FILOSOFIA QUESTÃO 01 “E se indagarmos quais são os princípios ou elementos das substâncias, relações e quantidades – se são os mesmos ou diferentes – é claro que quando os nomes das causas são usados em vários sentidos as causas de cada um são as mesmas, mas quando distinguimos os sentidos elas são diferentes”. ARISTÓTELES – Metafísica – Editora Globo: Porto Alegre. O texto de Aristóteles refere-se à distinção das causas em sua teoria da causalidade. Quais são as causas aristotélicas? Descreva a especificidade de cada uma delas. Resolução: O que determina a realidade de um ser [substância] segundo Aristóteles seria quatro tipos de causas fundamentais: 1. causa material: refere-se à matéria de que é feita uma coisa. 2. causa formal: refere-se à forma, a natureza específica, à configuração assumida por uma coisa, tornando-a ‘um ser propriamente dito’. 3. causa eficiente: refere-se ao agente que produziu diretamente a coisa. 4. causa final: refere-se ao objetivo, à intenção, à finalidade, ou à razão de ser uma coisa. Nessa realidade nos confrontamos com a transformação dos seres, o Devir, para explicar o filósofo estabelece dois princípios ontológicos: Potência: possibilidade de vir-a-ser; ato: o ser realizado. Para existir uma substância em potência ela tem que ser produzida por uma substância (um ser) em Ato, ou seja, a causa eficiente, força motriz, um ser em Ato: homem+mulher produz um ser em potência: zigoto, que será uma futura criança. Todas as substâncias do mundo são compostas: matéria (potência) e forma (ato), somente Deus é substância simples, Ato Puro, portanto, metafísico. QUESTÃO 02 Leia o fragmento com atenção e responda: “A criação das coisas por parte de Deus é a melhor, pois é próprio de quem é o melhor fazer tudo da melhor maneira. Ora, é melhor fazer urna coisa em vista de um fim do que fazê-la sem visar à uma finalidade. Por conseguinte, Deus fez as coisas com vistas a uma meta”. Tomás de Aquino. Compêndio de Teologia. São Paulo: Abril Cultural, 1973. Coleção “Os Pensadores”. Esse argumento da finalidade das coisas é freqüente no pensamento de Tomás de Aquino. Explique como o filósofo utiliza-o para provar a existência divina. Resolução: Finalidade é o caráter daquilo que, de modo consciente tende para um objetivo através da organização dos meios. Nesse caso existe uma finalidade intencional, isto é, um plano provindo de Deus, como um ser criador de todas as coisas. As coisas em si não traz a razão (finalidade ou fundamento primeiro) de seu próprio existir, incluindo o homem, de modo que, a ordem e a finalidade se fundamenta numa causa exterior, essa causa exterior, consciênte e ordenadora que visa a finalidade de todas as coisas só pode ser Deus. 1 QUESTÃO 03 Leia o texto: “Não há dúvida de que todo o nosso conhecimento começa com a experiência; do contrário, por meio do que a faculdade de conhecimento deveria ser despertada para o exercício senão através de objetos que toquem nossos sentidos e em parte produzem por si próprios representações, em parte põem em movimento a atividade do nosso entendimento para compará-las, conectá-las ou separá-las e, desse modo, assimilar a matéria bruta das impressões sensíveis a um conhecimento dos objetos que se chama experiência? Segundo o tempo, portanto, nenhum conhecimento em nós precede a experiência, e todo o conhecimento começa com ela”. Explique o que foi a Revolução Copernicana feita por Kant na filosofia. Resolução: Quando o modelo de inteligibilidade geocêntrico não mais conseguia explicar o conjunto do movimento dos astros, Copérnico resolveu tirar a Terra do centro do universo e colocar o sol em seu lugar fazendo o nosso planeta girar em seu redor, inaugurando a concepção heliocêntrica, o que resolveu os impasses da astronomia de sua época. O filósofo alemão propôs fazer o mesmo em relação ao conhecimento. O modelo filosófico tradicional anterior a Kant partia do princípio de que seriam os objetos [coisas] que davam as regras, regulavam e determinavam o que se podia conhecer. Nesse contexto os racionalistas priorizaram a razão a partir daquilo que os objetos apresentavam e desvalorizaram o que provinha dos sentidos. Os empiristas negaram quaisquer condições a priori da razão e colocaram todo o fundamento do conhecimento na experiência a partir da representação de objetos apreendidos pelos sentidos. Kant inverteu essa posição, atribuindo ao sujeito cognoscente o agente regulador que dá as regras para a produção do conhecimento, em outras palavras, segundo o filósofo, “são os objetos que têm de se regular pelo nosso conhecimento”. Essa concepção rompeu com o modelo filosófico tradicional, nas palavras do próprio Kant, ‘façamos uma revolução na filosofia’, sendo que a sua fonte de inspiração foi a revolução copernicana na astronomia. QUESTÃO 04 Sartre descreve o homem urbano do século XX, enquanto os humanistas do Renascimento propagaram o triunfo a liberdade e a independência do homem, para Sartre “o homem está condenado à liberdade”. O que o filósofo está querendo dizer na sua acepção de liberdade ao qual o homem está irremediavelmente condenado? Resolução: Condenado, porque o homem não se criou, portanto é livre; afinal não pedimos a ninguém para sermos criados como indivíduos livres. Somos indivíduos livres e nossa liberdade nos condena a tomarmos decisões durante toda a nossa vida, pois, não existe regras ou valores eternos, a partir dos quais podemos nos guiar, lembrando que não há um Deus, ou um céu que nos conduza. Isto torna importantes nossas decisões, nossas escolhas. Sartre nos faz lembrar que nunca o homem poderá negar sua responsabilidade pelo que faz. Por essa razão não podemos colocar de lado a responsabilidade dos nossos atos naturais e dizer que “temos” de ir trabalhar, ou então que “temos” de nos pautar por certas expectativas burguesas quanto ao modo como devemos viver. Aquele que assim procede permanece na facticidade, negando a liberdade, mescla-se a uma massa anônima e se transforma em parte impessoal dela, tornando-se coisa, caindo no anonimato e na despersonalização. Esse tipo de homem fugindo de si mesmo, não querendo se angustiar, por não querer responsabilizar por seus atos, se refugia na mentira, dissimula para sí próprio ser ele mesmo autor do seu destino. O indivíduo que age dessa forma é o indivíduo de má fé, é aquele que aceita as normas e os valores dados da tradição. Diferentemente, o homem que vive a liberdade e a angústia da escolha, e a responsabilidade dos seus atos é aquele que vive a transcendência, que vislumbra projetos e possibilidades, que vive uma existência autêntica, verdadeira. Eticamente, viver uma existência autêntica e verdadeira é dar sentido real ao existir, isso significa que a responsabilidade de nossos atos nos remete a imagem de homem que queremos construir, não diz somente a minha existência individual, mas a todos os homens, pois, ao mesmo tempo em que construímos uma imagem de homem, estamos construindo a imagem de todos os homens, pois, a liberdade só tem sentido na medida de transformação concreta do real, “o que importa não é o que fizeram do homem, mas o que poderemos fazer daquilo que fizeram dele.”, o que nos remete a não escolher o mal como princípio, mas escolher o bem como fundamento da existência. 2