UFCD: 1303 - Eletricidade e eletrónica - circuitos de semicondutores e transístores Ação: Técnico/a de Refrigeração e Climatização Formador: António Gamboa 1- Constituição da matéria 1.1- Moléculas e átomos Se limarmos uma peça de cobre, verificamos que dela se desprendem pequenas aparas. Se as colocarmos num microscópio, averiguamos que são constituídas por pequenas partículas com forma irregular. Se retalharmos mais as aparas, chegaríamos à uma partícula ainda mais pequena que ainda é cobre. Chamamos molécula ao mais pequeno componente que ainda integra as propriedades do elemento. Estas moléculas são constituídas por um certo número de átomos. 1.2- Constituição do átomo Qualquer material seja ele condutor ou não, é constituído por moléculas e estas, por sua vez, são constituídas por átomos. Os átomos têm um núcleo, constituído por protões e neutrões, à volta do qual giram, com grande velocidade, os electrões. Figura retirada do sítio: http://stora97.agmra.pt/8ano/index8ano_5atomo.html Os electrões têm carga negativa, os protões têm carga positiva e os neutrões não têm carga eléctrica. Deste modo, o núcleo tem carga positiva e os electrões com carga negativa são atraídos pelo núcleo. Um átomo tem tantos electrões quanto protões, pelo que a sua carga é neutra. Os electrões que se encontram na órbita mais distante do núcleo são atraídos com menor força por este, devido à maior distância. Assim, em determinados materiais, nomeadamente nos condutores, estes electrões podem sair da sua órbita, por acções exteriores, fricção ou força electromotriz, tornando-se electrões livres. Os electrões livres causam a corrente eléctrica nos condutores. Para que a energia contida na estrutura de um átomo sob a forma de electricidade, se manifeste, é necessário que exista um desequilíbrio entre o número de electrões e de protões nesse átomo. Se um corpo perde vários electrões fica carregado positivamente, se ganha vários electrões fica carregado negativamente. 1 UFCD: 1303 - Eletricidade e eletrónica - circuitos de semicondutores e transístores Ação: Técnico/a de Refrigeração e Climatização Formador: António Gamboa Quando um corpo apresenta um excesso de electrões nos seus átomos dizemos que está carregado negativamente ou com electricidade negativa. Um átomo nestas condições tem o nome de ião negativo ou anião. 2 Quando há falta de electrões nos átomos, dizemos que o corpo está carregado positivamente, uma vez que predomina o número de protões. Um átomo nestas condições tem o nome de ião positivo ou catião. Ião negativo - ganha um electrão Ião positivo - perde um electrão http://educa.fc.up.pt/ (apresentação: Substâncias iónicas) O desequilíbrio gerado entre o número de protões e de electrões, num átomo, gera a electricidade. 1.3-Forças de atracção e de repulsão Se tivermos dois corpos, A e B, em presença um do outro, podem ocorrer três interacções entre eles: Se os corpos tiverem carga eléctrica com o mesmo sinal, surge uma força repulsiva entre eles; Se os corpos tiverem carga eléctrica de sinal contrário, surge uma força atractiva entre eles; http://www.mspc.eng.br/ elemag/eletr110.shtml Se os corpos não tiverem carga eléctrica, não surgirá qualquer força entre eles. 2- Corrente eléctrica Quando ligamos, por meio de um fio condutor, dois corpos com níveis diferentes de electrização, ou seja, com diferentes potenciais, surge uma corrente de electrões que se dirigem do potencial mais alto, maior número de electrões, para o mais baixo, menor número de electrões, o fio condutor com um grande número de electrões livres permite a sua passagem, surgindo assim, a corrente eléctrica. Sendo a corrente eléctrica o movimento orientado dos electrões ao longo do Figura retirada do sítio: http://www. geocities.ws/saladefisi ca8/eletrodinamica/cir cuitos.html condutor, com o deslocamento dos electrões, no sentido real ou electrónico, do corpo com excesso de electrões, potencial negativo, para o corpo com falta de electrões, potencial positivo. No entanto, convencionou-se que a corrente eléctrica se dirige do potencial positivo para o negativo. A corrente eléctrica mantém-se no fio condutor enquanto houver uma diferença de UFCD: 1303 - Eletricidade e eletrónica - circuitos de semicondutores e transístores Ação: Técnico/a de Refrigeração e Climatização Formador: António Gamboa potencial entre os seus extremos, e é tanto mais intensa quanto maior for essa diferença de potencial, ou seja, enquanto existir uma diferença de potencial U=V1-V2 entre os seus extremos. O fio condutor apresenta sempre uma certa dificuldade à passagem da corrente eléctrica a que se chama resistência eléctrica. 2.1-Classificação da corrente Quanto à variação de sentido com que os electrões circulam no circuito, a corrente eléctrica denomina-se em: Corrente contínua - Corrente unidireccional constante ou sensivelmente constante, isto é, os electrões circulam sempre no mesmo sentido e com a mesma intensidade. Ex: Pilha, Baterias. Corrente alternada - Corrente que muda de sentido e de valor, isto é, os electrões circulam ora num sentido ora noutro sentido. Ex: Tomada da rede eléctrica nacional. 3- O circuito elétrico 3.1- Noção de circuito elétrico O circuito eléctrico é o conjunto constituído por um gerador eléctrico, um receptor eléctrico, um dispositivo de comando e elementos de ligação, fios condutores, em circuito fechado. Por definição, um circuito eléctrico é sempre fechado. Na prática o circuito pode estar aberto, neste caso não há passagem de corrente, ou fechado, neste caso há passagem de corrente. A abertura ou fecho de um circuito é executado por um equipamento de comando, normalmente um interruptor. Circuito fechado. Figura retirada do sítio http://guilherme-corga-cfq-8c.blogspot.pt/2012/05/circuitos-eletricos.html 3.2- Constituição do circuito elétrico Nas nossas casas temos diferentes circuitos eléctricos, os quais partem do Quadro Elétrico: circuitos de tomadas; circuitos de iluminação; circuitos de máquinas de lavar; circuito de fogão; circuitos de aquecimento; etc. Os elementos que podem estar presentes num circuito elétrico, dependendo do circuito estudado, são: fonte de alimentação ou gerador; condutores e isoladores elétricos; aparelhos de proteção; aparelhos de comando e corte; aparelhos de medida e contagem; aparelhos de regulação; recetores. 3 UFCD: 1303 - Eletricidade e eletrónica - circuitos de semicondutores e transístores Ação: Técnico/a de Refrigeração e Climatização Formador: António Gamboa 3.2.1- Gerador A função do gerador ou fonte de alimentação é a de manter constante a diferença de potencial aos terminais do circuito, de modo a circular uma corrente permanente no circuito, e não uma 4 corrente passageira. O gerador é um equipamento que transforma a energia elétrica noutras formas de energia, mantendo constante o valor da diferença de potencial. Existem dois tipos de geradores, o gerador rotativo que transforma energia mecânica em energia eléctrica e o gerador electroquímico que transforma energia química em eléctrica. Figuras de pilhas, bateria e geradores dos sítios: http://www.mecatronicaatual.com.br/secoes/leitura/163; http://www.infoescola.com/elementos-quimicos/chumbo/; http://pt.wikipedia.org/wiki/Gerador_el%C3%A9trico; http://portocity.olx.pt/dinamo-bicicleta-antigo-made-in-checoslovaquia-iid-395800657 Os geradores rotativos, ou electrodinâmicos, podem produzir corrente contínua, denominando-se dínamos, ou produzir corrente alternada chamando-se de alternadores. O gerador electroquímico, pilha e bateria, produz somente corrente contínua. 3.2.2- Condutores e isoladores elétricos A função do condutor elétrico é a de permitir a condução da corrente elétrica desde o gerador até ao recetor elétrico, transformando este a energia elétrica noutra forma de energia. Este deve ter uma baixa resistência à passagem da corrente elétrica, escolhendo-se para o efeito materiais como o cobre e o alumínio, que apresentam uma baixa resistividade. O cobre é o mais utilizado na generalidade dos circuitos, no entanto, sendo o alumínio mais leve é aplicado nas linhas aéreas de transporte de energia. A função do material isolador é a de proteger o condutor elétrico e as pessoas contra eventuais contactos com o condutor, e ainda a de impedir que a corrente se escoe do condutor para outras partes metálicas não afetadas ao circuito elétrico. O isolador é constituído por substâncias que se opõem à passagem da corrente elétrica. São exemplos de isoladores a borracha, o plástico, a porcelana, o vidro, a mica, o papel, o óleo, etc. Figura de um fio condutor, retirado do sítio: http://www.alunosonline.com.br/fisica/materiais-condutores-isolantes.html UFCD: 1303 - Eletricidade e eletrónica - circuitos de semicondutores e transístores Ação: Técnico/a de Refrigeração e Climatização Formador: António Gamboa 3.2.3- Recetores Os receptores são equipamentos que transformam a energia eléctrica noutra forma de energia, sendo por isso parte fundamental e integrante dos circuitos eléctricos, pois são eles que absorvem a energia eléctrica disponibilizada pela rede. Podemos concluir que os circuitos eléctricos existem com o objectivo de alimentar os receptores. Existe uma grande variedade de receptores que transformam a energia eléctrica na forma de energia em que os receptores operam. Como exemplos temos a iluminação, o aquecimento, sinalização, etc. Receptores de iluminação: temos as lâmpadas incandescentes, fluorescentes tubulares, fluorescentes compactas, leds, de vapor de sódio, vapor de mercúrio, etc. Figuras de lâmpadas incandescentes, fluorescentes tubulares, fluorescentes compactas, leds dos sítios: http://www.engenhariapt.com/2011/08/19/lampadas-incandescentes-de-60-watts-vao-ser-proibidas/; https://sites.google.com/site/maniadelampadas/lampadas-fluorescentes-tubulares-1; http://engenhocasf.blogspot.pt/2011/04/reciclagem-de-lampadas-fluorescentes.html; http://biosferams.org/2010/05/lampadas-a-melhor-opcao/ Recetores de aquecimento: tostadeiras, torradeiras, radiadores, etc., que funcionam a temperaturas que variam entre as dezenas e as centenas de graus centígrados. Recetores de sinalização: são equipamentos que permitem alertar para uma determinada situação, e temos como exemplos as campainhas eléctricas, as buzinas, as lâmpadas, os quadros de alvo, etc. 3.2.4- Aparelhos de manobra Dispositivo que comanda a corrente no circuito. No circuito acima apresentado o interruptor é o aparelho de manobra simples, que permite estabelecer ou cortar a corrente elétrica. Se interrompermos um só fio condutor são unipolares, se interromperem 2, 3 ou 4 fios dizem-se bipolares, tripolares e tetrapolares, respetivamente. Figuras de aparelhos de manobra: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=23262; http://www.reidosom.com.br/materialeletrico.htm; http://www.duarteneves.pt/dnl_pt/material-electrico/materialelectrico/interruptores-painel.html; http://www.mauser.pt/catalog/product_info.php?products_id=59951 5 UFCD: 1303 - Eletricidade e eletrónica - circuitos de semicondutores e transístores Ação: Técnico/a de Refrigeração e Climatização Formador: António Gamboa 3.3.- Funcionamento do circuito - "circuito fechado" e "circuito aberto" Circuito fechado - Quando todos os pontos dos componentes do circuito estão unidos entre si. Desta forma se permite que os eletrões circulem por todo o circuito elétrico, logo a lâmpada está 6 acesa. Circuito aberto - Quando qualquer ponto do circuito é interrompido, impossibilitando a circulação da corrente elétrica. Nesta situação a lâmpada está apagada. Um circuito elétrico pode esquematizar-se usando símbolos convencionais para cada um dos componentes instalados. Gerador (Pilha) Interruptor Receptor (Lâmpada) Condutor 4- Potencial elétrico. Diferença de potencial (d.d.p.) ou tensão Qualquer corpo, quando possui uma dada carga elétrica, seja ela de natureza positiva ou de natureza negativa, possui um certo potencial elétrico. A diferença de energia elétrica, transportada pelas cargas eléctricas, entre dois pontos diferentes do percurso, designa-se por: diferença de potencial ou tensão. Diferença de potencial (abreviatura d.d.p. símbolo U) é a diferença de nível elétrico ou tensão a que se encontram dois pontos de um circuito elétrico. O potencial dum condutor não tem significado algum se não dissermos em relação a que ponto foi medido. Por convenção, o potencial é referido ao potencial da Terra, que se considera igual a zero. Deste modo, o potencial dum condutor será a diferença de potencial entre o condutor e a Terra. Como já foi dito o desequilíbrio entre o número de protões e de electrões dá origem a cargas eléctricas. A máquina que desenvolve a "pressão" que movimenta os electrões através dos metais tem o nome de gerador de corrente. UFCD: 1303 - Eletricidade e eletrónica - circuitos de semicondutores e transístores Ação: Técnico/a de Refrigeração e Climatização Formador: António Gamboa 4.1. Força eletromotriz (f.e.m.) Chama-se força electromotriz E de um gerador eléctrico à acção por este desenvolvida para manter a diferença de potencial aos seus terminais. A Força Electromotriz é a causa ou acção capaz de manter uma diferença de potencial (d.d.p.) eléctrico entre dois pontos dum circuito aberto. A f.e.m. de um gerador tem o mesmo valor em Volt do que a d.d.p. que se pode verificar com voltímetro de grande resistência ligado aos terminais, quando o gerador não debita corrente ao circuito exterior. A diferença de potencial (d.d.p.) tem, na Eletricidade, uma importância capital, visto ser responsável pelo deslocamento da corrente elétrica entres dois pontos que se encontram a diferentes níveis de potencial. 4.2. Unidade da diferença de potencial ou tensão A força eletromotriz entre duas cargas desiguais é uma grandeza mensurável tendo como unidade principal o Volt, símbolo (V). O Volt define-se como sendo a d.d.p. (diferença de potencial) que aplicada de forma constante a um circuito de 1 Ohm de resistência, produz uma corrente de 1 Ampère. A diferença de potencial é também designada por tensão e mede-se por meio de aparelhos chamados voltímetros, que, por possuírem uma elevada resistência interna, ligam-se sempre em paralelo. Diferença de potencial ou tensão Mede-se Com um voltímetro Exprime-se Em Volt, símbolo V Representa-se Pela letra U 5- Intensidade de corrente eléctrica Ligando um fio metálico aos pólos de um gerador aparece uma corrente de eletrões nesse fio. Essa corrente de eletrões, a corrente elétrica é o movimento orientado de eletrões numa determinada direção e sentido e a quantidade de eletrões em movimento varia de circuito para circuito, levando à necessidade de medir essa mesma corrente elétrica. Define-se assim a intensidade da corrente elétrica como a quantidade de carga elétrica que atravessa uma secção reta desse condutor, por unidade de tempo. 7 UFCD: 1303 - Eletricidade e eletrónica - circuitos de semicondutores e transístores Ação: Técnico/a de Refrigeração e Climatização Formador: António Gamboa = Intensidade de corrente: Ampère Carga eléctrica: Coulomb Tempo: segundo Sabendo que 1 C = 6,25 x 10 18 electrões. 8 A corrente eléctrica é uma grandeza mensurável tendo como unidade principal o Ampère, representado pela letra A. O aparelho que serve para medir esta grandeza é o amperímetro e devido à sua resistência interna ser bastante baixa, liga-se sempre em série. Intensidade de corrente eléctrica Mede-se Com um amperímetro Exprime-se Em Ampère, símbolo A Representa-se Pela letra I 6- Resistência elétrica Quando um gerador eléctrico alimenta uma lâmpada, um calorífero ou qualquer outro equipamento elétrico, estes são percorridos por uma determinada intensidade de corrente elétrica. Mesmo sendo alimentados pela mesma fonte de alimentação, por exemplo de 230 V, a intensidade de corrente elétrica vai variar de equipamento para equipamento. Este facto deve-se a que cada equipamento oferece uma oposição diferente à passagem de corrente elétrica, e esta oposição é maior ou menor está relacionada com o material do recetor que é condutor, e com as suas próprias dimensões, nomeadamente a secção e o comprimento. A resistência elétrica, designada pela letra R, é a oposição que o recetor faz à passagem de corrente eléctrica, sendo a sua unidade o Ohm designado pela letra ómega [Ω]. Qualquer equipamento eléctrico tem uma resistência elétrica, e quanto maior for essa resistência menor será a intensidade de corrente eléctrica que percorre a mesma. A resistência eléctrica Mede-se Com um ohmímetro Exprime-se Em Ohm, símbolo Ω Representa-se Pela letra R UFCD: 1303 - Eletricidade e eletrónica - circuitos de semicondutores e transístores Ação: Técnico/a de Refrigeração e Climatização Formador: António Gamboa 6.1- Resistividade Resistência e Resistividade são grandezas distintas. A resistência mede, em cada caso, a oposição que um determinado receptor ou resistência oferece à passagem da corrente eléctrica. 9 A resistividade de um material é uma propriedade, já que relaciona a resistência eléctrica de um condutor de acordo com a sua dimensão física, isto é, com o seu comprimento e a sua área, ou secção. O símbolo da resistividade é o r (ró). 6.2- Variação da resistência com o comprimento e secção A resistência de um condutor de cobre varia com a sua secção e o seu comprimento. A relação entre a resistência, comprimento, área e resistividade do material é dada pela seguinte equação: R=r l [Ω] S Unidades utilizadas: R [Ω]; r [Ω mm2/m]; l [m]; S [mm2] Se considerarmos a seguinte listagem de materiais condutores a 20 °C, obtemos os valores seguintes valores para a resistividade: Material Resistividade [Ω mm2/m] Prata 0,016 Cobre 0,017 Ouro 0,024 Alumínio 0,028 Tungstênio 0,055 Platina 0,11 Ferro 0,13 Chumbo 0,21 Manganina 0,42 Exemplo 1: Um condutor em cobre, com 80 metros de comprimento, tem uma secção de 2,5 mm2. Calcule a resistência do condutor. Sabemos que a resistividade do cobre é de 0,017 Ω mm2/m, logo R = 0,017 80 ⇔ R = 0,544 Ω 2,5 Resposta: a resistência eléctrica do condutor de cobre de 80 m é de 0,544 Ω. Exemplo 2: Um condutor em alumínio, com 80 metros de comprimento, tem uma secção de 2,5 mm2. Calcule a resistência do condutor. UFCD: 1303 - Eletricidade e eletrónica - circuitos de semicondutores e transístores Ação: Técnico/a de Refrigeração e Climatização Formador: António Gamboa Sabemos que a resistividade do alumínio é de 0,028 Ω mm2/m, logo R = 0,028 80 ⇔ R = 0,896 Ω 2,5 Resposta: a resistência eléctrica do condutor de cobre de 80 m é de 0,896 Ω. 10 Como conclusão dos dois exercícios anteriores, podemos afirmar que o alumínio faz uma maior resistência à passagem da corrente eléctrica. 6.3- Variação da resistência com a temperatura Todas as substâncias sofrem alteração da sua própria resistência elétrica, quando sujeitas a variação de temperatura. A sensibilidade a tais variações é, no entanto diferente para cada uma delas. As ligas metálicas, por exemplo, são menos sensíveis em geral, que os metais. O coeficiente de temperatura ou coeficiente de termorresistividade α (alfa do alfabeto grego) define cada uma das substâncias sobre este ponto de vista, e pode definir-se como o acréscimo de resistência que sofre o material por cada grau centígrado de aumento de temperatura. Exprime-se em Ω/°C (Ohm por grau centígrado). Este acréscimo de resistência pode ser positivo ou negativo. É positivo, por exemplo, para os metais e suas ligas, que vêem aumentada a sua própria resistência, quando aumenta a temperatura. Outras substâncias, pelo contrário, vêem diminuída a sua resistência em idêntica situação. O aumento de resistência é neste caso negativo. O carbono, os não metais (metalóides), como o enxofre, o boro e o oxigénio, e os líquidos de uma maneira geral, comportam-se desta maneira. Sendo a resistência e a resistividade grandezas directamente proporcionais, como se pode ver pela fórmula: R=r l S Podemos dizer que um aumento ou diminuição da resistência implica um aumento ou diminuição da resistividade, se os valores do comprimento e da secção se mantiverem e se substituir o material condutor. Podemos também reparar que os valores de resistência que constam nas tabelas referem-se sempre a uma temperatura de base, normalmente 20° C. A relação entre o valor de uma resistência R1 à temperatura t1 e o seu novo valor R2 à temperatura t2 é dado pela fórmula: = . [1 + ( − )] No caso da resistividade a relação com a temperatura, segue idêntica formulação matemática. UFCD: 1303 - Eletricidade e eletrónica - circuitos de semicondutores e transístores Ação: Técnico/a de Refrigeração e Climatização Formador: António Gamboa = . [1 + ( − )] Nos metais puros e ainda nas ligas, o aumento de resistência com a temperatura, deve-se ao incremento de energia cinética dos electrões que fluem no condutor, o que aumenta a probabilidade de colisões com alguns dos núcleos atómicos. A probabilidade da ocorrência de tais colisões define a resistividade de um material, e explica, consequentemente, a resistência oferecida por qualquer condutor. Material Coeficiente de temperatura α [Ω /˚C] Prata 0,0045 Cobre 0,0040 Alumínio 0,0040 Constantan 0,00001 Cromo-Níquel 0,00005 Ferro-Níquel 0,00090 Tungstênio 0,00460 7- Lei de Ohm A Lei de Ohm é uma das leis básicas mais importantes da teoria da electricidade. Descreve a relação entre a tensão, intensidade de corrente e resistência no circuito eléctrico. Os receptores num circuito não reagem todos da mesma forma à passagem da corrente eléctrica, ou seja, a oposição que fazem à sua passagem depende das características de cada um dos receptores que se encontram no circuito. A lei de Ohm aplica-se aos receptores denominados resistivos e lineares. Como resistivos, e já foi falado anteriormente, temos os radiadores, torradeiras, etc. O facto de o recetor ser linear significa que apresenta as mesmas características em toda a sua extensão, independentemente da corrente que o percorre e da tensão aplicada. Representação gráfica de uma resistência eléctrica, retirado do sítio: http://cfq9.wikispaces.com/Verificação+da+Lei+de+Ohm Definição da lei de Ohm: “É constante o quociente entre a tensão a que é submetido um recetor e a intensidade de corrente que o percorre, desde que a sua temperatura se mantenha estável”. 11 UFCD: 1303 - Eletricidade e eletrónica - circuitos de semicondutores e transístores Ação: Técnico/a de Refrigeração e Climatização Formador: António Gamboa Tem como expressão: R= com: 12 U I R- resistência eléctrica, cuja unidade é o Ohm [Ω] U- tensão aplicada, cuja unidade é o Volt [V] I- intensidade de corrente, cuja unidade é o Ampère [A]. Esta equação mostra que a corrente, num circuito eléctrico é directamente proporcional à tensão e inversamente proporcional à resistência do circuito. Estas relações podem ser esquematizadas num triângulo (triângulo original): Exemplo 3: Utilizando a lei de Ohm, U = R x I. Qual o valor de R = ?, sabendo que o valor de U = 5V e o de I = 0,02A. Aplicando o triângulo representado em ( C ), temos: = = 5 = 250Ω 0,02 Exemplo 4: Qual o valor da tensão, sabendo que o valor da R = 300Ω e o de I = 0,05A. Aplicando o triângulo representado em ( B ), temos: = × = 300 × 0,05 = 15 8- Associação de receptores (resistências) Vamos dividir os receptores em dois grandes grupos: os receptores puramente resistivos e os receptores com força contra-electromotriz. Como exemplo de receptores com força contraelectromotriz temos os acumuladores, quando se encontram a carregar, e os motores eléctricos. Como exemplo de receptores puramente resistivos, e são sobre estes o nosso estudo, temos as lâmpadas, radiadores, tostadeiras, ferros elétricos de engomar e de forma geral todos os recetores que transformam energia eléctrica em calorífica. O seu nome, recetores resistivos, advém do seu comportamento elétrico, pois comportam-se como resistências elétricas. Consoante a sua posição relativa, distinguem-se dois tipos fundamentais de associação, associação em série e associação em paralelo ou em derivação, e um resultante da interligação destes dois tipos de associação que é a associação série/paralelo ou mista. UFCD: 1303 - Eletricidade e eletrónica - circuitos de semicondutores e transístores Ação: Técnico/a de Refrigeração e Climatização Formador: António Gamboa 8.1- Associação em série Os receptores estão ligados em série, quando são ligados desta forma a corrente que os percorre é sempre a mesma. Nesta associação a tensão aplicada a cada recetor é inferior à tensão total aplicada ao circuito, permitindo utilizar lâmpadas com tensões nominais inferiores à tensão da rede. Neste tipo de associação se um recetor avariar os outros deixarão de funcionar, pois o circuito elétrico ficará interrompido no elemento avariado. Circuito série com duas lâmpadas, retirado do sítio: http://compendio.prof2000.pt/jguimaraes/misto.htm 8.1.1- Resistência equivalente de receptores em série O efeito no circuito com três resistências, por exemplo, é equivalente ao de uma só resistência entre as extremidades da associação das resistências. Chama-se por esse facto, resistência equivalente, Req. O seu valor é igual à soma das resistências, cujo valor é: = + + + …+ Podemos generalizar, afirmando que a resistência equivalente de uma associação de resistências em série é igual à soma das resistências associadas. 8.1.2- Quanto à intensidade de corrente Como as resistências estão associadas em série, as três resistências serão percorridas por uma só e a mesma intensidade de corrente. Então para melhor compreensão poderemos escrever que a intensidade de corrente total será: = = = 8.1.3- Quanto ao valor das quedas de tensão Quando aplicamos uma tensão aos pontos A e D do agrupamento a tensão irá repartir-se proporcionalmente pelas três resistências, consoante o seu valor resistivo. Isto quer dizer que sobre a resistência de maior valor, irá produzir uma queda de tensão mais elevada, e consequentemente a resistência de menor valor, irá provocar uma queda de tensão mais baixa. 13 UFCD: 1303 - Eletricidade e eletrónica - circuitos de semicondutores e transístores Ação: Técnico/a de Refrigeração e Climatização Formador: António Gamboa Baseando na Lei de Ohm, iremos ter: = + + Generalizando podemos afirmar que a tensão aplicada aos extremos de um circuito em série é 14 igual à soma das quedas de tensão provocadas pelas resistências associadas. Exemplo 5: Dados os valores das resistências R1=25Ω, R2=10Ω e R3=15Ω e da intensidade de corrente I=2A. Calcular: a) A resistência equivalente do circuito: = + + = 25 + 10 + 15 = 50Ω b) O valor da tensão aos terminais de cada resistência: = = × = 25 × 2 = 50 = × = 10 × 2 = 20 = × = 15 × 2 = 30 + + = 50 + 20 + 30 = 100 Ou utilizando o valor da resistência equivalente = × = 50 × 2 = 100 Exemplo 6: Dados os valores das resistências R1=210Ω, R2=100Ω e R3=175Ω. Calcular: a) A resistência equivalente do circuito: = + + = 210 + 100 + 175 = 485Ω 8.2- Associação em paralelo Os recetores encontram-se ligados em paralelo quando os seus terminais se encontram submetidos à mesma tensão. A intensidade de corrente elétrica que cada recetor necessita é que pode variar consoante a potência do mesmo. Este tipo de ligação é o mais utilizado pois os recetores são independentes uns dos outros, e mesmo que um dos recetores avarie ou mesmo se desligarmos um desses recetores, todos os outros continuam a funcionar, esta situação é oposta ao dos receptores ligados em série. UFCD: 1303 - Eletricidade e eletrónica - circuitos de semicondutores e transístores Ação: Técnico/a de Refrigeração e Climatização Formador: António Gamboa Circuito paralelo com duas lâmpadas, retirado do sítio: http://compendio.prof2000.pt/jguimaraes/misto.htm 8.2.1- Resistência equivalente de recetores em paralelo O valor dessa resistência, representada por REQ é calculado a partir da seguinte expressão, válida para qualquer número de resistências: 1 = 15 1 1 + 1 + +⋯+ 1 No caso em que estão representadas apenas duas resistências a fórmula que acabamos de demonstrar conduz-nos a outra de grande interesse prático: = × + Nota: 1. No caso particular de duas resistências iguais agrupadas em paralelo, o valor da resistência equivalente é igual à metade do valor de uma delas. 2. Caso as resistências agrupadas em paralelo não sejam iguais, o valor da resistência equivalente terá que ser menor que a menor das resistências que formam o paralelo. 8.2.2- Quanto às intensidades de corrente Nesta associação de resistências há que considerar dois nós A e B. A intensidade de corrente I depois de sair da fonte de alimentação atinge o primeiro nó, repartindo-se em I1 e I2. Os valores das correntes são inversamente proporcionais aos valores das resistências que irão percorrer, ou seja, quanto maior for o valor da resistência menor será o valor da corrente que a atravessa e vice-versa. Assim podemos escrever: = + 8.2.3- Quanto às quedas de tensão Como podemos verificar neste agrupamento, as quedas de tensão provocadas por cada resistência, são iguais à tensão de alimentação, independentemente do valor das resistências. Assim teremos: U1 = R1 x I1; U2 = R2 x I2 e U = R1 x I1 = R2 x I2 ou U = Req x I = = Exemplo 7: Dados os valores das resistências R1=20Ω e R3=50Ω. UFCD: 1303 - Eletricidade e eletrónica - circuitos de semicondutores e transístores Ação: Técnico/a de Refrigeração e Climatização Formador: António Gamboa 16 Calcular: a) A resistência equivalente do circuito: 1 = 1 + 1 = 1 1 1 + = 0,05 + 0,02 = 0,07 ⇔ = 0,07 ⇔ 20 50 = 1 = 14,3Ω 0,07 Exemplo 8: Dados os valores das resistências R1=35Ω, R2=20Ω, R3=60Ω e Ut=U1=U2=U3=230V. Calcular: a) A resistência equivalente do circuito: 1 1 = = 1 + 1 + 1 1 1 1 + + = 0,03 + 0,05 + 0,02 = 0,01 ⇔ 35 20 60 = 1 = 10Ω 0,1 b) O valor das correntes no circuito: = + = = 230 = 6,57 35 = = 230 = 11,5 20 = = 230 = 3,83 60 + = 6,57 + 11,5 + 3,83 = 21,9 ou = = 230 = 6,57 35 8.3- Associação mista Tal como o nome indica, significa que alguns recetores estão ligados em série e outros em paralelo no mesmo circuito elétrico. UFCD: 1303 - Eletricidade e eletrónica - circuitos de semicondutores e transístores Ação: Técnico/a de Refrigeração e Climatização Formador: António Gamboa Circuito misto com três lâmpadas, retirado do sítio: http://compendio.prof2000.pt/jguimaraes/misto.htm 9- Condutância Chama-se condutância ao inverso da resistência, cuja expressão é: = 1 G- Condutância, em Siemens (S) ou Ω-1designado por Mho e lê-se Mó; R – Resistência em Ω. 10- Condutividade elétrica ou condutância específica Inversamente à resistividade a condutividade elétrica ou condutância específica. Representa-se pela letra (lê-se gama) e a sua unidade prática é: m/Ω.mm2. γ= 1 ρ - Condutância específica, no Sistema Internacional de unidades (SI), exprime-se em Siemens/metro (S/m); ρ – Resistividade 11- Principais grandezas elétricas 11.1- Unidades do Sistema Internacional (S.I.) das grandezas eléctricas Unidades do Sistema Internacional Grandeza e símbolo Corrente elétrica, I Nome Ampère Símbolo A Diferença de potencial Volt V Resistência elétrica, R Ohm Ω Potência, P Watt W watt-hora Wh Energia elétrica, E 11.2- Múltiplos e submúltiplos Fator pelo qual a unidade é multiplicado Prefixo Símbolo 1 000 000 000 = 10 9 giga G 1 000 000 = 10 6 mega M 1 000 = 10 3 kilo k 0,001 = 10-3 mili m 0,000 001 = 10 -6 micro μ 0,000 000 001 = 10 -9 nano n -12 pico p 0,000 000 000 001 = 10 17 UFCD: 1303 - Eletricidade e eletrónica - circuitos de semicondutores e transístores Ação: Técnico/a de Refrigeração e Climatização Formador: António Gamboa 12- Condutibilidade A condutibilidade é a maior ou menor facilidade com que uma substância se deixa atravessar pela corrente eléctrica. 18 É uma propriedade comum a todas as substâncias e tem um valor específico para cada uma delas. Em função desse comportamento, é usual classificá-las em dois grandes grupos: Bons condutores ou simplesmente condutores; Maus condutores ou isoladores. Numa análise mais exaustiva, poderíamos falar ainda em: Semicondutores; Supercondutores. A condutibilidade é uma propriedade fundamentalmente determinada pelo tipo de estrutura molecular. É influenciada por factores externos, como a temperatura, e o processo da condução difere, conforme o meio em presença. 12.1- Bons condutores ou condutores Estado sólido: Os metais puros são por excelência os melhores condutores de electricidade. A prata (Ag), o cobre (Cu), o alumínio (Al), o ouro (Au), o ferro (Fe), o estanho (Sn), são apenas alguns exemplos e justamente dentro dos metais, os melhores condutores. São, por conseguinte muito utilizados no domínio da eletricidade e da eletrónica. A prata é um excelente condutor (o melhor), mas o seu emprego é muito limitado, dado o seu elevado custo. A excelente condutibilidade dos metais deve-se ao grande número de electrões livres produzidos. A produção de tais electrões, que são sempre os mais periféricos das órbitas atómicas, tem origem térmica e estão relacionados com a força que os prende electrostaticamente ao núcleo. Se essa força é significativa, poucos deles abandonarão o átomo. Se, pelo contrário, é ténue, libertarse-ão facilmente, basta receberem um pouco de energia do exterior. A temperatura ambiente é suficiente para que nos metais exista elevada concentração de electrões em constante movimento por toda a superfície. Sob uma d.d.p., os eletrões livres na última camada deslocam-se ordenadamente no condutor, sendo sempre de esperar, um considerável número de colisões, que modificam transitoriamente a sua trajectória e cuja probabilidade define o material em termos de condutibilidade. Estado líquido: Designam-se por eletrólitos as substâncias, que no estado líquido, conduzem a corrente eléctrica: ácidos, bases ou sais em solução aquosa. Além dos electrólitos, podemos ainda acrescentar os metais quando fundidos e o mercúrio, que existe naturalmente no estado líquido. UFCD: 1303 - Eletricidade e eletrónica - circuitos de semicondutores e transístores Ação: Técnico/a de Refrigeração e Climatização Formador: António Gamboa Estado gasoso: A corrente eléctrica estabelece-se sempre que por uma diferença de potencial se ioniza uma dada massa de gás (Ex: lâmpadas de descarga de alta e de baixa pressão). A corrente deve-se, neste caso, aos iões positivos e electrões resultantes da ionização. 12.2- Maus condutores ou isoladores Não há substâncias verdadeiramente isoladoras, como não as há totalmente condutoras. Se, mesmo assim, designamos estas substâncias de isoladoras, é porque nas aplicações correntes satisfazem bons níveis de isolamento. Também são conhecidos como dieléctricos. Os eletrões não têm possibilidade de se deslocarem no interior do material, dado na sua estrutura não existirem eletrões livres. São isoladores o vidro, a ebonite, a baquelite, o óleo, o papel, a porcelana, a madeira seca, a borracha e de um modo geral, todos os materiais cerâmicos e plásticos. 12.3- Supercondutor A supercondutividade é sinónima de ausência praticamente total de resistência que caracteriza sempre cada condutor no seu estado natural. A descoberta do fenómeno data de 1911 e deve-se ao físico alemão Heihe Karmelingh Onness, e consiste numa notável alteração de comportamento de alguns metais e suas ligas, que ao serem arrefecidos a temperaturas extremamente baixas, já vizinhas do zero absoluto (0˚ Kelvin), perdem praticamente toda a sua resistência, tornando-se supercondutores. A resistência desaparece, os electrões deslocam-se em avalancha e emparelhados de forma que qualquer colisão não os desviará da respectiva trajectória. Não existem, portanto perdas de energia. 12.4- Semicondutores Os semicondutores são substâncias cuja condutibilidade se situa entre os bons e maus condutores de electricidade. São semicondutores, de uso corrente em electrónica, o germânio (Ge) e o silício (Si). Comportam-se como isoladores perfeitos à temperatura do zero absoluto Kelvin (ou seja, 273,15˚ negativos na escala Centígrada), mas manifestam alguma condutibilidade à temperatura ambiente. A condução deve-se aos electrões e lacunas (ausência de electrões) criados por adição de impurezas como o arsénio (As), o índio (In) e o boro (B). 19 UFCD: 1303 - Eletricidade e eletrónica - circuitos de semicondutores e transístores Ação: Técnico/a de Refrigeração e Climatização Formador: António Gamboa 13- Díodo O díodo é um componente constituído por um par de cristais de silício dopados. Essa dopagem faz um dos cristais apresentar excesso de eletrões (por isso chamado de tipo N) e o outro apresentar 20 falta de eletrões, ou excesso de lacunas (chamado tipo P). Ao par unido, chama-se junção PN, que tem a particularidade de apresentar baixa resistência (estado de condução) quando polarizado diretamente e altíssima resistência (estado de corte ou bloqueio) quando inversamente polarizado. Dá-se o nome de polarização direta àquela em que o cristal tipo P fica com potencial positivo em relação ao tipo N e chama-se de polarização inversa a que polariza o cristal tipo P com potencial negativo em relação ao cristal tipo N. As características do díodo fazem com que, em muitas situações, possa ser considerado com uma chave (lembre-se que, em eletrónica, quando se fala em chave refere-se a um interruptor) fechada quando o díodo está em condução, e aberta quando o díodo está em corte. Mas isso é uma aproximação de seu real funcionamento, já que quando diretamente polarizado o díodo só entra em estado de condução a partir de uma tensão de 0,6V a 0,7V aos seus terminais (uma chave fechada apresenta queda de tensão V= 0 já que R= 0V) e quando inversamente polarizado há uma pequena corrente, muitas vezes desprezível (uma chave aberta não conduz corrente alguma). No gráfico VI de um díodo, observa-se que a corrente direta (If, 1º quadrante) relaciona-se com a tensão direta (Vf), também chamada tensão de barreira, ou de joelho por causa do gráfico, que cresce de forma não linear com a corrente, pois para um aumento muito grande de corrente temse um pequeno aumento da tensão nos terminais do díodo, podendo esta variar de 0,5 a 1,5V na prática. A corrente aquece o díodo, por isso não se deve ultrapassar o valor de corrente máxima direta de um díodo devido ao risco de destruí-lo pelo calor produzido. Quando inversamente polarizado o díodo conduz uma corrente menor que 0,01 A (esta corrente duplica a cada aumento de 10˚C), até que o valor de tensão aplicado ultrapassa o valor de tensão UFCD: 1303 - Eletricidade e eletrónica - circuitos de semicondutores e transístores Ação: Técnico/a de Refrigeração e Climatização Formador: António Gamboa de rutura também chamado tensão ZENER, a partir daí o díodo volta a conduzir podendo se destruir de acordo com o caso, por isso o valor máximo de tensão inversa, não deve ser ultrapassado exceto em casos específicos. 21 Os díodos apresentam vários parâmetros de tensão e corrente, entre os quais destacam-se: If- corrente direta máxima que o díodo pode conduzir Vr- tensão inversa máxima que o díodo pode suportar sem conduzir VF a IF- queda de tensão (VF) quando o díodo está a conduzir determinado valor de corrente (IF) 13.1- Aplicações típicas Pela sua característica de comutação e queda de tensão praticamente fixa, o díodo é utilizado em diversas aplicações onde um só sentido de corrente ou uma queda de tensão fixa são requeridos. 13.1.1- Retificações Recebe o nome de retificação o processo conversor da tensão alternada em tensão de polaridade única ou contínua. Nestes circuitos os díodos são ligados em série com a carga (circuito alimentado), de forma que esta só receba alimentação caso aqueles estejam diretamente polarizados. A ligação em série provoca a perda de 0,6 a 0,7 V em cada díodo envolvido, embora neste caso esta queda seja inconveniente. RETIFICAÇÃO DE MEIA ONDA Quando diretamente polarizado o díodo permite que a carga receba alimentação, mantendo-a desligada caso a tensão aplicada tenha polaridade indesejável. Quando alimentado por tensão alternada, este circuito só permite que a carga seja alimentada na metade da onda em que a polaridade é conveniente, por isso se denomina de “retificador de meia onda”. O diagrama abaixo mostra este tipo de retificação e, o gráfico Vt de entrada e saída, com tensão a sinusoidal. UFCD: 1303 - Eletricidade e eletrónica - circuitos de semicondutores e transístores Ação: Técnico/a de Refrigeração e Climatização Formador: António Gamboa 22 Já que na metade do período a carga fica sem alimentação, a tensão média de saída é apenas 45% da tensão eficaz de entrada. A queda do díodo é que produz a necessidade do valor 0,22 da fórmula: = , 45 − 0,22 A tensão de saída deste tipo de retificação tem a mesma frequência da entrada, a corrente pelo díodo é a mesma da carga. RECTIFICAÇÃO DE ONDA COMPLETA O díodo pode ainda ser ligado em ponte, de modo a que a carga receba tensão com polaridade conveniente, seja qual for a polaridade da tensão aplicada à entrada. Assim, quando a tensão de entrada é alternada a retificação chama-se “de onda completa” já que nos dois semiciclos a carga é alimentada. Na retificação de onda completa a tensão de saída é o dobro daquela conseguida com a retificação de meia onda (desprezando a queda de tensão em cada díodo) já que não há período onde a carga fique sem alimentação. A seguir, o diagrama esquemático da retificação de onda completa com gráficos Vt de entrada e saída com tensão sinusoidal. A frequência da tensão de saída é o dobro da de entrada e a corrente média por cada díodo é a metade da corrente da carga.