Elisabete Lucas A pintura de Aristides Meneses The paintings of Aristides Meneses 1 A pintura de Aristides Meneses The paintings of Aristides Meneses 2 Influenciado por três continentes Influenced by three continents 6 Emoções simultâneas e contraditórias Simultaneous and contraditory emotions 15 Diogenes e todos os outros Diogenes and all the others 18 Espelhos Futuros Future Mirrors 22 O Divino e o Homem Divine and Man 25 Obra pintada Painted works 1979 a 1999 (selecção, selection) 29 Obra pintada Painted works 2000 a 2005 (completa, complete) 75 Curriculum Vitae 149 Índice de quadros Index of paintings 153 3 Oásis, Oasis Circa 1971, 29 cm x 19 cm, Pastel sobre papel, Pastel on paper, Colecção Particular, Private Collection 4 5 Influenciado por três continentes Influenced by three continents Nascido em 1958 em Lourenço Marques, actual Maputo, em Moçambique, na costa oriental de África, Aristides Meneses faz parte de uma família que nos últimos cem anos habitou em três continentes. Os seus avós, de origem goesa, partiram da Índia para aquele país, então uma colónia portuguesa, e aí se fixaram. Foi já nessa região que nasceram os seus pais, em Lourenço Marques, o pai e em Inhanbane, a mãe. Aí permaneceram até se mudarem para Portugal, onde residem. Devido a essa confluência, Aristides Meneses foi influenciado por três culturas, desde a asiática, por via dos ascendentes, à europeia, pela língua, história e ambiente político, passando pela africana, pelo nascimento e vivência até aos dezasseis anos. De forma discreta e suave toda a sua arte reflecte essa multiplicidade de influências culturais e, apesar da forte predominância europeia, podem encontrar-se referências mais ou menos explícitas às outras duas culturas em diversos dos seus trabalhos. Foi em Moçambique que começou a pintar, muito embora na altura o fizesse como qualquer outra criança que gostava de desenhar e colorir imagens no papel, fossem reais ou inventadas. Fossem a lápis de cor ou aguarelas. Mas, ao invés de outras crianças, a pintura despertava-lhe forte interesse e constituía uma actividade com importância crescente. Aqueles anos em que residiu em África marcaram, sem dúvida, a forma de olhar o mundo e de estar na vida. Os grandes espaços, o imenso tempo que permitia quase tudo fazer, a praia até já não haver luz, os passeios de quilómetros 6 Born in 1958 in Lourenço Marques, nowadays called Maputo, in Mozambique, located in the east coast of Africa, Aristides Meneses descended from a family that in the last hundred years has lived in three continents. His grandparents, who where from Goa, in Asia, left India to that country, which at that time was a Portuguese colony, and settled there. Both his parents where born in Africa, in Lourenço Marques, the father and in Inhanbane, the mother. They lived there until they had to move to Portugal where they now live. Due to that confluence, Aristides Meneses has been influenced by three cultures, from the Asian, due to his ascendants, to the European, through language, history and political environment, including the African, because he lived there until he was sixteen. In a discreet and subtle way, all his work reflects that multiplicity of influences and, although the European culture is dominant, one can find more or less explicit references to the others in a large number of his works. He started to paint in Mozambique, doing so as any child who liked to draw and paint images on paper, real or imaginary, working with colour pencils, watercolors, pastel and other techniques. But unlike other children, painting interested him dearly, and started to grow in importance. Without doubt those years in Africa had an enormous influence on him. The large open spaces, the time that seemed to allow almost anything, the beach until darkness, long roads lined with trees, the conversations and parties in the Sem título, Untitled 2003, 42 cm x 30 cm, Tinta da china sobre papel, Indian ink on paper 7 por estradas ladeadas de árvores, as conversas e as festas nas ruas, são apenas alguns exemplos do que ficou na memória e que, inegavelmente, os seus quadros reflectem, mesmo que resultem em parte da manifestação do subconsciente. A abertura da mente associa-se a uma atitude também ela aberta, sem medo de se deixar mostrar, a ponto de surpreender alguns dos observadores mais críticos, por se permitir expôr nas telas de forma por vezes tão intensa como em “Auto-retrato com cem anos” (1983), provavelmente um dos mais interessantes quadros do pintor. Literalmente pintado em frente a um espelho, para reflectir as dimensões e a estrutura real, resultou de um exercício tanto de inversão de imagens como de introspecção, que trouxeram para a tela um retrato forte e tocante. E, como muitas outras das suas obras, parece chamar o observador para dentro do próprio tecido, como se fosse ele próprio a estar ali retratado, despojado e isolado, mas com uma enorme força interior. Por isso, ao invés de ser um quadro assustador, porque de facto cria ansiedade imaginar a própria vida ao fim de um século, é tranquilizante. Afinal é apenas uma fase, marcada pelo conhecimento de si mesmo! Da pintura realizada em África, de orientação realista e paisagista, apenas sobreviveu um pequeno trabalho, “Oásis”, executado em pastel sobre papel por volta de 1971. As caravelas dos Descobrimentos Portugueses, o mar e as paisagens africanas foram alguns dos temas explorados, durante a infância e juventude, com que participou em alguns concursos de pintura e desenho. Durante os últimos anos de permanência na então cidade de Lourenço Marques dedicou-se especialmente à técnica de tinta da china pintada e soprada sobre papel. Também dessa época nada sobreviveu devido à mudança de continente, em condições adversas para a família. Em 1975 Aristides Meneses veio viver para Lisboa na sequência das alterações políticas ocorridas quer em Portugal quer em Moçambique. Até perto do final da década de oitenta continuou os seus trabalhos a 8 open space are just a few examples of fond memories reflected in his paintings, even if they are the end result of a subconscious process. The openness of the mind appears associated to an open attitude, fearless of showing to a point that surprises some of the most critical minds, because the painter allows to expose himself on canvas in a very intense way, as in “Self portrait at one hundred years” (1983), arguably one of his most interesting paintings. Literally painted in front of a mirror, it was the result both of an image inversion exercise and of an introspective analysis, which brought to the canvas a strong and moving portrait. And, as in many of his works, it seems to draw the observer to the inside, as if it was their own portrait, dispossessed and alone, but with much inner strength. And so, instead of being a frightening painting, because it must be frightening to imagine oneself with a hundred years old, it is in fact soothing. At the end it is no more that a phase characterized by one knowledge. Of the work completed in Africa, with an orientation to the realistic and naturalistic, only one small painting survived, “Oasis”, executed with pastel on paper by 1971. The caravels of the Portuguese Discoveries, the sea and the African landscapes, all were themes of his work during his youth, with which he entered some painting exhibitions. During the last years he lived in Mozambique he started to use indian ink painted and blown on paper. Those works are all lost now, due to the migration to another continent, in adverse conditions for the family. In 1975 Aristides Meneses came to live in Lisbon, because of the new political situation both in Portugal and Mozambique. Until the end of the 80s, he kept working with indian ink. Some of these works, although lost, have been reproduced in a student newspaper to which he was a regular contributor. In 1977 he went to the University of Aveiro. It was there that, as a student of Electronics and Telecommunications Engineering, painting assumed a much 9 tinta da china, alguns dos quais, embora desaparecidos ou destruidos, encontramse reproduzidos no jornal de estudantes da universidade, em que colaborou. Em 1977 ingressou na Universidade de Aveiro. E foi quando aí frequentava a licenciatura em Engenharia de Electrónica e Telecomunicações que a pintura assumiu um espaço mais sério e prioritário. Nessa época concretizou a sua primeira experiência com a técnica de óleo sobre tela, com “Criança sem culpa admirando o túmulo do mundo morto”, datado de 1979. Este quadro mostra já algumas das principais características de toda a sua obra posterior: ambiguidade, angústia, divino, conhecimento, emoções desencontradas e simultâneas, o mundo entre a vida e a morte. Aristides Meneses traz para a tela as suas preocupações e inquietações interiores, mas fá-lo de uma forma aberta, pois ao observador é constantemente deixado espaço para incluir, no quadro, as suas próprias inquietações e registar as suas análises, construindo uma história individualizada, a partir de imagens que, sendo quase imutáveis, ganham nova vida e diferente forma a cada olhar. Foi também em 1979 que criou, com outros estudantes, o grupo Arte Universidade e, com ele, participou na sua primeira exposição. Essa mostra originou de imediato uma grande diversidade de interpretações e emoções nos espectadores, efeitos que ainda hoje são habituais, provavelmente devido à aparente simplicidade da maior parte dos seus trabalhos que, no entanto, se revelam mais complexos e emotivos à medida que o observador os aprofunda. Mais de vinte anos depois, Aristides Meneses explicou, quando da abertura da sua exposição “Espelhos Futuros” em 2005, em Lisboa, a influência da estrutura emocional e do estado de espírito do observador na apreciação dos seus quadros, afirmando que ao mesmo tempo que expõe os seus trabalhos, os visitantes se expõem a eles, numa interacção gerada pelas emoções. Apaixonado pela matemática e pela física, disciplinas em que se tornou um dos melhores 10 more important role in his life. At that time he started to make some experiences with oil on canvas, with “Blameless child looking at the tomb of the dead world”, dated 1979. This painting already shows some of the main characteristics of all his following work: ambiguity, angst, divine, knowledge, the flow of contradictory and simultaneous emotions, the world between life and death. Aristides Meneses brings to the canvas his inner toughts and inquietudes, but he does that in an open way, always leaving some space for the observers to be reflected in the paintings with their own emotions, preoccupations and analysis, building personalized stories from images that, being almost immutable, start a new life and get a different form each time one looks at them. It was also in 1979 that, along with other fellow students, he created the Arte Universidade group, and with it he started exhibiting his work. His paintings created an immediate diversity of emotions and interpretations, effects that remain up to today with each new work, probably due to the apparent simplicity of most of them which, however, reveal a strong complexity and emotional impact at each new glance. More than twenty years later, during his individual exhibition “Future Mirrors” in 2005, in Lisbon, he explained the influence the emotional structure and mind state of the observer have in the appreciation of his paintings, saying that each time he exposes a painting, the observer himself is exposed to it, in an interaction generated by emotions. Very fond of mathematics and physics, subjects in which he became one of the best students of his class, he applied, in part subconsciously, some of the more chatering concepts of physics discoveries at that time, especially focusing on Einstein´s Relativity Theory, Heisenberg´s Uncertainty Principle and Schrödinger´s Equation, not so much by its physics explanations properties but by the associations he did with the human mind and emotions, as shown in his work alunos do seu curso, aplicou à pintura, em parte subconscientemente, alguns dos conceitos mais perturbadores da física de então, citando especialmente a Teoria da Relatividade de Einstein, o Princípio da Incerteza de Heisenberg e a Equação de Schrödinger, não tanto pela explicitação dos conceitos físicos associados mas sim pelas suas consequências ao nível da mente e das emoções humanas, como está patente no quadro “Multiplicação da personalidade provocada pelo aparecimento de um peixe encarnado”, executado em 1984. O quadro, baseado num edifício de uma gravura de M. C. Escher, convida o observador a olhar de todos os ângulos, sem que transporte em si qualquer obrigatoriedade de análise preferencial ou lógica. E, como em muitos outros casos, as sensações que desperta são tão diversas quantos os olhares dos espectadores que o vêm e quantos os momentos em que é olhado. Porque se os seus quadros, enquanto objectos, são estáticos, enquanto expressão artística estão longe de o ser. São, pelo contrário, tão dinâmicos quanto os olhares, os pontos de análise, a luminosidade ou a emotividade do próprio espectador o permitam. O cenário está lá, parte de uma ideia do pintor, mas rapidamente é o observador que toma posse da história e a transforma à sua medida. Tendo iniciado na Universidade uma aproximação mais profunda à pintura, a partir dessa altura começou também um percurso de aprendizagem técnica, que o levou a frequentar um atelier experimental na Sociedade Nacional de Belas Artes em Lisboa, nos anos de 1984 e 1985. Mesmo que afirme que em momento algum tenha pensado numa tela como um objecto em branco, porque quando inicia a primeira pincelada tem sempre a imagem já pintada na sua mente, o desenvolvimento da capacidade técnica permite melhorar a aproximação da imagem mental ao resultado final. Aristides Meneses defende que o acaso tem um enorme papel no seu trabalho, citando o Princípio da Incerteza de Heisenberg como a sua explicação. Especifica que são os efeitos quânticos na imagem produzida pelo subconsciente, resultado ela própria da transformação da totalidade das influências “Personality multiplication provoked by the appearance of a red fish”, painted in 1984. The painting, based on a building in an engraving by M. C. Escher, invites the observer to look from every point of view without forcing any predefined logic or analysis. And, as in many other cases, the sensations it unveils are so diverse as diverse are the observers or the times they choose to look. Because if the paintings, as objects, are static, as artistic expressions they are not. On the contrary, they are as dynamic as the emotions each observer experiences. The image is there, but very quickly each observer conquers domain over the story and transforms it as he wants. Having iniciated a more profound relationship with painting at the university, he started a path of technical learning which led him to experimental painting lessons at Sociedade Nacional de Belas Artes in Lisbon, during 1984 and 1985. Although he says he never looked at a blank canvas, because he starts working on a painting with brushes and paint only when he already has the full image in his mind, the development of his technical skill was very important to the continuous improvement of his work. Aristides Meneses insists that chance has an enormous role in his work, citing Heisenberg´s Uncertainty Principle as the explanation for it. He says that the quantum effects that influence the image produced in the subconscious, result itself of the transformation of the total sum of influences the artist has felt, in the cosmic sense that links man to the universe and everything else, are what enables the same image to gain a life and a will of its own while being created. In this sense, at the moment the original mental image starts disintegrating in anti-photons, the personages of the paintings are able to suggest looks and smiles, places suggest colours and environment determine the order, carrying the work through unforeseen paths. And the painter, keeping his freedom, allows himself to be carried away by his work, even if it seems he keeps control of it all the time, really choosing what happens on the canvas. 11 a que está sujeito, no sentido cósmico de interligação permanente do Homem com todo o Universo, que fazem com que o quadro ganhe uma vida ou vontade própria, à medida que vai sendo criado. Assim, ao mesmo tempo que a imagem inicial se vai esbatendo e dissolvendo, desintegrando-se em anti-fotões, os personagens executados sugerem olhares e sorrisos, os lugares apontam cores, os ambientes indicam a ordem do espaço, levando o quadro para caminhos imprevistos. E o pintor, que se mantém livre, deixa-se levar geralmente pela sua própria obra, integrando-se nela, mesmo que fisicamente tudo indique que permanece a olhá-la de frente, com uma imensa capacidade decisória sobre tudo o que acontece naquele espaço montado no cavalete. Naturalmente fascinado pela pintura, visita inúmeros museus e exposições, em Portugal e no estrangeiro, alimentando essa necessidade de evolução e aprendizagem permanente que caracterizam em si, mais do que a resposta ao desafio de pintar, um modo de vida. Uma das causas prováveis do seu interesse pela técnica de óleo sobre tela foi a viagem pelo Sul da Europa em 1978, especialmente por Itália, onde descobriu directamente os pintores, arquitectos e escultores renascentistas e também alguma arte da antiguidade. Aristides Meneses afirma ser influenciado pelo cosmos e por todos os outros artistas. Devido à temática explicitamente figurativa e aparentemente realista, embora onírica, dos seus quadros, o pintor é frequentemente confrontado com a necessidade de compreensão racional por parte dos espectadores. Mas, para Aristides Meneses, mais do que para serem vistos, os seus quadros devem ser sentidos, porque todo o seu trabalho se situa no mundo das emoções humanas, complexas, contraditórias, simultâneas e, geralmente, mais fortes que os próprios indivíduos. Sublinhando que o seu trabalho resulta de imagens de origem subconsciente, num processo de transformação e destilação de tudo com que se relaciona, confessa que se 12 Fascinated by paintings, he visits innumerous museums and art galleries in Portugal and abroad, feeding the necessity of evolution and knowledge, which characterize him and are a way of life more than an answer to the challenges of painting. One probable cause of his renewed interest in oil painting techniques was his trip through the south of Europe in 1978, especially Italy, where he was face to face with sculptures, paintings and buildings of the renascence and some antique art. He says the cosmos influence his works as well as every other artist. Due to his figurative and apparently realistic themes, although dreamlike motives and images, the painter is often confronted by his observers with the need to understand and to find a logic explanation. But, to Aristides Meneses it is more important for his work to be felt than seen, because all of it revolves around human emotions, complex, simultaneous and usually stronger than man himself. Stressing that his work is a result of subconscious images, in a transformation and distillation process of everything with which he interacts, the painter admits that they reveal themselves to the conscious in an unexpected and volatile way. For the most part, he does not know the source of his images. But sometimes the source is well identified, like the leaf of a fig tree, transported by a gentle breeze in the morning to the floor of his porch, at the end of the summer 2003, while the heat from the sun dried and changed it. And that was the origin of “Dinosaur mutation in the morning sun”. Even before the painting was finished, a few hours later, the leaf was almost extinct, but the dinosaur survived, he says. Often nature is the driving inspiration force behind the materialization of his images, as can be attested by his numerous works with beaches, trees, rocks or deserts, which he transforms into personages for his paintings, and which gain new lives from each glance by the observers. One characteristic example is a painting made the same summer, in 2003, whose title came Sem título, Untitled 2003, 42 cm x 30 cm, Tinta da china sobre papel, Indian ink on paper 13 revelam ao consciente de forma inesperada e volátil. Na maior parte das vezes desconhece a origem das suas imagens. Outras sabe, na perfeição, o que as levou a materializarse, como aconteceu com uma folha de figueira, transportada pela brisa, numa manhã de final de Verão, para o chão da varanda, onde o sol a secava mudando-lhe rapidamente a forma e a cor. E assim surgiu a obra “Mutação de um dinossauro ao sol da manhã”, executada em 2003. Antes mesmo de o quadro ter sido terminado, poucas horas depois, a folha estava praticamente extinta, mas o dinossauro sobreviveu! Por vezes é a natureza a fonte da materialização das suas imagens, como se verifica pelos vários trabalhos realizados a partir da observação de praias, desertos, árvores ou rochas espalhadas na areia, a quem é dada uma outra vida nos quadros, ao serem transformados em personagens, que voltam a conquistar novas vidas a partir dos observadores. A ilustrá-lo está, por exemplo, um quadro executado também no final do Verão de 2003, cujo título é da autoria do filho do pintor, na altura com seis anos, que ao vê-lo declarou: “O pai e a mãe zangados na praia”. A criança não viu objectos inanimados, viu pessoas conhecidas. E é esse efeito emocional multiplicativo e diversificado que melhor tem caracterizado a obra pintada de Aristides Meneses. from his six years old son, who exclaimed: “It is father and mother angry at the beach”. The child did not see inanimate objects, he saw living beings. And it is that emotional effect, multiplicative and diversified, that best characterize the painted work of Aristides Meneses. Emoções simultâneas e contraditórias Simultaneous and contraditory emotions Em termos temáticos a pintura de Aristides Meneses tem-se mantido muito coerente mesmo que cada trabalho ou imagem surja muito distinta e com uma forte personalidade específica. O Homem, considerado aqui enquanto Humanidade emocional em sentido amplo, com todas as suas manifestações, acaba por ser, no essencial, a temática central da maioria das suas obras. Pode ser o Homem-ea-transformação-do-mundo, assistindo a eventos que eventualmente não compreende ou assumindo a culpa e a responsabilidade pelos seus actos, como em “A árvore de sangue” (1979). Pode ser o Homem-e-os-seus-próprios-medos, como em “Prisioneiros” (1982), em “Prisão imaginária” (1983) ou em “O covil” (2004), com uma alusão à necessidade de nos protegermos para que os outros não nos descubram tal como somos, à necessidade de manter espaços reservados, íntimos, longe do conhecimento exterior ou ainda à dificuldade de viver com a liberdade que nos torna responsáveis por nós mesmos. Ou pode ser o Homem-igual-a-si-mesmo, no quotidiano, ilustrado em “Passeio na praia” (1995) e em “Esperando à janela” (1984), ambos com uma forte carga emotiva que transcende o acontecimento. Mas também pode ser o Homem-e-asua-relação-com-o-Divino, um tema que Aristides Meneses tem explorado de forma recorrente. Em todo o seu trabalho, o divino é sempre tratado como algo interior à mente humana. Os quadros “narram” formas de encarar o espiritual ou a busca de explicações para o mundo que vão para além da ciência, da lógica racional ou da religião. 14 The subject of Aristides Meneses painting work has been very coherent since the beginning, even if each painting or image is very distinctive or has a strong individuality. Man, analized here as emotional humanity in large sense, with all their manifestations is, in essence, the central subject for most of his work. It can be Man-transforming-theworld, witnessing events, which eventually he does not understand, or assuming the responsibility for his acts, as in “The blood tree” (1979). It can be Man-withhis-own-fears, as in “Prisoners” (1982), in “Imaginary Prison” (1983) or “The burrow” (2004), with allusions to our need of self protection so others can not see us as we are, for our need to keep our own private territories away from outside knowledge, or to the difficulty to live with freedom, which makes each one responsible for himself. Or it can be simply Man-as-himself, in daily life, as in “Walk by the beach” (1995) or in “Waiting by the window” (1984), both with a strong emotional content which transcends the events they depicts. But it can also be Man-related-to-divine, a subject that Aristides Meneses often explores. In all his work, the divine is always considered something internal to the human mind. The paintings points ways to face the divine or the search for explanations of the world that go beyond science, rational logic or religion. The painting “Help me father” (2004), which is filled with the most emotions of all his works, influenced by “Christ carrying the cross” by Bosh, has none of its religious content, with human religiosity substituted by human emotions. However it is impossible not to relate it, 15 O quadro “Ajuda-me pai” (2004), um dos trabalhos com maior espiritualidade do pintor, uma obra influenciada por “Cristo carregando a cruz” de Bosch, está, em termos concretos, despojada do conteúdo religioso, sendo a actividade humana substituída pela emotividade humana. É, no entanto, impossível não a remeter, involuntariamente, para o imaginário cristão, tornando-se assim um trabalho duplamente perturbador. Em “Gabriel logo após a mensagem” (2004) Aristides Meneses faz uma alusão directa à Biblia, remetendo o espectador para a anunciação do anjo, assim como em “O fim prematuro” (2004), claramente uma Pietá. A vida e a morte, na sua relação com o divino surgem com frequência, como em “Renascimento” (1984), “Morte e Transfiguração” (1984) ou “Nascimento de um estranho ser” (1981). No entanto, é provavelmente mais significativa a temática de “entre a vida e a morte”, como em “Criança sem culpa admirando o túmulo do mundo morto” e “A árvore de sangue” ambos de 1979 ou, de uma forma mais subtil, “A jangada” (2003). Ainda no âmbito do divino, Aristides Meneses sente também influência do Hinduismo, trabalhando frequentemente a meditação, a levitação ou a reencarnação. Em “Levitação provocada por profunda meditação”, executado em 2003, surge uma referência mais explícita, com o personagem central a levitar, o Linga, símbolo de Shiva. Também o Homem-conquistador, capaz de enfrentar o exterior ou simplesmente as suas frustrações pessoais, prende a atenção do pintor em várias das suas obras. Uma das mais emblemáticas, pela dualidade de registo que introduz, é “Guerra e Paz” (2004). A dualidade é explorada a vários níveis. Dividindo o quadro mais ou menos a meio, do lado direito o observador é confrontado com uma cena de violência, com um ser que se prepara para atacar e do lado esquerdo com um cenário pacificador, de alguém que calmamente observa o lago. O equilíbrio é decidido pelos olhos de cada um. 16 unwillingly, with the Christian world, which makes the work very disturbing. With “Gabriel soon after the message” (2004) Aristides Meneses makes a direct reference to the Bible, pointing the observer to the Annunciation, as he does in “Premature end” (2004), clearly a Pieta. Also life and death, with their relation with the divine often appears, as in “Rebirth” (1984), “Death and Transfiguration” (1984) or “Birth of a peculiar being” (1981). Yet, probably more significant is the subject “between life and death”, as in “Blameless child looking at the tomb of the dead world” or “The blood tree” both from 1979, or, in a more subtle way, “The raft” (2003). Also on the subject of the divine Aristides Meneses is influenced by Hinduism, working very often with meditation, levitation or reincarnation. In “Levitation provoked by deep meditation”, executed in 2003, there is an explicit reference to it with the central personage being the Linga, a symbol of Shiva. Also Man-as-conqueror, able to confront the external world or simply his own personal frustrations, appears in many of his paintings. One of the most significant, due to the dual emotional environment it reveals, is “War and Peace” (2004). This duality is explored at diverse levels. Dividing the painting more or less in the middle, at the right the observer is confronted with a violent scene, a human like being seems to be preparing an attack, and at the left with a calming scene of a lady standing by the lake. The eyes of each of us decide the equilibrium. O homem-que-procura também lhe merece a atenção em diversos trabalhos, numa clara alusão ao inconformismo humano e à necessidade de saber, de observar e ainda de escapar. A este nível, uma das suas obras mais marcantes é “À procura das crianças” (2004), claramente um trabalho para ser sentido, ou “A nau” (2003) que mostra personagens em busca de algo que, ao que tudo indica, não se encontra naquele lugar. O quadro evidencia a bem conhecida sensação humana de estar num mundo que não é o desejado ou, de forma mais prosaica, de estar no sítio errado. No âmbito das primeiras pinturas, uma das obras que melhor ilustra a procura, neste caso de conhecimento, é “Filósofo às escuras” que, num jogo irónico de luz e escuridão, faz o contraponto entre a procura de explicações para o eu e para o mundo exterior e a escolha do filósofo de se manter na penumbra. in the wrong world, or, more plainly, of being at the wrong place. From the early work, one of the paintings on this subject is “Philosopher in the dark” (1980) which, in a ironic game of light and darkness, presents the contradiction between the search for explanations about himself and about external world and the choice of the philosopher of keeping his room in some penumbra. 2005 Construções com pedras equilibradas, Constructions with stones in equilibrium Man-that-is-searching also appears in many works, in a clear allusion to human longings and the need to know, to observe and to escape. At this level, one of his main works is “Looking for the children” (2004), clearly a painting to be felt, or “The vessel” (2003) which shows a few persons searching for something that, as long as it can be seen, it is not there. The painting reveals the known human feeling of being 17 Diogenes e todos os outros 1984. Por exemplo, “Diogenes no deserto com os seus fantasmas” é um trabalho em que o filósofo aparece como figura focal, sem a sua mítica lanterna mas sim com um cajado, curvado sob o peso das suas emoções, rodeado por três gigantes, irreais, provavelmente os fantasmas a que se refere o título. Diogenes and all the others Diogenes de Sinope foi um filósofo que os historiadores supõem ter nascido cerca de 400 anos antes de Cristo. Existindo muito poucos registos históricos sobre a sua vida, a sua história é composta de episódios avulso que contribuem para a imagem de excêntrico e marginal, de quem vivia à parte por escolha própria. Considerado a maior voz da escola cínica, com uma visão da vida que se opunha às convenções e regras sociais que considerava hipócritas e rejeitando os bens materiais que considerava não só desnecessários como mesmo perniciosos, diz-se que habitou num barril, durante o período que permaneceu em Atenas. Uma das suas actividades parece ter sido andar pela rua com uma lanterna acesa, em pleno dia, sempre à procura de um homem honesto. Morreu sem o encontrar. Considerado iludido, sábio, louco ou sátiro, é assim que surge frequentemente na pintura de Aristides Meneses. Embora afirme que a sua pintura resulta de imagens do subconsciente, Aristides Meneses criou um mundo imaginário habitado por personagens, alguns dos quais permanentes, sugerindo uma linha condutora. Trata-se assim de um mundo real-imaginário, a que o pintor chamou Arisia, logo em 1979, quando da sua primeira exposição. O facto é que os personagens colaboram com o espectador na elaboração do enredo e são veículo da cumplicidade emocional gerada ou alterada pelos quadros. E interagem uns com os outros num mundo realmente habitado por todos. Diogenes surge com muita frequência em 18 Diogenes of Sinope was a philosopher who historians believe was born 400 years before Christ. With very few written records about him or his life, his history is composed of scattered episodes, which contributes to his image of an eccentric and outsider, living apart from society by his own choice. Seen as the main voice of the cynic school, with a style of life that showed a dislike for social life and rules, considered hypocrites, and rejecting material possessions as unnecessary and even pernicious, it is said he lived in a barrel while in Athens. One of his preferred activities was to walk along the streets with his lamp alight, during daylight, looking for an honest man. He died without finding one. Seen as delusional, sage, insane or satiric, that is the way he often appears in Aristides Meneses painted works. Although he says his work is a result of images from the subconscious, Aristides Meneses created an imaginary world inhabited with personages, some as permanent residents, suggesting a continuity. It´s a kind of realimaginary world, called Arisia by the painter, since 1979, when he first exhibited his work. The fact is the personages collaborate with the observer in the plot elaboration and are vehicle of emotional complicity generated or altered by the paintings. And they interact with each other in a world really inhabited by all of them. Diogenes appears very often in 1984, for instance in “Diogenes in the desert with his ghosts”, a painting in which the philosopher is the main point of interest, without his mystical lamp, but with a stick, curved under the weight of his own emotions, Mais uma vez aparece solitário em “Diogenes no deserto”, ou em desespero como em “Diogenes à chuva” e “Diogenes quase a desistir”. Reaparece em 2003 no quadro “A nau” agora com a sua lanterna acesa em pleno dia. Este trabalho, que prende o olhar, mostra três personagens aparentemente auto-iludidos sobre a realidade. Além de Diogenes, de luz acesa durante o dia, a imagem inclui o barqueiro que rema em terra e a jovem que passeia num barco parado. Em 2004 Diogenes surge em “Luta interior”, um quadro que regista o conflito de duas emoções simultâneas, tema querido ao pintor, em luta pelo domínio da mente humana. Surge também, agora como observador e em posição marginal, em “Ajuda-me pai” (2004). Diogenes foi inspirado numa figura real mas outros personagens parecem ser mais imaginários. Os cabeças de ovo, personagens claramente antropomórficos com a cabeça em forma de casca de ovo, geralmente quebrada e vazia, sempre com um machado ou lança na mão, surgiram pela primeira vez em 1980 em “Primeira aparição do cabeça de ovo ainda disfarçado”. E estão presentes em “Invenção da vida” (1983), “Diogenes no deserto com os seus fantasmas” (1984) ou “Multiplicação da personalidade provocada pelo aparecimento de um peixe encarnado” (1984). Curiosamente os cabeça de ovo de Aristides Meneses nunca estão a fazer nada, parecendo apenas testemunhas passivas de todas as cenas. A folha em decomposição, que surge por exemplo em “Um anjo acaba de morrer” (1981), “Multiplicação da personalidade provocada pelo aparecimento de um peixe encarnado” (1984) e se torna monumental em “Gabriel logo após a mensagem” (2004), é uma folha real que o pintor encontrou, surrounded by three unreal giants, probably the ghosts the title refers to. He appears again alone in “Diogenes in the desert” or in despair as in “Diogenes in the rain” and “Diogenes almost quitting”. He reappears in 2003 in the painting “The vessel” now with his lamp alight in broad daylight. This work, which attracts the attention, shows three personages seemingly delusional about reality. Apart from Diogenes, with the lamp alight during daylight, the image includes the boatman paddling in dry land and the young lady who travels in a non moving boat. In 2004 Diogenes appears in “Inner struggle”, a painting that registers the conflict between two simultaneous emotions, a subject very important to the painter, fighting for control of the human mind. He also appears, now as a marginal observer, in “Help me father” (2004). Diogenes was inspired in a real person but other personages seem to be mainly created by his imagination. The Egg-head, clearly an anthropomorphic personage, with the head shaped as an empty cracked egg shell, always with an ax in his hands, appears for the first time in 1980, in “First apparition of the egg head still under disguise”. And they are present in “The invention of life” (1983) “Diogenes in the desert with his ghosts” (1984) or “Multiplication of personality provoked by the appearance of a red fish” (1984). Aristides Meneses egg heads are deprived of action, seeming just to be passive witnesses of all scenes. The decomposing leaf which appeared, for instance, in “An angel just died” (1981), “Multiplication of personality provoked by the appearance of a red fish” (1984) and became monumental in “Gabriel soon after the message” (2004) was a real leaf that the artist found, has reproduced, and kept for many years. Other figures that come from the real world are the slender personages that appear since the first painting in 1979, as result of three wood sculptures the artist made himself, inspired in Etruscan sculptures he saw during his trips the previous year. On the other hand the rocks, usually elements of the scenery, sometimes appear as leading personages 19 assim como a pinta, e que conservou por muitos anos. Outras figuras que decorrem do real são os personagens esguios que aparecem no primeiro quadro, “Criança sem culpa admirando o túmulo do mundo morto” (1979), que constituem uma reprodução de três esculturas em madeira executadas por si e inspiradas nas esculturas etruscas que vira nas suas viagens do ano anterior. Também as rochas, geralmente elementos da paisagem, se tornam dotadas de emoções como em “Rocha perfeitamente normal com um profundo desgosto” (1984) ou “Rocha a ganhar vida na praia encantada” (1983). Esta última é uma rocha real da praia de Porto Covo, onde o pintor tem ido inúmeras vezes ao longo dos anos. De realçar ainda os personagens que parecem ter levado mais de vinte anos a ganhar identidade própria, impossíveis de definir mas claramente antropomórficos. Tratase de seres geralmente monocromáticos, altamente texturados em penas ou pelagem, quase sempre sem face e raramente com olhos. Surgem como personagens secundários em “Primeira aparição do cabeça de ovo ainda disfarçado” (1980) mas em 2003, com “A família original”, assumem o controlo do espaço e das imagens. Podem ser vistos particularmente expressivos em “E depois foi-se embora” (2003), “A morte Prematura” (2004) ou “Casal improvável” (2005). Muito recentes são as famílias de pedras planas, cristalinas, que começam por aparecer em “O pai e a mãe zangados na praia” (2003) e depois se multiplicam em “Levitação original” (2004) ou “Aprendendo a levitar” (2005). E, embora um dos primeiros anjos de Aristides Meneses tenha morrido em 1981 em “Um anjo acaba de morrer”, os anjos da guarda surgem novamente como mensageiros ou protectores em diversas obras recentes. Aristides Meneses explica que os anjos se materializam numa explosão de fotões e se desintegram numa explosão de anti fotões, mas que continuam a existir para todos os outros personagens da sua obra. 20 provided with emotions as in “Absolutely average rock with a deep sorrow” (1984) or in “Rock becoming alive on the enchanted beach” (1983), this one a real rock from the Porto Covo beach, often visited by the painter for many years. One must sterss also the personages that seem to have taken more than twenty years to develop, impossible to define but clearly anthropomorphic. They are beings usually monochromatic, highly textured in plumes or pelage, almost always faceless and very seldom with eyes. They appear as secondary personages in “First apparition of the egg head still under disguise”(1980) but it is in 2003, in “The original family”, that they assume control of the whole space and get the leading role. They can be seen in “And then he went away” (2003), “Premature death” (2004) or “Improbable couple” (2005). More recent are the families of straight stones, crystalline, which appear in “Father and mother angry on the beach” (2003) and then multiply in “Original levitation” (2004) or “Learning how to levitate” (2005). And, although one of the first angels of Aristides Meneses died in 1981 in “An angel just died”, the guardian angels appear again as messengers or protectors in a number of his more recent paintings. Aristides Meneses explains that angels materialize themselves in a explosion of photons and disintegrate in a explosion of anti photons, but they keep their existence for all the other personages in his work. Sem título, Untitled, 2004, 42 cm x 30 cm, Tinta da china sobre papel, Indian ink on paper 21 Espelhos Futuros Future Mirrors Entrevista sobre a exposição “Espelhos Futuros” em Abril de 2005 em Lisboa Interview about the exhibition “Future Mirrors”, April, 2005, Lisbon 22 Porque chama espelhos futuros aos seus quadros? Embora o meu trabalho venha de dentro, numa transformação interior consciente e subconsciente da minha percepção da realidade, o que os espectadores sentem ao ver os quadros é, pelo menos, tanto reflexo deles como meu. No princípio consideravaos a todos auto-retratos, e penso que de certa forma ainda o são. Mas descobri que são muito mais espelhos para os espectadores, pelos comentários e diálogos que tenho tido com diversos visitantes e conhecedores do meu trabalho. Why do you think about your paintings as future mirrors? Although my works are originated inside, as an internal conscious and subconscious transformation of my perceptions of reality, what the spectator feels looking at them is, at least, as much their reflection as mine. Until some time ago I thought about the paintings as self-portraits, which in a sense, I still do. But I found that they also are like mirrors for the spectators. This became evident by comments and conversations with visitors and people acquainted with my work. As pessoas sentem a influência dos quadros? Quando as pessoas se expõem aos meus quadros o seu estado emocional altera-se. Isso é reflexo do que lá está pintado, o que quer que seja, mas é ainda mais reflexo da sua estrutura emocional e do seu estado nessa altura. O que sentem no instante a seguir à exposição é resultado quer da minha pintura quer das suas emoções. É por isso que, ao longo do tempo, o mesmo espectador vê coisas diferentes de cada vez que olha para o mesmo quadro. Assim, pessoas diferentes reagem aos quadros de forma diversa e cada uma tende a vê-los diferentes em cada olhar. Na realidade, ao mesmo tempo que exponho os meus quadros as pessoas expõem-se a eles. In a sense people feel the influence of your paintings? When someone exposes itself to my work there is a change in its emotional state. That’s a reflection of what has been painted, whatever it is, but much more, it is a reflection of its state of mind and emotional structure at that time. What people feel soon after being exposed to my work is a result of my painting as much as of their emotions. That is why each one sees different things, and why a spectator sees different things each time he looks. While I am exhibiting my work, people expose themselves to it. Quando começou a pintar os espelhos futuros? Penso que desde o princípio. Na altura não me apercebi dessa influência mas mais recentemente acabei por descobrir que a minha pintura foi muito influenciada pelas teorias científicas do princípio do século passado, especialmente a Teoria da Relatividade de Einstein, o Princípio da Incerteza de Heisenberg e a Equação de Schrödinger. Provavelmente porque foi pouco depois de tomar contacto com elas, quando estudava engenharia, que comecei o meu percurso actual. A influência não reside no objectivo de explicar a estrutura do universo nem na sua realidade em termos da disciplina da física, mas na adaptação dos seus conceitos, embora por mim não totalmente compreendidos, à estrutura mental das emoções humanas, ou das minhas emoções pelo menos. E, com isso, aos meus quadros, resultado delas. E depois aos outros, que a eles se expõem. Qual a influência da teoria da relatividade? Einstein mostrou que existe muito mais que a realidade aparente, geralmente desligado da experiência quotidiana, algo que o Homem sempre sentiu, sempre soube, e que geralmente designa por Divino. O que é fixo não é o que pensávamos, o que é variável também não. E se cada um tem o seu tempo, também tem a sua realidade e as suas emoções. O Homem já sabia, mas com Einstein esse conhecimento, ou sentimento, tem uma realidade mais concreta, demonstrável em termos matemáticos. E porquê o princípio da incerteza? A física quântica e, especialmente, o princípio da incerteza de Heisenberg, indiciam, obrigam mesmo, a que deva sempre existir algum grau de liberdade mesmo nos sistemas mais estruturados. E que, da mesma forma, os estados emocionais são regidos por probabilidades, ou seja, por incertezas, flutuantes, voláteis, conflituantes, à espera de se tornarem concretos. Deve ser por isso que quase todos os meus trabalhos demonstram, ao longo When did you begin to paint your future mirrors? I think I have been doing it since the beginning. At that time I did not realize it but, more recently, I discovered that has my work has been very influenced by a few scientific theories of the beginning of last century, especially Einstein´s Relativity Theory, Heisenberg´s Uncertainty Principle and Schrödinger´s Equation. That happened probably because I started to paint just a few months after becoming acquainted with them, while studying electronics and telecommunication engineering. The influence does not derive from their physical meaning, or of their goal to explain the universe, but of their adaptation to human emotions and mind structure or at least to my own emotions. Due to that they influence my work, which is their result. And so they affect everybody who come and see the paintings. What is the influence of the Relativity Theory? Einstein showed that there is much more beyond the apparent reality. This is something that Man knows from the beginning of time and usually classifies as The Divine. Einstein found that what is fixed is not what we thought and what is variable is also different of what we thought. If each one has its own time, it also has its own reality and emotions. Man already knew that but, since Einstein, this knowledge became more real, even mathematically proved. And why the Uncertainty Principle? Quantum Physics, especially Heisenberg´s Uncertainty Principle, implies that there must always be some freedom, even in the most structured systems. In the same way, emotional states are ruled by probabilities, and by uncertainties. That´s why they are volatile, always floating and conflicting. Probably due to that, my work shows during the process of creation, a kind of self will. I never resist to the force from the painting itself. This uncertainty is an integral part of my work because the curvature of the creative space time makes me exist in an apparent straight line. 23 do processo da sua criação, uma aparente vontade própria, vontade a que eu nunca resisto. Essa incerteza faz parte integrante do meu trabalho pois a curvatura do espaço tempo criativo faz-me existir em aparente percurso rectilíneo. Portanto o seu trabalho, figurativo e concreto, tem muito de casual. Talvez se possa dizer assim. O terceiro pilar dos espelhos futuros é a equação de Schrödinger, ou o facto de ninguém saber onde está o seu gato. Schrödinger dizia que estava em toda a parte, pelo menos até o vermos e determinarmos a sua localização exacta. E assim é impossível sabermos o nosso estado emocional antes de tentarmos determiná-lo. A mente humana vive, na maior parte do tempo, uma totalidade de emoções permanentes, simultâneas e desencontradas. Como o gato de Schrödinger a mente existe em todos os estados emocionais até nos apercebermos da posição dominante numa dada altura. Logo após a exposição aos meus trabalhos, o espectador descobre o que sente. Assim os seus quadros destinam-se a ser sentidos em vez de compreendidos? Os meus trabalhos existem para serem sentidos, muito mais que para serem compreendidos. Para facilitar esse efeito é preciso abstrair e controlar a tendência humana de tentar compreender porque, infelizmente, essa tentativa interfere com a capacidade de nos emocionarmos. As pessoas sentem diferentes emoções, em diferentes olhares. Parte do meu trabalho é muito subconsciente. Outra parte tem origem em coisas mais identificáveis. Mas isso não é a explicação do quadro, é apenas uma das suas origens. Os quadros parecem contar histórias e as pessoas tentam compreendê-los. Não significam nada? Respondo-lhe como Dali. Todos os meus trabalhos têm significado mesmo que nem eu saiba qual é durante algum tempo. 24 So, your work, figurative and concrete, has a lot of unexpected? Maybe that is the way to put it. The third pillar of future mirrors is Schrödinger´s Equation, or the fact that nobody knows where his cat is. Schrödinger would say it is everywhere, at least until we see it and become aware of its position. It is also impossible to know our emotional state until we attempt to determine it. This process changes the emotion we are trying to determine. The human mind exists in a state of global emotions, permanent, simultaneous and conflicting. Like Schrödinger´s cat, the mind exists simultaneously in every emotion until we find out which one is dominant. Soon after being exposed to my work each spectator finds out its emotional state. So your work is meant to be felt instead to be understood? Yes, my work with future mirrors is meant to be felt rather than to be understood. To allow this the spectator needs to abstract himself from rational analysis, a human tendency, because it generally prevents feelings. With each glance, people will feel different emotions in the near future. A part of my work is very subconscious. The other part has its origins in more real things. But those do not give the explanation for the painting. They are just one of their origins. Your paintings seem to tell stories and people try to understand them. Don’t they mean anything? I will answer you like Dali. All my work has a meaning even if it takes me a while to know what it is. O Divino e o Homem Divine and Man Entrevista sobre a exposição “O Divino e o Homem” em Julho de 2005 no Feijó, Almada Interview about the exhibition “Divine and Man”, July 2005, Feijó, Almada Tem afirmado que os seus quadros têm muito de casual. Começa com a tela em branco? Há algum tempo perguntaram-me o que sentia quando olhava para uma tela em branco. Foi uma pergunta interessante porque eu nunca tinha olhado para uma tela em branco e ainda não olhei. A maior parte do meu trabalho ocorre na mente e apenas em parte se trata de realmente pintar, no sentido de espalhar tinta sobre a tela. Assim, apenas começo a pintar quando me surge uma imagem que considero valer a pena tentar trabalhar. São imagens geralmente muito bem definidas, com todos os detalhes. Nesse caso, qual o espaço do acaso ou da incerteza? Começo sempre com uma imagem bem definida, ou pelo menos a parte fulcral da imagem bem definida. Mas ao longo do trabalho acontecem sempre duas coisas. Por um lado, a imagem mental vai-se esbatendo, pelo que o resultado final nunca é a imagem inicial. Por outro, o quadro ganha vida própria e força as cores, as texturas e, por vezes, toda a imagem, para onde tem maior propensão. Assim, embora apenas comece quando tenho uma imagem definida, o resultado é incerto e depende de forças quânticas muito fortes a que não consigo resistir. Faz desenhos preparatórios para fixar a imagem? Por vezes, não muitas vezes. Porque a You say that your paintings are a lot influenced by chance. Do you start with a blank canvas? Some time ago someone asked me what I feel while looking at a blank canvas. It was an interesting question because I had never looked at a blank canvas. For the most part, my work really happens in the mind, and just a smaller part consists of applying paint or working with brushes. I only start painting, with a brush in my hand, when I already have an image which I think may be worth it. These images are usually well defined, with details and colors. If so, what is the role of chance? I always start with a well defined and complete image or, at least, a well defined central theme. But then, two things always happen. Very soon the mental image starts to dissolve, which leads to the fact that the end result is never what it was supposed to be in the beginning. On the other hand, the image, the painting, conquers a life of its own which forces the colours, the textures and sometimes the whole image. So, although I always start with a defined image, the result is very uncertain and depends on quantum forces to which I have never been able to resist. Do you make preliminary drawings in order to obtain a more permanent image? Sometimes I do, but not often. Because this quantum effect also exists during prelimi25 imagem tem uma grande propensão para se dissolver rapidamente, os trabalhos preliminares não evitam a incerteza. Penso que nem a atenuam, apenas podem levar o trabalho para outro caminho. Então as imagens são totalmente inspiradas? A maior parte delas surgem como visões, como uma ideia repentina, totalmente formada, em cores e detalhes, sem aparente razão. Outras vezes surgem porque algo externo as provoca, por associação mais consciente. Mas nem sempre são completas. Por vezes a imagem inicial é parcial, com uma parte muito difusa e mais difícil de fixar. De qualquer forma são resultado do trabalho mental de pintar. Sonha essas imagens? Não. Que me lembre só sonhei duas imagens, uma das quais transportei para a tela. Geralmente são sonhos acordados, que tendem a dissolver-se rapidamente e se tornam muito difusos, mas só desaparecem totalmente quando são pintados. Assim o resultado final nunca pode ser o que espera. É verdade. Por vezes é deprimente e por vezes é impossível. Mas trabalho para aquelas muito raras vezes em que o resultado supera a imagem inicial. nary work and the image has a strong propensity to dissolve. That would not eliminate the uncertainty. It would just force the work in other directions. In that case your images are totally the result of inspiration? They usually appear like visions, like a good idea that seems to appear from nowhere, completely formed in colours and details, without apparent reasons. Other times they come because an external event conjures them. And they are not always complete. From time to time I only have part of the image, and the rest is very diffuse, difficult to get. Anyway, they are the result of a lot of mental painting work. Do you dream your images? No. As far as I know, it only happened twice, and I only used one of them. Usually they are more like awake dreams, images that dissolve themselves very quickly, but only disappear from my conscious mind when I paint them. And so the end result is never what you expect. That’s true. Sometimes it is very depressing and other times it is impossible. But I work for those rare times when the result is better than the original image. Sem título, Untitled 2003, 42 cm x 30 cm, Tinta da china sobre papel, Indian ink on paper 26 27 Obra pintada Painted works 1979 a 1999 (selecção, selection) 28 29 Criança sem culpa admirando o túmulo do mundo morto Blameless child looking at the tomb of the dead world A árvore de sangue The blood tree 1979, 37 cm x 58 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção do Artista, Artist Collection 1979, 43 cm x 61 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção do Artista, Artist Collection 30 Esta foi a primeira experiência de Aristides Meneses com a técnica de pintura a óleo sobre tela, pintada enquanto frequentava o terceiro ano da licenciatura em Engenharia de Electrónica e Telecomunicações. Aristides Meneses first attempt with oil on canvas technique was painted in his room while attending the third year of his Electronic and Telecommunications Engineering dregree. As figuras esguias, à esquerda, são a reprodução de esculturas em madeira, executadas por si no ano anterior, inspiradas nas esculturas etruscas que vira nas suas viagens. The slender figures at the left are a reproduction of sculptures in wood, made by himself the previous year and inspired by the Etruscan sculptures he saw on his trips. A cruz, ainda a sangrar, parece indicar que, apesar do título, o mundo não está realmente morto. The cross, still bleeding, seems to imply that, besides the title of the painting, the world is not really dead. O segundo trabalho a óleo sobre tela, poucos dias após a primeira experiência, apresenta motivos agressivos, cores fortes e um ambiente que parece situar-nos num espaço algures entre a vida e a morte. The second work with oil on canvas, a few days after the first experience, shows violent lines, strong colours and an environment that seems to lead us to a place between life and death. 31 A ilha The island 1979, 56 cm x 41,5 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção do Artista, Artist Collection 32 No ambiente dúbio entre a vida e a morte, surge algo positivo mas aparentemente inacessível. Aristides Meneses colocou a sua ilha no ramo de uma enorme árvore, ela própria com grandes sinais de degradação, como mostra o forte tronco reduzido a uma casca muito carcomida. In the dubious environment between life and death, something positive but apparently inaccessible appears. Aristides Meneses placed his island on a branch of a huge tree, itself with clear signs of decline, with the strong trunk reduced to an eaten shell. À semelhança dos dois anteriores, também este quadro mostra fluídos em movimento. Parece representar sangue ou seiva, mas o pintor sempre recusou a existência de símbolos nos seus quadros, afirmando inúmeras vezes que pinta os objectos despojados do seu eventual significado simbólico. As in the two previous paintings, this one also shows moving fluids. They seem to represent blood or sap, but the painter always refused the existence of symbols in his paintings, claiming to paint objects without their eventual symbolic meaning. 33 Mensageiro de Deus observando a Sua obra God messenger admiring His work Filósofo às escuras Philosopher in the dark 1980, 55 cm x 94,5 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção Particular, Private Collection 1980, 28 cm x 46 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção do Artista, Artist Collection 34 O divino, no sentido da criação, surge aqui através do mensageiro que, aparentemente, assume aqui apenas o papel de observador. The divine, in the sense of Creation, appears here in the form of the messenger of God and assuming an observer role. Aristides Meneses coloca os três seres humanos como prisioneiros, obviamente mais interessados no que as ondas acabam de trazer do que no mensageiro de Deus. Aristides Meneses paints the three human beings as prisoners, obviously more interested in whatever the waves had just brought than in God´s messenger. Todo o tema realça a enorme contradição entre a existência de um filósofo, entidade que procura a luz, no sentido do conhecimento, e o ambiente de penumbra, fortemente escurecido. No exterior existe mais luminosidade, como se pode observar pela transparência da cortina que o filósofo prefere manter corrida. The whole painting shows the enormous contradiction between the existence of a philosopher, someone looking for light, in the sense of knowledge, and the environment of heavy penumbra. Outside there is more light, as one can see through the curtain, which the philosopher prefers to keep closed. 35 Arisana Arisana 1980, 57 cm x 38 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção do Artista, Artist Collection A influência da ascendência asiática, goesa, de Aristides Meneses, revela-se aqui de forma clara. Luz, levitação, meditação e aparente paz interior são motivos e temas a que o artista regressa com frequência em toda a sua obra. 36 The influence of Asian, Goan, ascendancy, of Aristides Meneses, is clearly revealed here. Light, levitation, meditation and apparent inner peace are recurrent motives to which the painter very often returns. 37 O beijo The kiss 1980, 9 cm x 14,5 cm Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção do Artista, Artist Collection Primeira aparição do cabeça de ovo ainda disfarçado First apparition of Egg head still under disguise 1980, 47,5 cm x 85 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção Particular, Private Collection Nascimento de um estranho ser Birth of a peculiar being 1981, 58 cm x 45 cm Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção Particular, Private Collection O título da obra refere-se à figura central, com um manto azul escuro, carregando o que parece ser um machado. O ambiente agreste e a árvore retorcida são elementos que surgem frequentemente ao longo da sua obra. A partir de 2003 os personagens encarnados e azuis que povoam este quadro aproximamse repentinamente, crescem e passam a ocupar todo o espaço. Veja-se especialmente “A família original”, “E depois foi-se embora”, “A morte prematura” ou “Casal improvável”. 38 The title of this work makes reference to the central figure, in a dark blue gown carrying what seems to be an axe. The aggressive environment and the twisted tree are frequent elements in his works. Since 2003 the blue and red personages who appear in the background, suddenly come to the front of the painting, grow and fill all the space. See especially “The original family”, “Premature death” “And then he went away” or “Improbable couple”. 39 Um anjo acaba de morrer An angel just died Tchaikovskyano Tchaikovsky like 1981, 59 cm x 96 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção do Artista, Artist Collection 1981, 60 cm x 95 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção Particular, Private Collection 40 A árvore à esquerda, na realidade uma única folha destruída pelo tempo, é um elemento que virá a surgir mais vezes no mundo de Aristides Meneses. The tree on the left, in reality just a leaf destroyed by the passage of time, is an element that will appear other times in Aristides Meneses world. Trata-se de uma folha real, encontrada por ele tal como é apresentada nesta pintura, no chão de uma varanda num dia de Outono. Colocou-a numa pequena base por forma a que a folha ficasse na posição mostrada e assim a teve durante alguns anos, até que a folha se desfez totalmente. Ainda existia em 1984, quando o pintor a utilizou no quadro “Multiplicação da personalidade provocada pelo aparecimento de um peixe encarnado”. Em 2004, vinte anos depois e já há muito desaparecida, foi utilizada em grande formato em “Gabriel logo após a mensagem”. The leaf was a real one, found by the artist as reproduced here on the floor of a porch on an Autumn day. He put it on a pedestal to make it stand like a tree and kept it for several years, until it was totally disintegrated. It still existed in 1984 when the artist painted ”Multiplication of Personality provoked by the appearance of a red fish”. In 2004, twenty years later and long gone, it became the central figure in “Gabriel soon after the message”. O templo em ruínas é uma memória de um templo que o pintor visitara, quatro anos antes, em Roma. The temple in ruins is a memory of a temple the painter visited, four years earlier, in Rome. 41 Rocha a ganhar vida na praia encantada Rock becoming alive on the enchanted beach Prisioneiros Prisoners 1983, 31 cm x 45,5 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção Particular, Private Collection 1982, 70 cm x 95 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção do Artista, Artist Collection Esta rocha foi inspirada numa outra que existe de facto na Praia de Porto Covo onde o pintor se deslocou por diversas vezes no período de 1974 a 1985. 42 This rock was inspired by another one that really exists at Porto Covo beach which Aristides Meneses often visited between 1974 and 1985. 43 Apátridas Deprived of Homeland 1982, 47 cm x 40 cm Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção do Artista, Artist Collection Auto-retrato Self-Portrait De guarda à porta da aldeia Standing guard at the village door 1983, 27 cm x 37 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção Particular, Private Collection 1983, 18 cm x 11,5 cm Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção do Artista, Artist Collection Prisão imaginária Imaginary prison 1983, 50 cm x 35 cm Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção Particular, Private Collection 44 45 Auto-retrato com cem anos Self-Portrait at one hundred years 1983, 126 cm x 93 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção do Artista, Artist Collection Um auto-retrato em tamanho natural, com o próprio artista a posar frente a um espelho e a medir-se a si próprio. A vista não é a do espelho mas sim a de um observador que estivesse no seu lugar. Aristides Meneses tinha, na altura, 25 anos. 46 This is a selft portrait in real dimensions, with the artist in front of a mirror measuring himself. The view is not the one given by the mirror but from someone standing in its place. Aristides Meneses was 25 years old at the time. 47 Desintegração anti-fotónica de um morango Anti photonic disintegration of a strawberry 1983, 126,5 cm x 94,5 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção Particular, Private Collection A desintegração anti-fotónica é a principal referência explícita na obra de Aristides Meneses às teorias da relatividade e à física quântica. O anti-fotão é sempre negro, como gotas de escuridão, por oposição ao fotão, que pode ser compreendido como partículas de luz. 48 The anti photonic disintegration is the main explicit reference to the theory of relativity and quantum physics. The anti photon is always black, like drops of darkness, while the photon can be understood as a particle of light. 49 Invenção da vida The invention of life 1983, 89,5 cm x 173 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção do Artista, Artist Collection Diogenes no deserto com os seus fantasmas Diogenes in the desert with his ghosts 1984, 88 cm x 126 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção do Artista, Artist Collection 50 Diogenes de Sinope é o personagem mais frequente do mundo pictórico de Aristides Meneses, surgindo em diversos quadros ao longo de toda a sua obra. Diogenes of Sinope is the personage most frequent in all the painted world of Aristides Meneses, appearing in many paintings in all his work. Aqui Diogenes está sozinho, como habitualmente, no deserto, cercado por figuras dos seus próprios pesadelos. À esquerda vemos o Cabeça de Ovo, outro personagem frequente. Seguir-se-lhe-íam os pequenos formatos “Diogenes no deserto”, “Diogenes à chuva” e “Diogenes quase a desistir”, em rápida sucessão. Here Diogenes is alone, as usually, in the desert, surrounded by figures from his own nightmares. On the left we see the Egg head, another frequent personage. This painting would be followed, in rapid succession, by “Diogenes in the desert”, “Diogenes in the rain” and “Diogenes almost quitting”. 51 Rocha perfeitamente normal com um profundo desgosto Absolutely normal rock with a deep sorrow 1984, 27 cm x 34 cm Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção do Artista, Artist Collection Diogenes no deserto Diogenes in the desert 1984, 34 cm x 27 cm Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção do Artista, Artist Collection Cipreste azul Blue Cypress Tree 1984, 35 cm x 27 cm Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção do Artista, Artist Collection Diogenes à chuva Diogenes in the rain 1984, 35 cm x 27 cm Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção do Artista, Artist Collection Diogenes quase a desistir Diogenes almost quitting 1984, 20 cm x 15 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas, Colecção do Artista, Artist Collection 52 53 Esperando à janela Waiting by the window 1984, 35 cm x 27 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção do Artista, Artist Collection 54 55 À espera Waiting 1984, 34,5 cm x 27 cm Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção do Artista Artist Collection Renascimento Rebirth 1984, 32 cm x 40 cm Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção do Artista Artist Collection Morte e transfiguração Death and transfiguration 1984, 68 cm x 53,5 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas, Colecção do Artista, Artist Collection 56 57 Multiplicação da personalidade provocada pelo aparecimento de um peixe encarnado Multiplication of personality provoked by the appearance of a red fish 1984, 126 cm x 93,5 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção do Artista, Artist Collection 58 Aristides Meneses usa neste quadro um edifício de múltipla perspectiva de uma gravura de M. C. Escher. Aristides Meneses uses a building from an engraving by M. C. Escher, in this painting. Novamente surge a folha em decomposição, nesta altura ainda existente. Again there is the decomposing leaf, which still existed at the time. Pela figura central este quadro pode ser visto em conjunto com “Esperando à janela” e “Esperando”, todos de 1984. Due to the central figure, this painting can be seen with “Waiting by the window” and “Waiting”, all dated 1984. 59 Visita à gruta encantada Visiting the enchanted cave 1985, 126 cm x 95 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção do Artista, Artist Collection A gruta na praia encantada é uma referência à praia de Porto Covo, que Aristides Meneses visitou por muitas vezes. 60 The cave on the enchanted beach is a reference to the beach at the small village of Porto Covo beach which Aristides Meneses often visited. 61 Índia India 1985, 126 cm x 93 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção do Artista, Artist Collection 62 63 Aparição do espírito de um piano Apparition of a piano ghost 1985, 45 cm x 35 cm Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção do Artista, Artist Collection Dois robots a jogar xadrez Two robots playing chess 1986, 17 cm x 21,5 cm Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção do Artista, Artist Collection Piquenique dos anjos Picnic of the angels 1991, 35 cm x 25,5 cm Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção Particular, Private Collection 64 65 O iluminador The illuminator 1992, 35 cm x 27 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção do Artista, Artist Collection 66 67 Passeio na praia Walk by the beach 1995, 61 cm x 50 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção Particular, Private Collection 68 69 Prato Plate 1995, 65 cm x 50 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção Particular, Private Collection 70 71 Árvore de Natal resistindo a três anti-fotões Christmas tree resisting three anti photons 1995, 65 cm x 50 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção Particular, Private Collection 72 73 Obra pintada Painted works 2000 a 2005 (completa, complete) 74 75 Lua encarnada Red moon 2000, 100 cm x 70 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas 76 77 De guarda à porta dos sonhos Standing guard at the door of dreams 2001, 100 cm x 70 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas As aberturas para mundos melhores são uma constante da obra de Aristides Meneses, sob a forma de janelas ou portas, sempre com alguém “de guarda” ou “à espera”. Sem dúvida uma influência da utilização das janelas e exteriores na pintura do renascimento, são também indiciadores de uma mente em permanente procura. 78 The open ways to better worlds are constant in Aristides Meneses work, under the form of windows or doors, always with someone “standing guard” or “waiting”. Undoubtedly an influence from the renaissance, they are also an indication of a mind always looking for something. 79 Tapete voador Flying carpet Levitação provocada por profunda meditação Levitation provoked by deep meditation 2002, 25 cm x 35 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção Particular, Private Collection 2003, 81 cm x 100 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Este quadro foi executado para ser a ilustração da capa do livro “Estratégias de e-Business em Portugal”, um livro na área da gestão empresarial, publicado no mesmo ano. Na ilustração para o livro o fundo não existia, sendo um acabamento posterior. 80 This painting was executed to be the cover illustration of the management book “eBusiness strategies in Portugal”, edited that year. For the book the background was never painted, being a later development. Aristides Meneses volta aqui ao tema da meditação e da levitação, influenciado pela cultura hindu. Esta obra é uma referência explícita ao hinduismo pela inclusão do Linga, levitando, símbolo de Shiva. Aristides Meneses returns to the subject of meditation and levitation influenced by the Hindu culture. This painting is an explicit reference to Hinduism by the inclusion of the levitating Linga, symbol of Shiva. 81 A Sua infinita paciência esgotou-se outra vez His infinite patience run out again 2003, 100 cm x 70 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção Particular, Private Collection 82 83 Mutação de um dinossauro ao sol da manhã Dinosaur mutation in the morning sun O pai e a mãe zangados na praia Father and mother angry on the beach 2003, 24 cm x 33 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção Particular, Private Collection 2003, 24 cm x 33 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção Particular, Private Collection Aristides Meneses contou que viu esta imagem no chão da sua varanda numa manhã do final do Verão de 2003. A folha de figueira secou e encarquilhou, enquanto o quadro foi executado, mas o dinossauro sobreviveu. 84 Aristides Meneses tells us he saw this image on the floor of his porch at the end summer morning in 2003. The fig tree leaf dried and curled while the paint was finished, but the dinosaur survived. O título deste quadro foi decidido pelo filho do pintor, então com seis anos, quando o viu pela primeira vez, já acabado. The title of this painting was decided by the artist son, who was six years old at the time, when he saw it for the first time. Foi aqui que estes personagens começaram a surgir, vindo a reaparecer com alguma frequência nos anos seguintes. It was the first time these personages appeared. They would appear more often the following years. 85 A família original The original family 2003, 35 cm x 25 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção Particular, Private Collection Vinte e três anos depois de terem surgido pela primeira vez em “Primeira aparição do cabeça de ovo ainda disfarçado”, estes personagens secundários assumem dimensões grandiosas e multiplicar-se-íam rapidamente em diversos quadros nos anos seguintes. 86 Twenty three years after they appeared for the first time in “First apparition of Egg head still under disguise” these secondary personages assume grandiose dimensions and they would quickly multiply in many paintings the following years. 87 O rio da antiga fronteira The river of the ancient frontier 2003, 100 cm x 162 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas O festim The private feast 2003, 25 cm x 35 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção Particular, Private Collection Poucos meses depois de “O pai e a mãe zangados na praia” é executada esta obra, em grande formato, com os mesmos personagens. 88 A few months after “Father and mother angry on the beach” this painting was executed, with the same personages. Num ambiente onírico, uma formiga encontra migalhas de bolacha iluminadas por um forte holofote. A cena é real e, apesar de não intencional, foi provocada pelo pintor a comer bolachas no seu jardim. In a dream like environment an ant finds cookies crumbs under a strong searchligth. This was a real scene and, although not intentionally, it was provoked by the painter eating some cookies in his garden. 89 Não veio ninguém Nobody come A nau The vessel 2003, 24 cm x 30 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção Particular, Private Collection 2003, 81 cm x 100 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Esta foi a primeira vez que Aristides Meneses pintou uma pura paisagem, sem personagens. O título refere-se ao facto de a ideia inicial incluir alguém, que não terá aparecido. 90 This was the first time Aristides Meneses painted a pure landscape, without any personage. The title refers to the fact that the original idea included someone who did not show up. Um conjunto de auto ilusões, que se estende ao próprio título do quadro. O remador rema em terra. A jovem passeia num barco parado. Diogenes esforça-se por iluminar o dia. E o pintor pintou um bote. A group of dellusions that includes the painter. The boatman paddles on dry land. The girl travels in a boat which does not move. Diogenes tries to iluminate dayligth. And the painter painted a small boat. A capacidade humana para a auto ilusão tem sido um tema muito trabalhado por Aristides Meneses, surgindo muitas vezes ao longo de toda a sua obra. The capacity for human dellusions is a subject that Aristides Meneses likes to work on. 91 No lugar da antiga cratera At the ancient crater place 2003, 100 cm x 81 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção Particular, Private Collection 92 Demasiado perto do sol Too much near the sun 2003, 100 cm x 81 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção Particular, Private Collection 93 E depois foi-se embora And then he went away 2003, 100 cm x 81 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção Particular, Private Collection Os novos personagens de Aristides Meneses ganham aqui importância plena, ocupando todo o espaço. A figura central abre os olhos, como que a ganhar o poder da visão ou do conhecimento. E depois vai-se embora, talvez por causa disso. 94 The new personages in Aristides Meneses world get a new importance here, occupying all the available space. The main figure in the central position opens its eyes as if getting the sense of vision or knowledge. And then he goes away, maybe because of that. 95 O ninho voador Flying nest A jangada The raft 2004, 81 cm x 100 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas 2003, 81 cm x 100 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas O tema está tratado da forma ambígua habitual na obra de Aristides Meneses. Mas neste caso trata-se obviamente de um náufrago, alguém a quem algo de mau aconteceu, mas também de um sobrevivente. Mais significativa é a forma da onda, claramente a rebentar na praia, indicando que o náufrago está quase a salvo. 96 The subject is painted with the register of ambiguity that characterizes Aristides Meneses work. But in this case it is, obviously, someone to whom something horrible has happened, but who is also a survivor. More significant is the form of the wave, clearly reaching shore on a beach, indicating the man is almost safe. 97 Pesadelo inofensivo Harmless nightmare Mau prenúncio na praia dos flamingos Bad presage in the flamingo beach 2004, 81 cm x 100 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas 2004, 81 cm x 100 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Este quadro foi pintado pouco antes do terramoto e consequente tsunami na Ásia, no Natal de 2004. O artista insiste que se trata de um prenúncio desse desastre. 98 This work was done a short time before the earthquake that affected Asia and caused the 2004 tsunami. The painter insists it was a premonition of the disaster. 99 Romancista nas nuvens Novelist in the clouds 2004, 25 cm x 37 cm Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção Particular, Private Collection Sobrevivendo à tempestade Surviving the tempest 2004, 35 cm x 27 cm Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção Particular, Private Collection O incêndio das almas The fire of the souls 2004, 35 cm x 27 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas, Colecção Particular, Private Collection 100 101 Luta interior Inner struggle 2004, 100 cm x 162 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Guerra e Paz War and peace Trata-se de um dos quadros mais alegóricos de Aristides Meneses, cuja chave se encontra no título. Duas fortes emoções conflituosas lutam para ganhar domínio. Diogenes está expectante. Como na vida real, se o conflito não for resolvido virá a demência. Trata-se da ideia de emoções conflituosas simultâneas a que o pintor muitas vezes se refere como sendo a essência da condição humana. A paisagem da cena é semelhante à do quadro “Não veio ninguém”, de 2003. 102 This is one of the most allegoric paintings, whose key is in the title. Two strong conflicting emotions fight for the supremacy of the mind. Diogenes is expecting for the resolution of it. As in real life, if the conflict can not be resolved soon, the mind will become dement. This is the idea of conflicting simultaneous emotions that the painter refers to as being the essence of the human condition. The landscape is similar to the one in “Nobody came” (2003). 2004, 81 cm x 100 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção Particular, Private Collection Este foi o único quadro com que alguma vez Aristides Meneses realmente sonhou. O título surgiu no momento em que foi exposto pela primeira vez quando o pintor reparou que a metade esquerda contém uma paisagem pacífica e a metade direita uma cena violenta, mas ambas estão em aparente equilíbrio. This was the only painted image from a dream. The title appeared while the painting was about to be exhibited for the first time, when the painter noticed that the left half contains a very peaceful scene and the right half a very violent one, both in equilibrium. 103 Passeio ao fim da tarde Stroll by the afternoon end 2004, 37 cm x 25 cm Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção Particular, Private Collection Maré baixa Low tide Materialização de um anjo da guarda Materialization of a guardian angel Buraco negro Black hole 2004, 37 cm x 25 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção Particular, Private Collection 2004, 37 cm x 25 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas 2004, 37 cm x 25 cm Óleo sobre tela, Oil on canvas Enigma psicanalítico Psychoanalytic enigma 2004, 37 cm x 25 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção Particular, Private Collection 104 105 Os anjos estão a vencer Angels are winning 2004, 25 cm x 37 cm Óleo sobre tela, Oil on canvas O lago do cisne The swan lake Rouxinol eremita Eremite nightingale 2004, 37 cm x 25 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Três filósofos tentando desvendar o enigma psicanalítico Three philosophers trying to unveil the psychoanalytic enigma 2004, 100 cm x 81 cm Óleo sobre tela, Oil on canvas 2004, 37 cm x 25 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção Particular, Private Collection Período de férias Holidays Armadilha para seres voadores Trap for flying beings 2004, 37 cm x 25 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas 2004, 100 cm x 81 cm Óleo sobre tela, Oil on canvas 106 107 Levitação familiar Familiar levitation 2004, 100 cm x 81 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Estes personagens, que surgiram no ano anterior, ganham agora grande dimensão, pela primeira vez, a ponto de ocuparem todo o espaço. Veja-se, no ano seguinte, “Aprendendo a levitar”. 108 These personages who appeared for the first time the previous year, gain now full dimensions and occupy the whole space. See also “Learning how to levitate”, the following year. 109 Gabriel logo após a mensagem Gabriel soon after the message 2004, 100 cm x 81 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas 110 Aristides Meneses regressa à folha em decomposição, que aqui assume o papel central. O tema do quadro aparece relegado para uma posição e dimensão marginais, no canto inferior direito. Aristides Meneses returns to his decomposing leaf, here in monumental size and aspiring the leading role. The subject of the painting, judging by its title, is relegated to a corner, with small relative dimensions. Ao desaparecer, o anjo desintegra-se, naturalmente, em anti-fotões. Ao aparecer o anjo materializa-se num feixe de luz, como em “Materialização de um anjo da guarda”, do mesmo ano. While going away the angel disintegrates in anti photons. While appearing it materializes in an explosion of light as in “Materialization of a guardin angel”, the same year. 111 Demasiado cedo para saber Too soon to know 2004, 100 cm x 81 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas 112 113 O fim prematuro Premature end 2004, 100 cm x 81 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas 114 115 O covil The burrow 2004, 100 cm x 162 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Bando de malfeitores na orla da floresta Group of malefactors at the forest border 2004, 100 cm x 81 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção Particular, Private Collection Este trabalho junta, como malfeitores, um conjunto de personagens principais e secundários de diversos quadros anteriores, alguns recuando mais de duas décadas. A pintura das árvores da floresta segue as linhas das experiências com tinta da china pintada e soprada sobre papel. 116 This work joins, as malefactors, a fair number of personages from previous paintings some of them dating back more than twenty years. The format of the forest trees follows Aristides Meneses experiences with Indian ink painted and blown on paper. Depois de ler “O Covil” de Franz Kafka, Aristides Meneses fez diversas tentativas mal sucedidas e incompletas para pintar este quadro, algumas com aspecto bem diverso e foram destruídos. After reading “The Burrow “ by Franz Kafka, Aristides Meneses attempted a few times to do this painting, but without successs. Some had a very different result and were abandoned. A cena é facilmente identificável como aquela em que o personagem de Kafka sai do seu covil e se esconde cá fora a olhar para a sua própria entrada, para verificar se esta passa despercebida aos outros. The scene is easy to identify as the one when Kafka personage comes out of its burrow, hiding and looking at its own entrance, to see if it is not noticed by others. 117 À procura das crianças Looking for the children 2004, 100 cm x 81 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção Particular, Private Collection Duas mulheres descalças, ocupando quase todo o espaço estão, de lanterna na mão, à procura de algo. Ambas são de idade avançada, com rostos e posturas marcados pelo sofrimento. Apenas o título nos informa do objecto da sua procura. As lanternas são as que Aristides Meneses costuma colocar nas mãos de Diogenes. 118 Two women, barefoot, occupying almost the whole space, are with lamps in their hands, looking for something. Only the title of the painting informs us about the subject of their search. The lamps are the ones usually carried by Diogenes. 119 Ajuda-me pai Help me father 2004, 100 cm x 81 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas 120 Aristides Meneses afirmou uma vez que se pudesse salvar apenas um quadro de toda a história da arte salvaria “Cristo carregando a Cuz” de Bosch. Aristides Meneses said, once, that if he could only save one painting from the whole history of art, he would save Bosch “Christ carrying the cross”. Nesta sua interpretação, a face de Cristo é idêntica à do quadro de Bosch, mas todos os outros personagens e a temática geral são totalmente diferentes, retirando-lhe objectivamente todo o significado religioso. No imaginário cristão, este significado mantém-se e é reforçado, mais uma vez de forma ambígua, pelo título escolhido. In this interpretation, the leading face is the same from Bosch but all the others and the overall subject are totally different, objectively stripped of all the religious content. However, for Christians the meaning is kept and even reinforced, by the title, in an ambiguous way. 121 Protecção de um anjo da guarda Protection of a guardian angel 2004, 37 cm x 25 cm Óleo sobre tela, Oil on canvas Retrato de Sofia Lúcio Portrait of Sofia Lúcio 2004, 37 cm x 25 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção Particular, Private Collection A piroga The skiff 2004, 25 cm x 35 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Encontro com um anjo da guarda Meeting the guardian angel Colibri desesperado Hummingbird in despair 2004, 37 cm x 25 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas 122 2004, 37 cm x 25 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção Particular Private Collection 123 Sete ilustrações para a história infantil “A sábia figueira velha” Seven illustrations for the children story “The sage old fig tree“ 2005, 7 x 37 cm x 25 cm Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção Particular, Private Collection Banda de jazz Jazz band 2005, 25 cm x 37 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção Particular, Private Collection 124 125 Duelo das vontades Duel of wills Cuidado com os ladrões Mind the thieves 2005, 81 cm x 100 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas 2005, 81 cm x 100 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas 126 Mousse de chocolate, chantilly, morangos e avelãs formam a própria paisagem comestível. O personagem à direita é o filho do pintor. Chocolate mousse, cream, strawberries and hazelnuts make the whole landscape comestible. The personage at the right is the son of the painter. Em 1983 tinha sido executado outro trabalho contendo os mesmos elementos comestíveis (mousse de chocolate, chantilly, morangos) todos numa enorme taça de vidro, em “Desintegração anti-fotónica de um morango”. In 1983 Aristides Meneses had done another painting with the same comestible elements in a huge glass cup in “Anti photonic disintegration of a strawberry”. Poucas semanas depois deste trabalho, o personagem em baixo à direita tornar-seía o motivo central de “Ogre devorando o mundo”. A few weeks after this work, the personage at the down right would become the main character in “Ogre devouring the world”. 127 Retrato de Elisabete Lucas à meia-noite Portrait of Elisabete Lucas by midnigth Retrato de Rafael Ribeiro e da sua mente Portrait of Rafael Ribeiro and his mind 2005, 100 cm x 100 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção Particular, Private Collection 2005, 100 cm x 100 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Colecção Particular, Private Collection O título refere-se à noite da passagem de ano de 2004 para 2005. 128 The title refers to the 2005 new year’s eve. 129 Aprendendo a levitar Learning how to levitate Ogre devorando o mundo Ogre devouring the world 2005, 100 cm x 81 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas 2005, 100 cm x 81 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas 130 131 Tempestade de areia Sand storm 2005, 25 cm x 37 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Adão e Eva a escapar do paraíso Adam and Eve escaping from paradise 2005, 100 cm x 81 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas 132 Deserto Desert 2005, 25 cm x 37 cm Óleo sobre tela Oil on canvas 133 A dança dos feiticeiros The wizards dance À espera da chuva Waiting for rain 2005, 27 cm x 35 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas 2005, 27 cm x 35 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas 134 135 Caçadores Hunters Equilíbrio petrificado Petrified equilibrium 2005, 27 cm x 35 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas 2005, 27 cm x 35 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas 136 137 Escultura petrificada Petrified sculpture Predador petrificado Petrified predator 2005, 27 cm x 35 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas 2005, 27 cm x 35 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas 138 139 Precário Precarious 2005, 100 cm x 81 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas Depois dos três quadros em pequeno formato realizados no Verão de 2005 e inspirados em seixos da praia equilibrados em esculturas, Aristides Meneses pintou esta escultura monumental, totalmente imaginária. 140 After the three small paintings inspired on sculptures of beach stones, executed in the summer of 2005, Aristides Meneses painted this monumental sculpture, totally imaginary. 141 A torre de Babel The Babel tower 2005, 35 cm x 27 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas 142 143 Casal improvável Unlikely couple 2005, 100 cm x 81 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas 144 145 Apátrida permanente Permanently deprived of homeland 2005, 100 cm x 81 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas 146 147 Curriculum vitae 148 149 Curriculum vitae 1958 Aristides Meneses, nasce em Moçambique. É de ascendência goesa, filho de Mário de Abreu Ribeiro e de Maria Margarida Pelágia de Meneses Ribeiro. 1978 Viaja pelo Sul da Europa até à Turquia, visitando diversos museus, especialmente em Itália, tomando contacto directo com as obras da antiguidade e da renascença. Aristides Meneses was born in Mozambique. With Goan ascendancy, he is the son of Mário de Abreu Ribeiro and Maria Margarida Pelágia de Meneses Ribeiro. He travels through the south of Europe as far as Turkey, visiting many museums, especially in Italy, getting acquainted with works from antiquity and renascence. 1968 a 1975 Em Lourenço Marques, actual Maputo, Moçambique, participa em diversas exposições e concursos de arte infantil e jovem. Trabalha continuamente em diversas técnicas, especialmente aguarela, tinta da china e pastel. Dos trabalhos desta fase apenas sobreviveu um pequeno pastel sobre papel, “Oásis”. 1979 Executa a primeira experiência com a técnica de óleo sobre tela, em “Criança sem culpa admirando o túmulo do mundo morto”. In Lourenço Marques, now Maputo, Mozambique, he participates in a few exhibitions for young people. He continuously works with diverse techniques, especially watercolour, indian ink and pastel. Of all those works only one small painting, “Oasis”, has survived. 1975 Vai viver para Lisboa, Portugal. He moves to Lisbon, Portugal. 1977 Vai estudar para Aveiro, onde frequenta a Universidade para se licenciar em Engenharia de Electrónica e Telecomunicações. He goes to Aveiro, to study at the University where he gets a degree in Electronics and Telecommunications Engineering. 150 Executes the first experience with oil on canvas, in “Blameless child looking at the tomb of the dead world” Foto de/Photo by: Rafael Ribeiro, 2004 1979 Participa no jornal da Associação de Estudantes da Universidade de Aveiro, com diversas ilustrações a tinta da china. Collaborates with the students newspaper at the University with illustrations with indian ink on paper. 1979 Funda, juntamente com outros estudantes com tendências artísticas, o grupo Arte Universidade na Universidade de Aveiro. He creates, along with other students, the Arte Universidade group. 1980 Participa na primeira exposição colectiva na Universidade de Aveiro, no âmbito do grupo Arte Universidade. He enters the first collective exhibition at Aveiro University, with the Arte Universidade group. 1981 Participa na segunda exposição colectiva em Aveiro no âmbito do grupo Arte Universidade. He enters the second exhibition in Aveiro with the Arte Universidade group. Enters a few exhibitions with the group Arte Universidade, including at the Noble Room at the City Hall and the Ilhavo Maritime Museum. 1981 Conclui a Licenciatura em Engenharia de Electrónica e Telecomunicações. Gets his degree in Electronics and Telecommunications Engineering. 1982 a 1985 Participa em diversas exposições colectivas do grupo Arte Universidade na região de Aveiro, como o Salão Nobre da Câmara Municipal de Aveiro ou o Museu Marítimo de Ílhavo. 1981 Volta a viver em Lisboa. Returns to Lisbon. 151 1984 e 1985 Estuda pintura, frequentando o atelier experimental da Sociedade Nacional de Belas Artes em Lisboa. He learns painting techniques at Sociedade Nacional de Belas Artes in Lisbon. 2003 Lança o seu site na internet com dezenas de obras suas. Launches his website at www. aristidesmeneses.com, with dozens of his paintings. 2004 Expõe individualmente “Visões” na Arte Galeria no Terreiro do Paço em Lisboa. Laranjeiro em Almada. Individual exhibition “Divine and Man” at Feijó Church near Almada. 2005 Participa na Colectiva de Verão na Arte Galeria em Lisboa. He enters a collective summer exhibition at Arte Galeria in Lisbon. 2005 Torna-se membro da Académie Européenne des Arts. Becomes a member Européenne des Arts. of Índice de quadros Index of paintings Académie Individual exhibition “Visions” at Arte Galeria in Lisbon. 2004 Expõe individualmente no IBM Forum Lisboa, mostrando obras de 2004. Individual exhibition at the IBM Forum Lisboa. 2005 Participa na Colectiva de Inverno na Arte Galeria em Lisboa. He enters a collective winter exhibition at Arte Galeria in Lisbon. 2005 Expõe individualmente “Espelhos Futuros” na Arte Galeria em Lisboa. Individual exhibition “Future Mirrors” at Arte Galeria in Lisbon. 2005 Expõe individualmente “O Divino e o Homem”, e realiza uma palestra na inauguração, na Cripta da Igreja de Feijó 152 153 Índice de quadros, index of paintings A Absolutely average rock with a deep sorrow 52 Adam and Eve escaping from paradise 132 Adão e Eva a escapar do paraíso 132 Ajuda-me pai 120 And then he went away 94 Angels are winning 107 Anti photonic disintegration of a strawberry 48 An angel just died 40 Aparição do espírito de um piano 64 Apátridas 44 Apátrida permanente 146 Apparition of a piano gost 64 Aprendendo a levitar 130 Arisana 36 Armadilha para seres voadores 107 Árvore de natal resistindo a três anti-fotões 72 At the ancient crater place 92 Auto-retrato 44 Auto-retrato com cem anos 46 A árvore de sangue 31 A dança dos feiticeiros 134 À espera 56 À espera da chuva 135 A família original 86 A ilha 32 A jangada 97 A nau 91 A piroga 123 À procura das crianças 118 A sábia figueira velha 125 A Sua infinita paciência esgotou-se outra vez 82 A torre de Babel 142 D Death and transfiguration 57 Demasiado cedo para saber 112 Demasiado perto do sol 93 Deprived of Homeland 44 Desert 133 Deserto 133 Desintegração anti-fotónica de um morango 48 De guarda à porta da aldeia 45 De guarda à porta dos sonhos 78 Dinosaur mutation in the morning sun 84 Diogenes almost quitting 53 Diogenes à chuva 52 Diogenes in the desert 52 Diogenes in the desert with his gosts 51 Diogenes no deserto 52 Diogenes no deserto com os seus fantasmas 51 Diogenes quase a desistir 53 Diogens in the rain 52 Dois robots a jogar xadrez 64 Duelo das vontades 126 Duel of wills 126 E Encontro com um anjo da guarda 123 Enigma psicanalítico 104 Equilíbrio petrificado 137 Eremite nightingale 106 Escultura petrificada 138 Esperando à janela 54 E depois foi-se embora 94 F Father and mother angry on the beach 85 Filósofo às escuras 35 First apparition off Egg head still under disguise 39 Flying carpet 80 Flying nest 96 B Bad presage in the flamingo beach 99 Banda de jazz 124 Bando de malfeitores na orla da floresta 116 Birth of a peculiar being 38 Black hole 104 Blameless child looking at the tomb of the dead world 30 Blue Cypress Tree 52 Burado negro 104 C Caçadores 136 Casal improvável 144 Christmas tree resisting three anti photons 72 Cipreste azul 52 Colibri desesperado 122 Criança sem culpa admirando o túmulo do mundo morto 30 Cuidado com os ladrões 127 154 G Gabriel logo após a mensagem 110 Gabriel soon after the message 110 God messenger admiring His work 34 Group of malefactors at the forest border 116 Guerra e Paz 103 H Harmless nightmare 98 Help me father 120 he blood tree 31 His infinite patience run out again 82 Holidays 106 Hummingbird in despair 122 Hunters 136 155 I P Imaginary prison 44 India 62 Índia 62 Inner struggle 102 Invenção da vida 50 Passeio ao fim da tarde 105 Passeio na praia 68 Pedrador petrificado 139 Período de férias 106 Permanent homeland less 146 Pesadelo inofensivo 98 Petrified equilibrium 137 Petrified predator 139 Petrified sculpture 138 Philosopher in the dark 35 Picnic of the angels 64 Piquenique dos anjos 64 Plate 70 Portrait of Elisabete Lucas by midnigth 128 Portrait of Rafael Ribeiro amd his mind 129 Portrait of Sofia Lúcio 122, 124 Prato 70 Precário 140 Precarious 140 Premature end 114 Primeira aparição do cabeça de ovo ainda disfarçado 39 Prisão imaginária 44 Prisioneiros 42 Prisoners 42 Protecção de um anjo da guarda 122 Protection of a guardian angel 122 Psychoanalytic enigma 104 J Jazz band 124 L Learning how to levitate 130 Levitação familiar 108 Levitação provocada por profunda meditação 81 Levitation provoked by deep meditation 81 Looking for the children 118 Low tide 105 Lua encarnada 76 Luta interior 102 M Maré baixa 105 Materialização de um anjo da guarda 104 Materialization of a guardian angel 104 Mau prenúncio na praia dos flamingos 99 Meeting the guardian angel 123 Mensageiro de Deus observando a Sua obra 34 Mind the thieves 127 Morte e transfiguração 57 Multiplicação da personalidade provocada pelo aparecimento de um peixe encarna 58 Mutação de um dinossauro ao sol da manhã 84 N Não veio ninguém 90 Nascimento de um estranho ser 38 Nobody come 90 Novelist in the clouds 100 No lugar da antiga cratera 92 R Rebirth 56 Red moon 76 Renascimento 56 Retrato de Elisabete Lucas à meia-noite 128 Retrato de Rafael Ribeiro e da sua mente 129 Retrato de Sofia Lúcio 122 Rocha a ganhar vida na praia encantada 43 Rocha perfeitamente normal com um profundo desgosto 52 Rock becoming alive on the enchanted beach 43 Romancista nas nuvens 100 Rouxinol eremita 106 S O Ogre comendo o mundo 131 Ogre devouring the world 131 Os anjos estão a vencer 107 O beijo 38 O covil 117 O festim 89 O fim prematuro 114 O iluminador 66 O incêndio das almas 101 O lago do cisne 107 O ninho voador 96 O pai e a mãe zangados na praia 85 O rio da antiga fronteira 88 156 Sand Storm 133 Self-Portrait 44 Self-Portrait at one hundred years 46 Sobrevivendo à tempestade 100 Standing guard at the door of dreams 78 Standing guard at the village door 45 Stroll by the afternoon end 105 Surviving the tempest 100 T Tapete voador 80 Tchaikovskyano 41 Tchaikovsky like 41 Tempestade de areia 133 The Babel tower 142 The burrow 117 157 The fire of the souls 101 The illuminator 66 The invention of life 50 The island 32 The kiss 38 The original family 86 The private feast 89 The raft 97 The river of the ancient frontier 88 The sage old fig tree 125 The skiff 123, 134, 135 The swan lake 107 The vessel 91 The wizards dance 134 Three philosophers trying to unveil the psychoanalytic enigma 106 Too much near the sun 93 Too soon to know 112 Trap for flying beings 107 Três filósofos tentandodesvendar o enigma psicanalítico 106 Two robots playing chess 64 U Um anjo acaba de morrer 40 Unlikely couple 144 V Visita à gruta encantada 60 Visiting the enchanted cave 60 W Waiting 56 Waiting at the window 54 Waiting for rain 135 Walk by the beach 68 War and peace 103 158 159 Copyright 2005 Elisabete Lucas e Aristides Meneses Editado por/Published by: INSAT Consultoria e Serviços Lda. ISBN: 972-97566-3-5 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, armazenadanum sistema de pesquisa ou transmitida, por qualquer forma ou qualquer meio electrónico, mecánico, fotocópia ou qualquer outra, sem a prévia autorização por escrito do editor. All rigths reserved. No part of the contents of this book may be reproduced without the written permission of the publisher. www.aristidesmeneses.com 160