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AJUSTAMENTO SOCIAL DE MULHERES SUBMETIDAS A REVASCULARIZAÇÃO
CIRÚRGICA DO MIOCÁRDIO1
RODRIGUES, Gilmara Ribeiro Santos2
CRUZ, Enêde Andrade da3
PAIVA, Mirian Santos4
Resumo: As doenças do aparelho circulatório encabeçam a lista de doenças que
mais causam mortalidade. Dentre elas o Infarto Agudo do miocárdio (IAM) que se
apresenta, em segundo lugar na lista, das doenças do aparelho circulatório, ficando
em primeiro lugar nas doenças cerebrovasculares, que representam 32,8% das
doenças do aparelho circulatório (BRASIL, 1996). O ajustamento social das mulheres
submetidas a revascularização cirúrgica do miocárdio (RM) – procedimento cirúrgico
– pela implantação de um enxerto de ponte na artéria coronariana com o intuito de
normalizar o fluxo sanguíneo no miocárdio. Após esse procedimento, especialmente,
as mulheres necessitam de reestruturar sua personalidade e sua vida social, que
podem influenciar suas competências de independência e responsabilidade, interferir
na eficácia do tratamento, na realização pessoal, estabilidade hemodinâmica,
emocional e social. A RM representa para as mulheres mudanças em sua autoimagem, no relacionamento com o próprio corpo e com familiares, na sexualidade e
nas relações sociais (FABBRO; MONTRONE; SANTOS, 2008). Nessa condição, o
conhecimento do senso comum é resultante da comunicação e interação social,
elaboradas e partilhadas pelo grupo social de pertença. Diante do exposto
objetivamos
apreender
as
concepções
das
mulheres
submetidas
a
esse
procedimento, ou seja, a imagem mental, formulada de idéias e pensamentos, sobre
um determinado fenômeno descrito, com base, em julgamento ou avaliação, vez que
a ideologia em vigor tem papel importante, em sua vida social (JODELET, 2005).
1
Recorte da dissertação intitulada: Ajustamento social de pessoas submetidas a revascularização cirúrgica do
miocárdio: um estudo das representações sociais, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade
Federal da Bahia.
2
Doutoranda em Enfermagem pela Universidade Federal da Bahia, Enfermeira do Hospital Universitário Professor
Edgard Santos e Preceptora do núcleo de UTI da residência multiprofissional em saúde da Universidade do Estado da
Bahia. [email protected].
3
Enfermeira, Doutora pela Universidade Federal do Ceará; Docente do programa de pós-graduação de enfermagem da
Universidade Federal da Bahia, Membro do GEPASE/ NUPESC.
4
Enfermeira, Doutora Coordenadora do programa de pós-graduação de Enfermagem da Universidade Federal da
Bahia.
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Essas mulheres captam os acontecimentos, atitudes dos familiares e amigos,
especialmente pelo papel que ocupa no grupo social e na família, cujas
características do mundo em que vivem e as informações deles advindas, a partir do
conhecimento espontâneo que possibilita a compreensão do que é expresso, pelo
grupo, através da linguagem, enquanto, meio de comunicação para orientar seu
comportamento (MOSCOVICI, 1978). A coleta de dados foi efetivada com 27
mulheres que correspondeu a 44,30% do total de 61 pessoas estudadas, cujos
critérios
de
escolha
foram:
mulheres
submetidas
a
esse
procedimento,
freqüentadoras do ambulatório de isquemia, de um hospital de grande porte e terem
mais de 45 dias de pós-operatório, seguindo a resolução 196/96 do Ministério da
Saúde (BRASIL, 1996). Os resultados destacam na concepção dessas mulheres,
situações negativas que demonstram comportamentos e posturas com evidências de
insatisfação e inadequação ao ajustamento social. Cuidar das mulheres em sua
integralidade é um desafio para a equipe de saúde, pois, quando submetidas à
cirurgia, sempre vivenciam a preocupação e um sentimento de inutilidade pelas
limitações nas atividades cotidianas a que estavam habituadas, pois segundo Alves
(1997) são aspectos subjetivos da sua condição, na qual estão envolvidos
pensamentos, vontade, ações, habilidades instrumentos de trabalho, mudanças de
objetivos que são condições internas e externas, respectivamente, comportamentais
intelectuais, temperamentais e físicas, técnicas, sociais e econômicas, para
realização de suas atividades domésticas para sobrevivência. Situações essas, que
podem impossibilitar seu ajustamento social, mesmo porque, ela é a responsável por
todos os acontecimentos e atividades domésticas desenvolvidas no seu lar e as
limitações podem gerar insatisfação e inadaptação à condição. Conclui-se que as
entrevistadas concebem o ajustamento social de forma conflituosa entre dificuldades
e obstáculos, sendo necessário um cuidado e acompanhamento mais direcionado,
considerando que na perspectiva de gênero perpassa toda sua vida. Recomenda-se
aos enfermeiros que essas concepções sejam consideradas, através da visão
integral do ser, valorizando no plano de alta os aspectos positivos das atividades que
essas mulheres podem desenvolver dentro de suas limitações e de suas
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potencialidades, criando espaços de ajuda mútua, como programas sociais em
grupos que vivenciam experiências semelhantes.
Palavras-chave: Enfermagem. Mulheres. Representações Sociais. Ajustamento
Social. Revascularização do Miocárdio.
REFERÊNCIAS:
ALVES, Maria Dalva Santos. Mulher e saúde – representações sociais no ciclo
vital. Fortaleza: Pós-Graduação/DENF/UFC/Fundação Cearense de Pesquisa e
Cultura, 1997.
BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução n. 196/96. Sobre pesquisa envolvendo
seres humanos. Bioética, Brasília, v.4, n. 2 – Suplemento – p. 15-25. 1996.
FABBRO, Márcia Regina Cangiani; MONTRONE, Aida Victoria Garcia; SANTOS,
Silvana dos. Percepções, conhecimentos e vivências de mulheres com câncer de
mama. Rev. enferm. UERJ. Rio de Janeiro, out/dez; v.16, n.4. p. 532-537. 2008,
JODELET, Denise. Representações sociais: um domínio em expansão. In D. Jodelet
(org.) As representações sociais. Rio de Janeiro: UERJ. 2001
MOSCOVICI, Serge. A representação social da psicanálise. Tradução de Álvaro
Cabral. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978.
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