Grande Porto
ID: 27576530
13-11-2009
Tiragem: 30000
Pág: 28
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Semanal
Área: 24,56 x 28,74 cm²
Âmbito: Regional
Corte: 1 de 3
“JMP precisa de
um líder externo
às autarquias”
O presidente da
Distrital do Porto do
PSD, Marco António Costa, foi bastante crítico para com os
autarcas socialistas
da Junta Metropolitana do Porto. Ameaçou mesmo que o
PSD poderia chamar
a si todos os lugares
no organismo. Como
reage a esta posição?
Ninguém pode ou tem
o direito de esperar que
as autarquias de quem
não se gosta mudem de
partido para fazer um
mandato que sirva aos
cidadãos da AMP. Isto
é, Marco António Costa pode não gostar de algum autarca do PS, mas
não pode estar à espera
quatro anos que aconteça uma alteração para
se começar a trabalhar,
nem os autarcas do PS
podem esperar que mudem as autarquias do
PSD. Pensar que se vai
segregar os presidentes
de câmara do PS é desde
logo a pior face da política que eu conheço. Devo
dizer que perdemos um
bom ensejo de no mandato anterior alterar o
modelo da Junta.
Que modelo seria o
ideal?
Sou defensor de que
haja uma personalidade, para além dos presidentes de câmara, que
interprete a vontade
metropolitana, porque
penso que os presidentes têm limitações. Seria muito conveniente
ter alguém que pudesse
ser o porta-voz de todos,
independentemente de
essa personalidade até
ser do PSD. Alguém que
possa ser desafiado a fazer um programa e a ter
um conjunto de objectivos pelos quais responda. Era decisivo identifi-
car alguns projectos de
natureza metropolitana
e que é urgente levar a
bom porto e todos nós
estarmos disponíveis
para que esses projectos
sejam materializados. É
urgente dar condições
à JMP para ter objectivos com direcções bem
precisas.
Que projectos considera urgentes?
No mandato anterior
levei à Junta o projecto
da circunvalação. Infelizmente uma leitura
enviesada feita no âmbito do QREN impediu
que fosse a Junta Metropolitana a tratar do processo. A minha convicção é que temos questões relacionadas com
o turismo, cultura, que
deveriam ter um tratamento mais coordenado, assim como as questões relacionadas com
o ordenamento do território, sendo essencial
que se estabelecessem
as prioridades de conjunto. Deveríamos elaborar uma estratégia
comum, actualizando
um quadro estratégico
da AMP que permitisse saber para onde dirigir os principais investimentos. Temos uma
última oportunidade, o
QREN, e temos que discutir muito, pois não faz
sentido que os investimentos realizados em
Lisboa continuem a ser
tidos como com repercussões para todo o território nacional.
Vai ser candidato à
distrital do PS Porto
daqui a um ano?
Eu sou candidato a fazer um bom mandato na
câmara de Matosinhos e
para ter esse bom mandato farei tudo o que for
necessário.
A Guilherme Pinto defende que no processo de regionalização é preciso levar uma mensagem esclarecedora aos cidadãos
GUILHERME PINTO presidente da Câmara de Matosinhos
Acordo com PSD para
“um mandato tranquilo”
Guilherme Pinto espera atrair mais investimento privado para Matosinhos. Educação, turismo e ambiente são prioridades. Defende ainda a existência de uma
personalidade à frente da JMP que seja um porta-voz dos autarcas.
AIDA SOFIA LIMA
[email protected]
FOTOS: ANTÓNIO RILO
[email protected]
Referiu recentemente
que este segundo manda-
to seria “muito trabalhoso”. O que quis dizer?
Tem que ver com o momento que o País atravessa,
em que precisamos dinamizar a economia e incentivar um conjunto de inicia-
tivas. Tem que ver também
com projectos extremamente importantes que
fomos conquistando em
vários quadrantes, quer
no QREN, quer junto de
instituições que se com-
prometeram a materializálos.
A autarquia tem conseguido captar investimento privado para o concelho?
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solvido o problema da ligação da Petrogal à A28.
Para além da atracção
de investimento, que projectos estruturantes tem
para o concelho?
A educação é uma das
prioridades básicas. Também o ambiente, particularmente fechar a renovação da orla costeira. Temos
ainda uma estratégia muito
virada para o turismo, por
isso estamos a dinamizar
um conjunto de acções em
diversas áreas, como a gastronomia.
Para concretizar todos
os projectos que refere,
vai ser mais difícil agora
que o PS perdeu a maioria na câmara?
Vai ser mais fácil. Durante o anterior mandato, houve sempre a sombra de um
mito que se tinha a si próprio por imbatível e que ficou demonstrado nestas
eleições que afinal era batível. Já não sou alguém que
foi presidente e que poderia
eventualmente estar a prazo face ao regresso do mito,
mas sim alguém em quem
os cidadãos confiam o destino de Matosinhos.
Matosinhos é o concelho
com melhor capacidade para
atrair investimento na Área
Metropolitana do Porto. Basta pensar na sua situação geográfica, na forma como é
servido por grandes vias rodoviárias, no porto de Leixões, na proximidade com o
aeroporto, e, portanto, qualquer investidor pensa obviamente em Matosinhos. Particularmente entre a zona do
porto de Leixões e o Freixieiro há um conjunto de investimentos que estão a ser concretizados e que são um bom
sinal para o futuro.
Que investimentos são
esses?
Desde investimentos ligados a plataformas logísticas,
até à produção de computadores, empresas ligadas
à energia. Não esquecendo
aquele que é o maior investimento que creio estar a
acontecer no Norte do País,
que é a renovação da Petrogal, que continua a avançar.
Em relação à Petrogal,
passou de uma empresa a
que todos torciam o nariz
para um elemento fundamental na economia local. Como tem sido a relação entre a autarquia e
a Petrogal?
A relação com a Petrogal
hoje está mais ou menos estabilizada. No entanto, temos agora que dar um salto.
A Petrogal tem problemas
em Matosinhos que nunca
resolveu. Por exemplo, existe um conjunto de casas que
vive paredes meias com a
Petrogal e esse problema já
deveria ter sido resolvido.
Também ainda não está re-
O acordo com o PSD e
José Guilherme Aguiar
implicou alterações no
seu programa?
Rigorosamente nada. Basta comparar os três programas eleitorais. Um é uma
cópia do programa do PS e
o programa do PSD também
não tem grandes divergências. O único encontro que
houve foi o de perceber qual
era a melhor forma de aproveitar as potencialidades de
cada um.
Em relação a Narciso Miranda, que tipo de
oposição espera?
Eu diria que, neste momento, a percepção que tenho é que vamos ter uma
oposição de pontos e vírgulas. Embora tenha a certeza
absoluta de que nunca haverá nada perfeito, nada como
ter um bom ponto para que
se possa ir acertando aquilo
que possa estar a falhar.
O pelouro do Desporto
foi criado propositada-
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Cores: Cor
Period.: Semanal
Área: 24,29 x 29,90 cm²
Âmbito: Regional
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mente para Guilherme
Aguiar?
A atribuição do pelouro
do Desporto a Guilherme
Aguiar decorre de duas circunstâncias. Por um lado,
era o pelouro do presidente
da câmara e no âmbito do
desporto foram sendo concretizados projectos muito importantes, mas criouse também um conjunto de
compromissos decisivos
para este mandato. Defini
que teria que aligeirar algumas das minhas tarefas
para funcionar ainda mais
como coordenador da equipa. E foi com naturalidade
que não mexi nos pelouros
que já estavam atribuídos.
Pensei ser mais importante
transferir para os elementos
que chegam de novo parte
do que era minha responsabilidade.
Este acordo com Guilherme Aguiar foi muito criticado pelos partidos…
As pessoas, às vezes, têm
que criar problemas artificiais para poderem divergir. Eu e Guilherme Aguiar
entendemos que havia um
sentido de responsabilidade que era preciso exercer
para estabilizar o mandato
em Matosinhos, o que não
significa que tenhamos que
pensar as mesmas coisas.
Significa apenas que vamos
fazer um esforço em conjunto para harmonizar pontos
de vista para que a autarquia
possa ter um mandato tranquilo.
Ainda em relação às
críticas dos partidos e às
expulsões do PS que poderão vir a ser concretizadas. O que pensa deste
assunto?
Não quero comentar.
Quem se candidatou contra o PS e acha que não prejudicou o PS não merece
comentário. A única coisa
que acrescento é que eu era
presidente da Comissão de
Jurisdição da Federação do
PS do Porto quando Narciso
Miranda era presidente da
Federação Distrital do Porto e iniciámos um processo
de expulsão de militantes
que se candidataram contra
o partido. Mas isto é apenas
uma memória.
“É preciso tempo
para esclarecer
os cidadãos”
Refere ser necessário um trabalho conjunto no
Norte. É a favor da
regionalização?
Totalmente a favor.
Embora não seja precipitado. Não posso esquecer que há uma década
me empenhei muito na
defesa da regionalização,
mas o País na altura
chumbou. Penso que não
estava preparado nem
quis alargar o número de
quadros políticos. Neste momento, temos que
criar uma condição de
explicar bem aos cidadãos quais as vantagens
da regionalização e do
poder descentralizado,
e que a regionalização é
uma forma de tornar a
máquina do Estado mais
eficaz e de harmonizar
políticas das autarquias.
região própria, não acho
que se deva reabrir essa
questão.
E concorda com o
modelo das cinco regiões?
O modelo que sempre
defendi era o das oito regiões, mas cinco servem
perfeitamente. Espero
ajudar a convencer aqueles que gostariam que o
modelo fosse diferente e
dizer que o importante é
que haja regionalização.
Poderíamos ter tido a
regionalização se algumas pessoas não se tivessem refugiado na divergência entre cinco e
oito regiões. Apesar de
continuar a entender
que seria eventualmente interessante que Trásos-Montes tivesse uma
E o timing é o adequado?
Não sei. O timing
deve ser aquele que nos
permitir perceber que a
população está suficientemente esclarecida e
informada. Quem é
adepto da regionalização
não pode correr para
um referendo que temos a certeza que as
pessoas irão chumbar
wnovamente. Isso será
um retrocesso ainda
maior. A preocupação
tem que ser criar uma
estratégia que permita
levar uma mensagem
esclarecedora aos cidadãos. Para isso é preciso
tempo.
E será pertinente a
realização de um referendo, nomeadamente a seguir às eleições
presidenciais?
Creio que não é possível avançar com o processo de regionalização
sem fazer um referendo.
Fizemo-lo há dez anos
e não obstante ele não
ter carácter vinculativo,
não vejo como será possível avançar sem referendo. Teria que haver
um grande consenso
nacional que eu não estou a ver que aconteça.
Agora é preciso alterar
a Constituição, pois não
faz sentido que seja necessário os 50 por cento
em todas as regiões.
A ”Cinco regiões servem perfeitamente”
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ID: 27576530
13-11-2009
Tiragem: 30000
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Área: 14,34 x 11,38 cm²
Âmbito: Regional
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ANTÓNIO RILO
GUILHERME PINTO, PRESIDENTE DA CÂMARA DE MATOSINHOS
"JUNTA METROPOLITANA PRECISA
DE UM LÍDER QUE NÃO SEJA AUTARCA"
/ PÁ G.28 E 29
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Entrevista ao Grande Porto