NEM TODA A COMUNIDADE CABE NA EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS1 AMORIM, José Pedro Instituto de Educação da Universidade Católica Portuguesa AZEVEDO, Joaquim Instituto de Educação da Universidade Católica Portuguesa COIMBRA, Joaquim Luís ([email protected]) Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto IMAGINÁRIO, Luís Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto Partiremos de quatro significados diferentes de comunidade para analisarmos de que forma é que a dimensão comunitária tem estado, e deverá estar, presente nas intervenções de educação e formação de adultos. Começaremos por defender o que nelas não cabe de comunidade. Em primeiro lugar, não pode caber a ideia de que uma ou duas fórmulas mágicas (cursos de educação e formação de adultos e centros de reconhecimento, validação e certificação de competências, por exemplo), desarticuladas entre si, como com outras respostas, são bastantes para resolver o crónico atraso estrutural da educação em Portugal e, sobretudo, para satisfazer uma procura que, já de si reduzida, se debate com uma oferta ainda mais reduzida. Em boa verdade, exigem-se respostas diversificadas a um conjunto de motivações e percursos cuja idiossincrasia está longe de se poder confundir com comunidade e, portanto, com semelhança. Donde, cuidamos desastrosa a perspectiva (dos decisores políticos, pelo menos) que continua a postergar a existência de clubes S@bER+, enquanto estruturas de proximidade e desenvolvimento profundamente arraigadas nas comunidades. Em segundo lugar, a comunidade é muito mais do que qualquer “gueto” (Law, 1991) de educação e formação de adultos e qualquer desses “guetos” menos o será quanto mais àquela se abrir. Nenhuma intervenção pode fechar-se entre muros e pretender, em simulações, transbordar (Nóvoa, 2005) de sentidos e quefazeres educativos. Há antes que rendibilizar os variadíssimos recursos de que a comunidade dispõe. Em terceiro lugar, e passamos à comunidade que cabe na educação e formação de adultos, em 1 Texto de apoio à comunicação apresentada no XV Colóquio Internacional AFIRSE/Secção Portuguesa, em 16 de Fevereiro de 2007. XV Colóquio AFIRSE – Complexidade: um novo paradigma para investigar e intervir em educação? Nem Toda a Comunidade Cabe na Educação e Formação de Adultos AMORIM, José Pedro, AZEVEDO, Joaquim, COIMBRA, Joaquim Luís & IMAGINÁRIO, Luís nenhuma intervenção deste tipo pode faltar a partilha de narrativas pessoais, dificuldades e vitórias, o reconhecimento do que se sabe, mas também do que se quer aprender. Finalmente, e na frase se dissemina o quarto significado, só a comunidade poderá ajudar a encontrar uma entrada para cada um e não, como até aqui, pouco mais do que uma saída para todos — mesmo quando o “todos” não é mais que a soma de poucas partes. Propomos neste texto uma leitura da presença (menor do que seria desejável) da dimensão comunitária na educação e formação de adultos (EFA). Com esse fim, evocaremos quatro significados distintos de comunidade, de modo, também, a desenvolvermos a perspectiva de que nem toda a comunidade cabe na educação e formação de adultos. Começa por ser um jogo de palavras, tomara que acabe por ser um pouco mais que isso. À comunidade serão atribuídos significados inusitados, mormente neste contexto. Justificamo-lo pela necessidade de continuarmos a, como até aqui, procurar compreender o que falha ainda neste campo de intervenção, quais os alicerces bem fundados em que podemos basear-nos e, então, sugerir as mudanças que entendemos convenientes e indispensáveis (vd. Amorim, Azevedo, Coimbra & Imaginário, 2006). 1. O que não cabe de comunidade na educação e formação de adultos 1.1. Uma poção mágica que em todos surte efeito Apesar de o Universo ser tão uniforme e homogéneo em macro-escala, contém irregularidades locais, como as estrelas e as galáxias. (Hawking, 1988: 168) Da era da uniformidade, da era da solidão, da era do Grande Irmão, da era do duplopensar2 — eu vos saúdo! (Orwell, 1949/2002: 32) Comunidade é qualidade do que é comum. Comum é o que se aplica a várias pessoas, o que é semelhante, uniforme, rigorosamente o que a EFA não é — préprograma padronizado e dirigido a uma massa informe e homogénea. Neste campo, 2 Para George Orwell, o duplopensar implicava “defender simultaneamente duas opiniões que se anulam reciprocamente, sabendo-as contraditórias e acreditando em ambas” (Orwell, 1949/2002: 41). XV Colóquio AFIRSE – Complexidade: um novo paradigma para investigar e intervir em educação? Nem Toda a Comunidade Cabe na Educação e Formação de Adultos AMORIM, José Pedro, AZEVEDO, Joaquim, COIMBRA, Joaquim Luís & IMAGINÁRIO, Luís não pode caber a ideia de que uma ou duas fórmulas mágicas (cursos de educação e formação de adultos e centros de reconhecimento, validação e certificação de competências, por exemplo), desarticuladas entre si, como com outras respostas, são bastantes para resolver o crónico atraso estrutural da educação em Portugal e, sobretudo, para satisfazer uma procura que, já de si reduzida, se debate com uma oferta ainda mais reduzida. Em boa verdade, exigem-se respostas diversificadas a um conjunto de motivações e percursos cuja idiossincrasia está longe de se poder confundir com comunidade e, portanto, com semelhança. As novas políticas de educação e formação parecem reconhecê-lo, quando propõem adequar, diversificar e flexibilizar a oferta. Apesar disso, a exiguidade da proposta de Programa Operacional Temático Potencial Humano e a incompletude do Catálogo Nacional de Qualificações não deixam acrescentar muito mais acerca da tipologia de intervenção que deverá revelar-se crucial para o efeito, as novas “formações modulares complementares”, bem como da forma como serão implementadas, por quem, quando e onde. É admissível (não infalível) que venham a ser capazes de suplantar (porquanto isso é fundamental) a parca eficácia das acções S@bER+, enquanto percursos curtos de formação, capazes de suprir necessidades e certificar competências em áreas específicas. Para já, perdem, todavia, na designação. É certo (no dizer, não no fazer) que em matéria de educação e formação não podemos avançar de costas voltadas para o futuro, movidos por uma repulsa do passado como o “Anjo da História” descrito por Walter Benjamin3 (vd., também, Bauman, 2003a). Mas também o é que não podemos voltar-nos com esperança para o futuro e esquecer quase tudo quanto foram feitos e defeitos experimentados. Diz Rui Canário que “na nossa melhor tradição” tendemos a fazer de toda a iniciativa (no caso, a das Novas Oportunidades) “uma ‘batalha’, ou seja, uma espécie de campanha militar que do passado tende a fazer tábua rasa.” (2005: 4). O caso é de guerra. Uma guerra permanente, de activação, sobreaviso e alerta máximos. É mais que tempo de abrir as portas de Jano à educação e formação de adultos. E, então, é como dizia o Padre “O seu rosto está voltado para o passado. Ali onde para nós parece haver uma cadeia de acontecimentos, ele vê apenas uma única e só catástrofe, que não pára de acumular ruínas sobre ruínas e as lança a seus pés. Ele quereria ficar, despertar os mortos e reunir os vencidos. Mas do Paraíso sopra uma tempestade que se apodera das suas asas, e é tão forte que o anjo não é capaz de voltar a fechá-las. Esta tempestade impele-o incessantemente para o futuro ao qual volta as costas, enquanto diante dele e até ao céu se acumulam ruínas. Esta tempestade é aquilo a que nós chamamos o progresso.” (Benjamin, 1940/1992: 162) 3 XV Colóquio AFIRSE – Complexidade: um novo paradigma para investigar e intervir em educação? Nem Toda a Comunidade Cabe na Educação e Formação de Adultos AMORIM, José Pedro, AZEVEDO, Joaquim, COIMBRA, Joaquim Luís & IMAGINÁRIO, Luís António Vieira: “quantos degraus se hão-de subir e descer, quantas guardas se hão-de romper e conquistar, antes de chegar às portas da Paz, para que se fechem as de Jano?” (1959: 366) Como Jano, ainda, temos de olhar simultaneamente para a frente e para trás, de modo a construir em cada momento presente um futuro informado (que não enformado e muito menos deformado) pelas experiências do passado. É incompreensível que se desperdice o manancial e potencial de aprendizagens que resultam de projectos como a Trofa Comunidade de Aprendentes4, a Escola da Ponte, “a experiência pioneira do GETAP e das Escolas Profissionais” (Canário, 2005: 4) e, claro, a ANEFA — de que desistimos quando a abrimos e, incomparavelmente mais, quando a fechamos. Se inicialmente ficou muito aquém do que estava para ser (Lima, 2002; Melo, Lima & Almeida, 2002), quando foi diluída numa direcção sem agência, uniformizante e vocacionalista, perdeu-se grande parte do inexorável património de conquistas que a ANEFA conseguiu em vida tão breve (e mais breve até, certamente, do que o tempo longo durante o qual foi amadurecida). Agora, voltaremos à agência. Agência Nacional para as Qualificações, desta vez. O que terão em comum? Representará a nova um aperfeiçoamento dessoutra que nunca chegou a envelhecer? É inequívoco, porém, que imperava actuar sobre a oferta, aproximá-la dos potenciais aprendentes, fazê-la ajustar-se a cada um e, então, responder efectivamente às suas necessidades. Mas também é indispensável incentivar a procura. E não será suficiente apostar na sensibilização (que nunca se chega a perceber, de novo, quem é que a vai fazer, quando ou como?) e na publicidade. Não bastará outrossim eliminar, um por um, os obstáculos extrínsecos à procura (e incentivar empresas a apostar na qualificação). Tem de se chegar ainda junto daqueles que não vêem qualquer benefício na educação e formação. Aqui está o dilema. As pessoas estarão certamente dispostas a investir tempo e energia (mais que dinheiro) em EFA se perspectivarem algum retorno — que não deve fugir da perspectiva de obtenção de “empregos razoavelmente remunerados, pessoalmente gratificantes e socialmente úteis” (Imaginário, 2006: 1). Caso contrário, o investimento deixa de o ser e transforma-se em despesa que se evita. Ver reconhecido o direito à valorização dos adquiridos é suficiente? A procura de realização pessoal mobilizará cada um dos três milhões e meio de activos com escolaridade inferior ao nível secundário? É esse o objectivo? O secundário será uma referência, como se tem dito, ou uma insistência na educação compulsiva? Em todo o 4 Vd. http://www.trofatca.pt/. XV Colóquio AFIRSE – Complexidade: um novo paradigma para investigar e intervir em educação? Nem Toda a Comunidade Cabe na Educação e Formação de Adultos AMORIM, José Pedro, AZEVEDO, Joaquim, COIMBRA, Joaquim Luís & IMAGINÁRIO, Luís caso, e quando “as relações entre educação e formação e emprego se têm enfraquecido cada vez mais” (ibidem), é dar tiros em ambos os pés reduzir a EFA à promoção da empregabilidade, ao fortalecimento da economia, ao alimento de melhor produtividade, competitividade e desempenho. Um diploma não é garantia de emprego. Não o ter, por sua vez, — e sobretudo não ter as competências que ele procura certificar, ou sequer motivação para aprender, — é garantia, as mais das vezes, de exclusão — social, cívica e profissional — e, eventualmente, de reclusão — em si mesmo, um si praticamente involuto, culturalmente apagado, cada vez mais desligado de um mundo que então só se pode estranhar. Isto não significa dizer, de modo nenhum, que só os mais competentes obtêm emprego e que, por isso, são incompetentes os que não têm trabalho — perspectiva legitimada, de resto, com o contributo da ideologia das competências (Bourdieu, 1998, mas também Azevedo, 2000). Até agora, as novas políticas para a educação e formação em Portugal têm dito muito pouco sobre o processo de informação, orientação e aconselhamento e nada sobre a forma como será desenvolvido e implementado. Esta não é uma peça de somenos importância na construção do puzzle EFA. Sem essa peça, central, toda a imagem perderá significado e possança. Não podemos insistir no erro de pensar que cada um por si terá de suportar a responsabilidade pela falta de emprego, pelas más escolhas nas encruzilhadas cada vez mais intrincadas de um sistema que, ganhando em diversidade, adequação e flexibilidade, expande desenfreadamente as combinações possíveis — de sucesso, naturalmente (mas esse escreve-se bem sozinho), e também de insucesso. É bom não esquecer que as escolhas dos jovens e adultos são já cerceadas pelo (parco) conhecimento, exploração e investimento de si próprios em relação com uma estrutura de oportunidades e alternativas, expressas quase sempre em terminologias que desconhecem ou não compreendem. Quanto mais nos afastamos de um percurso rectilíneo de educação e formação, com a consequente individualização dos percursos, tanto mais necessárias se tornam as intervenções de orientação vocacional. Num percurso tradicional, de frequência das vias gerais de ensino com vista ao prosseguimento de estudos, as solicitações concentram-se, grosso modo, em dois ou três momentos essenciais: 9º. ano, 12º. ano e, eventualmente, na transição entre a formação XV Colóquio AFIRSE – Complexidade: um novo paradigma para investigar e intervir em educação? Nem Toda a Comunidade Cabe na Educação e Formação de Adultos AMORIM, José Pedro, AZEVEDO, Joaquim, COIMBRA, Joaquim Luís & IMAGINÁRIO, Luís inicial e o mercado de trabalho. Nesse caso, a intervenção tem tendência, ipso facto, a ser episódica. Já em percursos individuais, marcados por “voos de borboleta” (Azevedo, 1999) entre a formação e o emprego, entre ofertas de educação e formação, entre empregos e actividades, e quase sempre entremeados por episódios de desemprego, à orientação terá de ser assegurado um carácter permanente e abrangente. As escolhas (bem como as aprendizagens) não têm lugar nem momento próprio. Acontecem a todo o comprimento e a toda a largura do arco-íris de oportunidades. Desaparecem os episódios marcados pelas “grandes escolhas” em favor de narrativas construídas a partir de “pequenas escolhas” (vd. Coimbra 1997/1998). Devíamos recuperar, a propósito, o projecto nado-morto dos clubes S@bER+, as postergadas estruturas de proximidade, acolhimento, encontro, convívio, informação e divulgação, orientação, motivação para a aprendizagem (nomeadamente formal!) ao longo da vida, educação, mobilização (de pessoas e organizações). Não que eles devessem constituir, como diz Alberto Melo, “centros altamente especializados em aconselhamento e orientação, mas sim a abertura de uma primeira porta, de natureza informal e convivial, dirigida prioritariamente àqueles que até agora têm ignorado ou desconfiado das ofertas existentes” (Melo et al., 2002: 36). A política preconizada pela ANEFA, a propósito, defendia a integração dos clubes S@bER+ nos CRVCC (Portaria nº. 1082-A/2001, de 5 de Setembro). Cuidamos que, por ora, seria vantajoso pensar e relançar os clubes enquanto estruturas autónomas (o que não significa desconectadas!) ou unidades descentralizadas dos CRVCC, mas obrigatoriamente articuladas com outras estruturas da comunidade (autarquias, centros comunitários, lares e centros de dia, centros de saúde, hospitais, bibliotecas, museus, centros comerciais, empresas, associações, fundações, cooperativas, mutualidades, prisões, clubes desportivos, colectividades, etc.). Em suma, os clubes teriam de adequar-se “aos contextos e aos públicos em causa” e, assim, inscrever-se “numa linha contínua de funções, uns numa dimensão minimalista, reduzidos a um papel (aliás, essencial) de acolhimento e animação, e outros já maximalistas, capazes de integrar toda uma gama de funções” (Melo et al., 2002: 7). Que estruturas virão substituir os clubes S@bER+? E porquê? O que falhou nesse projecto tão ambicioso e indispensável que nunca chegou a ser verdadeiramente implementado? XV Colóquio AFIRSE – Complexidade: um novo paradigma para investigar e intervir em educação? Nem Toda a Comunidade Cabe na Educação e Formação de Adultos AMORIM, José Pedro, AZEVEDO, Joaquim, COIMBRA, Joaquim Luís & IMAGINÁRIO, Luís Voltamos a pedir atenção para a experiência, com excelentes resultados, da Trofa Comunidade de Aprendentes (TCA), enquanto resposta local, sociocomunitária, a um problema de âmbito nacional. Como diz Azevedo (2006), não “são os catálogos da oferta educativa e formativa nem os programas locais de intervenção que fazem o TCA chegar às pessoas e que fazem as pessoas chegar ao TCA. É a proximidade, a mediação pessoal, um trabalho aturado, lento e paciente de abertura e de diálogo, apoiado por dinâmicas institucionais, que nos permite que cada sujeito vá construindo um projecto pessoal de aprendizagem, devidamente orientado e acompanhado por um técnico da equipa pedagógica do TCA.” (p. 34) 1.2. Toda a comunidade é traduzível em jogos de simulação e realidades virtuais Desenrola-se-me na alma desatenta esta paisagem de abdicações — áleas de gestos abandonados, canteiros altos de sonhos nem sequer bem sonhados, inconsequências, como muros de buxo dividindo caminhos vazios, suposições, como velhos tanques sem repuxo vivo, tudo se emaranha e se visualiza pobre no desalinho triste das minhas sensações confusas. (Pessoa, 2001: 81) […] o mundo todo abarco e nada aperto. (Camões, 1595/1994: 118) Por outro lado, a comunidade é muito mais do que qualquer “gueto” EFA (Law, 1991). Ela não é confinável aos limites de nenhuma instituição nem de nenhum projecto de educação e formação, mas qualquer dos “guetos” menos o será quanto mais à comunidade se abrir. Dizia Leonardo da Vinci que as “muralhas altas das grandes cidades serão vistas de pernas para o ar nos seus fossos.” (2006: 29) A profecia parece-nos aplicável às instituições de educação e formação, porque são vistas por tantos completamente do avesso e de pernas para o ar, enquanto assim lhes atribuem as mais díspares (para não dizer disparatadas) funções! E grave é que nem as muralhas resultam em fortificação contra investidas (sobretudo as que vêm de cima para baixo!), nem aqueles além do fosso são um exército organizado — de inimigos… muito menos de amigos. As instituições de educação e formação não precisam de leis de autonomia, mas de autonomia de leis. Devem ser elas a criar as suas próprias regras, de acordo com os problemas específicos que nelas se fazem sentir. XV Colóquio AFIRSE – Complexidade: um novo paradigma para investigar e intervir em educação? Nem Toda a Comunidade Cabe na Educação e Formação de Adultos AMORIM, José Pedro, AZEVEDO, Joaquim, COIMBRA, Joaquim Luís & IMAGINÁRIO, Luís Sem um enraizamento profundo na comunidade, a intervenção EFA tende a tornar-se um não-lugar (Augé, 2006) de passagem (sem paragem) em direcção a um diploma, um futuro de que se tem saudades. Com base nas conclusões do estudo que designámos “A Metamorfose das Borboletas”, podemos dizer que o processo de RVCC corre esse risco, já que, para os aprendentes, “representa uma aposta no futuro, e dele subsidiária, que, pese embora o facto de constituir fonte valorizada e inegável de aprendizagem e de certificação […], é, as mais das vezes, vista como chave mestra — passível de criar oportunidades e abrir novas portas para um futuro melhor — ou ferramenta útil — indispensável, até — para a manutenção de um emprego, a realização de um curso de formação profissional e, finalmente, a desejada (re)inserção socioprofissional.” (Amorim, 2006: 147) Dissemos, por isso, que nos CRVCC o verbo se conjuga no condicional, de forma bem oposta ao presente do indicativo nos cursos EFA. Na verdade, para estes aprendentes o curso “é ‘aposta ganha’, independentemente do (in)sucesso de inserção socioprofissional” (p. 150), mormente pelo facto de a experiência acontecer em grupo: conjunto de heterogeneidades, diferenças e identidades outras, mas também destino abrigado e acolhedor da fuga a um passado recente, onde era bem mais profundo o sentimento de alienação pessoal. (vd. Amorim, 2006) É pois absolutamente necessário promover o (re)enraizamento de cada aprendente na comunidade, pese embora a resistência de alguns, quando incentivados a sair de entre as paredes da “trincheira” e afastar-se do seio de figuras securizantes em que, normalmente, se transformam os profissionais EFA. É preciso vencer este retorno ao “condicionamento escolar” (Imaginário et al., 1998: 181). É preciso inverter esta tendência que dita a hegemonia dos “camelos”, carregadores de descobertas e conhecimentos alheios, sobre os “leões” e sobretudo as “crianças” [e usamos a terminologia das “metamorfoses do espírito” descritas pelo Zaratustra de Nietzsche (1892/1998)]. Ou haverá dúvidas acerca da existência de leões e crianças em todos aqueles que, com maior ou menor dificuldade, alargam e alongam a sua sobrevida numa sociedade em que são simultaneamente cidadãos, elementos de uma família, trabalhadores, usufrutuários de tempos livres? A EFA não pode fechar-se em “guetos”, dividir-se da comunidade e esperar reproduzi-la entre muros. Dessa forma, só contribuirá para desvirtuar e distorcer a XV Colóquio AFIRSE – Complexidade: um novo paradigma para investigar e intervir em educação? Nem Toda a Comunidade Cabe na Educação e Formação de Adultos AMORIM, José Pedro, AZEVEDO, Joaquim, COIMBRA, Joaquim Luís & IMAGINÁRIO, Luís realidade. Como bem notou Baudrillard, as “pessoas já não se olham, mas existem institutos para isso. Já não se tocam, mas existe a contactoterapia. Já não andam, mas fazem jogging” (Baudrillard, 1981/1991: 22). A EFA não pode permitir-se, à laia de promover competências-chave, ludibriar os aprendentes com “simulacros e simulação” (ibidem) de uma realidade que está cada vez mais longe. As comunidades encerram um potencial de aprendizagem inigualável. É, por isso, mais do que tempo de acabar de vez com esta “guerra dos mundos” sem juízo nem bons frutos. Não há que haver dois mundos, “o de dentro das escolas e dos centros de formação e o de fora das escolas e dos centros de formação. Há apenas o de dentro das cidades-comunidades ao serviço da aprendizagem de cada uma e de cada um, em qualquer lugar, a qualquer hora, qualquer que seja o ponto de partida.” (Azevedo, 2001: 14) Este potencial de aprendizagem existe em todas as instituições, públicas, privadas ou de economia social, de todos os quadrantes sociais e profissionais. Onde quer que exista vida, vida em conjunto, há esta possibilidade (ou inevitabilidade?) de aprender. Vivemos num espaço-tempo em que tudo se esvazia [vd., por exemplo, “A Era do Vazio” de Gilles Lipovetsky (1989)], em que prolifera o vácuo criado pela indiferença, pelo ensimesmamento narcísico, pelas comunidades de mesmidade (Bauman, 2003a), pela fraca participação — que o é quase nada pela sua pretensa natureza intrínseca, em jeito de fragilidade cromossomática de uma nação, mas quase tudo pelo quase nada que tem pesado a voz do povo, seja ela de Deus ou do Diabo5, nas decisões governativas. Neste contexto, e como diz António Nóvoa, a escola transborda de missões (2005, 2006). Pede-se-lhe que compense o esvaziamento generalizado, enquanto ela se deixa “inebriar por solicitações que, aparentemente, a [dignificam] na sua missão” (Nóvoa, 2006).6 Em contraponto, Nóvoa defende um retraimento (que não fechamento) da escola no sentido de uma nova recentragem na aprendizagem. O mesmo discurso quase se ajusta à EFA (sublinhamos o quase, em nome da prevenção contra eventuais colagens abusivas ao modelo escolar — e também porque na EFA a aprendizagem tem de basear-se nas experiências de vida, nas motivações e interesses, nos projectos para o futuro dos aprendentes). Também a ela se Na sabedoria popular têm sobrevivido os dois adágios: “a voz do povo é a voz de Deus” e “a voz do povo é a voz do Diabo”. 6 Note-se que em António Nóvoa o transbordamento se refere à escola. Para nós, todavia, o processo aplica-se também a outras intervenções de educação e formação, designadamente de adultos, das quais se tem tentado banir a terminologia escolar. 5 XV Colóquio AFIRSE – Complexidade: um novo paradigma para investigar e intervir em educação? Nem Toda a Comunidade Cabe na Educação e Formação de Adultos AMORIM, José Pedro, AZEVEDO, Joaquim, COIMBRA, Joaquim Luís & IMAGINÁRIO, Luís exige que eduque e forme para a cidadania e participação social, democracia, paz, igualdade e solidariedade, justiça e direitos humanos, desenvolvimento científico e tecnológico, saúde e sexualidade, prevenção da doença, defesa do ambiente e do património, prevenção rodoviária, empregabilidade, produtividade e competitividade (vd., por exemplo, Melo, Lima & Almeida, 2002; Amorim, 2006). Como as escolas, também as instituições EFA terão de evitar o transbordamento e o isolamento — ou arriscam um afogamento na própria beberagem de profusos e “líquidos” (vd., por exemplo, Bauman, 2000, 2003b, 2005) quefazeres educativos e formativos. Tal só não acontecerá se as exigências enunciadas não vierem enfartar os referenciais de competências (o facto de não falarmos em currículos é significativo), mas funcionarem apenas (e não é pouco) como eventuais causa e efeito das aprendizagens. Como dissemos, as aprendizagens devem nascer das comunidades e nelas acabar por desaguar. As instituições EFA, pese embora a sua importância, são apenas um afluente desse rio, são apenas parte da solução do problema de que também elas são apenas parte. Só com o envolvimento de todos se conseguirá verter o precioso líquido que transborda (para lugar nenhum) e encher de novo as comunidades, trazer-lhes outridade, por oposição à mesmidade tão bem expressa por Bauman (2003a), devolverlhes a vida e as vidas que se acantonaram nos subúrbios das cidades, em condomínios privados ou em bairros (mais problemáticos que) sociais. 2. O que cabe de comunidade na educação e formação de adultos 2.1. A partilha e o ser conjuntamente Nem a educação nem a engenhosidade nem o talento podem substituir os elementos constitutivos da esfera pública, que fazem [dela] o local adequado para a excelência humana. (Arendt, 1958/2001: 64) Repetimos: comunidade é qualidade do que é comum. Comum é também o que se faz conjuntamente, a partilha. Este significado quase se escusaria, tanto mais que acaba por emergir do ponto anterior. Contudo, vemos urgência em lembrar que este processo é marcadamente causa e efeito de emoções e afectos. Que há pessoas por trás e à frente das aprendizagens, que este é um processo de pessoas, com pessoas, não de números. Aliás, temos assistido nos CRVCC, e com indesejável persistência, ao XV Colóquio AFIRSE – Complexidade: um novo paradigma para investigar e intervir em educação? Nem Toda a Comunidade Cabe na Educação e Formação de Adultos AMORIM, José Pedro, AZEVEDO, Joaquim, COIMBRA, Joaquim Luís & IMAGINÁRIO, Luís estabelecimento de metas francamente irrealistas, causadoras de um aligeiramento desastrado de todo o processo, pautado então pelo facilitismo como via (única?) para o cumprimento dos objectivos. É importante não esquecermos que desse cumprimento resulta a atribuição dos financiamentos de que dependem a sobrevivência dos projectos e até das organizações, pelo menos não públicas. Por outro lado, empurra-se para o descrédito um projecto social que quer (por precisado de) solidez. A avaliação das intervenções (outro aspecto obscuro das novas políticas) não pode limitar-se ao número de certificados emitidos. Na educação e formação de adultos, o aprendente ocupa indubitavelmente o lugar central, é a razão de ser de todo o processo. Contudo, o profissional desempenha um papel essencial. Quem, quando e como se vão formar os técnicos envolvidos na expansão anunciada da educação e formação de adultos? Não vimos, por enquanto, nenhuma medida concreta ou sequer intenção a este respeito. Reconhecer, validar e certificar competências, educar e formar de acordo com o modelo EFA, respeitar os princípios andragógicos, são tarefas que exigem uma profissionalização adequada, um amadurecimento pessoal permanente. É complexo encontrar um equilíbrio entre o plano individual das experiências de vida e dos saberes e o plano colectivo dos referenciais de competências-chave. Reconhecer adquiridos não é pasmar diante de tudo quanto são episódios narrativos, uma vez que as biografias dos adultos estão impregnadas de experiências totalmente distintas no que toca ao valor das aprendizagens. Ajudar a aprender também é bem mais delicado do que ensinar. Rendibilizar processos pessoais (por vezes, enferrujados) de aprendizagem exige muito mais do educador e do formador do que debitar e creditar conteúdos. A mediação no caso da Trofa Comunidade de Aprendentes, por exemplo, revela e é prova disso mesmo. Então, o objectivo não é ensinar ou transferir, como diria Paulo Freire, cidadania, empregabilidade ou profissionalidade (vd., a propósito da distinção entre ambas, Imaginário, 2003; Gomes et al., 2006) nem tampouco qualquer um dos desígnios já enumerados, embora possa assistir-se a não raras tentativas nesse sentido — ineficazes, por certo. O objectivo não é coleccionar Temas de Vida, numa sucessão imbatível se a qualidade das intervenções fosse (ou for) medida a metro. Insistimos que o desafio dos formadores não é criar consensos “artificiais” acerca dos temas a explorar XV Colóquio AFIRSE – Complexidade: um novo paradigma para investigar e intervir em educação? Nem Toda a Comunidade Cabe na Educação e Formação de Adultos AMORIM, José Pedro, AZEVEDO, Joaquim, COIMBRA, Joaquim Luís & IMAGINÁRIO, Luís (vd. Amorim, Azevedo, Coimbra & Imaginário, 2006). A intervenção não pode começar nem continuar por aí. Cada aprendente deve ser apoiado na construção e exploração do seu projecto de formação (e de vida), baseado numa ponte coerente entre o vivido e o projectado, com ampla mobilização das competências instrumentais e transversais, de base e profissionais. Desta forma, e para que não passe o grupo a ser um “artifício”, ao formador caberá a tarefa, criativa sobremaneira, de realçar pontos de conexão entre os caminhos individualmente percorridos, de modo a rendibilizar preci(o)samente a vantagem de estar em grupo. Em formação, há (e tem de haver) inúmeras ocasiões para este agir em conjunto. 2.2. Uma entrada para cada um Para esta desordem, só pode haver uma ordem: A ética do cuidar, Do cuidar de cada um como se fosse único e divino, Do cuidar sustentado na crença de que cada ser humano aprende e aprende ao longo de toda a vida, Assim soubéssemos nós cuidar de cada uma e de cada um, Não deixando ninguém pelo caminho (Azevedo, 2004: 5) Navegando para diversos portos pelo grande mar do ser, cada uma das coisas criadas se move segundo o instinto ingénito. (Dante Alighieri, 1318/1991: 129) Insistimos: comunidade é qualidade do que é comum. Comum é ainda o que se encontra em abundância, o que é frequente e, portanto, é pertença de muitos ou de todos. Aprender tem de ser assim definido. O tesouro tem de ser dividido por todos, porque só dividindo é que ele se multiplicará. A todos tem de ser dada uma oportunidade para aprender. A cada um tem de se abrir uma porta, ao invés de esperarmos que cada qual encontre (ou não) a saída a que o possa levar o seu “instinto ingénito” (Alighieri, 1318/1991). Como no romance de Lewis Carroll, em cada um tem de se inflamar a curiosidade de saltar para a toca do coelho que leva ao país das maravilhas (1865/1993). XV Colóquio AFIRSE – Complexidade: um novo paradigma para investigar e intervir em educação? Nem Toda a Comunidade Cabe na Educação e Formação de Adultos AMORIM, José Pedro, AZEVEDO, Joaquim, COIMBRA, Joaquim Luís & IMAGINÁRIO, Luís É desencorajante ver que, hoje, a pedra basilar da educação, nomeadamente de adultos, é retalhada em função de rendições funcionalistas aos imperativos economicistas. Não obstante, o paradigma da aprendizagem ao longo da vida continua a ter duas leituras, sincrónica e diacrónica. Para que funcione, nenhuma delas pode ser esquecida. A sincronia (ao largo da vida ou latitudinal) implica que se reconheça, valide e certifique aprendizagens resultantes de experiências formais, não formais e informais. Por sua vez, a diacronia (ao longo da vida ou longitudinal) implica que ela aconteça desde o nascimento e que se perceba — e aja em conformidade — como são cruciais ao desenvolvimento os primeiros anos de vida, como poderiam e deveriam ter efeitos ao nível das aprendizagens, do sucesso educativo, de uma entrada precoce num caminho de aprendizagem ao longo da vida. A educação dos adultos depende, em boa medida, do que foi a educação das crianças. Em boa verdade, a educação de adultos começa na infância. Desde o nascimento que começam a jogar-se concessões e conquistas do que virão a ser futuros (des)investimentos em educação. Irónico é que se esqueça, justamente, a faceta expressa na fórmula consagrada: ao longo da vida. Sê-lo implica muito mais do que formação contínua, educação de adultos, formação profissional, segundas oportunidades. É antes como defendia John Dewey: os “factos inevitáveis do nascimento e morte de cada um dos membros constitutivos de um grupo social determinam a necessidade de educação.” (1916/2004: 2) Dizia o Prometeu de Ésquilo que entre os homens havia feito nascer a “cega esperança.” (Ésquilo, 1991: 24). Oxalá que ao desespero de tanta espera(nça) sobrevenha e sobreviva o alcance, do que prometemos, do que nos devemos. O futuro chega todos os dias. Grande parte dele é já passado. E até ver não há sinais claros para regozijo. Com efeito, o acesso à, e o sucesso na, EFA está ainda demasiado longe do alcance de todos os cidadãos. Conquanto seja uma conquista a aposta, ao menos retórica, nas qualificações (a despeito do primado economicista), na aprendizagem ao longo da vida (ainda que a vida se confunda com idade adulta, seja ela o que for), na educação e formação de adultos, no reconhecimento, validação e certificação de competências, certo é que aos decisores políticos continua a pedir-se muito mais — e, sobretudo, muito melhor — do que aquilo que tem sido feito. Fácil foi dizê-lo, difícil será fazê-lo… Impossível até, se continuarmos a dispensar-nos de procurar a ajuda da comunidade no sentido de encontrar uma entrada para cada um e não, como até aqui, XV Colóquio AFIRSE – Complexidade: um novo paradigma para investigar e intervir em educação? Nem Toda a Comunidade Cabe na Educação e Formação de Adultos AMORIM, José Pedro, AZEVEDO, Joaquim, COIMBRA, Joaquim Luís & IMAGINÁRIO, Luís pouco mais do que uma saída para todos — mesmo quando o “todos” não é mais que a soma de poucas partes. 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[disponível on-line em http://www.debatereducacao.pt/index.php?option=com_docman&task=doc_ details&gid=57, em 14.2.2007] 8 9 Data do capítulo “Teses sobre a Filosofia da História”, que inclui o trecho citado. Data de edição do soneto citado. XV Colóquio AFIRSE – Complexidade: um novo paradigma para investigar e intervir em educação? Nem Toda a Comunidade Cabe na Educação e Formação de Adultos AMORIM, José Pedro, AZEVEDO, Joaquim, COIMBRA, Joaquim Luís & IMAGINÁRIO, Luís CARROLL, Lewis (1865/1993). Alice no país das maravilhas. Mem Martins: EuropaAmérica. COIMBRA, Joaquim Luís (1997/1998). O Meu “Grande” Projecto de Vida ou os Meus “Pequenos” Projectos: Linearidade ou Recorrência no Desenvolvimento Vocacional e Suas Implicações Educativas. Cadernos de Consulta Psicológica, 1314, 21-27. DA VINCI, Leonardo (200610). Profecias. Mem Martins: Europa-América. DEWEY, John (1916/2004). Democracy and education. New York: Dover Publications. ÉSQUILO (199111). Prometeu acorrentado. 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Nem Toda a Comunidade Cabe na Educação e Formação de Adultos AMORIM, José Pedro, AZEVEDO, Joaquim, COIMBRA, Joaquim Luís & IMAGINÁRIO, Luís IMAGINÁRIO, Luís (Coord.), CAVACO, Cármen, FAUSTINO, Filomena & AMORIM, Maria Amélia (com a colaboração de CORREIA, Clara, BRANDÃO, Mariana & AZEVEDO, Rui) (1998). Adaptação/Reinserção Profissional dos Adultos Pouco Escolarizados. Lisboa: Observatório do Emprego e Formação Profissional. LAW, Bill (1991). Community Interaction in the Theory and Practice of Careers Work. In Campos, B.P. (Ed.), Psychological Intervention and Human Development (pp. 151-162). Porto: Instituto de Consulta Psicológica, Formação e Desenvolvimento. LIMA, Licínio (2002). Educação e aprendizagem ao longo da vida: entre a mão direita e a mão esquerda de Miró. In VVAA, Cruzamento de saberes. Aprendizagens sustentáveis (pp. 129-148). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. LIPOVETSKY, Gilles (1989). A era do vazio. Lisboa: Relógio D’Água. MELO, Alberto et al. (2002). 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