu desempenho e sua posição competitiva? 27) A organização desdobra essas estratégias em planos de ação e metas para todos os seus setores e suas unidades? 28) As pessoas da organização tem comprometimento para alcançar as estratégias e planos definidos? 29) A organização possui um planejamento estratégico com base em análise dos cenários orientados para o futuro, que possibilite o desenvolvimento de estratégias com foco no cliente e no mercado? 30) A estratégia formulada é revisada e modificada em função de eventos não previstos? 31) A organização possui uma sistemática de comunicação e o monitoramento das estratégias estabelecidas? 32) As ações de venda são planejadas? 33) As ações de venda são formalizadas? 34) As ações de vendas são implementadas? 35) As ações de marketing são planejadas? 36) As ações de marketing são formalizadas? 37) As ações de marketing são implementadas? 38) As ações de pesquisa e desenvolvimento são planejadas? 39) As ações de pesquisa e desenvolvimento são formalizadas? 40) As ações de pesquisa e desenvolvimento são implementadas? 41) As ações de qualidade são planejadas? 42) As ações de qualidade são formalizadas? 43) As ações de qualidade são implementadas? 44) As ações de manutenção são planejadas? 45) As ações de manutenção são formalizadas? 46) As ações de manutenção são implementadas? Respostas 1 2 3 4 5 59 47) As ações de segurança são planejadas? 48) As ações de segurança são formalizadas? 49) As ações de segurança são implementadas? 50) As ações de recursos humanos são planejadas? 51) As ações de recursos humanos são formalizadas? 52) As ações de recursos humanos são implementadas? 53) As ações responsabilidade social são planejadas? 54) As ações responsabilidade social são formalizadas? 55) As ações responsabilidade social são implementadas? 56) As ações de treinamento são planejadas? 57) As ações de treinamento são formalizadas? 58) As ações de treinamento são implementadas? 59) As ações de investimento e logística são planejadas? 60) As ações de investimento e logística são formalizadas? 61) As ações de investimento e logística são implementadas? FONTE: OS AUTORES, 2007. As questões relativas ao critério “Clientes” (Quadro 5), avaliam a criação e entrega de valor para o cliente de forma sustentada de maior competitividade nos mercados. Isso se dá por meio do conhecimento e entendimento destas duas entidades: cliente e mercado. 60 QUADRO 5 – CRITÉRIO 3 - CLIENTES Questões Respostas 62) A organização busca o entendimento das necessidades do 1 2 3 4 5 cliente e do mercado ? 63) A organização busca o relacionamento com o cliente como sendo uma importante parte da estratégia? 64) A organização mede a satisfação e a fidelidade dos clientes? 65) A organização identifica onde está e onde pretende estar com relação a seus clientes e mercados? 66) A organização conhece as necessidades e expectativas dos seus clientes atuais e potenciais? 67) Na organização existe estratégias para ouvir e aprender com os diferentes grupos de clientes e segmentos de mercado? 68) Na organização as características do produto, dos processos e operações são desenvolvidas a partir da identificação das necessidades dos clientes? FONTE: OS AUTORES, 2007. As questões relativas ao critério “Sociedade” (Quadro 6), avaliam o reconhecimento da comunidade e da sociedade como partes interessadas da organização e avalia também se a organização possui desenvolvimento sustentável. QUADRO 6 – CRITÉRIO 4 - SOCIEDADE Questões Respostas 69) A organização possui responsabilidade social? 1 70) Há um reconhecimento dessa responsabilidade da comunidade e da sociedade como partes interessadas da organização? 71) A organização possui sistema de gestão ambiental possui sistema de gestão ambiental documentado? 72) A organização implementado? 2 3 4 5 61 73) A organização possui um plano de desenvolvimento sustentável em que privilegie uma minimização dos impactos ambientais causados por seus produtos? 74) A organização implementa esse plano de desenvolvimento? 75) A organização possui um plano de desenvolvimento sustentável que privilegie uma minimização dos impactos ambientais causados por seus processos? 76) A organização implementa esse plano de desenvolvimento? 77) A organização possui um plano de desenvolvimento sustentável em que privilegie uma minimização dos impactos ambientais causados por suas instalações na sociedade? 78) A organização implementa esse plano de desenvolvimento? 79) A organização demonstra apresentar uma preocupação com sua imagem através da responsabilidade socioambiental? 80) A organização dissemina seus conceitos de responsabilidade sociambiental entre todos os setores e colaboradores? 81) A organização possui práticas que assegurem um relacionamento ético com todas as partes interessadas e com os concorrentes? 82) A organização possui um código de ética formalmente aprovado? 83) A organização divulga esse código de ética interna e externamente? FONTE: OS AUTORES, 2007. As questões relativas ao critério “Informações e Conhecimento” (Quadro 7), avaliam a eficácia da utilização das informações da organização e das informações comparativas para apoiar os principais processos e a gestão do desempenho da organização. 62 QUADRO 7 – CRITÉRIO 5 – INFORMAÇÕES E CONHECIMENTO Questões Respostas 84) A organização possui indicadores de desempenho? 1 2 3 4 5 85) Esses indicadores são integrados, correlacionados e analisados criticamente? 86) A organização possui informações válidas e confiáveis que reflitam as diversas medidas e desempenho organizacional? 87) A organização identifica as necessidades das informações obtidas dos indicadores de desempenho? 88) A organização implementa sistemas de informação que atende essas necessidades? 89) A organização busca atualização tecnológica dos sistemas desenvolvidos? 90) A organização monitora os sistemas de informações desenvolvidos? 91) A organização possui sistemas de informações comparativas com o meio externo? FONTE: OS AUTORES, 2007. As questões relativas ao critério “Pessoas” (Quadro 8), avaliam o desempenho da organização com a capacitação, motivação e bem estar da força de trabalho, bem como com um ambiente propício à participação e ao desenvolvimento. QUADRO 8 – CRITÉRIO 6 – PESSOAS Questões Respostas 92) A organização possui sistemas de seleção de novos membros? 93) A organização possui sistemas de integração desses novos membros? 94) A organização possui sistemas de gerenciamento de reconhecimento do desempenho de seus funcionários? 95) A organização possui sistemas e 1 2 3 4 5 63 remuneração de seus funcionários? 96) A organização possui sistemas de capacitação de seus funcionários? 97) A organização possui sistemas de desenvolvimento de seus funcionários? 98) Na organização existem sistemas de trabalho em que seus funcionários ao longo do tempo possuam plena autoridade e responsabilidade em suas tarefas e recursos? 99) Na organização existem sistemas de trabalho em que seus funcionários ao longo do tempo possuam independência e autonomia em suas tarefas e recursos? 100) A organização possui sistemas voltados a saúde ocupacional? 101) A organização possui métodos que identifiquem perigos e riscos envolvidos em suas operações? 102) Na organização existem boas condições de higiene na área de trabalho? 103) Na organização existem boas condições de iluminação na área de trabalho? 104) Na organização existem boas condições de temperatura e umidade na área de trabalho? 105) No ambiente de trabalho existem boas condições de trabalho em relação a ruídos que causam mal estar em seus funcionários? 106) No ambiente de trabalho existem condições psicológicas e sociológicas saudáveis que atuem positivamente sobre o comportamento das pessoas, evitando impactos emocionais como estresse? FONTE: OS AUTORES, 2007. As questões relativas ao critério “Processos” (Quadro 9), avaliam a gestão dos processos da organização que agregam valor de uma forma geral. Mais especificamente, consideram os processos que agregam valor diretamente para os clientes, os processos de apoio, os processos de relacionamento com os fornecedores e os processos econômico-financeiros da organização. 64 QUADRO 9 – CRITÉRIO 7 – PROCESSOS Questões Respostas 107) Os processos que geram produtos e serviços da organização 1 2 3 4 5 são definidos de modo a atender as necessidades e expectativas dos clientes? 108) A organização identifica todos os seus processos que agregam valor no produto/serviço? 109) Os resultados obtidos pelos processos adotados atendem as necessidades das partes interessadas e desta forma agrega valor às próprias partes interessadas e à organização como um todo? 110) A organização analisa e monitora seus processos? 111) A organização busca a melhoria de seus processos? 112) A organização identifica seus potenciais fornecedores? 113) A organização desenvolve sua cadeia de suprimento em decorrência da identificação de seus potenciais fornecedores? 114) A organização qualifica os potenciais fornecedores previamente identificados? 115) A organização identifica e estabelece seus próprios parâmetros econômico-financeiros? 116) A organização monitora seus próprios parâmetros econômicofinanceiros FONTE: OS AUTORES, 2007. As questões relativas ao critério “Resultados” (Quadro 10), avaliam o desempenho da organização em relação à satisfação dos clientes, ao mercado, às finanças, às organizacionais. pessoas, aos fornecedores, ao produto e aos processos 65 QUADRO 10 – CRITÉRIO 8 – RESULTADOS Questões 117) A organização examina o seu desempenho relativo a em relação à satisfação dos clientes? 118) A organização examina a evolução do desempenho da organização em relação ao mercado? 119) A organização examina a evolução do desempenho da organização em relação às finanças? 120) A organização examina a evolução do desempenho da organização em relação às pessoas? 121) A organização examina a evolução do desempenho da organização em relação aos fornecedores? 122) A organização examina a evolução do desempenho da organização em relação ao produto? 123) A organização examina a evolução do desempenho da organização em relação aos processos organizacionais? FONTE: OS AUTORES, 2007. Respostas 1 2 3 4 5 66 6 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 6.1 PREÂMBULO Para avaliação das respostas foi utilizada uma escala do “tipo Likert”. Este método permite identificar, através da comparação entre as médias aritméticas obtidas pelas respostas da lista de verificação, as práticas atuais de gestão adotadas pela empresa Erocut Industrial Ltda. e se as mesmas correspondem às práticas de gestão adotadas pelas empresas de sucesso ou das empresas que não obtiveram sucesso. 6.2 RESULTADOS DA LISTA DE VERIFICAÇÃO A seguir estão expostos os resultados das questões relativas a cada um dos oito critérios do PNQ, com suas respectivas médias aritméticas demonstrando se a empresa em questão está mais próxima do sucesso ou do insucesso de acordo com cada critério do PNQ. Nas tabelas a seguir estão apresentados os resultantes da presente pesquisa, onde estão expressos: na primeira coluna da esquerda para a direita, o número da questão relativa à prática de gestão, questões estas e numeradas de 1 a 123; na segunda coluna, no mesmo sentido, encontram-se a quantidade numérica de respostas para as respectivas questões, sendo que na última linha é apresentada a média aritmética de cada critério seguido de uma última coluna apontado segundo o “sistema Likert” se para aquele critério a empresa em questão está mais próxima do sucesso ou do insucesso. 67 TABELA 2 – CRITÉRIO 1 - LIDERANÇA QUESTÕES “SISTEMA DE LIKERT” 1 4 2 2 3 1 4 1 5 2 6 1 7 2 8 4 9 1 10 3 11 3 12 1 13 3 14 2 15 1 16 4 17 1 18 4 19 1 20 1 21 1 22 2 23 2 24 1 25 4 MÉDIA 2,08 FONTE: OS AUTORES, 2007. “INSUCESSO” Continua TABELA 3 – CRITÉRIO 2 – ESTRATÉGIAS E PLANOS QUESTÕES “SISTEMA DE LIKERT” 26 2 27 2 28 2 29 3 30 4 31 3 32 4 33 1 34 4 35 2 36 2 37 2 38 5 39 5 40 5 41 4 42 1 43 4 44 4 45 1 46 4 68 Conclusão Tabela 3 – Critério 2 – Estratégias e planos QUESTÕES “SISTEMA DE LIKERT” 47 3 48 1 49 2 50 2 51 1 52 2 53 1 54 1 55 1 56 2 57 1 58 2 59 3 60 1 61 2 MÉDIA 2,47 FONTE: OS AUTORES, 2007. TABELA 4 – CRITÉRIO 3 – CLIENTES QUESTÕES “SISTEMA DE LIKERT” 62 4 63 4 64 4 65 4 66 4 67 2 68 4 MÉDIA 3,71 FONTE: OS AUTORES, 2007. TABELA 5 – CRITÉRIO 4 – SOCIEDADE QUESTÕES “SISTEMA DE LIKERT” 69 2 70 1 71 3 72 1 73 5 74 5 75 1 76 1 77 1 78 1 79 2 80 1 81 2 82 1 83 1 MÉDIA 1,87 FONTE: OS AUTORES, 2007. “INSUCESSO” “SUCESSO” “INSUCESSO” 69 TABELA 6 – CRITÉRIO 5 – INFORMAÇÕES E CONHECIMENTO QUESTÕES “SISTEMA DE LIKERT” 84 2 85 2 86 2 87 2 88 2 89 4 90 1 91 3 MÉDIA 2,25 “INSUCESSO” FONTE: OS AUTORES, 2007. TABELA 7 – CRITÉRIO 6 – PESSOAS QUESTÕES “SISTEMA DE LIKERT” 92 4 93 3 94 2 95 2 96 3 97 3 98 4 99 1 100 4 101 2 102 3 103 4 104 3 105 4 106 4 MÉDIA 3,06 FONTE: OS AUTORES, 2007. TABELA 8– CRITÉRIO 7 – PROCESSOS QUESTÕES “SISTEMA DE LIKERT” 107 4 108 3 109 3 110 2 110 4 111 4 112 2 113 3 114 4 115 3 116 3 MÉDIA 3,18 FONTE: OS AUTORES, 2007. “SUCESSO” “SUCESSO” 70 TABELA 9– CRITÉRIO 8 – RESULTADOS QUESTÕES “SISTEMA DE LIKERT” 117 3 118 3 119 4 120 2 121 2 122 2 123 2 MÉDIA 2,57 “SUCESSO” FONTE: OS AUTORES, 2007. Para fins de tabulação, cálculos e obtenção das médias aritméticas foi utilizado o módulo estatístico e matemático do software Excel pelo fato de agilizar o processamento dos dados e permitir maior segurança e confiabilidade na exposição das respectivas médias. A opção de numero “5“ não foi considerada para efeitos de resposta, ou seja, no cálculo das médias a questão que obteve essa resposta foi desconsiderada, pois foi utilizada quando não fosse possível constatar, verificar e avaliar a questão da lista de verificação. 6.3 INTERPRETAÇÃO DOS DADOS Por meio da análise das respostas é possível diagnosticar as práticas atuais de gestão adotadas pela empresa em questão, tendo por base a fundamentação teórica destacada no presente estudo, o comparativo destas com as boas práticas de gestão disseminadas pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ). Para a interpretação das respostas das listas de verificação foi utilizado o seguinte critério: se a média aritmética das questões de todas as listas de verificação ficou entre 1,00 e 1,49 a organização estará no Sistema 1 de Likert; se a média ficou entre 1,50 e 2,49 a organização estará no Sistema 2; se a média ficou entre 2,50 e 3,49 a organização estará no Sistema 3; e se a média ficou entre 3,50 e 4,00 a organização estará no Sistema 4. Com isso, pode-se saber se a organização está mais próxima do “sucesso” ou do “insucesso”; pois os Sistemas 1 e 2 demonstram que se está mais próximo do “insucesso” e os Sistemas 3 e 4 demonstram que se está mais próximo do “sucesso” (Likert, 1975). 71 A tabela 10 apresenta as médias aritméticas obtidas para cada critério, indicando, em quais critérios à organização está mais próxima do sucesso e em quais critérios a organização está mais próxima do insucesso. Com isso, pode-se calcular a média geral de todos os critérios e observar como um todo se às práticas de gestão atuais da empresa em questão está mais próxima do sucesso ou do insucesso (tabela 10). TABELA 10– MÉDIA GERAL CRITÉRIO Liderança Estratégias e Planos Clientes Sociedade Informações e Conhecimento Pessoas Processos Resultados MÉDIA GERAL FONTE: OS AUTORES, 2007. MÉDIA 2,08 2,47 3,71 1,87 2,25 3,06 3,18 2,57 2,65 RESULTADOS “Insucesso” “Insucesso” “Sucesso” “Insucesso” “Insucesso” “Sucesso” “Sucesso” “Sucesso” “SUCESSO” Com isso, constatou-se perante a média geral dos critérios, que a empresa em questão com suas práticas atuais de gestão está mais próxima das empresas de sucesso no mundo, sendo que a maior média ( x = 3,71) diz respeito a “Clientes” e a menor média ( x =1,87), diz respeito a “Sociedade”. Apesar disso, observou-se que a média geral encontra-se em uma zona “limítrofe” entre os sistemas 2 e 3 de Likert, cujos limites são: de 1,50 a 2,49 (Sistema 2); de 2,50 a 3,49 (Sistema 3), donde conclui-se que há muitas práticas de gestão a serem implementadas e/ou aprimoradas na empresa. 72 7 CONCLUSÕES Neste capítulo, são destacadas as principais conclusões do presente estudo, a partir dos resultados obtidos na pesquisa, tendo por base os objetivos delimitados e a fundamentação teórica do trabalho, podendo-se, assim, comparar estes resultados com as boas práticas de gestão disseminadas pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ). Para tanto, a pesquisa foi estrutura em listas de verificações onde foram desenvolvidas com base nas práticas de gestão descritas na revisão da literatura contendo questões baseadas nos fundamentos e critérios do Prêmio Nacional da Qualidade. A lista de verificação foi fundamentada no Ciclo PDCA, onde foram desenvolvidos grupos de questões relativas a cada um dos oito critérios do PNQ. Para a realização da pesquisa foi considerada a opinião da alta direção, que foi entrevistada pelos autores, bem como pela análise das evidências objetivas apresentadas pela empresa em questão. Destaca-se, também, que para a determinação dos questionários foram tomadas como base as afirmações de Likert (1975) de que as práticas administrativas que se encontram nos “Sistemas 3 e 4” de Likert, são adotadas pelas organizações de “sucesso”. Em contrapartida, as práticas administrativas que se encontram nos “Sistemas 1 e 2” de Likert, são adotadas pelas organizações de “insucesso”. Verificou-se após a apuração das respostas referentes às oito listas de verificação (uma para cada critério do PNQ), uma média geral de 2,65, estando, portanto, em consonância com o “Sistema 3” de Likert; isto é, as práticas atuais de gestão da Erocut Industrial Ltda. estão tendendo ao “sucesso”. Apesar da gestão atual da Erocut Ltda. estar tendendo ao “sucesso”, observa-se que a média geral encontra-se em uma zona “limítrofe”, entre os “Sistemas 2 e 3” de Likert, cujos limites são: de 1,50 a 2,49 (Sistema 2); de 2,50 a 3,49 (Sistema 3). Nota-se que isto ocorreu devido ao fato das médias referente às listas dos critérios “Pessoas” ( x = 3,06), “Processos” ( x = 3,18) e “Resultados” ( x = 2,57) se 73 encontrarem no “Sistema 3” de Likert e o critério “Clientes” ( x = 3,71) no “Sistema 4” e, em contrapartida, as médias das listas dos critérios “Liderança” ( x = 2,08), “Estratégias e Planos” ( x = 2,47), “Sociedade” ( x = 1,87) e “Informações e Conhecimento” ( x = 2,25) os resultados se encontrarem no “Sistema 2” de Likert. Além disso, o método utilizado não define efetivamente se as práticas de gestão da Erocut Ltda. estão ou não tendendo ao sucesso, pois como não foi avaliado a tendência dessas práticas e como foram analisadas evidências objetivas de forma aleatória, não pode-se afirmar com toda a certeza que a Erocut Ltda. está tendendo ao “sucesso”. Através da análise dos resultados, pode-se observar, também, que a Erocut Ltda. possui vários aspectos favoráveis, ou seja, pontos “fortes” em sua gestão, em que as médias encontradas ficaram entre os “Sistemas 3 e 4” de Likert; por exemplo, para a lista de verificação referente ao critério “Clientes” a Erocut Ltda. possui as maiores médias, pois através da análise de registros e documentos na empresa, observou-se que a empresa busca o “entendimento das necessidade dos clientes”. Já para o critério “Processos”, a Erocut Ltda. se destacou também, pois através da avaliação, sendo pela entrevista e pela análise de registros, observou-se que a empresa “monitora e busca a melhoria de seus processos”. A Erocut Ltda. possui também como aspecto favorável em sua gestão, questões relativas ao critério “Pessoas”, pois observou-se que na organização existem “sistemas de integração, capacitação e desenvolvimento de seus funcionários” e “boas condições de trabalho”. Outro ponto “forte” encontrado em sua gestão, diz respeito às questões relativas ao critério “Resultados”, pois pode-se observar que a Erocut Ltda. possui “registros e documentos” em que avalia-se o seu desempenho em relação aos clientes e ao mercado. No entanto, como já destacado, a média geral encontra-se no limiar entre os “Sistemas 2 e 3” de Likert, podendo assim, observar que a Erocut Ltda. possui aspectos desfavoráveis em sua gestão. Dentre eles destaca-se, por exemplo, o critério “Sociedade”, no qual a empresa obteve a menor média ( x = 1,87), pois apesar da empresa possuir um sistema de gestão ambiental documentado, esse 74 sistema não foi efetivamente implementado, e também, não possui um plano de desenvolvimento sustentável. A Erocut Ltda. possui, também, como aspecto desfavorável em sua gestão, questões relativas ao critério “liderança”, pois observou-se que na organização não há uma classificação e análise dos riscos empresariais mais significativos que influenciam em seu processo decisório e não há um monitoramento efetivo, bem como uma análise crítica se seu planejamento estratégico está sendo efetivamente implementado. Já para o critério “Informações e Conhecimento”, os resultados obtidos também foram desfavoráveis, pois observou-se que a Erocut Ltda. não possui um método efetivo e freqüente de “identificação e de análise crítica de seu desempenho”. Outro ponto deficitário encontrado em sua gestão diz respeito às questões relativas ao critério “Estratégias e Planos”, pois foi possível observar que a Erocut Ltda. não possui um “planejamento estratégico” efetivo onde as estratégias definidas são formalizadas e implementadas. 75 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS Tendo em vista o fato das práticas de gestão da Erocut estarem numa situação “limítrofe” entre o sucesso e insucesso (média geral = 2,65), pode-se inferir que há muitas melhorias a serem implementadas na empresa em termos de gestão, a fim de que ela atue em conformidade com os princípios e critérios preconizados pelo PNQ. Assim sendo, (embora não seja um objetivo específico deste trabalho), recomenda-se que a Erocut passe a adotar/aprimorar algumas práticas de gestão, quais sejam: sistema de liderança, cultura de excelência, análise crítica do desempenho da organização, formulação das estratégias, responsabilidade socioambiental, ética e desenvolvimento social e Informações da organização. No que diz respeito a sistema de liderança, a Erocut não possui sistemas de monitoramento onde seja possível identificar, avaliar e classificar os riscos empresariais que influenciam no processo decisório da empresa. Recomenda-se, então, que a empresa passe a adotar essas práticas, pois para Chiavenato (2000) a organização deve possuir mecanismos para identificar e entender os riscos empresariais, pois um sistema de liderança eficaz se baseia em valores claros, considera as necessidades de todas as partes interessadas e fixa elevadas expectativas de desempenho e de melhoria, sendo de fundamental importância que essas necessidades sejam efetivamente consideradas pela organização. Já para a cultura de excelência, na Erocut não há um conjunto de valores e princípios organizacionais que definam o rumo a ser seguido e balizem as decisões e as ações das pessoas da organização. Diante disso, recomenda-se que a empresa em seu planejamento estratégico defina seus princípios e valores e que monitore se isto está sendo implementado, disseminado e seguido por todas as pessoas da organização, pois para Maximiano (2000) e para Collins e Porras (1995) esses princípios devem contemplar as orientações que a organização deve seguir, por exemplo: missão, visão, políticas, princípios gerenciais e devem responder perguntas como: “Como 76 queremos conduzir o negócio?”, “Como queremos tratar nossas partes interessadas?”, “O que valorizamos e em que acreditamos?”. No que diz respeito à análise crítica do desempenho da organização, a Erocut não possui sistemas de análise no qual são identificados se suas estratégias estão sendo implementadas e alcançadas. Recomenda-se, portanto, que a empresa passe a adotar essas práticas, pois para Robbins (2002) e Kaplan e Norton (1997), a organização deve possuir um sistema de análise no qual identifique se suas estratégias, se seus objetivos e se sua visão de futuro estão sendo efetivamente implementadas, alcançadas e concretizadas, podendo avaliar assim, se as iniciativas atuais permitem o alcance desses objetivos, ou se novas iniciativas serão necessárias. Já para a formulação das estratégias, não há na Erocut uma formalização de suas estratégias. Recomenda-se, então, que além de planejar e implementar suas estratégias, a Erocut passe a formalizá-las, ou seja, criar documentos e registros das estratégias definidas, pois para Fleury (2001) a organização deve formular, manter e renovar sistematicamente suas estratégias em planos de ação e metas para todos os seus setores e unidades. No que diz respeito à responsabilidade socioambiental, a Erocut não possui seu sistema de gestão ambiental implementado. Assim sendo, recomenda-se, que apesar da empresa possuir um sistema de gestão ambiental documentado, esse sistema seja efetivamente implementado e monitorado e a empresa crie um plano de desenvolvimento sustentável, pois para FNQ (2007) a organização deve contribuir para o desenvolvimento sustentável, por meio da minimização dos impactos negativos potenciais de seus produtos, processos e instalações na sociedade, e pela forma como envolve as partes interessadas nas questões relativas à responsabilidade socioambiental. Como constatado, a Erocut não possui um código de ética formalmente aprovado e divulgado. Portanto, recomenda-se que isto seja feito, pois para Bateman e Snell (1998), a organização deve possuir um código de ética que deve ser cuidadosamente escrito e ajustado à filosofia da organização e deve abordar assuntos como conduta dos empregados, comunidade e meio ambiente, acionistas, 77 consumidores, fornecedores e prestadores de serviços, atividades políticas e tecnológicas. No que diz respeito às informações da organização, na Erocut não há um monitoramento efetivo dos sistemas de informações desenvolvidos (exceto as informações dos clientes). Isto é necessário, pois segundo a FNQ (2007) a organização deve abordar a seleção, a obtenção, a utilização e a atualização das informações da organização, em apoio às metas globais do negócio, com forte ênfase na gestão de processo e na melhoria do desempenho, pois tal fato, de maneira geral, representa um dos principais alicerces para as organizações orientadas para o desempenho e que efetivamente utilizam informações financeiras e não-financeiras para monitorar e aperfeiçoar os seus diversos processos. 78 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BALLOU, Ronald H. Logística empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição física. 1. ed. São Paulo: Atlas, 1993. BATEMAN, Thomas S. e SNELL, Scott A. Administração: construindo vantagem competitiva. São Paulo: Atlas, 1998. CAMPOS, Vicente Falconi. Gerenciamento pelas Diretrizes. 1. ed. Belo Horizonte: Fundação Christiano Ottoni, 1996. CAMPOS, Vicente Falconi. Qualidade Total. Padronização de Empresas. 4. ed. 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QUESTIONÁRIO Nome do respondente:_________________________________________________ Cargo:________________________________________________ Data:__/__/____ Para todas as questões, marque um “X” seguindo as seguintes propostas: 1. Não/nunca 2. Às vezes/raramente 3. Frequentemente 4. Sim/sempre 5. Não foi possível constar/verificar/avaliar Respostas Questões 1 1) A organização possui um sistema de avaliação e monitoramento do desempenho da direção e da organização como um todo? 2) A organização possui mecanismos para identificar os riscos empresariais mais significativos que influenciam em seu processo decisório? 3) A organização classifica esses riscos? 4) A organização analisa esses riscos? 5) A organização possui práticas na identificação de novos líderes? 6) A organização possui práticas de formação e 2 3 4 5 83 desenvolvimento desses líderes? 7) A organização possui um planejamento de sucessão? 8) A organização realiza auditorias financeiras? 9) A organização faz divulgações e relatos financeiros? 10) A organização possui mecanismos para estabelecer padrões de trabalho? 11) A organização possui sistema de verificação dos padrões de trabalho adotados? 12) A organização possui um sistema de aprendizado para avaliar e melhorar as práticas e padrões de trabalho? 13) A organização possui um sistema de desenvolvimento de inovação? 14) Existe na organização uma convergência nas ações relativas a todos os setores, unidades e processos, levando-se em consideração as necessidades de todas as partes interessadas? 15) Existe na organização um conjunto de valores e princípios que definam o rumo a ser seguido e que balizem as decisões e as ações das pessoas da organização? 16) A organização possui uma missão declarada? 17) A organização possui uma visão? 18) A organização dissemina sua missão entre todos os setores? 19) A organização dissemina sua visão entre todos os setores? 20) A organização dissemina seus valores entre todos 84 os setores? 21) A organização possui um sistema de análise no qual identifica se sua missão esta sendo cumprida? 22) A organização possui um sistema de análise no qual identifica se suas estratégias estão sendo efetivamente implementadas? 23) A organização possui um sistema de análise no qual identifica se seus objetivos estão sendo alcançados? 24) A organização possui um sistema de análise no qual identifica se sua visão de futuro esta sendo concretizada? 25) A organização possui um sistema de analise de desempenho, através de informações relativas as mudanças no ambiente externo incluindo-se aspectos setoriais, mercadológicos, competitivos, tecnológicos, econômicos, políticos e sociais? 26) A organização formula suas estratégias de forma a direcionar e fortalecer seu desempenho e sua posição competitiva? 27) A organização desdobra essas estratégias em planos de ação e metas para todos os seus setores e suas unidades? 28) As pessoas da organização tem comprometimento para alcançar as estratégias e planos definidos? 29) A organização possui um planejamento estratégico com base em análise dos cenários orientados para o futuro, que possibilite o desenvolvimento de estratégias com foco no cliente e no mercado? 30) A estratégia formulada é revisada e modificada em 85 função de eventos não previstos? 31) A organização comunicação e o possui uma monitoramento sistemática das de estratégias estabelecidas? 32) As ações de venda são planejadas? 33) As ações de venda são formalizadas? 34) As ações de vendas são implementadas? 35) As ações de marketing são planejadas? 36) As ações de marketing são formalizadas? 37) As ações de marketing são implementadas? 38) As ações de pesquisa e desenvolvimento são planejadas? 39) As ações de pesquisa e desenvolvimento são formalizadas? 40) As ações de pesquisa e desenvolvimento são implementadas? 41) As ações de qualidade são planejadas? 42) As ações de qualidade são formalizadas? 43) As ações de qualidade são implementadas? 44) As ações de manutenção são planejadas? 45) As ações de manutenção são formalizadas? 46) As ações de manutenção são implementadas? 47) As ações de segurança são planejadas? 48) As ações de segurança são formalizadas? 49) As ações de segurança são implementadas? 50) As ações de recursos humanos são planejadas? 86 51) As ações de recursos humanos são formalizadas? 52) As ações de recursos humanos são implementadas? 53) As ações responsabilidade social são planejadas? 54) As ações responsabilidade social são formalizadas? 55) As ações responsabilidade social são implementadas? 56) As ações de treinamento são planejadas? 57) As ações de treinamento são formalizadas? 58) As ações de treinamento são implementadas? 59) As ações de investimento e logística são de investimento e logística são de investimento e logística são entendimento das planejadas? 60) As ações formalizadas? 61) As ações implementadas? 62) A organização busca o necessidades do cliente e do mercado ? 63) A organização busca o relacionamento com o cliente como sendo uma importante parte da estratégia? 64) A organização mede a satisfação e a fidelidade dos clientes? 65) A organização identifica onde está e onde pretende estar com relação a seus clientes e mercados? 66) A organização conhece as necessidades e expectativas dos seus clientes atuais e potenciais? 67) Na organização existe estratégias para ouvir e aprender com os diferentes grupos de clientes e 87 segmentos de mercado? 68) Na organização as características do produto, dos processos e operações são desenvolvidas a partir da identificação das necessidades dos clientes? 69) A organização possui responsabilidade social? 70) Há um reconhecimento dessa responsabilidade da comunidade e da sociedade como partes interessadas da organização? 71) A organização possui sistema de gestão ambiental documentado? 72) A organização possui sistema de gestão ambiental implementado? 73) A organização possui um plano de desenvolvimento sustentável em que privilegie uma minimização dos impactos ambientais causados por seus produtos? 74) A organização implementa esse plano de desenvolvimento? 75) A organização possui um plano de desenvolvimento sustentável que privilegie uma minimização dos impactos ambientais causados por seus processos? 76) A organização implementa esse plano de desenvolvimento? 77) A organização possui um plano de desenvolvimento sustentável em que privilegie uma minimização dos impactos ambientais causados por suas instalações na sociedade? 78) A organização implementa esse plano de desenvolvimento? 79) A organização demonstra apresentar uma 88 preocupação com sua imagem através da responsabilidade socioambiental? 80) A organização dissemina seus conceitos de responsabilidade sociambiental entre todos os setores e colaboradores? 81) A organização possui práticas que assegurem um relacionamento ético com todas as partes interessadas e com os concorrentes? 82) A organização possui um código de ética formalmente aprovado? 83) A organização divulga esse código de ética interna e externamente? 84) A organização possui indicadores de desempenho? 85) Esses indicadores são integrados, correlacionados e analisados criticamente? 86) A organização possui informações válidas e confiáveis que reflitam as diversas medidas e desempenho organizacional? 87) A organização identifica as necessidades das informações obtidas dos indicadores de desempenho? 88) A organização implementa sistemas de informação que atende essas necessidades? 89) A organização busca atualização tecnológica dos sistemas desenvolvidos? 90) A organização monitora os sistemas de informações desenvolvidos? 91) A organização possui sistemas de informações comparativas com o meio externo? 89 92) A organização possui sistemas de seleção de novos membros? 93) A organização possui sistemas de integração desses novos membros? 94) A organização possui sistemas de gerenciamento do desempenho de seus funcionários? 95) A organização possui sistemas de reconhecimento e remuneração de seus funcionários? 96) A organização possui sistemas de capacitação de seus funcionários? 97) A organização possui sistemas de desenvolvimento de seus funcionários? 98) Na organização existem sistemas de trabalho em que seus funcionários ao longo do tempo possuam plena autoridade e responsabilidade em suas tarefas e recursos? 99) Na organização existem sistemas de trabalho em que seus funcionários ao longo do tempo possuam independência e autonomia em suas tarefas e recursos? 100) A organização possui sistemas voltados a saúde ocupacional? 101) A organização possui métodos que identifiquem perigos e riscos envolvidos em suas operações? 102) Na organização existem boas condições de higiene na área de trabalho? 103) Na organização existem boas condições de iluminação na área de trabalho? 104) Na organização existem boas condições de 90 temperatura e umidade na área de trabalho? 105) No ambiente de trabalho existem boas condições de trabalho em relação a ruídos que causam mal estar em seus funcionários? 106) No ambiente de trabalho existem condições psicológicas e sociológicas saudáveis que atuem positivamente sobre o comportamento das pessoas, evitando impactos emocionais como estresse? 107) Os processos que geram produtos e serviços da organização são definidos de modo a atender as necessidades e expectativas dos clientes? 108) A organização identifica todos os seus processos que agregam valor no produto/serviço? 109) Os resultados obtidos pelos processos adotados atendem as necessidades das partes interessadas e desta forma agrega valor às próprias partes interessadas e à organização como um todo? 110) A organização analisa e monitora seus processos? 111) A organização busca a melhoria de seus processos? 112) A organização identifica seus desenvolve sua potenciais fornecedores? 113) A organização cadeia de suprimento em decorrência da identificação de seus potenciais fornecedores? 114) A organização qualifica os potenciais fornecedores previamente identificados? 115) A organização identifica e estabelece seus próprios parâmetros econômico-financeiros? 91 116) A organização monitora seus próprios parâmetros econômico-financeiros 117) A organização examina o seu desempenho relativo a em relação à satisfação dos clientes? 118) A organização examina a evolução do desempenho da organização em relação ao mercado? 119) A organização examina a evolução do desempenho da organização em relação às finanças? 120) A organização examina a evolução do desempenho da organização em relação às pessoas? 121) A organização examina a evolução do desempenho da organização em relação aos fornecedores? 122) A organização examina a evolução do desempenho da organização em relação ao produto? 123) A organização examina a evolução do desempenho da organização organizacionais? em relação aos processos