Física Física – Módulo 1 Colisões Impulso Física Colisões Física Colisões: Um assunto para irmos de encontro... O que é uma colisão? É o processo em que duas partículas se aproximam mutuamente, interagem fortemente, e afastam e há troca de momento linear e energia. Antes Depois Durante ∆t Queremos estudar as possíveis situações finais depois que as partículas se afastam da região de interação. Física Colisões: Por que estudar? Pode-se estudar os produtos das colisões e suas configurações finais com o intuito de investigar a natureza das forças. Essencialmente, é isso que se faz num acelerador de partículas como o Fermilab, Brookhaven ou o CERN. Entretanto, existem características gerais que regem todas as colisões, que são conseqüências das leis de conservação de energia e momento linear. Vamos nos concentrar nessas características gerais. Física Exemplo: Partículas elementares • Colisões entre partículas elementares (elétron-elétron, elétron-próton, etc.) são responsáveis por quase toda a informação que temos sobre as forças fundamentais da natureza (exceto a gravitacional). • Essas colisões são geradas a partir da aceleração das partículas elementares em grandes aceleradores de partículas (FermiLab, SLAC e, desde 2009, no LHC, “Large Hadron Collider”). Criação de pares elétron-pósitron Física Exemplo histórico: estrutura do átomo Ernest Rutherford (1911): analisando o resultado do bombardeio de átomos de ouro com partículas alfa, criou o primeiro modelo para o átomo: um núcleo maciço duro e pequeno positivo, cercado por uma nuvem eletrônica negativa. Primeiro experimento de colisão de partículas subatômicas. Modelo de Thompson: previa deflexão pequena das partículas alfa Rutherford observou grandes deflexões, sugerindo um núcleo duro e pequeno Física Características gerais das colisões: Numa colisão, dois corpos se aproximam mutuamente, interagem fortemente e se afastam. As colisões podem ser rápidas (como bolas de sinuca se tocando), ou durar séculos, como o choque de duas galáxias. Em todas as colisões, porém, os corpos interagem fortemente, um com o outro, durante o tempo de colisão. Física Colisões e Impulso: Uma questão de tempo... Quando tratamos de colisões estamos tratando sobre as forças de interação dos corpos colidentes. Em geral, estas forças (forças de contato) são muito grandes e agem por curtíssimos intervalos de tempo. Quando dois corpos entram em contato, a força entre eles cresce rapidamente e depois retorna a zero no instante tf, quando os corpos se separam. Física Colisões e Impulso: Uma questão de tempo... A variação desta força durante uma colisão (∆t) é chamada de impulso da força e é definido como tf ur Ι = ∫ F dt ti ou seja, a área sobre a curva de F contra t é o valor do Impulso da força. Levando em conta a segunda Lei de Newton r r pf ur r r r r dp Ι = ∫ Fdt = ∫ dt = ∫ d p = p f − p i = ∆p r dt ti ti p tf tf i temos que o Impulso é a variação total do momento durante o intervalo de tempo. Física Colisões e Impulso: Uma questão de tempo... ∑F x (a) – colisão “dura” (bola de bilhar) (b) – colisão “macia” (bola de tênis) t Mesmo Impulso (áreas iguais), mas forças diferentes. Observe a deformação na bola de tênis: O ∆t é maior que para a bola de bilhar Física Colisões e Impulso: A força média Em muitas situações não conhecemos a função F (t), ou seja, como a Força varia com o tempo. I Sem conhecer esta função F(t) não podemos utilizar a equação tf ur Ι = ∫ F dt ti Por outro lado, podemos conhecer o módulo médio Fmed da Força e a duração ∆t = (tf – ti), o que nos permite escrever o módulo do impulso como Ι = Fmed ∆t Fmed I ∆t Física Exemplo: Impulso numa colisão de bolas de bilhar Uma bola de bilhar (300 gr) adquire a velocidade de 1 m/s quando atingida pela bola branca durante um contato de ∆t ≈ 10-3s. Calcule seu impulso, sua força média durante a colisão e compare-a com a força peso de uma bola. O impulso é dado pela variação de seu momento linear é, em módulo: I = ∆p = m∆v ≈ 0,3 kg m/s que dá o impulso transmitido pela bola branca na colisão. Se o contato dura ∆t ≈ 10-3 s, a força média exercida é I F= = 300 N ∆t Comparando isso com a força peso das bolas, P=3N vemos que a força no impacto é 100 vezes maior que a forca peso Física Impulso e conservação de momento linear Se há apenas forças internas, elas obedecem à 3a lei de Newton ur ur r r F1←2 = −F 2←1 ⇒ Ι1←2 = −Ι 2←1 ⇒ ∆ p1 = −∆ p 2 O momento linear ganho por uma partícula é perdido pela outra. Momento linear é apenas transferido de uma partícula à outra. ( ) p1 f − p1i = − p 2 f − p 2i = p 2i − p 2 f r r r r p1i + p 2i = p1 f + p 2 f ur ur Pi = P f Obviamente, recuperamos a lei de conservação de momento linear. Física Exercício: Uma bola azul (m1 = 1,25 kg) move-se com velocidade v1 = 3,62 m/s sobre uma superfície lisa (atrito desprezível) e colide com uma bola verde (m2 = 2,3 kg) inicialmente em repouso. r v2 a r v1a Antes: m1 Depois: m2 r v1d m1 r v2d m2 Após a colisão, é possível notar que a a bola azul move-se com velocidade v1 = 1,07 m/s no sentido oposto ao seu movimento inicial. Encontre a velocidade da bola verde após a colisão. Sabendo que o momento para esta colisão se conserva, temos que m1v1a + m2 v2 a = m1v1d + m2 v2 d Resolvendo para v2d temos v2 d m1v1a ( = − m1v1d ) m2 ou ainda Substituindo os valores, temos que v2d=2,55 m/s v2 d = m1 (v1a − v1d ) m2 Física Colisões elásticas e inelásticas: Já vimos que colisões, por envolverem apenas forças internas, conservam momento linear. E a energia? Embora a energia TOTAL seja sempre conservada, pode haver transformação da energia cinética inicial (inicialmente só há energia cinética) em outras formas de energia (potencial, interna na forma de vibrações, calor, perdas por geração de ondas sonoras, etc.). Se a energia cinética inicial é totalmente recuperada após a colisão, a colisão é chamada de COLISÃO ELÁSTICA. Se não, a colisão é chamada de COLISÃO INELÁSTICA. Note que se houver aumento da energia cinética (quando há conversão de energia interna em cinética: explosão), a colisão também é inelástica. Colisão Elástica ⇒ K i = K f Física Colisões elásticas unidimensionais: conservação. Vamos considerar a colisão de duas bolas de massas m1 e m2 Antes da colisão Temos que v1a > v2a , pois em caso contrário não existiria a colisão. Depois da colisão Temos que v1d < v2a , pois em caso contrário existiriam outras colisões depois da primeira. r v1a Antes: r v2 a m2 m1 Depois r m v1d 1 m2 r v2d Usando a conservação do momento, podemos escrever que p1a + p2 a = p1d + p2 d ou ainda m1v1a + m2 v2 a = m1v1d + m2 v2 d ou seja m1 (v1a − v1d ) = m2 (v2 d − v2 a ) (1) Física Colisões elásticas unidimensionais: conservação. Observe que a equação (1) só pode ser resolvida de conhecermos 3 das velocidades envolvidas. Felizmente, sabemos que quando a colisão for elástica, a energia cinética K total se conserva. Podemos escrever a energia cinética K em termos do momento p: 1 2 1 p2 2 K = mv = (mv ) = 2 2m 2m Logo, p2 K= 2m p12a p22a p12d p22d + = + 2m1 2m2 2m1 2m2 Ou seja m1 (v12a − v12d ) = m2 (v 22d − v 22a ) m1 (v1a + v1d )(v1a − v1d ) = m2 (v 2 d + v 2 a )(v 2 d − v 2 a ) (2) Física Colisões elásticas unidimensionais: conservação. Agora temos um sistema de equações dados pelas equações (1) e (2) m1 (v1a − v1d ) = m2 (v2 d − v2 a ) (1) m1 (v1a + v1d )(v1a − v1d ) = m2 (v 2 d + v 2 a )(v 2 d − v 2 a ) Podemos simplificar dividindo a equação (2) pela equação (1), e teremos e que (v1a + v1d ) = (v 2 d + v 2 a ) (v1a − v 2 a ) = (v 2 d − v1d ) Agora nosso sistema de equações é dado por : m1 (v1a − v1d ) = m2 (v2 d − v2 a ) (1) (v1a − v 2 a ) = (v 2 d − v1d ) (3) (3) (2) Física Colisões elásticas unidimensionais: conservação. Fôlego,estamos quase lá... Da equação (3) temos v 2 d = (v1a + v1d − v 2 a ) (4) que vamos substituir na equação (1) para obter m1 (v1a − v1d ) = m2 (v1a + v1d − v2 a ) − m2 v2 a Resolvendo para v1d teremos m1 − m2 2m2 v1d = v1a + v2 a m1 + m2 m1 + m2 (5) Aplicando (5) em (4) teremos a velocidade da partícula 2 após a colisão 2m1 m1 − m2 v2 d = v1a − v2 a m1 + m2 m1 + m2 (6) Física Colisões elásticas unidimensionais: conservação. O resultado obtido (5) e (6) é o resultado geral para colisões elásticas unidimensionais entre duas partículas m1 −m2 2m2 v1a + v 2 a v1d = m1 + m2 m1 + m2 2m1 m1 −m2 v1a − v 2 a v 2 d = m1 + m2 m1 + m2 Resultado geral para colisões elásticas unidimensionais entre duas partículas. Vamos verificar alguns casos particulares para estes resultados... Física Colisões elásticas unidimensionais: casos particulares (1) massas iguais: (m1=m2), v2a=0 r v1a Antes: m1 v1d = v 2 a v 2 d = v1a r v1a Depois: m1 O estado final do sistema é idêntico ao estado inicial: As partículas trocam de velocidades! Em particular, se a partícula alvo está inicialmente em repouso, a partícula incidente para após a colisão, como no bilhar. Isto é: v 2 a = 0 ⇒ v1d = 0. (v aprox = v afast ) m2 m2 Física Colisões elásticas unidimensionais: casos particulares (2) Alvo em repouso (v2a = 0) e ( m1<<m2) m1 −m2 v1d = m1 +m2 v1a m1 2m1 v1a v 2 d = m1 +m2 m2 r v2d r v1d Resultam: m1 v1d ≈ −v1a 2m1 v2 d ≈ v1a ou seja m2 r v1a v2 d << v1a m2 (v aprox = v afast ) A partícula incidente reverte sua velocidade e a partícula alvo passa a se mover lentamente, praticamente permanecendo em repouso. Física Colisões elásticas unidimensionais: casos particulares (3) Alvo em repouso (v2a = 0) e (m1>>m2) m1 −m2 v1a v1d = m1 +m2 r v1a Antes m2 2m1 v1a v 2 d = m1 +m2 Resultam: v1d ≈v1a v2 d ≈2v1a m1 r v2 d r v1d Depois m2 m1 A partícula incidente não “sente” a colisão. A partícula alvo passa a se mover com o dobro da velocidade da partícula incidente. Física Colisões inelásticas unidimensionais Física Colisões inelásticas unidimensionais antes m1 r v1a r v2a depois m1 + m2 m2 r vd Neste tipo de colisão, a partícula incidente “gruda” na partícula alvo. Podese provar que essa situação representa a perda máxima de energia cinética numa colisão inelástica em uma dimensão. m1v1a +m2 v2 a =(m1 +m2 )vd ⇒ m1v1a +m2 v 2 a vd = = vCM m1 +m2 Como o centro de massa coincide com as duas partículas“grudadas”, elas têm que se mover com a velocidade do centro de massa, que se mantém constante. A energia cinética final é a energia cinética associada ao movimento do CM. Física Colisões inelásticas: o pendulo balístico m1+m2 m1 v1a m2 vd h Física Colisões inelásticas: o pendulo balístico Uma bala se aloja num bloco de madeira e o conjunto se eleva de uma altura h. Qual é a velocidade da bala imediatamente antes da colisão? Colisão totalmente inelástica: m1 v1a m1v1a = ( m1 +m2 )v d ∴ vd = m1 + m2 m1+m2 m1 v1a m2 vd h Conservação de energia mecânica após a colisão: 1 ( m1 +m2 ) v d2 = (m1 +m2 ) gh ∴ vd = 2 gh 2 m +m v1a = 1 2 2 gh m1 Então: Numericamente, se v1a = m1 = 10 g , m2 = 4 kg , h = 5 cm calcule v1a em km/h: 4, 01 × 2 × 9,8 × 0, 05 m/s = 400 m/s = 1.400 km/h 0, 01