EAE 115 - INTRODUÇÃO AOS CLÁSSICOS DO PENSAMENTO ECONÔMICO
Mercantilistas e Fisiocratas
AULAS 2 e 3
O surgimento do capitalismo e outras considerações
•
A discussão acerca do início do capitalismo.
•
O capitalismo é caracterizado simultaneamente por:
1. Produção de mercadorias em grande escala;
2. Propriedade privada dos meios de produção;
3. Controle do processo de produção pelo capitalista;
4. Força de trabalho livre;
O surgimento do capitalismo e outras considerações (cont.)
•
O modo de produção capitalista, enquanto forma de
apropriação do excedente por uma classe social, exige:
1. A concentração dos meios de produção nas mãos de
uma parcela da população;
2. A transformação da força de trabalho em mercadoria
(venda da força de trabalho);
3. Novas instituições: leis, normas, costumes, etc;
O início do mercantilismo
• Expressão "mercantilismo“: forjada em 1763 por Victor de
Riqueti, o marquês de Mirabeau.
• O objetivo da expressão foi caracterizar uma série de
autores, que em seus escritos:
Apresentavam a supremacia comercial, o controle político
e militar dos Estados para garantir o protecionismo comercial,
que segunda sua visão era o caminho único para a
prosperidade econômica nacional.
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O início do mercantilismo (cont.)
• O principal axioma mercantilista diz que a riqueza das nações
faz-se de lucro monetário entesourado.
• Os autores ditos "mercantilistas" tentaram desvendar as
razões das práticas econômicas de uma Europa que tinha a
navegação e o comércio como atividades mais lucrativas.
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Contexto Histórico do mercantilismo
• Primeiros escritos datam de meados do século XVI, período
da expansão marítimo-comercial.
• Os Estados absolutistas garantiam às cidades européias a
propriedade dos lucros de suas atividades e o apoio militar
para busca-lo em outras terras.
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Contexto Histórico do mercantilismo (cont.)
• Algumas instituições medievais continuaram a existir até o
séc. XVIII.
1. O feudalismo;
2. A Igreja;
3. As corporações de ofício;
• O mercantilismo vai aos poucos minando estas instituições
feudais e criando uma classe de mercadores e trabalhadores
livres.
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A moeda como fonte de riqueza
Metalismo: doutrina mercantilista segundo a qual a moeda
era a fonte de riqueza das nações.
• O metalismo foi o principal axioma mercantilista.
• Acumulação de riquezas = prosperidade econômica da
nação.
• Isso seria realizado através do comércio.
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Outras doutrinas mercantilistas
Outras doutrinas mercantilistas são as seguintes:
• Balança comercial favorável
• Protecionismo
• Monopólio
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Bibliografia
GALBRAITH,J.K. A era da incerteza. São Paulo :
Pioneira, 1998
HUNT, E. K. História do Pensamento Econômico.Rio de
Janeiro : Campus, 1987
NAPOLEONI, C.Smith, Ricardo e Marx. Rio de Janeiro :
Graal, 1991
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EAE 115 - INTRODUÇÃO AOS CLÁSSICOS DO PENSAMENTO ECONÔMICO
Quesnay
Fisiocratas
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Contexto histórico, significado e origem da fisiocracia
• Influenciada pelo movimento iluminista (autores como
Kunt, Rousseau, Hume, Voltaire), no século XVIII, a
fisiocracia voltou-se contra as práticas mercantilistas.
Defendia a prática do livre-cambismo e da liberdade
política e social.
• A palavra Fisiocracia significa “governo da natureza”.
• Os fisiocratas formaram a primeira escola de
pensamento econômico.
• François Quesnay foi o mentor da fisiocracia, e seus
principais pensamentos estão no artigo “Tableu
Économique”(1759).
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Significado e origem da fisiocracia (cont.)
• Os fisiocratas são vistos como reação ao mercantilismo,
personalizado por Colbert, ministro de Luís XIV.
• Os fisiocratas vislumbravam uma agricultura francesa nos
moldes da inglesa (altamente produtiva e convertida à
exploração capitalista).
• Adam Smith em viagem à França em 1765 conhece
Quesnay , Turgot e os preceitos fisiocráticos.
• Estes influenciariam Smith ao redigir sua obra A Riqueza
das Nações.
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A ordem da natureza: a filosofia da ordem natural
• Os fisiocratas acreditavam na existência de uma ordem
natural, absoluta e imutável que regia o universo.
• Esta ordem manifestava-se no sistema econômico.
• As intervenções estatais restritivas e regulatórias das
atividades econômicas violavam a ordem natural.
• Quaisquer intervenções deveriam ser então evitadas,
pois atentavam contra a geração do produto líquido, que
nutria a vida produtiva.
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Origem da riqueza e o produto líquido
•
Toda a riqueza advém da fertilidade da terra.
•
Somente a agricultura é capaz de gerar excedente
(produto líquido).
•
Com essa concepção ocorre a seguinte mudança:
A origem do produto líquido sai da esfera da
circulação (mercantilismo) para a esfera de
produção (agricultura) !
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A sociedade tripartidada
• Para os fisiocratas a sociedade era dividida em três
classes socias:
1. Classe produtiva;
2. Classe proprietária;
3. Classe estéril.
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A estrutura social fisiocrática e suas implicações
• O conceito de produtividade do trabalho agrícola
consiste em dois fatores:
1. A formação do produto líquido;
2. O fato de que os produtos agrícolas tem a propriedade
de satisfazer a subsistência.
• Os artesãos e mercadores dependem do setor agrícola
para sobreviver. Apesar disso os primeiros são vitais
para a existência deste setor, pois:
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A estrutura social fisiocrática e suas implicações (cont.)
1. Produzem peças fundamentais para a sobrevivência,
que não poderiam ser produzidas pelos agricultores,
pelo tempo que estes perderiam nesta atividade
(dedicando menos tempo à agricultura e assim
reduzindo a produção total dos campos), e pela falta de
habilidade nesta produção;
2. A produção manufatureira e o comércio colocam itens
no mercado, que acabam sendo adquiridos às custas do
trabalho agrícola, servindo de estímulo a este.
18
A estrutura social fisiocrática e suas implicações (cont.)
• Os proprietários não podem ser definidos nem como produtivos,
nem como estéreis, sendo a única classe livre para decidir como
gastar sua renda.
• Os proprietários tem de cumprir dois deveres:
1. Cuidar para que a terra sempre se encontre em condições de ser
cultivada.
2. Despender sua renda nos setores produtivo e improdutivo, de forma
a otimizar a produção nacional.
• O lucro não pode ser visto como excedente, pois é utilizado para
cobrir os custos de manutenção do patrão, sendo consumido por
ele. Trata-se de uma recompensa pelos adiantamentos de capital e
salários que possibilitaram mover a produção.
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Repartição do Produto
• Os fisiocratas descobriram o ciclo econômico; antes
deles a economia tomava a forma de questões pontuais.
• A circulação de bens é vista como uma cadeia, capaz de
revelar a natureza social das relações econômicas.
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Tableu Économique – significado e pensamento
O Tableu Économique
• Os recursos necessários para cada pessoa colocar a produção de
cada setor em movimento são chamados por Quesnay de
adiantamentos, podendo ser de três tipos:
1. Primitivos: Ferramentas, edifícios, alimentos para os trabalhadores,
alimentos para os gados e etc.
2. Fundiários: Melhorias nas terras, pontes e etc.
3. Anuais: Salários, sementes e outras despesas com a mesma
periodicidade.
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Entendendo o Tableu Économique
• O Tableu representa a distribuição dos adiantamentos através dos
setores econômicos, revelando a interdependência destes, e as
diversas fases pelos quais a receita inicial passa até dar-se a sua
reprodução e a formação do produto líquido. Tudo isso no período
de um ano. Esquematicamente temos:
1. De posse dos adiantamentos anuais (receita guardada do período
precedente), cada setor adquire o necessário para começar a
operar: os agricultores compram sementes, e os artesãos matériaprima.
2. A parte dos adiantamentos anuais utilizada para comprar a
produção dos outros setores passa a ser chamada pelo setor que a
recebe de adiantamento primitivo.
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Entendendo o Tableu Économique (cont.)
3. De posse dos adiantamentos primitivos, cada setor adquire o resto
dos recursos necessários para produzir: os agricultores compram
ferramentas e os artesãos alimento.
4. Cada setor retém uma parte de sua produção para consumo
próprio: os agricultores consomem parte da colheita e os artesãos
usam as ferramentas que produzem.
5. O restante da produção é distribuído entre os setores, sendo que
somente para o setor produtivo sobra o excedente, com o qual é
paga a renda aos proprietários
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O imposto único
• Os fisiocratas defendiam a criação de um imposto único que
incidisse sobre a renda dos proprietários.
• O imposto único visava desonerar os demais setores e acabar com
a excessiva carga tributária imposta pelos governos mercantilistas,
que incidia múltiplas vezes sobre o setor agrícola, reduzindo sua
capacidade de gerar o produto líquido.
• Assim obteria-se um sistema de impostos capaz de capturar uma
receita satisfatória, de forma simples e livre de qualquer
complicação que pudesse comprometer o funcionamento do
mercado.
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Conclusão: Liberalismo, comércio externo e o papel do Estado
• Para a fisiocracia o estado tem um papel fundamental
na busca da prosperidade econômica.
• Para que os empresários agrícolas desempenhem
adequadamente suas atividades, o governos tem de:
1. Garantir a liberdade do comércio;
2. Manter as vias de transporte em bom estado;
3. Garantir a segurança nos mares, com uma marinha
militar capaz de fazer frente a outros países.
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Bibliografia
HUNT, E. K. História do Pensamento Econômico.Rio de Janeiro :
Campus, 1987
NAPOLEONI, C. Smith, Ricardo e Marx. Rio de Janeiro: Graal,
1991
KUNTZ, R.N. Capitalismo e natureza. São Paulo: Brasiliense,
1982
ELTIS, W.A. The Classical theory of economic growth. New York
: St. Martin's Press, 1984
SMITH, A. A riqueza das nações: investigação sobre sua
natureza e suas causas. São Paulo: Abril Cultural, 1983
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mercantilismo - Erudito FEA-USP