ZONEAMENTO AGROECOLÓGICO DA BACIA
HIDROGRÁFICA DO ALMADA (BAHIA) COM USO DE
SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA
Cristiano Marcelo P. de Souza1, Gustavo Barreto Franco2 Ronaldo Lima
Gomes3 Eduardo Antonio Gomes Marques4 & Cesár Chagas5
1
Universidade Federal de Viçosa
Pós-Graduação em Solos e Nutrição de Plantas - Departamento de Solos
Campus UFV -Viçosa, MG – Brasil
[email protected]
2
Universidade Federal do Fluminense
Campus do Gragoatá, Blocos B e C, São Domingos, Niterói, RJ
[email protected]
3
Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais da Universidade Estadual de
Santa Cruz, Ilhéus (BA).
[email protected]
4
Universidade Federal de Viçosa
Departamento de Engenharia Civil Campus UFV -Viçosa, MG – Brasil.
[email protected]
5
Empresa Brasileira de Agropecuária, Rio de Janeiro (RJ).
[email protected]
Resumo – A inserção de atividades ligadas à agropecuária em locais inadequados
tem promovido a degradação ambiental e refletindo no desenvolvimento da atividade
a longo prazo. Nesse sentido a definição de zonas adequadas as diversas formas de
uso representa um passo fundamental para início de (re)ordenamento territorial,
principalmente idealizado no contexto de uma bacia hidrográfica. Assim esta
pesquisa tem como objetivo realizar um zoneamento agroecológico para bacia
hidrográfica do Almada, considerando aspectos agrícolas, ecológicos e sociais
inerentes á localidade de estudo. Nesse sentido, com uso do sistema de informações
geográficas, variados planos de informações cartográficas foram associados com
intuito de subsidiar a elaboração do mapa de zoneamento da bacia. No zoneamento
foram estabelecidas nove zonas que de forma geral delimita áreas com potencialidade
2
agrícola, áreas sem potencialidade e ainda áreas que deverão ser destinadas a
conservação/preservação.
Palavras Chave – Capacidade de uso das terras, uso do solo, sistemas de informação
geográfica.
Abstract – The insertion of activities connected with agriculture in inappropriate
sites has promoted the environmental degradation and reflecting on the development
of the activity in the long term. In this sense the definition of suitable areas for
various forms of use represents a key step in beginning to planning, especially
conceived within the context of a river basin. Thus, this research aims to conduct an
ecological zoning for the Almada basin, considering agricultural, ecological and
social aspects inherent in the study area. In this sense, using the geographic
information system, varied plans of cartographical information were associated with
the purpose to subsidize the development of the zoning map of the basin. In zoning
were established nine areas that generally delimits areas with potential agricultural
areas
without
potential
and
also
areas
that
should
be
aimed
at
conservation/preservation
Keywords – Capacity of land use, land use, geographic information systems.
INTRODUÇÃO
Diversas formas de uso agropecuário são implantadas não de acordo com a
capacidade de suporte do solo, ou ainda em condições geomorfológicas e
climáticas que não contribuem para o uso sustentável, essa inadequação
promove danos ao meio ambiente levando determinados geossistemas a
níveis de deterioração.
As alterações negativas em determinados geossistemas tendem a provocar
danos em cadeia, principalmente quando ocorrem no contexto de uma bacia
3
hidrográfica, pois esta funciona como uma unidade organizada complexa,
formada por subsistemas, de cujas interações resultam a organização como
um todo integrado (Mattos & Perez Filho, 2004); assim diversos elementos
estão interligados (solo, geomorfologia, geologia e recursos florestais).
Apesar das consequências dos impactos ambientais serem difundidas no
contexto da bacia hidrográfica, os benefícios de ações que visem melhorar o
estado ambiental é sentido em maior parte da área, principalmente nos
ambientes que tem influência direta da água dos rios. Em virtude desses
aspectos diversos autores (Moraes, 2005; Teodoro, 2007; Silva, 2011)
concebem a bacia hidrográfica como uma unidade da paisagem ideal para
planejamentos ambientais.
O comportamento de uma bacia hidrográfica segundo Nascimento &
Vilaça (2009), ocorre seguindo dois sentidos: ordem natural, responsáveis
pela pré-disposição do meio à degradação ambiental, e antrópicos, onde as
atividades humanas interferem de forma direta ou indireta. Este último por
sua vez é uma das maiores causas de degradação motivada pelas formas de
uso inadequadas, exploração excessiva do meio ambiente ou ainda utilização
das áreas naturalmente fragilizadas, porém vitais para o funcionamento
adequado da bacia.
O direcionamento nas formas de uso da terra para locais adequados; a
manutenção de fragmentos florestais, principalmente as das Áreas de
Preservação Permanente (APP), são uns dos fatores que representa passos
fundamentais para conservação de uma bacia hidrográfica, que reflete tanto
na qualidade dos recursos hídricos, bem como na qualidade de vida das
4
cidades presentes na bacia. No entanto uma das formas de disciplinar os
diferentes tipos de uso encontra-se no zoneamento.
O zoneamento, independente de sua adjetivação, define as zonas
"homogêneas" dentro de uma determinada região, segundo critérios de
agrupamentos pré-estabelecidos (Silva, 2003). Dentre os diferentes tipos
encontra-se o zoneamento agroecológico que segundo Sanchez (1991),
consiste em um “resultado geográfico de um ordenamento do meio rural e
florestal que relaciona os sistemas naturais e os modificados pelo homem
com as melhores alternativas de estruturação”.
Diversas metodologias de zoneamento vêm sendo elaboradas, aliada
principalmente a utilização de Sistemas de Informações Geográficas (SIGs),
que tem a capacidade de realizar análise de diversos planos de informações
de forma integrada (Martorano & Angelocci 1999). Porém é consenso que o
zoneamento adequado deve considerar diversos elementos da paisagem, que
se constitui como uma série de informações a respeito do espaço e que a
conjugação destas demonstre áreas com potencialidade para fins prédeterminados ou indique limitação em virtude de fatores naturais ou
antrópicos.
Na área da bacia hidrográfica do Almada, o zoneamento é importante uma
vez que a bacia destaca-se como um dos principais sistemas naturais da
Região Cacaueira, onde se encontra uma área significativa do bioma Mata
Atlântica, além de florestas secundárias, restingas, e manguezais. Apresenta
ainda grande diversidade de ambientes naturais, por exemplo, a paleobaía
Lagoa Encantada, de idade Quaternária, que é um forte atrativo turístico, por
sua beleza cênica e pelos testemunhos paleontológicos e arqueológicos.
5
Porém, problemas relacionados a conflitos ambientais, como ocupação de
áreas inadequadas, associados à falta de saneamento básico, pesca predatória,
ação criminosa de caçadores e retirada de madeira nativa são fatores que
promovem perda dos ambientes naturais e degradação ambiental, que se
somam ainda a expansão urbana desordenada, a erosão costeira e a pressão
das atividades turísticas, reconhecidas como alternativa econômica à crise da
lavoura cacaueira na região.
Assim pretende-se nesta pesquisa elaborar o zoneamento agroecológico da
bacia do Almada (Bahia), utilizando um Sistemas de Informações geográficas
com bases de dados georreferênciados (planos de informações cartográficas)
obtidos de trabalhos produzidos para área da bacia e de dados construídos por
meio de trabalhos de campo e em laboratórios, sendo definidas no
zoneamento áreas adequadas para as principais formas de uso da terra na
bacia.
METODOLOGIA
ÁREA DE ESTUDO
O estudo foi conduzido na bacia do Almada (BHA), com uma área de 1.573
Km², que engloba as áreas dos municípios de Almadina, Coaraci, Ibicaraí,
Barro Preto, Itajuípe, Itabuna, Ilhéus e Uruçuca (Figura 1), todos abastecidos
completamente ou em parte pela água desta bacia, inclusive os 220 mil
habitantes da cidade de Itabuna. A BHA destaca-se ainda como um dos
principais sistemas naturais da Região Cacaueira, onde se encontra uma área
significativa do bioma Mata Atlântica.
6
Figura 1: Mapa de localização da bacia.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Os procedimentos propostos para elaboração do zoneamento se baseiam no
levantamento de informações do meio físico (solos, geologia, uso da terra,
aspectos geomorfológicos), e a partir da associação destes planos de
informações definem-se áreas de potencialidade, fragilidade, e zonas
adequadas de uso. Vale salientar que as informações adquiridas foram
condizentes para escala de trabalho adotada de 1:100.000
Como a área em estudo já apresentava vários planos de informações
cartográficos produzidos, assim utilizou-se do mapa de solos e mapa de
fragilidade ambiental produzido por Franco (2010) e áreas de preservação
permanente produzidos por Gomes et al. (2010), baseado nos parâmetros
estabelecidos pelo CONAMA (2002).
[L1] Comentário: Não tem escala, norte
e coordenadas nos mapas menores.
7
No que se refere aos planos de informações de áreas fragilizadas, foram
selecionadas as áreas de alta fragilidade ambiental, definidas por Franco
(2010). Segundo o autor a definição das áreas de fragilidade é baseada na
sobreposição dos planos de informações (solo, geologia, clima, declividade, e
geomorfologia), baseado na técnica de álgebra de mapas com critério da
soma de valores fragilidade e posterior extração da média aritmética. Assim
não foi necessário utilizar novamente alguns planos de informações, a saber:
geomorfologia, clima, e geologia. Uma vez que foram já associados.
Porém os dados de declividade que foram extraídos a partir da imagem de
radar Topodata de resolução de 30x30 metros, representam um aspecto
fundamental para elaboração do mapa de capacidade de uso das terras, bem
como as informações da distribuição das classes de solos.
O mapa de uso da terra foi elaborado por meio de imagens de satélite
landsat 5TM, corrigida por meio de três etapas com uso do software ATCOR
9.2 do Erdas imagine: 1) conversão dos valores digitais para radiância
espectral no sensor (calibração do sensor); 2) conversão da radiância
espectral para reflectância aparente; e 3) remoção dos efeitos da atmosfera
devido à absorção e dispersão da luz (correção atmosférica). Posteriormente a
imagem foi submetida à correção geométrica (georrreferênciamento). Por
meio das imagens corrigidas foi aplicada a classificação supervisionada com
uso do algoritmo de Máxima Verossimilhança (Maxver) nas bandas
espectrais (3R, 4G, 5B).
Para definir a melhor forma de uso para cada tipo de solo, foi elaborado
também o mapa de capacidade de uso de uso das terras da bacia, a partir da
metodologia proposta por Marques et al., (1949); e Lepsch et al. (1983), e
baseado nos parâmetros definidos por Assad et al. 1998, que tem como
[OA2] Comentário: Confuso.
Reescrever.
8
finalidade indicar o grau de intensidade de cultivo que se pode aplicar em um
terreno sem que o solo sofra diminuição de sua produtividade por efeito da
erosão e por alterações químicas negativas do solo.
Todas as informações foram reunidas em camadas no software ArcGis
9.3, em que se procedeu a aplicação de técnicas de sobreposição, na qual as
informações sobre APP foram privilegiadas, para aparecer no mapa, pois
estas representam as áreas inadequadas para formas de uso. No zoneamento
foram privilegiados também os fragmentos de mata primária, tendo em vista
que a manutenção dessas áreas é de vital importância para manutenção da
água no sistema da bacia, bem como conservação da fauna e flora da região.
A Figura 2 demonstra o resumo dos procedimentos metodológicos.
Figura 2: Fluxograma representativo da metodologia utilizada.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O uso e ocupação da BHA são diversificados com cultivos tradicionais de
subsistência, monocultura do cacau, pecuária extensiva, áreas urbanas, áreas
com solo exposto e áreas com vegetação (restinga, áreas úmidas e florestas de
Mata Atlântica).
9
A vegetação natural dessa bacia encontra-se, de maneira geral, preservada.
Isso se deve, principalmente, ao método de implantação do cacau em cabruca
que representa 55,14% da área da bacia (Tabela 1) e (Figura 3). Segundo
Lobão (2007), o cacau-cabruca é um sistema agrossilvicultural de produção
que gera benefícios silviculturais, agroecológicos e ambientais muito
valorizados no desenvolvimento sustentável, que foi originado com a
substituição dos estratos florestais médio e inferior por uma cultura de
interesse econômico, implantada no sub-bosque, de forma descontínua,
possibilitando a presença de fragmentos com vegetação natural, não
prejudicando as relações com o meio físico ao qual está relacionado. Além de
gerar recursos financeiros e fixar o homem no meio rural, o sistema
conservou recursos hídricos, fragmentos e exemplares arbóreos da floresta
original de inestimável valor para o conhecimento agronômico, florestal e
ecológico, de modo a compatibilizar o desenvolvimento sócio-econômico
com a conservação. (Setenta et al., 2005).
Apesar da conservação de fragmentos florestais na BHA, desde a
implantação de uma malha viária interligando a capital baiana ao Sul do país,
a (BR 101), a pressão sobre recursos florestais aumentaram (Lobão, 2007),
esse fato aliou-se ainda a crise da lavoura cacaueira promovida por crises
econômicas sucessivas de escala regional e global a partir do início da década
de 1980, associado com condições climáticas desfavoráveis (falta de chuva)
durante as safras de 1987 e 1992, e tais eventos somados ao aparecimento e
alastramento de um fungo devastador causador da doença “vassoura-debruxa” a partir de 1989, que apodrece o fruto do cacau, diminuindo a
produção (Chiapetti, 2009), concorreram também para promover a redução
de áreas de mata.
10
A partir da crise da lavoura cacaueira, muitas áreas de plantações de cacau
foram substituídas por pastagens, atualmente esta forma de uso ocupa
inclusive 18,30% das APP, (Tabela 1); e conforme diagnosticado por Souza
et al. (2009) ocorrem ainda desmatamentos em áreas próximas de nascentes
na porção oeste da bacia, que favorecem processos erosivos evidenciado pela
elevada presença de solos expostos nesta porção da bacia.
Figura 3: Mapa de uso da terra na BHA.
11
Tabela 1. Cálculo das classes de uso da terra na BHA e nos limites de APPs.
Classes de uso da
Área
Área
terra
(km)
(%) APP (km)
APP (%)
Matas
357,69
22,74
57,63
26,32
Áreas Úmidas
6,11
0,39
1,00
0,46
Restinga
6,57
0,42
0,61
0,28
Cabruca
867,45
55,14
104,27
47,62
Pasto
273,63
17,39
40,06
18,30
Solo Exposto
41,92
2,66
6,41
2,93
Área urbana
11,51
0,73
2,20
1,00
Corpos D'Água
8,17
0,52
6,78
3,10
A partir de análise de dados da área de plantação de cacau e número de
efetivo bovino dos municípios pertencentes à BHA, é possível observar que a
relação entre esses aspectos de forma geral tem a seguinte regra: à medida
que a área plantada de cacau é reduzida, seja motivado por fatores
econômicos ou até mesmo ambientais, ao mesmo tempo cresce o número
efetivo bovino (Figura 4).
Figura 4: Gráficos demostrando a relação em hectares de plantação de cacau
e efetivo bovino dos municípios da BHA.
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas – IBGE (2011)
Dados de Pesquisa Agropecuária Municipal de 1993 a 2009.
De certa maneira, não há regra nas formas de uso do solo no contexto da
bacia, possivelmente as formas de uso ficam condicionadas a fatores
12
econômicos (ex.: queda de preço) ou mudanças ambientais relacionadas
principalmente com o clima. Porém, pode-se argumentar que a inserção de
atividades ligadas à pecuária ou agricultura em locais não adequados, gera-se
problemas
de
degradação
ambiental
tornando
a
própria
atividade
contraproducente, ou lucrativa em curto espaço de tempo, resultando em
novas áreas degradadas. Desta forma, é necessário definir a capacidade de
uso das terras. Na área da BHA foram definidas nove classes de capacidade
de uso, com suas sub-classes baseado na limitação do solo (e: limitações pela
[L3] Comentário: as
A tabela apresenta apenas sete classes em
vez de nove.
erosão presente e/ou risco de erosão; s: limitações que dizem respeito ao solo;
a: limitações por excesso de água;). Estas classes forma registadas no
Quadro 1 e Figura 5.
Quadro 1: Principais características das classes de capacidade de uso da terra
da BHA.
(Continua)
Classes
Características
Área
Km2
Presentes
no
domínio
ARGISSOLO
AMARELO Distrófico abrúptico, apresentam
IIe
limitação devido à baixa fertilidade dessas áreas, 290,96
porém, apresentam boa aptidão para agricultura
perene. Devido à densidade de argila nos horizontes
sub-superficiais pode promover processos erosivos
principalmente quando o horizonte A é arenoso. A
declividade dessa classe varia aproximadamente até
20%.
Terras produtivas, planas ou suaves onduladas;
com ligeira limitação devido a baixa saturação de 187,71
IIs
bases. Estão situadas sobre o domínio dos
ARGISSOLO AMARELO Distrófico abrúptico.
Indicada para cultivos perenes.
Terras com declives moderado (classe de
declive de 8 a 20 %), porém, apresenta riscos severos
de erosão sob cultivos intensivos, podendo apresentar 12,50
IIIe
[L4] Comentário: Não está clara a
nomenclatura das classes na tabela.
13
IIIs
IVs
VIs
VIIe
erosão laminar moderada e/ou em sulcos,
Principalmente quando associado a solos de mudança
textural abrupta. Situam-se sobre o domínio
ARGISSOLO AMARELO Distrófico abrúptico e
ARGISSOLO VERMELHO AMARELO Distrófico
típico.
Terras praticamente plana ou suave ondulada,
com fertilidade muito baixa, apresentam limitação
devido a associação com solos de mudança textural
abrúptica; ou baixa fertilidade como no caso dos
ARGISSOLOS
VERMELHOS
AMARELOS
Distrófico típico. São áreas indicadas para atividades
perenes, uma vez que alterações constantes podem
reduzir ainda mais a fertilidade dos solos.
Solos limitados pela profundidade efetiva
reduzida, apresentam ainda pequena capacidade de
retenção de água aliada a problemas de fertilidade.
Estão sobre o domínio pedológico dos NEOSSOLO
QUARTZARÊNICO
Órtico
típico
e
ESPODOSSOLO FERRIHUMILÚVICO. São áreas
indicadas para cultivos ocasionais, sob cuidadosa
administração.
Não utilizável para qualquer cultivo de ciclo
curto e seu uso é limitado, e em algumas áreas de
maiores declive não é recomendado o uso de
pastagens, em virtude de características tais como
solo pouco profundo ou declive acentuado. Essa
classe abrange principalmente dois domínios
pedológicos:
ARGISSOLO
VERMELHO
AMARELO Distrófico típico; e CAMBISSOLO
HÁPLICO Tb Distrófico latossólico. A declividade
do terreno pode chegar até 45%.
São terras que apresentam como incultivável, e
também com severas restrições ao uso com
pastagens; requer extremo cuidado para evitar a
erosão. Estão principalmente sobre o domínio dos
LATOSSOLO
AMARELO
Distrófico,
ocasionalmente
com
presença
de
fase
moderadamente rochosa.
461,34
41,12
347,74
119,83
14
Figura 5: Mapa de Capacidade de uso das terras da BHA.
Sendo assim, com a definição de classes de capacidade de uso, é
possível estabelecer as atividades previstas para cada área, considerando-se a
sua capacidade de suporte e aptidão. Nesse sentido, tomando como base as
principais formas de uso do solo da bacia podem-se direcionar os seguintes
usos para áreas adequadas: locais para pastagem e agricultura de subsistência;
e agricultura perene (ex.: plantação de cacau).
Definidos os locais adequados para agricultura e pecuária, é
necessário também definir áreas de conservação que são procedimentos
essenciais na elaboração de zoneamento agroecológico (Souza et al., 2009).
Segundo Barbosa, Andrade & Almeida (2009), o zoneamento permite a
individualização do potencial agrícola e ecológico que determinada área
15
apresenta, e as limitações existentes quanto ao uso do solo. Desta forma,
considerando os aspectos ligados a vegetação, áreas de fragilidade, zonas
urbanas consolidadas e áreas de preservação permanente (APP), são definidas
as zonas potencialmente indicadas para determinada forma de uso,
respeitando-se a legislação, bem como as limitações ambientais.
Nesse sentido no zoneamento da BHA, por meio da sobreposição dos
planos de informação cartográfica, foram identificadas sete zonas, que estão
representadas no mapa de zoneamento agroecológico da BHA (Figura 6).
Figura 6: Mapa de zoneamento agroecológico da BHA.
16
Zona de uso agroflorestal e agricultura – são terras que pertencem ao
grupo A na capacidade de uso, são em geral próprias para lavouras anuais ou
perenes (Mendonça et al. 2006). No contexto da bacia em estudo são áreas
adequadas para pequenos cultivos agrícolas e em principal para plantação de
cacau sobre o sistema agroflorestal cabruca, abrange 728,08 Km2.
Zona adaptadas para pastagens – em virtude das características dos
solos esta região não tem aptidão para cultivos perenes, uma vez que os solos
são geralmente rasos com pedregosidade e com horizonte B textural, fatores
que aliados dificultam a penetração do sistema radicular das plantas. Neste
sentido, plantações de cacau em que o sistema radicular consta normalmente
de uma raiz principal, pivotante que atinge uma profundidade variável entre 1
e 2 metros (Souza Júnior. et al. 1999), apresenta dificuldade na penetração
nesses tipos de solos. Porém, as pastagens que em geral tem sistema radicular
curto são indicadas para estas áreas, além disso, as forrageiras quando bem
manejadas oferecem boa cobertura do solo, mais eficiente do que as culturas
agrícolas de ciclo curto, e também sofrem baixa frequência de remoção do
solo por implementos agrícolas, fatos que ajudam a reduzir a taxa de erosão e
manutenção das propriedades físicas químicas do solo e oxidação da matéria
orgânica (Souza et al, 2010). Esta Zona ocupa uma área de 283,37 Km2;
Zona de fragmentos florestais – são áreas de vegetação natural do bioma
mata atlântica, na qual muitas vezes encontram-se antropizados. Engloba
também componentes florestais dos manguezais e restingas e áreas úmidas da
bacia, com total de 147,20 Km2. A preservação destas áreas é de vital
importância para manutenção dos recursos hídricos e redução de processos
erosivos, uma vez que as áreas de mata densa estão associadas a áreas de
17
declives acentuados. Enquanto as áreas de restingas estão sobre solos
friáveis.
Zona de conservação e reflorestamento – em virtude da capacidade do
solo, esta região, não apresenta aptidão para cultivos agrícolas nem mesmo
para pastagens. São áreas enquadradas na classe VII no critério de capacidade
de uso das terras. Devem ser destinadas para conservação florestal ou
reflorestamento e ocupa uma área de 31,67 Km2.
Zona sem aptidão agrícola – os solos desta região são solos mal
drenados desenvolvidos em áreas com lençol freático próximo à superfície ou
permanentemente alagados, (GLEISSOLO HÁPLICO e ORGANOSSOLO
HÁPLICO) (Franco, 2010). Assim, no contexto da BHA não se apresenta
potencialmente agricultável, ademais a proximidade com a principal lagoa da
região (Lagoa Encantada) e ainda manguezais, são fatores que justificam sua
inutilização agrícola, considerando que tais elementos da paisagem devem ser
conservados. A abrangência desta zona é de 3,99 Km2
Zona de uso limitado – Nesta zona predominam solos arenosos de baixa
fertilidade, inapta para maioria dos cultivos agrícolas inclusive pastagens,
porém, são áreas com potencialidade para plantações do tipo palmáceas.
Outras atividades podem ser implementadas mediante processos de calagem
que contribui para a diminuição da acidez e elevar o nível de saturação por
bases; ocupa 14,57 Km2 da bacia.
Zona de fragilidade - Por meio do cruzamento de valores de fragilidade
dos solos, geologia, clima, declividade e geomorfologia, Franco (2010)
identificou áreas de fragilidade ambiental e estes são locais que apresentam
susceptibilidade a degradação. Porém, algumas áreas podem ser susceptíveis
em virtude do seu estado ambiental atual, assim caso sejam implementadas
18
técnicas de recuperação algumas podem ter potencialidade para agricultura
e/ou pecuária (36,18 Km2).
Zona de área de preservação permanente – considerando a legislação
ambiental, esses locais devem ser preservados, são áreas de topo de morro,
mata ciliar, nascentes, e declividade superior a 45º, corresponde a 317,75
Km2.
Zona de área urbana consolidada - representa as principais cidades
inseridas na bacia no total de 8,7 Km2, representadas por Almadina, Coaraci,
Itajuípe, Uruçuca e parte da cidade de ilhéus.
CONCLUSÃO
Na área da bacia hidrográfica do Almada, as principais formas de uso do solo
são atividades ligadas à pecuária e plantações de cacau, porém, muitas vezes
ocupam áreas sem potencialidade agrícola, locais de fragilidade natural e/ou
antropizadas, bem como áreas de preservação permanente. Nesse contexto,
para realização da pesquisa foi necessário utilizar a definição da capacidade
de uso das terras de modo a identificar as áreas que tinham potencialidade
para estas formas de uso, bem como as áreas sem potencialidade agrícola.
Além do mapa de capacidade de uso das terras, foram separadas também
informações relacionadas as áreas de fragilidade ambiental alta, áreas de
preservação permanente, e principias fragmentos florestais, na qual
representam de forma geral áreas sem potencialidade agrícola e que
necessitam de conservação/preservação.
No entanto a partir do cruzamento de diversas informações gerou-se o
mapa de zoneamento agroecológico da bacia. A pesquisa teve êxito em
virtude da utilização de técnicas de geoprocessamento na qual informações
19
são geradas com maior acurácia, e com baixo custo, evidenciando assim a
eficácia do uso dos sistemas de informações geográficas para trabalhos
ambientais.
Foi observado também que fator de escala das informações
produzidas pode influenciar no diagnóstico e acurácia das informações, uma
vez que trabalhos em pequena escala com uso de imagens com baixa
resolução espectral; podem gerar erros nas informações produzidas, porém, a
relação local de estudo e escala de trabalho 1:100.000, foi eficiente para
[L5] Comentário: Não foi feito análise
de diferentes escalas no seu trabalho.
Deveria ser retirado.
delimitar zonas. Mas não esgota a possibilidade de que novos estudos (no
sentido de zoneamento agroecológico) sejam realizados, principalmente
quando conduzidos em nível de propriedade rural.
No entanto, o zoneamento da BHA apresentou-se como eficaz
ferramenta para direcionamento do seu uso e ocupação futura. O mapa
elaborado enfatizou os aspectos conservacionistas da bacia, sejam para áreas
naturais e/ou áreas fragilizadas. E baseados no mapa é necessário que se
coloque em prática um (re)ordenamento das atividades agropastoris para
locais adequados.
REFERÊNCIAS
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agrícola e ambiental. v.13, n.5. p. 623-632.
[L6] Comentário: Melhorar o texto.
20
CHIAPETTI, J. (2009) Uso corporativo do território brasileiro e o processo de
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