Elisabete Lucas
A pintura de Aristides Meneses
The paintings of Aristides Meneses
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A pintura de Aristides Meneses
The paintings of Aristides Meneses
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Influenciado por três continentes
Influenced by three continents
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Emoções simultâneas e contraditórias
Simultaneous and contraditory emotions
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Diogenes e todos os outros
Diogenes and all the others
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Espelhos Futuros
Future Mirrors
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O Divino e o Homem
Divine and Man
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Obra pintada
Painted works
1979 a 1999 (selecção, selection)
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Obra pintada
Painted works
2000 a 2005 (completa, complete)
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Curriculum Vitae
149
Índice de quadros
Index of paintings
153
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Oásis, Oasis
Circa 1971, 29 cm x 19 cm, Pastel sobre papel, Pastel on paper, Colecção Particular, Private Collection
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Influenciado por três continentes
Influenced by three continents
Nascido em 1958 em Lourenço Marques,
actual Maputo, em Moçambique, na
costa oriental de África, Aristides Meneses
faz parte de uma família que nos últimos
cem anos habitou em três continentes.
Os seus avós, de origem goesa, partiram
da Índia para aquele país, então uma
colónia portuguesa, e aí se fixaram. Foi já
nessa região que nasceram os seus pais, em
Lourenço Marques, o pai e em Inhanbane,
a mãe. Aí permaneceram até se mudarem
para Portugal, onde residem. Devido a
essa confluência, Aristides Meneses foi
influenciado por três culturas, desde a
asiática, por via dos ascendentes, à europeia,
pela língua, história e ambiente político,
passando pela africana, pelo nascimento e
vivência até aos dezasseis anos. De forma
discreta e suave toda a sua arte reflecte essa
multiplicidade de influências culturais e,
apesar da forte predominância europeia,
podem encontrar-se referências mais ou
menos explícitas às outras duas culturas em
diversos dos seus trabalhos.
Foi em Moçambique que começou a pintar,
muito embora na altura o fizesse como
qualquer outra criança que gostava de
desenhar e colorir imagens no papel, fossem
reais ou inventadas. Fossem a lápis de cor ou
aguarelas. Mas, ao invés de outras crianças,
a pintura despertava-lhe forte interesse e
constituía uma actividade com importância
crescente. Aqueles anos em que residiu em
África marcaram, sem dúvida, a forma de
olhar o mundo e de estar na vida.
Os grandes espaços, o imenso tempo que
permitia quase tudo fazer, a praia até já
não haver luz, os passeios de quilómetros
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Born in 1958 in Lourenço Marques,
nowadays called Maputo, in Mozambique,
located in the east coast of Africa, Aristides
Meneses descended from a family that in
the last hundred years has lived in three
continents. His grandparents, who where
from Goa, in Asia, left India to that country,
which at that time was a Portuguese colony,
and settled there. Both his parents where
born in Africa, in Lourenço Marques,
the father and in Inhanbane, the mother.
They lived there until they had to move
to Portugal where they now live. Due to
that confluence, Aristides Meneses has
been influenced by three cultures, from
the Asian, due to his ascendants, to the
European, through language, history
and political environment, including the
African, because he lived there until he was
sixteen. In a discreet and subtle way, all his
work reflects that multiplicity of influences
and, although the European culture is
dominant, one can find more or less explicit
references to the others in a large number
of his works.
He started to paint in Mozambique, doing
so as any child who liked to draw and
paint images on paper, real or imaginary,
working with colour pencils, watercolors,
pastel and other techniques. But unlike
other children, painting interested him
dearly, and started to grow in importance.
Without doubt those years in Africa had an
enormous influence on him.
The large open spaces, the time that
seemed to allow almost anything, the
beach until darkness, long roads lined with
trees, the conversations and parties in the
Sem título, Untitled
2003, 42 cm x 30 cm, Tinta da china sobre papel, Indian ink on paper
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por estradas ladeadas de árvores, as
conversas e as festas nas ruas, são apenas
alguns exemplos do que ficou na memória
e que, inegavelmente, os seus quadros
reflectem, mesmo que resultem em
parte da manifestação do subconsciente.
A abertura da mente associa-se a uma
atitude também ela aberta, sem medo de
se deixar mostrar, a ponto de surpreender
alguns dos observadores mais críticos, por
se permitir expôr nas telas de forma por
vezes tão intensa como em “Auto-retrato
com cem anos” (1983), provavelmente
um dos mais interessantes quadros do
pintor. Literalmente pintado em frente a
um espelho, para reflectir as dimensões e
a estrutura real, resultou de um exercício
tanto de inversão de imagens como de
introspecção, que trouxeram para a tela
um retrato forte e tocante. E, como muitas
outras das suas obras, parece chamar o
observador para dentro do próprio tecido,
como se fosse ele próprio a estar ali retratado,
despojado e isolado, mas com uma enorme
força interior. Por isso, ao invés de ser um
quadro assustador, porque de facto cria
ansiedade imaginar a própria vida ao fim de
um século, é tranquilizante. Afinal é apenas
uma fase, marcada pelo conhecimento de
si mesmo!
Da pintura realizada em África, de orientação
realista e paisagista, apenas sobreviveu um
pequeno trabalho, “Oásis”, executado em
pastel sobre papel por volta de 1971. As
caravelas dos Descobrimentos Portugueses,
o mar e as paisagens africanas foram alguns
dos temas explorados, durante a infância e
juventude, com que participou em alguns
concursos de pintura e desenho. Durante
os últimos anos de permanência na então
cidade de Lourenço Marques dedicou-se
especialmente à técnica de tinta da china
pintada e soprada sobre papel. Também
dessa época nada sobreviveu devido à
mudança de continente, em condições
adversas para a família.
Em 1975 Aristides Meneses veio viver para
Lisboa na sequência das alterações políticas
ocorridas quer em Portugal quer em
Moçambique. Até perto do final da década
de oitenta continuou os seus trabalhos a
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open space are just a few examples of fond
memories reflected in his paintings, even if
they are the end result of a subconscious
process. The openness of the mind appears
associated to an open attitude, fearless of
showing to a point that surprises some of
the most critical minds, because the painter
allows to expose himself on canvas in a
very intense way, as in “Self portrait at one
hundred years” (1983), arguably one of his
most interesting paintings. Literally painted
in front of a mirror, it was the result both
of an image inversion exercise and of an
introspective analysis, which brought to
the canvas a strong and moving portrait.
And, as in many of his works, it seems
to draw the observer to the inside, as if it
was their own portrait, dispossessed and
alone, but with much inner strength. And
so, instead of being a frightening painting,
because it must be frightening to imagine
oneself with a hundred years old, it is in
fact soothing. At the end it is no more that
a phase characterized by one knowledge.
Of the work completed in Africa, with an
orientation to the realistic and naturalistic,
only one small painting survived, “Oasis”,
executed with pastel on paper by 1971.
The caravels of the Portuguese Discoveries,
the sea and the African landscapes, all
were themes of his work during his youth,
with which he entered some painting
exhibitions. During the last years he lived
in Mozambique he started to use indian
ink painted and blown on paper. Those
works are all lost now, due to the migration
to another continent, in adverse conditions
for the family.
In 1975 Aristides Meneses came to live in
Lisbon, because of the new political situation
both in Portugal and Mozambique. Until
the end of the 80s, he kept working with
indian ink. Some of these works, although
lost, have been reproduced in a student
newspaper to which he was a regular
contributor.
In 1977 he went to the University of
Aveiro. It was there that, as a student
of Electronics and Telecommunications
Engineering, painting assumed a much
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tinta da china, alguns dos quais, embora
desaparecidos ou destruidos, encontramse reproduzidos no jornal de estudantes da
universidade, em que colaborou.
Em 1977 ingressou na Universidade de
Aveiro. E foi quando aí frequentava a
licenciatura em Engenharia de Electrónica
e Telecomunicações que a pintura assumiu
um espaço mais sério e prioritário.
Nessa época concretizou a sua primeira
experiência com a técnica de óleo sobre
tela, com “Criança sem culpa admirando
o túmulo do mundo morto”, datado de
1979. Este quadro mostra já algumas das
principais características de toda a sua obra
posterior: ambiguidade, angústia, divino,
conhecimento, emoções desencontradas
e simultâneas, o mundo entre a vida e
a morte. Aristides Meneses traz para a
tela as suas preocupações e inquietações
interiores, mas fá-lo de uma forma aberta,
pois ao observador é constantemente
deixado espaço para incluir, no quadro,
as suas próprias inquietações e registar as
suas análises, construindo uma história
individualizada, a partir de imagens que,
sendo quase imutáveis, ganham nova vida
e diferente forma a cada olhar.
Foi também em 1979 que criou, com outros
estudantes, o grupo Arte Universidade
e, com ele, participou na sua primeira
exposição. Essa mostra originou de imediato
uma grande diversidade de interpretações e
emoções nos espectadores, efeitos que ainda
hoje são habituais, provavelmente devido à
aparente simplicidade da maior parte dos
seus trabalhos que, no entanto, se revelam
mais complexos e emotivos à medida que
o observador os aprofunda. Mais de vinte
anos depois, Aristides Meneses explicou,
quando da abertura da sua exposição
“Espelhos Futuros” em 2005, em Lisboa,
a influência da estrutura emocional e
do estado de espírito do observador na
apreciação dos seus quadros, afirmando
que ao mesmo tempo que expõe os seus
trabalhos, os visitantes se expõem a eles,
numa interacção gerada pelas emoções.
Apaixonado pela matemática e pela física,
disciplinas em que se tornou um dos melhores
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more important role in his life. At that
time he started to make some experiences
with oil on canvas, with “Blameless child
looking at the tomb of the dead world”,
dated 1979. This painting already shows
some of the main characteristics of all his
following work: ambiguity, angst, divine,
knowledge, the flow of contradictory and
simultaneous emotions, the world between
life and death.
Aristides Meneses brings to the canvas his
inner toughts and inquietudes, but he does
that in an open way, always leaving some
space for the observers to be reflected in
the paintings with their own emotions,
preoccupations and analysis, building
personalized stories from images that, being
almost immutable, start a new life and get
a different form each time one looks at
them.
It was also in 1979 that, along with
other fellow students, he created the Arte
Universidade group, and with it he started
exhibiting his work. His paintings created
an immediate diversity of emotions and
interpretations, effects that remain up to
today with each new work, probably due
to the apparent simplicity of most of them
which, however, reveal a strong complexity
and emotional impact at each new glance.
More than twenty years later, during his
individual exhibition “Future Mirrors” in
2005, in Lisbon, he explained the influence
the emotional structure and mind state
of the observer have in the appreciation
of his paintings, saying that each time he
exposes a painting, the observer himself is
exposed to it, in an interaction generated
by emotions.
Very fond of mathematics and physics,
subjects in which he became one of the
best students of his class, he applied, in part
subconsciously, some of the more chatering
concepts of physics discoveries at that time,
especially focusing on Einstein´s Relativity
Theory, Heisenberg´s Uncertainty Principle
and Schrödinger´s Equation, not so much
by its physics explanations properties but
by the associations he did with the human
mind and emotions, as shown in his work
alunos do seu curso, aplicou à pintura,
em parte subconscientemente, alguns dos
conceitos mais perturbadores da física de
então, citando especialmente a Teoria da
Relatividade de Einstein, o Princípio da
Incerteza de Heisenberg e a Equação de
Schrödinger, não tanto pela explicitação
dos conceitos físicos associados mas sim
pelas suas consequências ao nível da mente
e das emoções humanas, como está patente
no quadro “Multiplicação da personalidade
provocada pelo aparecimento de um peixe
encarnado”, executado em 1984. O quadro,
baseado num edifício de uma gravura
de M. C. Escher, convida o observador
a olhar de todos os ângulos, sem que
transporte em si qualquer obrigatoriedade
de análise preferencial ou lógica. E, como
em muitos outros casos, as sensações que
desperta são tão diversas quantos os olhares
dos espectadores que o vêm e quantos os
momentos em que é olhado. Porque se
os seus quadros, enquanto objectos, são
estáticos, enquanto expressão artística estão
longe de o ser. São, pelo contrário, tão
dinâmicos quanto os olhares, os pontos de
análise, a luminosidade ou a emotividade do
próprio espectador o permitam. O cenário
está lá, parte de uma ideia do pintor, mas
rapidamente é o observador que toma posse
da história e a transforma à sua medida.
Tendo iniciado na Universidade uma
aproximação mais profunda à pintura, a
partir dessa altura começou também um
percurso de aprendizagem técnica, que o
levou a frequentar um atelier experimental
na Sociedade Nacional de Belas Artes em
Lisboa, nos anos de 1984 e 1985. Mesmo
que afirme que em momento algum tenha
pensado numa tela como um objecto em
branco, porque quando inicia a primeira
pincelada tem sempre a imagem já pintada na
sua mente, o desenvolvimento da capacidade
técnica permite melhorar a aproximação
da imagem mental ao resultado final.
Aristides Meneses defende que o acaso tem
um enorme papel no seu trabalho, citando
o Princípio da Incerteza de Heisenberg
como a sua explicação. Especifica que são
os efeitos quânticos na imagem produzida
pelo subconsciente, resultado ela própria da
transformação da totalidade das influências
“Personality multiplication provoked by
the appearance of a red fish”, painted in
1984. The painting, based on a building in
an engraving by M. C. Escher, invites the
observer to look from every point of view
without forcing any predefined logic or
analysis. And, as in many other cases, the
sensations it unveils are so diverse as diverse
are the observers or the times they choose
to look. Because if the paintings, as objects,
are static, as artistic expressions they are
not. On the contrary, they are as dynamic
as the emotions each observer experiences.
The image is there, but very quickly each
observer conquers domain over the story
and transforms it as he wants.
Having iniciated a more profound
relationship with painting at the university,
he started a path of technical learning which
led him to experimental painting lessons
at Sociedade Nacional de Belas Artes in
Lisbon, during 1984 and 1985. Although
he says he never looked at a blank canvas,
because he starts working on a painting
with brushes and paint only when he
already has the full image in his mind, the
development of his technical skill was very
important to the continuous improvement
of his work. Aristides Meneses insists that
chance has an enormous role in his work,
citing Heisenberg´s Uncertainty Principle
as the explanation for it. He says that the
quantum effects that influence the image
produced in the subconscious, result itself
of the transformation of the total sum of
influences the artist has felt, in the cosmic
sense that links man to the universe and
everything else, are what enables the
same image to gain a life and a will of its
own while being created. In this sense, at
the moment the original mental image
starts disintegrating in anti-photons, the
personages of the paintings are able to
suggest looks and smiles, places suggest
colours and environment determine
the order, carrying the work through
unforeseen paths. And the painter, keeping
his freedom, allows himself to be carried
away by his work, even if it seems he keeps
control of it all the time, really choosing
what happens on the canvas.
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a que está sujeito, no sentido cósmico de
interligação permanente do Homem com
todo o Universo, que fazem com que o
quadro ganhe uma vida ou vontade própria,
à medida que vai sendo criado. Assim, ao
mesmo tempo que a imagem inicial se vai
esbatendo e dissolvendo, desintegrando-se
em anti-fotões, os personagens executados
sugerem olhares e sorrisos, os lugares
apontam cores, os ambientes indicam a
ordem do espaço, levando o quadro para
caminhos imprevistos. E o pintor, que se
mantém livre, deixa-se levar geralmente
pela sua própria obra, integrando-se nela,
mesmo que fisicamente tudo indique que
permanece a olhá-la de frente, com uma
imensa capacidade decisória sobre tudo o
que acontece naquele espaço montado no
cavalete.
Naturalmente fascinado pela pintura,
visita inúmeros museus e exposições, em
Portugal e no estrangeiro, alimentando essa
necessidade de evolução e aprendizagem
permanente que caracterizam em si, mais
do que a resposta ao desafio de pintar, um
modo de vida. Uma das causas prováveis do
seu interesse pela técnica de óleo sobre tela
foi a viagem pelo Sul da Europa em 1978,
especialmente por Itália, onde descobriu
directamente os pintores, arquitectos e
escultores renascentistas e também alguma
arte da antiguidade. Aristides Meneses
afirma ser influenciado pelo cosmos e por
todos os outros artistas.
Devido à temática explicitamente figurativa
e aparentemente realista, embora onírica,
dos seus quadros, o pintor é frequentemente
confrontado com a necessidade de
compreensão racional por parte dos
espectadores. Mas, para Aristides Meneses,
mais do que para serem vistos, os seus
quadros devem ser sentidos, porque todo o
seu trabalho se situa no mundo das emoções
humanas,
complexas,
contraditórias,
simultâneas e, geralmente, mais fortes que
os próprios indivíduos.
Sublinhando que o seu trabalho resulta de
imagens de origem subconsciente, num
processo de transformação e destilação de
tudo com que se relaciona, confessa que se
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Fascinated by paintings, he visits innumerous
museums and art galleries in Portugal and
abroad, feeding the necessity of evolution
and knowledge, which characterize him
and are a way of life more than an answer
to the challenges of painting. One probable
cause of his renewed interest in oil painting
techniques was his trip through the south of
Europe in 1978, especially Italy, where he
was face to face with sculptures, paintings
and buildings of the renascence and some
antique art. He says the cosmos influence
his works as well as every other artist.
Due to his figurative and apparently realistic
themes, although dreamlike motives and
images, the painter is often confronted by
his observers with the need to understand
and to find a logic explanation. But, to
Aristides Meneses it is more important
for his work to be felt than seen, because
all of it revolves around human emotions,
complex, simultaneous and usually stronger
than man himself.
Stressing that his work is a result of
subconscious images, in a transformation
and distillation process of everything with
which he interacts, the painter admits that
they reveal themselves to the conscious in
an unexpected and volatile way. For the
most part, he does not know the source
of his images. But sometimes the source
is well identified, like the leaf of a fig
tree, transported by a gentle breeze in the
morning to the floor of his porch, at the
end of the summer 2003, while the heat
from the sun dried and changed it. And that
was the origin of “Dinosaur mutation in
the morning sun”. Even before the painting
was finished, a few hours later, the leaf was
almost extinct, but the dinosaur survived,
he says.
Often nature is the driving inspiration
force behind the materialization of his
images, as can be attested by his numerous
works with beaches, trees, rocks or deserts,
which he transforms into personages for
his paintings, and which gain new lives
from each glance by the observers. One
characteristic example is a painting made
the same summer, in 2003, whose title came
Sem título, Untitled
2003, 42 cm x 30 cm, Tinta da china sobre papel, Indian ink on paper
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revelam ao consciente de forma inesperada e
volátil. Na maior parte das vezes desconhece
a origem das suas imagens. Outras sabe, na
perfeição, o que as levou a materializarse, como aconteceu com uma folha de
figueira, transportada pela brisa, numa
manhã de final de Verão, para o chão da
varanda, onde o sol a secava mudando-lhe
rapidamente a forma e a cor. E assim surgiu
a obra “Mutação de um dinossauro ao sol da
manhã”, executada em 2003. Antes mesmo
de o quadro ter sido terminado, poucas
horas depois, a folha estava praticamente
extinta, mas o dinossauro sobreviveu!
Por vezes é a natureza a fonte da
materialização das suas imagens, como se
verifica pelos vários trabalhos realizados
a partir da observação de praias, desertos,
árvores ou rochas espalhadas na areia, a
quem é dada uma outra vida nos quadros, ao
serem transformados em personagens, que
voltam a conquistar novas vidas a partir dos
observadores. A ilustrá-lo está, por exemplo,
um quadro executado também no final do
Verão de 2003, cujo título é da autoria do
filho do pintor, na altura com seis anos, que
ao vê-lo declarou: “O pai e a mãe zangados
na praia”. A criança não viu objectos
inanimados, viu pessoas conhecidas. E
é esse efeito emocional multiplicativo e
diversificado que melhor tem caracterizado
a obra pintada de Aristides Meneses.
from his six years old son, who exclaimed:
“It is father and mother angry at the beach”.
The child did not see inanimate objects, he
saw living beings. And it is that emotional
effect, multiplicative and diversified, that
best characterize the painted work of
Aristides Meneses.
Emoções simultâneas e contraditórias
Simultaneous and contraditory emotions
Em termos temáticos a pintura de Aristides
Meneses tem-se mantido muito coerente
mesmo que cada trabalho ou imagem
surja muito distinta e com uma forte
personalidade específica. O Homem,
considerado aqui enquanto Humanidade
emocional em sentido amplo, com todas
as suas manifestações, acaba por ser, no
essencial, a temática central da maioria
das suas obras. Pode ser o Homem-ea-transformação-do-mundo,
assistindo
a eventos que eventualmente não
compreende ou assumindo a culpa e a
responsabilidade pelos seus actos, como
em “A árvore de sangue” (1979). Pode
ser o Homem-e-os-seus-próprios-medos,
como em “Prisioneiros” (1982), em “Prisão
imaginária” (1983) ou em “O covil”
(2004), com uma alusão à necessidade de
nos protegermos para que os outros não nos
descubram tal como somos, à necessidade
de manter espaços reservados, íntimos,
longe do conhecimento exterior ou ainda
à dificuldade de viver com a liberdade que
nos torna responsáveis por nós mesmos. Ou
pode ser o Homem-igual-a-si-mesmo, no
quotidiano, ilustrado em “Passeio na praia”
(1995) e em “Esperando à janela” (1984),
ambos com uma forte carga emotiva que
transcende o acontecimento.
Mas também pode ser o Homem-e-asua-relação-com-o-Divino, um tema que
Aristides Meneses tem explorado de forma
recorrente. Em todo o seu trabalho, o
divino é sempre tratado como algo interior
à mente humana. Os quadros “narram”
formas de encarar o espiritual ou a busca de
explicações para o mundo que vão para além
da ciência, da lógica racional ou da religião.
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The subject of Aristides Meneses painting
work has been very coherent since the
beginning, even if each painting or image is
very distinctive or has a strong individuality.
Man, analized here as emotional humanity
in large sense, with all their manifestations
is, in essence, the central subject for most of
his work. It can be Man-transforming-theworld, witnessing events, which eventually
he does not understand, or assuming
the responsibility for his acts, as in “The
blood tree” (1979). It can be Man-withhis-own-fears, as in “Prisoners” (1982), in
“Imaginary Prison” (1983) or “The burrow”
(2004), with allusions to our need of self
protection so others can not see us as we
are, for our need to keep our own private
territories away from outside knowledge, or
to the difficulty to live with freedom, which
makes each one responsible for himself. Or
it can be simply Man-as-himself, in daily
life, as in “Walk by the beach” (1995) or
in “Waiting by the window” (1984), both
with a strong emotional content which
transcends the events they depicts.
But it can also be Man-related-to-divine,
a subject that Aristides Meneses often
explores. In all his work, the divine is always
considered something internal to the human
mind. The paintings points ways to face
the divine or the search for explanations of
the world that go beyond science, rational
logic or religion. The painting “Help me
father” (2004), which is filled with the
most emotions of all his works, influenced
by “Christ carrying the cross” by Bosh, has
none of its religious content, with human
religiosity substituted by human emotions.
However it is impossible not to relate it,
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O quadro “Ajuda-me pai” (2004), um dos
trabalhos com maior espiritualidade do
pintor, uma obra influenciada por “Cristo
carregando a cruz” de Bosch, está, em
termos concretos, despojada do conteúdo
religioso, sendo a actividade humana
substituída pela emotividade humana.
É, no entanto, impossível não a remeter,
involuntariamente, para o imaginário
cristão, tornando-se assim um trabalho
duplamente perturbador.
Em “Gabriel logo após a mensagem”
(2004) Aristides Meneses faz uma alusão
directa à Biblia, remetendo o espectador
para a anunciação do anjo, assim como
em “O fim prematuro” (2004), claramente
uma Pietá. A vida e a morte, na sua relação
com o divino surgem com frequência,
como em “Renascimento” (1984), “Morte
e Transfiguração” (1984) ou “Nascimento
de um estranho ser” (1981). No entanto, é
provavelmente mais significativa a temática
de “entre a vida e a morte”, como em
“Criança sem culpa admirando o túmulo
do mundo morto” e “A árvore de sangue”
ambos de 1979 ou, de uma forma mais
subtil, “A jangada” (2003).
Ainda no âmbito do divino, Aristides
Meneses sente também influência do
Hinduismo, trabalhando frequentemente a
meditação, a levitação ou a reencarnação.
Em “Levitação provocada por profunda
meditação”, executado em 2003, surge uma
referência mais explícita, com o personagem
central a levitar, o Linga, símbolo de Shiva.
Também o Homem-conquistador, capaz
de enfrentar o exterior ou simplesmente as
suas frustrações pessoais, prende a atenção
do pintor em várias das suas obras. Uma
das mais emblemáticas, pela dualidade
de registo que introduz, é “Guerra e Paz”
(2004). A dualidade é explorada a vários
níveis. Dividindo o quadro mais ou menos
a meio, do lado direito o observador é
confrontado com uma cena de violência,
com um ser que se prepara para atacar e do
lado esquerdo com um cenário pacificador,
de alguém que calmamente observa o lago.
O equilíbrio é decidido pelos olhos de cada
um.
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unwillingly, with the Christian world,
which makes the work very disturbing.
With “Gabriel soon after the message”
(2004) Aristides Meneses makes a direct
reference to the Bible, pointing the
observer to the Annunciation, as he does
in “Premature end” (2004), clearly a Pieta.
Also life and death, with their relation with
the divine often appears, as in “Rebirth”
(1984), “Death and Transfiguration”
(1984) or “Birth of a peculiar being”
(1981). Yet, probably more significant is
the subject “between life and death”, as in
“Blameless child looking at the tomb of the
dead world” or “The blood tree” both from
1979, or, in a more subtle way, “The raft”
(2003).
Also on the subject of the divine Aristides
Meneses is influenced by Hinduism,
working very often with meditation,
levitation or reincarnation. In “Levitation
provoked by deep meditation”, executed
in 2003, there is an explicit reference to it
with the central personage being the Linga,
a symbol of Shiva.
Also Man-as-conqueror, able to confront
the external world or simply his own
personal frustrations, appears in many of
his paintings. One of the most significant,
due to the dual emotional environment it
reveals, is “War and Peace” (2004). This
duality is explored at diverse levels. Dividing
the painting more or less in the middle, at
the right the observer is confronted with
a violent scene, a human like being seems
to be preparing an attack, and at the left
with a calming scene of a lady standing by
the lake. The eyes of each of us decide the
equilibrium.
O homem-que-procura também lhe merece
a atenção em diversos trabalhos, numa
clara alusão ao inconformismo humano e
à necessidade de saber, de observar e ainda
de escapar. A este nível, uma das suas obras
mais marcantes é “À procura das crianças”
(2004), claramente um trabalho para ser
sentido, ou “A nau” (2003) que mostra
personagens em busca de algo que, ao
que tudo indica, não se encontra naquele
lugar. O quadro evidencia a bem conhecida
sensação humana de estar num mundo
que não é o desejado ou, de forma mais
prosaica, de estar no sítio errado. No âmbito
das primeiras pinturas, uma das obras que
melhor ilustra a procura, neste caso de
conhecimento, é “Filósofo às escuras” que,
num jogo irónico de luz e escuridão, faz o
contraponto entre a procura de explicações
para o eu e para o mundo exterior e a escolha
do filósofo de se manter na penumbra.
in the wrong world, or, more plainly, of
being at the wrong place. From the early
work, one of the paintings on this subject
is “Philosopher in the dark” (1980) which,
in a ironic game of light and darkness,
presents the contradiction between the
search for explanations about himself and
about external world and the choice of the
philosopher of keeping his room in some
penumbra.
2005
Construções com pedras equilibradas, Constructions with stones in equilibrium
Man-that-is-searching also appears in
many works, in a clear allusion to human
longings and the need to know, to observe
and to escape. At this level, one of his main
works is “Looking for the children” (2004),
clearly a painting to be felt, or “The
vessel” (2003) which shows a few persons
searching for something that, as long as it
can be seen, it is not there. The painting
reveals the known human feeling of being
17
Diogenes e todos os outros
1984. Por exemplo, “Diogenes no deserto
com os seus fantasmas” é um trabalho em
que o filósofo aparece como figura focal,
sem a sua mítica lanterna mas sim com
um cajado, curvado sob o peso das suas
emoções, rodeado por três gigantes, irreais,
provavelmente os fantasmas a que se refere
o título.
Diogenes and all the others
Diogenes de Sinope foi um filósofo que os
historiadores supõem ter nascido cerca de
400 anos antes de Cristo. Existindo muito
poucos registos históricos sobre a sua vida,
a sua história é composta de episódios
avulso que contribuem para a imagem de
excêntrico e marginal, de quem vivia à parte
por escolha própria. Considerado a maior
voz da escola cínica, com uma visão da vida
que se opunha às convenções e regras sociais
que considerava hipócritas e rejeitando
os bens materiais que considerava não só
desnecessários como mesmo perniciosos,
diz-se que habitou num barril, durante
o período que permaneceu em Atenas.
Uma das suas actividades parece ter sido
andar pela rua com uma lanterna acesa,
em pleno dia, sempre à procura de um
homem honesto. Morreu sem o encontrar.
Considerado iludido, sábio, louco ou
sátiro, é assim que surge frequentemente na
pintura de Aristides Meneses.
Embora afirme que a sua pintura resulta
de imagens do subconsciente, Aristides
Meneses criou um mundo imaginário
habitado por personagens, alguns dos
quais permanentes, sugerindo uma linha
condutora. Trata-se assim de um mundo
real-imaginário, a que o pintor chamou
Arisia, logo em 1979, quando da sua
primeira exposição. O facto é que os
personagens colaboram com o espectador
na elaboração do enredo e são veículo da
cumplicidade emocional gerada ou alterada
pelos quadros. E interagem uns com os
outros num mundo realmente habitado
por todos.
Diogenes surge com muita frequência em
18
Diogenes of Sinope was a philosopher who
historians believe was born 400 years before
Christ. With very few written records about
him or his life, his history is composed of
scattered episodes, which contributes to his
image of an eccentric and outsider, living
apart from society by his own choice. Seen
as the main voice of the cynic school, with
a style of life that showed a dislike for social
life and rules, considered hypocrites, and
rejecting material possessions as unnecessary
and even pernicious, it is said he lived in a
barrel while in Athens. One of his preferred
activities was to walk along the streets with
his lamp alight, during daylight, looking for
an honest man. He died without finding
one. Seen as delusional, sage, insane or
satiric, that is the way he often appears in
Aristides Meneses painted works.
Although he says his work is a result of images
from the subconscious, Aristides Meneses
created an imaginary world inhabited with
personages, some as permanent residents,
suggesting a continuity. It´s a kind of realimaginary world, called Arisia by the painter,
since 1979, when he first exhibited his
work. The fact is the personages collaborate
with the observer in the plot elaboration
and are vehicle of emotional complicity
generated or altered by the paintings. And
they interact with each other in a world
really inhabited by all of them.
Diogenes appears very often in 1984, for
instance in “Diogenes in the desert with his
ghosts”, a painting in which the philosopher
is the main point of interest, without his
mystical lamp, but with a stick, curved
under the weight of his own emotions,
Mais uma vez aparece solitário em
“Diogenes no deserto”, ou em desespero
como em “Diogenes à chuva” e “Diogenes
quase a desistir”. Reaparece em 2003 no
quadro “A nau” agora com a sua lanterna
acesa em pleno dia. Este trabalho, que
prende o olhar, mostra três personagens
aparentemente auto-iludidos sobre a
realidade. Além de Diogenes, de luz acesa
durante o dia, a imagem inclui o barqueiro
que rema em terra e a jovem que passeia num
barco parado. Em 2004 Diogenes surge em
“Luta interior”, um quadro que regista o
conflito de duas emoções simultâneas, tema
querido ao pintor, em luta pelo domínio
da mente humana. Surge também, agora
como observador e em posição marginal,
em “Ajuda-me pai” (2004).
Diogenes foi inspirado numa figura real
mas outros personagens parecem ser mais
imaginários. Os cabeças de ovo, personagens
claramente antropomórficos com a cabeça
em forma de casca de ovo, geralmente
quebrada e vazia, sempre com um machado
ou lança na mão, surgiram pela primeira vez
em 1980 em “Primeira aparição do cabeça
de ovo ainda disfarçado”. E estão presentes
em “Invenção da vida” (1983), “Diogenes
no deserto com os seus fantasmas” (1984) ou
“Multiplicação da personalidade provocada
pelo aparecimento de um peixe encarnado”
(1984). Curiosamente os cabeça de ovo de
Aristides Meneses nunca estão a fazer nada,
parecendo apenas testemunhas passivas de
todas as cenas.
A folha em decomposição, que surge por
exemplo em “Um anjo acaba de morrer”
(1981), “Multiplicação da personalidade
provocada pelo aparecimento de um peixe
encarnado” (1984) e se torna monumental
em “Gabriel logo após a mensagem” (2004),
é uma folha real que o pintor encontrou,
surrounded by three unreal giants, probably
the ghosts the title refers to. He appears
again alone in “Diogenes in the desert” or
in despair as in “Diogenes in the rain” and
“Diogenes almost quitting”. He reappears
in 2003 in the painting “The vessel” now
with his lamp alight in broad daylight. This
work, which attracts the attention, shows
three personages seemingly delusional
about reality. Apart from Diogenes, with
the lamp alight during daylight, the image
includes the boatman paddling in dry land
and the young lady who travels in a non
moving boat. In 2004 Diogenes appears in
“Inner struggle”, a painting that registers
the conflict between two simultaneous
emotions, a subject very important to the
painter, fighting for control of the human
mind. He also appears, now as a marginal
observer, in “Help me father” (2004).
Diogenes was inspired in a real person but
other personages seem to be mainly created
by his imagination. The Egg-head, clearly
an anthropomorphic personage, with the
head shaped as an empty cracked egg shell,
always with an ax in his hands, appears for
the first time in 1980, in “First apparition
of the egg head still under disguise”. And
they are present in “The invention of
life” (1983) “Diogenes in the desert with
his ghosts” (1984) or “Multiplication of
personality provoked by the appearance of
a red fish” (1984). Aristides Meneses egg
heads are deprived of action, seeming just
to be passive witnesses of all scenes.
The decomposing leaf which appeared, for
instance, in “An angel just died” (1981),
“Multiplication of personality provoked
by the appearance of a red fish” (1984)
and became monumental in “Gabriel soon
after the message” (2004) was a real leaf
that the artist found, has reproduced, and
kept for many years. Other figures that
come from the real world are the slender
personages that appear since the first
painting in 1979, as result of three wood
sculptures the artist made himself, inspired
in Etruscan sculptures he saw during his
trips the previous year. On the other hand
the rocks, usually elements of the scenery,
sometimes appear as leading personages
19
assim como a pinta, e que conservou por
muitos anos. Outras figuras que decorrem
do real são os personagens esguios que
aparecem no primeiro quadro, “Criança
sem culpa admirando o túmulo do mundo
morto” (1979), que constituem uma
reprodução de três esculturas em madeira
executadas por si e inspiradas nas esculturas
etruscas que vira nas suas viagens do ano
anterior. Também as rochas, geralmente
elementos da paisagem, se tornam dotadas
de emoções como em “Rocha perfeitamente
normal com um profundo desgosto” (1984)
ou “Rocha a ganhar vida na praia encantada”
(1983). Esta última é uma rocha real da
praia de Porto Covo, onde o pintor tem ido
inúmeras vezes ao longo dos anos.
De realçar ainda os personagens que parecem
ter levado mais de vinte anos a ganhar
identidade própria, impossíveis de definir
mas claramente antropomórficos. Tratase de seres geralmente monocromáticos,
altamente texturados em penas ou pelagem,
quase sempre sem face e raramente
com olhos. Surgem como personagens
secundários em “Primeira aparição do
cabeça de ovo ainda disfarçado” (1980) mas
em 2003, com “A família original”, assumem
o controlo do espaço e das imagens. Podem
ser vistos particularmente expressivos em
“E depois foi-se embora” (2003), “A morte
Prematura” (2004) ou “Casal improvável”
(2005).
Muito recentes são as famílias de pedras
planas, cristalinas, que começam por
aparecer em “O pai e a mãe zangados na
praia” (2003) e depois se multiplicam em
“Levitação original” (2004) ou “Aprendendo
a levitar” (2005).
E, embora um dos primeiros anjos de
Aristides Meneses tenha morrido em
1981 em “Um anjo acaba de morrer”, os
anjos da guarda surgem novamente como
mensageiros ou protectores em diversas
obras recentes. Aristides Meneses explica
que os anjos se materializam numa explosão
de fotões e se desintegram numa explosão
de anti fotões, mas que continuam a existir
para todos os outros personagens da sua
obra.
20
provided with emotions as in “Absolutely
average rock with a deep sorrow” (1984) or
in “Rock becoming alive on the enchanted
beach” (1983), this one a real rock from
the Porto Covo beach, often visited by the
painter for many years.
One must sterss also the personages that
seem to have taken more than twenty years
to develop, impossible to define but clearly
anthropomorphic. They are beings usually
monochromatic, highly textured in plumes
or pelage, almost always faceless and very
seldom with eyes. They appear as secondary
personages in “First apparition of the egg
head still under disguise”(1980) but it is in
2003, in “The original family”, that they
assume control of the whole space and get
the leading role. They can be seen in “And
then he went away” (2003), “Premature
death” (2004) or “Improbable couple”
(2005).
More recent are the families of straight
stones, crystalline, which appear in “Father
and mother angry on the beach” (2003)
and then multiply in “Original levitation”
(2004) or “Learning how to levitate”
(2005).
And, although one of the first angels of
Aristides Meneses died in 1981 in “An angel
just died”, the guardian angels appear again
as messengers or protectors in a number
of his more recent paintings. Aristides
Meneses explains that angels materialize
themselves in a explosion of photons and
disintegrate in a explosion of anti photons,
but they keep their existence for all the
other personages in his work.
Sem título, Untitled, 2004, 42 cm x 30 cm, Tinta da china sobre papel, Indian ink on paper
21
Espelhos Futuros
Future Mirrors
Entrevista sobre a exposição “Espelhos Futuros” em Abril de 2005 em Lisboa
Interview about the exhibition “Future Mirrors”, April, 2005, Lisbon
22
Porque chama espelhos futuros aos seus
quadros?
Embora o meu trabalho venha de dentro,
numa transformação interior consciente
e subconsciente da minha percepção da
realidade, o que os espectadores sentem ao
ver os quadros é, pelo menos, tanto reflexo
deles como meu. No princípio consideravaos a todos auto-retratos, e penso que de certa
forma ainda o são. Mas descobri que são
muito mais espelhos para os espectadores,
pelos comentários e diálogos que tenho
tido com diversos visitantes e conhecedores
do meu trabalho.
Why do you think about your paintings
as future mirrors?
Although my works are originated inside,
as an internal conscious and subconscious
transformation of my perceptions of reality,
what the spectator feels looking at them is,
at least, as much their reflection as mine.
Until some time ago I thought about the
paintings as self-portraits, which in a sense,
I still do. But I found that they also are like
mirrors for the spectators. This became evident by comments and conversations with
visitors and people acquainted with my
work.
As pessoas sentem a influência dos
quadros?
Quando as pessoas se expõem aos meus
quadros o seu estado emocional altera-se.
Isso é reflexo do que lá está pintado, o que
quer que seja, mas é ainda mais reflexo da
sua estrutura emocional e do seu estado
nessa altura. O que sentem no instante
a seguir à exposição é resultado quer da
minha pintura quer das suas emoções. É
por isso que, ao longo do tempo, o mesmo
espectador vê coisas diferentes de cada vez
que olha para o mesmo quadro. Assim,
pessoas diferentes reagem aos quadros de
forma diversa e cada uma tende a vê-los
diferentes em cada olhar. Na realidade,
ao mesmo tempo que exponho os meus
quadros as pessoas expõem-se a eles.
In a sense people feel the influence of
your paintings?
When someone exposes itself to my work
there is a change in its emotional state.
That’s a reflection of what has been painted, whatever it is, but much more, it is a
reflection of its state of mind and emotional structure at that time. What people feel
soon after being exposed to my work is a
result of my painting as much as of their
emotions. That is why each one sees different things, and why a spectator sees different things each time he looks. While I am
exhibiting my work, people expose themselves to it.
Quando começou a pintar os espelhos
futuros?
Penso que desde o princípio. Na altura
não me apercebi dessa influência mas mais
recentemente acabei por descobrir que
a minha pintura foi muito influenciada
pelas teorias científicas do princípio do
século passado, especialmente a Teoria da
Relatividade de Einstein, o Princípio da
Incerteza de Heisenberg e a Equação de
Schrödinger. Provavelmente porque foi
pouco depois de tomar contacto com elas,
quando estudava engenharia, que comecei
o meu percurso actual. A influência não
reside no objectivo de explicar a estrutura
do universo nem na sua realidade em
termos da disciplina da física, mas na
adaptação dos seus conceitos, embora por
mim não totalmente compreendidos, à
estrutura mental das emoções humanas, ou
das minhas emoções pelo menos. E, com
isso, aos meus quadros, resultado delas. E
depois aos outros, que a eles se expõem.
Qual a influência da teoria da
relatividade?
Einstein mostrou que existe muito mais que
a realidade aparente, geralmente desligado
da experiência quotidiana, algo que o
Homem sempre sentiu, sempre soube, e
que geralmente designa por Divino. O
que é fixo não é o que pensávamos, o que
é variável também não. E se cada um tem o
seu tempo, também tem a sua realidade e as
suas emoções. O Homem já sabia, mas com
Einstein esse conhecimento, ou sentimento,
tem uma realidade mais concreta,
demonstrável em termos matemáticos.
E porquê o princípio da incerteza?
A física quântica e, especialmente, o
princípio da incerteza de Heisenberg,
indiciam, obrigam mesmo, a que deva
sempre existir algum grau de liberdade
mesmo nos sistemas mais estruturados.
E que, da mesma forma, os estados
emocionais são regidos por probabilidades,
ou seja, por incertezas, flutuantes, voláteis,
conflituantes, à espera de se tornarem
concretos. Deve ser por isso que quase todos
os meus trabalhos demonstram, ao longo
When did you begin to paint your future
mirrors?
I think I have been doing it since the beginning. At that time I did not realize it
but, more recently, I discovered that has
my work has been very influenced by a
few scientific theories of the beginning of
last century, especially Einstein´s Relativity
Theory, Heisenberg´s Uncertainty Principle and Schrödinger´s Equation. That happened probably because I started to paint
just a few months after becoming acquainted with them, while studying electronics
and telecommunication engineering. The
influence does not derive from their physical meaning, or of their goal to explain the
universe, but of their adaptation to human
emotions and mind structure or at least to
my own emotions. Due to that they influence my work, which is their result. And
so they affect everybody who come and see
the paintings.
What is the influence of the Relativity
Theory?
Einstein showed that there is much more
beyond the apparent reality. This is something that Man knows from the beginning
of time and usually classifies as The Divine. Einstein found that what is fixed is
not what we thought and what is variable
is also different of what we thought. If each
one has its own time, it also has its own reality and emotions. Man already knew that
but, since Einstein, this knowledge became
more real, even mathematically proved.
And why the Uncertainty Principle?
Quantum Physics, especially Heisenberg´s
Uncertainty Principle, implies that there
must always be some freedom, even in the
most structured systems. In the same way,
emotional states are ruled by probabilities,
and by uncertainties. That´s why they are
volatile, always floating and conflicting.
Probably due to that, my work shows during the process of creation, a kind of self
will. I never resist to the force from the
painting itself. This uncertainty is an integral part of my work because the curvature
of the creative space time makes me exist in
an apparent straight line.
23
do processo da sua criação, uma aparente
vontade própria, vontade a que eu nunca
resisto. Essa incerteza faz parte integrante
do meu trabalho pois a curvatura do espaço
tempo criativo faz-me existir em aparente
percurso rectilíneo.
Portanto o seu trabalho, figurativo e
concreto, tem muito de casual.
Talvez se possa dizer assim. O terceiro
pilar dos espelhos futuros é a equação de
Schrödinger, ou o facto de ninguém saber
onde está o seu gato. Schrödinger dizia que
estava em toda a parte, pelo menos até o
vermos e determinarmos a sua localização
exacta. E assim é impossível sabermos o
nosso estado emocional antes de tentarmos
determiná-lo. A mente humana vive, na
maior parte do tempo, uma totalidade
de emoções permanentes, simultâneas
e desencontradas. Como o gato de
Schrödinger a mente existe em todos os
estados emocionais até nos apercebermos
da posição dominante numa dada altura.
Logo após a exposição aos meus trabalhos,
o espectador descobre o que sente.
Assim os seus quadros destinam-se a ser
sentidos em vez de compreendidos?
Os meus trabalhos existem para serem
sentidos, muito mais que para serem
compreendidos. Para facilitar esse efeito
é preciso abstrair e controlar a tendência
humana de tentar compreender porque,
infelizmente, essa tentativa interfere com
a capacidade de nos emocionarmos. As
pessoas sentem diferentes emoções, em
diferentes olhares. Parte do meu trabalho
é muito subconsciente. Outra parte tem
origem em coisas mais identificáveis. Mas
isso não é a explicação do quadro, é apenas
uma das suas origens.
Os quadros parecem contar histórias e
as pessoas tentam compreendê-los. Não
significam nada?
Respondo-lhe como Dali. Todos os meus
trabalhos têm significado mesmo que nem
eu saiba qual é durante algum tempo.
24
So, your work, figurative and concrete,
has a lot of unexpected?
Maybe that is the way to put it. The third
pillar of future mirrors is Schrödinger´s
Equation, or the fact that nobody knows
where his cat is. Schrödinger would say it
is everywhere, at least until we see it and
become aware of its position. It is also impossible to know our emotional state until
we attempt to determine it. This process
changes the emotion we are trying to determine. The human mind exists in a state
of global emotions, permanent, simultaneous and conflicting. Like Schrödinger´s
cat, the mind exists simultaneously in every emotion until we find out which one is
dominant. Soon after being exposed to my
work each spectator finds out its emotional
state.
So your work is meant to be felt instead
to be understood?
Yes, my work with future mirrors is meant
to be felt rather than to be understood. To
allow this the spectator needs to abstract
himself from rational analysis, a human
tendency, because it generally prevents feelings. With each glance, people will feel different emotions in the near future. A part
of my work is very subconscious. The other part has its origins in more real things.
But those do not give the explanation for
the painting. They are just one of their origins.
Your paintings seem to tell stories and
people try to understand them. Don’t
they mean anything?
I will answer you like Dali. All my work
has a meaning even if it takes me a while to
know what it is.
O Divino e o Homem
Divine and Man
Entrevista sobre a exposição “O Divino e o Homem” em Julho de 2005 no Feijó, Almada
Interview about the exhibition “Divine and Man”, July 2005, Feijó, Almada
Tem afirmado que os seus quadros têm
muito de casual. Começa com a tela em
branco?
Há algum tempo perguntaram-me o que
sentia quando olhava para uma tela em
branco. Foi uma pergunta interessante
porque eu nunca tinha olhado para uma
tela em branco e ainda não olhei. A maior
parte do meu trabalho ocorre na mente
e apenas em parte se trata de realmente
pintar, no sentido de espalhar tinta sobre a
tela. Assim, apenas começo a pintar quando
me surge uma imagem que considero
valer a pena tentar trabalhar. São imagens
geralmente muito bem definidas, com
todos os detalhes.
Nesse caso, qual o espaço do acaso ou da
incerteza?
Começo sempre com uma imagem bem
definida, ou pelo menos a parte fulcral da
imagem bem definida. Mas ao longo do
trabalho acontecem sempre duas coisas.
Por um lado, a imagem mental vai-se
esbatendo, pelo que o resultado final nunca
é a imagem inicial. Por outro, o quadro
ganha vida própria e força as cores, as
texturas e, por vezes, toda a imagem, para
onde tem maior propensão. Assim, embora
apenas comece quando tenho uma imagem
definida, o resultado é incerto e depende
de forças quânticas muito fortes a que não
consigo resistir.
Faz desenhos preparatórios para fixar a
imagem?
Por vezes, não muitas vezes. Porque a
You say that your paintings are a lot influenced by chance. Do you start with a
blank canvas?
Some time ago someone asked me what I
feel while looking at a blank canvas. It was
an interesting question because I had never looked at a blank canvas. For the most
part, my work really happens in the mind,
and just a smaller part consists of applying
paint or working with brushes. I only start
painting, with a brush in my hand, when I
already have an image which I think may
be worth it. These images are usually well
defined, with details and colors.
If so, what is the role of chance?
I always start with a well defined and complete image or, at least, a well defined central theme. But then, two things always
happen. Very soon the mental image starts
to dissolve, which leads to the fact that the
end result is never what it was supposed to
be in the beginning. On the other hand,
the image, the painting, conquers a life
of its own which forces the colours, the
textures and sometimes the whole image.
So, although I always start with a defined
image, the result is very uncertain and depends on quantum forces to which I have
never been able to resist.
Do you make preliminary drawings in
order to obtain a more permanent image?
Sometimes I do, but not often. Because this
quantum effect also exists during prelimi25
imagem tem uma grande propensão para
se dissolver rapidamente, os trabalhos
preliminares não evitam a incerteza. Penso
que nem a atenuam, apenas podem levar o
trabalho para outro caminho.
Então as imagens são totalmente
inspiradas?
A maior parte delas surgem como visões,
como uma ideia repentina, totalmente
formada, em cores e detalhes, sem aparente
razão. Outras vezes surgem porque algo
externo as provoca, por associação mais
consciente. Mas nem sempre são completas.
Por vezes a imagem inicial é parcial, com
uma parte muito difusa e mais difícil de
fixar. De qualquer forma são resultado do
trabalho mental de pintar.
Sonha essas imagens?
Não. Que me lembre só sonhei duas
imagens, uma das quais transportei para
a tela. Geralmente são sonhos acordados,
que tendem a dissolver-se rapidamente e se
tornam muito difusos, mas só desaparecem
totalmente quando são pintados.
Assim o resultado final nunca pode ser o
que espera.
É verdade. Por vezes é deprimente e por vezes
é impossível. Mas trabalho para aquelas
muito raras vezes em que o resultado supera
a imagem inicial.
nary work and the image has a strong propensity to dissolve. That would not eliminate the uncertainty. It would just force the
work in other directions.
In that case your images are totally the
result of inspiration?
They usually appear like visions, like a good
idea that seems to appear from nowhere,
completely formed in colours and details,
without apparent reasons. Other times they
come because an external event conjures
them. And they are not always complete.
From time to time I only have part of the
image, and the rest is very diffuse, difficult
to get. Anyway, they are the result of a lot
of mental painting work.
Do you dream your images?
No. As far as I know, it only happened
twice, and I only used one of them. Usually
they are more like awake dreams, images
that dissolve themselves very quickly, but
only disappear from my conscious mind
when I paint them.
And so the end result is never what you
expect.
That’s true. Sometimes it is very depressing
and other times it is impossible. But I work
for those rare times when the result is better
than the original image.
Sem título, Untitled
2003, 42 cm x 30 cm, Tinta da china sobre papel, Indian ink on paper
26
27
Obra pintada
Painted works
1979 a 1999 (selecção, selection)
28
29
Criança sem culpa admirando o túmulo do mundo morto
Blameless child looking at the tomb of the dead world
A árvore de sangue
The blood tree
1979, 37 cm x 58 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção do Artista, Artist Collection
1979, 43 cm x 61 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção do Artista, Artist Collection
30
Esta foi a primeira experiência de Aristides
Meneses com a técnica de pintura a óleo
sobre tela, pintada enquanto frequentava o
terceiro ano da licenciatura em Engenharia
de Electrónica e Telecomunicações.
Aristides Meneses first attempt with oil
on canvas technique was painted in his
room while attending the third year of
his Electronic and Telecommunications
Engineering dregree.
As figuras esguias, à esquerda, são a
reprodução de esculturas em madeira,
executadas por si no ano anterior, inspiradas
nas esculturas etruscas que vira nas suas
viagens.
The slender figures at the left are a
reproduction of sculptures in wood, made
by himself the previous year and inspired
by the Etruscan sculptures he saw on his
trips.
A cruz, ainda a sangrar, parece indicar
que, apesar do título, o mundo não está
realmente morto.
The cross, still bleeding, seems to imply
that, besides the title of the painting, the
world is not really dead.
O segundo trabalho a óleo sobre tela,
poucos dias após a primeira experiência,
apresenta motivos agressivos, cores fortes
e um ambiente que parece situar-nos num
espaço algures entre a vida e a morte.
The second work with oil on canvas, a few
days after the first experience, shows violent
lines, strong colours and an environment
that seems to lead us to a place between life
and death.
31
A ilha
The island
1979, 56 cm x 41,5 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção do Artista, Artist Collection
32
No ambiente dúbio entre a vida e a morte,
surge algo positivo mas aparentemente
inacessível. Aristides Meneses colocou a sua
ilha no ramo de uma enorme árvore, ela
própria com grandes sinais de degradação,
como mostra o forte tronco reduzido a uma
casca muito carcomida.
In the dubious environment between
life and death, something positive but
apparently inaccessible appears. Aristides
Meneses placed his island on a branch of a
huge tree, itself with clear signs of decline,
with the strong trunk reduced to an eaten
shell.
À semelhança dos dois anteriores, também
este quadro mostra fluídos em movimento.
Parece representar sangue ou seiva, mas
o pintor sempre recusou a existência de
símbolos nos seus quadros, afirmando
inúmeras vezes que pinta os objectos
despojados do seu eventual significado
simbólico.
As in the two previous paintings, this one
also shows moving fluids. They seem to
represent blood or sap, but the painter
always refused the existence of symbols
in his paintings, claiming to paint objects
without their eventual symbolic meaning.
33
Mensageiro de Deus observando a Sua obra
God messenger admiring His work
Filósofo às escuras
Philosopher in the dark
1980, 55 cm x 94,5 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção Particular, Private Collection
1980, 28 cm x 46 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção do Artista, Artist Collection
34
O divino, no sentido da criação, surge aqui
através do mensageiro que, aparentemente,
assume aqui apenas o papel de observador.
The divine, in the sense of Creation, appears
here in the form of the messenger of God
and assuming an observer role.
Aristides Meneses coloca os três seres
humanos como prisioneiros, obviamente
mais interessados no que as ondas acabam
de trazer do que no mensageiro de Deus.
Aristides Meneses paints the three human
beings as prisoners, obviously more
interested in whatever the waves had just
brought than in God´s messenger.
Todo o tema realça a enorme contradição
entre a existência de um filósofo,
entidade que procura a luz, no sentido do
conhecimento, e o ambiente de penumbra,
fortemente escurecido. No exterior existe
mais luminosidade, como se pode observar
pela transparência da cortina que o filósofo
prefere manter corrida.
The whole painting shows the enormous
contradiction between the existence
of a philosopher, someone looking for
light, in the sense of knowledge, and the
environment of heavy penumbra. Outside
there is more light, as one can see through
the curtain, which the philosopher prefers
to keep closed.
35
Arisana
Arisana
1980, 57 cm x 38 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção do Artista, Artist Collection
A influência da ascendência asiática, goesa,
de Aristides Meneses, revela-se aqui de
forma clara. Luz, levitação, meditação e
aparente paz interior são motivos e temas
a que o artista regressa com frequência em
toda a sua obra.
36
The influence of Asian, Goan, ascendancy,
of Aristides Meneses, is clearly revealed here.
Light, levitation, meditation and apparent
inner peace are recurrent motives to which
the painter very often returns.
37
O beijo
The kiss
1980, 9 cm x 14,5 cm
Óleo sobre tela,
Oil on canvas
Colecção do Artista, Artist Collection
Primeira aparição do cabeça de ovo ainda disfarçado
First apparition of Egg head still under disguise
1980, 47,5 cm x 85 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção Particular, Private Collection
Nascimento de um estranho ser
Birth of a peculiar being
1981, 58 cm x 45 cm
Óleo sobre tela,
Oil on canvas
Colecção Particular, Private Collection
O título da obra refere-se à figura central,
com um manto azul escuro, carregando o
que parece ser um machado. O ambiente
agreste e a árvore retorcida são elementos
que surgem frequentemente ao longo da
sua obra.
A partir de 2003 os personagens encarnados
e azuis que povoam este quadro aproximamse repentinamente, crescem e passam a
ocupar todo o espaço. Veja-se especialmente
“A família original”, “E depois foi-se
embora”, “A morte prematura” ou “Casal
improvável”.
38
The title of this work makes reference to
the central figure, in a dark blue gown
carrying what seems to be an axe. The
aggressive environment and the twisted tree
are frequent elements in his works.
Since 2003 the blue and red personages
who appear in the background, suddenly
come to the front of the painting, grow and
fill all the space. See especially “The original
family”, “Premature death” “And then he
went away” or “Improbable couple”.
39
Um anjo acaba de morrer
An angel just died
Tchaikovskyano
Tchaikovsky like
1981, 59 cm x 96 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção do Artista, Artist Collection
1981, 60 cm x 95 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção Particular, Private Collection
40
A árvore à esquerda, na realidade uma única
folha destruída pelo tempo, é um elemento
que virá a surgir mais vezes no mundo de
Aristides Meneses.
The tree on the left, in reality just a leaf
destroyed by the passage of time, is an
element that will appear other times in
Aristides Meneses world.
Trata-se de uma folha real, encontrada por
ele tal como é apresentada nesta pintura, no
chão de uma varanda num dia de Outono.
Colocou-a numa pequena base por forma
a que a folha ficasse na posição mostrada
e assim a teve durante alguns anos, até que
a folha se desfez totalmente. Ainda existia
em 1984, quando o pintor a utilizou no
quadro “Multiplicação da personalidade
provocada pelo aparecimento de um peixe
encarnado”. Em 2004, vinte anos depois e
já há muito desaparecida, foi utilizada em
grande formato em “Gabriel logo após a
mensagem”.
The leaf was a real one, found by the
artist as reproduced here on the floor
of a porch on an Autumn day. He put it
on a pedestal to make it stand like a tree
and kept it for several years, until it was
totally disintegrated. It still existed in 1984
when the artist painted ”Multiplication of
Personality provoked by the appearance of
a red fish”. In 2004, twenty years later and
long gone, it became the central figure in
“Gabriel soon after the message”.
O templo em ruínas é uma memória de um
templo que o pintor visitara, quatro anos
antes, em Roma.
The temple in ruins is a memory of a
temple the painter visited, four years earlier,
in Rome.
41
Rocha a ganhar vida na praia encantada
Rock becoming alive on the enchanted beach
Prisioneiros
Prisoners
1983, 31 cm x 45,5 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção Particular, Private Collection
1982, 70 cm x 95 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção do Artista, Artist Collection
Esta rocha foi inspirada numa outra que
existe de facto na Praia de Porto Covo onde
o pintor se deslocou por diversas vezes no
período de 1974 a 1985.
42
This rock was inspired by another one that
really exists at Porto Covo beach which
Aristides Meneses often visited between
1974 and 1985.
43
Apátridas
Deprived of Homeland
1982, 47 cm x 40 cm
Óleo sobre tela,
Oil on canvas
Colecção do Artista, Artist Collection
Auto-retrato
Self-Portrait
De guarda à porta da aldeia
Standing guard at the village door
1983, 27 cm x 37 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção Particular, Private Collection
1983, 18 cm x 11,5 cm
Óleo sobre tela,
Oil on canvas
Colecção do Artista, Artist Collection
Prisão imaginária
Imaginary prison
1983, 50 cm x 35 cm
Óleo sobre tela,
Oil on canvas
Colecção Particular, Private Collection
44
45
Auto-retrato com cem anos
Self-Portrait at one hundred years
1983, 126 cm x 93 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção do Artista, Artist Collection
Um auto-retrato em tamanho natural, com
o próprio artista a posar frente a um espelho
e a medir-se a si próprio. A vista não é a do
espelho mas sim a de um observador que
estivesse no seu lugar. Aristides Meneses
tinha, na altura, 25 anos.
46
This is a selft portrait in real dimensions,
with the artist in front of a mirror measuring
himself. The view is not the one given by
the mirror but from someone standing in
its place. Aristides Meneses was 25 years
old at the time.
47
Desintegração anti-fotónica de um morango
Anti photonic disintegration of a strawberry
1983, 126,5 cm x 94,5 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção Particular, Private Collection
A desintegração anti-fotónica é a principal
referência explícita na obra de Aristides
Meneses às teorias da relatividade e à física
quântica. O anti-fotão é sempre negro,
como gotas de escuridão, por oposição ao
fotão, que pode ser compreendido como
partículas de luz.
48
The anti photonic disintegration is the main
explicit reference to the theory of relativity
and quantum physics. The anti photon is
always black, like drops of darkness, while
the photon can be understood as a particle
of light.
49
Invenção da vida
The invention of life
1983, 89,5 cm x 173 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção do Artista, Artist Collection
Diogenes no deserto com os seus fantasmas
Diogenes in the desert with his ghosts
1984, 88 cm x 126 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção do Artista, Artist Collection
50
Diogenes de Sinope é o personagem mais
frequente do mundo pictórico de Aristides
Meneses, surgindo em diversos quadros ao
longo de toda a sua obra.
Diogenes of Sinope is the personage most
frequent in all the painted world of Aristides
Meneses, appearing in many paintings in
all his work.
Aqui Diogenes está sozinho, como
habitualmente, no deserto, cercado por
figuras dos seus próprios pesadelos. À
esquerda vemos o Cabeça de Ovo, outro
personagem frequente. Seguir-se-lhe-íam os
pequenos formatos “Diogenes no deserto”,
“Diogenes à chuva” e “Diogenes quase a
desistir”, em rápida sucessão.
Here Diogenes is alone, as usually, in the
desert, surrounded by figures from his own
nightmares. On the left we see the Egg head,
another frequent personage. This painting
would be followed, in rapid succession, by
“Diogenes in the desert”, “Diogenes in the
rain” and “Diogenes almost quitting”.
51
Rocha perfeitamente normal com um profundo
desgosto
Absolutely normal rock with a deep sorrow
1984, 27 cm x 34 cm
Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção do Artista, Artist Collection
Diogenes no deserto
Diogenes in the desert
1984, 34 cm x 27 cm
Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção do Artista, Artist Collection
Cipreste azul
Blue Cypress Tree
1984, 35 cm x 27 cm
Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção do Artista, Artist Collection
Diogenes à chuva
Diogenes in the rain
1984, 35 cm x 27 cm
Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção do Artista, Artist Collection
Diogenes quase a desistir
Diogenes almost quitting
1984, 20 cm x 15 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas, Colecção do Artista, Artist Collection
52
53
Esperando à janela
Waiting by the window
1984, 35 cm x 27 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção do Artista, Artist Collection
54
55
À espera
Waiting
1984, 34,5 cm x 27 cm
Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção do Artista
Artist Collection
Renascimento
Rebirth
1984, 32 cm x 40 cm
Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção do Artista
Artist Collection
Morte e transfiguração
Death and transfiguration
1984, 68 cm x 53,5 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas, Colecção do Artista, Artist Collection
56
57
Multiplicação da personalidade provocada pelo aparecimento de um peixe encarnado
Multiplication of personality provoked by the appearance of a red fish
1984, 126 cm x 93,5 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção do Artista, Artist Collection
58
Aristides Meneses usa neste quadro um
edifício de múltipla perspectiva de uma
gravura de M. C. Escher.
Aristides Meneses uses a building from
an engraving by M. C. Escher, in this
painting.
Novamente surge a folha em decomposição,
nesta altura ainda existente.
Again there is the decomposing leaf, which
still existed at the time.
Pela figura central este quadro pode ser visto
em conjunto com “Esperando à janela” e
“Esperando”, todos de 1984.
Due to the central figure, this painting can
be seen with “Waiting by the window” and
“Waiting”, all dated 1984.
59
Visita à gruta encantada
Visiting the enchanted cave
1985, 126 cm x 95 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção do Artista, Artist Collection
A gruta na praia encantada é uma referência
à praia de Porto Covo, que Aristides
Meneses visitou por muitas vezes.
60
The cave on the enchanted beach is a
reference to the beach at the small village of
Porto Covo beach which Aristides Meneses
often visited.
61
Índia
India
1985, 126 cm x 93 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção do Artista, Artist Collection
62
63
Aparição do espírito de um piano
Apparition of a piano ghost
1985, 45 cm x 35 cm
Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção do Artista, Artist Collection
Dois robots a jogar xadrez
Two robots playing chess
1986, 17 cm x 21,5 cm
Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção do Artista, Artist Collection
Piquenique dos anjos
Picnic of the angels
1991, 35 cm x 25,5 cm
Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção Particular, Private Collection
64
65
O iluminador
The illuminator
1992, 35 cm x 27 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção do Artista, Artist Collection
66
67
Passeio na praia
Walk by the beach
1995, 61 cm x 50 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção Particular, Private Collection
68
69
Prato
Plate
1995, 65 cm x 50 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção Particular, Private Collection
70
71
Árvore de Natal resistindo a três anti-fotões
Christmas tree resisting three anti photons
1995, 65 cm x 50 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção Particular, Private Collection
72
73
Obra pintada
Painted works
2000 a 2005 (completa, complete)
74
75
Lua encarnada
Red moon
2000, 100 cm x 70 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
76
77
De guarda à porta dos sonhos
Standing guard at the door of dreams
2001, 100 cm x 70 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
As aberturas para mundos melhores
são uma constante da obra de Aristides
Meneses, sob a forma de janelas ou portas,
sempre com alguém “de guarda” ou “à
espera”. Sem dúvida uma influência da
utilização das janelas e exteriores na pintura
do renascimento, são também indiciadores
de uma mente em permanente procura.
78
The open ways to better worlds are constant
in Aristides Meneses work, under the form
of windows or doors, always with someone
“standing guard” or “waiting”. Undoubtedly
an influence from the renaissance, they are
also an indication of a mind always looking
for something.
79
Tapete voador
Flying carpet
Levitação provocada por profunda meditação
Levitation provoked by deep meditation
2002, 25 cm x 35 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção Particular, Private Collection
2003, 81 cm x 100 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Este quadro foi executado para ser a
ilustração da capa do livro “Estratégias de
e-Business em Portugal”, um livro na área
da gestão empresarial, publicado no mesmo
ano. Na ilustração para o livro o fundo não
existia, sendo um acabamento posterior.
80
This painting was executed to be the cover
illustration of the management book “eBusiness strategies in Portugal”, edited that
year. For the book the background was
never painted, being a later development.
Aristides Meneses volta aqui ao tema da
meditação e da levitação, influenciado pela
cultura hindu. Esta obra é uma referência
explícita ao hinduismo pela inclusão do
Linga, levitando, símbolo de Shiva.
Aristides Meneses returns to the subject of
meditation and levitation influenced by the
Hindu culture. This painting is an explicit
reference to Hinduism by the inclusion of
the levitating Linga, symbol of Shiva.
81
A Sua infinita paciência esgotou-se outra vez
His infinite patience run out again
2003, 100 cm x 70 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção Particular, Private Collection
82
83
Mutação de um dinossauro ao sol da manhã
Dinosaur mutation in the morning sun
O pai e a mãe zangados na praia
Father and mother angry on the beach
2003, 24 cm x 33 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção Particular, Private Collection
2003, 24 cm x 33 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção Particular, Private Collection
Aristides Meneses contou que viu esta
imagem no chão da sua varanda numa
manhã do final do Verão de 2003. A folha
de figueira secou e encarquilhou, enquanto
o quadro foi executado, mas o dinossauro
sobreviveu.
84
Aristides Meneses tells us he saw this image
on the floor of his porch at the end summer
morning in 2003. The fig tree leaf dried and
curled while the paint was finished, but the
dinosaur survived.
O título deste quadro foi decidido pelo filho
do pintor, então com seis anos, quando o
viu pela primeira vez, já acabado.
The title of this painting was decided by
the artist son, who was six years old at the
time, when he saw it for the first time.
Foi aqui que estes personagens começaram
a surgir, vindo a reaparecer com alguma
frequência nos anos seguintes.
It was the first time these personages
appeared. They would appear more often
the following years.
85
A família original
The original family
2003, 35 cm x 25 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção Particular, Private Collection
Vinte e três anos depois de terem surgido
pela primeira vez em “Primeira aparição
do cabeça de ovo ainda disfarçado”,
estes personagens secundários assumem
dimensões grandiosas e multiplicar-se-íam
rapidamente em diversos quadros nos anos
seguintes.
86
Twenty three years after they appeared for
the first time in “First apparition of Egg
head still under disguise” these secondary
personages assume grandiose dimensions
and they would quickly multiply in many
paintings the following years.
87
O rio da antiga fronteira
The river of the ancient frontier
2003, 100 cm x 162 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
O festim
The private feast
2003, 25 cm x 35 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção Particular, Private Collection
Poucos meses depois de “O pai e a mãe
zangados na praia” é executada esta obra,
em grande formato, com os mesmos
personagens.
88
A few months after “Father and mother
angry on the beach” this painting was
executed, with the same personages.
Num ambiente onírico, uma formiga
encontra migalhas de bolacha iluminadas
por um forte holofote. A cena é real e, apesar
de não intencional, foi provocada pelo
pintor a comer bolachas no seu jardim.
In a dream like environment an ant finds
cookies crumbs under a strong searchligth.
This was a real scene and, although not
intentionally, it was provoked by the painter
eating some cookies in his garden.
89
Não veio ninguém
Nobody come
A nau
The vessel
2003, 24 cm x 30 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção Particular, Private Collection
2003, 81 cm x 100 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Esta foi a primeira vez que Aristides
Meneses pintou uma pura paisagem, sem
personagens. O título refere-se ao facto de
a ideia inicial incluir alguém, que não terá
aparecido.
90
This was the first time Aristides Meneses
painted a pure landscape, without any
personage. The title refers to the fact that
the original idea included someone who
did not show up.
Um conjunto de auto ilusões, que se estende
ao próprio título do quadro. O remador
rema em terra. A jovem passeia num barco
parado. Diogenes esforça-se por iluminar o
dia. E o pintor pintou um bote.
A group of dellusions that includes the
painter. The boatman paddles on dry land.
The girl travels in a boat which does not
move. Diogenes tries to iluminate dayligth.
And the painter painted a small boat.
A capacidade humana para a auto ilusão
tem sido um tema muito trabalhado por
Aristides Meneses, surgindo muitas vezes
ao longo de toda a sua obra.
The capacity for human dellusions is a
subject that Aristides Meneses likes to work
on.
91
No lugar da antiga cratera
At the ancient crater place
2003, 100 cm x 81 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção Particular, Private Collection
92
Demasiado perto do sol
Too much near the sun
2003, 100 cm x 81 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção Particular, Private Collection
93
E depois foi-se embora
And then he went away
2003, 100 cm x 81 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção Particular, Private Collection
Os novos personagens de Aristides Meneses
ganham aqui importância plena, ocupando
todo o espaço. A figura central abre os olhos,
como que a ganhar o poder da visão ou do
conhecimento. E depois vai-se embora,
talvez por causa disso.
94
The new personages in Aristides Meneses
world get a new importance here, occupying
all the available space. The main figure
in the central position opens its eyes as if
getting the sense of vision or knowledge.
And then he goes away, maybe because of
that.
95
O ninho voador
Flying nest
A jangada
The raft
2004, 81 cm x 100 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
2003, 81 cm x 100 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
O tema está tratado da forma ambígua
habitual na obra de Aristides Meneses.
Mas neste caso trata-se obviamente de um
náufrago, alguém a quem algo de mau
aconteceu, mas também de um sobrevivente.
Mais significativa é a forma da onda,
claramente a rebentar na praia, indicando
que o náufrago está quase a salvo.
96
The subject is painted with the register
of ambiguity that characterizes Aristides
Meneses work. But in this case it is,
obviously, someone to whom something
horrible has happened, but who is also a
survivor. More significant is the form of
the wave, clearly reaching shore on a beach,
indicating the man is almost safe.
97
Pesadelo inofensivo
Harmless nightmare
Mau prenúncio na praia dos flamingos
Bad presage in the flamingo beach
2004, 81 cm x 100 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
2004, 81 cm x 100 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Este quadro foi pintado pouco antes do
terramoto e consequente tsunami na Ásia,
no Natal de 2004. O artista insiste que se
trata de um prenúncio desse desastre.
98
This work was done a short time before the
earthquake that affected Asia and caused
the 2004 tsunami. The painter insists it was
a premonition of the disaster.
99
Romancista nas nuvens
Novelist in the clouds
2004, 25 cm x 37 cm
Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção Particular, Private Collection
Sobrevivendo à tempestade
Surviving the tempest
2004, 35 cm x 27 cm
Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção Particular, Private Collection
O incêndio das almas
The fire of the souls
2004, 35 cm x 27 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas, Colecção Particular, Private Collection
100
101
Luta interior
Inner struggle
2004, 100 cm x 162 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Guerra e Paz
War and peace
Trata-se de um dos quadros mais alegóricos
de Aristides Meneses, cuja chave se encontra
no título. Duas fortes emoções conflituosas
lutam para ganhar domínio. Diogenes
está expectante. Como na vida real, se o
conflito não for resolvido virá a demência.
Trata-se da ideia de emoções conflituosas
simultâneas a que o pintor muitas vezes se
refere como sendo a essência da condição
humana. A paisagem da cena é semelhante à
do quadro “Não veio ninguém”, de 2003.
102
This is one of the most allegoric paintings,
whose key is in the title. Two strong
conflicting emotions fight for the supremacy
of the mind. Diogenes is expecting for
the resolution of it. As in real life, if the
conflict can not be resolved soon, the mind
will become dement. This is the idea of
conflicting simultaneous emotions that the
painter refers to as being the essence of the
human condition. The landscape is similar
to the one in “Nobody came” (2003).
2004, 81 cm x 100 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção Particular, Private Collection
Este foi o único quadro com que alguma
vez Aristides Meneses realmente sonhou.
O título surgiu no momento em que foi
exposto pela primeira vez quando o pintor
reparou que a metade esquerda contém
uma paisagem pacífica e a metade direita
uma cena violenta, mas ambas estão em
aparente equilíbrio.
This was the only painted image from
a dream. The title appeared while the
painting was about to be exhibited for the
first time, when the painter noticed that
the left half contains a very peaceful scene
and the right half a very violent one, both
in equilibrium.
103
Passeio ao fim da tarde
Stroll by the afternoon end
2004, 37 cm x 25 cm
Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção Particular, Private Collection
Maré baixa
Low tide
Materialização de um anjo da guarda
Materialization of a guardian angel
Buraco negro
Black hole
2004, 37 cm x 25 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção Particular, Private Collection
2004, 37 cm x 25 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
2004, 37 cm x 25 cm
Óleo sobre tela, Oil on canvas
Enigma psicanalítico
Psychoanalytic enigma
2004, 37 cm x 25 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção Particular, Private Collection
104
105
Os anjos estão a vencer
Angels are winning
2004, 25 cm x 37 cm
Óleo sobre tela, Oil on canvas
O lago do cisne
The swan lake
Rouxinol eremita
Eremite nightingale
2004, 37 cm x 25 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Três filósofos tentando
desvendar o enigma psicanalítico
Three philosophers trying to
unveil the psychoanalytic enigma
2004, 100 cm x 81 cm
Óleo sobre tela, Oil on canvas
2004, 37 cm x 25 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção Particular, Private Collection
Período de férias
Holidays
Armadilha para seres voadores
Trap for flying beings
2004, 37 cm x 25 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
2004, 100 cm x 81 cm
Óleo sobre tela, Oil on canvas
106
107
Levitação familiar
Familiar levitation
2004, 100 cm x 81 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Estes personagens, que surgiram no ano
anterior, ganham agora grande dimensão,
pela primeira vez, a ponto de ocuparem
todo o espaço. Veja-se, no ano seguinte,
“Aprendendo a levitar”.
108
These personages who appeared for the
first time the previous year, gain now full
dimensions and occupy the whole space.
See also “Learning how to levitate”, the
following year.
109
Gabriel logo após a mensagem
Gabriel soon after the message
2004, 100 cm x 81 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
110
Aristides Meneses regressa à folha em
decomposição, que aqui assume o papel
central. O tema do quadro aparece relegado
para uma posição e dimensão marginais, no
canto inferior direito.
Aristides Meneses returns to his
decomposing leaf, here in monumental size
and aspiring the leading role. The subject of
the painting, judging by its title, is relegated
to a corner, with small relative dimensions.
Ao desaparecer, o anjo desintegra-se,
naturalmente, em anti-fotões. Ao aparecer
o anjo materializa-se num feixe de luz,
como em “Materialização de um anjo da
guarda”, do mesmo ano.
While going away the angel disintegrates
in anti photons. While appearing it
materializes in an explosion of light as in
“Materialization of a guardin angel”, the
same year.
111
Demasiado cedo para saber
Too soon to know
2004, 100 cm x 81 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
112
113
O fim prematuro
Premature end
2004, 100 cm x 81 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
114
115
O covil
The burrow
2004, 100 cm x 162 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Bando de malfeitores na orla da floresta
Group of malefactors at the forest border
2004, 100 cm x 81 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção Particular, Private Collection
Este trabalho junta, como malfeitores,
um conjunto de personagens principais e
secundários de diversos quadros anteriores,
alguns recuando mais de duas décadas.
A pintura das árvores da floresta segue as
linhas das experiências com tinta da china
pintada e soprada sobre papel.
116
This work joins, as malefactors, a fair
number of personages from previous
paintings some of them dating back more
than twenty years. The format of the forest
trees follows Aristides Meneses experiences
with Indian ink painted and blown on
paper.
Depois de ler “O Covil” de Franz Kafka,
Aristides Meneses fez diversas tentativas
mal sucedidas e incompletas para pintar
este quadro, algumas com aspecto bem
diverso e foram destruídos.
After reading “The Burrow “ by Franz
Kafka, Aristides Meneses attempted a few
times to do this painting, but without
successs. Some had a very different result
and were abandoned.
A cena é facilmente identificável como
aquela em que o personagem de Kafka sai
do seu covil e se esconde cá fora a olhar para
a sua própria entrada, para verificar se esta
passa despercebida aos outros.
The scene is easy to identify as the one when
Kafka personage comes out of its burrow,
hiding and looking at its own entrance, to
see if it is not noticed by others.
117
À procura das crianças
Looking for the children
2004, 100 cm x 81 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção Particular, Private Collection
Duas mulheres descalças, ocupando quase
todo o espaço estão, de lanterna na mão,
à procura de algo. Ambas são de idade
avançada, com rostos e posturas marcados
pelo sofrimento. Apenas o título nos informa
do objecto da sua procura. As lanternas são
as que Aristides Meneses costuma colocar
nas mãos de Diogenes.
118
Two women, barefoot, occupying almost
the whole space, are with lamps in their
hands, looking for something. Only the
title of the painting informs us about the
subject of their search. The lamps are the
ones usually carried by Diogenes.
119
Ajuda-me pai
Help me father
2004, 100 cm x 81 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
120
Aristides Meneses afirmou uma vez que se
pudesse salvar apenas um quadro de toda a
história da arte salvaria “Cristo carregando
a Cuz” de Bosch.
Aristides Meneses said, once, that if he
could only save one painting from the
whole history of art, he would save Bosch
“Christ carrying the cross”.
Nesta sua interpretação, a face de Cristo é
idêntica à do quadro de Bosch, mas todos
os outros personagens e a temática geral
são totalmente diferentes, retirando-lhe
objectivamente todo o significado religioso.
No imaginário cristão, este significado
mantém-se e é reforçado, mais uma vez de
forma ambígua, pelo título escolhido.
In this interpretation, the leading face is
the same from Bosch but all the others
and the overall subject are totally different,
objectively stripped of all the religious
content. However, for Christians the
meaning is kept and even reinforced, by the
title, in an ambiguous way.
121
Protecção de um anjo da guarda
Protection of a guardian angel
2004, 37 cm x 25 cm
Óleo sobre tela, Oil on canvas
Retrato de Sofia Lúcio
Portrait of Sofia Lúcio
2004, 37 cm x 25 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção Particular, Private Collection
A piroga
The skiff
2004, 25 cm x 35 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Encontro com um anjo da guarda
Meeting the guardian angel
Colibri desesperado
Hummingbird in despair
2004, 37 cm x 25 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
122
2004, 37 cm x 25 cm, Óleo sobre
tela, Oil on canvas
Colecção Particular
Private Collection
123
Sete ilustrações para a história infantil “A sábia figueira velha”
Seven illustrations for the children story “The sage old fig tree“
2005, 7 x 37 cm x 25 cm
Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção Particular, Private Collection
Banda de jazz
Jazz band
2005, 25 cm x 37 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção Particular, Private Collection
124
125
Duelo das vontades
Duel of wills
Cuidado com os ladrões
Mind the thieves
2005, 81 cm x 100 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
2005, 81 cm x 100 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
126
Mousse de chocolate, chantilly, morangos
e avelãs formam a própria paisagem
comestível. O personagem à direita é o
filho do pintor.
Chocolate mousse, cream, strawberries
and hazelnuts make the whole landscape
comestible. The personage at the right is
the son of the painter.
Em 1983 tinha sido executado outro
trabalho contendo os mesmos elementos
comestíveis (mousse de chocolate, chantilly,
morangos) todos numa enorme taça de
vidro, em “Desintegração anti-fotónica de
um morango”.
In 1983 Aristides Meneses had done
another painting with the same comestible
elements in a huge glass cup in “Anti
photonic disintegration of a strawberry”.
Poucas semanas depois deste trabalho, o
personagem em baixo à direita tornar-seía o motivo central de “Ogre devorando o
mundo”.
A few weeks after this work, the personage
at the down right would become the main
character in “Ogre devouring the world”.
127
Retrato de Elisabete Lucas à meia-noite
Portrait of Elisabete Lucas by midnigth
Retrato de Rafael Ribeiro e da sua mente
Portrait of Rafael Ribeiro and his mind
2005, 100 cm x 100 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção Particular, Private Collection
2005, 100 cm x 100 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Colecção Particular, Private Collection
O título refere-se à noite da passagem de
ano de 2004 para 2005.
128
The title refers to the 2005 new year’s eve.
129
Aprendendo a levitar
Learning how to levitate
Ogre devorando o mundo
Ogre devouring the world
2005, 100 cm x 81 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
2005, 100 cm x 81 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
130
131
Tempestade de areia
Sand storm
2005, 25 cm x 37 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Adão e Eva a escapar do paraíso
Adam and Eve escaping from paradise
2005, 100 cm x 81 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
132
Deserto
Desert
2005, 25 cm x 37 cm
Óleo sobre tela
Oil on canvas
133
A dança dos feiticeiros
The wizards dance
À espera da chuva
Waiting for rain
2005, 27 cm x 35 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
2005, 27 cm x 35 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
134
135
Caçadores
Hunters
Equilíbrio petrificado
Petrified equilibrium
2005, 27 cm x 35 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
2005, 27 cm x 35 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
136
137
Escultura petrificada
Petrified sculpture
Predador petrificado
Petrified predator
2005, 27 cm x 35 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
2005, 27 cm x 35 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
138
139
Precário
Precarious
2005, 100 cm x 81 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
Depois dos três quadros em pequeno
formato realizados no Verão de 2005 e
inspirados em seixos da praia equilibrados
em esculturas, Aristides Meneses pintou
esta escultura monumental, totalmente
imaginária.
140
After the three small paintings inspired
on sculptures of beach stones, executed in
the summer of 2005, Aristides Meneses
painted this monumental sculpture, totally
imaginary.
141
A torre de Babel
The Babel tower
2005, 35 cm x 27 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
142
143
Casal improvável
Unlikely couple
2005, 100 cm x 81 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
144
145
Apátrida permanente
Permanently deprived of homeland
2005, 100 cm x 81 cm, Óleo sobre tela, Oil on canvas
146
147
Curriculum vitae
148
149
Curriculum vitae
1958
Aristides Meneses, nasce em Moçambique.
É de ascendência goesa, filho de Mário de
Abreu Ribeiro e de Maria Margarida Pelágia
de Meneses Ribeiro.
1978
Viaja pelo Sul da Europa até à Turquia,
visitando diversos museus, especialmente
em Itália, tomando contacto directo com
as obras da antiguidade e da renascença.
Aristides Meneses was born in Mozambique.
With Goan ascendancy, he is the son
of Mário de Abreu Ribeiro and Maria
Margarida Pelágia de Meneses Ribeiro.
He travels through the south of Europe
as far as Turkey, visiting many museums,
especially in Italy, getting acquainted with
works from antiquity and renascence.
1968 a 1975
Em Lourenço Marques, actual Maputo,
Moçambique, participa em diversas
exposições e concursos de arte infantil
e jovem. Trabalha continuamente em
diversas técnicas, especialmente aguarela,
tinta da china e pastel. Dos trabalhos desta
fase apenas sobreviveu um pequeno pastel
sobre papel, “Oásis”.
1979
Executa a primeira experiência com a
técnica de óleo sobre tela, em “Criança
sem culpa admirando o túmulo do mundo
morto”.
In Lourenço Marques, now Maputo,
Mozambique, he participates in a
few exhibitions for young people. He
continuously works with diverse techniques,
especially watercolour, indian ink and
pastel. Of all those works only one small
painting, “Oasis”, has survived.
1975
Vai viver para Lisboa, Portugal.
He moves to Lisbon, Portugal.
1977
Vai estudar para Aveiro, onde frequenta a
Universidade para se licenciar em Engenharia
de Electrónica e Telecomunicações.
He goes to Aveiro, to study at the University
where he gets a degree in Electronics and
Telecommunications Engineering.
150
Executes the first experience with oil on
canvas, in “Blameless child looking at the
tomb of the dead world”
Foto de/Photo by: Rafael Ribeiro, 2004
1979
Participa no jornal da Associação de
Estudantes da Universidade de Aveiro, com
diversas ilustrações a tinta da china.
Collaborates with the students newspaper
at the University with illustrations with
indian ink on paper.
1979
Funda, juntamente com outros estudantes
com tendências artísticas, o grupo Arte
Universidade na Universidade de Aveiro.
He creates, along with other students, the
Arte Universidade group.
1980
Participa na primeira exposição colectiva
na Universidade de Aveiro, no âmbito do
grupo Arte Universidade.
He enters the first collective exhibition
at
Aveiro University, with the Arte
Universidade group.
1981
Participa na segunda exposição colectiva
em Aveiro no âmbito do grupo Arte
Universidade.
He enters the second exhibition in Aveiro
with the Arte Universidade group.
Enters a few exhibitions with the group
Arte Universidade, including at the Noble
Room at the City Hall and the Ilhavo
Maritime Museum.
1981
Conclui a Licenciatura em Engenharia de
Electrónica e Telecomunicações.
Gets his degree in Electronics and
Telecommunications Engineering.
1982 a 1985
Participa em diversas exposições colectivas
do grupo Arte Universidade na região de
Aveiro, como o Salão Nobre da Câmara
Municipal de Aveiro ou o Museu Marítimo
de Ílhavo.
1981
Volta a viver em Lisboa.
Returns to Lisbon.
151
1984 e 1985
Estuda pintura, frequentando o atelier
experimental da Sociedade Nacional de
Belas Artes em Lisboa.
He learns painting techniques at Sociedade
Nacional de Belas Artes in Lisbon.
2003
Lança o seu site na internet com dezenas de
obras suas.
Launches
his
website
at
www.
aristidesmeneses.com, with dozens of his
paintings.
2004
Expõe individualmente “Visões” na Arte
Galeria no Terreiro do Paço em Lisboa.
Laranjeiro em Almada.
Individual exhibition “Divine and Man” at
Feijó Church near Almada.
2005
Participa na Colectiva de Verão na Arte
Galeria em Lisboa.
He enters a collective summer exhibition at
Arte Galeria in Lisbon.
2005
Torna-se membro da Académie Européenne
des Arts.
Becomes a member
Européenne des Arts.
of
Índice de quadros
Index of paintings
Académie
Individual exhibition “Visions” at Arte
Galeria in Lisbon.
2004
Expõe individualmente no IBM Forum
Lisboa, mostrando obras de 2004.
Individual exhibition at the IBM Forum
Lisboa.
2005
Participa na Colectiva de Inverno na Arte
Galeria em Lisboa.
He enters a collective winter exhibition at
Arte Galeria in Lisbon.
2005
Expõe individualmente “Espelhos Futuros”
na Arte Galeria em Lisboa.
Individual exhibition “Future Mirrors” at
Arte Galeria in Lisbon.
2005
Expõe individualmente “O Divino e
o Homem”, e realiza uma palestra na
inauguração, na Cripta da Igreja de Feijó
152
153
Índice de quadros, index of paintings
A
Absolutely average rock with a deep sorrow 52
Adam and Eve escaping from paradise 132
Adão e Eva a escapar do paraíso 132
Ajuda-me pai 120
And then he went away 94
Angels are winning 107
Anti photonic disintegration of a strawberry 48
An angel just died 40
Aparição do espírito de um piano 64
Apátridas 44
Apátrida permanente 146
Apparition of a piano gost 64
Aprendendo a levitar 130
Arisana 36
Armadilha para seres voadores 107
Árvore de natal resistindo a três anti-fotões 72
At the ancient crater place 92
Auto-retrato 44
Auto-retrato com cem anos 46
A árvore de sangue 31
A dança dos feiticeiros 134
À espera 56
À espera da chuva 135
A família original 86
A ilha 32
A jangada 97
A nau 91
A piroga 123
À procura das crianças 118
A sábia figueira velha 125
A Sua infinita paciência esgotou-se outra vez 82
A torre de Babel 142
D
Death and transfiguration 57
Demasiado cedo para saber 112
Demasiado perto do sol 93
Deprived of Homeland 44
Desert 133
Deserto 133
Desintegração anti-fotónica de um morango 48
De guarda à porta da aldeia 45
De guarda à porta dos sonhos 78
Dinosaur mutation in the morning sun 84
Diogenes almost quitting 53
Diogenes à chuva 52
Diogenes in the desert 52
Diogenes in the desert with his gosts 51
Diogenes no deserto 52
Diogenes no deserto com os seus fantasmas 51
Diogenes quase a desistir 53
Diogens in the rain 52
Dois robots a jogar xadrez 64
Duelo das vontades 126
Duel of wills 126
E
Encontro com um anjo da guarda 123
Enigma psicanalítico 104
Equilíbrio petrificado 137
Eremite nightingale 106
Escultura petrificada 138
Esperando à janela 54
E depois foi-se embora 94
F
Father and mother angry on the beach 85
Filósofo às escuras 35
First apparition off Egg head still under disguise 39
Flying carpet 80
Flying nest 96
B
Bad presage in the flamingo beach 99
Banda de jazz 124
Bando de malfeitores na orla da floresta 116
Birth of a peculiar being 38
Black hole 104
Blameless child looking at the tomb of the dead world 30
Blue Cypress Tree 52
Burado negro 104
C
Caçadores 136
Casal improvável 144
Christmas tree resisting three anti photons 72
Cipreste azul 52
Colibri desesperado 122
Criança sem culpa admirando o túmulo do mundo morto 30
Cuidado com os ladrões 127
154
G
Gabriel logo após a mensagem 110
Gabriel soon after the message 110
God messenger admiring His work 34
Group of malefactors at the forest border 116
Guerra e Paz 103
H
Harmless nightmare 98
Help me father 120
he blood tree 31
His infinite patience run out again 82
Holidays 106
Hummingbird in despair 122
Hunters 136
155
I
P
Imaginary prison 44
India 62
Índia 62
Inner struggle 102
Invenção da vida 50
Passeio ao fim da tarde 105
Passeio na praia 68
Pedrador petrificado 139
Período de férias 106
Permanent homeland less 146
Pesadelo inofensivo 98
Petrified equilibrium 137
Petrified predator 139
Petrified sculpture 138
Philosopher in the dark 35
Picnic of the angels 64
Piquenique dos anjos 64
Plate 70
Portrait of Elisabete Lucas by midnigth 128
Portrait of Rafael Ribeiro amd his mind 129
Portrait of Sofia Lúcio 122, 124
Prato 70
Precário 140
Precarious 140
Premature end 114
Primeira aparição do cabeça de ovo ainda disfarçado 39
Prisão imaginária 44
Prisioneiros 42
Prisoners 42
Protecção de um anjo da guarda 122
Protection of a guardian angel 122
Psychoanalytic enigma 104
J
Jazz band 124
L
Learning how to levitate 130
Levitação familiar 108
Levitação provocada por profunda meditação 81
Levitation provoked by deep meditation 81
Looking for the children 118
Low tide 105
Lua encarnada 76
Luta interior 102
M
Maré baixa 105
Materialização de um anjo da guarda 104
Materialization of a guardian angel 104
Mau prenúncio na praia dos flamingos 99
Meeting the guardian angel 123
Mensageiro de Deus observando a Sua obra 34
Mind the thieves 127
Morte e transfiguração 57
Multiplicação da personalidade provocada pelo aparecimento de um peixe encarna 58
Mutação de um dinossauro ao sol da manhã 84
N
Não veio ninguém 90
Nascimento de um estranho ser 38
Nobody come 90
Novelist in the clouds 100
No lugar da antiga cratera 92
R
Rebirth 56
Red moon 76
Renascimento 56
Retrato de Elisabete Lucas à meia-noite 128
Retrato de Rafael Ribeiro e da sua mente 129
Retrato de Sofia Lúcio 122
Rocha a ganhar vida na praia encantada 43
Rocha perfeitamente normal com um profundo desgosto 52
Rock becoming alive on the enchanted beach 43
Romancista nas nuvens 100
Rouxinol eremita 106
S
O
Ogre comendo o mundo 131
Ogre devouring the world 131
Os anjos estão a vencer 107
O beijo 38
O covil 117
O festim 89
O fim prematuro 114
O iluminador 66
O incêndio das almas 101
O lago do cisne 107
O ninho voador 96
O pai e a mãe zangados na praia 85
O rio da antiga fronteira 88
156
Sand Storm 133
Self-Portrait 44
Self-Portrait at one hundred years 46
Sobrevivendo à tempestade 100
Standing guard at the door of dreams 78
Standing guard at the village door 45
Stroll by the afternoon end 105
Surviving the tempest 100
T
Tapete voador 80
Tchaikovskyano 41
Tchaikovsky like 41
Tempestade de areia 133
The Babel tower 142
The burrow 117
157
The fire of the souls 101
The illuminator 66
The invention of life 50
The island 32
The kiss 38
The original family 86
The private feast 89
The raft 97
The river of the ancient frontier 88
The sage old fig tree 125
The skiff 123, 134, 135
The swan lake 107
The vessel 91
The wizards dance 134
Three philosophers trying to unveil the psychoanalytic enigma 106
Too much near the sun 93
Too soon to know 112
Trap for flying beings 107
Três filósofos tentandodesvendar o enigma psicanalítico 106
Two robots playing chess 64
U
Um anjo acaba de morrer 40
Unlikely couple 144
V
Visita à gruta encantada 60
Visiting the enchanted cave 60
W
Waiting 56
Waiting at the window 54
Waiting for rain 135
Walk by the beach 68
War and peace 103
158
159
Copyright 2005 Elisabete Lucas e Aristides Meneses
Editado por/Published by: INSAT Consultoria e Serviços Lda.
ISBN: 972-97566-3-5
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