CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES
CENTRO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL - CEP
CURSO TÉCNICO EM QUÍMICA
CARACTERIZAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM UMA LINHA DE
PRODUÇÃO DE DOMISSANITÁRIOS
Fábio Henrique Westenhofen
Lajeado, novembro de 2014.
Fábio Henrique Westenhofen
CARACTERIZAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM UMA LINHA DE
PRODUÇÃO DE DOMISSANITÁRIOS
Monografia apresentada na disciplina
de Estágio Supervisionado, do Curso
Técnico em Química do Centro
Universitário
UNIVATES,
como
exigência para a obtenção do título de
Técnico em Química.
Orientadora: Cátia Viviane Gonçalves
Lajeado, novembro de 2014.
AGRADECIMENTOS
Deixo expressos os meus mais sinceros agradecimentos primeiramente a Deus por ter
me dado saúde e força para superar todos os desafios e dificuldades. Quero agradecer ao meu
supervisor do estágio Jeremias Becker Soares Junior que me apoiou para a realização deste
trabalho. E em especial agradeço a minha professora orientadora Cátia Viviane Gonçalves por
todas as idéias, sugestões e todo trabalho dedicado a mim. A todos os amigos e colegas do
curso por me proporcionarem momentos inesquecíveis nesta etapa da minha vida. Quero
agradecer também a todos os professores pelos ensinamentos passados. E claro, a toda a
minha família que sempre me deu força e apoio nas horas difíceis e são base da minha vida. A
minha namorada e amigos por entenderem a minha ausência e estresse necessários. Sou muito
grato e dedico este trabalho que foi realizado com muita dedicação a todos vocês.
APRESENTAÇÃO
A presente monografia foi elaborada na forma de artigo científico, a ser apresentado
para a Revista Estudo e Debate, publicação do Centro Universitário UNIVATES.
Após o artigo científico, disponibilizou-se dois apêndices: Apêndice I) Fichas técnicas
da matéria prima utilizada para fabricação dos frascos e Apêndice II) Instruções de submissão
aos autores, disponível em http://www.univates.br/revistas/index.php/estudoedebate.
Dentro do sistema de classificação de periódicos, anuais, jornais e revistas
denominado de Qualis/CAPES, a referida revista é classificada como B4 para a área
interdisciplinar.
CARACTERIZAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM UMA LINHA DE
PRODUÇÃO DE DOMISSANITÁRIOS
Fábio Henrique Westenhofen1 & Cátia Viviane Gonçalves2
Resumo: A partir da Revolução Industrial, ocorreu uma crescente industrialização acarretando em um aumento
na geração de resíduos sólidos. Os controles dos resíduos sólidos devem alcançar a sustentabilidade ambiental, o
manejo dos resíduos sólidos deve estar contextualizado na ordem de prioridade de não geração, redução,
reutilização e reciclagem. A minimização dos resíduos sólidos consiste em uma estratégia importante no
processo de gerenciamento de resíduos. Este trabalho tem como objetivo descrever as saídas de resíduos sólidos
do processo produtivo e a destinação dos resíduos sólidos desta linha de produção. Realizou-se o
acompanhamento na produção de água sanitária envasados em frascos PE (polietileno) brancos de 1 e 2 litros,
água sanitária envasados em frascos PE verdes também de 1 e 2 litros e a produção de desinfetantes envasados
em frascos PP (polipropileno). Através do acompanhamento do processo produtivo percebeu-se que, a maior
quantidade de resíduos sólidos foi gerada na etapa de encaixotamento, acarretando em perda de produtividade e
aumento de custos para a empresa.
Palavras chaves: Industrialização; minimização; destinação; produtividade; custos.
1 INTRODUÇÃO
Uma das grandes preocupações da humanidade é a crescente geração de resíduos
sólidos que necessitam de um destino final sustentável, técnico e ambientalmente adequado.
Nos últimos anos, esses resíduos apresentam-se como um dos principais problemas nas áreas
urbanas, pois sua geração, descarte e disposição inadequados provocam diversos impactos
ambientais, sociais, econômicos e de saúde pública (RTA, 2012).
Ao longo dos tempos, especialmente a partir da Revolução Industrial ocorrida no
século XVIII, ocorreu uma crescente industrialização com ritmo acelerado e desenvolvimento
de produtos diversificados, tendo-se como conseqüência o consumo desenfreado de recursos
naturais e aumento na geração de resíduos sólidos, efluentes líquidos e emissões atmosféricas
com efeitos adversos no meio ambiente (ROCHA, 2006).
1
Acadêmico do Curso Técnico em Química do Centro Universitário UNIVATES, Lajeado/RS. Contato:
[email protected]
2
Bióloga, Mestre em Ecologia, Professora do Centro Universitário UNIVATES, Lajeado/RS. Contato:
[email protected]
Os instrumentos de controle devem estar contextualizados nas premissas de alcançar
os critérios de sustentabilidade ambiental, visando o não comprometimento da qualidade do
meio ambiente para as necessidades das gerações presentes e futuras. Encabeçando o manejo
dos resíduos sólidos na ordem de prioridade da não geração, redução, reutilização, reciclagem
e tratamento dos resíduos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos (BRASIL,
2010).
Diante destas situações, acompanhou-se o processo produtivo de uma linha de
produção em uma empresa de produtos domissanitários, localizada no município de Arroio do
Meio/RS, com o objetivo de descrever as saídas de resíduos sólidos do processo produtivo e a
destinação dos resíduos sólidos desta linha de produção.
2 RESÍDUOS SÓLIDOS
No início dos tempos, a disposição de resíduos não representava um problema
significativo, pois a população era pequena e a quantidade de áreas disponíveis para a sua
assimilação era grande. Os problemas com os resíduos passaram a ser perceptíveis a partir do
momento em que os primeiros seres humanos começaram a se congregar em tribos, aldeias e
cidades,
e
a
acumulação
de
resíduos
tornou-se
uma
conseqüência
da
vida
(TCHOBANOGLOUS et al., 1993).
Segundo (SANTOS et al., 2005), todas as atividades humanas interagem, em maior ou
menor grau, com o meio ambiente consumindo recursos (diretamente como a água, ou
indiretamente como matérias-primas), modificando o espaço físico ou gerando rejeitos
(resíduos sólidos, efluentes líquidos ou emissões atmosféricas). Estas interações, entre as
atividades humanas e o meio ambiente, são chamadas de aspectos ambientais. Quando esses
aspectos não são devidamente controlados surgem os impactos ambientais. Todas as
empresas, em diferentes graus de intensidade, geram aspectos que podem se converter em
impactos ambientais.
Dentre os aspectos gerados pelas indústrias que podem causar impactos ambientais
tem-se os resíduos sólidos. Os resíduos sólidos tem sua denominação derivado do latim:
“residuu”, que significa o que sobra de determinada substância, acompanhado da expressão
“sólido”, para diferenciar de líquidos e gases” (NAIME e GARCIA, 2004).
A minimização dos resíduos sólidos consiste em uma estratégia importante no
processo de gerenciamento de resíduos, pois se baseia na adoção de técnicas que possibilitam
a redução do volume e/ou toxicidade dos resíduos. Essas técnicas são tidas como
economicamente vantajosas, já que oferecem uma possibilidade de redução dos custos de
destinação, além de gerar receitas através da comercialização dos produtos decorrentes do
tratamento e/ou separação dos resíduos (SOUZA, 2009).
A classificação dos resíduos está relacionada com a identificação do processo ou
atividade que os originou, de suas características e de seus constituintes. O manuseio,
acondicionamento, armazenagem, coleta, transporte e destinação final dos resíduos também
devem ser adequados conforme a sua classificação. A partir disso são definidos os controles
necessários em todas as fases envolvidas no processo (ROCCA, 1993).
Segundo a NBR 10.004 de 2004, definem-se resíduos sólidos como resíduos nos
estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica,
hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os
lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e
instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades
tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam
para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia
disponível (ABNT, 2004).
De acordo com Norma da ABNT NBR 10.004 (2004), os resíduos são classificados
em Resíduos Classe I – Perigosos, Resíduos de Classe II A - Não inertes e Resíduos classe II
B – Inertes.
Resíduos Classe I – Perigoso: São resíduos que, em função de suas propriedades
físico-químicas e infectocontagiosas, podem apresentar risco à saúde pública e ao meio
ambiente. Devem apresentar ao menos uma das seguintes características: inflamabilidade,
corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade.
Resíduos de Classe II A - Não inertes: São aqueles que não se enquadram nas
classificações de resíduos classe I – Perigosos ou de resíduos classe II B – Inertes. Os
resíduos classe II A – Não Inertes podem ter propriedades, tais como: biodegradabilidade,
combustibilidade ou solubilidade em água. O Manual do Educando do Curso de
Sustentabilidade Ambiental do SESI (2013) cita como exemplos: papel, plástico, borracha,
pneus, madeira, material têxtil.
Resíduos classe II B – Inertes: São quaisquer resíduos que submetidos a um contato
estático ou dinâmico com água, não tenham nenhum de seus componentes solubilizados a
concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água. O Manual do Educando do
Curso de Sustentabilidade Ambiental do SESI (2013) cita como exemplos: material de
construção, tijolo, vidros, areia.
2.1 Apresentação da Empresa
O presente trabalho foi realizado em uma empresa de domissanitários localizada em
Arroio do Meio/RS. A empresa foi fundada em abril de 1991 e na época produzia uma média
diária de 120 litros de amaciante de roupas. Hoje a empresa produz cerca de 90 milhões de
litros anualmente, entre água sanitária, alvejantes, amaciante de roupas, ceras, desinfetantes,
detergentes, lava roupas, limpadores perfumados e sabão. A visão da empresa é ser referência
em soluções de produtos de higiene e limpeza e a marca mais lembrada do setor, no sul do
país. Ser reconhecida como uma organização sólida, focada no cliente, oferecendo produtos e
serviços de qualidade, buscando resultados que atendam as necessidades de todas as partes
interessadas, sendo a sua missão produzir e comercializar produtos de higiene e limpeza que
facilitem o cotidiano, aliando qualidade ao melhor custo-benefício com alta performance em
operações e logística.
3 METODOLOGIA
Para a elaboração deste trabalho, acompanhou-se uma linha de produção onde são
produzidos dois diferentes produtos. Por se tratar de uma linha de produção de diferentes
produtos em diferentes frascos não foi possível um acompanhamento por dias consecutivos.
Porém manteve-se a amostragem de produtos e seus resíduos sólidos gerados em cada etapa
do processo produtivo de seus diferentes frascos por três dias para cada tipo de frasco
envasado nesta linha de produção.
Realizou-se um acompanhamento na produção de água sanitária 1 e 2 litros envasados
em frascos PE (Polietileno) brancos, água sanitária 1 e 2 litros envasados em frascos PE
verdes e a produção de desinfetantes 2 litros envasados em frascos PP (Polipropileno).
(Tabela 01).
Tabela 01 – Descrição de produto fabricado, tipo de frascos em que é envasado, cor do frasco
e seu volume.
Produto
Tipo de Frasco
Cor do Frasco
Volume
1L
Verde
2L
Água sanitária
PE (polietileno)
1L
Branco
2L
Desinfetante
PP (polipropileno)
Transparente
2L
Autor: Do Autor
Para cada um dos produtos, foi realizado o acompanhamento da produção por batelada
que, na produção da água sanitária corresponde a 12.500 litros gerando uma produção de
1.041 caixas de água sanitária, e na produção do desinfetante a batelada corresponde a 12.000
litros e gera 1.000 caixas de desinfetante.
Para fazer o levantamento dos resíduos sólidos gerados no processo produtivo desta
linha de produção, em cada um dos três dias de acompanhamento, colocou-se novos sacos de
lixo nas lixeiras de cada etapa do processo produtivo para o recolhimento dos resíduos sólidos
gerados para o envase de cada batelada de produtos. Solicitou-se aos colaboradores que
trabalham nessa linha de produção, que fizessem a separação dos resíduos por etapa de
processo, para que não houvesse mistura entre as etapas do processo produtivo, para assim
poder quantificar a geração por etapa do processo produtivo.
Ao final do processo produtivo de cada batelada realizou-se o recolhimento dos
resíduos sólidos, os quais foram acondicionados em paletes e levados a sala de pesagem.
Realizou-se a pesagem, anotou-se os resultados obtidos para cada etapa do processo
produtivo. Em seguida os resíduos sólidos foram levados para o local de armazenamento
temporário da empresa, para que depois possam ser destinados adequadamente.
Realizou-se também uma conversa oral com o colaborador responsável pelo setor de
fabricação dos frascos. Nesta conversa perguntou-se sobre o tipo, qualidade e percentual da
matéria prima utilizada na formulação dos frascos para a fabricação de cada tipo de frascos.
Realizou-se também análise documental junto ao setor de compras para a verificação do
destino final de cada tipo de resíduo gerado na linha de produção.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Através do acompanhamento do processo produtivo dessa linha de produção,
percebeu-se uma grande quantidade de resíduos sólidos gerados em cada versão de produtos
fabricados nesta linha. Os dados levantados foram compilados e elaborados fluxogramas
específicos com vistas a se obter uma visão geral do processo produtivo desta linha. (Figuras
01, 02, 03, 04 e 05).
Todos os fluxogramas elaborados iniciaram a partir do posicionador de frascos que
recebe os frascos de um silo de armazenamento que, após posicionamento, são rotulados na
rotuladora que recebe as bobinas de rótulos do almoxarifado. A fase seguinte é a etapa de
envase na envasadora, que recebe o produto acabado da formulação. A etapa seguinte do
processo é o encaixotamento que recebe as caixas montadas da montadora de caixas, os
corrugados para a montagem das caixas eram encaminhados para a produção pelo
almoxarifado. As caixas seguem para a fechadora de caixas onde são fechadas com fita
adesiva. No empilhamento o produto envasado e encaixotado é empilhado manualmente por
colaboradores em paletes e encaminhado para o armazenamento temporário na expedição.
A apresentação dos dados obtidos através de fluxogramas permitiu um melhor grau de
avaliação do processo uma vez que a padronização na representação das linhas de produção
facilitou a leitura e o entendimento das rotinas operacionais e a identificação de pontos
críticos.
Figura 01 – Resíduos sólidos gerados por etapa de processo para a fabricação de água
sanitária envasada em frascos PE verdes de 1 L.
Figura 02 – Resíduos sólidos gerados por etapa de processo para a fabricação de água
sanitária envasada em frascos PE brancos de 1 L.
Figura 03 – Resíduos sólidos gerados por etapa de processo para a fabricação de água
sanitária envasada em frascos PE verdes 2 L.
Figura 04 – Resíduos sólidos gerados por etapa de processo para a fabricação de água
sanitária envasada em frascos PE brancos de 2 L.
Figura 05 – Resíduos sólidos gerados por etapa de processo para a fabricação de desinfetante
envasado em frascos PP de 2 L.
Observou-se que os resíduos de frascos gerados no posicionador de frascos ocorreu
pois os frascos ao serem posicionados sobre a esteira eram amassados impossibilitando assim
o seu uso. Ao fazer o acompanhamento da produção, constatou-se conforme a Figura 01 que
para a produção de água sanitária envasada em frascos PE verdes de 1 L houve um aumento
na geração de resíduos nesta etapa do processo no decorrer dos dias. Aumentos que
provavelmente estavam associados à má regulagem do equipamento ou então alguns frascos
não apresentavam qualidade semelhante aos demais que não sofriam danificações.
Para a produção de água sanitária envasada em frascos PE brancos de 1 L conforme
demonstrado na Figura 02, a geração de resíduos de frascos no posicionador de frascos foi
muito parecido no decorrer dos três dias. Na produção de água sanitária envasada em frascos
PE verdes de 2 L, Figura 03, também se percebe uma geração de resíduos de frascos muito
parecida no decorrer dos três dias de acompanhamento, esta quantidade parecida de resíduos
ocorreu devido à estabilidade de funcionamento do posicionador de frascos, porém a geração
de frascos danificados foi muito elevada.
Na produção de água sanitária envasada em frascos PE brancos de 2 L conforme
Figura 04, percebeu-se uma grande quantidade na geração de resíduos de frascos no primeiro
dia de acompanhamento, verificou-se que além de amassar no posicionador, os frascos
apresentavam danificações no bocal. Esses frascos sofreram as danificações no silo de
armazenamento, os frascos ao serem lançados para o silo, batiam com o bocal em cantos, pois
os silos não continham fitas para redução de impacto e assim os frascos sofriam as
danificações. No segundo dia, percebeu-se uma redução na geração de resíduos de frascos,
redução que aconteceu pois a produção desse dia foi com frascos de outro silo e a geração de
resíduos somente ocorreu por frascos amassados pelo posicionador de frascos. No terceiro dia
de produção novamente percebeu-se um aumento na geração de resíduos de frascos, este
aumento ocorreu pois novamente foram utilizados frascos do silo que continha os frascos
danificados.
Para a produção de desinfetante envasado em frascos PP de 2 L, Figura 05, verificouse uma grande quantidade de geração de resíduos de frascos nos dois primeiros dias, no
terceiro dia percebeu-se uma grande redução na geração de resíduos de frascos, essa redução
ocorreu pois foram feitas alterações na formulação destes frascos o que acarretou em uma
melhora significativa na qualidade dos frascos de desinfetante (PP), considerou-se também
que as regulagens realizadas no posicionador de frascos contribuíram diretamente para a
redução na geração de resíduos nesta etapa.
Na rotuladora, os resíduos de rótulos foram gerados devido a necessidades de
regulagem da rotuladora, pois em alguns casos, alguns rótulos possuíam inconformidades
necessitando maiores quantidades de regulagens, verificou-se também que sempre que ocorria
uma parada da máquina, os resíduos de rótulos eram gerados. Conforme a Figura 01, no
primeiro e segundo dia de acompanhamento a geração de resíduos sólidos de rótulos foi muito
parecido, percebeu-se que nestes dois dias a rotuladora estava funcionando bem, devido à boa
regulagem, também percebeu-se que poucos rótulos apresentavam problemas. No terceiro dia
percebeu-se um aumento na geração de resíduos de rótulos, pois ocorriam diversas paradas na
rotuladora e a mesma não apresentou boa regulagem. Na Figura 02, observou-se que no
primeiro e segundo dia de acompanhamento da produção, a geração de resíduos sólidos de
rótulos foi muito parecido, no terceiro dia percebeu-se um pequeno aumento na geração de
resíduos de rótulos pois foram realizados alguns ajustes de regulagem na rotuladora. Na
Figura 03, observou-se que nos três dias de produção, a geração de resíduos sólidos de rótulos
foi muito parecida, devido a uma estabilidade no funcionamento da rotuladora, o mesmo pode
ser observado na Figura 04, porém este apresentou uma menor geração de resíduos de rótulos.
Na Figura 05, observou-se uma grande quantidade de resíduos de rótulos gerados em ambos
os dias, porém verificou-se uma redução na geração de resíduos no segundo e terceiro dia,
mas a quantidade ainda foi elevada devido a problemas de regulagem na rotuladora dos
frascos.
Constatou-se a geração de resíduos sólidos de frascos e rótulos na envasadora e
encaixotadora. A geração de resíduos de frascos nestas etapas ocorreu, pois haviam frascos
furados, alguns frascos eram danificados na envasadora e alguns frascos rachavam na hora do
encaixotamento pois apresentavam problemas na distribuição de material no corpo dos
frascos. Os resíduos de rótulos gerados nestas etapas foram proporcionais a quantidade de
frascos danificados, uma vez que todos os frascos já apresentavam rotulagem. Ao fazer o
acompanhamento da produção nos três dias, conforme os dados apresentados nas Figuras 01,
02, 03, 04 e 05, constatou-se que na maioria dos casos houve uma diminuição na geração dos
resíduos de frascos e rótulos nestas duas etapas do processo no decorrer dos dias. As únicas
exceções foram observadas nas Figuras 03 e 04, onde houve uma redução na geração de
resíduos no segundo dia e um novo aumento no terceiro dia. A diminuição na geração dos
resíduos de frascos e rótulos nestas etapas do processo estavam associadas a uma melhoria na
fabricação dos frascos. Verificou-se também que na fabricação dos frascos, todas as máquinas
possuíam um testador de furos, para que os frascos furados não fossem parar na produção.
Porém percebeu-se que ainda chegavam frascos furados na linha de produção. Deduziu-se
que, ou o testador de furos não foi eficiente ou então esteve desligado durante o processo de
fabricação dos frascos.
Os resíduos de frascos gerados nas etapas de envase e encaixotamento, ao fazer a
comparação entre os tipos de frascos verdes e frascos brancos (Figuras 01 e 02) e (Figuras 03
e 04), verificou-se uma diferença na geração de resíduos, havendo maior geração na linha de
produção de frascos verdes do que na de frascos brancos. Conforme entrevista com o
colaborador responsável pelo setor de fabricação dos frascos, verificou-se que esta diferença
de geração esteve associada diretamente com a qualidade do material usado para a fabricação
dos frascos, uma vez que na fabricação dos frascos verdes foram usados 50% de PE virgem e
50% de PE reciclado, aumentando assim a probabilidade de danificações nos frascos por
materiais contaminados oriundos do PE reciclado. Para a fabricação de frascos brancos, foram
usados 75% de PE virgem e 25% de PE reciclado, gerando dessa forma menos frascos
danificados por contaminações oriundas do PE reciclado, porém há um aumento de custo para
a fabricação destes frascos brancos. Conforme o responsável pela fabricação dos frascos, os
frascos PP do desinfetante eram fabricados com 80% de material PP e 20% de Random
(material que deixa os frascos translúcidos e menos quebradiços). Como muitos frascos
rachavam no encaixotamento, a fórmula foi alterada para os frascos serem fabricados com
66% de material PP e 34% de Random, dessa forma, conforme Figura 05 percebeu-se uma
redução na geração de resíduos de frascos.
Percebeu-se que a geração de resíduos de plástico, fitilho, papelão, madeira e
corrugados (papelão), ocorreu na etapa de encaixotamento. A encaixotadora possui uma
montadora de caixas, local o qual ocorreu maior quantidade de geração de resíduos. Os
resíduos de plástico gerados nesta etapa do processo foram originados dos paletes de
corrugados uma vez que todos os paletes vinham envolvidos com películas de plástico, sendo
que a quantidade de resíduos de plástico gerados esteve relacionada com a quantidade de
voltas de película nos paletes. Os resíduos de fitilhos gerados dentro de cada versão de
produtos conforme cada fluxograma acima foram bem parecidos nos três dias de
acompanhamento, estes resíduos foram gerados pois todos os corrugados eram separados por
fardos, e estes fardos eram presos por fitilhos.
De acordo com os dados apresentados nas Figuras 01, 02, 03, 04 e 05, verificou-se que
em ambas versões de produtos e tipo de frascos em que são envasados, os resíduos de chapas
de papelão variaram de acordo com a quantidade de chapas de papelão colocadas entre os
fardos de corrugados. Os resíduos de madeiras gerados estavam relacionados com o peso de
cada palete de madeira descartável, paletes estes que acondicionam temporariamente os
corrugados ate o seu uso na produção. Os resíduos de corrugados (papelão) gerados no
processo produtivo desta linha foram gerados na montadora de caixas e encaixotadora. Os
corrugados danificados na montadora de caixas sofriam danificações devido à dificuldade de
montagem das caixas, percebeu-se que havia uma dificuldade de dobra nas abas das caixas,
dessa forma as caixas amassavam ou rasgavam, considerou-se também que uma má
regulagem da máquina poderia ter influenciado nesta geração de resíduos. Na etapa de
encaixotamento os resíduos de corrugados eram gerados pois alguns frascos rachavam ao
serem encaixotados e molhavam as caixas. Observou-se que para a produção de água sanitária
envasada em frascos PE brancos de 1 L conforme Figura 02, a geração de resíduos de
corrugados foi a mais baixa, principalmente no segundo dia de acompanhamento, que
conforme o operador da máquina foi realizado uma regulagem na máquina montadora das
caixas resultando nessa significativa redução de resíduos de corrugados.
Na produção do desinfetante envasado em frascos PP de 2 L conforme Figura 05,
observou-se que houve a maior quantidade de geração de resíduos de corrugados, a maioria
dos corrugados eram danificados no encaixotamento devido a má qualidade dos frascos PP, os
quais rachavam ao serem encaixotados e molhavam os corrugados. Porém percebeu-se uma
pequena redução na geração destes resíduos pois foram realizadas melhorias na fabricação
destes frascos. Nas demais versões conforme Figuras 01, 03 e 04 a geração de resíduos de
corrugados foi muito parecida.
Como o acompanhamento da produção de água sanitária em cada dia foi de 1041
caixas e a produção do desinfetante foi de 1000 caixas, realizou-se uma média de resíduos
gerados por caixa e por frasco, sendo que cada caixa de água sanitária 1 L é composta por 12
frascos e as caixas de água sanitária 2 L e desinfetante 2 L são compostas por 6 frascos. Os
resultados estão descritos na Tabela 02.
Tabela 02 – Massa média de resíduos sólidos gerados por processo, por caixa e por frasco.
Média de resíduos
por processo
Média de resíduos
por caixa
Média de resíduos
por frasco
Água Sanitária
PE Verde 1 L
51,463 kg
0,049 kg
0,0041 kg
Água Sanitária
PE Verde 2 L
52,982 kg
0,051 kg
0,0085 kg
Água Sanitária
PE Branca 1 L
34,197 kg
0,033 kg
0,0027 kg
Água Sanitária
PE Branca 2 L
47,565 kg
0,046 kg
0,0076 kg
72,659 kg
0,073 kg
0,012 kg
Produto/Tipo de frasco
Desinfetante/2 L PP
Autor: Do autor
Com base na Tabela 02 verificou-se que a maior quantidade de resíduos sólidos foi
gerada para a produção de desinfetante 2 L envasado em frascos PP, seguido de água sanitária
2 L PE frasco verde, água sanitária 1 L PE frasco verde, água sanitária 2 L PE frasco branco e
água sanitária 1 L PE frasco branco. Grande parte dessas quantidades de resíduos gerados,
estiveram diretamente relacionados com a qualidade dos frascos e com as regulagens dos
equipamentos na linha de produção.
Ainda conforme dados constantes na Tabela 02, constatou-se que a geração de
resíduos sólidos para a fabricação de dois frascos de água sanitária 1 L PE verde foi menor do
que a geração de resíduos para a fabricação de um frasco de água sanitária 2 L PE verde, o
mesmo também ocorreu para a fabricação dos frascos PE brancos. Contrariando a expectativa
inicial em que esperou-se encontrar uma geração de resíduos maior para a fabricação de dois
frascos de 1 L se comparados com a fabricação de um frasco de 2 L.
Considerando a massa média de resíduos gerados e a etapa do processo calculou-se a
freqüência relativa dos resíduos para que assim fosse possível uma melhor visualização dos
resultados obtidos, pois os dados percentuais traduzem melhor a situação comparativa de cada
caso.
Tabela 03 – Freqüência relativa, em %, da massa média de resíduos gerados por etapa de
processo e tipo de produto e frasco em que é envasado.
Etapa de Processo
Tipo de produto e frasco
Verde 1 L
Água Sanitária
PE
Verde 2 L
Branca 1 L
Branca 2 L
Desinfetante
PP
2L
Posicionador/Frascos
39,50%
27,58%
29,94%
34,45%
28,47%
Rotuladora/Rótulos
1,10%
0,95%
0,51%
0,40%
1,24%
Envase/Encaixot./
Frascos
10,43%
7,92%
7,40%
6,25%
12,16%
Envase/Encaixot./
Rótulos
0,28%
0,20%
0,16%
0,15%
0,38%
Montadora de Caixas/
Plástico
1,20%
1,13%
1,35%
0,82%
0,80%
Montadora de Caixas/
Fitilho
0,71%
1,14%
0,96%
0,77%
1,07%
Montadora de Caixas/
Papelão
6,82%
11,60%
8,15%
10,39%
5,62%
Montadora de Caixas/
Madeira
31,33%
43,16%
43,74%
39,20%
35,26%
Encaixotamento/
Montadora de Caixas/
Corrugados
8,63%
6,32%
7,79%
7,57%
15%
Autor: Do autor
De acordo com a Tabela 03, o percentual de resíduos de frascos que impressionou,
tanto na etapa do posicionador quanto na etapa de envase e encaixotamento, uma vez que a
geração destes resíduos resultou em perda de matéria prima e geração de retrabalho. Os
resíduos de rótulos e corrugados também contribuíram na perda de matéria prima, porém em
um percentual menor.
Conforme resultados da massa média dos resíduos gerados em cada etapa do processo
(Tabela 03), verificou-se que a geração de resíduos de frascos, rótulos e corrugados sofreram
interações de máquinas, colaboradores e qualidade dos materiais o que para o produto “água
sanitária PE embalagem verde de 1 L” representa 59,94% do total de geração, o produto
“água sanitária PE embalagem verde de 2 L” representa 42,97%, o produto “água sanitária
PE embalagem branca de 1 L” representa uma geração de 45,80%, o produto “água sanitária
PE embalagem branca de 2 L” representa 48,82% de resíduos gerados e o produto
“desinfetante PP de 2 L” representa 57,25% de resíduos gerados por interações de
colaboradores, máquinas ou da qualidade dos materiais. A geração destes resíduos esteve
associada à má qualidade dos frascos, na dificuldade de montagem das caixas e de problemas
com ajustes de máquinas.
Verificou-se na análise documental que a destinação dos resíduos sólidos é
ambientalmente adequada. Todos os resíduos sólidos são destinados para empresas
licenciadas para o recebimento dos mesmos. Os resíduos de rótulos, fitilhos, películas de
plástico e papelão são destinados para uma recicladora, os resíduos de madeira são destinados
a empresas que possuem licença para efetuarem a queima. Já os resíduos de frascos são
destinados para o reprocessamento dentro da própria empresa.
Segundo (SAIDELLES, 2012), o mapeamento da geração dos resíduos sólidos em
uma indústria é a etapa inicial para a introdução de um sistema de gestão ambiental. O passo
seguinte seria o reaproveitamento ou principalmente a minimização dos resíduos sólidos
reduzindo os impactos ambientais e dos custos da empresa.
5 CONCLUSÃO
Os resíduos sólidos constituem um dos grandes problemas ambientais enfrentados pela
sociedade pós-moderna, que atinge o meio ambiente urbano, natural e cultural. Diminuir a
geração de resíduos sólidos deveria ser motivo de preocupação mundial. Seria muito mais
importante e eficaz reduzir a geração de resíduos do que tomar medidas para a reciclagem dos
resíduos.
Com a realização deste trabalho constatou-se que a geração de resíduos sólidos foi
considerável em ambas as versões de produtos fabricados nessa linha de produção. Verificouse também que a geração de resíduos de películas de plástico, fitilhos, chapas de papelão e
madeira não sofreram interações por colaboradores e nem de regulagens de máquinas, esta
geração de resíduos esteve associada com a quantidade de cada tipo de resíduo presente nos
paletes de corrugados que chegavam na produção. Os resíduos de corrugados, frascos e
rótulos sofreram interações diretas com colaboradores, máquinas e também da qualidade dos
materiais.
Com base no estudo concluiu-se que a geração de resíduos sólidos apresentados no
presente trabalho aumentou a geração de resíduos sólidos da empresa. Contribuiu diretamente
na perda de produtividade, matéria prima, gerou retrabalho e reprocessamento dos frascos,
acarretando desse modo em um aumento de custos para a empresa. Verificou-se também que
a destinação dos resíduos sólidos desta linha é ambientalmente adequada. Pode ser dada
continuidade a este trabalho optando pela melhoria contínua, visando buscar a redução na
geração dos resíduos sólidos através de adaptações e ajustes no processo produtivo, melhoria
na qualidade das matérias primas e na conscientização dos colaboradores para que se
comprometam em deixar os equipamentos funcionando da melhor forma possível. Para a
continuidade, pode se criar ainda uma tabela de custos referentes à geração de resíduos
sólidos neste processo, mas para isso sugere-se um novo acompanhamento em um intervalo
de tempo maior e após a realização de ajustes para a minimização na geração de resíduos
nesta linha de produção.
6 REFERÊNCIAS
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APÊNDICE
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CARACTERIZAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM UMA