Manual formação pme PRODUTIVIDADE E INOVAÇÃO Índice: 1. FUNDAMENTOS DA PRODUTIVIDADE 6 INTRODUÇÃO 6 2. 7 O IMPERATIVO DA COMPETITIVIDADE 9 FACTORES DE COMPETITIVIDADE 9 DA PRODUTIVIDADE 11 GESTÃO DA PRODUTIVIDADE 14 SIGNIFICADO 3. INTRODUÇÃO 14 MEDIDA DE PRODUTIVIDADE DA ORGANIZAÇÃO 15 PRODUTIVIDADE ENERGÉTICA 18 PRODUTIVIDADE EM SERVIÇOS 21 OUTROS INDICADORES DE PRODUTIVIDADE 21 INDICADOR DE PRODUTIVIDADE REAL 22 ÍNDICES DE VARIAÇÃO DA PRODUTIVIDADE 22 4. TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO 24 TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO EM MASSA 24 TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO EM LOTES 24 TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO UNITÁRIA 25 PRINCIPAIS TIPOS DE FLUXO DE PRODUÇÃO 25 FLUXO DE PRODUÇÃO EM LINHA 25 FLUXO DE PRODUÇÃO EM LOTES 26 FLUXO DE PRODUÇÃO EM CÉLULAS DE FABRICO 28 CONCEPÇÃO DAS CÉLULAS 28 TIPOS DE ACTIVIDADES 29 OPERAÇÕES 29 CONTROLO OU INSPECÇÃO 30 TRANSPORTES 31 ARMAZENAGEM TEMPORÁRIA OU ESPERA 31 ARMAZENAGEM PERMANENTE 31 Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 2/116 5. FACTORES DE PRODUTIVIDADE 33 RECURSOS HUMANOS 33 PLANEAMENTO 33 RECRUTAMENTO 34 ANÁLISE DE FUNÇÕES 35 FORMAÇÃO 36 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO 37 REGISTO E MANUTENÇÃO DE INFORMAÇÕES 39 ROTAÇÃO DE PESSOAL 39 ERGONOMIA E ORGANIZAÇÃO DO PT 41 O TRABALHO E ERGONOMIA 41 POSTO DE TRABALHO 41 PRINCÍPIOS DE ECONOMIA DE MOVIMENTOS 42 1- USO DE MÚSCULOS ADEQUADOS 42 2.- MÃOS E BRAÇOS 43 3 - MOVIMENTOS CURVOS 44 4. LANÇAMENTOS 44 5. RITMO 44 6. ZONAS DE TRABALHO 46 7. ALTURA DO POSTO DE TRABALHO 47 8. UM LUGAR PARA CADA COISA 47 9. OBJECTOS EM ORDEM 48 10. USO DA FORÇA DA GRAVIDADE 48 11. FERRAMENTAS 49 12. FERRAMENTAS COMBINADAS 49 13. ACESSÓRIOS INTELIGENTES 50 FACTORES AMBIENTAIS 50 TRABALHO EM TEMPERATURAS ELEVADAS 50 TRABALHO EM BAIXAS TEMPERATURAS 51 AMBIENTE ACÚSTICO 52 DEFINIÇÕES 52 O RUÍDO 53 A INFLUÊNCIA DO RUÍDO NA SAÚDE E NO DESEMPENHO DO TRABALHADOR 55 FORMAS DE REDUZIR O RUÍDO NOS LOCAIS DE TRABALHO 56 ILUMINAÇÃO AMBIENTE 58 PRINCIPAIS GRANDEZAS DA ILUMINAÇÃO AMBIENTE 58 LUZ AMBIENTE 59 ALGUMAS RECOMENDAÇÕES PARA OS AMBIENTES DE TRABALHO 61 Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 3/116 QUALIDADE DO AR 63 CONTAMINANTES ATMOSFÉRICOS 63 HIGIENE E SEGURANÇA 66 DEFINIÇÕES 66 ACIDENTES DE TRABALHO 67 FACTORES QUE AFECTAM A HIGIENE E SEGURANÇA 70 FACTORES QUE AFECTAM A HIGIENE E SEGURANÇA 70 AS PERDAS DE PRODUTIVIDADE E QUALIDADE 71 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO 73 TRABALHO DO HOMEM 76 SIMPLIFICAÇÃO DE TAREFAS 77 MÉTODO DE TRABALHO 78 ORGANIZAÇÃO DA PRODUÇÃO 81 EQUILÍBRIO DA CAPACIDADE E DO FLUXO 81 TAXA DE UTILIZAÇÃO DE UM POSTO DE NÃO ESTRANGULAMENTO 81 TAXA DE UTILIZAÇÃO DOS POSTOS DE ESTRANGULAMENTO E FUNCIONAMENTO DO SISTEMA PRODUTIVO 82 REGRAS IMPORTANTES A SEGUIR 83 ANÁLISE DE LAYOUT (ARRANJO FÍSICO) 83 PROCEDIMENTOS PARA ANÁLISE DE LAYOUT 87 FATORES A SEREM ESTUDADOS NA ELABORAÇÃO DO ARRANJO FÍSICO 90 6. PRODUTIVIDADE E PERDAS DE PRODUÇÃO 95 DESPERDÍCIOS 95 REFUGO 96 REPROCESSO 97 GESTÃO DE UTILIDADES 98 CONCLUSÕES SOBRE AS PERDAS 98 7. INOVAÇÃO 99 INOVAÇÃO TECNOLÓGICA 99 INOVAÇÃO NA GESTÃO DA PRODUÇÃO 100 PRODUÇÃO ÁGIL ( AGILE MANUFACTURING ) 101 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS NA AGILE MANUFACTURING 102 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS NA AGILE MANUFACTURING 104 KAIZEN 106 INTRODUÇÃO 106 AS REGRAS DE OURO DO GEMBA 106 5S -O BOM FUNCIONAMENTO DA EMPRESA 108 COMO ELIMINAR O DESPERDÍCIO 109 Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 4/116 O PAPEL DOS SUPERVISORES 110 CONTROLE DA QUALIDADE TOTAL - TQC 111 CONCEITO DO TQC 112 DIMENSÕES DA QUALIDADE 112 8. 114 CONCLUSÕES Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 5/116 1. FUNDAMENTOS DA PRODUTIVIDADE INTRODUÇÃO A função produção, entendida como o conjunto de actividades que levam à transformação de um bem em outro com maior utilidade, acompanha o homem desde sua origem. Quando polia a pedra a fim de a transformar em utensílio mais eficaz, o homem pré-histórico executava uma actividade de produção. Nos milhares de anos que se seguiram , o homem evoluiu e as suas actividades e necessidades tornaram-se cada vem mais vastas e complexas , auxiliadas pelo desenvolvimento de ferramentas e métodos de produzir cada vez mais sofisticados . No inicio do século XX , Henry Ford cria a linha de montagem em série, revolucionando os métodos e processos produtivos até então existentes. Surge então o conceito de produção em massa, caracterizada por grandes volumes de produtos. Esta metodologia de fabrico trouxe consigo princípios inovadores relacionados com a melhoria da produtividade por meio de novos conceitos e técnicas de gestão das actividades , como : • linha de montagem; • posto de trabalho; • stoks intermédios; • arranjo físico ou Layout; • balanceamento de linha; • produtos em curso de fabrico; Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 6/116 • controlo de tempos de fabrico ; • manutenção preventiva; Neste contexto , é dada grande importância ao conceito de produtividade, explicado como : 2. a procura incessante por melhores métodos de trabalho e processos de fabrico, com o objectivo de se obter a melhor e maior produção com o menor custo possível. Esta procura ainda hoje é o tema central em todas as empresas, mudando-se apenas as técnicas utilizadas. A análise da relação entre o que é produzido (carros , sapatos , livros , transportes , receitas , etc) e o que é consumido (matérias-primas, mão-deobra, energia, capital, instalações, etc), corresponde á medida que permite quantificar a produtividade, que sempre foi o grande indicador do sucesso ou fracasso das empresas. Pr odutividade = Pr odução Consumo A produção em série é responsável pelo grande aumento da produtividade e posteriormente da qualidade com a obtenção de produtos mais uniformes, devido á padronização e aplicação de técnicas de controle da qualidade. O conceito de produção em massa e as técnicas produtivas dele decorrentes predominaram nas fábricas até meados da década de 60, quando surgiram novas técnicas produtivas , destinadas a aumentar a eficiência dos processos de fabrico e a sua flexibilidade , promovendo entre outros , os seguintes conceitos: Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 7/116 • just-in-time • células de produção; • robotização • qualidade total • certificação Ao longo desse processo de modernização da produção, cresce em importância a figura do consumidor, em nome do qual tudo se tem feito. Pode-se dizer que a procura da satisfação do consumidor é que tem levado as empresas a se actualizar em com novas técnicas de produção, cada vez mais eficazes, eficientes e de alta produtividade. É tão grande a atenção dispensada ao consumidor , que este, em muitos casos, já especifica em detalhes o "seu" produto, sem que isso atrapalhe os processos de produção do fornecedor, que para tal tem de melhorar a sua flexibilidade. Assim, estamos de novo a caminhar para a produção personalizada , que, sob certos aspectos, constitui um "retomo ao artesanato" sem a figura do artesão, que passa a ser substituído por fábricas e serviços sofisticados . Actualmente é o sector de serviços que emprega mais pessoas e gera maior parcela do produto interno bruto na maioria das nações do mundo. Desta forma, passou-se a dar ao fornecimento de serviços uma abordagem semelhante à dada à fabricação industrial. Uma empresa moderna e inserida na actual economia global , é a que está voltada para o cliente, sem perder a característica de empresa eficiente, com indicadores de produtividade que a colocam no topo entre seus concorrentes, em termos mundiais, objectivo só atingido com a procura incessante de melhorias. Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 8/116 O IMPERATIVO DA COMPETITIVIDADE O que significa para uma empresa ser competitiva? A resposta a essa pergunta tem sido objecto dos mais variados estudos, e muito ainda será dito e escrito sobre o tema . Contudo poderemos dizer que : ser competitivo é ter condições de concorrer com um ou mais fabricantes e/ou fornecedores de um produto/serviço num determinado mercado Essa capacidade de competir normalmente varia ao longo do tempo e não são raros os exemplos de empresas que perdem tal capacidade e são expulsas do mercado. À medida que crescem as vantagens competitivas de uma empresa, aumenta sua parcela do mercado. Assim, em uma situação normal de mercado aberto, uma empresa só sobrevive enquanto mantém alguma vantagem competitiva sobre seus concorrentes, e um dos factores que mais influencia a competitividade é a produtividade , que constitui por si só , um dos principais factores que determinam o sucesso das empresas e dos países . FACTORES DE COMPETITIVIDADE O sucesso da actividade de uma empresa é moldado por um conjunto de factores que importa dominar para a boa gestão dos seus recursos e consequente melhoria da sua competitividade. • Custos. A produção de um bem e/ou serviço ao menor custo possível é um objectivo permanente de toda e qualquer organização. A dimensão custo, que pode traduzir-se no menor preço de venda, é o grande factor Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 9/116 decisório do consumidor. Não há dúvida que uma estratégia de redução de custos terá enorme impacto na vantagem competitiva. • Qualidade. A melhoria contínua da qualidade foi o grande trunfo das empresas japonesas na conquista de mercados cada vez maiores e mais sofisticados. A dedicação de esforços na área da qualidade dos produtos/serviços tem um duplo efeito no aumento da vantagem competitiva, pois está demonstrado que a melhoria da qualidade, ao contrário do que sempre se imaginou, resulta muitas vezes na redução de custos de produção. • Prazos de entrega, Quanto menor o prazo de entrega de um produto/serviço, tanto mais satisfeito ficará o consumidor. Além disso, quanto menor o prazo de entrega, tanto menores serão os Stocks intermédios , os espaços necessários e os seus custos relativos. • Flexibilidade. É a capacidade que a empresa deve ter para rapidamente se adaptar às mudanças do mercado devendo ser ágil na adaptação dos seus produtos às novas exigências do consumidor. Quanto mais flexível e rápida for, mais cedo chega ao mercado com uma solução ou inovação tirando partido de ser o primeiro no mercado . • Inovação. É a capacidade da empresa se antecipar às necessidades dos consumidores. A empresa americana 3M tem por característica sua capacidade inovadora, o que tem lhe dado grande vantagem competitiva em relação aos seus concorrentes. • Produtividade. É uma dimensão que deve estar presente em todas as acções da empresa, sob pena de perder competitividade e é resultado da combinação dos factores anteriores . Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 10/116 A produtividade de uma Empresa , é assim obtida a partir da sua capacidade de inovar, da sua flexibilidade, da qualidade obtida e da redução dos seus custos . Em resumo a Produtividade é a resultado da melhor ou pior gestão dos recursos de uma qualquer actividade , pelo que a optimização dos mesmos deve ser uma prioridade de qualquer forma de gestão . SIGNIFICADO DA PRODUTIVIDADE A produtividade é tema importante para gerentes e supervisores, em qualquer nível da organização. Como se referiu antes o aumento da produtividade fornece os meios para a redução dos preços, aumento dos lucros, segurança do trabalho e maiores salários. Na maior parte dos casos o aumento de produtividade requer mudanças na tecnologia, na qualidade ou na forma de organização do trabalho, ou em todos estes factores no seu conjunto. Entre outros podem ser citados alguns factores que determinam ou influenciam a produtividade: ✓ Relação capital-trabalho, ou seja, o nível de investimentos em relação à mão-de-obra empregada. A tendência cada vez maior é o de emprego de linhas automatizadas. ✓ Escassez de alguns recursos, como por exemplo energia eléctrica: ocasiona o aumento deste custo de produção. ✓ Mudanças na mão-de-obra, decorrentes de alterações de processos produtivos, onde é necessário pessoal com maior grau de formação e adaptabilidade . Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 11/116 ✓ Inovação e Tecnologia, são os grandes responsáveis pelo aumento da produtividade . ✓ Restrições Legais, têm imposto limitações a certas empresas, forçando-as a implantarem equipamentos de protecção ambiental, com impactos na produtividade. ✓ Factores de Gestão, relacionados com a capacidade dos administradores em se empenharem em programas de melhoria de produtividade das suas empresas. O termo produtividade é hoje exaustivamente usado não só nas publicações especializadas como também no dia-a-dia da empresa. O termo produtividade, foi utilizado pela primeira vez, num artigo do economista francês Quesnay, em 1766. Decorrido mais de um século, em 1883, outro economista francês, Littre, usou o termo com o sentido de “capacidade de produzir”. Entretanto, somente no começo deste século o termo assumiu o significado da relação entre o produzido (output) e os recursos empregues para o produzir (input). Em 1950 a Comunidade Económica Europeia apresentou uma definição formal de produtividade como sendo o quociente produzido pela divisão do produzido (output) por um dos factores de produção Dessa forma, pode-se falar da produtividade do capital, das matérias-primas, da mão-de-obra etc. Dependendo de quem defina produtividade ( economista, gerente, político, líder sindical, engenheiro de produção etc ) esta pode ter diferentes definições. Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 12/116 Contudo uma análise cuidadosa leva a duas definições básicas: Produtividade parcial: é a relação entre o produzido, medido de alguma forma, e o meio de produção utilizado. Assim, a produtividade da mão-de-obra é uma medida de produtividade parcial. O mesmo é válido para a produtividade do capital Produtividade total: é a relação entre o output total e a soma de todos os meios de produção (Input) Deste modo o significado de produtividade reflecte o impacto conjunto de todos os factores na produção do output (Produto ou serviço final) Determinar a PRODUTIVIDADE PARCIAL da mão-de-obra de uma empresa que facturou 73 milhões de Euros em certo ano fiscal no qual os 372 colaboradores trabalharam em média 180 horas/mês. Horas totais de trabalho = 372 funcionários x 180 horas = 66960 horas Produtividade = 73 000 000 € / 66960 = 1090 € / hora de trabalho Determinar a PRODUTIVIDADE TOTAL da empresa do exemplo anterior sabendo-se que incorreu em custos de 71 milhões de Euros , referentes a todos os recursos utilizados na sua actividade. Produtividade = 73 000 000 € / 71 000 000€ = 1,028 Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 13/116 3. GESTÃO DA PRODUTIVIDADE INTRODUÇÃO O estudo sistemático da produtividade já faz parte dos processos de gestão de várias empresa , como forma de medirem os seus desempenhos , detalhando por vezes esta medida, para as áreas de Serviços , Financeira e Produção. Avaliar a produtividade e compará-la com a de outras empresas (benchmarking), concorrentes ou não, tornou-se um igualmente um acto de gestão importante para os gerentes preocupados com o futuro da empresa e a sua posição no mercado . A qualquer instante uma empresa envolvida num programa de melhoria da produtividade estará num dos quatro estágios ou fases: 1. medida 2. avaliação 3. planeamento 4. melhoria A produtividade deve ser medida através da definição de métodos adequados, utilizando dados já existentes ou recolhendo dados novos para o efeito . Estes dados devem reproduzir e representar fielmente os factores de actividade da Empresa como : Horas de trabalho , remunerações , Custos de materiais e matérias primas , valores facturados , valores recebidos , quantidades produzidas e vendidas etc Estes valores devem estar associados a um mesmo período de avaliação (Semana , mês , Ano) Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 14/116 Com os dados recolhidos e tratados , podem-se calcular os valores da produtividade (parciais ou totais) , de acordo com a realidade da empresa . A partir dos níveis identificados, e das comparações realizadas, podem-se planear níveis a serem atingidos, tanto a curto quanto a longo prazo.Esta planificação tem subjacente um trabalho de análise de processos menos produtivos , para elaboração de medidas de melhoria da produtividade . Redução de encargos financeiros , redução de tempos mortos , redefinição dos fluxos de produção , adjudicação externa de serviços não essenciais , etc Elaborado o planeamento com a devida fixação de objectivos de melhoria , resta passar à acção, introduzindo as melhorias propostas, fazendo as verificações necessárias e realizando novas medições da produtividade para a sua monitorização. A gestão da produtividade é um processo formal de gestão, envolvendo todos os níveis da administração e colaboradores, com o objectivo último de reduzir custos de manufactura, distribuição e venda de um produto ou serviço, através da integração das quatro fases do Ciclo da Produtividade, ou seja medida - avaliação - planeamento - melhoria MEDIDA DE PRODUTIVIDADE DA ORGANIZAÇÃO Quando falamos em produtividade, há que distinguir os diferentes termos em que pode ser trabalho(número expressa de , unidades como no produzidas caso por da produtividade hora de trabalho) do ou produtividade do capital(o capital inclui capital ,máquinas, terras, edifício e Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 15/116 em que a produtividade se mede pelo aumento da produção com o mesmo capital). Em qualquer destes casos, estamos a referir a produtividade parcial em que se considera apenas um factor como input. Quando referimos todos os inputs(produtividade do trabalho e a de capital) temos a produtividade total dos factores. Saídas ou Outputs Constituem os resultados obtidos e podem ser aferidos pelas seguintes medidas: Quantidade de produção número de produtos produzidos por uma empresa ou o número de serviços prestados Valor da valor das vendas do produto ou serviço produção prestado, durante um dado período traduz o resultado das vendas de uma Valor adicionado empresa menos os valores pagos fornecedores e/ou terceiros Consumos ou Inputs Recursos necessários para produzir mercadorias ou serviços. Podem ser: Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 16/116 a Quantidade de trabalho Quantidade de capital reflecte o número de horas de trabalho ou o número de empregados número de reflecte o valor de utilização das máquinas e instalações ou aquilo que se gasta para produzir Aumentar a produtividade NÃO SIGNIFICA que os trabalhadores tenham de trabalhar mais horas; uma alta produtividade passa por uma eficiente organização dos processos de produção e de trabalho e uma constante formação profissional dos trabalhadores Os processo de medida da produtividade mais indicados utilizam indicadores que permitem avaliar as variações, ao longo do tempo, de uma grandeza não susceptível de medida directa. Assim a produtividade na empresa pode ser avaliada através dos indicadores: Produtividade total (PT): é a relação entre a medida do output gerado entre dois instantes i e j, a preços do instante inicial, e a medida do input consumido entre os dois instantes i e j, a preços do instante inicial.1 PT = OI CI em que C = total de bens consumidos O = Total dos bens produzidos 1 Os preços devem ter a mesma base de referência, podendo ser tanto o instante i como j (ou qualquer outro). , reportando-se á totalidade dos recursos usados na actividade . Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 17/116 A produtividade é, pois, uma avaliação efectuada entre dois instantes no tempo , fazendo sentido falar em produtividade no dia, no mês, no ano. Por outro lado , a variação da produtividade é avaliada entre dois períodos, consecutivos ou não. Produtividade parcial do trabalho (Pm) (ou da mão-de-obra): é a relação entre o output total no período, a preços constantes, e o input de mão-de-obra no mesmo período, a preços constantes. Pm = OI em que MI M = total de Mão de obra usada (Horas ou trabalhadores) O = Total dos bens produzidos Há duas variantes da medida que relaciona produto com o factor de produção trabalho. A primeira divide o produto (ou um índice de produção) pelo número de trabalhadores envolvidos na produção (ou pelo índice a ele relacionado). O inconveniente de tal medida é que ela não considera o tempo de trabalho despendido por cada um dos trabalhadores. Assim, um mesmo número de trabalhadores trabalhando por mais tempo seria interpretado como um aumento da produtividade ao invés de um aumento no uso do trabalho. Para se evitar esse problema, procura-se utilizar a segunda variante: a razão entre o produto e o número de horas trabalhadas (homens-hora). Pr = Y H onde, Y é a quantidade produzida do bem e H é o número de horas trabalhadas ou horas pagas. Produtividade energética Uma segunda medida de produtividade também de fácil construção é a produtividade do factor energia, ou seja, a relação entre o produto e o Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 18/116 consumo de energia. Dado que a energia é a principal força motriz nos processos de produção, este índice mede o desempenho técnico destes processos. Pr = Y CE Y é a quantidade produzida do bem e CE – Consumo de Energia (Kwh) No caso de actividades que utilizem outros tipos de energia (Gás , Fúel ,etc) de maneira predominante, deve-se substituir o consumo de energia eléctrica da equação pelo consumo da fonte de energia utilizada. Utilizando-se uma medida comum de energia, a tonelada equivalente de petróleo – tep, por exemplo, é possível se combinar o consumo energético de fontes diferentes. A esta medida poderemos igualmente chamar consumo especifico de energia A Produtividade energética (Consumo especifico) , constitui uma das melhores medidas do desempenho de uma actividade , valor que pode ser comparado com os índices de regulamentados para a actividade em causa 2 . Taxa de Produção em quilogramas por hora: Representa o peso médio (em Kg) produzido no intervalo de uma hora. O cálculo é feito dividindo-se o peso obtido em cada máquina pela diferença entre o horário final e o horário inicial de produção . 2 Consultar o Regulamento de Racionalização dos Consumos de Energia da Direcção Geral de Energia Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 19/116 No mês de janeiro de 1996 a empresa ABC produziu 1.330 unidades do produto Z, com a utilização de 818homens/hora. No mês de fevereiro, devido ao menor número de dias úteis, produziu 1.180 unidades, com a utilização de 780 homens/hora. Determinar a produtividade total nos meses de janeiro e fevereiro e sua variação. Pm Janeiro = 1330 peças / 880 homens = 1,511 peças / Hm Pm Fevereiro = 1180 peças / 780 homens = 1,513 peças / Hm Variação da Produtividade = PmFev – PmJan = 1,513 – 1,511 = 0,003un/Hm Uma indústria de cartão ondulado produziu, em 1989, 240000 de toneladas com o emprego de 1570 empregados. Em 1994 produziu 290000 ton com o emprego de 1390. Determinar as produtividades em 1989 e 1994 Pm 1989 = 240000 ton /1570 homens Pm 1994 = 290000 ton / 1390 homens = 153 ton / Hm = 208 ton / Hm Variação da Produtividade = 208 – 153 =55 ton/ hm Produtividade parcial do capital(Pc) : é a relação entre o output total no período, a preços constantes, e o input de capital no mesmo período, a uma taxa de retorno constante Produtividade parcial dos materiais (Pi): é a relação entre o output total no período, a preços constantes, e o input dos materiais intermediários comprados no período, a preços constantes Uma industria utiliza água no seu processo industrial, e o consumo histórico tem sido de 0,88 litro por 1.000 unidades produzidas. Uma melhoria no processo industrial reduziu o consumo para 0,84 litro por 1.000 unidades. Determinar a produtividade antes e depois da alteração e sua variação Pi 1 = 1000 un / 0,88 L Pi 2 = 1000 un / 0,84 L = 1136 un / L = 1190 un / L Variação da Produtividade = 1190 – 1136 =60 un/ L Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 20/116 Produtividade em Serviços Exemplos de medida de produtividade para serviços , podem ser dados por : Produtividade diária por doca (em Kg/doca.dia): Representa a taxa diária de carregamento numa doca, ou seja, quantos quilogramas foram movimentados em cada doca num dia. O cálculo é feito dividindo-se o total carregado num dia (em Kg) pelo número de docas em operação nesse dia. Produtividade dos empilhadores (kg/hora.empilhadores): Representa o peso (em Kg) movimentado por cada empilhador no intervalo de uma hora. É calculado dividindo-se o total diário carregado (em Kg) pelo produto entre o número de empilhadores e o total de horas de utilização por dia Outros Indicadores de Produtividade PTF = produtividade total de uma firma = output total da firma input total da firma TTi = produtividade total do produto i = output total do produto i input total do produto i Txi = produtividade parcial do produto i com relação ao input do factor j Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 21/116 Tx = Output do Produto Input do Produto Indicador de produtividade real Para ambos os casos citados anteriormente, é possível construir um indicador que leve em consideração as unidades perdidas no processo produtivo, assim como o retrabalho. Assim sendo, esse indicador forneceria uma medida mais adequada da produtividade dos factores de produção. PRT = (1 + P!) /(1 + P1 + P 2) Y * CM 1 + P1 * r onde, p1 é a fracção de produto que necessita de retrabalho; p2 é a fracção de produto que não pode ser aproveitada; r é a taxa de consumo de materiais para um produto que necessita de retrabalho; Y é a quantidade de bem produzida; e CM é o montante de MATERIAL utilizado. Índices de variação da Produtividade A par da medida da absoluta da Produtividade , podem-se compara valores e a sua variação , a partir de índices de variação da produtividade .Define-se o índice de variação da produtividade total da firma, no período t, como: (IPTF)t = PTFt PTFo Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 22/116 Similarmente, o índice de variação da produtividade total do produto i, no período t (entre os momentos a e b), (ITx)it, é dado por: (ITx)it = Txb Txa Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 23/116 4. TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO Antes de abordarmos com maior detalhe os factores de influencia da produtividade , será útil apresentar as formas e características mais importantes dos tipos de organização das actividades de fabrico , para a melhor identificação do relacionamento entre os diferentes meios de produção necessários á obtenção de um artigo ou serviço . TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO EM MASSA É caracterizada por elevado volume de produção durante longos períodos, com poucas mudanças tecnológicas ou de especificações . Podemos considerar processos contínuos e discretos: Processos contínuos envolvem matéria-prima, alimentada contínua e regularmente , embora com características variáveis dentro de um dado limite; Nos processos contínuos o produto flui continuamente; trata-se do processo tecnológico mais eficiente, mas pouco flexível.(Petróleo , Cimento , Papel , Químicos, etc) Processos individuais discretos de envolvem produto, tais a como produção frigoríficos de , unidades sapatos componentes electrónicos.. TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO EM LOTES O mesmo equipamento é utilizado para produzir vários produtos sendo a produção programada de forma cíclica. Podemos considerar três tipos de produção em lotes: 9 Produção em longos lotes com montagem diferenciada. Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 24/116 ou 9 Produção em longos lotes com pouca variedade na montagem. 9 Produção em pequenos lotes. TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO UNITÁRIA Caracterizada pela produção de reduzida quantidade de produtos e muito diversificados. Podemos considerar três tipos de produção unitária: ✓ ✓ ✓ Produção de equipamento especial. Montagens tecnicamente complexas. Produção de equipamento pesado PRINCIPAIS TIPOS DE FLUXO DE PRODUÇÃO Podemos identificar em sistemas de produção, diferentes formas para estruturação do fluxo de produção: 1. Fluxo de produção em linhas do tipo mão-de-obra intensiva. 2. Fluxo de produção em grandes lotes 3. Fluxo de produção em pequenos lotes. 4. Fluxo de produção em células do tipo tecnológico. 5. Fluxo de produção em células do tipo mão-de-obra intensiva. FLUXO DE PRODUÇÃO EM LINHA Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 25/116 Fluxo de produção em Linhas é utilizada em unidades industriais com elevado volume de produção durante longos períodos e com poucas mudanças tecnológicas. O layout de produção é orientado por produto, sendo caracterizado por elevada velocidade de produção. Utiliza equipamento dedicado à produção específica de um conjunto particular de produtos. Diferentes postos de trabalho são agrupados na linha de produção, tipicamente um posto de cada tipo, excepto onde postos semelhantes são necessários para balancear o fluxo de produção. investimento especiais em pode ser equipamento elevado; e O ferramentas frequentemente os tempos de ciclo de fabrico são inferiores a 10 minutos, incluindo tarefas com relativo baixo conteúdo. Os componentes são concebidos para fluir por uma sequência de operações, através de equipamento de movimentação como transportadores de corrente, rolos ou tela. Os componentes deslocam-se pelos diversos postos de trabalho, componente a componente ou peça-a-peça. Um dos factores de maior importância para a boa gestão deste tipo de fluxo produtivo , é o Balanceamento da Linha . Uma linha balanceada significa que o tempo das operações realizadas nos diferentes postos de trabalho, é sensivelmente o mesmo, de forma a reduzir o seu tempo de inactividade. Trata-se de um sistema de fabricação normalmente pouco flexível, no respeitante à variedade e ao volume de produção. FLUXO DE PRODUÇÃO EM LOTES No fluxo de produção por lotes, o mesmo equipamento tecnológico é utilizado por variados produtos sendo cada produto programado de forma Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 26/116 cíclica. A característica que diferencia este sistema de fabricação, é a sua capacidade para produzir uma larga variedade de produtos, em lotes de grande, média ou reduzida dimensão (mesmo unitária). Unidades de produção em lotes são frequentemente concebidas para responder a encomendas especiais dos clientes; muitas indústrias de fabricação por lotes fabricam para stocks de produtos acabados. Os operadores/as necessitam de elevada capacidade técnica para realizarem uma diversidade de tarefas. Verificam-se dificuldades em obter, neste tipo de fabricação, elevados níveis de produtividade. Valores como 10% de tempo útil de produção, num total de 8 horas de trabalho, são considerados correntes neste tipo de fabricação. Na fabricação por lotes as máquinas ferramentas encontramse funcionalmente agrupadas, com o de acordo processo de fabricação: todos os equipamentos duma mesma família agrupados na mesma área funcional. A vantagem deste layout reside na sua capacidade para fabricar uma larga diversidade de produtos. Cada componente, sequência possuindo a sua própria de operações, pode ser programada através dos diferentes departamentos funcionais, na sequência adequada. São concebidas Folhas de Acompanhamento para controlar o movimento dos materiais. Em geral empilhadores e transportadores são utilizados para transportar os produtos de um posto de trabalho para o seguinte. Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 27/116 Quando o volume de produção aumenta, o sistema de produção em lotes pode-se tornar bastante complexo de gerir, resultando em longos prazos de processamento e elevados produtos em curso de fabricação. Lotes típicos de dimensão média envolvem 50 a 200 unidades. FLUXO DE PRODUÇÃO EM CÉLULAS DE FABRICO Trata-se de uma estrutura semelhante às linhas de produção, contudo concebida para flexibilidade. A célula é frequentemente configurada na forma de U, permitindo aos operadores/as deslocarem-se rapidamente entre máquinas. SE RE SE RE TO FR TO RE TO FU TO RE TO FR FU RE TO FR TO FU FU FU FR CÉLULA 1 FU CÉLULA 2 CÉLULA 3 CÉLULA 4 As máquinas na célula são normalmente automáticas de ciclo único, ou semiautomáticas, desligando-se automaticamente no final do ciclo. As células p ro d. acab ad o m a te ria is podem incluir todas as operações necessárias à 2 min POSTO 1 5 min POSTO 2 2 min 1 min POSTO 8 POSTO 7 POSTO 3 4 min 10 min POSTO 6 POSTO 5 um componente ou CONCEPÇÃO DAS CÉLULAS As máquinas são organizadas na sequência de fabricação. • 6 min POSTO 4 de subconjunto. • 3 min produção As células são normalmente concebidas na forma de U ou de C. Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 28/116 • O processamento na célula pode ser peça-a-peça ou em pequenos lotes. • Os operadores/as são treinados de forma a realizarem diversas operações. • O tempo de ciclo na célula, pode ser regulado de acordo com as necessidades dos clientes. • Os operadores/as operam frequentemente na posição de pé. TIPOS DE ACTIVIDADES Existem 5 tipos principais de actividades industriais que afectam o resultado final da Produtividade : 1 - Operação 2 - Controlo ou inspecção 3 - Transporte 4 - Armazenagem temporária ou Espera 5 - Armazenagem permanente OPERAÇÕES As operações são as fases principais de um processo ou método. Em geral, a peça, a matéria, ou o produto em causa, são modificados ou alterados durante a operação. Uma operação pode ser igualmente um trabalho de preparação para uma actividade que contribui para o acabamento do produto. Existem dois tipos de operações: Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 29/116 1. Operações que acrescentam valor ao produto Normalmente transformam o material, mudando a forma ou qualidade. Transformam componentes ou produtos e aumentam o seu valor através de actividades como • Montagem • Preparação de matéria-prima • Estampagem de chapas de aço • Soldadura, pintura 2. Operações que não acrescentam valor ao produto Tratam-se de operações como manutenção de equipamento, reparações de defeitos, preparação de equipamento e mudança de ferramentas, que fundamentalmente reduzem a eficiência e a produtividade da unidade. A observação percentagem dos da postos actividade de trabalho que indica acrescenta que valor a ao produto, é inferior ao normalmente esperado. Isto significa, que os colaboradores devem transformar os movimentos em operações de valor acrescentado; mover rápido e eficientemente, pode não conduzir a valor acrescentado para o produto. Controlo ou inspecção Indica o controlo de qualidade, verificação de quantidade ou leitura de painéis de controlo. O controlo não contribui directamente para produzir o produto. Visa simplesmente Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 30/116 verificar se uma dada operação foi executada correctamente, do ponto de vista qualitativo ou quantitativo. Transportes Representa a deslocação de colaboradores, matérias-primas ou materiais acabados, de um local para outro. Existe transporte quando um objecto é mudado de um lugar, salvo se a deslocação faz parte de uma operação ou é efectuado por um colaborador no seu posto de trabalho durante uma operação ou controlo. Transporte significa que o material é deslocado por um empilhador, por um empregado, por transportador de rolos ou por uma ponte rolante. Armazenagem temporária ou espera Designa um atraso ocorrido no decorrer de uma série de acontecimentos, como por exemplo: • Espera de trabalho entre duas operações; espera de um elevador. • Colocação de objecto de lado à espera de ser deslocado. • Caixotes à espera de serem abertos. • Peças soltas colocadas nos cacifos de armazenagem à espera de serem controladas. Armazenagem permanente Designa uma armazenagem controlada na qual é requerida uma autorização para que o material possa entrar ou sair do armazém. Existe armazenagem permanente quando um objecto é conservado e protegido contra qualquer Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 31/116 deslocação não justificada. A diferença entre armazenagem permanente e temporária reside no seguinte facto: • Armazenagem Permanente: Geralmente é preciso apresentar uma requisição ou outra justificação para fazer sair um artigo do armazém • Armazenagem temporária: Não é preciso requisição autorização para deslocar o material Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 32/116 ou 5. FACTORES DE PRODUTIVIDADE Nesta secção , iremos abordar os factores e parâmetros relacionados com os recursos produtivos que interferem com a produtividade no âmbito da actividade de uma empresa , explicitando sempre que possível os aspectos de potencial melhoria em cada caso . RECURSOS HUMANOS Os Recursos Humanos são a chave vital numa organização. São as pessoas que fazem as organizações e que produzem pelo que a adequação e o entrosamento desses recursos é determinante para o sucesso da organização. A gestão de recursos humanos engloba vários pontos fulcrais comuns a á maioria das empresas , como sejam : 9 Planeamento de recursos humanos 9 Recrutamento e selecção 9 Gestão documental 9 Processamento de salários 9 Definição de funções 9 Formação 9 Avaliação de desempenho. 9 Registo e manutenção de informações Planeamento O recrutamento de recursos humanos exige que se saiba previamente quem se vai recrutar, quantos se vão recrutar e porque é que se vai recrutar. Ora isto Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 33/116 só é possível se existir uma acção de planeamento que determine as necessidades da organização. O planeamento consiste em fazer uma previsão das futuras necessidades, ter conhecimento das mudanças que irão ter lugar, analisar a mão-de-obra existente, e analisar as ofertas interna e externa de mão-de-obra. Para se poder efectuar um bom planeamento deve-se ter conhecimento absoluto dos objectivos da empresa, e conhecer também o mercado de trabalho. A previsão das futuras necessidades só é possível se : 9 Houver um perfeito conhecimento dos objectivos da empresa e das mudanças que se irão verificar; 9 Existir um perfeito acompanhamento das movimentações de pessoal no interior da empresa (e. transferências, baixas e aposentações, promoções, etc.); Recrutamento O recrutamento consiste num conjunto de técnicas e métodos para atrair candidatos. Uma organização recorre ao recrutamento sempre que se verifique um défice de pessoal para desempenhar determinadas tarefas. O recrutamento poderá fazer-se no interior da organização, ou no exterior. Nalguns casos poderá recorrer-se a outras técnicas para fazer face ao défice de pessoal, procedendo a uma reorganização de determinadas áreas da empresa onde se poderá reduzir o pessoal e transferi-lo para os locais deficitários em recursos humanos. Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 34/116 O recrutamento interno apresenta uma economia para a empresa e um aproveitamento do investimento feito na formação, assim como possibilita uma maior rapidez no preenchimento da vaga. A probabilidade de escolher um candidato adequado é maior, uma vez que já se conhece o seu perfil. O recrutamento externo permite importar novos conhecimentos e experiências para a organização. A formação não é necessária na maioria dos casos, pois escolhem-se candidatos que já possuam a formação adequada. É mais fácil incutir nos novos funcionários o que se espera deles, já que não possuem certos hábitos existentes na organização (menor produtividade inicia compensada com maior flexibilidade). Após o recrutamento , o candidato deverá ser sujeito a um período experimental nas funções que lhe forem atribuídas , durante o qual o mesmo deverá ser acompanhado por monitor ou superior hierárquico , para a mais rápida integração e consequente aumento de produção . É muito importante que o candidato seja bem acompanhado nesta fase , para aumentar a taxa de sucesso de incorporação de novos funcionários (e redução da rotatividade) , pois em geral é perdido todo o investimento capital , tempo e materiais consumidos durante a sua formação inicial . Análise de funções Para evitar perdas de produtividade por inadaptação do colaborador , é muito importante o bom conhecimento dos quesitos de cada função a desempenhar . Só depois deste passo , é que se deve proceder ao recrutamento do melhor elemento para o lugar. A análise de uma função é efectuada através de uma investigação sistemática das tarefas e responsabilidades dessa função, assim como dos conhecimentos Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 35/116 e capacidades necessárias à função Obtemos assim um conjunto de tarefas e responsabilidades que descrevem cada função e a distinguem das outras. É necessário igualmente estabelecer o alcance de cada função a sua posição hierárquica , as suas limitações, os recursos a atribuir e as actividades mais significativas. Também se devem definir as condições de execução da função, tais como ambiente, ruído, trabalho nocturno, deslocações, esforço físico, etc. Os resultados esperados mais importantes também devem ser descritos. A definição da função só estará concluída após terem sido efectuadas revisões, correcções e ajustes, e finalmente a aprovação superior. Formação A integração pressupõe um período de adaptação e de aprendizagem. A adaptação deve ser proporcionada por uma acção de acolhimento que consiste na apresentação da estrutura da organização, das condições básicas de trabalho, dos regulamentos e acordos em vigor, e das pessoas com que se vai trabalhar, superiores, colegas e equipas de trabalho. A aprendizagem pode tomar duas formas: treino e formação. O treino serve para preparar o trabalhador a executar as suas tarefas. Trata-se de uma forma de formação muito específica e determinada, que normalmente é efectuada no próprio local de trabalho. Devem-se implementar programas de treino a longo prazo , pois Operadores/as em novas tecnologias requerem formação permanente para manter um elevado desempenho Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 36/116 A formação profissional pode e deve ser fomentada pela própria organização, ou pode ser adquirida pelo próprio trabalhador no seu interesse. A formação profissional difere do treino pelo seu conteúdo mais geral e de acordo com os objectivos da organização. A formação assume hoje um papel fundamental na melhoria da produtividade , pois existem frequentemente défices de competências técnicas ou funcionais no desempenho das actividades de manufactura. A formação para novas funções , deve ser programada com antecedência , para evitar situações em que o colaborador ocupa o lugar sem a devida preparação , aumentando defeitos e perdas de produtividade . Avaliação de desempenho A avaliação de desempenho consiste na apreciação do comportamento dos colaboradores na função que ocupam , através de uma análise objectiva dos seus dados de produção e comportamento (Peças produzidas , nº de defeitos horas trabalhadas , absentismo , funções desempenhadas etc) e posterior comunicação do resultado da avaliação. Pretende-se que os resultados forneçam uma ideia do nível de desempenho e que sirvam para motivar o aumento de qualidade e da produtividade , mecanismo por vezes associado á atribuição de remunerações adicionais (prémios de mérito ou produção) . Os resultados da avaliação podem ser igualmente utilizados para fundamentar promoções , despedimentos ou mudança de funções . Neste sentido é preferível que o método de avaliação seja apoiado predominantemente em factores objectivos (peças produzidas , absentismo , flexibilidade etc) contra factores subjectivos (avaliação da chefia) , para Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 37/116 aumento da transparência dos resultados e assim funcionar como factor real de motivação dos colaboradores . Exemplo de parâmetros de avaliação 1 - DESCRIÇÃO DA ACTIVIDADE REALIZADA TAREFA / OPERAÇÃO INICIO - FIM PRODUÇÃO OBJECTIVO OBTIDA (PC/H) (PÇ/H) 2 - ABSENTISMO MÊS HORAS HORAS DE FALTA HORAS DE FALTA POTENCIAIS JUSTIFICADAS TOTAIS % ABSENTISMO TOTAIS 3 - AVALIAÇÃO DO FUNCIONÁRIO PRODUTIVIDADE: Comparação entre a quantidade de trabalho apresentada e aquela que é esperada para a função. Implica a consulta dos registos de produção. 1 - Não atinge valores relevantes de Produção. 2 - Produção inferior a 50% do valor médio. 3 - Produção superior a 50% e inferior a 80% do valor médio. 4 - Atinge a produção média (100%) definida para a função 5 - Ultrapassa com frequência a produção média (100%) definida para a função. Observações: Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 38/116 Registo e manutenção de informações O departamento ou responsável de RH , deve manter , tratar e actualizar todas as informações relativas aos colaboradores da empresa , providenciando igualmente informações em tempo útil aos colaboradores , de forma a evitar perdas de tempo em deslocações dos funcionários ao departamento . A organização da gestão dos RH , deve ter em conta que deve ser evitado a todo o custo a saída do funcionário do seu posto de trabalho para resolução de problemas administrativos pois ela resulta muitas vezes em : 9 perda de produção 9 perda de tempo 9 atraso de outras tarefas 9 perda de ritmo 9 aumento de defeitos Estes factores enunciados , determinam uma inevitável perda de produtividade do trabalhador e possivelmente do seu sector . Rotação de pessoal Uma organização é composta por pessoas, e à semelhança de qualquer sistema de pessoas, existem migrações tanto no interior da organização, como no seu exterior. À migração exterior, ou seja, à movimentação de pessoas para dentro e para fora da organização, chama-se rotação. A gestão da rotação torna-se essencial pois uma rotação elevada gera custos também elevados , pois exige um esforço considerável de tempo e materiais para a sua formação. Se bem que a um dado nível a substituição dos colaboradores de uma Empresa Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 39/116 pode ser positiva dado se admitirem pessoas sem vícios de função e mais abertas a novos desafios e possibilidades , os custos da rotação das pessoas podem assumir um valor significativo , uma vez que ocorrem diversas consequências : custos com recrutamento e selecção, custos com treino e formação, aumento do risco de acidentes por falta de rotina e experiência, baixa produção no período de treino falta de entrosamento entre funcionários As vantagens da rotação das pessoas podem ser identificadas por aspectos como os seguintes: ✓ substituição dos profissionais menos eficientes torna-se mais fácil, ✓ permite a importação de novas ideias, ✓ novos talentos, ✓ novos estilos, ✓ novas tecnologias, ✓ garante o recrutamento de profissionais mais jovens. A rotação pode, e deve ser controlado de forma a mantê-lo dentro de valores aceitáveis, tendo em conta a necessidade de rejuvenescimento da organização e as capacidades financeiras para fazer face a estes custos. A rotatividade do pessoal , pode ser um meio de aumentar a flexibilidade da organização , mas geralmente á custa da produtividade , a menos que as funções a desempenhar sejam de muito fácil aprendizagem . Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 40/116 ERGONOMIA E ORGANIZAÇÃO DO PT O trabalho e Ergonomia Como se verificam os problemas ergonômicos no posto de trabalho? Diversos critérios podem ser adoptados para se diagnosticarem os problemas ergonómicos de um posto de trabalho. Entre eles se incluem-se: ✓ ✓ o tempo gasto na operação o índice de erros e acidentes na execução das tarefas Contudo, o melhor critério do ponto de vista ergonómico, é a postura e o esforço físico exigido aos trabalhadores pois desta forma, determinam-se os principais pontos de concentração de tensões, que tendem a provocar dores nos músculos e tendões. Por este motivo, o factor mais importante na análise ergonómica de um posto de trabalho são as posturas assumidas na execução das tarefas, visto que uma má postura pode provocar não só problemas operacionais, como também problemas de coluna e outros, colaterais, provocados por estes. Posto de trabalho É o local definido e delimitado para a realização de uma actividade qualquer. Esse local deve ter tudo que é necessário para o trabalho: máquinas, mesas, material, ferramentas, instalações etc. Num posto de trabalho, podem trabalhar uma ou mais pessoas. Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 41/116 A organização do espaço do posto de trabalho é de grande importância para se obter produtividade, ou seja, para se produzir mais, com menos esforço, tempo e custo, sem perda da qualidade. Para essa organização, é valiosa a técnica baseada nos princípios de economia de movimentos Princípios de economia de movimentos Esses princípios orientam procedimentos que visam reduzir os movimentos do profissional e assim diminuir o seu esforço e aumentar a produtividade. A ideia base desses princípios é a de que não se deve fazer nada que seja desnecessário. Normalmente, esses princípios são empregues em trabalhos contínuos, manuais e em pequenas montagens. De acordo com tais princípios, o trabalho deve ser organizado a partir das seguintes regras : 1- Uso de músculos adequados Deve haver concordância entre o esforço a ser feito e os músculos a serem utilizados num trabalho físico. Pela ordem, devemos usar os músculos dos dedos. Se estes não forem suficientes para o esforço despendido, vamos acrescentando a força de outros músculos: do punho, do antebraço, do braço e dos ombros. Essa quantidade de músculos deve ser usada de acordo com a necessidade: Nem demais, o que seria desperdício de energia; Nem de menos, porque a sobrecarga de um só músculo pode causar problemas sérios ao trabalhador. Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 42/116 Quando um pintor usa um pincel médio para pintar uma porta numa determinada altura, ele deve usar os músculos dos dedos mais os músculos dos punhos. Se utilizar também o antebraço, estará a realizar esforço desnecessário. 2.- Mãos e braços As mãos e os braços devem trabalhar juntos. Sempre que possível, deve-se organizar o trabalho de modo que ele possa ser realizado com as duas mãos ou os dois braços num mesmo momento e em actividades iguais. Se, por exemplo, temos de colocar uma porca num parafuso, dar meia-volta na porca e colocar a peça numa caixa de embalagem, devemos fazer esse trabalho com as duas mãos e os dois braços. Numa empresa, esse tipo de trabalho pode ser feito de modo rápido e eficiente pelo trabalhador, desde que se façam as adaptações necessárias no posto de trabalho e que o trabalhador passe por um treino adequado. Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 43/116 3 - Movimentos curvos ÁREA DE TRABALHO Os movimentos dos braços e das mãos devem ser zona máxima feitos em curvas contínuas, isto é, sem paragens e, se possível, de forma combinada. Um exemplo de movimento em curvas é o de encerar que, em vez de vaivém, deve ser feito em zona normal círculos contínuos. zona optima Um exemplo de movimento combinado é o que fazemos quando pegamos num parafuso com as mãos e o seguramos de modo que sua posição fique adequada para o encaixar num furo. 4. Lançamentos Quando necessitamos transportar coisas, poderemos lançá-las em vez de as carregar, se a distância assim o permitir. Esse lançamento deve seguir uma trajectória curva com um alcance adequado . É o que fazem os operários da Construção Civil , ao usarem pás para lançarem areia de um local para outro , ou para a movimentação de materiais de construção . 5. Ritmo O trabalho deve ser feito com ritmo, ou seja, cadência. Quando percorremos uma longa distância, devemos manter um ritmo constante, de modo a que não Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 44/116 nos cansemos tanto andando muito rápido, ou demoremos demasiado andando muito devagar. É contudo importante referir que cada pessoa tem um ritmo próprio. Assim, o trabalhador deve seguir o seu próprio ritmo e mantê-lo constantemente. O aumento do ritmo de trabalho é uma excelente forma de aumentar a Produtividade , mas deve ser obtida á custa do treino do operador na função que desempenha , sem que tal ponha em causa as suas condições de segurança . A melhoria do ritmo deverá ser um objectivo do treino e da formação do operador , mas deverá igualmente ser obtida através a melhoria e simplificação das máquinas e das ferramentas que são usadas . Ao serrar uma barra de aço de bitola fina, por exemplo, com uma serra manual, o movimento de vaivém deve ter um ritmo normal. Um movimento excessivamente rápido, além de cansar quem serra, pode resultar num corte imperfeito, ou sem a qualidade pretendida. Em alguns casos , poderá causar a redução da produção pois o trabalhador, após esse esforço, vêse obrigado a parar por cansaço excessivo. Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 45/116 6. Zonas de trabalho É preciso demarcar bem a zona de zona optima trabalho, que é a área da extensão das mãos do trabalhador movimenta os quando braços, sem ele precisar movimentar o corpo. No plano horizontal, temos a chamada zona óptima, adequada para a realização de tarefas mais precisas, em que são movimentados os dedos e os punhos. zona normal Quando usamos dedos, punho e antebraço na execução de um trabalho, estamos a usar a zona normal, conforme ilustra a figura . A zona de alcance máximo dos braços corresponde à área denominada zona máxima. Além desse limite, não é recomendável zona maxima a realização de nenhuma tarefa. Todas as ferramentas, materiais, botões de comando e pontos de operação devem estar sempre colocados nessas áreas, seguindo, se possível, a sequência: ZONA ÓPTIMA - ZONA NORMAL - ZONA MÁXIMA. Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 46/116 7. Altura do posto de trabalho A altura do posto de trabalho é um dos aspectos importantes para manter o conforto do trabalhador e evitar cansaço. Sempre que possível, a pessoa deve ter liberdade para trabalhar em pé ou sentada, mudando essas duas posições de acordo com sua disposição física. Portanto, as máquinas e mesas de trabalho devem ter altura adequada à altura do trabalhador para ele trabalhar em pé. Sempre que necessário e para seu conforto, deve haver um assento regulável á sua estatura e fisionomia , que lhe possibilite trabalhar sentado sem esforço da coluna . Existem trabalhos que só podem ser feitos com o trabalhador sentado, como é o caso dos motoristas, ou trabalhadoras da confecção e trabalhos que só podem ser feitos em pé, como é o caso dos cozinheiros à frente de um fogão. Se o posto de trabalho exigir que o operador esteja sentado numa cadeira alta, o trabalhador precisa de ter um apoio para os pés, de modo que haja facilidade de circulação do sangue pelas coxas, pernas e pelos pés. 8. Um lugar para cada coisa Deve haver sempre um lugar para cada coisa e cada coisa deve estar sempre num lugar próprio . Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 47/116 Pondo isso em prática, evitam-se fadiga, perda de tempo e irritação por não se encontrar o que se necessita e quando se necessita . Nas operações de manufactura como as confecções , é muito importante que a posição dos artigos de produção e das ferramentas , estejam em posições adequadas e pré definidas , para que o operador crie o hábito de proceder sempre do mesmo modo (mecanização) sem perder tempo há procura dos itens de produção . Caso isso não aconteça , perde-se muito tempo com operações não produtivas . Um exemplo desse princípio de ordem e organização é o dos quadros de oficinas mecânicas, que apresentam contornos das ferramentas a fim de que cada uma volte sempre ao seu local especifico , permitindo que os operadores fixem ao fim de algum tempo , a posição da ferramenta no quadro de ferramentas . 9. Objectos em ordem Objectos em ordem facilitam o trabalho. Se, numa sequência de operações, se usa uma ferramentas ou outros objectos, deve-se procurar colocá-los na mesma ordem da sequência de utilização e na zona em que vai trabalhar. Os objectos de uso mais frequente devem ser os que ficam mais próximo do utilizador. 10. Uso da força da gravidade A força da gravidade faz com que os corpos sejam atraídos para o centro da Terra. Deve ser aproveitada para pequenos deslocamentos, como é caso de abastecimento e Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 48/116 uso de materiais. Se a banca de trabalho por exemplo, poder ter uma calha para receber peças de outro posto de trabalho , evita-se o deslocamento do operador . 11. Ferramentas As ferramentas devem ser adequadas ao trabalho, tanto no tipo quanto no tamanho. Por exemplo, para pregar pregos pequenos, devemos usar martelos pequenos e para pregos grandes, martelos grandes. Devemos apertar uma porca com chave de boca com tamanho e tipo apropriados. Seria incorrecto usar por exemplo um alicate para realizar essa operação .. Quando para a operação a realizar não existem ferramentas adequadas , é necessário adaptar ou criar ferramentas próprias para que a tarefa produtiva possa ser mais rápida ou segura . Esta vertente da produção fabrico de ferramentas próprias), corresponde a um dos aspectos que mais influencia o saber fazer da Empresa e o que a pode distinguir dos seus concorrentes . 12. Ferramentas combinadas Podemos utilizar combinações de ferramentas, desde que não criem risco de acidentes. É o caso do canivete, que tem lâmina de corte, abridor de latas, de garrafas etc. É o caso, também, da chave de bicicleta, que retira diferentes tipos de porcas e serve como chave de fenda. Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 49/116 13. Acessórios inteligentes Alguns acessórios úteis são inventados para aumentar o rendimento das máquinas e para proporcionar maior segurança para quem trabalha. Exemplos disso são os encostos, gabaritos, suportes, guias. São acessórios conhecidos como inteligentes porque permitem de forma passiva , realizar tarefas que de outro modo exigiriam um operador adicional ou mais operações de controle . FACTORES AMBIENTAIS Outros factores, como iluminação, ruído, temperatura , poluentes , etc., devem ser considerados quando se estuda a produtividade ( ou a falta dela) Para aumentar a produtividade deve-se assegurar que estes factores estão controlados ou optimizados, pois eles afectam a saúde , o poder de concentração e o nível de conforto do trabalhador , enquanto este desempenha a sua tarefa. Nestes casos , a perda de produtividade é indirecta e dificilmente mensurável . Trabalho em temperaturas elevadas Durante o trabalho físico no calor, constata-se que a capacidade muscular se reduz, o rendimento decai e a actividade mental altera-se , apresentando perturbação da coordenação motora e perda gradual de concentração. Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 50/116 A frequência de erros e acidentes tende a aumentar pois o nível de vigilância diminui, principalmente a partir de 30° C. Ocorrem igualmente outros problemas ligados à saúde, quando o indivíduo trabalha em locais com temperaturas elevadas: Internação ou insolação; Prostração térmica; Catarata e conjuntivites; Dermatites. Algumas recomendações para o trabalho em locais quentes ✓ ✓ ✓ ✓ Isolamento das fontes de calor; Roupas e óculos adequados no caso de calor por radiação; Pausas para repouso; Reposição hídrica adequada - beber pequenas quantidades de líquido (0,25 l/vez), frequentemente. ✓ Ventilação natural. Sempre que as condições de conforto térmico não forem atendidas pela ventilação natural, recomenda-se a utilização de ventilação artificial. Trabalho em baixas temperaturas Os danos à saúde, nestes casos, apresentam uma relação directa entre o tempo de exposição e as condições de protecção corporal. Destacam-se, ainda, os cuidados necessários à prevenção dos denominados choques térmicos, que podem ocorrer quando o organismo é exposto a uma variação brusca de temperatura. Os efeitos sobre a saúde do trabalhador frente a um ambiente de trabalho com baixas temperaturas são, entre outros: Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 51/116 enregelamento dos membros devido a má circulação do sangue; ulcerações decorrentes da necrose dos tecidos expostos; redução das habilidades motoras como a destreza e a força, assim como da capacidade de pensar e julgar; tremores, alucinações e a inconsciência. Como se compreende facilmente , o trabalho sob stress térmico , origina desgaste físico prematuro ao colaborador , ou perda parcial das suas faculdades . concentração Nestas e condições capacidade de o seu realizar desempenho esforços é perturbado contínuos , pelo na que naturalmente ocorrerão : ✓ ✓ ✓ ✓ Mais defeitos de produção Perdas de tempo em paragem para descanso Dificuldade de reagir prontamente Incapacidade física em realizar algumas tarefas mais pesadas AMBIENTE ACÚSTICO Definições O SOM caracteriza-se por flutuações de pressão num meio compressível (ar) . Não são todas as flutuações de pressão que produzem a sensação de audição quando atingem o ouvido humano pois a sensação de som só ocorrerá quando a amplitude destas flutuações e a frequência com que elas se repetem estiverem dentro de determinadas faixas de valores. Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 52/116 Estas flutuações têm as seguintes características: a) Frequência (f) : é definida como o n° de repetições das flutuações de pressão ou ciclos/segundo ou n° de ciclos/segundo (1 ciclo/segundo = 1 Hz). De 20 - 20000 Hz as ondas sonoras podem ser audíveis. b) Amplitude : é o deslocamento máximo da posição de equilíbrio c) Comprimento de onda (λ) : é a distância entre dois picos sucessivos de ondas com amplitudes similares. O RUÍDO Definição subjectiva: som desagradável e indesejável Definição operacional: é um estímulo que não contém informações úteis à tarefa em execução Exemplo: o bip intencional de uma máquina, ao final de um ciclo de operação, pode ser considerado útil ao operador (aviso), mas para um colega pode ser considerado um ruído, se estiver concentrado noutra tarefa. Nível de pressão sonora - escala decíbel (dB) O ouvido humano responde a uma larga faixa de intensidade acústica, desde o limiar da audição até o limiar da dor. Por exemplo, a 1000 Hz a intensidade acústica que é capaz de causar a sensação de dor é 104 vezes a intensidade acústica que é capaz de causar a sensação de audição Intensidade sonora Exemplos 100.000.000.000.000 limiar da dor 10.000.000.000.000 avião a jato . . Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 53/116 . . 100 sala acústica 1 limiar da audição A escala logarítmica empregada para descrever níveis de som é a escala BEL, onde 1 BEL = Log 10 (1 divisão de escala) 1 BEL = log10 = 10 dB 14 BEL = 14 log 10 = 140 dB intensidade da pressão sonora Exemplos – dB 100.000.000.000.000 140 – limiar da dor 10.000.000.000.000 130 . avião a jato , . martelo pneumático 1.000.000.000.000 120 . buzina de carro . fundição 100.000.000.000 110 M M 100.000 50 escritório, sala de estar 10.000 Æ 40 . biblioteca 1.000 Æ 30 quarto de dormir 100 Æ 20. sala acústica 10 Æ 10 limiar da audição 1 Æ0 Em geral as normas definem níveis de tolerância e risco para o ruído: Leq= 85 dB(A) - nível de alerta Leq= 90 dB(A) - nível de perigo, Considera-se que a partir de 80 dB já pode ocorrer alterações do sistema auditivo. Locais dB(A) Hospitais apartamentos, enfermarias, berçários 35-45 Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 54/116 laboratórios, áreas para uso público 40-50 serviços 45-55 Escolas bibliotecas, salas de desenho 35-45 salas de aula, laboratórios 40-50 circulação 45-55 Hotéis Apartamentos 35-45 restaurantes, salas de estar 40-50 portaria, recepção, circulação 45-55 Escritórios salas de reunião 30-40 salas de gerência, salas de projectos 35-45 salas de computadores 45-65 Locais para desporto pavilhões fechados para espectáculos e actividades desportivas 45-60 A Influência do ruído na saúde e no desempenho do trabalhador A consequência mais evidente do ruído é a surdez. A surdez pode ter naturezas diferentes: ✓ surdez acidental: causada por infecção, perfuração do tímpano, acumulação de cera; ✓ surdez nervosa: redução da sensibilidade das células nervosas. Essa insensibilidade pode ocorrer, principalmente, nas faixas de maior frequência, acima de 1000 Hertz e em função da idade, sobretudo após os 40 anos. Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 55/116 ✓ surdez temporária ou permanente: a exposição diária a um certo NPS elevado, durante a jornada de trabalho, sempre provoca algum tipo de surdez temporária, que tende a desaparecer com o descanso diário (desaparece num intervalo de 24 a 48 horas). Formas de reduzir o ruído nos locais de trabalho Para combater o ruído deve-se agir sobre: a) a prevenção no planeamento (quando da concepção da empresa) - fábrica: colocar os postos de trabalho (escritórios) onde se desenvolvem actividades mentais afastados das fontes de ruído (máquinas); - empresa de serviços: postos afastados de janelas que dão para ruas movimentadas. b) a fonte - compra de equipamentos menos ruidosos (dentro do recomendado); - manutenção constante (fixação, ajuste dos parafusos e equilíbrio dos aparelhos rotatório); - adaptações na tecnologia (troca de peças rectas por helicoidais das engrenagens, silenciadores nas saídas de ar comprimido). Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 56/116 c) a propagação (directa e indirecta - via aérea ou sólida) - vibrações: pés anti-vibratórios, pranchas intermediárias, fundações independentes; - isolamento interno: usar placas de material absorvente de som no tecto e nas paredes (escritórios); - gabinetes que cobrem hermeticamente a fonte de ruído. d) protecção individual do operador (menos aconselhável) - solução paliativa; - deve ser adequado ao trabalhador (são geralmente pouco confortáveis); - deve ser de qualidade (não deixar passar o som); - dificulta a comunicação entre os trabalhadores. As consequências para a produtividade das empresa , por efeitos de ruído excessivo , podem ser importantes pois afectam algumas das funções mais importantes a desempenhar pelo colaborador , como : Em ambientes ruidosos a troca de informações Comunicação verbais faz-se com muita maior dificuldade e maior perda de tempo Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 57/116 A presença de ruído continuo ou descontinuo , Concentração perturba a capacidade de concentração dos operadores o que determina perda de ritmo ou aumento de riscos de acidente Em muitos trabalhos a condição física é importante Disponibilidade dado o desgaste natural da função . Com o ruído , física a fadiga ocorre mais cedo , pedendo-se alguma da capacidade de trabalho Embora as perdas de produtividade por perda de capacidade produtiva não sejam facilmente mensuráveis é vulgar verificar que operadores que operam em ambientes mais ruídos têm um desgaste e absentismo superior . ILUMINAÇÃO AMBIENTE Principais Grandezas da iluminação Ambiente Aalguns requisitos são necessário para a avaliação do conforto visual de um ambiente, como: ✓ ✓ ✓ ✓ Iluminação suficiente; Boa distribuição de iluminação; Ausência de ofuscamento; Contrastes adequados (equilíbrio de iluminação); Desta forma, serão apresentados os principais parâmetros do ambiente lumínico, conforme ilustra o quadro a seguir. Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 58/116 Ilustração das grandezas de iluminação Principais parâmetros do Fórmula Unidades φ lúmen (lm) ambiente luminoso a) Fluxo Luminoso - é a emissão luminosa de uma fonte. I= b) Intensidade Luminosa - a luz que se propaga em uma dada φ ω candela (cd) direcção. E= φ c) Iluminância - a quantidade de luz recebida por uma superfície d) Luminância - luz recebida pelo E= L= ou A A lux (lx) I d2 I cosθ sup erficie A' olho de uma superfície (reflectida). e) Contraste – diferenças de brilho (luminância) entre os objectos e as C= superfícies no campo visual. candela/m2(cd/m2) L0 La Tabela Grandezas do Ambiente de Iluminação onde: d - é a distância entre a fonte e a superfície θ - é o ângulo formado entre a direção da luz e a normal da superfícies ω - ângulo sólido, é uma medida do espaço tridimensional. A - é área real da superfície. Luz Ambiente Para determinar a quantidade de luz, é necessário distinguir entre a luz ambiental e a iluminação no local de trabalho. a) luz ambiental Uma luz ambiental de 10 a 200 lux é suficiente para lugares como corredores, depósitos e outros lugares onde não há tarefas críticas. Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 59/116 O mínimo necessário para visualizar obstáculos é de 10 lux e uma intensidade maior é necessária para ler avisos e, também, para evitar grandes contrastes. O olho demora mais tempo para se adaptar, quando há grandes diferenças de brilhos. Para diminuir esses contrastes, pode-se fazer algumas adaptações, como por exemplo um túnel deve ser melhor iluminado durante o dia, podendo ficar mais escuro durante a noite. b) iluminação em locais de trabalho A intensidade de luz que incide sobre a superfície de trabalho deve ser suficiente para garantir uma boa visibilidade. Além disso, o contraste entre a figura e o fundo também é importante. TAREFAS NORMAIS - para tarefas normais, como leitura de livros, montagens de peças e operações com máquinas, aplicam-se as seguintes recomendações: uma intensidade de luz de 200lux é suficiente para tarefas com bom contrastes, sem necessidade de percepção de muitos detalhes, como na leitura de letras pretas sobre um fundo branco é necessário aumentar a intensidade luminosa à medida que o contraste diminui e se exige a percepção de muitos detalhes; uma intensidade maior pode ser necessária para reduzir as diferenças de brilhos no campo visual, como por exemplo, quando há presença de uma lâmpada ou uma janela no campo visual; TAREFAS ESPECIAIS - quando há grandes exigências visuais, o nível de iluminação deve ser aumentado, colocando-se uma fonte de luz directamente Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 60/116 sobre a tarefa. Isso ocorre, por exemplo, em tarefas de inspecção, em que pequenos detalhes devem ser detectados, ou quando o contraste é muito pequeno. Nesses casos, o nível pode chegar até 3000 lux. Entretanto, níveis muito elevados provocam fadiga visual. Algumas recomendações para os ambientes de trabalho Consegue-se melhorar a iluminação, providenciando intensidade luminosa suficiente sobre os objectos e evitando as diferenças excessivas de brilho no campo visual, causadas por focos de luz, janelas e sombras. Quando a informação for pouco legível, é mais eficaz melhorar a legibilidade da mesma do que aumentar o nível de iluminação (os aumentos da intensidade luminosa acima de 200 lux não aumentam significativamente a eficiência visual). A legibilidade pode ser melhorada com aumento dos detalhes (usando fontes maiores ou reduzindo a distância de leitura) ou aumento do contraste (escurecendo a figura e clareando o fundo). A iluminação local, sobre a tarefa, deve ser ligeiramente superior à luz ambiental. A relação entre elas depende das diferenças de brilho entre a tarefa e o ambiente, e também das preferências pessoais. De qualquer forma, é conveniente que a fonte de luz local seja regulável A luz natural pode ser usada para complementar a iluminação ambiental. A luz natural, assim como a visão do exterior, é apreciada por muitas pessoas. Mas nos postos de trabalho junto a janelas,, pode ocorrer o ofuscamento. As grandes variações da luz natural, durante o dia, podem ser reguladas com uso de cortinas ou persianas Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 61/116 A incidência de luz directa deve ser evitada, colocando-se anteparos entre a fonte de luz e os olhos. Contudo, algumas superfícies podem ficar mal iluminadas. Nesse caso, a luz natural pode ser complementada ou substituída pela luz artificial, convenientemente posicionada. A luz deve ser posicionada, em relação à tarefa, de modo a evitar os reflexos e as sombras. Nos trabalhos com monitores, deve-se tomar especial cuidado para evitar os reflexos sobre o écran . Os reflexos podem ser evitados com uso de luz difusa no tecto. Isso pode ser feito também substituindo as superfícies lisas e polidas das mesas, paredes e objectos, por superfícies rugosas e difusoras, que disseminam a luz. Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 62/116 QUALIDADE DO AR Em virtude do desenvolvimento industrial e o consequente aumento no uso dos produtos químicos, nenhum tipo de ocupação está inteiramente livre da exposição de substâncias capazes de produzir efeitos nocivos aos organismos biológicos e promover uma degradação da saúde ocupacional de uma empresa , agravando o absentismo dos seus colaboradores , ou afectando a sua capacidade produtiva De realçar que em algumas empresas as condições ambientais mais precárias , são precisamente neste domínio por excesso de poeiras ou de humidade . Refira-se que o National Institute of Ocupacional Safety and Health (NIOSCH) nos Estados Unidos relacionou já em 1974, cerca de 42.000 substâncias tóxicas. Por este motivo , a importância de estudos que possibilitem a obtenção de informações a respeito da toxicidade dessas substâncias em processos industriais (toxicologia ocupacional). Qualidade do ar aceitável pode ser definido como : o ar sem concentrações de contaminantes prejudiciais à saúde e com o qual uma parcela significativa de pessoas expostas se sintam satisfeitas Contaminantes Atmosféricos São gases, vapores e as partículas sólidas ou líquidas suspensas ou dispersas no ar. A contaminação pode ocorrer por: agentes biológicos (microorganismos: vírus, bactérias e fungos) agentes químicos ( gases e vapores, poeiras, fumos, fumaças neblinas e névoas) Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 63/116 Por sua vez os agentes químicos podem ocorrer no estado sólido, líquido ou gasoso. Os sólidos são poeiras nocivas que podem ser de origem: animal (pelos e couro), vegetal (fibras de algodão e do bagaço de cana), mineral (sílica livre e cristalina, amianto, berílio e carvão) e sintética (fibras de plástico). Os líquidos, são soluções ácidas, alcalinas ou solventes orgânicos. Os gasosos são os gases e vapores, sendo este último a evaporação de substâncias sólidas ou líquidas que estão distribuído no ar. Ex.: monóxido de carbono, dióxido de carbono e metano O material particulado suspenso no ar constitui os aerossóis, isto é, dispersão de partículas sólidas ou líquidas, de tamanho bastante reduzido. A classificação dos aerossóis, ocorre de acordo com sua formação: POEIRAS – são partículas sólidas resultantes da desintegração mecânica de substâncias orgânicas ou inorgânicas (rochas, minérios, metais, carvão, madeira, grãos, pólens, etc), seja pelo manuseio, operações de esmagamento, de moagem, trituração, detonação e outros. FUMOS – são pequeníssimas partículas sólidas resultantes da condensação, sublimação ou reacção química de vapores, geralmente, provenientes da volatilização de metais em fusão ( fumos de óxidos de zinco, de chumbo, etc.). FUMAÇA – são partículas resultantes da combustão incompleta de materiais orgânicos (fumaças industriais). Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 64/116 NÉVOAS – são aerossóis constituído por partículas líquidas (gotículas) resultantes da condensação de vapores, ou dispersão mecânica de líquidos ( névoa de ácido crómico, de ácido sulfúrico, tinta pulverizada e agrotóxicos). O ar de um ambiente, é alterado principalmente pelos seguintes factores: emissão de substâncias aromáticas; formação de vapor de água; libertação de calor; produção de dióxido de carbono e impurezas do ar, que penetram de fora para dentro, ou são produzidas pelo processo do trabalho. A qualidade do ar em edifícios , considerando alguns tipos de ambientes de trabalho, pode ser afectada pelos seguintes agentes: agentes de envenenamento presentes nos ambientes fechados Fontes de Poluição em edifícios Fontes Agentes de envenenamento - Fotocopiadora - Bactérias - Ar-condicionado - Fungos - Ambientes fechados - Poeira - Fumaça de cigarro - Benzina - Carpete - Tolueno - Tinta para caneta - Ozono - Vernizes - Formaldeídos - Cola de móveis - Detergentes Riscos para a saúde: cansaço – sonolência - dor de cabeça - alergias de pele e respiratória - tontura - doenças pulmonares Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 65/116 HIGIENE E SEGURANÇA A indústria sempre teve associada a vertente humana, nem sempre tratada como sua componente preponderante. Actualmente em Portugal existe legislação que permite uma protecção eficaz de quem integra actividades industriais, ou outras , devendo a sua aplicação ser entendida como o melhor meio de beneficiar simultaneamente as Empresas e os Trabalhadores na salvaguarda dos aspectos relacionados com as condições ambientais e de segurança de cada posto de trabalho. Nos dias de hoje em que certificações de Sistemas de Garantia da Qualidade e Ambientais ganham tanta importância, as medidas relativas à Higiene e Segurança no Trabalho tardam em ser implementados pelo que o despertar de consciências é fundamental. Por outro lado , sabe-se que em algumas empresas , são os acidentes de trabalho uma das causas mais importantes para a perda de capacidade de produção , com afectação directa e indirecta da produtividade da Empresa . A boa gestão dos meios e dispositivos de Higiene e segurança , corresponde a mais uma ferramenta de melhoria da produtividade no âmbito da gestão global das actividades . Definições A higiene e a segurança são duas actividades que estão intimamente relacionadas com o objectivo de garantir condições de trabalho capazes de manter um nível de saúde dos colaboradores e trabalhadores de uma Empresa Segundo a O.M.S.-Organização Mundial de Saúde, a verificação de condições de Higiene e Segurança consiste "num estado de bem-estar físico, mental e social e não somente a ausência de doença e enfermidade ". Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 66/116 A higiene do trabalho propõe-se combater, dum ponto de vista não médico, as doenças profissionais, identificando os factores que podem afectar o ambiente do trabalho e o trabalhador, visando eliminar ou reduzir os riscos profissionais (condições inseguras de trabalho que podem afectar a saúde, segurança e bem estar do trabalhador). A segurança do trabalho propõe-se combater, também dum ponto de vista não médico, os acidentes de trabalho, quer eliminando as condições inseguras do ambiente, quer educando os trabalhadores a utilizarem medidas preventivas. Para além disso, as condições de segurança, higiene e saúde no trabalho constituem o fundamento material de qualquer programa de prevenção de riscos profissionais e contribuem, na empresa, para o aumento da competitividade com diminuição da sinistralidade. Segurança ; Estudo, avaliação e controlo dos riscos de operação Higiene ; Identificar e controlar as condições de trabalho que possam prejudicar a saúde do trabalhador Doença Profissional ; Doença em que o trabalho é determinante para o seu aparecimento. Acidentes de Trabalho O que é ACIDENTE ?. Se procurarmos num dicionário poderemos encontrar “Acontecimento imprevisto , casual , que resulta em ferimento , dano , estrago , prejuízo , avaria , ruína , etc ..” Os acidentes, em geral, são o resultado de uma combinação de factores, entre os quais se destacam as falhas humanas e falhas materiais. Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 67/116 Vale a pena lembrar que os acidentes não escolhem hora nem lugar. Podem acontecer em casa, no ambiente de trabalho e nas inúmeras locomoções que fazemos de um lado para o outro, para cumprir nossas obrigações diárias. Quanto aos acidentes do trabalho o que se pode dizer é que grande parte deles ocorre porque os trabalhadores se encontram mal preparados para enfrentar certos riscos. O que diz a lei ?. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou redução da capacidade para o trabalho, permanente ou temporária...” Lesão corporal é qualquer dano produzido no corpo humano, seja ele leve, como, por exemplo, um corte no dedo, ou grave, como a perda de um membro. Perturbação funcional é o prejuízo do funcionamento de qualquer órgão ou sentido. Por exemplo, a perda da visão, provocada por uma pancada na cabeça, caracteriza uma perturbação funcional.. Doença profissional também é acidente do trabalho? Doenças profissionais são aquelas que são adquiridas na sequência do exercício do trabalho em si. Doenças do trabalho são aquelas decorrentes das condições especiais em que o trabalho é realizado. Ambas são consideradas como acidentes do trabalho, quando delas decorrer a incapacidade para o trabalho. Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 68/116 Um funcionário pode apanhar uma gripe, por contagio com colegas de trabalho . Essa doença, embora possa ter sido adquirida no ambiente de trabalho, não é considerada doença profissional nem do trabalho, porque não é ocasionada pelos meios de produção. Contudo , se o trabalhador contrair uma doença ou lesão por contaminação acidental, no exercício de sua actividade, temos aí um caso equiparado a um acidente de trabalho. Por exemplo, se operador de um banho de decapagem se queima com ácido ao encher a tina do banho ácido isso é um acidente do trabalho. Noutro caso, se um trabalhador perder a audição por ficar longo tempo sem protecção auditiva adequada, submetido ao excesso de ruído, gerado pelo trabalho executado junto a uma grande prensa, isso caracteriza igualmente uma doença de trabalho. Um acidente de trabalho pode levar o trabalhador a se ausentar da empresa apenas por algumas horas, o que é chamado de acidente sem afastamento. É que ocorre, por exemplo, quando o acidente resulta num pequeno corte no dedo, e o trabalhador retorna ao trabalho em seguida. Outras vezes, um acidente pode deixar o trabalhador impedido de realizar suas actividades por dias seguidos, ou meses, ou de forma definitiva. Se o trabalhador acidentado não retornar ao trabalho imediatamente ou até no dia seguinte, temos o chamado acidente com afastamento, que pode resultar na incapacidade temporária, ou na incapacidade parcial e permanente, ou, ainda, na incapacidade total e permanente para o trabalho. A incapacidade temporária é a perda da capacidade para o trabalho por um período limitado de tempo, após o qual o trabalhador retorna às suas actividades normais. A incapacidade parcial e permanente é a diminuição, por toda vida, da capacidade física total para o trabalho. É o que acontece, Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 69/116 por exemplo, quando ocorre a perda de um dedo ou de uma vista incapacidade total e permanente é a invalidez incurável para o trabalho. Neste ultimo caso, o trabalhador não reúne condições para trabalhar o que acontece, por exemplo, se um trabalhador perde as duas vistas num acidente do trabalho. Nos casos extremos, o acidente resulta na morte do trabalhador. Um trabalhador desvia sua atenção do trabalho por fracção de segundo, ocasionando um acidente sério. Além do próprio trabalhador são atingidos mais dois colegas que trabalham ao seu lado. O trabalhador tem de ser removido urgentemente para o hospital e os dois outros trabalhadores envolvidos são atendidos no ambulatório da empresa. Um equipamento de fundamental importância é paralisado em consequência do dano em algumas peças da máquina. O equipamento parado é uma guilhotina que corta a matéria-prima para vários sectores de produção. Analise a situação anterior e liste as consequências directas e indirectas que consegue prever , em resultado deste acidente . Factores que afectam a Higiene e Segurança FACTORES QUE AFECTAM A HIGIENE E SEGURANÇA Em geral a actividade produtiva encerra um conjunto de riscos e de condições de trabalho desfavoráveis em resultado da especificidades próprias de alguns processos ou operações , pelo que o seu tratamento quanto a Higiene e Segurança costuma ser cuidado com atenção. Contudo , na maior parte dos casos , é possível identificar um conjunto de factores relacionados com a negligência ou desatenção por regras elementares e que potenciam a possibilidade de acidentes ou problemas . Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 70/116 Acidentes devido a CONDIÇÕES PERIGOSAS; Máquinas e ferramentas Condições de organização (Lay-Out mal concebido, armazenamento perigoso, falta de Equipamento de Protecção Individual - E.P.I.) Condições de ambiente físico, (iluminação, calor, frio, poeiras, ruído) Acidentes devido a ACÇÕES PERIGOSAS; Falta de cumprimento de ordens (não usar E.P.I.) Ligado à natureza do trabalho (erros na armazenagem) Nos métodos de trabalho (trabalhar a ritmo anormal, manobrar empilhadores à Fangio, distracções, brincadeiras) As Perdas de Produtividade e Qualidade Foi necessário muito tempo para que se reconhecesse até que ponto as condições de trabalho e a produtividade se encontram ligadas. Numa primeira fase, houve a percepção da incidência económica dos acidentes de trabalho onde só eram considerados inicialmente os custos directos (assistência médica e indemnizações) e só mais tarde se consideraram as doenças profissionais. Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 71/116 Na actividade corrente de uma empresa , compreendeu-se que os custos indirectos dos acidentes de trabalho são bem mais importantes que os custos directos , através de factores de perda como os seguintes : perda de horas de trabalho pela vítima perda de horas de trabalho pelas testemunhas e Responsáveis perda de horas de trabalho pelas pessoas encarregadas do inquéritos interrupções da produção, danos materiais, atraso na execução do trabalho, custos inerentes às peritagens e acções legais eventuais, diminuição do rendimento durante a substituição a retoma de trabalho pela vítima Estas perdas podem ser muito elevadas , podendo mesmo representar quatro vezes os custos directos do acidente de trabalho. A diminuição de produtividade e o aumento do número de peças defeituosas e dos desperdícios de material imputáveis à fadiga provocada por horários de trabalho excessivos e por más condições de trabalho, nomeadamente no que se refere à iluminação e à ventilação, demonstraram que o corpo humano, apesar da sua imensa capacidade de adaptação, tem um rendimento muito maior quando o trabalho decorre em condições óptimas. Com efeito, existem muitos casos em que é possível aumentar a produtividade simplesmente com a melhoria das condições de trabalho. De uma forma geral, a Gestão das Empresas não explora suficientemente a melhoria das condições Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 72/116 de higiene e a segurança do trabalho nem mesmo a ergonomia dos postos de trabalho como forma de aumentar a Produtividade e a Qualidade . A relação entre o trabalho executado pelo operador e as condições de trabalho do local de trabalho , passou a ser melhor estudada desde que as restrições impostas pela tecnologia industrial moderna constituem a fonte das formas de insatisfação que se manifestam sobretudo entre os trabalhadores afectos às tarefas mais elementares, desprovidas de qualquer interesse e com carácter repetitivo e monótono. Desta forma pode-se afirmar que na maior parte dos casos a Produtividade é afectada ,pela conjugação de dois aspectos importantes : ¾ um meio ambiente de trabalho que exponha os trabalhadores a riscos profissionais graves (causa directa de acidentes de trabalho e de doenças profissionais) ¾ a insatisfação dos trabalhadores face a condições de trabalho que não estejam em harmonia com as suas características físicas e psicológicas Em geral as consequências revelam-se numa baixa quantitativa e qualitativa da produção, numa rotação excessiva do pessoal e a num elevado absentismo. Fica assim explicado que as condições de trabalho e as regras de segurança e Higiene correspondentes , constituem um factor da maior importância para a melhoria de desempenho das Empresas , através do aumento da sua produtividade obtida em condições de menor absentismo e sinistralidade . ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 73/116 Para executar qualquer tarefa com sucesso, é preciso que nos organizemos antes. Organizar significa pensar antes de iniciar a tarefa. Mas pensar em quê? Na maneira mais simples de fazer a tarefa, evitando complicações ou controles exagerados No modo mais barato de fazer a tarefa No meio menos cansativo para quem vai realizar a tarefa Aspectos a Analisar Num procedimento que seja mais rápido Em obter a melhor qualidade e o resultado mais confiável Na maneira menos perigosa de executar a tarefa Numa forma de trabalho que não prejudique o meio ambiente, ou seja, que não cause poluição do ar, da água e do solo Como se compreende , é mais fácil tratar cada um destes itens isoladamente para que a tarefa ou operação seja realizada com maior rendimento . Contudo , na realidade qualquer trabalho que se realize depende de um conjunto de pequenas operações , pelo que muitas vezes teremos de tratar todos estes itens em simultâneo , pois a melhoria de uns , pode representar a degradação de outros . Podemos, por exemplo, escolher uma forma mais rápida de realizar uma operação. Entretanto, essa forma pode afectar a qualidade e a segurança, tornando o trabalho perigoso. Se, por exemplo, é necessário mudar rapidamente uma lâmpada queimada sobre uma máquina de trabalho, poderemos eventualmente fazer a troca subindo para cima da máquina , melhorando a rapidez da operação. Contudo esse procedimento não é aconselhável , pois pode levar a um acidente ou á avaria da própria máquina. Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 74/116 O procedimento correcto seria o de usar uma escada para realizar a operação . A tarefa seria mais demorada mas a segurança e a qualidade estarão melhor asseguradas. Portanto, todos os itens devem ser pensados em conjunto, para que no final haja um equilíbrio entre eles, de modo a que um não prejudique o outro. Outro exemplo da preparação dos trabalhos de produção, resulta da necessidade de pensar na organização da produção relativamente a aspectos como : sequência das operações a realizar na quantidade e qualidade das pessoas e dos materiais necessários, na hora e no local em que eles são necessários. Então antes de se iniciar um dado trabalho, deveremos assegurar que existem as condições essenciais para que a produção seja realizada com a maior eficiência , devendo providenciar: MÁQUINAS Fornos , Gruas , Empilhadores , Moinhos MATÉRIA-PRIMA Carvão , Petróleo , Barro , Sementes , Sucata , Farinha Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 75/116 EQUIPAMENTOS DIVERSOS, INCLUSIVE OS DE SEGURANÇA Fatos macaco , máscaras , rede incêndios , Auriculares TEMPO NECESSÁRIO Tempo encomenda , tempo planeamento , compra , produção embalagem PESSOAS QUALIFICADAS Serralheiro , Pintor , Encarregado , Administrador Quando fazemos, com antecedência, um estudo de todos os factores que vão interferir no trabalho e reunimos o que é necessário para a sua execução, estamos a ORGANIZAR O TRABALHO para alcançar bons resultados Trabalho do homem Sempre trabalhamos em função de um objectivo, ele pode destinado á fabricação de um produto ou a realização de um serviço. Serviço é o trabalho feito por uma pessoa para satisfazer a uma necessidade, como, por exemplo, consertar uma torneira. A torneira é consertada sem ser modificada. Produto é o resultado de um trabalho de fabricação. Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 76/116 Quando fazemos algum produto, causando modificações nas suas características físicas ou químicas, ou quando fazemos um serviço, estamos a realizar um trabalho com uma dada finalidade. Se, por exemplo, misturamos várias matérias-primas e levamos a mistura ao forno, as matérias fundem-se num só produto. Ocorre uma transformação química, uma vez que mudam as características iniciais das matérias-primas. Por outro lado, se pegamos numa barra de aço e a maquinamos num torno, transformando-o numa peça, causamos uma transformação física sem que se transformem as características químicas do aço. Todas essas transformações são feitas graças à participação física ou intelectual do homem. Simplificação de Tarefas A simplificação do trabalho ou de tarefas , constitui outro meio que favorece directamente a produtividade. Essa simplificação relaciona-se com a melhoria de um método de trabalho, seja ele de natureza científica ou simplesmente surgido da experiência prática. Para isso, o método passa por alterações de modo que o trabalho se torne: MAIS SIMPLES MAIS BARATO MENOS FATIGANTE MAIS RÁPIDO MENOS PERIGOSO COM MELHOR QUALIDADE MENOS POLUIDOR Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 77/116 Na técnica de simplificação do trabalho são usados os próprios recursos humanos e materiais da empresa e sempre que possível , poucos recursos financeiros. Para a melhoria de método de trabalho, a simplificação dá resultados altamente compensadores. Essa melhora só modifica o método existente e não é destinada a modificar as características de projecto ou dos produtos . Como a simplificação do trabalho se liga ao modo ou método de trabalho, é necessário saber o que se entende por modo ou método de trabalho. Método de trabalho Se um trabalho simples for distribuído a diversas pessoas sem que se indique qual o método a ser usado, é provável que cada pessoa use um modo diferente para fazer sua tarefa. Como consequência, os trabalhos poderão ser feitos em tempos diferentes, com custo e qualidade variados. O que lhes falta, então, é um método de trabalho Método de trabalho é um conjunto de princípios procedimentos e técnicas, adoptado para se fazer algo, ou produzir alguma coisa . Imaginemos que dois indivíduos tenham de transportar lingotes de alumínio do armazém para o forno. Um indivíduo pode fazer o transporte pegando num lingote com cada mão e colocando-os num carrinho. O carrinho é empurrado até próximo ao forno e os lingotes são empilhados. Já o segundo indivíduo decide apanhar dois lingotes de cada vez, puxando o carrinho e empilhando os lingotes, aos poucos, perto do forno. Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 78/116 São dois métodos diferentes de trabalhar, e um deles deve ser mais adequado à produtividade. É preciso analisar e estudar os dois métodos para identificar as vantagens de cada um. Com esse estudo, é possível chegar ao melhor método ou forma de fazer o trabalho, ou seja, um modo de trabalhar que seja simples, rápido e produtivo. É o que se chama de MÉTODO SIMPLIFICADO DE TRABALHO. Para adoptar um método simplificado de trabalho, é necessário que as pessoas sejam treinadas na sua utilização, até se acostumarem com ele e trabalharem de forma entrosada e expedita . A duração da formação vai depender dos operários e do nível de dificuldade das mudanças feitas. No início, a implementação de um novo método de trabalho pode causar dificuldades , o que é normal porque toda mudança na forma de trabalho exige tempo e força de vontade para os operários se adaptarem ao novo método. É importante que todos os operários usem o mesmo método para racionalizar o trabalho, ou seja, com economia de esforços, de tempo e de materiais e sem prejuízo da qualidade. Convém lembrar que a simplificação do trabalho liga-se directamente ao método de trabalho com o objectivo de que ele fique melhor para se alcançar maior produtividade. A optimização da actividade no posto de trabalho pode ser obtida muitas vezes com a simplificação das tarefas e consequente redução de tempos de operação. Algumas metodologias simples , como as que a seguir são apresentadas ,podem economizar esforço , tempo e deslocações do operador : Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 79/116 Colocação das ferramentas e materiais ao alcance das mãos e se necessário , proceder á sua pré identificação Ordenar materiais ou acessórios de acessibilidade e sequência de utilização acordo com a melhor Eliminar todos os movimentos e acções de repetição que ocorram desnecessariamente . Preparar e conferir previamente todos os componentes do trabalho , antes deste ser iniciado . Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 80/116 ORGANIZAÇÃO DA PRODUÇÃO A optimização dos postos de trabalho para a máxima produtividade , passa igualmente pela tomada de diversas decisões e metodologias de planificação produtiva , que visam manter no máximo a taxa de ocupação de todos os intervenientes assim como minimizar o efeito de estrangulamentos de produção ou actividade Os estrangulamentos determinam por completo as regras e as condições de produção de um sistema produtivo, e desde o planeamento até á execução da produção eles devem merecer a máxima atenção , pois qualquer redução de produtividade nestes pontos , significa perda imediata de produção numa linha Equilíbrio da capacidade e do fluxo É necessário equilibrar o fluxo e não as capacidades . O fluxo deve ser contínuo , pelo que os todos os postos devem estar alimentados simultaneamente . Os postos com produção excedentária (folga) devem permitir que os seus operadores façam mais que uma operação , para apoiar operações mais lentas . Taxa de utilização de um posto de não estrangulamento Há dois tipos de recursos num sistema produtivo: A taxa de utilização de um posto de não estrangulamento é imposta pelos constrangimentos do sistema e não pela seu próprio potencial de produção pelo que não adianta aumentar a cadencia dos postos mais rápidos , se tal não libertar o operador para outras funções . Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 81/116 Seleccionar um equipamento de alta taxa de produção cujo custo por peça é baixo não significa uma boa escolha desde que o sistema não permita essa taxa. Taxa de utilização dos postos de estrangulamento e funcionamento do sistema produtivo Se a taxa de utilização de um posto de estrangulamento for abaixo de 100% toda a utilização do sistema é afectada. Exemplo Se o posto X, por alguma razão, apenas produzir 40p/h, então a linha apenas produz 40 p/h. Uma hora perdida num estrangulamento é uma hora perdida no sistema de produção , com redução da produtividade total É necessário proteger os estrangulamentos quanto a processos de interrupção de trabalho , pois a sua paragem produz efeitos imediatos na redução do ciclo produtivo , que não são recuperáveis . È nestes postos de trabalho que deverão existir as melhores condições de : Operação e controlo (Mão de Obra mais qualificada ) Manutenção (maior aplicação de Manutenção preventiva) Fornecimento de Materiais e Matérias-primas Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 82/116 Melhor fornecimento de Energia , água ou AR Caso seja possível (e necessário) deverá ser criado um pequeno stock de material anterior ao PT onde ocorre o Estrangulamento . Se ocorrem mudanças de ferramentas , deve ser nestes pontos do processo onde podem e devem ser aplicadas técnicas optimização de mudança de Ferramentas . Regras Importantes a Seguir Os estrangulamentos (ou gargalos ) da actividade da empresa , devem então concitar a maioria das atenções dos responsáveis , pois qualquer melhoria de processos deve ser iniciada nesses postos de trabalho . A gestão dos estrangulamentos aconselha a que se sigam algumas regras fundamentais para a optimização da produção e da produtividade : Utilizar os estrangulamentos em pleno rendimento Controlar sempre o desempenho dos estrangulamentos Ganhar horas de produção nos estrangulamentos Análise de Layout (Arranjo Físico) Qualquer posto de trabalho está ligado aos demais postos de trabalho, num local qualquer de uma empresa. Esse local pode ser uma área grande ou pequena , fabricação ou serviços . Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 83/116 Em geral, essa área é coberta e abriga certos tipos de trabalho que estão ligados entre si por apresentarem serviços semelhantes ou completarem o produto fabricado. O seu conjunto é denominado por sector, departamento ou Fábrica. Nos locais destinados à fabricação, existem homens, máquinas, equipamentos, matérias-primas localizados em determinados pontos que permitem que várias actividades sejam realizadas simultaneamente em série ou em paralelo conforme os requisitos do produto ou do serviço . Pensando novamente na Produtividade, verifica-se, muitas vezes que nessas instalações ocorrem factos que promovem a perda de eficiência e de produtividade , como sejam : Excesso de movimentação de pessoas e matérias-primas Produtos semi-acabados e produtos acabados, causando transtornos diversos e aumentando os riscos de quebra e acidentes, além de custos e de tempo de produção. Os produtos têm um percurso produtivo muito complicado Como se referiu , a ideia base da simplificação do trabalho corresponde á eliminação de tudo aquilo que não agrega valor ao produto, ou seja, tudo aquilo que não melhora ou não transforma o produto e que aumenta os seus custos. O transporte pode representar esse tipo de actividade que não acrescenta valor ao produto e que se for mal gerido no decorrer do processo , irá onerar em tempo , energia , desgaste de máquinas e paragens o produto final . Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 84/116 Torna-se em muitos casos imperioso a avaliar a participação dos processos de transporte e percursos de pessoas e bens , por forma a minimizar a sua participação no custo final do produto e na Produtividade do processo. A melhor forma de reduzir o transporte entre dois postos de trabalho é a de aproximar os dois postos, o máximo possível. Essa distância mínima entre os dois postos de trabalho tem contudo valores mínimos a cumprir , relacionados com a ergonomia necessária e as normas de segurança de cada operação Por outro lado sugere-se que as vias principais destinadas á circulação de pessoas e materiais devem possuir largura mínima de 1,20 m. devidamente assinaladas com duas barras brancas ou amarelas , que sinalize o percurso ideal e onde não poderá ocorrer qualquer atravancamento nem armazenamento , mesmo que temporário. Faixa de cor branca com 10 cm Largura 1.20 Dentro desses princípios, para melhor organizar a produção, podemos elaborar um estudo de reorganização do Layout fabril , ou seja, avaliar a necessidade de mudança de máquinas, equipamentos e postos de trabalho , por forma a optimizar a DISPOSIÇÃO FÍSICA desses recursos e dos espaços onde se realiza a produção. Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 85/116 Na melhoria de um arranjo físico das instalações produtivas , a primeira coisa a fazer é observar o local em estudo e fazer um desenho em planta, relativamente simples, mas com detalhes importantes de implantação como sejam : Posição real dos equipamentos principais Corredores de passagem Janelas , portas , Elevadores Pontos de iluminação Posição dos sistemas de segurança Pontos de abastecimento de água , energia e ar comprimido Posição média dos Operadores e dos postos de trabalho Fluxos internos dos diferentes produtos As medidas deverão ser tanto quanto possível rigorosas e a disposição relativa dos diferentes equipamentos deve ser respeitada . Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 86/116 Procedimentos para análise de layout 1º Passo: desenho (planta) do local Como vimos, o primeiro passo para a melhoria de um Layout elaboração de consiste na uma planta do local (desenho), que poderá ser feito, preferencialmente em escala de 1:50, contendo detalhes importantes que devem ser marcados claramente na planta. Aspectos importantes que devem ser observados e, se necessário, anotados: Materiais: produto semi-acabado; acabado ou matéria-prima. Máquinas: Principais equipamentos de transformação. Equipamentos : pontes rolantes, esteiras transportadoras etc. Pessoal: posição de trabalho. Transportes: circulação de pessoas, materiais e equipamentos. Armazenamento de materiais. Características do edifício: andar, dimensões , janelas , portas , elevadores. Pontos de iluminação Instalações: eléctrica; pneumática, vapor, hidráulica , Segurança. Pontos de abastecimento : Água , energia e ar comprimido Fluxo de circulação: sequência ordenada da movimentação do produto, indicado por flecha. Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 87/116 Realizado o desenho do Layout ele deve ser examinado para ser pensada a reorganização do espaço e do fluxo produtivo actual . Esse exame começa sempre pela eliminação ou redução de TRANSPORTES. Para isso, os postos de trabalho devem ser colocados o mais próximo entre si, para minimizar deslocamentos em volta do posto de trabalho . É necessário saber se as MÁQUINAS podem ser removidas com facilidade e a sua mudança de posição é compatível com as instalações (pé direito , resistência mecânica do solo , drenos , etc) Há máquinas pesadas, difíceis de serem removidas, como as que exigem fundações especiais como Grandes Prensas e as que exigem montagens especiais, como grandes fornos. Este tipo de máquinas devem ser preservados nos seus locais salvo em casos extremamente necessários È importante saber se as INSTALAÇÕES também podem ser modificadas facilmente , nomeadamente na mudança de localização de portas e janelas ou ainda na eliminação de divisões físicas (paredes ou painéis desmontáveis) que dificultem as movimentações . Contudo estas alterações no edifício não podem por em causa normas de segurança (contaminação , ruído , etc) , nem deverão reduzir condições de conforto ambiental . Deve-se igualmente analisar a posição dos POSTOS DE TRABALHO e dos operadores que os ocupam assim como das condições de operação , de modo a obter sempre que possível : Redução dos seus deslocamentos em volta da máquina que operam Redução de movimentos entre máquinas Melhor nível de iluminação (favorecer iluminação natural se existir) Aumento do seu grau de conforto Aumento da Higiene e Segurança .. Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 88/116 Para facilitar este estudo, deve-se recorrer a software adequado , onde o desenho de implantação base , possa ser combinado com os factores acima referidos , para obtenção de um modelo que permita a análise das diferentes opções e a antevisão das suas implicações . Por exemplo, podemos chegar a um arranjo adequado, conforme esta ilustração seguinte , que representa uma oficina de metalomecânica , representada igualmente numa figura anterior , de acordo com a disposição inicial dos seus recursos de produção . Neste exemplo foram operadas diversas modificações na disposição inicial e que apresentam as seguintes características : Os tornos e fresadoras foram posicionados a 35º em relação à parede para facilitar a iluminação natural do posto de execução do trabalho, aproveitando a iluminação vinda das janelas. Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 89/116 A distância entre as partes móveis das fresadoras foram mantidas com um mínimo de 1,30 m e as demais distâncias entre os postos de trabalho foram mantidas num mínimo de 0,80 m. Foram feitas faixas de circulação que não havia no LAYOUT anterior. Para os contentores foram feitos cavaletes com altura de 0,80 m para o trabalhador não ter de se curvar. Alguns contentores de materiais estão próximos de dois postos de trabalho. Assim, o trabalhador tem-nos ao alcance do movimento dos braços. A distância média anterior mantida para movimentação era de 29,50 m e a actual , de 15,40 m. Portanto, houve uma redução de 14,10 m. Isto dá uma ideia da redução que se pode obter em movimentações , ao se transportar 10.000 peças. Neste caso, alcança-se uma redução de 141.000 metros ou 141 km. Além disso, sobra espaço para a colocação de mais postos de trabalho. FATORES A SEREM ESTUDADOS NA ELABORAÇÃO DO ARRANJO FÍSICO Ao se elaborar um arranjo físico, os principais factores a serem estudados são: ✓ materiais, ✓ máquinas, ✓ mão-de-obra, ✓ movimentação, ✓ armazenamento, ✓ edifícios, Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 90/116 ✓ serviços auxiliares. MATERIAL São considerados todos os materiais que são processados e manipulados no sector : matéria prima, material em processo, produto final, embalagem, etc. Estudam-se dimensões, pesos, quantidade, características físicas, químicas , assim como as suas perdas características de fabrico (Refugo , resíduos , etc). O processo de produção deve ser detalhado por : tipos, sequência tempos padrão das operações. Deve-se procurar: que o fluxo do material esteja de acordo com o processo; diminuir o manuseio dos produtos (menos riscos de acidentes); diminuir o percurso dos produtos e mão de obra. MÁQUINAS Levam-se em conta todos os equipamentos utilizados na produção , na manutenção, em medidas e controle e no transporte. Listam-se informações sobre: identificação do equipamento (nome, tipo, acessórios); dimensões e peso; Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 91/116 áreas necessárias para operação e manutenção; operadores necessários; fornecimento de energia eléctrica, gás, água, ar comprimido, vapor, etc.; grau de risco , ruído, calor, etc.; possibilidade de desmontagem das máquinas; ocupação prevista para a máquina e atravancamento; características operacionais : tipos de operação e velocidade. Entre outros pontos , deverão ser estudados : minimizar potencial de acidentes facilitar operação no posto de trabalho dimensionamento da área necessária facilitar movimentação do operador garantir segurança do operador assegurar áreas de armazenagem prever áreas de passagem / transporte posicionamento do equipamento em função do processo, tipo de equipamento minimização do ruído, pontos de abastecimento energia respeitar sequência lógica do processo garantir pontos de carga acessíveis MÃO de OBRA Inclui todo o pessoal directo e indirecto da fábrica, observando-se as áreas necessárias para o desenvolvimento do trabalho de cada elemento. É conveniente recolherem-se os seguintes tipos de informações : condições de trabalho pessoal necessário Áreas de apoio iluminação, ruído, vibração, limpeza, segurança, ventilação qualificação, quantidade e sexo vestuário, serviços auxiliares (restaurantes Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 92/116 e/ou refeitório ), bebedouros em função do número de pessoas MOVIMENTAÇÃO Este é um dos principais factores na elaboração do arranjo físico devendo ser analisados : percurso seguido pelo material, máquinas e pessoal com as especificações das distâncias; tipos de transportes usados; manuseio ( frequência, motivo, esforço físico necessário, tempo utilizado); espaço existente para a movimentação. dimensionamento da largura do corredor em função dos equipamentos, meio de transporte, etc.; segurança dos funcionários e visitantes; acesso aos meios de combate de incêndio, meios auxiliares, etc. ARMAZENAMENTO Considera-se o armazenamento de todos os materiais, inclusive aqueles em processo (stock intermédio existente antes de uma dada operação), nos seguintes aspectos : localização, dimensões, métodos de armazenagem, tempo de espera, cuidados especiais. Deverão ser estudados: Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 93/116 dimensionamento em função do material (em processo e final); dimensionamento dos corredores do Armazém; minimização de stock intermédio em processo; dimensionamento dos corredores do Armazém; distância das prateleiras com paredes, etc. SERVIÇOS AUXILIARES Inclui os espaços destinados à manutenção, controles e inspecção, escritório (sala de espera, formação, conferências), laboratórios, equipamentos e linhas auxiliares (ar, vapor, gás, Tc), facilidades ( restaurantes, vestiários, lavatórios, relógio de ponto, estacionamento). EDIFÍCIO Estudam-se : área, compartimentos, estruturas, tectos, acessos, rampas, escadas, elevadores e outras características do edifício. Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 94/116 6. PRODUTIVIDADE E PERDAS DE PRODUÇÃO A actividade produtiva ou dos Serviços , nunca é totalmente eficiente , devido a um conjunto de combinados factores , que isolados ou com o interferem aproveitamento final da actividade que se pretende desenvolver . Neste capítulo são abordados os diferentes tipos de perdas que podem ocorrer e que afectam a Produtividade e o Custo da Produção ou dos Serviços. DESPERDÍCIOS Se necessitamos de apenas uma pessoa para executar um serviço e colocamos duas, essa segunda pessoa representa um desperdício, pois ela poderia realizar outro trabalho, também importante. Mesmo que as técnicas de simplificação do trabalho sejam aplicadas e os equipamentos sejam os mais modernos e adequados, a melhoria da produtividade sempre possível , enquanto houver DESPERDÍCIOS NAS FÁBRICAS. DESPERDÍCIO É TUDO AQUILO FEITO EM EXCESSO OU MAL Na realização de um trabalho ou operação podem-se considerar desperdício as seguintes situações: Stock de materiais ou produtos em excesso. Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 95/116 Espaços mal aproveitados. Energia: máquinas, luz etc. ligados desnecessariamente(em vazio) Consumo excessivo e desnecessário de materiais Tempo: uma tarefa de duração média de 1 hora é realizada em duas horas. Deslocações desnecessárias Paragem de produção por deficiente Planificação dos recursos REFUGO Riscar uma peça metálica para depois transforma-la é a mesma coisa que riscar os contornos de uma figura no papel e depois, com a tesoura, recortar os contornos. Só que, em mecânica, esse corte é realizado por máquinas especiais e o risco é feito com técnica própria. Se, no entanto, houver erros no momento de riscar, a peça toda estará perdida ocorrendo a consequente perda de dinheiro, tempo, esforços e materiais. Portanto, se erramos ao fazer algo, e se esse erro estraga completamente o que fazemos , não sendo possível corrigi-lo, o material inutilizado passa a constituir um refugo e passando a ser considerado um resto da actividade . REFUGO É TUDO AQUILO MALFEITO PELO HOMEM OU MÁQUINAS O refugo será tanto mais grave , quanto menores as possibilidades de reintegração como matéria prima ou como subproduto da actividade , podendo em alguns casos exigir custos adicionais , para o seu tratamento Ambiental Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 96/116 Considerando todos os aspectos relacionados com a produção de refugo e as suas consequências em termos de eficiência e Produtividade podemos concluir que é muito importante: Produzir com eficácia total , usando todos os nossos esforços para atingir um nível de produção SEM NENHUM DEFEITO REPROCESSO Supor uma pessoa que necessita de um cano de água de plástico com o comprimento de 260 mm. Ela apanha uma serra e, sem medir o cano com exactidão, corta-o com o comprimento de 270 mm. Na altura em que tenta a montagem no local, o cano não entra. Torna-se então necessário refazer as medidas para efectuar um novo corte. A nova medição e o novo corte constituem um reprocesso Reprocesso é fazer novamente o que já foi feito, ocasionando um agravamento de custos e um desgaste desnecessário de recursos e tempo . REPROCESSO É FAZER NOVAMENTE O QUE JÁ FOI FEITO Na actividade industrial e dos serviços , o reprocesso faz muitas vezes parte integrante do desenrolar do processo produtivo assumindo diferentes formas e tipos: Reaproveitamento de resíduos metálicos (sucata) Industria metalúrgica Reaproveitamento de Plásticos e Aparas para reciclagem Reparação de Edifícios Correcção de ficheiros danificados ou incompletos Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 97/116 na GESTÃO DE UTILIDADES O consumo de Energia , água e Ar comprimido , ocupa frequentemente uma parte importante dos recursos da Empresa . Nesta área , justifica-se que a Empresa faça um diagnóstico ou Auditoria á forma como ocorrem estes consumos e estabeleça um plano para a sua racionalização . A redução destes consumos tem um impacto indirecto mas imediato na produtividade da Empresa , para além de reduzirem o custo de actividade e dos artigos produzidos . CONCLUSÕES SOBRE AS PERDAS Estes três elementos Desperdícios Refugos e Reprocesso representam uma parcela muito grande no aumento dos custos dos produtos. É comum uma pessoa comprar algum produto sob encomenda, com preço e tempo de entrega combinados. Entretanto, a encomenda é entregue com atraso e o preço só é mantido porque se pagou com antecedência, mas o fabricante reclama que o preço de custo foi maior do que o que foi pago. Tais factos, que ocorrem diariamente, podem ser, na maioria das vezes, causados por desperdício, refugos e reprocesso, que aumentam o tempo de trabalho e, consequentemente, os custos, prejudicando o empregado, a empresa e o consumidor. Infelizmente, somos campeões em desperdício, refugos e reprocesso, não só nas fábricas como na vida particular. Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 98/116 Nestes termos, devemos progressivamente introduzir melhorias de eficiência na utilização dos diferentes bens e recursos , quer nas Empresas , quer nas nossas casas . Essa mudança de atitude passa sobretudo pela redução de Desperdícios , Refugos e Reprocesso . A produtividade é medida em função do artigo ou serviço útil que for vendido , pelo que tudo que seja perdido na sua obtenção , reduzirá o valor final da produtividade da empresa . Uma vez mais , torna-se evidente como é imperioso aumentar o rendimento dos processos , como forma de aumentar a produtividade . 7. INOVAÇÃO A segunda metade do século XX , foi pródiga em novas tecnologias colocadas ao serviço da actividade humana . Como seria de esperar , a actividade económica beneficiou muito com esse facto , pois aplicou diversas novas metodologias e equipamentos ao serviço da industria e dos serviços , que lhe permitiram aumentar a produtividade e a qualidade dos artigos ou serviços fornecidos ao mercado INOVAÇÃO TECNOLÓGICA A mecanização dos processos fabris no inicio do século XX , teve um novo impulso com a substituição integral do homem na acção de produzir , com a introdução dos primeiros robots mecânicos na industria . Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 99/116 Este foi um dos sinais mais fortes de que a inovação e o desenvolvimento tecnológico produziriam alterações notáveis na “arte de produzir” . Outras transformações importantes ocorreram , das quais se podem destacar : Construção de Centrais Nucleares para produção de Energia Invenção do Computador e das redes de comunicação Criação e expansão de redes digitais de comunicações Utilização de satélites artificiais para comunicações Implementação de cabo óptico Automatização de processos fabris e de serviços Instalação de redes de computadores Criação de Software integrado de Gestão Todas estas novidades tecnológicas , tiveram um impacto directo ou indirecto na Produtividade das empresas e dos países dessas empresas , pois o salto tecnológico permitiu produzir mais , com muito menos recursos e sobretudo com menos pessoas . Nos dias de hoje a evolução tecnológica é constante , sobretudo com a miniaturização de aplicações electrónicas que permitem que equipamentos pessoais e industriais sejam cada vez mais sofisticados e com maiores capacidades . INOVAÇÃO NA GESTÃO DA PRODUÇÃO A par da inovação tecnológica , colocaram-se desafios importantes para a produção , no sentido de dar resposta a um aumento exponencial das capacidade de produção , o que determinou um tratamento de um numero igualmente exponencial de problemas novos . Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 100/116 Neste contexto , nos últimos 40 a 50 anos , foram sendo formulados e implementados métodos de gestão , que permitiram acompanhar a introdução das novas tecnologias de produção , de ferramentas de controlo e gestão inovadores , baseados em conceitos inovadores , como : ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ Produção Ágil Just in Time Kaizen Optimização de Processos Qualidade Total Os sistemas industriais enfrentam actualmente importantes desafios: Aumento na concorrência. Complexidade dos mercados. Complexidade dos produtos e processos. Alterações rápidas nas necessidades dos clientes. A forma tradicional de aumentar a competitividade das empresas pela simples redução de custos, pode não ser uma estratégia eficaz de empresa. Os clientes pretendem, para além de um preço competitivo, a elevada qualidade dos produtos. satisfação das suas necessidades particulares (individuais). prazos razoáveis. Esta diversidade de necessidades dos clientes, coloca elevada pressão nas organizações, tendo motivado diferentes formas de reestruturação nas empresas industriais. Produção Ágil ( Agile Manufacturing ) Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 101/116 Neste conceito a organização, as pessoas e os factores tecnológicos são considerados importantes para gerar os resultados esperados. O conceito de produção ágil pretende identificar elementos chave num novo ambiente industrial, substituindo a tradicional produção em massa. A Agile Manufacturing pretende combinar as vantagens da produção unitária com a produção em massa: Produzindo elevado volume com produtos diversificados. Recorrendo a automação flexível. Fomentando trabalho em grupo com operadores/as polivalentes. Implementando uma cultura de empresa de desenvolvimento contínuo e de elevada qualidade. Princípios fundamentais na Agile Manufacturing Quanto mais complexos os produtos, mais dependentes se encontram da qualidade nas diversas fases de fabricação, necessitando da dedicação integral dos empregados a todos os níveis. Quanto mais sofisticada a tecnologia de fabricação, mais vulnerável e dependente se encontra da capacidade humana para realizar o seu controlo e a sua manutenção. Quanto mais sofisticado for o sistema de produção, mais intervenções humanas inovadoras são necessárias. Mudança de produtos, preparação dos equipamentos, adaptações tecnológicas e controlo requerem considerável intervenção humana. Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 102/116 Quanto mais curto o ciclo de vida dos produtos, mais inovação é necessária. As fases de arranque da produção e lançamento do produto ocorrem mais frequentemente e, a sua eficácia, depende da experiência e conhecimentos formais e operacionais do pessoal. A Produção ágil necessita de uma integração da tecnologia, pessoas e estrutura organizacional: a tecnologia apropriada deve ser instalada; as pessoas devem ser seleccionadas, treinadas e com autonomia para utilizar a tecnologia no sentido dos objectivos da empresa; uma estrutura organizacional deve ser instalada para gerir os recursos e se adaptar rapidamente às alterações no mercado. Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 103/116 Princípios fundamentais na Agile Manufacturing 1. Quanto mais complexos os produtos, mais dependentes se encontram da qualidade nas diversas fases de fabricação, necessitando da dedicação integral dos empregados a todos os níveis. 2. Quanto mais sofisticada a tecnologia de fabricação, mais vulnerável e dependente se encontra da capacidade humana para realizar o seu controlo e a sua manutenção. 3. Quanto mais sofisticado for o sistema de produção, mais intervenções humanas inovadoras são necessárias. Mudança de produtos, preparação dos equipamentos, adaptações tecnológicas e controlo requerem considerável intervenção humana. 4. Quanto mais curto o ciclo de vida dos produtos, mais inovação é necessária. As fases de arranque da produção e lançamento do produto ocorrem mais frequentemente e, a sua eficácia, depende da experiência e conhecimentos formais e operacionais do pessoal. A Agile Manufacturing necessita de uma integração da tecnologia, pessoas e estrutura organizacional:;;. a tecnologia apropriada deve ser instalada as pessoas devem ser seleccionadas, treinadas e com autonomia para utilizar a tecnologia no sentido dos objectivos da empresa uma estrutura organizacional deve ser instalada para gerir os recursos e se adaptar rapidamente às alterações no mercado Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 104/116 Neste modelo de gestão , alguns tema s principais merecem ser destacados , para demonstrar a mudança de estratégia quanto á forma de gestão dos recursos . Aspectos humanos: • • • • • • • A capacidade dos colaboradores é um investimento. Seleccionar pessoal com aptidão para aprender e se adaptar. Seleccionar pessoal com capacidade de comunicação. Implementar programas de treino a longo prazo. Especificar programas de treino de acordo com os objectivos da empresa. Implementar equipas pluridisciplinares transitórias. Conceber sistemas integrados de informação. Aspectos organizacionais: • • • • • A organização deve focar na interacção ou congruência dos factores técnico-sociais. Desenvolvidos indicadores de produtividade para os colaboradores administrativos. Desenvolver a produtividade em funções de conhecimento, como operadores/as e engenheiros de CAD-CAM, programadores e controladores de produção. A estrutura organizacional deve ser descentralizada, tanto quanto possível. Devem ser desenvolvidas estruturas organizacionais para promover mudança e aprendizagem organizacional. Aspectos tecnológicos: • • Necessário atender a aspectos ergonómicos particulares, na fabricação avançada. As novas tarefas de fabricação são mais cognitivas: o operador/a necessita de capacidade para tratar processamento da informação. Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 105/116 KAIZEN introdução Kaisen é a filosofia japonesa de melhoria contínua: fazer melhorias simples e pequenas, que não custam muito dinheiro mas que resultam numa redução de custos, maior qualidade e produtividade. Considere-se uma fábrica de electrodomésticos onde os operadores adicionam partes a uma unidade principal. O processo leva sete segundos, incluindo cinco segundos para os trabalhadores se voltarem e recolherem as partes de um contentor que se situa atrás deles. Se se puser o contentor à frente dos empregados, eliminam-se quatro segundos do processo — o que se traduz numa melhoria da produtividade. É a este processo de melhoria a que se dá o nome kaisen. Gemba, em japonês, representa o sítio onde a acção se desenrola. No cenário dos negócios, gemba significa o local onde os produtos são fabricados, um laboratório ou uma fábrica, por exemplo. No sector dos serviços, gemba é onde os clientes se encontram com quem lhes fornece os serviços. A metodologia Kaizen rege-se por princípios que aplicam o espírito e técnicas do kaisen no gemba, com o fim de reduzir os custos e melhorar a qualidade e produtividade na organização. As regras de ouro do gemba Demasiados gestores ficam sentados nas suas secretárias, distanciados dos acontecimentos que se dão no no interior da Empresa (GEMBA). A sua função Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 106/116 é compreender e permanecer em contacto com o local onde tudo acontece. Só depois de o fazer é que poderão tomar as iniciativas kaisen. Eis as principais regras da gestão gemba: • Quando surge um problema, averiguar no gemba. Não se deve tentar resolver o problema por controlo remoto. Quando Taiichi Ohno, da Toyota, se apercebia que um gestor estava distanciado da sua fábrica, levava-o lá, desenhava um círculo no chão e fazia com que o supervisor ali permanecesse até que ficasse mais consciente acerca do que se passava no terreno das operações; • Verificar os gembutsu. Dá-se o nome de gembutsu aos itens tangíveis do gemba — uma máquina avariada, produtos devolvidos ou um cliente insatisfeito. Se uma máquina se avariar, não se deverá convocar uma reunião para identificar os próximos passos a tomar , antes se deverá verificar o que se passa com a máquina e passar à acção; • Adoptar soluções temporárias. Se não se conseguir resolver completamente o problema na altura em que este surge, deve-se tentar remediar da forma que for possível. Por exemplo, numa fábrica, lascas de metais que caíam numa correia estavam sempre a parar a máquina. Cada vez que isto acontecia, os empregados afastavam as lascas e ligavam as máquinas outra vez; • Encontrar a raiz do problema. Depois de remediar o problema, devem-se identificar as causas do mesmo. Para os problemas simples, a técnica dos «cinco porquês» é suficiente. Por exemplo, um homem está a pôr serrim no chão. 1. Porquê? Porque o chão está escorregadio. 2. Porquê? Porque está óleo no chão. 3. Porquê? Porque a máquina está a verter óleo. 4. Porquê? Porque o óleo está a verter do depósito. 5. Porquê? Porque o revestimento de borracha do depósito está gasto Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 107/116 • Estabelecer um padrão de procedimentos. Quando se resolver um problema, o novo procedimento deve ser padronizado para evitar que volte a surgir. 5S -O BOM FUNCIONAMENTO DA EMPRESA Espaços mal organizados criam frequentemente ineficiências caras no processo de trabalho. O simples acto de limpar o local de trabalho e mantê-lo limpo produz melhorias substanciais na produtividade e eficiência de custos. Os cinco passos para limpar a casa foram desenvolvidos no contexto fabril, mas podem ser aplicados aos serviços: • Seiri (classificar). O primeiro passo é classificar os itens em duas categorias — necessários e desnecessários — e livrar-se dos últimos. É comum colocarem-se etiquetas vermelhas nos itens desnecessários, para que seja mais fácil saber o que se deita fora. Se os empregados encontrarem uma etiqueta vermelha em algo que eles pensam que é necessário, têm de convencer a equipa que ele será útil no futuro; • Seiton (arrumar). Assim que os itens desnecessários forem removidos, devem-se arrumar os restantes para minimizar o tempo que levará a procurá-los. Cada objecto deve ter um nome. Por exemplo, dê um nome a cada parede e marque os itens com os números da parede onde serão colocados; • Seiso (esfregar). O espaço de trabalho deve ser limpo, incluindo máquinas, ferramentas, chão e outras áreas. Ao limparem, os trabalhadores podem identificar problemas como, por exemplo, uma máquina que verte óleo; • Seiketsu (sistematizar). O kaisen deve ser feito sistematicamente. Seiketsu significa que os passos anteriores devem ser efectuados sistematicamente; • Shitsuke (padronizar). Estes cinco passos devem ser integrados nos hábitos e atitudes dos trabalhadores. Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 108/116 Como eliminar o desperdício No trabalho, existem dois tipos de actividades: aquelas que adicionam valor e aquelas que não adicionam valor. Qualquer actividade que não adicione valor ao produto ou serviço que está a ser criado é muda (desperdício). Eliminar o muda é uma das tarefas fundamentais do kaisen. Taiichi Ohno classificou o muda em sete categorias: • Muda de sobreprodução. Produzir mais do que o necessário resulta num desperdício tremendo: as matérias-primas são utilizadas antes de serem precisas, mais espaço é necessário para armazenar o excesso de inventário e custos administrativos e de transporte adicionais são contraídos; • Muda de inventário. Os produtos guardados em inventário adicionam custos por precisarem de equipamento e espaço adicional. E podem esconder problemas no gemba; • Muda de rejeição. As rejeições interrompem a produção e requerem um trabalho caro. Desfazer-se delas é também um desperdício de tempo; • Muda de movimento. Qualquer movimento do corpo de uma pessoa que não está a adicionar valor é muda. Um trabalhador a andar ou a carregar um pacote pesado está a perder tempo. Evite este tipo de muda, reorganizando o espaço de trabalho; • Muda de processamento. Tecnologia inadequada ou um layout pobre do espaço pode representar um desperdício no processamento do próprio trabalho. Por exemplo, num local onde são produzidos telefones, os auscultadores e o corpo são fabricados em linhas diferentes. São depois embalados em sacos para serem transportados até à linha de montagem final. Fazendo a ligação entre a linha de montagem dos Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 109/116 auscultadores e a linha de montagem final eliminará os sacos de plástico; • Muda de espera. Se um operário fica sem nada para fazer porque está à espera de uma peça, por exemplo, existe muda. Solucione o problema que está a causar a espera do trabalhador; • Muda de transporte. O transporte em camiões ou empilhadores não adiciona valor e, por isso, deve ser eliminado, sempre que possível. O papel dos supervisores O kaisen será bem sucedido se for empreendido com objectivos e metas claros. É à gestão de topo que pertence a tarefa de os definir. E é o supervisor que deve fazer com que se alcance a meta do gemba kaisen, que é produzir com padrões de elevada qualidade a baixos custos e entregando a tempo. Para alcançar o objectivo, os supervisores têm de gerir os chamados «cinco M»: • Material. O supervisor terá sempre de assegurar que o material é limpo e que está devidamente organizado; • Máquina. O supervisor tem de assegurar a manutenção das máquinas; • Mão-de-obra. O supervisor é responsável por encorajar as sugestões dos empregados e recompensar as boas ideias; • Medida. O supervisor gere visualmente o local de trabalho. A exposição de tabelas, listas e registos de desempenho tornam-se ferramentas primordiais; • Método. O supervisor é responsável por manter os elevados padrões de trabalho e de segurança na empresa; Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 110/116 CONTROLE DA QUALIDADE TOTAL - TQC TQC, sigla de Total Quality Control ou Controle da Qualidade Total é um sistema de gestão, nascido nos EUA e aperfeiçoado no Japão (TQC no estilo japonês). Controle: Não é uma palavra muito simpática, por estar associada à idéia de fiscalização ou limitação de liberdade. Mas no TQC seu significado é outro.. Quando se diz que o processo está sob controle significa que as causas de não conformidade estão dominadas, ou seja, o processo produz os resultados desejados Qualidade:. Não é a simples ausência de defeitos (não-conformidades) ou adequação ao uso. É o conjunto de características, concretas ou abstractas que fazem com que o consumidor ou utilizador prefira determinado produto ou serviço Nesta metodologia , a qualidade do produto ou serviço deve ser garantida em todas as fases de seu desenvolvimento: projecto, produção, distribuição assistência pós-venda. Por ser subjectiva e pessoal, a qualidade carece de medição, além da preferência do cliente. Como a reclamação ou rejeição do cliente vem sempre depois do produto estar no mercado, é necessário estabelecer indicadores de qualidade, que meçam as dimensões da qualidade. Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 111/116 QUALIDADE TOTAL: O Controle de Qualidade é dito Total por envolver todas as pessoas e ser exercido em todos os lugares da empresa, envolvendo todos os níveis e todas as unidades. Conceito do TQC O conceito do TQC é formado por onze princípios: 1. Orientação pelo cliente 2. Qualidade em primeiro lugar 3. Acção orientada por prioridades 4. Acção orientada por fatos e dados 5. Controle de processos 6. Controle da dispersão 7. O próximo processo é o seu cliente 8. Controle a montante 9. Acção de bloqueio 10..Respeito pelo empregado como ser humano 11..Comprometimento da Direcção da Empresa Dimensões da Qualidade Quando falamos qualidade, não nos referimos apenas às características intrínsecas do produto, mas sim a um conjunto de valores que estão presentes ou acompanham o produto ou serviço. Para um melhor entendimento detalhamos a seguir as dimensões da qualidade: Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 112/116 Qualidade: chamada de qualidade intrínseca, são as características que podem ser medidas directamente no produto. Para um produto alimentício, as características de qualidade intrísecas poderiam ser, por exemplo: cor, textura, sabor, odor, carga microbiana, propriedades físicoquímicas, etc. Custo: de nada adianta ter o melhor produto do mundo se o cliente não puder pagá-lo. Mesmo que possa, o cliente só pagará pelo produto que custar igual ou menos que o valor que ele perceber no bem. Assim, todo o esforço deve ser empreendido pelas pessoas da empresa para reduzir os custos de produção, venda e assistência técnica. O TQC tem várias ferramentas que possibilitam reduzir custos, entre elas o PDCA de melhoria (Metodologia de Análise e Solução de Problemas). Atendimento: O atendimento pode ser medido em termos de quantidade, local e prazo de entrega. Moral: é a satisfação média dos colaboradores, expressa em termos de sugestões apresentadas, ausências ao trabalho, rotatividade, atc. Uma via mais directa de medir o grau de satisfação da equipe é através de diagnósticos motivacionais, realizados de forma a garantir o anonimato, com a totalidade ou parcela representativa do quadro funcional e com questionário elaborado com a participação dos próprios colaboradores. Segurança: o fornecedor deve garantir que o produto não coloque a integridade física do consumidor ou utilizador em risco. Isso é particularmente importante no caso de produtores e prestadores de serviços em alimentação. Neste caso medidas importantes são contagem de microorganismos patogénicos e análise de aditivos. Para melhor informação veja as páginas referentes a BPF e HACCP. Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 113/116 8. CONCLUSÕES Com este texto , pretendeu-se a abordagem dos principais factores de influencia da produtividade da actividade das empresas . A Gestão moderna das empresas , tem de se guiar pelo aproveitamento das “vantagens internas” , por vezes desconhecidas , que constituem todos os desperdícios e perdas de rendimento que potencialmente poderá aproveitar . Do ponto de vista teórico , até que não seria difícil detectar e corrigir essas ineficiências de processos . Contudo é na fase de implementação que as coisas ficam mais sérias , pois na grande maioria dos casos há que vencer resistências internas e mentalidades que se apoiam na velha máxima de que “foi sempre assim , porquê mudar …” É um facto que hoje em dia , mais que no passado , as empresas têm de antecipar os escolhos que vão encontrar no mercado e na concorrência , pelo que devem estar principalmente atentas ao que se passa no seu exterior . No entanto em Portugal , uma boa parte das empresas tem de arrumar a casa primeiro e de realizar um esforço empenhado em adquirir vantagens competitivas no aumento da sua produtividade . Para o fazer , deverá aumentar o seu rendimento no consumo dos recursos através de factores tão objectivos como : Reduzir o absentismo do pessoal Reduzir nível de acidentes Aumentar taxa de ocupação dos equipamentos Analisar e optimizar os estrangulamentos da actividade Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 114/116 Implementar sistema de custeio para monitorizar custos de todas as actividades Melhorar eficiência energética Implementar programas de manutenção preventiva Em suma , uma empresa que pretenda vencer no mercado , terá de dedicar algum tempo a elaborar e implementar um plano de aumento de produtividade assente em alguns dos objectivos atrás enunciados . Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 115/116 Bibliografia Recursos Humanos , JM Peretti , Edições Silabo Total Quality Control , Armand Feigenbaum , 3ª Edição McGraw Hill Projectos Industriais , R. Assis , V. Távora , Edições Lidel Produção , P Baranger , Edições Sílabo Gestão da Produção , ª Courtouis , Edições Lidel PINTO, Jane Lúcia Gaspar Coelho. Controle de Processos na Indústria de Móveis.: UFSC, 1993. Tese (Mestrado em Engenharia de Produção) COMISSÃO EUROPÉIA. (1995) Livro Verde da Inovação, Comissão Européia, Luxemburgo PORTER, Michael. Vantagem Competitiva. Rio de Janeiro: Campas, 1986. http://www.usernomics.com/ Manual de Formação: Produtividade e Inovação – Programa Formação PME 116/116