UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE ARTE E COMUNICAÇÃO SOCIAL DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO TATIANA DE SOUSA RIBEIRO ESTUDOS DE USUÁRIOS E OS CONTEÚDOS CURRICULARES DAS ÁREAS DE BIBLIOTECONOMIA E CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO: uma pesquisa nos sites de universidades brasileiras NITERÓI 2010 i TATIANA DE SOUSA RIBEIRO ESTUDOS DE USUÁRIOS E OS CONTEÚDOS CURRICULARES DAS ÁREAS DE BIBLIOTECONOMIA E CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO: uma pesquisa nos sites de universidades brasileiras Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Biblioteconomia. Orientadora: Profa Marília Alvarenga Rocha Mendonça NITERÓI 2010 ii AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE. R484e Ribeiro, Tatiana de Sousa Estudos de usuários e os conteúdos curriculares das áreas de Biblioteconomia e Ciência da Informação: uma pesquisa nos sites de universidades brasileiras / Tatiana de Sousa Ribeiro. - Niterói: [s.n.], 2010. 48 f. Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade Federal Fluminense, 2010. 1. Estudos de usuários. 2. Ensino de Biblioteconomia. 3. Instituição de Ensino Superior-Brasil. I. Titulo. CDD 028.9 iii TATIANA DE SOUSA RIBEIRO ESTUDOS DE USUÁRIOS E OS CONTEÚDOS CURRICULARES DAS ÁREAS DE BIBLIOTECONOMIA E CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO: uma pesquisa nos sites de universidades brasileiras Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Biblioteconomia e Documentação do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Biblioteconomia. _______________ em _____________ de 2010 BANCA EXAMINADORA ___________________________________________________________________________ Profa MARÍLIA ALVARENGA ROCHA MENDONÇA – Orientadora UFF ___________________________________________________________________________ Profa Dra REGINA DE BARROS CIANCONI UFF ___________________________________________________________________________ Profa SANDRA BORGES BADINI UFF NITERÓI 2010 iv In memoriam Alcides do Nascimento Lins, filho de uma vendedora ambulante e estudante de Biomedicina da UFPE, morto a tiros em Recife v AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus pelas bençãos que me concede todos os dias e pela graça de poder concluir minha graduação. Aos meus pais Zita e Sebastião, pelo amor incondicional e que fazem de tudo para que eu tenha as oportunidades que eles não tiveram. A Gisele, minha irmã, amiga e parceira, que eu amo muito. Vocês são a razão da minha vida. Aos meus avós paternos in memoriam Maria e Miguel e meus avós maternos Maria e José. Aos amigos da família e dos tempos do colégio que não esqueço e nem esquecerei. A todos os professores do Departamento de Ciência da Informação, por serem responsáveis pela minha formação, e especialmente minha querida orientadora Marília Alvarenga Rocha Mendonça pelos seus ensinamentos. Aos colegas de curso, meus companheiros nestes quatro anos, em especial às minhas amigas Elaine Passos, Renata Lemos e Renata Nascimento. Ao pessoal da Biblioteca da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense pelo companheirismo e paciência comigo. Enfim, a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a elaboração deste trabalho. vi “Limpamos o ar, mas poluímos a alma; dominamos o átomo, mas não nosso preconceito; escrevemos mais, mas aprendemos menos; planejamos mais, mas realizamos menos”. George Carlin vii RESUMO O presente trabalho faz uma pesquisa sobre a temática de estudos de usuários nos conteúdos curriculares das universidades do país. Apresenta um levantamento bibliográfico sobre a origem, os métodos e as abordagens dos Estudos de Usuários, e sobre a história do ensino de Biblioteconomia no Brasil desde seu surgimento com seus fatos marcantes em cada década. Comenta sobre o novo paradigma da área de Ciência da Informação, os autores que dissertam sobre esta perspectiva e seus estudos. Aponta os cursos de graduação nas áreas de Biblioteconomia e Ciência da Informação de todas as regiões do país e suas respectivas Instituições de Ensino Superior. Faz uma coleta de dados referente às disciplinas de estudos de usuários nos sites das instituições. Apresenta estes dados estruturados com os devidos comentários. Identifica as disciplinas das instituições de cada região e comenta as particularidades em cada região. PALAVRAS-CHAVE: Estudos de usuários - Ensino de Biblioteconomia - Instituição de Ensino Superior do Brasil viii ABSTRACT This paper makes a research on the subject of user studies in the curricula of universities. Presents a literature on the origins, methods and approaches in user studies, and teaching about the history of librarianship in Brazil since its inception with its milestones in each decade. Comments on the new paradigm in the area of Information Science, the authors who write about this prospect and their studies. Points undergraduate courses in the areas of Library and Information Science from all regions of the country and their institutions of higher education. Makes a collection of data pertaining to the disciplines of user studies on the websites of the institutions. Structured presentation of these data with the appropriate comments. Identifies the subjects of the institutions in each region and discusses the particularities of each region. KEY WORDS: Use studies - Teaching Librarianship – Brazilian Higher Education Institution ix LISTA DE QUADROS Quadro 1: Instituições de Ensino Superior ............................................................................. 30 Quadro 2: Instituições de Ensino Superior da região Sul ....................................................... 32 Quadro 3: Instituições de Ensino Superior da região Sudeste ................................................ 34 Quadro 4: Instituições de Ensino Superior da região Nordeste .............................................. 37 Quadro 5: Instituições de Ensino Superior da região Centro-Oeste ....................................... 39 Quadro 6: Instituições de Ensino Superior da região Norte .................................................... 41 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Instituições de Ensino Superior …….............................................…….......……. 29 Gráfico 2: Natureza jurídica das Instituições de Ensino Superior .......................................... 29 Gráfico 3: Instituições de Ensino Superior da região Sul …………………………….…….. 32 Gráfico 4: Instituições de Ensino Superior da região Sudeste …………………….…...…… 34 Gráfico 5: Instituições de Ensino Superior da região Nordeste …………….………….…… 37 Gráfico 6: Instituições de Ensino Superior da região Centro-Oeste …………………...…… 39 Gráfico 7: Instituições de Ensino Superior da região Norte ………………………...……… 40 x SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 11 1.1 OBJETIVO GERAL ......................................................................................................... 12 1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................ 12 2 ESTUDOS DE USUÁRIOS ............................................................................................... 13 2.1 ESTADO DA ARTE ......................................................................................................... 15 2.2 NOVO PARADIGMA ...................................................................................................... 16 2.2.1 Brenda Dervin .............................................................................................................. 17 2.2.2 Carol Kuhlthau ............................................................................................................ 18 2.2.3 Robert Taylor ............................................................................................................... 19 2.2.4 Chun Wei Choo ............................................................................................................ 20 3 ENSINO DE BIBLIOTECONOMIA NO BRASIL ........................................................ 22 4 ANÁLISE DAS DISCIPLINAS DOS FLUXOGRAMAS E/OU GRADES CURRICULARES ................................................................................................................ 27 4.1 A PESQUISA .................................................................................................................... 27 4.2 METODOLOGIA ............................................................................................................. 27 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 42 5.1 COMENTÁRIOS .............................................................................................................. 42 REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 44 ANEXO A _ HOME PAGE DA UNIÃO EDUCACIONAL DE CASCAVEL (UNIVEL) .................................................................................................................................................. 47 ANEXO B _ HOME PAGE DA UNIÃO EDUCACIONAL DE CASCAVEL (UNIVEL) .................................................................................................................................................. 48 11 1 INTRODUÇÃO O estudo de usuário é importante para o planejamento das atividades das bibliotecas e para adequação dos recursos para os usuários dos serviços. No livro A missão do bibliotecário Ortega y Gasset (2006, p. 23) comenta: “Agora se sente a necessidade não de buscar livros [..] mas de promover a leitura e buscar leitores”. No discurso proferido em 1935, Ortega y Gasset enfatiza a necessidade de buscar leitores e para que as bibliotecas e unidades de informação cumpram esta missão, deve-se conhecer quem são os usuários reais e potenciais. Atualmente a biblioteca que valoriza mais o documento do que o usuário não está seguindo o novo paradigma da área da Ciência da Informação que prioriza o usuário e suas necessidades. Foskett (1980, p. 23) fala: “O serviço de informação mais eficaz é aquele que é projetado especificamente para cada usuário, baseado em suas necessidades conhecidas.” Nesta citação o autor mostra a relevância de se conhecer o usuário, ou seja, as bibliotecas e demais unidades de informação devem realizar estudos de usuários a fim de saber qual é o perfil e quais são os hábitos do usuário na busca da informação visando voltar o atendimento e os serviços às necessidades dos mesmos. Figueiredo (1994, p. 151) comenta: [...] não sabemos ainda quais são as necessidades de informação dos nossos usuários, quer dizer, que tipos, níveis, quantidade de informação (informação, aqui, no sentido mais amplo, desde a científica-tecnológica até para o lazer) precisamos ter no país para o atendimento adequado da nossa população. Neste trecho compreendemos que os profissionais da informação desconhecem as necessidades informacionais dos usuários, o que nos leva a crer que grande maioria dos sistemas de informação não estão atentos para o seu público alvo. É fundamental que as bibliotecas e demais unidades de informação reconheçam que sua missão é estar a serviço do usuário para assim ter consciência do seu fazer em seu ambiente profissional. Desenvolver capacidades para pensar e aprender; propiciar a formação técnicocientífica; gerenciar serviços e produtos e ter comprometimento ético são alguns dos objetivos dos cursos de Biblioteconomia. É na graduação que este profissional é “moldado” e a universidade tem um papel significativo nesta fase. O ensino na graduação deve refletir estes fatores a fim de os estudantes tenha a compreensão do seu fazer em sua área profissional. Devido a estas reflexões, nos questionamos a fim de saber se os cursos das áreas de 12 Biblioteconomia e Ciência da Informação estão tendo esta preocupação e também se elas estão acompanhando a mudança do novo paradigma da Ciência da Informação oferecendo disciplinas com a temática sobre os estudos de usuários. Na literatura publicada os autores são unânimes quanto à importância da aplicação de estudos de usuários para o planejamento e organização das bibliotecas, visto que esta e outras unidades de informação só existem para atender a este público. Levando-se em consideração a conceituação, as abordagens e a análise dos autores sobre os estudos de usuários, cabe ao presente trabalho o seguinte objetivo: 1.1 OBJETIVO GERAL Identificar as disciplinas da área temática de “Estudos de Usuários” através dos fluxogramas e/ou grades curriculares dos cursos de graduação nas áreas de Biblioteconomia e Ciência da Informação das universidades públicas e privadas brasileiras visando apontar as particularidades do ensino na graduação. 1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Identificar as universidades que oferecem o curso de Biblioteconomia e Ciência da informação. Identificar os programas, disciplinas e/ou fluxogramas dos cursos; Analisar os dados coletos. 13 2 ESTUDOS DE USUÁRIOS De acordo com uma análise, podemos inferir que o assunto Estudos de Usuários foi o principal tema abordado em livros, conferências e trabalhos de congresso na área da Psicologia e principalmente na área de Biblioteconomia entre os anos de 1948 e 1970. Segundo Figueiredo (1994): Estudos de usuários são investigações que se fazem para saber o que os indivíduos precisam em matéria de informação, ou então, para saber se as necessidades de informação por parte dos usuários de uma biblioteca ou de um centro de informação estão sendo satisfeitas de maneira adequada. (FIGUEIREDO, 1994, p. 7) Sobre este mesmo assunto Lancaster (1979) comenta que: os estudos de usuário vão de amplos levantamentos de comportamento de busca da informação de grandes comunidades _ por exemplo: físicos, psicólogos, pessoal de pesquisa, e desenvolvimento _ a estudos mais restritos de usuários de uma biblioteca particular, a levantamentos mais específicos de uso de um serviço ou instrumento. (Lancaster, 1979 apud RABELLO, 1983, p. 81) Em meados da década de 1940 as bibliotecas assumiram uma nova postura frente aos usuários. Elas abandonaram a relação de passividade com seus usuários e o uso que estes faziam da informação para se tornarem mais ativas, dinâmicas, criando novos serviços e aperfeiçoando os já existentes. Através dos estudos de usuários os bibliotecários identificam quem são as pessoas que freqüentam sua instituição, o que consultam no acervo, quais serviços utilizam, ou seja, é um instrumento de planejamento que além da traçar o perfil do usuário pode ser usado para saber o uso que estes fazem da informação, seu grau de satisfação, assim como suas necessidades informacionais. Com o passar dos anos, os estudos de usuários evoluíram e tiveram características diferentes. No primeiro período de 1948 a 1965 eles tinham como objetivo tentar descobrir o uso da informação que cientistas e engenheiros (os primeiros usuários a participar dos estudos) faziam. Na segunda fase a partir do ano de 1965 foram criadas técnicas de observação para estudar aspectos individuais do comportamento dos usuários. No terceiro período a partir da década de 1970 os estudos de usuários se preocuparam em identificar as necessidades dos usuários das áreas das ciências sociais e humanas. 14 Historiacamente, estabeleceu-se o ano de 1947 como a data da realização do primeiro estudo na área, conforme afirma Brittain. Os estudos se desenvolveram, inicialmente, na área de Ciências Exatas, podendo constatar-se que evoluíram, também, por áreas. A essa primeira experiência seguiram-se outras nas Ciências Puras a partir de 1960, na Tecnologia e Educação e, mais recentemente, nas Ciências Sociais e na área de Administração, essa a partir de 1970. (RABELLO, p. 77, 1983) Diferentemente de Rabello, Choo (2006) faz um mapeamento da pesquisa sobre necessidades e o uso da informação e descreve que: O estudo de como as pessoas se comportam quando buscam e usam a informação tem uma longa história, que remonta ao ano de 1948. Na Conferência sobre Informação Científica da Royal Society daquele ano, foram apresentados dois estudos: um acerca do comportamento na busca da informação de duzentos cientistas britânicos que serviam em órgãos do governo, universidades e institutos particulares de pesquisa, e o outro sobre o uso da biblioteca do Museu de Ciência e de Londres. (CHOO, 2006, p. 66-67) Quanto aos métodos para aplicação dos estudos de usuários, encontram-se na literatura diversos instrumentos para a coleta de dados. Os métodos mais utilizados pelos pesquisadores em bibliotecas e centros de documentação são os questionários e as entrevistas, mas existem outros como o diário, a observação direta, o uso de dados quantitativos e a técnica do incidente crítico. Cabe ao bibliotecário escolher o instrumento adequado para que consiga atingir o objetivo de seu trabalho. Cunha (1982, p. 7) diz que “o uso de um método específico depende dos objetivos da pesquisa, pois cada método apresenta tanto vantagens quanto desvantagens [...]”. Os autores da área de Biblioteconomia diferenciam os estudos de usuários direcionados para a abordagem tradicional, dos estudos direcionados para a abordagem alternativa, ou seja, os estudos centrados no sistema e no usuário respectivamente. Segundo Figueiredo (1999, p. 13): “Essa mudança de foco no acesso da informação, de modelos centrados na informação para os centrados no usuário, parte do princípio de que a necessidade de informação de um usuário é específica àquele indivíduo.” Na mesma obra de sua autoria, Figueiredo fala da importância de conhecer o usuário, seus hábitos e necessidades antes de se pensar no sistema. 15 2.1 ESTADO DA ARTE Os estudos de usuários são importantes para o planejamento das bibliotecas e demais unidades de informação porque são através deles que seus administradores conhecem a real necessidade informacional de seus usuários. Diversos autores da área de Biblioteconomia falam da nova abordagem dos estudos de usuários que passam a ter um caráter qualitativo. Esta nova abordagem tem como objetivo identificar os hábitos, o comportamento e as necessidades dos indivíduos a fim de que os sistemas de informação sejam criados e/ou adaptados para seus usuários. Segundo Baptista e Cunha (2007) identifica-se na história dos estudos de usuários a presença de duas fases distintas. A primeira delas que compreendeu as décadas de 1960 a 1980 caracterizou-se pela fase quantitativa dos estudos. Conforme Baptista e Cunha (2007): A pesquisa quantitativa caracteriza-se, tanto na fase de coleta de dados quanto no seu tratamento, pela utilização de técnicas estatísticas. Em estudos de usuários, ela teve um papel preponderante durante as décadas de 1960 a 1980. O seu uso intensivo teve por objetivo garantir uma maior precisão na análise e interpretação dos resultados, tentando, assim, aumentar a margem de confiabilidade quanto às inferências dos resultados encontrados. (BAPTISTA; CUNHA, 2007, p. 170) Durante este período, os administradores das unidades de informação e os chefes de bibliotecas não se preocupavam com o aspecto qualitativo que os estudos poderiam lhes auxiliar no planejamento de suas atividades e serviços. Os estudos de usuários na verdade não refletiam sobre os usuários, eles tinham como característica mensurar dados e fazer estatísticas dos resultados coletados. Sobre este assunto Grandi (1982 apud KREMER, 1984) comenta: Observando-se a literatura especializada sobre o assunto, nota-se uma ênfase muito grande na análise quantitativa, relegando-se a um segundo plano a análise da qualidade do serviço. Só muito recentemente é que tem havido um movimento na direção dos aspectos menos visíveis de serem mensurados, como a satisfação do usuário, suas necessidades, a interação entre ele e o bibliotecário e vários outros. (GRANDI, 1982 apud KREMER, 1984, p. 243) A preocupação de conhecer as necessidades informacionais dos indivíduos foi fator determinante para o início da fase qualitativa dos estudos de usuários. Os estudos qualitativos tinham o objetivo de conhecer o comportamento dos usuários na busca da informação, 16 entretanto os métodos de coleta como o questionário não serviam de instrumento para alcançar o objetivo dos estudos. O método de coleta de dados utilizado nos estudos de usuários tem relação com o tipo de abordagem. Os questionários são utilizados nas pesquisas de abordagem quantitativa e as entrevistas e observações são métodos de coleta de dados presente nas pesquisas de abordagem qualitativa. Os estudos de usuários possuem outra diferenciação. Eles podem ser centrados no sistema ou centrados no usuário. Os estudos centrados no sistema têm o objetivo de saber o que os usuários utilizam, como, quando, onde, com que frequência, por que, para que, e assim por diante. Ou seja, este tipo de abordagem, também chamada de tradicional, se preocupa com o sistema de informação. Em contra partida, os estudos de usuários centrados no usuário tendem a identificar os hábitos e o comportamento deste na busca e no uso da informação. Este tipo de abordagem também denominada de alternativa procura conhecer as necessidades informacionais dos indivíduos que freqüentam as bibliotecas para que as mesmas priorizem e adaptem seus serviços. A respeito desta abordagem, Ferreira (1995) fala que “os [estudos] alternativos estudam as características e perspectivas individuais dos usuários”. Na atualidade podemos encontrar pesquisas sobre estudos de usuários publicadas em livros, artigos de periódicos, dissertações de mestrado e em trabalhos apresentados em congresso. A literatura é vasta e abrange desde “pesquisas empíricas com usuários da informação [e] pesquisas que discutem aspectos teóricos, conceituais, metodológicos ou temáticos [...] relativos à área de usuários da informação” (ARAÚJO, 2009a, p. 14). Grande maioria das publicações sobre estudos de usuários são experiências e estudos de casos realizados em comunidades escolares e universitárias, e em instituições que lidam com informação, como empresas e indústrias. Sobre esta característica Araújo (2009a, p. 15) fala que “há muito mais pesquisa empírica do que reflexão teórica”. 2.2 NOVO PARADIGMA As abordagens alternativas e/ou estudos qualitativos que estão em voga atualmente são considerados o novo paradigma da Ciência da Informação. Conforme dito anteriormente este tipo de abordagem tem como foco principal o usuário da informação. Sobre as pesquisas qualitativas Cunha (1982, p. 17) comenta que: “estudos relacionados com o comportamento 17 dos usuários de informação científica e tecnológica têm sido realizados com frequência cada vez maior nos últimos trinta anos”. Autores como Brenda Dervin, Carol Kuhlthau, Robert Taylor e Choo discorrem em suas publicações sobre o aspecto subjetivo deste tipo de estudo e o comportamento do emprego da informação. Eles são muito citados na literatura de Ciência da Informação e estão sempre presentes nas publicações que falam sobre o novo paradigma da informação. No início da década de 1980 até os dias de hoje, comenta-se na temática de estudos de usuários sobre como os bibliotecários devem mudar a visão da sua profissão. Os conceitos sobre acesso à informação, sistemas de informação ainda são importantes, entretanto o que se percebe é que o tema sobre usuários da informação está tendo maior repercussão. Bibliotecários e profissionais da área de Comunicação e Psicologia fazem parte de um grupo de pessoas que realizam pesquisas para: identificar os usuários dos sistemas de informação e conhecer suas necessidades e reações na busca da informação. No artigo de Sueli Ferreira (1995) intitulado Novos paradigmas e novos usuários de informação a autora fala da mudança da área de atuação do profissional da informação quando diz que: “[...] a ciência da informação [...] vem caminhando do paradigma do acervo para o paradigma da informação”. Logo, percebe-se que a linha de pesquisa sobre estudos de usuários está refletindo sobre esta nova abordagem. Choo apresenta em seu livro três vertentes da pesquisa sobre necessidades e usos da informação e seus respectivos autores. Brenda Dervin e sua criação de significado, Carol Kuhlthau e as reações emocionais no processo de busca da informação e por final Robert Taylor e as dimensões situacionais do ambiente em que a informação é usada. Choo (2006, p. 85) argumenta que: “cada perspectiva lança sua própria luz sobre as escolhas e ações nos principais estágios do comportamento do emprego da informação: necessidade, busca e uso da informação”. 2.2.1 Brenda Dervin Brenda Dervin é professora universitária nos Estados Unidos com formação superior em jornalismo. Ela é conhecida pelas dezenas de obras publicadas no campo da comunicação social e pela metodologia Sense-Making dos estudos de usuários da informação. Através de seus estudos sobre necessidades cognitivas na busca e no uso da informação, Dervin é 18 considerada atualmente uma das autoras mais expressivas na área de Biblioteconomia e de comunicação científica. Com o objetivo de “ver o impacto de Brenda Dervin na produção científica brasileira em Ciência da Informação” Araújo (2009b, p. 57) publicou um artigo para identificar o número de citações atribuídas a Dervin em sete periódicos nacionais através de um estudo bibliométrico. Conforme Araújo (2009b), a metodologia sense-making desenvolvida por Dervin é encontrada em: estudos sobre as necessidades, interesses e usos dos meios de comunicação, informação, sistemas de comunicação e mensagens de usuários, patrocinadores, público, pacientes, clientes e cidadãos. Essa abordagem considera a informação como sendo uma construção do sujeito, a partir de suas experiências sociais, culturais, políticas e econômicas. Nesse sentido, a informação é subjetiva e só se torna significativa no contexto no qual está inserida. (ARAÚJO, 2009b, p. 60). A metodologia sense-making elaborada por Dervin tem por finalidade estudar o comportamento informacional dos usuários, ou seja, compreender como os usuários atribuem sentido ao estado em que se encontram e como buscam a informação para sanar suas necessidades. Dervin explica que o sense making promove uma forma de pensar sobre a diversidade, complexidade e a incompletude, utilizando a metáfora de um ser humano atravessando pelo tempo e espaço caminhando com uma instrução parcial, encontrando lacunas, construindo pontes, avaliando achados e se movendo. (BAPTISTA; CUNHA, 2007, p. 175) 2.2.2 Carol Kuhlthau A norte-americana Carol Collier Kuhlthau é atualmente professora titular da School of Communication, Information and Library Studies, da Rutgers University em Nova Jersey nos Estados Unidos. A autora é reconhecida pela sua contribuição na temática dos estudos de usuários sobre os comportamentos de busca da informação. Kuhlthau desenvolveu um modelo de como é realizado o processo da busca da informação com usuários de bibliotecas e estudantes universitários. Conforme Araújo (2009c): O modelo teórico abordado por Kuhlthau teve e tem grande importância no Brasil, pois trata a informação como algo subjetivo, que só se torna útil para o usuário quando este cria um sentido para ela. Dessa maneira, os estudos de usuários no contexto brasileiro vêm se voltando para uma pesquisa mais qualitativa e focada no 19 usuário, com especial atenção para as etapas percorridas no processo de busca da informação, componente essencial do comportamento informacional. (ARAÚJO, 2009c, p. 196-197). O processo de busca elaborado por Kuhlthau é dividido em seis estágios: iniciação, seleção, exploração, formulação, coleta e apresentação. “Cada estágio desse processo de busca caracteriza-se pelo comportamento do usuário em três campos de experiência: o emocional (sentimentos), o cognitivo (pensamento) e o físico (ação).” (CHOO, 2006, p. 89). As reações, emoções e sentimentos presentes no ato da busca e do uso da informação são fatores relevantes na pesquisa de Kuhlthau. Segundo a autora conhecer estas práticas é parte fundamental para o entendimento do comportamento informacional dos indivíduos de cada sistema. 2.2.3 Robert Taylor Robert Saxton Taylor nascido em 1918 é outro autor adepto da abordagem alternativa dos estudos de usuários. Taylor é reconhecido na literatura por discutir as dimensões situacionais das necessidades e uso da informação, e a questão da informação com valor agregado. Taylor afirma que o valor da informação não é medido somente pela importância do tema ou pelo fato dela satisfazer as necessidades informacionais dos indivíduos, mas também por atender suas próprias expectativas. Para o autor fatores como os processos de seleção, análise e julgamento podem aumentar o valor atribuído a uma informação. Ferreira (1995) assinala que: Macmullin e Taylor, já em 1984, chamavam atenção sobre o fato de que a sociedade se torna cada vez mais dependente da informação. Entretanto, os sistemas que estocam, organizam e tornam acessíveis a informação e o conhecimento criam problemas crescentemente críticos. Segundo esses autores, uma questão séria na era da informação é a sobreposição da informação. Entende-se por isso que não dispomos de informação em demasia, mas, ao contrário, que esses mesmos sistemas que filtram, transmitem e distribuem informação não estão operando bem, isto é, não estão operando segundo as necessidades dos usuários. (FERREIRA, 1995) Logo, percebe-se que a criação e implantação de novas tecnologias não é a solução dos problemas dos profissionais da informação e dos usuários. Adequar os sistemas de informação, entender as necessidades dos usuários, identificar seus comportamentos na busca e no uso da informação são tomadas mais importantes neste novo paradigma da área. Taylor 20 também alertou os bibliotecários comentando que sem o usuário não existe necessidade de informação ou bibliotecas. A princípio é uma afirmativa óbvia, entretanto tem um sentido importante a ser analisado. Se os profissionais da informação não sabem e não compreendem as necessidades de seus usuários torna-se inviável disponibilizar bons produtos e oferecer serviços eficientes e eficazes para os mesmos já que os administradores de bibliotecas e demais unidades de informação desconhecem o usuário de sua instituição e sua necessidade informacional. Choo (2006) reforça a opinião e comenta: Ver a necessidade de informação como algo que emerge em múltiplos níveis enfatiza o princípio de que satisfazer uma necessidade de informação vai muito além de encontrar informações que respondam à questão expressa nas perguntas ou tópicos descritos pelo indivíduo. (CHOO, 2006, p. 101). 2.2.4 Chun Wei Choo Dentre os autores que pesquisam a abordagem alternativa Choo se destaca por explicitar em sua obra os estágios na busca da informação. No capítulo Como ficamos sabendo _ um modelo de uso da informação do livro intitulado A organização do conhecimento: como as organizações usam a informação para criar significado, construir conhecimento e tomar decisões Choo faz um histórico dos estudos de usuários e fala das pesquisas feitas através dos estudos centrados em sistemas e no usuário. Com base em estudos de outros pesquisadores o autor fala sobre a necessidade, a busca e o uso da informação dos indivíduos. Choo explica cada um dos três estágios da busca da informação e cita a importância de compreender estas práticas de pesquisa. O autor explica que: o objetivo deste capítulo é resumir décadas de pesquisa sobre as necessidades e os usos da informação (também conhecidos como estudos do usuário), na tentativa de desenvolver um modelo geral de busca e uso da informação. Na primeira parte, apresentamos uma visão geral dos estudos de usuários e esboçamos um mapa que mostra as tendências históricas e atuais desses estudos. As quatro partes seguintes desenvolvem um modelo geral, em múltiplas perspectivas, do uso da informação. (CHOO, 2006, p. 66). O autor comenta que identificar a necessidade e o uso da informação facilita a compreensão da busca da informação dos usuários (CHOO, 2006, p. 78). Choo faz parte de um grupo de pesquisadores que priorizam o estudo centrado no usuário e as necessidades cognitivas. 21 Podemos dizer que o novo paradigma da área não foi amplamente utilizado apesar de ser discutido por professores, pesquisadores e autores especializados. Existem bibliotecários que fazem pesquisas com o objetivo de traçar o perfil do usuário, saber seus hábitos na biblioteca e freqüência, mas para que uma instituição adapte seu sistema de informação a demanda de seus usuários, ela precisa “estudar como a informação obtida é usada, entender como a informação ajuda o usuário e avaliar os resultados do uso, inclusive seu tempo, seus benefícios e sua contribuição para a noção de eficiência ou desempenho” (CHOO, 2006, p. 71). Esta perspectiva atenta para que os administradores dos sistemas e unidades de informação repensem seus objetivos para oferecer bons produtos e melhores serviços para os seus usuários. A abordagem alternativa faz com que o bibliotecário assuma uma nova postura, e uma das autoras que defende esta ideia é Marchiori (1996) que diz: É preciso mudar a diretriz, o eixo da ação profissional. Na biblioteca convencional, a diretriz primária tem sido o documento. Vamos inverter: o sujeito tem que vir antes do objeto e, para trabalhar o sujeito, temos que mergulhar na sociologia, psicologia, antropologia, história, matérias complementares imprescindíveis na formação de um bom profissional da informação. (MARCHIORI, 1996, p. 30-31). 22 3 ENSINO DE BIBLIOTECONOMIA NO BRASIL O primeiro curso de Biblioteconomia foi criado na Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro através do decreto 8.835 de 11 de julho de 1911, durante a gestão de Manoel Cícero Peregrino da Silva. O curso teve inicialmente a duração de um ano e as disciplinas a serem lecionadas pelos próprios diretores de cada seção da Biblioteca Nacional eram: Bibliografia, Paleografia e Diplomática, Iconografia e Numismática. O ensino do primeiro curso de Biblioteconomia no Brasil tinha influências francesas. Segundo Fonseca (1957 apud OLIVEIRA, 2009, p. 14) o diretor da Biblioteca Nacional tinha “a visão profética de Paul Otlet e Henri La Fontaine”. Passado alguns anos, o curso parou o funcionamento devido à desistência dos inscritos (na maioria funcionários da própria instituição) e a inexistência de candidatos. A influência americana no ensino de Biblioteconomia começou em meados do fim da década de 1920 e no início da década seguinte. O segundo curso de Biblioteconomia foi criado em São Paulo, em outubro de 1929, com a vinda da bibliotecária americana Doroth Muriel Gueddes. O curso foi patrocinado pelo Instituto Mackenzie. Em 1931, a bibliotecária do Instituto Mackenzie Adelpha Rodrigues de Figueiredo retorna de seu curso de especialização na Universidade de Columbia e retoma os trabalhos iniciados pela bibliotecária americana, criadora do segundo curso de Biblioteconomia em São Paulo. Adelpha dá continuidade ao curso, com influências americanas advindas do período em passou nos Estados Unidos. A bibliotecária brasileira implanta disciplinas com conteúdo mais técnico visando à organização de bibliotecas. A respeito deste assunto Muller (1985) fala: As disciplinas desse curso refletiam a orientação americana, voltada para organização de bibliotecas, baseada em técnicas especialmente desenvolvidas. Incluía esse curso as disciplinas Catalogação, Classificação, Referência e Organização. (MUELLER, 1985, p. 4) Em 1944 o curso da Biblioteca Nacional sofreu uma modificação. A principal mudança foi a ampliação dos objetivos do curso, que agora oferecia formação para pessoas com disponibilidade de trabalhar em outras bibliotecas, e não somente na própria Biblioteca Nacional. A década de 1950 destacou-se por ser a época da expansão dos cursos de Biblioteconomia, que anteriormente só existiam no Rio de Janeiro e São Paulo, e por ser o período em que os bibliotecários se manifestaram para obter o reconhecimento da profissão 23 como de nível superior. Estudantes e outros profissionais de diversos estados se mudaram para o Rio de Janeiro e São Paulo a fim de se formarem nos cursos de Biblioteconomia existentes nas duas capitais. Ao retornarem, implantavam novos cursos de Biblioteconomia em seus estados de origem. Outro fato marcante na história da Biblioteconomia no Brasil foi a reforma do currículo mínimo do curso da Biblioteca Nacional no ano de 1962. A Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários e Cientistas da Informação – FEBAB, em conjunto com o Conselho Federal de Educação – CFE, reformulou o currículo mínimo do curso. Neste mesmo ano ocorreu outro acontecimento que marcou a história da Biblioteconomia. Logo após a reformulação do currículo da Biblioteca Nacional, deu–se início o processo de regulamentação da profissão – Lei nº 4.084/62. Sobre o novo currículo Mueller (1985) argumenta que: Desde 1955 o curso oferecido pela Biblioteca Nacional vinha sendo objeto de estudo visando a nova reforma. Mas foi somente em 1962 que o novo currículo foi finalmente aprovado, através do Decreto 550, de fevereiro de 1962. [...] Ao que tudo indica, esta reforma dos programas do curso da Biblioteca Nacional não era um esforço isolado, mas fazia parte de um movimento maior, visando a elevação da profissão a “nível universitário”, e a regulamentação da profissão pelo Ministério da Trabalho. (MUELLER, 1985, p. 6) O período em que ocorreram mudanças no cenário nacional e que posteriormente refletiram na área de Biblioteconomia foi a década de 1970. A instabilidade política, o crescimento econômico e a valorização do ensino superior foram fatores que alavancaram o desenvolvimento da área e culminaram para o surgimento de novos cursos de graduação. Os novos rumos da ciência, pesquisa, tecnologia, comunicação e a exigência do mercado de trabalho a procura de pessoal especializado fizeram com que o curso de Biblioteconomia adquirisse um novo referencial. O curso deveria formar não apenas profissionais técnicos, mas sim: Formar profissionais capazes de acompanhar as transformações da sociedade, estando aptos a identificar demandas de informação e propor soluções inovadoras; formar profissionais especialistas no tratamento da informação registrada em diferentes tipos de suportes mediante a aplicação de conhecimentos teóricos e práticos de coleta, processamento, armazenagem e difusão da informação apoiados nas tecnologias da informação; formar profissionais qualificados para planejamento, administração, assessoria e prestação de serviços em redes e sistemas, em bibliotecas, em centros de documentação ou serviços de informação; habilitar profissionais para a realização de pesquisas relativas ao uso e ao comportamento da informação registrada; e habilitar profissionais para planejamento, implantação e desenvolvimento de serviços de extensão cultural. (UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE, 2010, p. 13) 24 A área de Biblioteconomia e os profissionais da informação presenciaram também na década de 1970 outro marco importante que foi “o aparecimento dos periódicos profissionais [...] [e dos] anais de congressos que começaram a ser publicados a partir de 1975” (MUELLER, 1985, p. 8-9). Os primeiros periódicos de Biblioteconomia foram: a Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG de Belo Horizonte, a Ciência da Informação do antigo IBBD (Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação e atualmente IBICT, Instituto Brasileiro de Informação Científica e Tecnológica) e a Revista de Biblioteconomia de Brasília editada pela Associação de Bibliotecários do Distrito Federal e pelo Departamento de Biblioteconomia da Universidade de Brasília. A aprovação do novo currículo mínimo publicado em 1982 pelo Conselho Federal de Educação e o surgimento de críticas a respeito da formação profissional dos bibliotecários foram os destaques dos anos 80. As discussões e críticas a respeito dos currículos eram de que os cursos estavam formando profissionais muito generalistas e tecnicistas. As disciplinas que não tinham um foco principal a ser abordado e a falta de sensibilidade que os estudantes tinham com o usuário eram algumas das preocupações que os estudiosos da área apontavam na época. Nesta década, destaca-se também o aumento de encontros como o Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação (CBBD). Sobre a particularidade destes encontros de Biblioteconomia, Oliveira (2009) comenta que: alguns destes encontros passaram a abarcar temas mais especializados, e outros encontros com caráter mais regional ou estadual. Nota-se, então, uma tentativa de convivência entre os profissionais, troca de conhecimentos e de discussões referentes aos temas e dilemas da área. (OLIVEIRA, 2009, p. 20) Através de pesquisas para a realização do presente trabalho percebeu-se que o divisor de águas da área nos anos 90 foi a mudança do paradigma da Biblioteconomia e da Ciência da Informação. O surgimento de novas tecnologias, o aperfeiçoamento das já existentes, a expansão da Internet e a mudança de paradigma do objeto “documento” para a “informação” foram importantes acontecimentos da época. Oliveira (2009) destaca neste período a ênfase que os bibliotecários atribuíram aos usuários e a democratização do acesso às bibliotecas. A percepção de conhecer os usuários e suas necessidades informacionais começa a ser o centro de estudos e pesquisas na literatura de Biblioteconomia. Vergueiro (2002) escreve sobre as particularidades de uma instituição que trabalha com informação e a abordagem que norteia os usuários de informação. De acordo com o autor: “Os serviços de informação têm que continuar a se dedicar ao aprimoramento das suas atividades e ao cumprimento de seus 25 objetivos, sim, mas devem fazê-lo cada vez mais sob o ponto de vista de seus clientes.” (VERGUEIRO, 2002, p. 85). Por fim, os anos 2000 caracterizaram-se pelo estabelecimento das Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Biblioteconomia. Particularmente no ano de 2001 definiu-se que: A formação do bibliotecário supõe o desenvolvimento de determinadas competências e habilidades e o domínio dos conteúdos da Biblioteconomia. Além de preparados para enfrentar com proficiência e criatividade os problemas de sua prática profissional, produzir e difundir conhecimentos, refletir criticamente sobre a realidade que os envolve, buscar aprimoramento contínuo e observar padrões éticos de conduta, os egressos dos referidos cursos deverão ser capazes de atuar junto a instituições e serviços que demandem intervenções de natureza e alcance variados: bibliotecas, centros de documentação, ou informação, centros culturais, serviços ou redes de informação, órgãos de gestão do patrimônio cultural, etc. (BRASIL, 2001, p. 32) As escolas de Biblioteconomia tiveram um crescimento gradativo ao longo dos anos apesar disso, as décadas de 1960 e 1970 foram as mais expressivas na história do curso no país. Diversos autores dissertam sobre os fatores que levaram ao crescimento da área e Souza (2009 apud OLIVEIRA, 2009) é um deles. O autor comenta que houve “três fortes motivadores” para a expansão do curso de Biblioteconomia. Conforme Souza, o primeiro foi o reconhecimento da profissão pelo Ministério do Trabalho, o segundo foi a fixação do primeiro currículo mínimo em 1962 e o terceiro foi a sanção da lei nº 4.4084, de 30 de junho de 1962 que dispunha sobre a profissão de bibliotecário e que também regulamentava o exercício da profissão. Percebe-se então que o ensino de Biblioteconomia esteve pautado nos fatores externos da sala de aula. Devemos mencionar também a importância que os cursos de pós-graduação refletiram para o ensino na graduação. O primeiro curso de mestrado em Biblioteconomia teve início em 1965 na Universidade de Brasília, mas foi interrompido por pressões políticas que a universidade sofreu na época. Autores especializados apontam na literatura que os cursos de mestrado não foram criados apenas pela pressão exercida dos bibliotecários, mas sim pela “necessidade sentida pelos órgãos financiadores dos cursos de pós-graduação, especialmente a CAPES, de pessoal qualificado para gerir as bibliotecas universitárias que davam suporte àqueles cursos” (MUELLER, 1985, p. 11). A autora ainda comenta que: 26 O Mestrado em Ciência da Informação, iniciado em 1970 pelo então IBBD em convênio com a Universidade Federal do Rio de Janeiro, foi o primeiro curso realmente a formar mestres na área. A influência até então exercida pelo Curso de Documentação Científica sobre os cursos de graduação passou a ser exercida pelo curso de Mestrado, pois um número significativo de mestrandos eram, ou vieram a ser, professores. (MUELLER, 1985, p. 11) 27 4 ANÁLISE DAS DISCIPLINAS DOS FLUXOGRAMAS E/OU GRADES CURRICULARES Para apresentar este trabalho foi feita uma pesquisa e adotou-se uma metodologia que se apresentam a seguir: 4.1 A PESQUISA O universo a ser trabalhado nesta pesquisa são todas as cinquentas Instituições de Ensino Superior da área de Biblioteconomia e Ciência da Informação identificadas através do e-MEC - Sistema de Regulação do Ensino Superior, incluindo as instituições localizadas na lista de escolas disponível no site da Associação Brasileira de Educação em Ciência da Informação (ABECIN). O tipo de pesquisa utilizada neste trabalho é a pesquisa de campo. Conforme as autoras Lakatos e Marconi (1996, p. 75) a pesquisa de campo é aquela: em que se observa e coletam-se os dados diretamente no próprio local em que se deu o fato em estudo, caracterizando-se pelo contato direto com o mesmo, sem interferência do pesquisador, pois os dados são observados e coletados tal como ocorrem espontaneamente. 4.2 METODOLOGIA Para a elaboração deste trabalho foram realizadas diversas atividades a fim de compor a pesquisa que se segue. Primeiramente foi feito um levantamento bibliográfico sobre Estudos de Usuários e sobre a história do ensino de Biblioteconomia no Brasil através das bases de dados BRAPCI, SCIELO, Google Acadêmico e do acervo da Biblioteca Central do Gragoatá da Universidade Federal Fluminense. Esta primeira etapa durou cinco meses e teve início no mês de outubro de dois mil e nove, e término em fevereiro de dois mil e dez. Os dados 28 coletados no levantamento bibliográfico foram utilizados para redigir o referencial teórico dos capítulos Estudos de Usuários e Ensino de Biblioteconomia no Brasil. A segunda etapa foi caracterizada pela execução de três atividades que são: realizar uma pesquisa para buscar as universidades públicas e privadas da área de Biblioteconomia e Ciência da Informação; fazer um levantamento dos fluxogramas e/ou grades curriculares dos cursos de graduação das áreas de Biblioteconomia e Ciência a Informação; e identificar as disciplinas de Estudos de Usuários ou disciplinas que contenham em suas unidades tópicos relativos aos Estudos de Usuários. Esta etapa durou um mês e foi realizada em março de dois mil e dez. A terceira etapa foi a de sistematizar e estruturar todos os dados coletados para dar início a redação deste trabalho. Como forma de apresentação da coleta de dados optou-se por utilizar o quadro e o gráfico para ilustrar os resultados da pesquisa. Esta etapa foi realizada durante o mês de abril de dois mil e dez. A quarta e última etapa foi a redação inicial, a redação final e a entrega do trabalho de conclusão de curso que teve início no mês de maio e foi concluída em julho deste ano. Os cursos de Biblioteconomia no Brasil são oferecidos por um universo de cinquenta Instituições de Ensino Superior _ IES públicas federais ou estaduais, e privadas com ou sem fins lucrativos. As IES foram identificadas através de uma lista de escolas localizada no portal da Associação Brasileira de Educação em Ciência da Informação _ ABECIN e através do site do e-MEC - Sistema de Regulação do Ensino Superior que se localiza dentro da homepage do portal do Ministério da Educação. Após a identificação das cinquenta Instituições de Ensino Superior tivemos que acessar o site de cada uma das universidades e faculdades que oferecem os cursos de graduação em Biblioteconomia com o objetivo de encontrar os fluxogramas e/ou grades curriculares visando identificar disciplinas de Estudos de Usuários ou disciplinas que contenham em suas unidades tópicos relativos aos Estudos de Usuários. Para identificar o assunto Estudos de Usuários foi necessário além de buscar os fluxogramas e/ou grades curriculares buscar as ementas das disciplinas, quando possível, a fim de fazer uma correta análise dos currículos de cada uma das universidades encontradas. As cinqüenta Instituições de Ensino Superior oferecem os cursos de Biblioteconomia, Biblioteconomia e Documentação, Biblioteconomia e Ciência da Informação, Ciência da Informação, Gestão da Informação, Biblioteconomia e Gestão de Unidades de Informação, Administração da Informação e outras variações, representadas no gráfico a seguir: 29 22 Região Sul Região Sudeste Região Nordeste 10 Região Centro-Oeste 10 Região Norte 5 3 Gráfico 1: Instituições de Ensino Superior O gráfico um ilustra a distribuição das cinquenta Instituições de Ensino Superior que oferecem cursos de graduação nas áreas de Biblioteconomia e Ciência da Informação pelas cinco regiões do Brasil. Percebe-se que a região com maior número de cursos de graduação em Biblioteconomia é a Sudeste com vinte e duas Instituições de Ensino Superior. São Paulo é o estado com o maior número de IES da região Sudeste que são ao todo onze. Empatadas em segundo lugar estão as regiões Sul e Nordeste com 10 IES cada uma. Em terceiro lugar está a região Centro-Oeste com cinco IES e em quarto lugar a região Norte com apenas três Instituições de Ensino Superior. É justamente a região Norte que mais chama atenção desta pesquisa, pois é a maior em extensão territorial do país e possui o menor número de cursos de graduação em Biblioteconomia. Somente os três estados do Amazonas, Pará e Rondônia oferecem o curso de Biblioteconomia de um total de sete estados da região Norte. Abaixo apresentamos o gráfico com a natureza jurídica das cinquenta Instituições de Ensino Superior identificadas nesta pesquisa. 24 18 Pública federal Pública estadual Privada com fins lucrativos 6 2 Privada sem fins lucrativos Gráfico 2: Natureza jurídica das Instituições de Ensino Superior 30 O gráfico dois ilustra a natureza jurídica das cinquenta Instituições de Ensino Superior que oferecem cursos de graduação nas áreas de Biblioteconomia e Ciência da Informação. Este gráfico caracteriza todas as instituições participantes desta pesquisa em: públicas federais, públicas estaduais, privadas com fins lucrativos e privadas sem fins lucrativos. Identificamos que do universo de cinquenta Instituições de Ensino Superior, o presente trabalho é composto por: vinte e quatro instituições públicas federais, seis instituições públicas estaduais, duas instituições privadas com fins lucrativos e dezoito instituições privadas sem fins lucrativos. Esta caracterização foi possível através de uma pesquisa realizada no site do e-MEC – Sistema de Regulação do Ensino Superior que cita a natureza jurídica das instituições credenciadas no sistema. Abaixo apresentamos o quadro com as cinquenta Instituições de Ensino Superior que oferecem os cursos de graduação nas áreas de Biblioteconomia e Ciência da Informação. Quadro 1: Instituições de Ensino Superior UF RS Cidade Sigla Porto Alegre UFRGS Rio Grande FURG Ijuí UNIJUÍ UDESC SC Florianópolis Cascavel PR Curitiba Londrina São Paulo UFSC ÚNICA UNIVEL UFPR PUCPR UEL USP FESPSP UNIFAI FATEMA SP Campinas PUCCAMP Lorena FATEA Marília São Carlos UNESP UFSCar Sorocaba IMAPES Santo André FAINC Ribeirão USP-RP Instituição Natureza jurídica Universidade Federal do Rio Grande Pública federal do Sul Fundação Universidade Federal do Pública federal Rio Grande Universidade Regional do Noroeste Privada sem fins lucrativos do Estado do Rio Grande do Sul Universidade do Estado de Santa Pública estadual Catarina Universidade Federal de Santa Pública federal Catarina Centro de Educação Superior Privada sem fins lucrativos União Educacional de Cascavel Privada sem fins lucrativos Universidade Federal do Paraná Pública federal Pontifícia Universidade Católica de Privada sem fins lucrativos Curitiba Universidade Estadual de Londrina Pública estadual Universidade de São Paulo Pública estadual Fundação Escola de Sociologia e Privada sem fins lucrativos Política de São Paulo Centro Universitário Assunção Privada sem fins lucrativos Faculdades Integradas Tereza Martin Privada sem fins lucrativos Pontifícia Universidade Católica de Privada sem fins lucrativos Campinas Faculdades Integradas Tereza Privada sem fins lucrativos D´Ávila Universidade Estadual Paulista Pública estadual Universidade Federal de São Carlos Pública federal Instituto Manchester Paulista de Privada com fins lucrativos Ensino Superior de Sorocaba Faculdades Integradas Coração de Privada sem fins lucrativos Jesus Universidade de São Paulo - Marília Pública estadual 31 Preto Formiga Três Corações UNIFORMG Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Universidade Federal do Rio de Janeiro Universidade Santa Úrsula Universidade Federal Fluminense Universidade Federal do Espírito Santo Escola Superior de Ensino Anísio Teixeira Universidade Federal de Minas Gerais Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Centro Universitário de Formiga UninCor Universidade Vale do Rio Verde Ubá UNIPAC UFAL FJT Faculdade Juvêncio Terra PE PB Alagoas Vitória da Conquista Salvador Recife João Pessoa Universidade Presidente Antônio Carlos Universidade Federal de Alagoas RN Natal CE PI SE MA DF GO Fortaleza Teresina Aracaju São Luis Brasília Goiânia Campo Grande UNIRIO RJ Rio de Janeiro UFRJ Niterói USU UFF Vitória UFES Serra CESAT ES Belo Horizonte MG AL BA MS MT Cuiabá PA Belém RO Porto Velho AM Manaus UFMG PUCMINAS Pública federal Pública federal Privada sem fins lucrativos Pública federal Pública federal Privada sem fins lucrativos Pública federal Privada sem fins lucrativos Privada sem fins lucrativos Privada sem fins lucrativos Privada sem fins lucrativos Pública federal Privada com fins lucrativos UFBA UFPE UFPB Universidade Federal da Bahia Pública federal Universidade Federal de Pernambuco Pública federal Universidade Federal de Paraíba Pública federal Universidade Federal do Rio Grande Pública federal UFRN do Norte UFC Universidade do Ceará Pública federal UESPI Universidade Estadual do Piauí Pública estadual UFS Universidade Federal de Sergipe Pública federal UFMA Universidade Federal do Maranhão Pública federal UnB Universidade de Brasília Pública federal UFG Universidade Federal de Goiás Pública federal Fundação Lowtons de Educação e Privada sem fins lucrativos FUNLEC Cultura UNIRONDON Centro Universitário Cândido Rondon Privada sem fins lucrativos UFMT Universidade Federal de Mato Grosso Pública federal UFPA Universidade Federal do Pará Pública federal Fundação Universidade Federal de Pública federal UNIR Rondônia UFAM Universidade Federal do Amazonas Pública federal Neste quadro apresentamos o universo desta pesquisa que são as cinquenta Instituições de Ensino Superior que oferecem cursos de graduação nas áreas de Biblioteconomia e Ciência da Informação. As linhas do quadro representam as regiões Sul, Sudeste, Nordeste, CentroOeste, Norte e seus estados participantes da pesquisa. As colunas do quadro identificam a Unidade Federativa, Cidade, Sigla, Instituição e Natureza jurídica das universidades identificadas. Abaixo apresentamos o gráfico das IES da região Sul. 32 3 4 Rio Grande do Sul Santa Catarina Paraná 3 Gráfico 3: Instituições de Ensino Superior da região Sul O gráfico três ilustra a distribuição das sete IES que oferecem cursos de graduação na área de Biblioteconomia e Ciência da Informação pelos três estados da região Sul. Observamos que o Paraná é o estado com maior número de Instituições de Ensino Superior que ao todo são quatro. Empatados com três IES cada um estão os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Comparada com a média nacional a região Sul está entre as regiões com mais cursos de graduação em Biblioteconomia. Abaixo apresentamos o quadro com as Instituições de Ensino Superior da região Sul, o curso de graduação que oferecem e a disciplina relativa ao tema deste trabalho. Quadro 2: Instituições de Ensino Superior da região Sul Sigla UFRGS Curso Biblioteconomia FURG Biblioteconomia UNIJUÍ UDESC UFSC UNICA Biblioteconomia Biblioteconomia Biblioteconomia Gestão da Informação UNIVEL Biblioteconomia UFPR Gestão da Informação Biblioteconomia e Documentaçao PUCPR UEL Biblioteconomia Disciplina Estudo de Comunidades e Usuários Estudo de Uso e Usuários da Informação Usuários da Informação Estudos de Usuários e Comunidade Pesquisa e Estudo sobre Usuários da informação Demandas de Informação Estudo do Ambiente e do Usuário da Informação 33 Os três estados pertencentes à região Sul possuem Instituições de Ensino Superior com graduação em Biblioteconomia. Esta região apresenta dez Instituições de Ensino Superior totalizando 20% dos cursos de graduação em Biblioteconomia no país. O Rio Grande do Sul apresenta três cidades que são sede de cursos de Biblioteconomia que são: Porto Alegre onde se localiza a Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Rio Grande onde se encontra a Fundação Universidade Federal do Rio Grande; e Ijuií onde se localiza a Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. No Rio Grande do Sul identificamos apenas duas disciplinas relativas ao tema deste trabalho sobre Estudos de Usuários que são: Estudo de Comunidades e Usuários que é lecionada na UFRGS, e Estudo de Uso e Usuários da Informação que é lecionada na FURG. A UNIJUÍ que apresenta o curso de Licenciatura em Biblioteconomia não disponibilizou nenhuma informação sobre o curso de Biblioteconomia em seu site. Na cidade de Florianópolis em Santa Catarina localizam-se a Universidade do Estado de Santa Catarina e a Universidade Federal de Santa Catarina com o curso de Biblioteconomia; e o Centro de Educação Superior com o curso de Gestão da Informação. Em Santa Catarina identificamos duas disciplinas relativas ao tema deste trabalho que são: Usuários da Informação lecionada na UDESC, e Estudos de Usuários e Comunidades lecionada na UFSC. No site da UNICA não existe nenhuma informação sobre o curso de Biblioteconomia, logo não foi possível coletar os dados para a pesquisa. O Paraná é o estado com o maior número de cursos de graduação em Biblioteconomia da região Sul. No estado há quatro cidades que são sede de cursos de graduação que são: Cascavel onde se localiza a União Educacional de Cascavel oferece o curso de Biblioteconomia, na capital Curitiba encontra-se a Universidade Federal do Paraná com o curso de Gestão da Informação e a Pontifícia Universidade Católica de Curitiba com o curso de Biblioteconomia e Documentação. Na cidade de Londrina encontra-se a Universidade Estadual de Londrina com o curso de Biblioteconomia. No Paraná identificamos duas disciplinas relativas ao tema deste trabalho que são: Demandas de Informação que é lecionada na UFPR, e Estudo do Ambiente e do Usuário da Informação lecionada na UEL. Ao acessar o site da PUCPR não constamos a presença do curso de Biblioteconomia e Documentação. Concluímos que das dez IES encontradas na região Sul, só sete oferecem disciplinas relativas aos estudos de usuários da informação. 34 5 São Paulo Rio de Janeiro 11 2 Espírito Santo Minas Gerais 4 Gráfico 4: Instituições de Ensino Superior da região Sudeste O gráfico quatro ilustra a distribuição das vinte e duas IES que oferecem cursos de graduação na área de Biblioteconomia e Ciência da Informação pelos quatro estados da região Sudeste. Podemos notar que São Paulo é o estado com mais Instituições de Ensino Superior que são ao todo onze. Em segundo lugar está o estado de Minas Gerais com cinco IES, em terceiro lugar o estado do Rio de Janeiro com quatro IES e em último lugar o Espírito Santo com apenas duas. A região Sudeste é a que apresenta mais Instituições de Ensino Superior com cursos de graduação nas áreas de Biblioteconomia e Ciência da Informação em todo o Brasil. Abaixo apresentamos o quadro com as Instituições de Ensino Superior da região Sudeste, o curso de graduação que oferecem e a disciplina relativa ao tema deste trabalho. Quadro 3: Instituições de Ensino Superior da região Sudeste Sigla USP FESPSP UNIFAI FATEMA Curso Biblioteconomia Biblioteconomia e Ciência da Informação Biblioteconomia Administração da Informação PUCCAMP Biblioteconomia FATEA Biblioteconomia Biblioteconomia e Ciência da Informação Biblioteconomia e Ciência da Informação UNESP UFSCar IMAPES Biblioteconomia FAINC Biblioteconomia Ciências da Informação e da Documentação USP-RP Disciplina Estudo de Usuários da Informação Gestão de Estoques Informacionais Estudo e Educação da Comunidade e do Usuário Estudos de Usuário Estudo de Usuários Usos e Usuários da Informação I Usuários e Comunidades de Informação Serviços de Referência e Informação 35 UNIRIO UFRJ USU Biblioteconomia Biblioteconomia e Gestão de Unidades de Informação Biblioteconomia UFF Biblioteconomia e Documentação UFES CESAT Biblioteconomia Biblioteconomia UFMG Biblioteconomia PUCMINAS Ciência da Informação UNIFORMG Biblioteconomia UninCor UNIPAC Biblioteconomia Biblioteconomia Serviço de Referência Gestão de Bibliotecas I Serviços de Referência e Informação II Estudo de Usuários Estudo de Uso e Usuários da Informação Estudo de Uso e Usuários da Informação Estudo de Uso e Usuários da Informação - Os quatro estados pertencentes à região Sudeste possuem Instituições de Ensino Superior com graduação em Biblioteconomia. Esta região apresenta vinte e duas Instituições de Ensino Superior, totalizando 44% dos cursos de graduação em Biblioteconomia no país. São Paulo é o estado com o maior número de cursos de Biblioteconomia no Brasil que somados totalizam onze. A capital de São Paulo é sede de quatro universidades que são: a Universidade de São Paulo e o Centro de Assunção ambos com o curso de Biblioteconomia; a Fundação Escola de Sociologia de São Paulo com o curso de Biblioteconomia e Documentação; e as Faculdades Integradas Tereza Martin com o curso de Administração da Informação. A graduação em Biblioteconomia é encontrada em outras quatro cidades que são: Campinas onde se localiza a Pontifícia Universidade Católica de Campinas; Lorena onde se localiza as Faculdades Integradas Tereza D´Ávila; Sorocaba onde se localiza o Instituto Manchester Paulista de Ensino Superior de Sorocaba; e Santo André com as Faculdades Integradas Coração de Jesus. A Universidade Estadual Paulista em Marília e a Universidade Federal de São Carlos em São Carlos são as instituições que oferecem o curso de Biblioteconomia e Ciência da Informação. Já a Universidade de São Paulo localizada no interior do estado em Ribeirão Preto oferece a graduação em Ciências da Informação e da Documentação. Em São Paulo encontramos oito disciplinas sobre os estudos de usuários que são: Estudo de Usuário da Informação lecionada na USP da capital; Gestão de Estoques Informacionais da FESPSP; Estudo e Educação da Comunidade e do Usuário da PUCCAMP; Estudo de Usuário lecionada na FATEA; Usos e Usuários da Informação I lecionada na 36 UFSCar; Usuários e Comunidades de Informação da IMAPES; e Serviços de Referência e Informação lecionada na USP de Ribeirão Preto. A estrutura curricular da UNIFAI está disponível na página da universidade na Internet, entretanto dentre as matérias disponíveis, não identificamos nenhuma disciplina relativa aos estudos de usuários. O site da FATEMA não pode ser exibido na Web. O site da FAINC aponta a existência do curso de Biblioteconomia assim como eventos e notícias relativas ao curso, mas não disponibiliza nenhum fluxograma ou grade curricular o que impossibilitou a realização da pesquisa. A capital do Rio de Janeiro é sede de três cursos de Biblioteconomia no país. A Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro e a Universidade Santa Úrsula que oferecem o curso de Biblioteconomia; e a Universidade Federal do Rio de Janeiro que oferece desde o ano de 2007 o curso de Biblioteconomia e Gestão de Unidades de Informação. Na cidade de Niterói, a Universidade Federal Fluminense oferece aos alunos de graduação o curso de Biblioteconomia e Documentação desde o ano de 1963. No estado do Rio de Janeiro encontramos três disciplinas sobre estudos de usuários que são: Serviço de Referência lecionada na UFRJ; Gestão de Bibliotecas I e Serviços de Referência e Informação II ambas lecionadas na UFF. Na página da Escola de Biblioteconomia da UNIRIO na Internet encontramos o fluxograma e a grade do curso, entretanto não identificamos dentre as disponíveis nenhuma disciplina relativa aos estudos de usuários. As informações sobre o fluxograma, a grade curricular e as ementas do curso de Biblioteconomia na página da USU na Internet estão todas em construção, o que impossibilitou a realização da pesquisa. O estado do Espírito Santo apresenta somente duas cidades que oferecem na graduação o curso de Biblioteconomia. A primeira delas é Vitória, a capital do estado, onde se localiza a Universidade Federal do Espírito Santo; e a segunda cidade é Serra, onde se localiza a Escola Superior de Ensino Anísio Teixeira. No Espírito Santo encontramos somente uma disciplina, objeto desta pesquisa que tem o nome de Estudo de Usuário e é lecionada na UFES. A CESAT atualmente é Serravix – Faculdade do Grupo Univix e em seu site não foi encontrada nenhuma informação sobre a existência do curso de Biblioteconomia. Minas Gerais é o segundo maior estado com cursos de graduação em Biblioteconomia na região sudeste ficando atrás apenas do estado de São Paulo. É quatro o número de cidades que possuem o curso de Biblioteconomia no estado de Minas Gerais. Na capital Belo Horizonte encontra-se a Universidade Federal de Minas Gerais com o curso de Biblioteconomia; e a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais com o curso de Ciência da Informação. O curso de Biblioteconomia é oferecido também no Centro Universitário de Formiga na cidade de Formiga, na Universidade Vale do Rio Verde em Três 37 Corações e na Universidade Presidente Antônio Carlos localizada em Ubá. Encontramos em Minas Gerais a disciplina de Estudo de Uso e Usuários da Informação relativa ao tema deste trabalho que é lecionada em três IES que são a UFMG, a PUCCAMP e a UNIFORMG. Nas páginas da Internet da UninCor e da UNIPAC não havia nenhuma informação sobre existência de ambos os cursos de Biblioteconomia. Concluímos que das vinte e duas IES encontradas na região Sudeste, só quatorze oferecem disciplinas relativas aos estudos de usuários da informação. 1 1 1 2 1 1 1 1 1 Alagoas Bahia Pernambuco Paraíba Rio Grande do Norte Ceará Piauí Sergipe Maranhão Gráfico 5: Instituições de Ensino Superior da região Nordeste O gráfico cinco ilustra a distribuição das dez IES que oferecem cursos de graduação na área de Biblioteconomia e Ciência da Informação pelos nove estados da região Nordeste. Percebemos que a Bahia é o estado com mais Instituições de Ensino Superior que são ao todo duas. Empatados com uma IES estão os outros estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, Sergipe e Maranhão. A região Nordeste está empatada com a região Sul com dez Instituições de Ensino Superior cada uma e ambas estão em segundo lugar na média nacional de regiões com mais cursos de graduação em Biblioteconomia. Abaixo apresentamos o quadro com as Instituições de Ensino Superior da região Nordeste, o curso de graduação que oferecem e a disciplina relativa ao tema deste trabalho. Quadro 4: Instituições de Ensino Superior da região Nordeste Sigla Curso UFAL Biblioteconomia FJT Ciência da Informação Disciplina Estudo de Usuários e Necessidades de Informação I Estudo de Usuários e Necessidades de Informação II - 38 UFBA UFPE UFPB UFRN UFC UESPI UFS UFMA Biblioteconomia e Documentação Biblioteconomia Biblioteconomia Biblioteconomia Biblioteconomia Biblioteconomia Biblioteconomia Biblioteconomia Estudo do Usuário Estudo do Usuário Estudos do Usuário Estudo de Comunidades e de Usuários Estudo do Usuário Estudo de Comunidades e Usuários Estudo de Comunidade e de Usuários Os nove estados pertencentes à região Nordeste possuem Instituições de Ensino Superior com graduação em Biblioteconomia. Esta região apresenta dez Instituições de Ensino Superior, totalizando 20% dos cursos de graduação em Biblioteconomia no país. As cidades que oferecem o curso de Biblioteconomia são: Maceió onde se localiza a Universidade Federal de Alagoas; Recife onde se localiza a Universidade Federal de Pernambuco; João Pessoa cidade sede da Universidade Federal de Paraíba; Natal onde se encontra a Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Fortaleza cidade onde se localiza a Universidade do Ceará; Teresina cidade sede da Universidade Estadual do Piauí; Aracaju cidade onde se encontra a Universidade Federal de Sergipe; e São Luis sede da Universidade Federal do Maranhão. O curso de Biblioteconomia e Documentação é oferecido na cidade de Salvador pela Universidade Federal da Bahia e o curso de Ciência da Informação é oferecido pela Faculdade Juvêncio Terra em Vitória da Conquista também no estado da Bahia. Na região Nordeste foram encontrados nove fluxogramas e uma matriz curricular, todos do curso de Biblioteconomia. A UFAL disponibiliza as disciplinas de Estudo de Usuário e Necessidades de Informação I e Estudo de Usuário e Necessidades de Informação II; a UFPE, UPPB, UFRN e UESPI oferecem a disciplina de Estudo de Usuário; a UFC e a UFMA oferecem a disciplina de Estudos de Comunidades e de Usuários; e a UFS disponibiliza a disciplina de Estudo de Comunidades e Usuários. Não foi identificada nenhuma disciplina referente aos estudos de usuários no fluxograma da JFT e na matriz curricular da UFBA. Concluímos que das dez IES encontradas na região Sudeste, só oito oferecem disciplinas relativas aos estudos de usuários da informação. 39 Brasília 1 1 Goiás Mato Grosso 1 Mato Grosso do Sul 2 Gráfico 6: Instituições de Ensino Superior da região Centro-Oeste O gráfico seis ilustra a distribuição das cinco IES que oferecem cursos de graduação na área de Biblioteconomia e Ciência da Informação pelos três estados e o Distrito Federal, ambos pertencentes à região Centro-Oeste. Percebemos que Mato Grosso é o estado com mais Instituições de Ensino Superior que são ao todo duas. Empatados com uma IES estão os outros estados de Goiás, Mato Grosso do Sul e a capital Brasília. A região Centro-Oeste é a terceira do país em número de Instituições de Ensino Superior. Abaixo apresentamos o quadro com as Instituições de Ensino Superior da região Centro-Oeste, o curso de graduação que oferecem e a disciplina relativa ao tema deste trabalho. Quadro 5: Instituições de Ensino Superior da região Centro-Oeste Sigla UnB UFG FUNLEC UNIRONDON UFMT Curso Biblioteconomia Biblioteconomia Biblioteconomia Biblioteconomia Biblioteconomia Disciplina Estudo de Usuários Usos e Usuários da Informação Estudo do Usuário Estudos de Usuários Os três estados e o Distrito Federal, ambos pertencentes à região Centro-Oeste, possuem Instituições de Ensino Superior com graduação em Biblioteconomia. Esta região apresenta cinco Instituições de Ensino Superior, totalizando 10% dos cursos de graduação em Biblioteconomia no país. O curso de Biblioteconomia é oferecido nas cidades de Brasília onde se localiza a Universidade de Brasília; Goiânia onde se localiza a Universidade Federal de Goiás; Campo Grande cidade sede da Fundação Lowtons de Educação e Cultura; e Cuiabá onde se encontram o Centro Universitário Cândido Rondon e a Universidade Federal de Mato Grosso. 40 Na região Centro-Oeste foram encontrados quatro fluxogramas, todos do curso de Biblioteconomia. A Universidade de Brasília disponibiliza a disciplina de Estudo de Usuário; a Universidade Federal de Goiás oferece a disciplina de Usos e Usuários da Informação, a Fundação Lowtons de Educação e Cultura também oferece a disciplina de Estudos de Usuário e a Universidade Federal de Mato Grosso disponibiliza aos seus alunos a disciplina de Estudos de Usuários. O Centro Universitário Rondon foi a única instituição da região que não foi encontrado nenhuma informação quanto ao currículo, as disciplinas e ao próprio curso de Biblioteconomia no site da universidade. Por ser uma instituição privada conclui-se que o curso possivelmente foi extinto ou não há mais vagas ofertadas nos vestibulares já que só soubemos que a UNIRONDON oferece a graduação através das listas da ABECIN e do eMEC - Sistema de Regulação do Ensino Superior. Concluímos que das cinco IES encontradas na região Centro-Oeste, quatro oferecem disciplinas relativas aos estudos de usuários da informação. 1 1 Pará Rondônia Amazonas 1 Gráfico 7: Instituições de Ensino Superior da região Norte O sétimo gráfico ilustra a distribuição das três IES que oferecem cursos de graduação na área de Biblioteconomia e Ciência da Informação pelos sete estados da região Norte. Somente os estados do Pará, Rondônia e Amazonas apresentam uma IES cada. Notamos que a região Norte possui o menor número de Instituições de Ensino Superior do país, apesar de ser a maior em extensão territorial. Abaixo apresentamos o quadro com as Instituições de Ensino Superior da região Norte, o curso de graduação que oferecem e a disciplina relativa ao tema deste trabalho. 41 Quadro 6: Instituições de Ensino Superior da região Norte Sigla UFPA Curso Biblioteconomia UNIR Ciências da Informação UFAM Biblioteconomia Disciplina Desenvolvimento de Coleções Estudo de Usos e Usuários da Informação Estudo do Usuário Dos sete estados pertencentes à região Norte somente três possuem Instituições de Ensino Superior com graduação em Biblioteconomia. Esta região apresenta três IES, totalizando 6% dos cursos de graduação na área de Biblioteconomia e Ciência da Informação no país. O curso de Biblioteconomia é oferecido somente nas cidades de Belém onde se encontra a Universidade Federal do Pará; e em Manaus onde se localiza a Universidade Federal do Amazonas. Na capital Porto Velho é oferecido o curso de Ciências da Informação pela Fundação Universidade Federal de Rondônia. A região Norte é a maior em extensão do país, entretanto é a menor em número de cursos de graduação em Biblioteconomia. É provável que isto se deva a falta de investimentos e pouca infra-estrutura que a educação superior recebe do poder público. Na região Norte foram encontrados três fluxogramas, todos dos cursos de Biblioteconomia e Ciências da Informação. A UFPA oferece a disciplina de Desenvolvimento de Coleções; a UNIR disponibiliza a disciplina de Estudo de Usos e Usuários da Informação; e a UFAM oferece a disciplina de Estudo do Usuário. Concluímos que todas as IES encontradas na região Norte oferecem disciplinas relativas aos estudos de usuários da informação, logo todas elas atenderam ao objetivo deste trabalho. 42 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Uma vez realizado os levantamentos bibliográficos, a identificação das Instituições de Ensino Superior que oferecem os cursos de graduação nas áreas de Biblioteconomia e Ciência da Informação, a identificação dos fluxogramas e/ou grades curriculares assim como das disciplinas relativas aos estudos de usuários e posteriormente a análise dos dados coletados, apresentamos os comentários da pesquisa a seguir: 5.1 COMENTÁRIOS Atingimos os objetivos que esta pesquisa propôs alcançar, através de ferramentas de busca disponíveis na Internet. Conseguimos identificar um total de cinquenta Instituições de Ensino Superior que oferecem cursos de graduação nas áreas de Biblioteconomia e Ciência da Informação nas cinco regiões do Brasil. Como apresentado ao longo da pesquisa, a região Sudeste é a que mais possui cursos de graduação nestas áreas, e podemos atribuir esta característica ao fato de que foi justamente nesta região que se iniciaram as primeiras turmas de Biblioteconomia no país. A primeira delas foi na Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro e a segunda no Instituto Manchester no estado de São Paulo. Logo após a região Sudeste estão as regiões Sul e Nordeste empatadas em segundo lugar em número de Instituições de Ensino Superior. Na região Sul encontramos o site de uma instituição privada que chamou a atenção durante a pesquisa. A página na Internet da UNIVEL possui dois banners que divulgam e fazem propaganda do curso de Biblioteconomia, estimulando e despertando o interesse do usuário que acessa o site a conhecer o curso. A presença dos cursos de Biblioteconomia em todas as capitais do Nordeste foi outro fator positivo que a pesquisa apontou. Um ponto que deve ser mencionado é o fato de que das dez instituições identificadas na região Nordeste, apenas uma é privada e todas as demais são públicas. Percebemos que a região Nordeste possui o menor índice de instituições privadas com cursos de graduação nas áreas de Biblioteconomia e Ciência da Informação em todo o país. 43 A região Centro-Oeste com cinco IES é a terceira colocada na média nacional o que representa 10% das instituições de todo o país e na última posição com três IES está a região Norte. Podemos notar com esta pesquisa que a ausência de cursos de nível superior é o maior problema da região Norte. A criação de mais cursos de graduação seria a solução para suprir a falta de Instituições de Ensino Superior com cursos de Biblioteconomia. É necessária a oferta de mais cursos para que esta região atenda a falta de profissionais especializados para realizar as atividades atribuídas aos profissionais destas áreas. Os estados da região Norte carecem de instituições com profissionais formados, assim como de infra-estrutura, recursos físicos, materiais e financeiros, entretanto este objetivo deve persistir para mudar o atual cenário das áreas da Biblioteconomia e da Ciência da Informação nesta região. Logo, observamos que do universo das cinquentas instituições participantes desta pesquisa, trinta e seis possuem em seus currículos disciplinas relacionadas aos estudos de usuários da informação. A existência destas disciplinas representa um fator positivo para as instituições e seus alunos já que como dito anteriormente o novo paradigma da área prevê que o usuário e suas necessidades sejam o objeto de pesquisa nos estudos e não mais o sistema, o documento e a informação. Para que os bibliotecários utilizem cada vez mais esta ferramenta com o objetivo de conhecer seu usuário é preciso primeiramente que os cursos de graduação das Instituições de Ensino Superior ofereçam esta disciplina a fim de que os alunos de graduação e futuros bibliotecários tenham a competência, habilidade e a capacitação para o exercício de seu trabalho. 44 REFERÊNCIAS ARAÚJO, Carlos Alberto Ávila. Um mapa dos estudos de usuários da informação no Brasil. Em Questão, Porto Alegre, v. 15, n. 1, p. 11-26, jan./jun. 2009a. ARAÚJO, Carlos Alberto Ávila; PEREIRA, Giselle Alves; FERNANDES, Janaína Rozário. A contribuição de B. Dervin para a Ciência da Informação no Brasil. Encontros Bibli: Revista Eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Florianópolis, v. 14, n. 28, p. 57-72, 2009b. ARAÚJO, Carlos Alberto Ávila; BRAGA, Rogério Manoel de Oliveira; VIEIRA, Wellington de Oliveira. A contribuição de C. Kuhlthau para a Ciência da Informação no Brasil. Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Campinas, v. 7, n. 2, p. 185-198, jan./jun. 2010c. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: Informação e documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro, 2002. ______ NBR 10520: Informação e documentação: citações em documentos: apresentação. Rio de Janeiro, 2002. ______ NBR 14724: Informação e documentação: trabalhos acadêmicos: apresentação. Rio de Janeiro, 2002 BAPTISTA, Sofia Galvão; CUNHA, Murilo Bastos da. Estudo de usuários: visão global dos métodos de coleta de dados. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 12, n. 2, p. 168-184, maio/ago. 2007. BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais de 03 de abril de 2001. Brasília: Conselho Nacional de Educação/ Câmara Superior de Educação, 2001. CHOO, Chun Wei. Como ficamos sabendo _ um modelo de uso da informação. In: ______ A organização do conhecimento: como as organizações usam a informação para criar significado, construir conhecimento e tomar decisões. 2. ed. São Paulo: Senac, 2006. cap. 2, p. 63-120. CUNHA, Murilo Bastos da. Metodologias para estudo de usuários de informação científica e tecnológica. Revista de Biblioteconomia de Brasília, Brasília, DF, v. 10, n. 2, p. 5-19, jul./dez. 1982. 45 FERREIRA, Sueli Mara Soares Pinto. Novos paradigmas e novos usuários de informação. Ciência da Informação, Brasília, DF, v. 25, n. 2, 1995. FIGUEIREDO, Nice Menezes de. Estudos de uso e usuários de informação. Brasília, DF: IBICT, 1994. ______ Paradigmas modernos da Ciência da Informação: em usuários/ coleções/ referência & informação. São Paulo: Polis: APB, 1999. FOSKETT, D. J. et. al. A contribuição da psicologia para o estudo dos usuários da informação técnico-científica. Organização e tradução de Hagar Espanha Gomes. Apresentação de José Augusto Dela Coleta. Rio de Janeiro: Calunga, 1980. KREMER, Jeannete M. Considerações sobre estudos de usuários em Bibliotecas Universitárias. Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG, Belo Horizonte, v. 13, n. 2, p. 234-259, set. 1984. MARCHIORI, Patrícia Zeni. Que profissional queremos formar para o século XXI – graduação. Informação & Informação, Londrina, v.1, n.1, p. 27-34, jan./jun. 1996. MARCONI, Mariana de Andrade; LAKATOS, Eva Maria Técnicas de pesquisa. 3 ed. São Paulo : Atlas, 1996. 231 p. MUELLER, Suzana Pinheiro Machado. O ensino de Biblioteconomia no Brasil. Ciência da Informação, Brasília, DF, v. 14, n. 1, p. 3-15, jan./jun. 1985. OLIVEIRA, Marlene; CARVALHO, Gabrielle Francinne; SOUZA, Gustavo Tanus. Trajetória histórica do ensino da Biblioteconomia no Brasil. Informação & Sociedade: Estudos, João Pessoa, v. 19, n. 3, p. 13-24, set./dez. 2009. ORTEGA Y GASSET, José. Missão do bibliotecário. Tradução e posfácio de Antonio Agenor Briquet de Lemos. Brasília, DF: Briquet de Lemos/Livros, 2006. RABELLO, Odília Clark P. Usuário – um campo em busca de sua identidade? Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG, Belo Horizonte, v. 12, n. 1, p. 75-87, mar. 1983. UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE. Cursos de graduação na UFF. Niterói: PROAC, 2010. 62 p. 46 VERGUEIRO, Waldomiro. Qualidade em serviços de informação. São Paulo: Arte & Ciência, 2002. p. 124. 47 ANEXO A _ HOME PAGE DA UNIÃO EDUCACIONAL DE CASCAVEL (UNIVEL) 48 ANEXO B _ HOME PAGE DA UNIÃO EDUCACIONAL DE CASCAVEL (UNIVEL)