PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Enfermagem
Estudo sobre o dimensionamento do pessoal de
enfermagem em um serviço de emergência do DF:
comparação entre o real e o preconizado
Autor:
Elina Márcia Teixeira de Carvalho
Orientador: Profª Msc. Leila Bernarda Göttems
Leiasfad
1
ELINA MÁRCIA TEIXEIRA DE CARVALHO
ESTUDO SOBRE DIMENSIONAMENTO DO PESSOAL DE
ENFERMAGEM EM UM SERVIÇO DE EMERGÊNCIA DO DF:
COMPARAÇÃO ENTRE O REAL E O PRECONIZADO
Monografia apresentada ao
curso de graduação em
Enfermagem da Universidade
Católica de Brasília, como
requisito
parcial
para
obtenção do título de
Bacharel em Enfermagem.
Orientadora: Profª.
Leila Göttems
Msc.
2
Brasília
2009
Dedico
este
trabalho
primeiramente a Deus que me
deu este presente e a minha
filha Juliana por todo o
sacrifício.
3
"Não
há
rentável
invenção
que
conhecimento"
a
mais
do
(Benjamin
Franklin).
4
Estudo sobre dimensionamento do pessoal de enfermagem em um
serviço de emergência do Distrito Federal: comparação entre o real e o
preconizado.
Elina Márcia Teixeira de Carvalho - Estudante do curso de graduação em
Enfermagem da Universidade Católica de Brasília, Brasília-DF.
Leila Bernarda Donato Göttems – Professora do curso de Enfermagem da
Universidade Católica de Brasília e da Escola Superior de Ciências da
Saúde, Assessora Técnica da Coordenação de Pós Graduação da Escola
Superior em Ciências da Saúde. Endereço: SHCES Q. 1109, Bl. D, Apto.
101 – Cruzeiro Novo, CEP: 70658190. E-mail: [email protected] e
[email protected]
Este artigo faz parte do Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em
Enfermagem na Universidade Católica de Brasília, com título homônimo.
Foi apresentado em 04/12/2009.
RESUMO
O dimensionamento de profissionais de enfermagem refere-se ao processo
sistemático que tem como objetivo definir a quantidade de profissionais
necessários, por categoria, para dar assistência com qualidade e segurança.
Realizou-se estudo com os objetivos de aplicar um instrumento de avaliação
e classificação de pacientes já validado academicamente; levantar média dos
pacientes da unidade de acordo com o sistema de classificação de pacientes;
e aplicar as fórmulas matemáticas de dimensionamento de pessoal de
enfermagem propostas pela Resolução COFEN 293/2007. Os resultados
indicaram uma média de 40,1 pacientes internados na unidade em 10 dias
observados, predominando pacientes que requerem cuidados mínimos.
Também verificou-se que a despeito deste perfil de usuários, há déficit no
quantitativo de profissionais de enfermagem desta unidade.
Palavras-chave: enfermagem; dimensionamento de pessoal; cálculo de
pessoal
5
INTRODUÇÃO
Este
artigo
apresenta
o
resultado
de
um
estudo
sobre
dimensionamento de pessoal de enfermagem realizado em um hospital
público do Distrito Federal. O estudo foi feito no segmento do pronto
socorro responsável pelo atendimento aos pacientes da cirurgia vascular,
otorrinolaringologia, bucomaxilofacial, broncoesofagologia e atendimento
infantil
nas
especialidades
de
cirurgia
pediátrica,
neurocirurgia,
oftalmologia, ortopedia e demais especialidades cirúrgicas realizadas em
crianças até 12 anos.
O dimensionamento de pessoal de enfermagem visa ajustar o
quantitativo de funcionários para realizar o cuidado de enfermagem aos
clientes, considerando os objetivos da organização de saúde e as perspectivas
dos usuários (Rogenski, 2007). O método de dimensionar profissionais de
enfermagem refere-se ao processo sistemático que tem como objetivo definir
a quantidade de profissionais necessários, por categoria, para dar assistência
com qualidade e segurança (GAIDZINSKI, 1994 apud VIGNA, 2007).
O dimensionamento é, portanto, “um dos instrumentos da
administração, disponibilizado para o enfermeiro, enquanto saber voltado
para a função gerencial, legalmente de sua competência, com a finalidade de
prever nas unidades prestadoras de serviços de saúde, pública ou privada, o
número de pessoal de enfermagem, sob o enfoque quantitativo e qualitativo,
capaz de atender as necessidades de assistência da clientela” (CAMPOS,
2007 p.1100).
Vários autores (GAIDZINSKI et al., 2005; Vigna, 2007; MARTINS
e HADDAD, 2000; TANOS et al., 2000) afirmam que os modelos utilizados
para quantificar profissionais de enfermagem têm sofrido um processo de
evolução. Antes o cálculo era realizado de acordo com a intuição e a
vivência das gerentes de enfermagem na relação número de profissionais por
número de leitos. Nos EUA no final da década de 30 sucedeu a primeira
evolução que foi a substituição da variável número de funcionários/leito pela
variável carga efetiva de trabalho dispensada a cada paciente. Em 1956 ao
cálculo somou-se a variável relativa às ausências (índice de segurança
técnica) como folgas, férias e licenças. Por fim em 1961 a última evolução
6
aconteceu com a introdução do Sistema de Classificação de Paciente como
direcionador do sistema de dimensionamento de pessoal.
Visando solucionar a problemática do cálculo de horas da
assistência de enfermagem, vem sendo utilizado o Sistema de Classificação
de Pacientes (SCP).
“O SCP pode ser entendido, ainda, como uma forma de
determinar o grau de dependência de um paciente em
relação à equipe de enfermagem, objetivando estabelecer o
tempo despendido no cuidado direto e indireto bem como o
qualitativo de pessoal, para atender as necessidades
biopsicossocial e espirituais do cliente” (GAIDZINSKI,
1994 apud SANTOS, 2007).
Em que pese à evolução da metodologia de cálculo, o
dimensionamento de pessoal de enfermagem segue sendo um grande desafio
para os enfermeiros que assumem atividades gerenciais, em geral por
fragilidades metodológicas para a realização dos estudos necessários para
ajustar os métodos a realidade dos serviços de saúde. Seja por dificuldades
metodológicas ou de provimento de pessoal, os hospitais de alta
complexidade público do DF, convivem com a inadequação qualitativa e
quantitativa dos recursos humanos em enfermagem para o atendimento das
necessidades dos pacientes de acordo com a sua complexidade assistencial.
A manutenção desta situação acarreta insatisfações tanto à clientela usuária
dos serviços como ao próprio pessoal de enfermagem pelo desgaste e
estresse constantes (PERROCA, 1996).
A partir desta perspectiva buscou-se na literatura atual, estudos e
propostas metodológicas para o dimensionamento de pessoal de enfermagem
que subsidiasse a realização do calculo conforme o recomendado pelo
Conselho Federal de Enfermagem na Resolução n° 293/2004. Observou-se
que existem vários métodos que podem ser utilizados com o intuito de se
sistematizar a realidade de cada serviço no que se refere ao perfil dos
usuários atendidos, carga de trabalho da enfermagem, características do
trabalho e dos trabalhadores, bem como desenhos metodológicos para o
cálculo. Estes desenhos metodológicos são relevantes tendo em vista que o
7
dimensionamento não se resume a aplicação de fórmulas, requerendo a
realização de estudos que retratem a realidade de cada serviço.
O estudo se justifica pela possibilidade de subsidiar a unidade em tela
na adequação entre o perfil de pacientes atendidos no local e a quantidade de
horas de enfermagem necessárias. Por se tratar de uma unidade de
atendimento a pacientes graves, a categorização destes pacientes é
fundamental para uma melhor distribuição dos servidores da saúde com
redução da carga de trabalho e garantia da qualidade da assistência aos
usuários. Desta maneira, a questão que norteou este estudo é: a quantidade
de pessoal de enfermagem da unidade atende a demanda real de
usuários?
Os objetivos do estudo foram: a) aplicar um instrumento de avaliação
e classificação de pacientes; b) levantar a média dos pacientes na unidade de
acordo com o Sistema de Classificação de Pacientes; c) aplicar as fórmulas
matemáticas de dimensionamento de pessoal proposta na Resolução
293/2007 do COFEN; d) comparar os resultados do dimensionamento com o
atual quantitativo de pessoal de enfermagem da unidade estudada.
Este artigo está dividido em três partes: na primeira apresenta-se uma
revisão da literatura atual sobre dimensionamento de pessoal de
enfermagem; a segunda apresenta-se a metodologia aplicada neste estudo; a
terceira refere-se aos resultados e comparação com o quadro atual. Por fim,
conclui-se recomendando ajustes na unidade.
METODOLOGIA
Realizou-se um estudo descritivo e exploratório de caráter
quantitativo. O caráter descritivo refere-se à busca pelas características do
objeto, incluindo-se a existência de relações entre variáveis (GONSALVES,
2005 p.65). É exploratório porque oferece dados elementares que dão
suporte para a realização de estudos mais aprofundados sobre o tema (p.65).
E de caráter quantitativo, pois “tem como objetivo descrever com exatidão
os fatos e fenômenos de determinada realidade, o que exige do pesquisador
uma série de informações sobre o que se deseja pesquisar” (TRIVIÑOS,
1987 p.110).
8
O estudo foi realizado em quatro etapas. Na etapa I foram levantados
e sistematizados artigos científicos publicados em periódicos nas bibliotecas
virtuais a partir de 2000, nos endereços eletrônicos http://www.bvs.br,
http://www.scielo.br e http://www.periodicos.capes.gov.br, com uso da
expressão chave dimensionamento de pessoal de enfermagem. Obteve-se
como resultado, 15 artigos, 04 teses, 03 dissertações. Também procedeu-se a
buscas no acervo físico da biblioteca da Universidade Católica de Brasília.
Na etapa II objetivou-se determinar o grau de complexidade
assistencial dos pacientes da emergência do HBDF. Foi utilizado o
questionário desenvolvido e validado por Perroca (1996) que propõe treze
indicadores, criado de acordo com a Teoria das Necessidades Básicas de
Wanda Horta: Estado mental e nível de consciência, Oxigenação, Sinais
vitais, Nutrição e Hidratação, Motilidade, Locomoção, Cuidado Corporal,
Eliminações, Terapêutica, Educação à saúde, Comportamento, Comunicação
e Integridade Cutâneo-Mucosa.
Na etapa III foram aplicadas as fórmula de dimensionamento
propostas pela Resolução 293/2007 do COFEN. Com isto identificou-se a
quantidade necessária de profissionais de enfermagem, conforme a
quantidade média de pacientes em cada nível de cuidado proposto pelo
Sistema de Classificação de Pacientes da referida Resolução – Assistência
mínima, intermediária, semi-intensiva e intensiva. Na etapa IV procedeu-se a
comparação dos resultados do dimensionamento com o atual quantitativo de
pessoal da unidade.
Local da Pesquisa:
A pesquisa foi realizada no Pronto Socorro do Hospital de Base do
Distrito Federal na unidade de emergência cirúrgica. O referido serviço
atende exclusivamente pacientes do SUS, tem caráter terciário e é um
hospital de referência no atendimento de politraumatizados.
Hoje, o HBDF atende toda a população do DF, entorno e estados
circunvizinhos
para
procedimentos
de
alta
complexidade.
Recebe
9
anualmente egressos de cursos de medicina pleiteando vagas nos Programas
de Residência Médica bem como estudantes solicitando campo de estágio
para internato médico. Atende como campo de estágio, vários convênios da
Secretaria de Saúde com Instituições de Ensino Superior e Médio recebendo
em suas dependências estudantes de cursos de enfermagem, nutrição,
fisioterapia, odontologia dentre outros.
Sua visão é ser uma instituição
publica de excelência no ensino, na pesquisa e nos serviços de saúde de alta
complexidade. O pronto socorro é composto de 100 leitos divididos
conforme a tabela a seguir.
Tabela 1- Distribuição dos leitos do pronto socorro do hospital
estudado, conforme as especialidades médicas. Brasília-DF, 2009.
Posto Especialidades
Nº leitos
1
Neurocirurgia
16
2
Ortopedia, Cirurgia Geral, Urologia, Cirurgia de Cabeça 16
e Pescoço
3
Cirurgia
vascular,
otorrinolaringologia, 21
broncoesofagologia, buco-maxilo-facial, unidade mista
de pediatria
4
Unidade Semi-intensiva
5
5
cardiologia e cirurgia cardíaca
16
6
Clínica médica, oftalmologia, neurologia, nefrologia
16
Psiquiatria
10
Total
100
Além dos postos existem consultórios, box onde permanecem
pacientes por xx tempo, bem como salas de procedimentos com pessoal de
enfermagem fixo, especialmente na endoscopia e preparo de material.
Box
Consultórios
Cardiologia
Clínica: Clínica Médica, Neurologia,
Oftalmologia e Cardiologia
Cirúrgica: Odontologia*,
Otorrinolaringologia, Vascular e
Ortopedia
-
Politrauma
-
Salas de
Procedimentos
Endoscopia
Medicacação
Preparo de
material
Este estudo sobre o dimensionamento do pessoal de enfermagem foi
realizado somente no Posto 3, que possui 21 leitos e taxa de ocupação de
193%.
10
Perfil dos Entrevistados:
Os participantes deste estudo foram todos os pacientes internados
neste posto do pronto socorro, no período de 08/07 a 17/07 de 2009. Foram
inclusos os pacientes internados no período da pesquisa e que aceitaram
participar e que estavam sob os cuidados da enfermagem. Foram excluídos
os pacientes em observação, que não estavam internados ainda.
Os dados foram coletados por meio da análise documental dos
prontuários que, segundo Caulley (1981 apud LUDKE, 1986), se caracteriza
pela identificação de informações factuais nos documentos a partir de
questões de interesse, complementando informações colhidas por meio de
outras técnicas. A coleta foi complementada com utilização de questionário
estruturado contendo apenas questões fechadas aplicada diretamente aos
usuários. O questionário foi desenvolvido e validado por Perroca (1996) em
estudos para a classificação de pacientes.
As informações quanto às necessidades de avaliação dos sinais vitais
do paciente, nutrição e terapêutica foram colhidas no prontuário. Os outros
indicadores foram coletados por meio da entrevista aos pacientes. Os dados
foram tabulados no SPSS versão 16(software de análise estatística). Foi
identificada a média diária e a média aritmética do período de 10 dias de
observação dos pacientes, em cada tipo de cuidado: cuidados mínimos,
cuidados intermediários, cuidados semi-intensivos e intensivos.
No que se refere aos aspectos éticos, à pesquisa seguiu todas as
recomendações da resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, que se
trata de pesquisa envolvendo seres humanos. O projeto foi aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da FEPECS, conforme o Parecer nº 179/2009.
DIMENSIONAMENTO DE PESSOAL DE ENFERMAGEM
O dimensionamento de pessoal de enfermagem é definido como a
primeira etapa do processo de provimento de pessoal, que tem por
objetivo a previsão da quantidade de funcionários por categoria,
11
necessária para suprir as necessidades da assistência de enfermagem,
direta ou indiretamente dispensada à clientela (Kurcgant et. al., 1989 apud
RICARDO, 2004).
Contudo o dimensionamento de recursos humanos, em qualquer
organização, tem sido considerado um desafio, pois é o mais dispendioso
da organização sendo que os demais recursos exigem de maneira
inevitável a sua presença para que possam ser utilizados (GAIDZINSK,
1991 apud MONTEZELI, 2006).
As instituições hospitalares assim como qualquer tipo de
estabelecimento de prestação de serviço têm como principal recurso o
quadro de pessoal, pois o desempenho de qualquer organização depende
dos recursos humanos. Este componente da gestão por sua vez, é
responsável pelo segundo lugar em gastos de uma instituição (COLLETA,
2005 apud SANTANA, 1993 e BITTAR, 1996).
Segundo Antunes (2003) o dimensionamento de pessoal de
enfermagem tem sido motivo de interesse por parte de pesquisadores
nessa área porque as instituições necessitam ajustar seus gastos com
pessoal frente a uma nova realidade, cujos recursos financeiros e número
de funcionários são limitados, buscando melhorar a qualidade do serviço
ofertado aos usuários com utilização do que se tem disponível.
“Os profissionais de enfermagem compreendem em torno
de 60% do quadro de pessoal das instituições de saúde, o
que representa um custo elevado quando comparado com
as demais categorias. Além disso, deve ser lembrado que a
equipe de enfermagem é a que normalmente exige maior
número de contratações, demissões, horas de treinamento
e aperfeiçoamento, dentre outras despesas” (DUTRA,
1983 apud ANTUNES, 2003 p.833).
Outro aspecto a ser considerado diz respeito à necessidade de
verificar a quantidade de clientes a serem atendidos, como forma de
priorizar a qualidade do serviço. Nesse sentido:
“(...) a demanda de atendimento da clientela, com
necessidades cada vez mais complexas, tem imprimido
sobrecarga de trabalho aos integrantes da equipe de
enfermagem, influenciando e dificultando a implantação de
qualquer medida que favoreça a qualidade da assistência
prestada” (KURCGANT, 2005, P.125).
12
O ato de prever pessoal de enfermagem nos hospitais é
problemático, pois se baseia na determinação da categoria profissional que a
instituição se dispõe a contratar e na definição de suas funções, que por sua
vez, depende ainda da filosofia e da política institucional, bem como da
definição que a direção faz da enfermagem (RIBEIRO, 1972 apud TANOS,
2000).
Ainda segundo Bittar (1997), o setor hospitalar tem necessidade de
uma maior demanda em relação à força de trabalho, devido à complexidade
vir atrelada a tecnologia. Diante desse desafio, os gerentes de enfermagem
devem incorporar novos conhecimentos e habilidades, utilizando métodos
que lhes ajudem na tomada de decisões em relação um melhor planejamento,
avaliação do quantitativo e controle dos recursos humanos que estão sob sua
responsabilidade, representando assim figura importante na negociação
quanto à necessidade de aumentar o quadro de pessoal para atender a
demanda, junto aos gestores das instituições de saúde (KURCGANT, 2005).
Na prática, devido à falta de conhecimento de instrumentos para
planejar e avaliar o quadro de pessoal de enfermagem, essa decisão tem sido
“(...) realizada de forma empírica, baseada na experiência e
no julgamento intuitivo das enfermeiras, ou por meio da
utilização de equações matemáticas disponíveis na literatura,
sem que haja compreensão do significado e do
comportamento das variáveis envolvidas no processo de
dimensionar pessoal enfermagem” (GAIDZINSKI, 1994
apud KURCGANT, 2005, p. 126).
A Resolução COFEN nº 293/2004 considera que compete ao
Enfermeiro estabelecer o quadro quantiqualitativo de profissionais,
necessários para a prestação da Assistência de Enfermagem. Porém nem
sempre a Lei é respeitada, o que se tem observado é que profissionais de
outras áreas acabam se ocupando dessa função levando em conta somente o
fator custo, desprezando o aspecto quantiqualitativo de pessoal de
enfermagem para prestação de assistência (ANTUNES, 2003).
Desta forma, no dimensionamento de pessoal de enfermagem é
entendido por alguns autores como:
“(...) devem ser utilizadas metodologias e critérios que
permitam uma adequação dos recursos humanos às reais
necessidades de assistência, de modo que o paciente receba
13
um cuidado de qualidade que proporcione segurança.(...) É
importante lembrar que uma parte considerável dos hospitais
brasileiros utilizam, para o cálculo de pessoal de
enfermagem, a fórmula proposta pela Liga Nacional de
Educação em Enfermagem dos Estados Unidos da América
do Norte e pela Associação Americana de Enfermeiras, que
considera, como horas de assistência de enfermagem,
números extraídos da realidade daquele país, totalmente
inadequados para a nossa situação” (ANTUNES, 2003,
p.833).
Para Tanos (2000) o dimensionamento inconveniente do pessoal de
enfermagem traz implicações sobre o resultado da qualidade da assistência
de enfermagem dispensada à clientela, devido os aspectos quantiqualitativos
de pessoal permanecerem relacionados diretamente ao produto final do seu
trabalho, que é a qualidade dos cuidados de enfermagem ofertados aos
clientes.
PROPOSTAS METODOLOGICAS PARA O DIMENSIONAMENTO
DO PESSOAL DE ENFERMAGEM
Vários estudos dedicados a calcular o pessoal de enfermagem foram
desenvolvidos ao longo dos anos objetivando instituir um método que
possam adaptar-se as reais necessidades dos vários serviços. O número de
leitos ocupados, a proporcionalidade de pessoal de enfermagem e a relação
cliente e a hora média de cuidados de enfermagem tem sido executados
como parâmetros para o dimensionamento da equipe de enfermagem. Mas,
esses métodos convencionais tem-se revelado insuficientes por julgarem
todos os clientes como possuidores do mesmo nível de atenção de
enfermagem, desprezando a gravidade dos mesmos e conseqüentemente sua
influência na distribuição dos recursos humanos na unidade (GAIDZINSKI,
1994 apud TANOS, 2000).
“dimensionar recursos humanos para a assistência de
enfermagem pode se tornar mais racional e efetivo quando se
procura agrupar pacientes em categorias que reflitam a
magnitude do processo de cuidar” (GIOVANNETTI, 1979
apud TANOS, 2000 p. 377).
14
Métodos de Classificação de pacientes
Há 02 tipos de instrumentos para categorização de pacientes: o
Cuidado Progressivo ao Paciente (CPP), tido como um instrumento mais
empírico; a Avaliação de Indicadores Críticos que classifica o paciente por
pontuação e utiliza como indicadores: higiene, nutrição, eliminações, sinas
vitais, movimentação. Cada um destes indicadores recebe um peso de acordo
com a complexidade do cuidado que deve ser dispensado. Desta maneira a
classificação da clientela é apontada pelo total de pontos (GIOVANNETTI,
1979 apud VIGNA, 2007).
De acordo com Vigna (2007) no Brasil em 1972 surge Ribeiro com
estudo pioneiro sobre esta temática Classificação de Pacientes. Descreveu
em seu estudo o conceito de Cuidado Progressivo do Paciente (CPP) como
determinante do dimensionamento de pessoal de enfermagem tendo como
objetivo uma distribuição mais equilibrada da assistência, maior grau de
satisfação perante o paciente e à equipe prestadora da assistência.
Alves et al (1988) conceituam o CPP como “concentração variável
de recursos humanos e materiais em torno das necessidades do cliente,
visando uma assistência integral e humanizada”. A idéia de classificação de
pacientes foi considerada a partir de um trabalho realizado pela Escola de
Enfermagem de Pitsburgh na década de 50, destinado a definir as
necessidades de cuidados de enfermagem para clientes com diagnósticos de
clínica médica e cirúrgica. Esse estudo introduziu o conceito de CPP. Já o
número médio de horas despendidas pela equipe de enfermagem, segundo
cada categoria de pacientes, foi o principal parâmetro proposto para o
Sistema de Classificação de Pacientes (SCP) (GAIDZINSKI, 1994).
“Esta preocupação é histórica, pois Florence
Nightingale em 1863 já procurava, de uma forma
empírica e baseada na observação, separar pacientes
em estado crítico em áreas especiais” (QUEIJO, 2002
apud TRANQUITELLI, 2007 p. 143).
Seis categorias integram o CPP: cuidados intensivos, intermediários,
prolongados para pacientes crônicos, auto-cuidado ou cuidados mínimos,
cuidados ambulatoriais e domiciliares (RIBEIRO, 1972; OLIVEIRA;
ROMÁN, 1976; ALCALÁ et al, 1982; ALVES et al, 1988 apud
PERROCA, 1996).
15
Visando solucionar a problemática do cálculo de horas de
assistência de enfermagem, vem sendo utilizado o Sistema de Classificação
de Paciente (SCP). Esta proposta pode ser entendida também como uma
forma de determinar o grau de dependência de um paciente em relação à
equipe de enfermagem, objetivando estabelecer o tempo despendido no
cuidado direto e indireto, bem como o qualitativo de pessoal, para atender às
necessidades biopsicossocial e espirituais do cliente (SANTOS, 2007 apud
GAIDZINSKI, 1994). O SCP também vem sendo empregado para nortear o
processo orçamentário do serviço de enfermagem (ALWARD, 1983;
ARNDT; HUCKBAY, 1983; DIJKERS; PARADISE, 1986; DE GROOT,
1986; VAN SLYCK, 1991; WRONA-SEXTON, 1992; RODRIGUES
FILHO, 1992; PHILLIPS et al.,1992 apud PERROCA, 1996).
Existem disponíveis na literatura vários métodos de classificação
prospostos com o intuito de evidenciar o grau de dependência dos pacientes
em relação a enfermagem. Perroca (1996 e 2000) elaborou um instrumento
de classificação de pacientes fundamentado nas necessidades básicas
recomendado por Wanda Horta constituído de 13 indicadores de cuidado,
com pontuação de 1 a 5, conforme a complexidade do paciente. Por meio
deste o cliente recebe uma pontuação que demonstra a posição em que ele se
enquadra na SCP.
O método de Gaidzinski (1998) determina para sua utilização o
desenvolvimento de várias etapas que proporcionam o conhecimento e a
identificação das seguintes variáveis intervenientes no processo: carga de
trabalho, índice de segurança técnica; e tempo efetivo de trabalho.
Santos (1992) em seu estudo comparou dois métodos de cálculo de
pessoal, utilizando a formúla de método tradicional e a da assistência
progressiva de enfermagem a partir de informações estatísticas no
atendimento em um hospital universitário, com o objetivo de propor o
método mais adequado. Concluiu que o método de assistência progressiva é
mais viável, desde que seja realizado um estudo de ocupação de leitos, horas
de enfermagem por tipo de cuidado e desempenho do pessoal.
Fugulin (2005) propôs que os pacientes fossem agrupados em 5
categorias de acordo com sua complexidade assistencial: intensivos, semiintensivos, alta dependência, intermediário e auto-cuidado.
16
Conforme demonstrado nos quadros 1 e 2 a Resolução COFEN nº
189/96 estabelecia critérios para o dimensionamento de recursos humanos do
quadro de enfermagem nas instituições de saúde, recomendando o SCP de
FUGULIN et al. (1994) como uma forma de classificar o grau de
dependência do paciente em relação à assistência de enfermagem
(CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM, 2001 apud KURCGANT,
2005). Esta Resolução foi reformulada, sendo substituída pela Resolução nº
293/2004, devido ao fato de a anterior não abranger os pacientes crônicos os
quais apresentam total dependência de enfermagem para o atendimento das
suas necessidades básicas e o índice de segurança técnica também foi
reformulado de menor que 30% para menor que 15%.
A proposta metodológica do COFEN foi motivada pela necessidade
requerida pelos gerentes e pela comunidade de Enfermagem, da revisão dos
parâmetros assistenciais em uso nas instituições, face aos avanços
verificados em vários níveis de complexidade do sistema de saúde e às atuais
necessidades assistenciais da população. Nesta proposta enfatiza-se os
aspectos quantitativos de profissionais de Enfermagem nas instituições de
saúde para que haja garantia, segurança e qualidade da assistência ao cliente,
preservação da saúde dos profissionais de Enfermagem.
Na forma desta Resolução e de seus anexos I, II, III e IV, são
estabelecidos parâmetros para dimensionar o quantitativo mínimo dos
diferentes níveis de formação dos profissionais de Enfermagem para a
cobertura assistencial nas instituições de saúde.
Os referidos parâmetros representam normas técnicas mínimas, constituindose em referências para orientar os gestores e gerentes das instituições de
saúde no planejamento, programação e priorização das ações de saúde a
serem desenvolvidas (COFEN, 2004). As mudanças entre as duas resoluções
podem ser observadas no quadro a seguir.
17
Quadro 1 – Comparação entre os parâmetros de horas médias da
assistência de enfermagem entre as Resoluções 189/96 e 293/2004 do
COFEN
Tipos de assistência
Assistência Mínima
Assistência intermediária
Assistência
semiintensiva
Assistência intensiva
Legenda:
Resolução COFEN 189/96
Horas de %
% Téc/Aux
enferm.
Enferm.
3,0
27
73
4,9
27
73
8,5
40
60
Resolução COFEN 293/2004
Horas de %
% Téc/Aux
enferm.
Enferm.
3,8
33 a 37
63 a 67
5,6
33 a 37
63 a 67
9,4
42 a 46
54 a 58
15,4
17,9
55,6
44,4
52 a 56
44 a 48
% Enferm.: porcentagem de enfermeiros
%´Téc/Aux: porcentagem de técnicos e auxiliares de enfermagem
Observa-se que houve um aumento substantivo em relação a
necessidade de horas de cuidado de enfermagem em todos os níveis de
assistência e margens maiores para ajustes a realidade. Em parte este
incremento de horas de justifica pela complexificação do cuidado ante o
aumento de aporte tecnológico em todos os tipos de assistência.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DO ESTUDO
1. Classificação dos Pacientes Conforme Tipo de Cuidado
O instrumento para SCP proposto por Perroca (1996), foi aplicado
rigorosamente a todos os pacientes internados durante um período de 10
dias, no Posto 3 do Pronto Socorro do HBDF. Foram aplicados
aproximadamente 40 instrumentos por dia, contabilizando-se 408 ao final do
período. Obteve-se como resultado uma média de 40,8 pacientes internados
em uma unidade cujo número oficial de leitos é de 21 (GDF, 2009). Assim,
os resultados evidenciaram uma taxa de ocupação geral de 193%. Ressaltase que o período da coleta de dados foi em um “mês típico”, conforme
recomendado por Gaidzinski et al. (2005). Pela característica desta unidade,
não há influencias sazonais na taxa de ocupação, mas observou-se uma super
lotação que é fruto da incongruência entre o numero de leitos cadastrados no
CNES e o número real de internações.
Em relação aos cuidados, não houve pacientes requerendo cuidados
intensivos, predominando pacientes que requeriam cuidados mínimos (32,6)
18
e intermediários (7,8). Os resultados indicaram que para esta unidade, são
necessários 171,3 horas de assistência de enfermagem (THE).
Tabela 1 – Quantidade de paciente por tipo de cuidado e pontuação obtida a
partir do instrumento de SCP, por dia de observação. Brasília-DF, 2009.
Dia
1
Cuidados
Mínimos
13 a 26
pontos
28
2
28
3
35
4
27
5
6
31
38
7
37
8
32
9
36
10
34
Total
%
Cuidados
Intermediários
27 a 39 pontos
68,2
9
71,7
9
79,5
4
72,9
7
77,5
86,3
6
78,7
2
88,8
8
87,8
12
4
326
87,1
7
79,9
78
32,6
0
7,8
11
9
9
9
6
10
4
4
%
Cuidados
Semiintensivos 40
a 52 pontos
29,2
1
6
28,2
0
%
Total
2,4
41
0
39
20,4
5
24,3
2
22,5
13,6
3
21,2
7
11,1
1
9,75
0
0
44
1
2,7
37
0
0
0
0
40
44
0
0
47
0
0
36
1
41
10,2
5
19,1
1
0
1
2,4
3
2,5
6
0,9
8
0
4
0,4
39
408
40,8
Tabela 2 – Total de horas de enfermagem por tipo de cuidado. Brasília-DF,
2009.
Tipo de cuidado
Assistência mínima (AM)
Assistência Intermediária (AI)
Assistência semi intensiva (ASI)
Assistência Intensiva (AIN)
Total
H
Pctes
Horas
3,8
32,6 123,9
5,6
7,8 43,68
9,4
0,4
3,76
17,
0
0
9
171,3
19
A
partir
do
resultado
desta
classificação
procedeu-se
ao
dimensionamento do pessoal de enfermagem, conforme o método proposto
pela Resolução 293/2004 do COFEN. Conforme se visualiza na Tabela 2,
foram aplicadas a quantidade de horas por tipo de assistência, a média de
pacientes em cada tipo de cuidado, do período do estudo.
Adotou-se o índice de segurança técnica de 15% conforme proposto
pela referida resolução. Embora alguns autores (Gaidzinski et al, 2005)
questionem este IST e proponham metodologias para se calcular de forma
mais aprofundada e ajustada a realidade de cada serviço, neste estudo não se
dispunha de tempo hábil e tampouco os dados do sérvio facilitaram esta
análise.
2. Cálculo segundo as fórmulas de Fugullin e Constate de Marinho
Para o dimensionamento do pessoal de enfermagem Fugullin (2005)
propõe a seguinte formula:
Cálculo segundo Fugullin
(Nº leitos X taxa de ocupação X THE X dias da
semana)/jornada semanal de trabalho
Qp =
Assim, aplicada aos resultados da classificação dos pacientes do
Posto 3, considerando a jornada de trabalho de 40 horas, obteve-se os
resultados a seguir.
Tabela 3 – Quantidade de pessoal necessário segundo método de Fugullin
Tipo de
cuidado
AM
AI
ASI
Total
QP
geral
21,679
7,644
0,658
29,981
TH_Enf
.
33%
33%
42%
52%
TH_Téc
.
67%
67%
48%
48%
QP_enf.
QP_Téc.
7,2
2,5
0,3
10,0
14,5
5,1
0,3
20,0
IST_Enf.
1,1
0,4
0,0
1,5
IST_Téc
.
2,2
0,8
0,0
3,0
Legenda:
QP geral: Quantidade de Pessoal geral
TH Enf.: Total de horas de enfermeiros
TH téc.: Total de horas de técnicos de enfermagem
QP_enf.: Quantidade de Pessoal de Enfermagem
IST_Enf.: índice de segurança técnica de enfermeiros
IST_ Téc.: índice de segurança técnica de técnicos de enfermagem
20
Enf.
Téc.
8,2
2,9
0,3
11,4
16,7
5,9
0,4
23,0
Enf. : Enfermeiros
Téc.: Técnicos de Enfermagem
A fórmula de dimensionamento que faz uso da constante de Marinho,
é a seguinte:
Cálculo segundo a Constante de Marinho
Nº Pessoal=
KM X THE
A constante de Marinho foi criada com intuito de facilitar o cálculo
de pessoal de enfermagem.
Constante de Marinho
20h
0,403
24h
0,335
30h
0,268
33,5h
0,248
36h
0,224
40h
0,201
44h
0,183
Aplicando-se a formula de Marinho, observa-se que não há diferença
em relação ao mesmo cálculo proposto por Fugullin.
Tabela 4 – Quantidade de pessoal necessário segundo formula proposta por
Marinho.
H
AM
3,8
AI
ASI
AIN
5,6
9,4
17,9
Paciente Horas THEnf THTéc THEnf THTéc Enf. Tec.
s
.
.
.
.
32,6 123,8
33%
67%
40,9
83,0 8,2 16,7
8
7,8 43,68
33%
67%
14,4
29,3 2,9
5,9
0,4
3,76
42%
48%
1,6
1,8 0,3
0,4
0
0
52%
48%
0,0
0,0 0,0
0,0
171,3
56,9
114,1 11, 23,0
2
4
Legenda:
AM: Assistência mínima
AI: Assistência intermediária
ASI: Assistência semi-intensiva
AIN: Assistência Intensiva
TH Enf.: Total de horas de enfermeiros
TH téc.:Total de horas de técnicos de enfermagem
Enf.: enfermeiros
21
Téc.: técnicos de enfermagem
Assim, os resultados indicam que nesta unidade há a necessidade de
11 enfermeiros e 23 técnicos de enfermagem.
3. Comparação com o atual quadro de pessoal do Posto 3
É importante ressaltar que o quadro de enfermeiros não é exclusivo
deste posto e sim de todo o pronto socorro. Em média trabalham neste posto,
dois enfermeiros no turno diurno e um no noturno (HBDF, 2009). Estes três
enfermeiros representam 15,3 horas. Dado que a taxa de ocupação extrapola
os 100% é possível concluir que a quantidade de enfermeiros está com uma
defasagem de horas de cuidado de enfermagem de aproximadamente 42,84
horas.
O atual quadro de pessoal do Posto 3 contempla um total de 14
enfermeiros sendo 8 com jornada de 40h e 6 com jornada de 20h semanais.
Destes, dois estão em cargo de chefia. Comparando-se com os resultados dos
cálculos de dimensionamento, seria possível inferir que este quantitativo é
adequado. Contudo é necessário considerar que não há enfermeiros fixos
para esta unidade e o atual quantitativo de enfermeiros são responsáveis
pelos 100 leitos.
Em relação aos técnicos de enfermagem, atualmente existem 17
profissionais, sendo 3 realizando jornada de 24h e 14 com jornada de
trabalho de 40h. um deles está desviado para trabalhos administrativos uma
vez que possui restrição médica. Assim, este quantitativo, não excluindo o
técnico em trabalhos administrativos, contabiliza 86,7 de trabalho efetivo (já
considerando-se o ajuste de produtividade de 85%). Comparando-se com a
necessidade apontada nos cálculos de dimensionamento, observa-se que
atualmente este quantitativo representa 71,4% da necessidade de horas de
cuidado neste setor, para esta categoria profissional. A defasagem é portanto
de 30,6 horas de cuidado de técnicos de enfermagem.
CONCLUSÕES
22
Pelos resultados é possível afirmar que há o predomínio de pacietes
que requerem cuidados mínimos nesta unidade, os quais perfizeram uma
média de 36,2 pacientes em 10 dias de observações. Confrontando-se este
perfil de usuários com a missão deste pronto socorro, de um do hospital de
maior complexidade do DF, sinaliza que há distorções no perfil de
atendimentos.
Contudo, mesmo considerando-se o predomínio de usuários que
requerem cuidados mínimos, o dimensionamento calculado sobre este perfil
de usuários indica que há déficit de profissionais de enfermagem, tanto
enfermeiros quanto técnicos. A defasada quantitativamente se dá não só de
acordo com a literatura pesquisada, mas também com a experiência vivida
durante a pesquisa.
Não fazia parte dos objetivos deste estudo analisar os aspectos
qualitativos da assistência prestada pela equipe, mas infere-se que esteja
prejudicada, seja em relação ao paciente seja em relação à sobrecarga da
equipe de enfermagem. Considerando-se que a missão deste hospital é
prestar assistência integral em serviços de saúde de alta complexidade
integrando o ensino e pesquisa, é possível afirmar que para seu alcance é
necessário reduzir o desequilíbrio entre as necessidades reais de horas de
trabalho de enfermagem que atualmente existente.
Em que pese às críticas em relação ao super dimensionamento
provocado pela aplicação da metodologia de cálculo proposta pelo COFEN,
é necessário considerar que há no serviço que ora se analisa uma sobrecarga
indefensável que se não ajustada a capacidade da equipe, certamente
transferirá para os trabalhadores a exaustão decorrente da incapacidade de
resposta do sistema de saúde. Em outras palavras, a dificuldade de atender a
demanda da emergência com qualidade e segurança está aqui estampada na
insuficiência quantitativa de profissionais de enfermagem. A continuidade
desta situação implicará em prejuízo para trabalhadores com aumento da
incidência de doenças laborais. Os usuários também são prejudicados pela
insegurança e má qualidade nos serviços prestados. Por outro lado, os
gestores, com este quadro de pessoal, certamente não produzirão as respostas
demandadas por atendimento à saúde da população, conforme preceito
constitucional.
23
Study on design of nursing staff in an emergency department of the
Federal District: a comparison between actual and recommended
ABSTRACT
This study aimed to: implement the assessment tool and patient classification
developed by Perroca (1996) and raise average unit patients according to
SCP during the period 08/07/09 to 17/07/2009, apply the formulas
mathematical scaling of nursing staff proposed by the Resolution 293/2007
COFEN; compare the results with the current framework. After analysis it
was verified that there is a discrepancy in the numbers of nurses from this
unit. The continuity of this situation will require injury to users due to
security issue, low quality service and work overload the nursing team.
Keywords: nursing; staff dimensioning; staff estimation.
24
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abr.-jun. 2007.
27
Anexo
SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DE PACIENTES
Objetivo: Investigar a utilização do SCP e a eficácia do método de
dimensionamento de pessoal em uma unidade de Pronto-Socorro de um
hospital público da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal.
Nome: ____________________________________ Idade: _____
Unidade: _____________________ Leito: ______
Data: ________
1. Estado Mental e Nível de Consciência (habilidade em manter a
percepção e as atividades cognitivas):
1 (
) Acordado: interpretação precisa de ambiente e tempo; executa,
sempre, corretamente, ordens verbalizadas; preservação da memória.
2 ( ) Acordado: interpretação precisa de ambiente e tempo; segue instruções
corretamente apenas algumas vezes; dificuldade de memória;
3 ( ) Acordado: interpretação imprecisa de ambiente e tempo em alguns
momentos; dificilmente segue instruções corretamente; dificuldade
aumentada de memória;
4 ( ) Acordado: interpretação imprecisa do ambiente e tempo em todos os
momentos; não segue instruções corretamente; perda de memória;
5 ( ) Desacordado: ausência de resposta verbal e manutenção da resposta à
estímulos dolorosos ou ausência de respostas verbais e motoras.
2. Oxigenação (aptidão em manter a permeabilidade das vias aéreas e o
equilíbrio nas trocas gasosas por si mesmo, com auxílio da equipe de
enfermagem e/ou de equipamentos):
1 ( ) Não requer oxigenoterapia;
2 ( ) Requer uso intermitente ou contínuo de oxigênio sem a necessidade de
desobstrução de vias aéreas;
3 ( ) Requer uso intermitente ou contínuo de oxigênio com necessidade de
desobstrução de vias aéreas;
4 ( ) Requer uso de oxigênio por traqueostomia ou tubo orotraqueal;
5 ( ) Requer ventilação mecânica.
3. Sinais Vitais (necessidade de observação e de controle dos
parâmetros vitais: temperatura corporal, pulso, padrão respiratório,
saturação de oxigênio e pressão arterial, arterial média e venosa
central)
1 ( ) Requer controle de sinais vitais em intervalos de 6 horas;
28
2 ( ) Requer controle de sinais vitais em intervalos de 4 horas;
3 ( ) Requer controle de sinais vitais em intervalos de 2 horas;
4 ( ) Requer controle de sinais vitais em intervalos menores do que 2 horas;
5 ( ) Requer controle de sinais vitais em intervalos menores do que 2 horas
e controle de pressão arterial média e/ou pressão venosa central e/ou
saturação de oxigênio.
4. Nutrição e hidratação (habilidade de ingerir nutrientes e líquidos
para atender às necessidades metabólicas, por si mesmo, com auxílio
de acompanhantes ou da equipe de enfermagem por meio de sondas)
1 ( ) Auto-suficiente;
2 ( ) Requer encorajamento e supervisão da enfermagem na nutrição e
hidratação oral;
3 ( ) Requer orientação e supervisai de enfermagem ao acompanhante para
auxílio na nutrição e hidratação oral;
4 ( ) Requer auxílio da enfermagem na nutrição e hidratação oral e/ou
assistência de enfermagem na alimentação por sonda nasogástrica ou
nasoenteral ou estoma;
5 ( ) Requer assistência efetiva da enfermagem para a manipulação de
cateteres periféricos ou centrais para nutrição e hidratação.
5. Motilidade (capacidade de movimentar os segmentos corporais de
forma independente, com auxílio do acompanhante ou da equipe de
enfermagem ou pelo uso de artefatos)
1 ( ) Auto-suficiente;
2 ( ) Requer estímulo e supervisão da enfermagem para a movimentação de
um ou mais segmentos corporais;
3 ( ) Requer orientação e supervisão de enfermagem ao acompanhante para
auxílio na movimentação de um ou mais segmentos corporais;
4 ( ) Requer auxílio da enfermagem para a movimentação de um ou mais
segmentos corporais;
5 ( ) Requer assistência efetiva da enfermagem para a movimentação de
qualquer segmento corporal devido a presença de aparelhos gessados, tração,
fixador externo e outros, ou por déficit motor.
6. Locomoção (habilidade para movimentar-se dentro do ambiente
físico por si só, com auxílio do acompanhante ou da equipe de
enfermagem ou pelo uso de artefatos)
1 ( ) Auto-suficiente;
2 ( ) Requer encorajamento e supervisão de enfermagem para deambulação;
29
3 ( ) Requer orientação e supervisão de enfermagem ao acompanhante para
auxílio no uso de artefatos (órteses, próteses, muletas, bengalas, cadeiras de
roda, andadores);
4 ( ) Requer o auxílio da enfermagem no uso de artefatos para a
deambulação;
5 ( ) Requer assistência efetiva de enfermagem para locomoção devido à
restrição no leito.
7. Cuidado corporal (capacidade para realizar por si mesmo ou com
auxílio de outros, atividades de higiene pessoal e conforto, de vestirse e arrumar-se)
1 ( ) Auto-suficiente;
2 ( ) Requer supervisão de enfermagem na realização do cuidado corporal e
conforto;
3 ( ) Requer orientação e supervisão de enfermagem ao acompanhante para
auxílio na higiene oral, higiene íntima, banho de chuveiro e medidas de
conforto;
4 ( ) Requer auxílio da enfermagem na higiene oral, higiene íntima, banho
de chuveiro e medidas de conforto;
5 ( ) Requer assistência efetiva da enfermagem para o cuidado corporal e
medidas de conforto devido à restrição no leito.
8. Eliminações (habilidade em manter diversas formas de eliminações
sozinho, com auxílio do acompanhante ou da enfermagem ou por
drenos e estomas)
1 ( ) Auto-suficiente;
2 ( ) Requer supervisão e controle pela enfermagem das eliminações;
3 ( ) Requer e supervisão de enfermagem ao acompanhante para auxílio no
uso de comadre, papagaio, troca de fraldas, absorventes e outros, e controle,
pela enfermagem nas eliminações;
4 ( ) Requer auxílio e controle pela enfermagem no uso de comadre,
papagaio, troca de fraldas, absorventes e outros;
5 ( ) Requer assistência efetiva de enfermagem para a manipulação e
controle de cateteres, drenos, dispositivos para incontinência urinária ou
estomas.
9. Terapêutica (utilização de
medicamentosos prescritos)
diversos
agentes
terapêuticos
1 ( ) Requer medicação VO de rotina ou ID, SC ou IM;
2 ( ) Requer medicações EV contínua e/ou através de sonda nasogástrica,
nasoenteral ou estoma;
30
3 ( ) Requer medicação EV intermitente com manutenção de cateter;
4 ( ) Requer uso de sangue e derivados ou expansores plasmáticos ou
agentes citostáticos;
5 ( ) Requer uso de drogas vasoativas ou outras que exigem maiores
cuidados na administração.
10. Educação à Saúde (habilidade do paciente/família em receber e
aceitar orientações sobre auto-cuidado)
1 ( ) Orientações de enfermagem ao paciente/família sobre auto-cuidado
com pronta compreensão e aceitação das informações recebidas;
2 ( ) Orientações de enfermagem ao paciente/família sobre auto-cuidado
com dificuldades de compreensão mas com pronta aceitação das
informações recebidas;
3 ( ) Orientações de enfermagem ao paciente/família sobre auto-cuidado
com pronta compreensão mas certa resistência às informações recebidas;
4 ( ) Orientações de enfermagem ao paciente/família sobre auto-cuidado
com pronta compreensão mas elevada resistência às informações recebidas;
5 ( ) Orientações de enfermagem ao paciente/família sobre auto-cuidado
com pronta compreensão mas sem aceitação das informações recebidas.
11. Comportamento (sentimentos, pensamentos e condutas do paciente
com relação à sua doença, gerados em sua interação com o processo
de hospitalização, a equipe de saúde e/ou família)
Para preencher o indicador abaixo observe as conceituações:
Ansiedade – “vago sentimento de catástrofe iminente, apreensão ou
sensação de pavor” (TAYLOR, 1992).
Sintomas de ansiedade: alteração da respiração, tremores, sudorese,
taquicardia, náusea, vômito, vertigem, anorexia, diarréia, inquietação,
perturbação do sono, medo excessivo ou irracional, sensações de falta de ar
ou sufocamento, parestesias, tensão muscular (DSM-IV, 1995);
Retraimento social – tendência ocasional para evitar contatos sociais;
funcionamento social diminuído.
Irritabilidade – “Irritação: estado relativamente moderado de cólera,
expressando-se, sobretudo em formas verbais” (CABRAL; NICK, 1979). Ex:
exasperação, exaltação;
Retraimento social aumentado – tendência freqüente para evitar contatos
sociais;
Apatia – “aparente insensibilidade a tudo o que provoca habitualmente no
indivíduo um sentimento ou uma emoção” (FILLIOUD et al, 1981),
indiferença. Ex: não manifestação de amor, ódio, alegria, tristeza, medo,
raiva;
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Passividade - “é uma predisposição para sofrer sem iniciativa nem esforço
todas as influências exteriores” (NANDA, 1986). Ex:não reação diante de
procedimentos de enfermagem, condutas médicas, hospitalização;
Desesperança – “estado subjetivo em que o indivíduo vê escolhas pessoais
disponíveis limitadas, ou sem alternativas, e está incapaz de mobilizar
energia em seu próprio favor” (NANDA, 1896). Ex: ausência de planos de
vida ou diminuição de expectativas, projetos e planos de vida;
Impotência psíquica – “percepção de que uma pessoa tem de que o que ela
pode fazer não altera, significativamente, um resultado...” (NANDA, 1982).
Ex: demonstração de incapacidade para desempenhar atividades cotidianas
(“não sei”, ”não vou conseguir”, “não posso”);
Ambivalência de sentimentos – “coexistência de dois impulsos, desejos,
atitudes ou emoções opostos dirigidos para a mesma pessoa, o mesmo
objeto ou o mesmo objetivo...” (DICIONÁRIO Médico Blakiston, 1982). Ex:
afirmação/negação, aceitação/rejeição, amor/ódio, alegria/tristeza;
Isolamento social – “privação de contatos sociais...” (CABRAL; NICK,
1979).
1 ( ) Calmo, tranqüilo; preocupações cotidianas;
2 (
) Alguns sintomas de ansiedade (até 3) ou queixas solicitações
contínuas ou retraimento social;
3 ( ) Irritabilidade excessiva ou retraimento social aumentado ou apatia ou
passividade ou queixas excessivas;
4 ( ) Sentimento de desesperança ou impotência psíquica ou ambivalência
de sentimentos ou acentuada diminuição do interesse por atividades ou
aumento da freqüência de sintomas de ansiedade (mais de 3 sintomas);
5 ( ) Comportamento destrutivo dirigido a sim mesmo e aos outros ou
recusa de cuidados de atenção á saúde ou verbalizações hostis e ameaçadoras
ou completo isolamento social.
12. Comunicação (habilidade em usar ou entender a linguagem verbal e
não verbal na interação humana)
1 ( ) Comunicativo, expressa idéias com clareza e lógica;
2 (
) Dificuldade em se expressar por diferenças sócio-culturais;
verbalização inapropriada;
3 ( ) Recusa-se a falar; choroso; comunicação não-verbal;
4 ( ) Dificuldade em se comunicar por distúrbios de linguagem (afasia,
disfasia, disartria) ou sensibilidade dolorosa ao falar ou por barreira física
(traqueostomia, entubação);
5 ( ) Inapto para comunicar necessidades.
13. Integridade Cutâneo-mucosa (manutenção da pele e mucosas sem
danificação ou destruição)
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1 ( ) Pele íntegra e sem alteração de cor em todas as áreas do corpo;
2 ( ) Presença de alteração da cor da pele (equimoses, hiperemia ou outras)
em uma ou mais áreas do corpo sem solução de continuidade;
3 ( ) Presença de solução de continuidade em uma ou mais áreas do corpo
sem presença de exsudato purulento;
4 ( ) Presença de solução de continuidade em uma ou mais áreas do corpo
com presença de exsudato purulento, sem exposição de tecido muscular e/ou
ósseo; ausência de áreas de necrose;
5 ( ) Presença de solução de continuidade em uma ou mais áreas do corpo
com presença de exsudato purulento, exposição de tecido muscular e/ou
ósseo; presença de áreas de necrose.
AVALIAÇÃO DO TIPO DE CUIDADO:
Cuidados Mínimos: 13 a 26 pontos – cuidados a pacientes estáveis sob o
ponto de vista clínico e de enfermagem, mas fisicamente auto-suficientes
quanto às necessidades humanas básicas;
Cuidados Intermediários: 27 a 39 pontos – cuidados a pacientes estáveis
sob o ponto de vista clínico e de enfermagem, com parcial dependência das
ações de enfermagem para o atendimento das necessidades humanas básicas;
Cuidados Semi-intensivos: 40 a 52 pontos – cuidados a pacientes
recuperáveis ou crônicos, estáveis sob o ponto de vista clínico, porém, com
total dependência das ações de enfermagem quanto ao atendimento das
necessidades humanas básicas;
Cuidados Intensivos: 53 a 65 pontos – cuidados a pacientes graves, com
risco iminente de morte, sujeitos à instabilidade de sinais vitais, que
requeiram assistência de enfermagem permanente e especializada.
Total da pontuação: _________
Classificação: ______________
Enfermeira: ________________
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Elina Márcia Teixeira de Carvalho