UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE INSTITUTO DE OCEANOGRAFIA CURSO DE GRADUAÇÃO DE OCEANOLOGIA QUALIDADE DO AR NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DA USINA PRESIDENTE MÉDICI, CANDIOTA, RS ÉRIKA ANTOLINI VEÇOZZI Orientador: Dr. Paulo Roberto Martins Baisch 2015 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE INSTITUTO DE OCEANOGRAFIA CURSO DE GRADUAÇÃO DE OCEANOLOGIA QUALIDADE DO AR NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DA USINA PRESIDENTE MÉDICI, CANDIOTA, RS ÉRIKA ANTOLINI VEÇOZZI Monografia apresentada ao Curso de Graduação de Oceanologia da Universidade Federal do Rio Grande, como requisito para a obtenção do grau de Oceanólogo. Orientador: Dr. Paulo Roberto Martins Baisch RIO GRANDE Janeiro de 2015 1 2 ÍNDICE AGRADECIMENTOS ................................................................................................................. 3 Lista de Tabelas ......................................................................................................................... 4 Lista de Figuras .......................................................................................................................... 5 RESUMO ................................................................................................................................... 6 1. Introdução ............................................................................................................................ 7 1.1. Efeitos na Saúde Humana............................................................................................ 7 1.2. Gases Poluentes .......................................................................................................... 8 1.3. Termoelétricas ............................................................................................................. 8 1.4. Parceria entre CGTEE e FURG ................................................................................ 9 1.5. Estudos Pretéritos ........................................................................................................ 9 1.6. Justificativa .................................................................................................................. 9 1.7. Contaminantes ............................................................................................................. 9 1.7.1. HPAs ........................................................................................................................ 9 1.7.2. Parâmetros do Monitoramento................................................................................ 10 1.8. Padrões de Qualidade................................................................................................ 11 2. Área de estudo .................................................................................................................. 12 3. Objetivos ............................................................................................................................ 13 4. Material e Métodos ............................................................................................................ 13 5. Resultados e Discussão..................................................................................................... 18 5.1. Partículas Inaláveis .................................................................................................... 18 5.2. Dióxido de Enxofre ..................................................................................................... 19 5.3. Dióxido de Nitrogênio ................................................................................................. 19 5.4. Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos .................................................................... 20 5.4.1. Concentrações ....................................................................................................... 20 5.4.2. PEF ........................................................................................................................ 23 5.4.3. Origens e Fontes .................................................................................................... 25 6. Conclusões ........................................................................................................................ 26 7. Referências Bibliográficas .................................................................................................. 27 ANEXOS .................................................................................................................................. 31 3 AGRADECIMENTOS Agradeço e dedico à minha família, os amores da minha vida! Além deste trabalho, dedico todo meu amor a vocês. Aos meus pais, Mário e Sonja, por todo amor do mundo, por confiarem , apoiarem e me darem a oportunidade de concretizar não somente este trabalho, mas tudo que puderam me oferecer durante esses anos. Sei o quanto vocês trabalham e que não mediram esforços pra que este sonho se realizasse, sem a compreensão, ajuda e confiança de vocês nada disso seria possível hoje. À meu irmão Marcus, pelo amor, carinho e por não perder nenhuma oportunidade de me sacanear. À minha irmã Thaís, por toda paciência, compreensão, carinho e amor. Por me ajudar muitas vezes a achar soluções quando elas pareciam não aparecer. Foi a pessoa que compartilhou mais de perto os momentos de tristezas e alegrias. À ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) não somente pelo financiamento da bolsa de graduação, mas, principalmente, pela oportunidade de fazer parte do PRH-27 “Estudos Ambientais em áreas de atuação da indústria do petróleo”, possibilitando oportunidades privilegiadas, além do enorme aprendizado na área de petróleo e meio ambiente. Ao meu orientador, Professor Dr. Paulo Roberto Martins Baisch, pela orientação, ideias, apoio e paciência sempre que precisei. À Professora Dra. Maria Isabel e ao Professor Gilberto Griep, coordenador do PRH-27, pelo apoio, atenção e carinho não só comigo, mas com todos do PRH-27, sendo uma honra fazer parte dessa família! Obrigada a vocês por todas oportunidades que só tive através do programa. À Elisa, que me ajudou em todas as horas, desde as análises em laboratório até escolha da banca. Sempre serei imensamente agradecida por seus conselhos e atenção comigo! Aos meus amigos e colegas que sempre estiveram comigo, mesmo quando nem eu me suportava, levarei vocês sempre comigo! Giu, Renata, Raísa, Marco e Murilo, sou infinitamente agradecida por sempre me ajudarem e JAMAIS esquecerei o que cada um fez por mim nesses anos todos! 4 Lista de Tabelas Tabela 1: Valores dos padrões de qualidade do ar nacional e da EPA (CETESB, 1997; EPA, 1999). ....................................................................................................................................... 12 Tabela 2: Valores das médias, desvio padrão, máximos mínimos das concentrações de HPAs. ................................................................................................................................................. 21 Tabela 3: Valores de referência de cada composto em relação a Benzo(a)Pireno para cálculo de PEF. .................................................................................................................................... 24 Tabela 4: Caracterização de origens de HPAs através das razões entre os compostos analisados. ............................................................................................................................... 25 Tabela 5: Comparação entre os índices de HPAs obtidos e as principais fontes de emissão. .. 26 5 Lista de Figuras Figura 1: Estações de monitoramento automático, Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica-Eletrobras. ................................................................................................................... 14 Figura 2. Amostrador de Grande Volume para PM10 (AGV PM10). ............................................ 15 Figura 3: Localização do ponto de coleta dos filtros para HPAs. .............................................. 16 Figura 4. Amostrador de Grande Volume para PTS (AGV PTS). .............................................. 17 Figura 5: Gráfico das Médias de Partículas Inaláveis (PM10), comparado ao Padrão Nacional e da EPA. .................................................................................................................................... 18 Figura 6: Gráfico das Médias de SO2, comparado ao Padrão Nacional e da EPA. ................... 19 Figura 7: Gráfico das Médias de NO2, comparado ao Padrão Nacional e da EPA. ................... 20 Figura 8: Concentração de HPAs em ηg/m³ para Lassance ao longo do tempo. ...................... 22 Figura 9: Soma das concentrações de HPAs em ηg/m³ ao longo do tempo. ............................ 23 Figura 10: Soma das concentrações de HPAs em ηg/m³ ao longo do tempo. .......................... 24 6 RESUMO A exposição às partículas suspensas no ar e às substâncias a ela associadas causa danos à saúde humana, dentre outros prejuízos. O aumento das emissões atmosféricas é provocado pelo crescimento da população urbana e níveis de industrialização. Segundo a Organização Mundial da Saúde, 3 milhões de pessoas morrem decorrentes da poluição atmosférica no mundo, 5% do total de 55 milhões que ocorrem anualmente. O objetivo do trabalho foi caracterizar a contaminação atmosférica da região de influência da Termelétrica Presidente Médici, com base nos padrões de partículas inaláveis, dióxido de nitrogênio, dióxido de enxofre e HPAs, compostos altamente perigosos à saúde humana e ao meio ambiente. O estudo está relacionado ao “Programa de Acompanhamento da Situação de Saúde da População Residente na Área de Influência Direta e Indireta da Usina Termelétrica Presidente Médici”, uma parceria entre a termelétrica Presidente Médici e a Universidade Federal de Rio Grande (FURG), a fim de identificar e quantificar contaminantes e suas relações com a qualidade de saúde da população local. Em relação aos níveis de SO2, NO2 e partículas inaláveis, não se observou níveis acima dos descritos pela legislação. Enquanto isso, os HPAs mostraram-se de grande relevância, com possíveis fontes pirolíticas, ou seja, formados pela queima de matéria orgânica, o que pode estar relacionado à queima de carvão pela usina termoelétrica. 7 1. Introdução A comunidade científica tem discutido questões ambientais buscando respostas às alterações ocorridas no planeta Terra nas últimas décadas. Entre essas alterações é preocupante o aumento indiscriminado das emissões de gases e partículas poluentes para a atmosfera desde a Revolução Industrial, no final do século XIX, principalmente pelas atividades antrópicas. A atmosfera é um sistema constituído por gases, partículas sólidas e líquidas. Dentre as partículas respiráveis podem conter componentes tóxicos ou mutagênicos (Seinfeld, 1989). A poluição atmosférica pode ser definida como a presença de substâncias estranhas na atmosfera, resultantes da atividade humana ou de processos naturais, em concentrações suficientes para interferir direta ou indiretamente na saúde, segurança e bem estar dos seres vivos (Elson, 1992). Entre os de origem natural estão aqueles que provêm de atividades vulcânicas, ventos do deserto, spray marinho, substâncias emitidas por plantas, e entre os de origem antrópica estão aqueles originados de combustíveis fósseis para a produção de energia, atividades industriais, veículos movidos por combustíveis fósseis, queimadas urbanas e rurais, queima de resíduos sólidos, entre outros. O aumento das emissões atmosféricas tem sido provocado pelo crescimento da população urbana e dos níveis de industrialização. O aumento das emissões de poluentes atmosféricos, principalmente dióxido de enxofre (SO2), óxidos de nitrogênio (NOx), compostos orgânicos voláteis (VOCs) e aerossóis, está relacionado ao crescimento da população urbana que demanda maior produção de energia por meio da queima de combustíveis fósseis sendo uma das principais fontes de emissão desses poluentes atmosféricos (Migliavacca et al., 2005). O crescimento da população e o consumo de energia aumentaram durante as últimas décadas e resultaram em carga de poluentes atmosféricos em algumas regiões do mundo. Em aglomerados urbanos, as fontes de contaminação do ar atmosférico estão relacionadas a processos industriais e à intensa frota de veículos leves e pesados. A exposição às partículas suspensas no ar e às substâncias a elas associadas pode causar danos aos monumentos, à flora, à fauna, às edificações, prejuízos econômicos na agricultura, dentre outros prejuízos. Somado aos demais impactos negativos estão os problemas relacionados aos efeitos adversos à saúde humana que pode estar exposta de maneira direta, por inalação de material particulado suspenso no ar, ou indireta, por ingestão de água ou alimentos contaminados, ou mesmo pela adsorção pela pele (Carmo et al., 2010). 1.1. Efeitos na Saúde Humana Os efeitos adversos da poluição atmosférica na saúde humana são muito antigos, havendo registros em estudos arqueológicos desde a época medieval (Murray, 1998). A partir da industrialização dos grandes centros, vários episódios de altas concentrações de poluentes emitidos pelas indústrias, associados as condições meteorológicas desfavoráveis, mostraram na prática os efeitos dos poluentes sobre a saúde humana. Há uma clara associação entre a poluição atmosférica e mortalidade das populações. Mesmo com concentrações abaixo do padrão de qualidade do ar, o efeito da poluição na saúde humana é mostrado estatisticamente a partir de verificação de correlação entre variação de concentrações de poluentes e admissão em prontos socorros, e aumento de mortalidade, em estudos nos Estados Unidos, China, Santiago do Chile (Murray, 1998, Zmirou, 1996). Estudos realizados na Faculdade de Medicina da USP mostram um aumento de 23% do número de 8 admissão de crianças menores de 13 anos em prontos socorros em São Paulo, nos dias em que as concentrações de particulado inalável (partículas menores que 10µm - PM10) chegaram a 95µg/m³. Verifica-se ainda um aumento de 13% na mortalidade de idosos com concentrações de PM10 da ordem de 120µg/m³ (Saldiva et al., 1994; 1995). Alguns efeitos toxicológicos de gases poluentes e particulado inalável são bem conhecidos na literatura (Seinfeld, 1986; EPA, 1999; Murray, 1998; Lin, 1997). Por meio da respiração, os poluentes atingem as vias respiratórias, das narinas aos alvéolos pulmonares, promovendo diferentes processos de inflamação que debilitam o sistema respiratório. Os efeitos adversos da poluição na saúde são mais notados em crianças, idosos e em pessoas que sofrem de doenças respiratórias e cardiovasculares. Nestas pessoas, os poluentes levam a um agravamento „do quadro da saúde‟, promovendo infecções mais graves como bronquites, pneumonias, asma, câncer, também podendo antecipar a morte (Zmirou, 1996, Seinfeld, 1986; EPA, 1999). Segundo a Organização Mundial da Saúde (WHO, 2000), quase metade da humanidade vive nas cidades e a população urbana está crescendo duas vezes e meia mais rápido que a rural. Esse fator acaba contribuindo para o aumento do risco de exposição, uma vez que se estima em 3 milhões o número de mortes causadas por problemas decorrentes da poluição atmosférica no mundo.Tal valor representa 5% do total de 55 milhões de mortes que ocorrem anualmente no mundo e, em algumas populações, cerca de 30% a 40% dos casos de asma e 20% a 30% de todas as doenças respiratórias podem ser relacionadas à poluição atmosférica. 1.2. Gases Poluentes Os gases poluentes na atmosfera são oriundos de produção primária e secundária. Dentre os principais gases tóxicos emitidos diretamente pelas fontes estão o NO2 (dióxido de nitrogênio) e SO2 (dióxido de enxofre). Os gases de produção secundária são formados a partir de reações químicas e fotoquímicas na atmosfera como alguns HPAs (hidrocarbonetos policíclicos aromáticos), ácidos e aldeídos. Os gases possuem tempo de permanência na atmosfera que varia de minutos a séculos. O longo período de permanência e as consequências devido à presença destes gases na atmosfera geram grandes discussões a respeito de controles de emissão de poluentes dos países desenvolvidos e em desenvolvimento. 1.3. Termoelétricas Em relação às termoelétricas que produzem energia através da queima de carvão, a consequência é a emissão de gases e material particulado para atmosfera. Os principais poluentes são os que servem como indicadores de qualidade do ar, tais como Dióxido de enxofre (SO2), hidrocarbonetos totais e Óxido de nitrogênio (NOx) (Sanchez et al., 1994). No sul do Brasil, a queima de combustíveis fósseis, principalmente carvão, está entre as fontes industriais que têm provocado alterações da qualidade ambiental como na região de Candiota, localizada ao sul do estado do Rio Grande do Sul (Paz et al., 2007). A Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica-CGTEE foi constituída em julho de 1997 e em novembro de 1998, seu controle acionário foi transferido para a União. Posteriormente,em 31 de julho de 2000, a CGTEE tornou-se uma empresa do Grupo Eletrobras. A potência desta termoelétrica atualmente é de 796 MW de capacidade, permanecendo em capacidade total devido à grande demanda de energia (Teixeira et al., 2008). 9 1.4. Parceria entre CGTEE e FURG Com o crescimento da economia observado no Brasil nos últimos anos, houve um aumento pela demanda de energia para os diferentes setores da economia. Neste sentido, a Eletrobrás CGTEE a partir de 2011 aumentou sua produção de 446 MW para 796 MW. A expansão na produção de energia precisa ser monitorada para que ocorra de forma sustentável, sem prejuízos para o ambiente e população local. Dessa forma, foi implantado o Programa de Acompanhamento da Situação de Saúde da População Residente na Área de Influência Direta e Indireta da Usina Termelétrica Presidente Médici, estabelecido em contrato entre a termelétrica Presidente Médici e a Universidade Federal de Rio Grande (FURG), a fim de identificar e quantificar contaminantes ambientais e suas relações com a qualidade de saúde da população local. 1.5. Estudos Pretéritos Estudos na região evidenciam o impacto atmosférico devido ao processo de produção de energia termoelétrica, pelo carvão, assim como as atividades de mineração. Destacam-se os trabalhos de Sanchez et al. (1994), Leite & Shüler-Faccini (2000), Braga et al. (2004), Dallarosa (2005), Migliavacca et al. (2005), Saldanha (2005), Arbage et al. (2006), Paz et al. (2007), Rosemberg et al. (2008), Teixeira et al. (2008) e Rohr (2012). Migliavacca (2001), verificou precipitações levemente ácidas na região, podendo estar relacionadas à poluição atmosférica por dióxido de enxofre e nitrogênio. 1.6. Justificativa Este trabalho justifica-se pela importância dos estudos de contaminação atmosférica em locais de influência de usinas termelétricas, pela relevância do recente “Programa de Acompanhamento da Situação de Saúde da População Residente na Área de Influência Direta e Indireta da Usina Termelétrica Presidente Médici” que trata-se de estudos pioneiros na área para a Universidade Federal do Rio Grande. Ademais, esse estudo trará impactos positivos não apenas no município de Candiota e adjacências, mas também para o estado do Rio Grande do Sul, devido a capacidade de transporte dos contaminantes. 1.7. 1.7.1. Contaminantes HPAs Na geração de energia em usinas termelétricas, o carvão é queimado em fornos de 1700ºC, aproximadamente, gerando uma fração de cinzas leves, as quais são transportadas pelos gases ao saírem pelas chaminés. As cinzas geradas não são inertes e podem mobilizar compostos presentes na matéria orgânica das partículas não queimadas, como os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) (Bícego et al.,2006). Em termos químicos, os HPAs são compostos químicos constituídos unicamente de átomos de carbono e de hidrogênio, distribuídos em dois ou mais anéis aromáticos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (WHO, 2000), os HPAs são considerados como poluentes orgânicos prioritários em estudos ambientais, com capacidades mutagênicas e tumorais em sistemas biológicos. A formação dos HPAs ocorre de forma espontânea e continua através da queima incompleta de matéria orgânica, da biomassa vegetal, da madeira e de outros materiais orgânicos. Porém, a 10 contaminação ambiental está integrada com a origem antrópica, da qual o solo recebe quantidades ponderáveis de HPAs. Devido a sua estrutura química complexa, baixíssima solubilidade em água e forte tendência de sorção à fase sólida do solo, tornam-se recalcitrantes, ou seja, de difícil degradação, permanecendo por longos períodos no ambiente, o que aumenta a possibilidade de exposição de humanos e animais a esses compostos. Em vista da característica fortemente apolar, os HPAs são lipossolúveis na membrana celular e prontamente absorvidos nos organismos e no homem por vários órgãos e diferentes vias, com posterior acúmulo no tecido adiposo. O metabolismo dessas substâncias gera compostos que podem reagir como DNA, formando substâncias que podem dar início a um processo mutagênico. Os HPAs associados às partículas atmosféricas podem ser transportados por grandes distâncias (Sehilia & Lammel, 2007; Ravindra et. al, 2008) antes de serem eliminados da atmosfera pela precipitação seca ou úmida, passando assim às águas ou ao solo, ou por transformações químicas e fotoquímicas (Offenberg & Baeker, 1999; Tsapakis, 2003). O principal meio de transporte desses compostos é através do material particulado atmosférico, mesmo estando também presentes na fase vapor (Marchand et al., 2004; Chang et al., 2006). 1.7.2. Parâmetros do Monitoramento Automático Os aerossóis são partículas sólidas ou líquidas em suspensão num gás. As partículas de aerossol atmosférico são constituídas por uma mistura de partículas de origem primária (emissão direta da fonte) e secundária (transformação gás – partícula). As partículas de aerossol possuem tamanhos que variam de nanômetros (nm) a dezenas de micrômetros (μm) de diâmetro. O particulado é naturalmente dividido em duas modas definidas por intervalos de tamanho onde se tem maior concentração de partículas: a moda das partículas finas, menores que 25 μm de diâmetro aerodinâmico e a moda das partículas grossas, maiores que 25 μm. Isto é conveniente, pois as frações de tamanhos possuem diferentes propriedades físicas e químicas, diferentes processos de emissão e remoção da atmosfera (Seinfeld & Pandis, 1998). A moda grossa é geralmente constituída por partículas primárias, formadas a partir de processos mecânicos, como ressuspensão de poeira de solo por ventos, sal marinho, cinzas de combustão e emissões biogênicas naturais. A moda fina contêm partículas primárias geradas por processos de combustão por indústrias, veículos e partículas secundárias, provenientes da formação de partículas na atmosfera a partir de gases como por exemplo a formação de sulfatos a partir do SO2 (Seinfeld & Pandis, 1998). O material inalável (conjunto que engloba as partículas das modas fina e grossa, menores que 10 μm) é basicamente constituído por sulfatos, nitratos, amônia, aerossol carbonáceo, sais marinhos (NaCl), elementos de solo (Al, Si, Ti, Ca, Fe), metais pesados (Pb, Zn, Cu, V, Ni, Cd, Cr, entre outros) e água. A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (USEPA, 1999) classifica o material particulado como uma mistura de partículas líquidas e sólidas em suspensão no ar. As partículas com diâmetro menor que 10µm (PM10) são as partículas inaláveis, pois podem atingir as vias respiratórias inferiores. Além disso, essas partículas apresentam capacidade de transportar gases adsorvidos em sua superfície, transportando-os até as porções mais distais das vias aéreas, onde ocorrem as trocas de gases nos pulmões. O particulado possui, em geral, tempo de permanência de dias a semanas na atmosfera. Pode ser, entretanto, transportado a longas distâncias por correntes de ar favoráveis, interferindo na química e física da atmosfera não somente em escala local, mas também em escala regional e até global. 11 Por meio da respiração, as partículas alcançam desde as narinas até os alvéolos pulmonares, provocando processos inflamatórios que debilitam o sistema respiratório. Os efeitos adversos são mais notados em crianças, idosos e em pessoas que sofrem de doenças respiratórias cardiovasculares. Nestas pessoas, há um agravamento do quadro de saúde por meio de infecções mais graves como bronquites, pneumonias, asma, câncer, podendo levar à morte, intensificando seus efeitos, nas vias aéreas inferiores não há mecanismos eficientes de expulsão destas partículas (Castanho, 1999; Saldiva et al.,1992). O dióxido de enxofre é um poluente primário, resultado da liberação do enxofre na combustão de combustíveis fósseis. O SO2 é um gás irritante para as mucosas dos olhos e vias respiratórias, podendo ter, em concentrações elevadas, efeitos agudos e crônicos especialmente no aparelho respiratório, e que agrava os problemas cardiovasculares. A presença simultânea na atmosfera de dióxido de enxofre e partículas pode causar ou agravar as doenças respiratórias crônicas ou aumentar o risco de doenças respiratórias agudas (Seinfield & Pandis, 1998). Os óxidos de nitrogênio são produzidos quando o ar é aquecido a altas temperaturas. Após a dissociação térmica do N2, o nitrogênio reage como O2 para formar o óxido nítrico (NO) e, posteriormente, este se converte em dióxido de nitrogênio (NO2). Entre os óxidos de nitrogênio (NO e NO2), somente o NO2 é motivo de preocupação, pois devido à sua baixa solubilidade é capaz de penetrar profundamente no sistema respiratório, podendo dar origem as nitrosaminas, algumas das quais podem ser carcinogênicas. Seu efeito tóxico está relacionado ao fato de ser um agente oxidante (Elson, 1992). O dióxido de nitrogênio (NO2) é, também, um poderoso irritante, podendo conduzir a sintomas que lembram àqueles do enfisema. Além disso, o dióxido de nitrogênio, na presença de luz solar, reage com hidrocarbonetos e oxigênio formando ozônio, sendo um dos principais precursores deste poluente na troposfera. 1.8. Padrões de Qualidade Devido aos efeitos prejudiciais dos poluentes atmosféricos ao ser humano foram definidos padrões de qualidade do ar. Os padrões de qualidade do ar definem para cada poluente o limite máximo de concentração ao qual a população pode ficar exposta, de forma a garantir proteção à sua saúde e bem estar, baseados em estudos de caracterização dos efeitos de cada poluente na saúde. Os padrões nacionais de qualidade do ar foram definidos pela portaria normativa no. 348 de 14/03/1990 pelo IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis e transformados em Resolução CONAMA no. 03/90 (CETESB, 1999). Foram estabelecidos em nível nacional e internacionalmente dois padrões de qualidade do ar. O padrão primário estabelece o limite máximo tolerável para a saúde da população e o secundário, mais rigoroso, prevê um mínimo de efeito adverso à população, fauna e flora, deterioração de materiais e comprometimento à visibilidade. Nas áreas urbanas aplicam-se somente os padrões primários, os secundários são aplicados em áreas de preservação. A Tabela 1 apresenta os valores dos padrões nacionais (CETESB) e da Agência de Proteção Ambiental Americana (EPA) que são o particulado total em suspensão, particulado inalável, particulado fino e gases: dióxidos de enxofre, dióxidos de nitrogênio, monóxido de carbono e ozônio. 12 Tabela 1: Valores dos padrões de qualidade do ar nacional e da EPA (CETESB, 1997; EPA, 1999). Poluente PM10 (ng/m3) SO2 (ppm) NO2 (ppm) Padrão Nacional 50 0,04 0,01 Padrão EPA 50 0,03 0,053 Importante distinção deve ser feita entre os conceitos de poluentes atmosféricos e padrões de qualidade do ar. Os poluentes atmosféricos são todas as substâncias capazes de degradar a qualidade do ar, estando previstas ou não na legislação ambiental. Os parâmetros adotados como padrões pela legislação medem o nível de degradação da qualidade do ar, referindo-se a determinadas espécies químicas (SO2, CO, O3, NO2) ou a conjuntos de substâncias medidos por métodos de referência, tais como PTS, PM10 e Fumaça. Cada parâmetro é medido por um método de referência, e a avaliação da qualidade do ar, para os efeitos legais, deve ser feita através desses métodos ou outros oficialmente reconhecidos como equivalentes (Pandey & Agrawal, 1992). Com base no acima exposto, observa-se que para a caracterização da contaminação atmosférica na região torna-se necessário estudar tanto os compostos relacionados à qualidade do ar, quanto os aspectos meteorológicos da região. Neste contexto, a proposta deste trabalho é estudar as partículas menores que 10μm (PM10), dióxido de nitrogênio (NO2) e dióxido de enxofre (SO2) e HPAs da região de Candiota. 2. Área de estudo O município de Candiota está localizado a sudoeste do estado do Rio Grande do Sul, com uma área de 933,8 km² onde vivem 8.771 habitantes (IBGE, 2010). Distante 420 km da Capital Porto Alegre e com coordenadas geográficas de 54°10‟58‟‟/53°18‟35‟‟ longitude Oeste e 31°17‟35‟‟/32°02‟41‟‟ latitude Sul (Braga et al., 2004). Esta região, em sua generalidade, caracteriza-se por apresentar durante toda sua extensão, terrenos planos, sem grandes elevações que possam inviabilizar a aplicação do modelo de dispersão utilizado aqui neste estudo. Em relação à topografia a seu entorno, alguns fatores merecem serem destacados: a presença de um vale a nordeste da fonte de emissão com uma altura de 150 metros e a existência a sudoeste da fonte, a máxima elevação do terreno da região, da ordem de 420 metros de altura. Climatologicamente caracteriza-se por apresentar estações bem definidas durante o inteiro. A direção do vento predominante nessa área é de nordeste, (Alves, 1996). ano Em Candiota localiza-se o maior complexo termelétrico a carvão do estado, a Usina Termelétrica Presidente Médici, a qual é operada pela Eletrobras CGTEE, Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica. (Braga et al., 2004). As atividades da usina são baseadas na geração de energia elétrica a partir do carvão mineral, explorado na própria região pela Companhia Rio-grandense de Mineração, a CRM. O carvão é do tipo sub- betuminoso com alto teor de cinzas (50%) e enxofre (1%) (DNPM, 1996). Na região encontra-se a maior reserva carbonífera brasileira. As reservas da Jazida Grande Candiota, dispostas segundo direção norte/sul, abrangem uma área aproximada de 2500 km2. Representam cerca de 38% das reservas de carvão do Brasil, totalizando aproximadamente 12,3 bilhões de toneladas, das quais 30% são mineráveis a céu aberto. Na Usina Presidente Médici, o carvão é pulverizado em moinhos e queimado em grandes caldeiras de geração de vapor e estas alimentam as turbinas geradoras de eletricidade. (Dallarosa, 2005) 13 Esta região insere-se no tipo climático Cfa (clima subtropical com precipitações durante todo o ano,segundo a classificação de Von Koepen), com uma precipitação total média anual registrada entre 1961 e 1990 de 1.465mm, bem distribuída durante o ano, e temperatura média anual de 18°C (Alves, 1996). 2.1. O Carvão O carvão é uma rocha sedimentar originada da decomposição de substâncias orgânicas que sofrem profundas alterações físicas e químicas por efeito da ação térmica e de compressão. A mineração do carvão é feita a céu aberto, em baixa profundidade (máximo 40m) e o seu deslocamento é feito através de caminhões até o sistema de britagem de onde é levado por correias transportadoras até a usina termelétrica, onde, é pulverizado em moinhos e queimado nas caldeiras de geração de vapor, que alimentam as turbinas geradoras de eletricidade. Tratase de um carvão sub-betuminoso, com poder calorífico oscilando entre 2600 a 3200 kcal/kg e umidade de 17%, (CGTEE, 2003). 3. Objetivos 3.1. Objetivo Geral Caracterizar a contaminação atmosférica da região de influência da Termelétrica Presidente Médici, com base nos padrões de partículas inaláveis, dióxido de nitrogênio, dióxido de enxofre e HPAs. 3.2. Objetivos Específicos: - Avaliar a qualidade do ar no município de Candiota, através dos padrões legais. - Analisar prováveis fontes dos HPAs nas proximidades da Usina Termoelétrica Presidente Médici; - Relacionar o nível de toxicidade das espécies de HPAs; 4. Material e Métodos O presente estudo está estruturado e fundamentado dentro do quadro atual da poluição atmosférica proveniente de usina termelétrica apresentando a legislação ambiental e utilizandose dados compreendidos entre 18 de julho de 2012 a 17 de maio de 2013 para análise dos HPAs e no período entre 1 de agosto de 2012 e 17 de maio de 2013 para SO2, NO2, partículas inaláveis (PM10). Os dados de HPAs foram coletados na estação Lassence e posteriormente analisados em laboratório, enquanto os dados de SO2, NO2 e PM10 foram obtidos através da rede de monitoramento automático da qualidade do ar pertencente à CGTEE Eletrobrás, situadas nas estações: Aeroporto, Candiota, Três Lagoas, Pedras Altas e Aceguá (Figura 1). Estas estações foram determinadas segundo a CGTEE, com base na topografia e padrões meteorológicos da região. 14 Figura 1: Estações de monitoramento automático, Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica-Eletrobras. 15 As medidas de SO2 e NO 2 foram obtidas através das estações de monitoramento automático da CGTEE, as quais são equipadas com medidor contínuo de gases, operando com o método de fluorescência ultravioleta para SO2 e pelo com o método da quimiluminescência para NO 2. Os dados de partículas inaláveis (PM10) foram obtidos pelo Método de Separação Inercial seguida de Filtração, utilizando Amostrador de Grande Volume (AGV PM10) para Partículas com diâmetro até 10 mm (MP10) da Marca Energética (Figura 2). Figura 2. Amostrador de Grande Volume para PM10 (AGV PM10). Este método atende as determinações da ABNT, NBR 13412, “Material Particulado em Suspensão no Ar Ambiente - Determinação da Concentração de Partículas Inaláveis pelo Método do Amostrador de Grande Volume Acoplado a um Separador Inercial de Partículas”. Para a instalação do AGV MP10 foi construída uma base em aço que proporciona a instalação da entrada do ar do equipamento acima de dois metros de altura do solo, seguindo as recomendações do fabricante. Os níveis de referência usados foram baseados nos padrões nacionais de qualidade do ar, estabelecidos através da Portaria Normativa IBAMA nº 348 de 14/03/1990, transformados na Resolução CONAMA nº 03/90, de 28/06/1990 (Tabela 1). O presente estudo deu ênfase a investigação das 16 espécie de HPAs consideradas poluentes prioritários pela USEPA: Naftaleno, Acenafteno, Acenaftileno, Antraceno, Fenantreno, Fluoreno, Fluoranteno, Pireno, Benzo(a)antraceno, Benzo(a)pireno, 16 Benzo(b)fluoranteno,Benzo(k)fluoranteno, Criseno, Benzo(ghi)perileno, Dibenzo(a,h)antraceno, Indeno(1,2,3-cd)pireno. Durante o presente projeto foram realizadas medições de PTS na área de estudo com uma frequencia regular dentro do plano de monitoramento contínuo da qualidade do ar (FEPAM). A cidade de Candiota possui uma estação de amostragem de ar através de filtros, localizada no distrito Lassance (Figura 2). Figura 3: Localização do ponto de coleta dos filtros para HPAs. Os filtros de quartzo utilizados para a amostragem de PTS foram equilibrados em campânula fechada durante o período de 24 horas para estabilização da temperatura e umidade específica. Após chegarem ao equilíbrio os filtros foram pesados em balança analítica de 5 dígitos. Estes filtros foram utilizados nos amostradores de grande volume por 24 horas. Após a coleta os filtros foram retirados e embalados com papel alumínio e conduzidos ao laboratório onde foram submetidos às mesmas condições de temperatura e umidade sendo então pesados, e a concentração foi expressa em μg/m³. Os filtros foram então armazenados a 4ºC para análises posteriores. O estudo dos HPAs foi iniciado pela investigação desses contaminantes no material particulado coletado no Amostrador de Grande Volume (AGV PTS), também conhecidos como “Hi-vol”, da marca Energética (Figura 4). Os filtros empregados nas coletas foram de quartzo (203 mm x 254 mm) de 10μm, durante 24 horas, sendo realizadas entre 18 de julho de 2012 e 17 de março de 2013. 17 Figura 4. Amostrador de Grande Volume para PTS (AGV PTS). As análises dos compostos orgânicos do material particulado atmosférico foram baseadas na metodologia descrita em USEPA, 1999. Antes de ser iniciada a extração foram adicionados aos filtros 100 μl, de um padrão interno de Recuperação para aferir a recuperação da extração dos hidrocarbonetos PIR HC (1 – Eicoseno, 1 – Hexadeceno, Androstanol, 1 – Fenilnanodeceno, Paraterfenil – D14). A extração dos filtros foi realizada com um sistema de Soxhlet e 250 ml de diclorometano durante 12 horas, a uma temperatura entre 40-50ºC. As amostras foram concentradas até aproximadamente 2 mL em rota evaporador e acondicionadas em tubos de ensaio de 10 mL. O balão de extração foi rinsado (lavado) com n-hexano (aprox.0,5-1 mL) três vezes e transferido o solvente para o mesmo tubo de ensaio da amostra. O Cleanup foi realizado segundo metodologia descrita em UNEP, 1992; utilizando-se uma coluna cromatográfica de adsorção em coluna de vidro. A coluna de foi empacotada com sulfato de sódio (Na2SO4), sílica (SiO2) e alumina (Al2O3), utilizando como solvente o n-Hexano. A sílica e alumina foram previamente aquecidas a 160°C durante 3 horas e então desativadas a 5% em peso com água MiliQ pré-lavada com n-hexano. O extrato foi então adicionado à coluna, em seguida foi adicionada uma seqüência de solventes: primeiramente 25 mL de nHexano, denominado F1, onde é retirada a fração de hidrocarbonetos alifáticos, e em seguida uma mistura de diclorometano/n-hexano para separadar a fração aromática de hidrocarbonetos. Este extrato foi então concentrado em evaporador rotativo a 40-50ºC e depois de aferido à 1 ml com N2 sendo, então, adicionado 50 μL de padrão cromatográfico, contendo 18 os seguintes compostos: Acenaphetene – d10, Crysene – d12, Naphthalene – d8, Perylene – d12, Phenanthrene – d10 e 1,4 Dichlorobenzene – d4. Para a determinação dos HPAs foi utilizado um cromatógrafo de fase gasosa Perkin Elmer Clarus 600 – acoplado com espectrômetro de massa, com coluna Elite-5MS (5% Difenil – 95% dimetilsiloxano) com 30 m de comprimento, 0,25 mm D.I., 0,25 μm DF e injetor automático de amostra. A rampa de aquecimento utilizada foi de 40°C, aumentando na razão 10°C min-1 até 60°C continuando o aquecimento na razão 5°C min-1 até 290°C, sendo mantida por 5 min; mudando o aquecimento para a razão 10°C min-1 até 300°C, sendo mantida por 10 minutos. Para o detector foi utilizada uma temperatura de fonte 29 de 200°C e a de linha de transferência 280°C, empregando um impacto eletrônico de 70 eV. As amostras foram injetadas no modo Splitless, com fluxo de 50 mL de hélio, após 1 minuto. O volume de amostra injetado foi de 1 μL e a temperatura do injetor fixada em 280°C tendo como gás carreador Hélio (1,5 mL min-1). O limite de detecção do equipamento é de 1 μg.kg-1. Para a identificação dos HPAs foi utilizado o método SIR (selected íon recording) onde os íons característicos correspondentes à massa/carga (m/z) de fragmentação de cada composto foram selecionados e monitorados. 5. Resultados e Discussão 5.1. Partículas Inaláveis Os resultados referentes às Partículas Inaláveis (Figura 5) encontram-se em concentrações abaixo do Padrão Nacional e da EPA, de 50 µg/m3. Variando de um valor mínimo de 12,66 µg/m3 em fevereiro, no ponto Aceguá, até 32,94 µg/m3 em novembro, no ponto de coleta Candiota. Médias - Partículas Inaláveis 60,00 50,00 [µg/m3] 40,00 30,00 Aeroporto 20,00 10,00 Candiota Três Lagoas Pedras Altas 0,00 Aceguá PN EPA Figura 5: Gráfico das Médias de Partículas Inaláveis (PM10), comparado ao Padrão Nacional e da EPA. 19 A estação Candiota apresenta os maiores valores de Partículas Inaláveis comparada aos demais pontos em quase todas as datas. Isto indica fontes de Material Particulado Inalável devido à queima de carvão na CGTEE, contudo, abaixo dos padrões de qualidade. 5.2. Dióxido de Enxofre Os resultados referentes aos dióxido de enxofre (Figura 6) encontram-se em concentrações abaixo do Padrão Nacional e da EPA, de 0,4 E 0,3 ppm, respectivamente, havendo dois eventos durante os meses de setembro e outubro em que esse valor se encontra acima dos padrões, com 0,25 ppm e 0,047 ppm de dióxido de enxofre no ponto Três Lagoas. Os valores variam de um mínimo de 1,36 x 10-3 em outubro, no ponto Pedras Altas, até 0,25 ppm em setembro, em Três Lagoas. Médias - Dióxido de Enxofre 0,30000 0,25000 [ppm] 0,20000 0,15000 Aeroporto 0,10000 0,05000 Candiota Três Lagoas Pedras Altas 0,00000 Aceguá PN EPA Figura 6: Gráfico das Médias de SO2, comparado ao Padrão Nacional e da EPA. Os dois únicos picos de dióxido de enxofre foram observados na estação de Três Lagoas, o que representa contaminação pelo carvão queimado pela usina. Esses valores estão relacionados com o vento de nordeste predominante na região (Alves, 1996), o qual transporta os contaminantes para a região sudoeste da CGTEE,na qual se encontra a estação de Três Lagoas (Figura 1). 5.3. Dióxido de Nitrogênio Os valores de dióxido de nitrogênio encontram-se abaixo dos Padrões Nacionais e da EPA, que estipulam os a concentração máxima de 0,1 e 0,053 ppm (Figura 7) O maior valor é encontrado em maio, no ponto Aeroporto, com 5,4 x 10-3 ppm. Enquanto isso, a menor concentração pode ser observada em novembro, no ponto Pedras Altas, com 1,26 x 10-3 ppm. 20 Médias - Dióxido de Nitrogênio 0,12000 0,10000 [ppm] 0,08000 Aeroporto Candiota 0,06000 0,04000 0,02000 Três Lagoas Pedras Altas Aceguá PN EPA 0,00000 Figura 7: Gráfico das Médias de NO2, comparado ao Padrão Nacional e da EPA. 5.4. 5.4.1. Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos Concentrações Observa-se uma dominância das espécies Benzo(g,h,i)Perileno, Indeno(1,2,3)Pireno e Dibenzo(a,h), Criseno, Benzo(K)fluoranteno e Benzoo(b)fluoranteno, tendo os valores de média e máximos mais expressivos (Tabela 2). As maiores médias encontram-se com valores de 11,365 ng/m3 (Benzo(g,h,i)Perileno) e 6,000 ng/m3 (Indeno(1,2,3)Pireno) e 2,026 ng/m3 (Criseno). Os valores de concentração máximos encontrados foram 51,898 ng/m3 (Benzo(g,h,i)Perileno), 29,537 ng/m3 (Indeno(1,2,3)Pireno) e 15,700 ng/m3 (Dibenzo(a,h)). É importante ressaltar que estas espécies destacadas apresentam grande dominância sobre as demais. Além disso, possuem maior peso molecular, com 4 a 6 anéis aromáticos, reforçando a predominância dos HPAs pirogênicos, derivados da queima incompleta de matéria orgânica, e com menor degradação e solubilidade em água. 21 Tabela 2: Valores das médias, desvio padrão, máximos mínimos das concentrações de HPAs. Unidades em ng/m3 Média CRISENO FLUORANTENO PIRENO BENZO(b) FLUORANTENO INDENO(1,2,3..)PIRENO BENZO(g,h,i)PERILENO DIBENZO(a, h) BENZO(k)FLUORANTENO ACENAFTILENO ANTRACENO FLUORENO BENZO(a)PIRENO BENZO(a)ANTRACENO NAFTALENO FENANTRENO ACENAFTENO 2,026 0,816 0,586 1,872 6,000 11,365 1,714 1,192 0,008 0,092 0,008 0,932 0,503 0,155 0,375 0,018 Máximo Mínimo 9,996 4,508 2,154 12,911 29,537 51,898 15,700 11,554 0,080 0,729 0,081 6,198 2,390 0,368 1,481 0,042 Nd Nd 0,038 nd 0,076 0,097 nd nd nd nd nd nd nd 0.029 nd nd Desvio Padrão 3,480 1,258 0,672 3,305 7,234 12,792 4,070 3,129 0,023 0,186 0,021 1,917 0,666 0,098 0,432 0,022 nd = não detectado Foram quantificados os seguintes compostos no PM10, tomando-se como referencia a USEPA: Naftaleno (NAP), Acenaftaleno (ACY), Acenafteno (ACE), Fluoreno (FL), Fenantreno (PHEN), Antraceno (ANT), Fluoranteno (FLR), Pireno (PYR), Benzo(a)antraceno (BaA), Criseno (CHRY), Benzo(b)fluoranteno (BbF), Benzo(k)fluoranteno (BkF), Benzo(a)pireno (BaP), Indeno(1,2,3-cd)pireno (INP), Dibenzo(a,h)antraceno (DahA) e Benzo(g,h,i)perileno (BghiP). Os resultados das concentrações de HPAs em ng/m3 podem ser observados no Anexo 1 e na Figura 8 . Analisando estes dados, visualiza-se a predominância dos compostos Benzo(g,h,i)Perileno, Indeno(1,2,3...)Pireno e Benzo(a)pireno. 22 Figura 8: Concentração de HPAs em ηg/m³ para Lassance ao longo do tempo. Com o somatório de todas as espécies de HPAs (Figura 9), durante todo o período amostrado, a curva acompanha principalmente o perfil das curvas individuais de Benzo(g,h,i)Perileno e Indeno(1,2,3...)Pireno, que são as espécies mais abundantes dentre as estudadas. A grande influência desses dois compostos expõe a origem pirolítica dos HPAs. 23 Figura 9: Soma das concentrações de HPAs em ηg/m³ ao longo do tempo. 5.4.2. PEF Para um melhor entendimento do potencial efeito sobre a saúde, foi levada em consideração a toxicidade relativa de cada uma das espécies. A Tabela 3 ilustra a toxicidade de cada espécie relativa ao benzo(a)pireno, onde cada concentração foi multiplicada pelo seu fator de toxicidade equivalente e então os valores resultantes somados. Essa abordagem permite identificar o nível de toxicidade da amostra analisada, eliminando as discrepâncias entre concentração das espécies e seus efeitos. 24 Tabela 3: Valores de referência de cada composto em relação a Benzo(a)Pireno para cálculo de PEF. HPAS PEF Referência CRISENO FLUORANTENO PIRENO BENZO(b)FLUORANTENO INDENO(1,2,3..)PIRENO BENZO (g, h, i)PERILENO DIBENZO (a, h) 0.01 0.001 0.001 0.1 0.1 0.01 1 BENZO (k)FLUORANTENO ACENAFTILENO ANTRACENO FLUORENO BENZO (a) PIRENO BENZO(a)ANTRACENO NAFTALENO FENANTRENO ACENAFTENO 0.1 0.001 0.01 0.001 1 0.1 0.001 0.001 0.001 Nisbet e LaGoy, 1992 Nisbet e LaGoy, 1992 Nisbet e LaGoy, 1992 Nisbet e LaGoy, 1992 Nisbet e LaGoy, 1992 Nisbet e LaGoy, 1992 Malcon e Dobson, 1994 Nisbet e LaGoy, 1992 Nisbet e LaGoy, 1992 Nisbet e LaGoy, 1992 Nisbet e LaGoy, 1992 Nisbet e LaGoy, 1992 Nisbet e LaGoy, 1992 Nisbet e LaGoy, 1992 Nisbet e LaGoy, 1992 Nisbet e LaGoy, 1992 Utilizando a abordagem de Toxicicidade Equivalente para dos HPAs do material particulado pode-se perceber no gráfico da Figura 10 as variações ao longo do tempo de forma a ilustrar melhor o impacto por HPAs do que a soma direta das espécies. Verifica-se nessa mesma figura que os valores de HPAs comumente ultrapassam em muito o valor de referência usado pela União Européia, de 0,25 ng/m3, podendo ser até cem vezes superiores a esse padrão de referência. Figura 10: Soma das concentrações de HPAs em ηg/m³ ao longo do tempo. 25 5.4.3. Origens e Fontes A avaliação de HPAs em matrizes ambientais e a identificação de suas origens específicas são limitadas. Isso porque muitas vezes os HPAs ocorrem no ambiente em misturas complexas. Assim, a tentativa de avaliar a concentração desses contaminantes com relação ao seu perfil característico muitas vezes não é bem sucedida. Na maioria dos casos, a caracterização desses perfis está voltada para a identificação de HPAs com origens petrogênicas ou pirolíticas (Page et al. 1999, Yunker et al. 2003). Em geral, as contribuições de HPAs de diferentes origens em complexas misturas caracterizam fontes não pontuais de contaminação. Já HPAs de origem petrogênica podem está associados a contaminações locais, como próximo a refinarias, rodovias e rotas marítimas de navegação (Mantis et al. 2005). HPAs petrogênicos são constituídos predominantemente por 2 e 3 anéis aromáticos ( naftaleno, fluoreno e fenantreno), enquanto HPAs pirolíticos apresentam uma maior frequência relativa para compostos com 4 a 6 anéis (fluoranteno, pireno, benzo(b,k)fluorantenos e benzo(g,h,i)perileno). Diferentes estudos vêm utilizando razões de HPAs individuais com o intuito de identificar e calcular possíveis fontes de origem desses contaminantes (Budzinski et al. 1997, Page et al. 1999, Readman et al. 2002). A utilização dessas razões está baseada na temperatura de formação dos HPAs, levando-se em conta a estabilidade química individual de cada composto. HPAs com massa moleculares de 202 (pireno e fluoranteno) e 276 (benzo[g,h,i]perileno indeno[1,2,3cd]pireno) são bons indicadores, por exemplo, na distinção entre fontes de origem petrogênicas vs. pirolíticas (Tabela 4). Com maiores concentrações de Pireno e Fluoranteno indicando origem petrogênica e os demais recomendando origem pirolítica. Tabela 4: Caracterização de origens de HPAs através das razões entre os compostos analisados. Razões* Fen/Antr Fluor/Pir Naf/Fen Caracterização da origem Petrogêncio Pirolítico >15 <10 <1 >1 >>1 Referências Budzinski et al. 1997 Readman et al. 2002 Steinhauer & Boehm 1992 Ind/B(g,h,i)P >1 <1 Wasserman et al. 2001 Fluor/(Fluor+Fen) <0.1 >0.1 Yunker et al. 2002 Fluor/(Fluor+Pir) <0.5 >0.5 Yunker et al. 2002 Ind/(Ind+B(g,h,i)P) <0.2 >0.5 Yunker et al. 2002 *1Fen. – Fenantreno; Antr. – Antraceno; Fluor. – Fluoranteno; Pir. – Pireno; Naf. – Naftaleno; Ind. – Indeno(1,2,3cd)pireno; B(g,h,i)perileno. Com base nas referências citadas na Tabela 4 os resultados das razões (Anexo 2) propostas sugerem que os HPAs analisados na estação Lassance, ao longo de aproximadamente 10 meses, tenham origem essencialmente pirolítica. A análise dessas razões apresenta 80 razões indicando origens pirolíticas para apenas 21 recomendando origens petrogênicas. Esses resultados sugerem que a formação desses compostos está atribuída a processos de combustão em alta temperatura, que inclui atividades industriais e de queimas de combustíveis fósseis. Complementando a análise anterior, pode-se considerar as razões propostas por Dallarosa (2005), exibida na Tabela 5, onde os valores das razões baseados nas concentrações das 26 espécies de HPAs obtidas, sugerem que a principal fonte desses contaminantes seja a combustão de gasolina, seguida da queima do carvão. Essas razões confirmam a análise anterior, tendo como conclusão que os HPAs presentes nas amostras são oriundos de fontes pirolíticas com a queima de combustíveis fósseis. Tabela 5: Comparação entre os índices de HPAs obtidos e as principais fontes de emissão. Razões No estudo Origens das emissões Óleo Diesel Referências Gasolina 0,40 – 0,6 Fluor/(Fluor+Pir) 0,5818 Ind/(Ind+B(ghi)P) 0,3455 B(a)A/B(a)P 0,539 0,90 – 1,70 B(ghi)P/ Ind 1,8941 1,1 0,50 – 0,70 3,5 Pir/B(a)P 0,629 11 1,5 Carvão Madeira 0,56 1,0 – 1,5 0,8 Tsapakis et al.2002 Grimmer et al. 1983 Li and Kamens 1993 Li and Kamens 1993 Masclet et al. 1986 Todas as razões avaliadas na Tabela 5 que apresentam valores de referencia para a gasolina encontraram-se na faixa da mesma, estando mais distante das faixas do óleo diesel. Já a razão Ind/(Ind+B(ghi)P) que é aplicada para identificar influencia oriunda de queima de carvão (matéria prima da usina) apresentou valor um pouco abaixo da referencia, possivelmente pela impossibilidade de se distinguir o Indeno oriundo do carvão do oriundo da gasolina, de modo que a presença combustíveis de automóveis como fonte de HPAs mascara ligeiramente as emissões por queima de carvão. Tendo como base a localização da estação os resultados são coerentes, pois alem da estação de coleta esta posicionada a cerca de 3 km das fontes de emissão da CGTEE, também se encontra em área urbanizada adjacente as vias de acesso à usina, que possui movimentação considerável de veículos leves e pesados. 6. Conclusões O presente estudo baseou-se em concentrações de dióxido de nitrogênio, dióxido de enxofre, partículas inaláveis e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, sendo fundamentado por análises químicas e referenciado com a legislação ambiental. Em relação aos níveis de SO2, NO2 e Partículas Inaláveis, não se observou níveis acima do esperando pela legislação, exceto em dois eventos de maiores concentrações de SO2. Como só se observou valores elevados de dióxido de enxofre, isto demonstra que o SO2 é o parâmetro mais crítico e significativo para o monitoramento da qualidade do ar. Enquanto isso, os HPAs mostraram-se de grande relevância, com possíveis fontes pirolíticas, ou seja, formados pela queima de matéria orgânica, o que pode estar relacionado à queima de carvão pela usina termoelétrica. Nas análises dos HPAs , as espécies de Benzo(g,h,i)Perileno, Indeno(1,2,3)Pireno e Dibenzo(a,h), Criseno, Benzo(K)fluoranteno e Benzo(b)fluoranteno apresentam grande dominância sobre as demais, e possuem maior peso molecular, com 4 a 6 anéis aromáticos, 27 reforçando a predominância dos HPAs pirogênicos, derivados da queima incompleta de matéria orgânica, e com menor degradação e solubilidade em água. As espécies destacadas de HPAs apresentam alto potencial carcinogênico e mutagênico mesmo em concentrações muito baixas. Em relação à toxicidade dos Hidrocarbonetos Policíclicos aromáticos, os valores comumente ultrapassam o valor de referência descrito pela União Européia, indicando, novamente, que estes compostos são críticos e altamente significativos para o monitoramento ambiental da região. 7. Referências Bibliográficas ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 13412 . 1995. Material Particulado em Suspensão na Atmosfera - Determinação da concentração de Partículas inaláveis pelo Amostrador de Grande Volume acoplado a um Separador Inercial de Partículas. Alves, R.C.M.1996. Estudo da dispersão do SO2 emitido pela usina Termoelétrica de Candiota, RS, Brasil. Dissertação (Mestrado em Meteorologia) – Curso de pós-graduação em Meteorologia, Universidade de São Paulo, São Paulo.105 p. Arbage,M.C.A., Degrazia, G. A., Moraes, O. L. L. 2006. 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PEF.calculado 3,48037 30,38849 1,257492 12,23959 0,672385 8,796742 3,304515 28,07723 7,234149 90,00558 2,0259 0,8159 0,5864 1,8718 9,99553 0 0,01 0,020259 4,50815 0 0,001 0,000816 2,15362 0,03811 0,001 0,000586 12,9106 0 0,1 0,18718 Data INDENO CRISENO FLUORANTENO PIRENO BENZO(b)FLUORANTENO (1,2,3..)PIRENO DIBENZO BENZO (a, h) (k)FLUORANTENO 0 0,13233 0 0,14497 0 0,20831 0,12054 0 4,50765 0,81691 0 1,7977 0 15,6995 2,28478 11,554 1,25537 0,25626 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4,8195 12,79169 170,4824 4,070216 25,71272 3,128647 17,88508 6,0003 11,3654 1,7142 1,1923 29,5371 0,076419 0,1 0,60003 51,8983 0,097469 0,01 0,113654 15,6995 0 1 1,7142 11,554 0 0,1 0,11923 1 BENZO Data ACENAFTILENO ANTRACENO FLUORENO (a) BENZO(a)ANTRACENO NAFTALENO FENANTRENO ACENAFTENO PIRENO 18/07/2012 0,04437 0,07603 0 0 0 0,02948 0,12124 0 11/08/2012 0 0,06345 0 0,55371 0,64869 0,03574 0,09542 0,041727 10/09/2012 0 0 0 1,44436 0,35382 0,12553 0,18488 0 10/10/2012 0 0 0 0,1582 0,09276 0,16645 0,13194 0 10/11/2012 0 0,08835 0 0 0,11444 0,36844 1,13792 0,044729 16/12/2012 0 0 0,01337 0 1,27446 0,24113 0,14147 0,02082 22/12/2012 0 0,05333 0,01663 0 0,02323 0,1987 0,18718 0,015655 04/01/2013 0 0 0 0 0,04989 0,04514 0,11907 0,069 17/01/2013 0 0,10793 0,02016 0,83899 0,82081 0,22515 1,48149 0,040489 23/01/2013 0 0,03216 0 0 1,09424 0,06325 0,77865 0 16/02/2013 0 0 0 0 0,02528 0,09449 0,08136 0,026568 06/03/2013 0 0,02075 0 0 0,33612 0,2271 0,34688 0 18/03/2013 0 0,72939 0 0 0 0,2614 0 0 17/04/2013 0 0 0 6,19762 2,38977 0,11826 0,50707 0 17/05/2013 0,0795 0,21045 0,08096 4,7903 0,31429 0,12478 0,30336 0,009989 Desvio ∑ Média Max Min PEF (referência) PEF(calculado) 0,022781 0,12387 0,008258 0,0795 0 0,185659 1,381855 0,092124 0,72939 0 0,021162 0,131117 0,008741 0,08096 0 1,916915 13,98318 0,932212 6,19762 0 0,665557 7,537791 0,502519 2,38977 0 0,097728 2,325041 0,155003 0,36844 0,02948 0,431989 5,617911 0,374527 1,48149 0 0,022044 0,268977 0,017932 0,04173 0 0,001 8,26E-06 0,01 0,000921 0,001 8,74E-06 1 0,932212 0,1 0,050252 0,001 0,000155 0,001 0,000375 0,001 1,79E-05 2 ANEXO 2: RAZÕES DIAGNÓSTICAS DOS HPAs Data 18/07/2012 11/08/2012 10/09/2012 10/10/2012 10/11/2012 16/12/2012 22/12/2012 04/01/2013 17/01/2013 23/01/2013 16/02/2013 06/03/2013 18/03/2013 17/04/2013 17/05/2013 Fen/Antr 1,594653 Pirolítico 1,50393 Pirolítico Fluor/Pir 0 0,87146 1,154237 0,455081 12,87937 1,927943 0 3,509677 Pirolítico 1,359341 1,221952 13,72613 1,630777 24,20949 Petrogêncio 118,3053 0,907 16,71628 Petrogêncio 1,257392 0 Pirolítico 0,571766 1,229538 1,441458 Pirolítico 1,563959 Naf/Fen 0,243177 0,374564 0,679025 1,261575 0,323779 1,704493 1,061581 0,379115 0,151976 0,081224 1,161388 0,654702 Petrogêncio Pirolítico Petrogêncio Pirolítico Pirolítico Pirolítico Petrogêncio Pirolítico Pirolítico Petrogêncio Pirolítico Pirolítico Pirolítico Pirolítico Pirolítico Pirolítico Pirolítico Petrogêncio Pirolítico Pirolítico Petrogêncio Pirolítico 0,233234 Pirolítico Pirolítico 0,411315 Pirolítico Ind/B(g,h,i)P 1,105209 Petrogêncio 0,845983 Pirolítico 0,489162 Pirolítico 0,470066 Pirolítico 0,513602 Pirolítico 0,409616 Pirolítico 0,372937 Pirolítico 0,514267 Pirolítico 0,431519 Pirolítico 0,457021 Pirolítico 0,472957 Pirolítico 0,504187 Pirolítico 0,416468 Pirolítico 0,569134 Pirolítico 0,546907 Pirolítico Fluor/(Fluor+Fen) 0 Petrogêncio 0,672686 Pirolítico 0,761015 Pirolítico 0,227792 Pirolítico 0,325252 Pirolítico 0 Petrogêncio 0,431161 Pirolítico 0,383071 Pirolítico 0,48704 Pirolítico 0,852718 Pirolítico 0,40618 Pirolítico 0,783023 Pirolítico 1 Pirolítico 0,839283 Pirolítico 0,704907 Pirolítico Fluor/(Fluor+Pir) Ind/(Ind+B(g,h,i)P) 0 Petrogêncio 0,524988 0,465658 Petrogêncio 0,458283 0,535799 Pirolítico 0,328481 0,312753 Petrogêncio 0,319759 0,658463 Pirolítico 0,339325 0 Petrogêncio 0,290587 0,576153 Pirolítico 0,271634 0,549945 Pirolítico 0,339614 0,619884 Pirolítico 0,301441 0,991618 Pirolítico 0,313668 0,475616 Petrogêncio 0,321094 0,557011 Pirolítico 0,335189 0,363773 Petrogêncio 0,294019 0,551477 Pirolítico 0,362706 0,609978 Pirolítico 0,353549