Diário do Grande ABC Imprimir 31/01/2012 07:27:00 Jovem de baixa renda utiliza mais o telefone Alexandre Melo Do Diário do Grande ABC Trabalho com carteira assinada e acesso a crédito foram os principais responsáveis para que os jovens brasileiros da periferia liderassem no ano passado as vendas das empresas de telefonia fixa e móvel. No serviço fixo, eles representaram 25,5% do mercado, e nos celulares, 19,8%. Os dados foram divulgados ontem pela Serasa Experian. Esse grupo social tem idade média de 31 anos e rendimento mensal na faixa dos R$ 740. Segundo a diretora do segmento de telecom, Juliana Azuma, a estabilidade no emprego formal proporciona a esses jovens entrar no mercado de consumo, tendo condições de comprar também outros serviços além de telefonia. No caso do ribeirão-pirense Linkoln de Paula Cabral, 19 anos, os gastos com telefone fixo e móvel, internet banda larga e TV a cabo representam quase um terço da renda de R$ 800 que tem trabalhando como segurança, sem registro em carteira. Ele mantém três linhas de telefone ao custo mensal médio de R$ 100, sendo que uma delas é conta-fixa. "Tento manter o controle para não deixar de pagar as faturas. Antes gastava mais." A executiva da Serasa pontua que equilibrar as despesas mensais é o ponto-chave para que os consumidores não se tornem inadimplentes. "Ao ter acesso ao mundo do consumo é essencial educação financeira", destaca Juliana. A popularidade dos aparelhos de celular entre os jovens é outro fator que colabora para que o grupo se destaque no setor de telecom. GRUPOS Esse grupo de consumidores inclui jovens trabalhadores de baixa renda e na informalidade, trabalhadores de baixa qualificação, excluídos do sistema, estudantes da periferia e famílias assistidas da periferia. O segundo maior grupo, os chamados aspirantes sociais, abrange profissionais em ascensão social, jovens em busca de oportunidades e consumidores indisciplinados. E o terceiro grupo, assalariados urbanos, inclui antigos moradores, jovens promissores, técnicos e operários e vida no aperto. INADIMPLÊNCIA - Dos CPFs que compraram telefones fixos no período de outubro de 2010 a setembro de 2011, 7,6% tornaram-se inadimplentes com as prestadoras de serviços. Desse total, 28,4% dos usuários são do grupo periferia jovem. No caso da telefonia móvel, 8,7% dos CPFs registrados não honraram com os compromissos e registraram inadimplência nos 12 meses após o período de consultas. Novamente, a periferia jovem soma 24,4% dos devedores. Esse consumidor normalmente financia ao mesmo tempo seus gastos com celular, smartphone, TV a cabo e internet. Grupo é o que mais contrata crédito no País Durante o ano passado foi justamente o grupo de consumo periferia jovem o mais consultado pelo sistema financeiro para a concessão de crédito, produtos e serviços. Do total de CPFs consultados, 18,3% pertenciam a esse estrato social, superando o grupo aspirantes sociais, que sempre se manteve na liderança das consultas nos últimos anos. Jovens com idade média de 31 anos e renda mensal de R$ 740 ganharam 3,3 pontos percentuais de participação no total de consultas efetuadas pelas empresas do sistema financeiro entre 2008 e 2011, enquanto os aspirantes sociais recuaram em 5,4 pontos percentuais a sua participação em igual período. Os grupos sociais são uma classificação do Mosaic Brasil, solução da Serasa Experian para análise da sociedade em função da renda, geografia, demografia, padrões comportamentais e estilo de vida, que organiza a população em dez grupos e 39 segmentos. SEGMENTO - No período de 2008 a 2011, a periferia jovem foi o grupo social mais consultado pelas empresas de financiamento de veículos e leasing (25,9% do total de consultas deste segmento), pelos cartões de crédito (25,6% do total de consultas deste segmento) e pelos bancos e financeiras com foco em empréstimos para pessoas físicas (21,3% do total de consultas do setor). O grupo também obteve o segundo lugar no segmento de consórcios (23,6% das consultas deste segmento), perdendo apenas para o grupo social Brasil rural (31,5% das consultas do segmento). © Copyright Diário do Grande ABC. Todos os direitos reservados. http://www.dgabc.com.br/Print/5939131/Default.aspx