775 X Salão de Iniciação Científica PUCRS Incidência de infecções graves pelo vírus sincicial respiratório em crianças prematuras brasileiras – BREVI (Estudo Brasileiro do Vírus Respiratório em Lactentes Prematuros) Laura Ciconet Marostica1, Renato Tetelbom, Stein1,2, Taísa Frescura Paim2, Camila Zanelatto Parreira2, Andreia Machado Tompsen2, Marilyn Souza Reis2, Sirlem Ferraz2, Helen Zatti2, Marcus Herbert Jones1,2 (orientador) 1 Faculdade de Medicina da PUCRS, 2 Instituto de Pesquisas Biomédicas da PUCRS Resumo Introdução O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é considerado a principal causa isolada de infecção respiratória na infância. A maior parte das crianças abaixo dos 2 anos de idade infectadas pelo VSR apresentam doença leve do trato respiratório superior; entretanto, algumas estão sujeitas a desenvolverem infecção grave do trato respiratório inferior (ITRI) que exige hospitalização, oxigenoterapia, ventilação mecânica e pode levar à morte. As crianças com maior risco de doença grave são os lactentes pré-termo, os recém-nascidos com displasia broncopulmonar e os lactentes com cardiopatia congênita (CC). Alguns autores estimam que a taxa de mortalidade em lactentes prematuros hospitalizados com VSR possa chegar a 5%. Além das manifestações agudas da infecção pelo VSR, estudos recentes sugerem uma associação entre a infecção precoce pelo VSR e sintomas recorrentes de asma e sibilância em adolescentes e adultos jovens. Apesar de haver algum conhecimento sobre a sazonalidade do vírus, o impacto da doença não foi bem descrito em crianças prematuras brasileiras. A compreensão da morbidade e dos fatores de risco da doença grave pelo VSR poderá ajudar na determinação das medidas de prevenção mais adequadas para essa população. O objetivo primário deste estudo é determinar a incidência de ITRI grave por VSR, com necessidade de hospitalização, em lactentes nascidos com ≤ 35 semanas de idade gestacional, durante um ano de seguimento médico. X Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2009 776 Metodologia Serão selecionadas 350 crianças nascidas com ≤ 35 semanas de idade gestacional em 3 centros no Brasil. As crianças prematuras serão identificadas após o nascimento e antes da alta e serão acompanhadas por um ano desde sua inclusão no estudo, mensalmente durante os primeiros 6 meses e, a partir de então, a cada 2 meses. Em cada visita, a história social e clínica será atualizada e será feito um exame físico. Os responsáveis pelas crianças devem notificar a equipe do estudo caso ocorra doença respiratória ou internação, momento em que a criança será vista por um investigador. As crianças diagnosticadas com ITRI ao exame físico realizarão testes de diagnóstico viral. Dentre as crianças diagnosticadas com ITRI, as que não necessitarem de hospitalização serão acompanhadas mensalmente por telefone, até a resolução do quadro. Já as crianças que necessitarem de internação serão acompanhadas diariamente durante a hospitalização e, após alta, semanalmente por telefone, até a resolução do quadro. Os dados serão descritos através da incidência de pacientes internados, com o respectivo intervalo de confiança de 95% e analisados através do método de Kaplan-Meier. Resultados (ou Resultados e Discussão) Até o presente momento, foram incluídos 68 pacientes. Destes, 12 pacientes foram hospitalizados (17,647%). Dentre estes, 8 pacientes (66,66%) foram hospitalizados uma vez; 2 pacientes (16,66%) foram hospitalizados duas vezes; 1 paciente (8,33%) foi hospitalizado 3 vezes, e 1 paciente (8,33%) foi hospitalizado 5 vezes, totalizando 20 internações. Destas 20 hospitalizações, 18 (90%) correspondem a pacientes (n=10) que tiveram diagnóstico de ITRI na ocasião de cada internação. Apenas duas hospitalizações correspondem a pacientes (n=2) que foram internados por infecção das vias aéreas superiores (IVAS). As crianças internadas e diagnosticadas com ITRI (n=10) foram submetidas à pesquisa de VSR A e B nas ocasiões das internações. Foram obtidos 2 resultados positivos para VSR A (11,11%); 4 resultados positivos para VSR B (22,22%), e 7 resultados negativos (38,88%). Em 5 casos (27,77%) os resultados não foram obtidos até o presente momento. Conclusão X Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2009 777 Na população estudada, as hospitalizações em prematuros ≤35 semanas são eventos freqüentes, na maioria das vezes relacionadas à ITRI. O VSR esteve associado a 33,33% das ITRI. Referências FRIEDRICH, L; STEIN, RT; PITREZ, PM; CORSO, AL; JONES, MH. Reduced lung function in healthy preterm infants in the first months of life. Am J Respir Crit Care Med. Vol. 173 (2006), pp. 442-447 LAW, B; LANGLEY, J et al. The Pediatric Investigators Collaborative Network on Infections in Canada study of predictors of hospitalization for respiratory syncytial virus infection for infants born at 33 through 35 completed weeks of gestation. Pediatr Infec Dis J. Vol. 23 (2004), pp. 806-814 LUM, S; STOCKS, J; CASTILE, R; DAVIS, ; MATTHIAS, H; JONES, M; MORRIS, MG; RANGANATHAN, S; SLY, PD; TEPPER, R. Ats/ers statement: Raised volume forced expirations in infants: Guidelines for current practice. Am J Respir Crit Care Med. Vol. 172 (2005), pp.1463 -1471 STENSBALLE, L; DEVASUNDARAM, JK; SIMOES, EA; Respiratory syncytial virus epidemics: the ups and downs of a season virus. Pediatr Infect Dis J. Vol. 22, Suplemento 2 (2003), S21-32. X Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2009