MATERIAL DE DIVULGAÇÃO Unic | Josafá Vilarouca | (11) 5051-6639 | (11) 9601-2512 | [email protected] Reflexões Visuais de Gilberto Salvador abre hoje para visitação pública Artista plástico expõe, na Galeria de Arte do Sesi, obras puramente tridimensionais. Com entrada franca, a mostra ficará em cartaz de 19 de setembro a 29 de outubro São Paulo, 19 de setembro de 2006 - De hoje até 29 de outubro, a Galeria de Arte do Sesi do Centro Cultural Fiesp recebe Gilberto Salvador. Para quem conhece o artista plástico por seus quadros ou gravuras, Reflexões Visuais de Gilberto Salvador reserva surpresas. A exposição, de curadoria do próprio autor, foi montada exclusivamente com peças tridimensionais. O vernissage será em 18 de setembro (segunda-feira), às 19h30, para convidados. A mostra exibe peças contemporâneas, de chão, teto e parede, com acabamento em resina de última geração. A partir da desconstrução de objetos simples, Gilberto Salvador cria esculturas onde a questão do espaço e o diálogo entre orgânico e geométrico estão presentes. Essas obras resultam de um processo que envolve uma relação constante entre pensamento e técnica, uma das características mais marcantes do trabalho do artista. Na visão de Maria Amélia Bulhões, membro da Associação Internacional de Crítica de Arte, Gilberto Salvador é um artista que, em suas exposições, sempre surpreende o público. “Talvez ele próprio se surpreenda, pois, embora afirme não haver em sua obra grandes mudanças, mas desdobramentos, revela a cada novo trabalho uma corajosa autonomia discursiva. Nessa grande mostra, quem esperava apreciar seus quadros ou gravuras, verá esculturas. Opção essa que não constitui o marco de uma nova etapa, mas a retomada de um caminho há muito transitado”. Reflexões Visuais de Gilberto Salvador relembra, com a exibição de algumas peças especiais, as participações do artista na III Jovem Arte Contemporânea do Museu de Arte Contemporânea da USP, em 1969, e na X Bienal Internacional de São Paulo, também em 1969. Para a exposição, que reúne cerca de 35 peças – algumas que passam dos 2 metros de altura ou de largura – foi produzido também um catálogo especial, com texto e entrevista com o artista. O evento conta com patrocínio do Banco Santander-Banespa, Engevix Engenharia e Usina Colorado. O apoio é de Gráficos Burti, Montana Química, QG Propaganda e Ministério da Cultura. A exposição contará com visitas guiadas por monitores, que incluem breves propostas de criação e reflexão a partir do processo do artista. Mais sobre Gilberto Salvador O artista plástico paulistano Gilberto Salvador já apresentou 95 exposições, sendo 40 individuais - entre 1965 e 2001 - e 45 coletivas - de 1964 e 2000. Com mais de 40 anos de carreira, recebeu 11 premiações e tem obras expostas em nos seguintes acervos públicos: Companhia Metropolitana de São Paulo, Museu da Arte Contemporânea de Brasília, Museu de Arte Brasileira, Museu de Arte Comtemporânea de Londrina, Museu de Arte Contemporânea de Campinas, Museu de Arte de São Paulo (MASP), Museu de Arte Moderna (MAM), Palácio do Governo do Estado de São Paulo e Pinacoteca do Estado de São Paulo. Reflexões Visuais de Gilberto Salvador Coquetel de abertura: 18 de setembro, às 19h30 Visitação: De 19 de setembro a 29 de outubro Centro Cultural FIESP – Galeria de Arte do Sesi Av. Paulista, 1313 – São Paulo, SP Horário de funcionamento: de terça a sábado, das 10h às 20 horas. Domingo, das 10h às 19 horas. Horário para agendamento de visita monitorada: de segunda a sexta-feira, das 10h às 13h e das 14h às 17h. Informações: (11) 3146-7405 - www.sesisp.org.br Ficha Técnica da Exposição Curadoria: Gilberto Salvador Projeto de museografia: Haron Cohen e Camila Outa Angeleli Direção de arte e design da exposição: Haron Cohen e Camila Outa Angeleli Coordenação Geral: Ana Claudia Roso Texto e entrevista: Maria Amélia Bulhões Projeto de arte-educação: Marina Toledo Assessoria de Imprensa: Unic Building Comunicações Realização: Sesi-SP e Fundação Cultural e Artística Gilberto Salvador Patrocínio: Engevix Engenharia, Santander-Banespa e Usina Colorado Apoio cultural: Ministério da Cultura, Montana Química, Gráficos Burti e QG Propaganda Gilberto Salvador por Gilberto Salvador O meu processo de produção normalmente passa por dois estágios, um mental e outro conceitual, onde algumas questões de ordem estética são equacionadas para, em um segundo momento, serem resolvidas tecnicamente. Quando eu crio, não preciso, necessariamente, estar desenhando, pintando ou materializando alguma idéia, pois há um momento de pura introspecção em que consigo definir algumas soluções, inclusive técnicas. Na segunda etapa de realização da idéia, entretanto, podem ocorrer, em meio ao processo executivo, mudanças conceituais e estéticas. Elas são geratrizes de outras obras. Ou seja, dificilmente uma obra minha estará desligada de outras. Não recordo ter vivenciado essa experiência, mesmo em se tratando de suportes diferenciados. Em nenhum momento o meu processo criativo passa por um pré-conceito, pois acredito que, dentro da minha obra, foram raras as ocasiões em que alguma delas tivesse uma idéia pré-concebida da sua existência. No final, eu uso uma dialética estética, dinâmica para desenvolver a minha linguagem, cuja poética é um detalhe tão importante quanto a estrutura. Partindo-se desse conceito, tanto faz se estou trabalhando com uma técnica, com um tema, ou com espaços diferenciados. O pensamento dialético para mim é essencial. No caso, uma questão essencial é o discurso entre o orgânico e o geométrico, como isto se dá no espaço e no tempo de toda a minha obra. Gilberto Salvador (*) por Maria Amélia Bulhões Artista plástico se reconstrói, redescobre-se, mas se mantém fiel à unidade pessoal de trabalho Gilberto Salvador é um artista que, em suas exposições, sempre surpreende o público. Talvez ele próprio se surpreenda, pois, embora afirme não haver em sua obra grandes mudanças, mas desdobramentos, revela a cada novo trabalho uma corajosa autonomia discursiva. Assim que, para quem esperava apreciar nesta grande mostra seus quadros ou gravuras, a surpresa fica por conta da presença unicamente de esculturas. Opção essa que não constitui o marco de uma nova etapa, mas a retomada de um caminho há muito transitado. Com uma brilhante carreira onde a experimentação sempre teve seu espaço garantido, Salvador não se apega às respostas encontradas nem às soluções dominadas. Ao contrário, está sempre pronto a questionar seu próprio caminho e a se redescobrir. Percorre as diferentes possibilidades do contexto artístico de cada momento, considerando os aspectos interessantes de cada um, mas mantendo-se fiel a uma unidade pessoal de trabalho. No início de sua carreira, motivado pela Pop arte, produziu gravuras onde a influência do material gráfico e publicitário se fazia fortemente visível. Tal ocorreu nos anos 80, quando desenvolveu uma pintura gestual impactante, com o uso de novas tecnologias da indústria química. Assim, o artista transitou por diferentes técnicas e tendências, absorvendo experiências e consolidando seu processo criativo. Nos anos 60, no Salão Jovem Artista do MAC e na Bienal de São Paulo, Gilberto Salvador iniciava sua trajetória, expondo ousadas peças em metal e policromia. Essas propostas, bastante próximas ao exercício da arquitetura que ele também desenvolvia na época, marcam uma experimentação que ele retoma hoje com as esculturas da presente exposição. Os trabalhos que integraram a Bienal Internacional de São Paulo, em 1969, estavam inseridos em uma temática sobre a robótica, a partir de um texto de Isaac Assimov’, "Eu, o robô". O artista criou suas peças com formas geométricas geradas por fórmulas matemáticas e elaboradas com aço inoxidável e espelhos. Uma iluminação intermitente, que se originava na base das formas orgânicas pintadas de vermelho, à semelhança de sangue, e que se espraiava pela área de instalação das mesmas estabelecia um pulsante contraste com as formas geométricas sobre elas. O ritmo da luz traduzia uma pulsação irregular, como se um elemento vivo e orgânico brotasse de máquinas cibernéticas. O vermelho das superfícies pintadas na parte interna das esculturas parecia espalhar-se, simulando manchas de sangue sobre o piso, elaboradas com plásticos, seguindo uma ordem seqüencial, como que emanava de cada escultura. As criações expostas no Salão Jovem Artista do MAC eram constituídas de estruturas de aço inoxidável com as superfícies côncavas e convexas, no interior das quais se inseriam pequenas peças esféricas ou cúbicas de diversas cores. Os trabalhos com superfícies de aço inoxidável polido apresentam um dualismo pelo espelhamento das superfícies, atuando no sentido de enfatizar a reflexividade, absorvendo o ambiente em que se encontram e diluindo quase por completo a obra criada. As superfícies se refletem umas nas outras, levando ao aparecimento de geometrias que não fazem parte do formato físico da obra. O que se mantém visível é a trama interna dos cubos e das esferas coloridas, a indicar as formas da escultura e do espaço. O importante nesses trabalhos, entretanto, não é a seleção de um material a partir de um avanço da tecnologia do metal naquele momento, mas a linguagem a serviço da qual esse vocabulário foi posto em ação. Nessas obras o artista desenvolvia a relação geométrico/orgânico que pontuou sempre sua trajetória. Sua presença na atual mostra, enfatiza a existência de um germe latente que se manifesta nesse momento com toda a sua maturidade. As obras atuais, de certa forma, mantêm o espelhamento das superfícies utilizado nos trabalhos da década de 60. O material agora explorado, entretanto, são lâminas de madeira tratadas com resinas coloridas em acabamento de alto brilho. A cor unifica os elementos dispersos do trabalho, oferecendo-lhe uma coerência interna, e o brilho da superfície pintada estabelece um elo imagético com seus componentes concretos. O refinamento da composição se aprimora no desdobramento dos planos, organizados em torno de movimentos helicoidais de segmentos, todos eles diferenciados entre si. São peças que se desdobram no espaço, mantendo uma unidade formal quase suspensa. Se, em um primeiro olhar, elas parecem construídas de forma modular, nos seguintes se evidenciam compostas de diversos e diferenciados fragmentos, como se uma figura estilhaçada se recompusesse para nos permitir observar detidamente suas partes. Fugindo ao geométrico racional, Gilberto Salvador constrói unidades que estimulam a reflexão pelo instável, pelo ambíguo e pelo surpreendente. O processo criativo No processo criativo de Gilberto Salvador, o pensamento dialético é um suporte conceitual que se manifesta em duas principais direções: orgânico/geométrico e construção/desconstrução. Orgânico e geométrico se articulam na própria ação manipuladora do material, uma vez que o artista trabalha formas abstratas geométricas em um processo construtivo semelhante ao de plantas ou de outros organismos vivos. As obras resultam como uma manifestação desse pensamento dialético em conexão com o próprio material em que são feitas, rompendo a coerência entre os elementos isolados, mas permitindo que o observador se identifique com imagens reconhecíveis, tais como: elos, sementes ou cadeados. Percebe-se uma rejeição aos princípios da organização geométrica tradicional, assim como é descartada a possibilidade de uma adesão romântica ao aspecto temático para garantir um sentido de distância formal entre o observador e o objeto. Sua racionalidade não se aproxima da vertente formalista do artista que age sobre o mundo de forma a organizá-lo dentro de uma lógica da razão, nem tampouco se abandona à intuição enquanto móvel de um processo investigativo. O repertório de geometrias das capas polidas e curvas parece resistir, de início, a qualquer interpretação, exceto à da abstração; entretanto, ao serem geradas, formas orgânicas são definidas pelo princípio de intersecção, que atua como núcleo dos planos que dele se irradiam. As relações excêntricas, de um equilíbrio precário, em que as partes estão desconexas em termos do centro fixo, são ao mesmo tempo geométrica e organicamente construídas. A desembaraçada combinação de imagens orgânicas com a insistência construtiva estabelece uma relação cambiante e ilusória entre a superfície, o volume e seu centro. O artista cria fragmentos que, expandindo superfícies deslocadas em um eixo, formam ou carapaças maciças ou planos distribuídos no espaço. A relação mais direta da obra de Gilberto Salvador com uma tradição clássica da arte abstrata geométrica torna-se problemática. Existe uma racionalidade operativa que não se enquadra naquela tradição. Entretanto, seu processo de trabalho nega também o espontaneísmo de uma construção romântica. Ele restringe o acaso, cerceando-o pela obediência a um sentido construtivo interno, determinado pela forma final do objeto. Ao invés de operar com módulos iguais e contíguos, ele justapõe peças diferenciadas entre si, como se explodisse a forma em busca de sua essência. Deixa apenas índices essenciais do objeto que representa ou com o qual pretende identificar o espectador. Problematiza noções como a da figura geométrica enquanto resultado de uma estrutura que se auto-define na modulação dos elementos. Estabelece um diálogo complexo entre abstração e figuração, subverte a utópica tradição construtivista, sujeitando-a pela introdução de elementos díspares. O segundo aspecto do pensamento dialético do artista pode ser identificado no mecanismo de criação das obras, em que realiza, integradamente, um processo de construção formal por aglutinamento de planos, e outro de desconstrução, por desmonte da imagem. Assim, torna-se possível a Gilberto Salvador partir de uma forma final que será definida de maneira mais determinante analisando os esboços realizados anteriormente, onde as opções pelos processos construtivos encontram a sua definitiva função. Como, em outros casos, ele pode elaborar pequenas soluções ou pequenas peças que vai somando dentro de uma estrutura gráfica prédeterminada. Na maioria dos trabalhos, ele cria alguns estudos, como desenhos e desenvolvimento de sistemas estruturais rígidos, destinados a fornecer o suporte da peça. Portanto, o resultado final, às vezes, não é necessariamente o que obteve do estudo, mas sim uma somatória de soluções técnicas e estéticas que esses esboços descrevem. A dialética deste processo se evidencia na construção/desconstrução que ele realiza de forma dinâmica e interligada, fazendo com que, necessariamente, não se distingam entre si esses dois momentos. Ao transformar massas físicas em planos pictóricos e estruturas, o artista processa uma transformação formal que não acontece de maneira evidente. Suas peças passam ao espectador a sensação de perpetuarem-se no espaço e no tempo. Nelas existem um momento de entendimento e um objeto de apreensão, que se conectam pelo desenvolvimento do pensamento dialético do artista. Não interessa se percebemos ou não as figuras com cujos títulos o artista maliciosamente batiza cada trabalho - cadeados, elos, fitas ou sementes - são meros desvios do pensamento. O essencial é que, em cada obra, existe um processo criativo que se desenvolve em uma seqüência coerente, em que orgânico e inorgânico disputam palmo a palmo a hegemonia, processada em uma desarticulação e rearticulação da imagem, produzida pelo autor e refeita visualmente pelo espectador. Assim, cúmplice nesta dialética, o público é o elo final da cadeia que Gilberto Salvador instaura com seus processos criativos. As complexidades que constituem sua poética e as fronteiras que ultrapassa concorrem para a ampliação das possibilidades de percepção do objeto e do mundo. O artista anseia por um espectador capaz de emergir nos seus dilemas, nos caminhos e descaminhos de seu processo construtivo, ampliando, ele também, sua própria percepção de estar no mundo. A obra e o espaço A experiência do espaço na obra escultórica se relaciona com o estar no mundo do espectador, mas também com uma espacialidade proposta pelo artista. Em princípio, existem duas maneiras de propor este relacionamento: oferecendo a vivência do trabalho como uma construção física em torno da qual o espectador pode se deslocar; ou, então, colocando-o diretamente em frente à obra, de forma a experimentá-la pictoricamente, como espaço planificado. No primeiro caso, a percepção física do material e a inteligência expressa na composição constituem dois aspectos de uma mesma observação da obra. No segundo caso, a articulação de um picturalismo com o substrato tridimensional do trabalho é um desafio a ser assumido. A produção de Gilberto Salvador, apresentada nesta exposição, transita entre essas duas modalidades de experiência. A estética da ambigüidade visual que persegue está diretamente associada às estratégias em que um determinado plano parece deslocarse pelo espaço, à medida que o observador escolhe um número de leituras ou observações possíveis desde sua localização externa à obra. Em alguns casos, ele programa uma instigante qualidade plana que suscita imediata estranheza, não só pela frontalidade como pela centralização e diversificação de formas. As superfícies coloridas, planas ou curvas, irradiam um mundo de difração ótica, criando a impressão de uma imagem submersa e perdida sob uma capa polida. Em outros, explora o espaço tridimensional com volumes imaginários, cuja representação total se associa à relação existente entre o objeto e o espectador. O artista utiliza o brilho da superfície como um recurso adicional para garantir um sentido de distância formal entre o observador e a obra. O uso da cor acentua a sensação de separação entre os dois modos de existência no espaço, subverte os elementos estruturais produzindo ambivalências. Gilberto Salvador enfrenta, também, as novas abordagens da paisagem urbana com obras que estabelecem com o espaço não uma relação de contemplação à distância, mas uma proximidade envolvente. Com seus trabalhos, ele toca a paisagem, faz parte dela, explora as diferentes proporções do espaço que o espectador experimenta e o que ele observa. Resgata as possibilidades de significação latentes, ou possíveis de implementar, buscando, de certa forma, retomar relações primárias do homem com seu ambiente, que a vida moderna muitas vezes faz desaparecer. Vistas de longe, ou num olhar casual, as obras transladam elementos essenciais da pintura, a cor e o plano, para o espaço tridimensional, criando uma tensão permanente que não se resolve. No significado do objeto está implícita a marca do olhar do espectador. A indefinição, o alargamento ou a frontalidade de algumas peças podem ser simplesmente resultado de sua relação visual com a obra. Ao adotar a grande escala, o artista se expõe ao diálogo com a cidade, com os planos das ruas, das passarelas, da arquitetura. Não o faz, porém, de forma impositiva; suas obras convivem harmoniosamente, como mais uma presença neste universo de imagens a desafiar o olhar. Suas esculturas se movem quase ruidosamente no espaço, seus planos se afastam angularmente de um lado a outro, abrindo a imagem abstrata e compacta formada pela vista frontal de modo a incluir fatias do espaço. Se a origem da arte pública se encontra nos monumentos comemorativos que marcavam a relação dos indivíduos com determinada história e território comuns, as obras públicas de Salvador são marcos dos desafios do cotidiano. As cores e a dispersão no espaço destas grandes obras não aceitam o olhar displicente, instigam e questionam, ensejando uma participação mais íntima, mais pessoal. Elas estão como que soltas no ar, a convidarem cada passante a percorrê-las com seu olhar e seu corpo. Incitando a uma apreciação que leva em conta tempo e espaços reais, exigindo uma posição não distanciada, o processo de apreensão da obra se dá no ato mesmo da visão. Existe nesses trabalhos uma inquietante contradição espacial, possivelmente a principal responsável pelo interesse suscitado pelos mesmos enquanto obra de arte. Texto de Maria Amélia Bulhões – pesquisadora do CNPQ, professora e orientadora no Programa de Pós-graduação em Artes Visuais da UFRGS. Doutora pela USP, com pós-doutorado na Universidade de Paris I, Sorbonne. Organizadora e co-autora de vários livros, colabora regularmente com revistas nacionais e internacionais. Membro da Associação Internacional de Crítica de Arte, assessora artistas e instituições e realiza curadorias no Brasil e no exterior. Gilberto Salvador (São Paulo, 1946) Exposições Individuais 2005 “Rioja”, Multipla Galeria de Arte, São Paulo, SP 2004 “Trajetória / Femina”, Galeria Ricardo Camargo, São Paulo, SP 2001 “O Reino Interior”, Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, SP 2001 “O Reino Interior”, Museu Alfredo Andersen, Curitiba, PR 2001 “Memórias Visuais”, Galeria de Arte Fraletti e Rubbo, Curitiba, PR 2001 “Memórias Visuais”, Art Galeria Mara Dolzan, Campo Grande, MS 2001 “Memórias Visuais”, Prova do Artista, Salvador, BA 1996 “30 Anos de Pintura”, Galeria de Arte Fraletti e Rubbo, Curitiba, PR 1995 “30 Anos de Pintura”, Museu de Arte de São Paulo - MASP, São Paulo, SP 1994 A2 Agência de Arte, São José do Rio Preto, SP 1991 Prova do Artista, Salvador, BA 1989 “Série Moedas”, Dan Galeria, São Paulo, SP 1989 “Lê Cocar Bresilien”, Brasil Inter Art Galerie, Paris, França 1998 “A Guilhotina N’Água”, Galeria Aloisio Cravo, São Paulo, SP 1988 Bolsa de Arte de Porto Alegre, Porto Alegre, RS 1988 Prova do Artista, Salvador, BA 1988 La Galleria, Brasília, DF 1988 “Óde ao Canto da Sereia”, Mary Ortiz Escritório de Arte, São Paulo, SP 1987 Museu Histórico e Cultural de Jundiaí “Solar do Barão”, Jundiaí, SP 1986 Galeria Artenossa, Londrina, PR 1986 “Impulsos”, Dan Galeria, São Paulo, SP 1985 Ulieno Galeria de Arte, Ribeirão Preto, SP 1985 Escritório de Arte da Bahia, Salvador, BA 1985 “História Natural do Homem Segundo Gilberto Salvador”, Museu de Arte de São Paulo - MASP, São Paulo, SP 1985 Paulo Figueiredo Galeria de Arte, São Paulo, SP 1985 Kraft Escritório de Arte, Porto Alegre, RS 1984 Galeria Suzana Sassoun, São Paulo, SP 1984 Galeria Artenossa, Londrina, PR 1984 Pitanga do Amparo Arquitetura e Arte, São Paulo, SP 1983 Galeria do Sol, São José dos Campos, SP 1983 Galeria Artescultura, São Paulo, SP 1983 A. Ronda Estúdio – Vitrais, São Paulo, SP 1983 AM Niemayer Artinteriores, Rio de Janeiro, RJ 1983 Kraft Escritório de Arte, Porto Alegre, RS 1982 Cades Galeria de Arte, Santos, SP 1982 ELF Galeria de Arte, Belém, PA 1982 “Álbum Cantárida”, Studio Linda Conde, São Paulo, SP 1982 Galeria Paulo Prado, São Paulo, SP 1981 Paulo Figueiredo Galeria de Arte, São Paulo, SP 1980 Galeria Salamandra, Porto Alegre, RS 1980 Galeria Oscar Seraphico, Brasília, DF 1980 Galeria Bonino, Rio de Janeiro, RJ 1979 UFMT - Museu de Arte e de Cultura Popular, Cuiabá, MT 1979 Cades Galeria de Arte, Santos, SP 1979 Galeria Projecta, São Paulo, SP 1978 Galeria Bric a B’Arte, São Paulo, SP 1978 O Cavalete Galeria de Arte, Salvador, BA 1977 Galeria Oscar Seraphico, Brasília, DF 1976 Galeria Arte Global, São Paulo, SP 1975 Galeria Paulo Prado, São Paulo, SP 1966 Artécnica Galeria, São Paulo, SP 1965 Galeria do Teatro de Arena, São Paulo, SP Exposições Coletivas 2005 “Caderno de Notas - Vlado, 30 anos”, Estação Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, SP 2005 “Visualidade / Técnicas”, Instituto Cervantes, São Paulo, SP 2004 “Novas Aquisições”, Museu de Arte Brasileira, Fundação Armando Álvares Penteado - FAAP, São Paulo, SP 2003 -“Parque Escultórico”, Setec – Secretaria de Turismo, Esportes e Cultura, São Sebastião, SP 2002 “México Imaginário“, Casa das Rosas, São Paulo, SP 2002 “Brazilian Art” , Voltre Galerie, Rio de Janeiro, RJ 2001 “Arte e Tecnologia”, Galeria Visual, Brasília, DF 2001 “Exposições Agosto 2001”, Secretaria da Cultura Governo do Estado do Paraná, PR 2000 “Coletiva do Milênio”, Bahiarte Galeria de Arte, Londrina, PR 2000 “O Bardi dos Artistas”, Memorial da América Latina, São Paulo, SP 2000 “Arte e Tecnologia”, Museu de Arte de Santa Catarina, Florianópolis, SC 1999 “A Ressacralização da Arte”, Serviço Social do Comércio - SESC Pompéia, SP 1999 “O Gesto Consolidado”, Galeria de Arte Fraletti e Rubbo, Curitiba, PR 1998 Museu de Arte Brasil-Estados Unidos - MABEU, Belém, PA 1998 Bahiarte, Londrina, PR 1995 “Arte em Painéis de Cerâmica”, Casa de Cultura de Santo Amaro, São Paulo, SP 1994 Espaço Delinea de Arte em Cerâmica, São Paulo, SP 1994 Galeria de Arte Fraletti e Rubbo, Curitiba, PR 1993 “Rodearte”, Barretos, SP 1992 “Brasilian Kunst Art”, Landesbank Galerie, Munique e Stuttgart, Alemanha 1992 “Futebol”, Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, SP 1991 Latin Art Gallerie, Nagoya, Japão 1991 “Artistas Arquitetos”, Museu de Arte de São Paulo - MASP, São Paulo, SP 1991 “Contemporary Brazilian Art”, Fagen-Peterson Fine Art, Inc., Arizona, EUA 1990 “Securit”, Museu da Imagem e do Som - MIS, São Paulo, SP 1989 Barcelona Art Forum - BIAF, Barcelona, Espanha 1989 “Brasilianke Billedrytmer – The Rhytms of Brazilian Art”, Udstillingsbygningen ved Charlottenborg, Kopenhagen, Dinamarca 1989 “Exposição de Arte Ecológica”, Instituto Histórico e Cultural 500 Cristobão Colombo, Montevideo, Uruguai 1988 “Os Ritmos e as Formas”, Serviço Social do Comércio – SESC, São Paulo, SP 1988 “Juréia”, Galeria de Arte Sadalla, São Paulo, SP 1988 “100 Anos de Villa Lobos”, Galerie Brasil Inter Art, Paris, França 1987 “18 Contemporâneos”, Dan Galeria, São Paulo, SP 1987 “Paulistas em Brasília”, Museu de Arte de Brasília, Brasília, DF 1987 “A Pintura como Ofício”, Serviço Social do Comércio - SESC Pompéia, São Paulo, SP 1987 “15 Anos de Exposição de Belas Artes Brasil-Japão”, Fundação Mokiti Okada, São Paulo, SP 1987 Brasil Inter Art Galerie, Paris, França 1986 Galeria Studio Domus, São Paulo, SP 1986 “Ecologia”, Espaço Cultural Petrobrás, Rio de Janeiro, RJ 1986 “Futebol”, Cidade do México, México 1985 “Destaque da Pintura Contemporânea Brasileira”, Museu de Arte Moderna MAM, São Paulo, SP 1985 “Artistas Brasileiros”, Escritório de Arte da Bahia, Salvador, BA 1983 “Panorama Atual da Arte Brasileira”, Museu de Arte Moderna - MAM, São Paulo, SP 1983 “Palmeira”, Alberto Bonfiglioli Galeria de Arte, São Paulo, SP 1983 “Releitura”, Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, SP 1983 Kraft Escritório de Arte, Porto Alegre, RS 1983 Babelidus, São Paulo, SP 1983 “Arte na Rua”, Museu de Arte Contemporânea - MAC, São Paulo, SP 1983 Galeria Madison, São Paulo, SP 1982 Paulo Figueiredo Galeria de Arte, São Paulo, SP 1981 “Arquiteto/Arquiteto Plástico”, Museu de Arte Contemporânea - MAC, Campinas, SP 1981 “V Exposição de Belas Artes Brasil-Japão”, Fundação Messiânica, São Paulo, SP 1981 “10 Artistas Brasileños”, Museu de Arte Moderna de Bogotá, Bogotá, Colômbia 1979 “Panorama de Arte Atual Brasileira”, Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM, São Paulo, SP 1979 Projecta Galeria de Arte, São Paulo, SP 1979 Fundació Joan Miró, Barcelona, Espanha 1979 Galeria de Arte do SESI, São Paulo, SP 1979 “O Desenho como Instrumento”, Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, SP 1978 “15 Jovenes Artistas del Brasil”, Museu de Arte Moderno de Buenos Aires, Buenos Aires, Argentina 1978 “15 Jovens Artistas do Brasil”, Museu de Arte Brasileira, Fundação Armando Álvares Penteado - FAAP, São Paulo, SP 1978 “10 Artistas Jóvenes de San Pablo”, Instituto de Cultura Uruguayo Brasileño ICUB, Montevideo, Uruguai 1978 “10 Artistas Jóvenes de San Pablo”, Centro de Arte Y Letras de Punta Del Este, Punta del Este, Uruguai 1978 Projecta Galeria de Arte, São Paulo, SP 1977 “Panorama de Arte Atual Brasileira – Desenho e Gravura”, Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM, São Paulo, SP 1976 “Panorama de Arte Atual Brasileira – Pintura”, Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM, São Paulo, SP 1976 “Arte Agora I / Brasil 70-75”, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,RJ 1976 “Arte Brasileira os Anos 60/70 – Coleção Gilberto Chateaubriand”, Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador, BA / Casarão de João Alfredo, Recife, PE / Fundação Cultural do Distrito Federal, Brasília, DF 1975 “Arte e Pensamento Ecológico”, Câmara Municipal de São Paulo, Palácio Anchieta, São Paulo, SP 1969 Paço das Artes, São Paulo, SP 1967 Galeria de Arte do Cine Belas Artes, São Paulo, SP 1966 Galeria do Teatro de Arena, São Paulo, SP 1964 Galeria da Associação Cristã de Moços, São Paulo, SP Bienais 2005 II Bienal de Arte Internacional de Beijing, Beijing, China 1998 XI Bienal Iberoamericana de Arte, México 1986 II Bienal Internacional de Havana, Havana, Cuba 1983 Bienal Iberoamericana de Arte, México 1979 IV Bienal de San Juan del Grabado Latinoamericano y del Caribe, Instituto de Cultura Puertorriquenha, San Juan, Porto Rico 1978 I Bienal Latino Americana de São Paulo, Prédio da Bienal, São Paulo, SP 1977 XIV Bienal Internacional de São Paulo, São Paulo, SP 1969 X Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, SP 1967 IX Bienal Internacional de São Paulo, São Paulo, SP Salões 1992 Salão de Artes de Jundiaí, Jundiaí, SP 1980 III Salão Nacional de Artes Plástica, São Paulo, SP 1980 II Salão Brasileiro de Artes, Fundação Messiânica do Brasil, São Paulo, SP Prêmio Aquisição 1980 I Salão Paulista de Artes Plásticas e Visuais, Fundação Bienal, São Paulo, SP Prêmio Aquisição 1982 V Salão Nacional de Artes Plásticas, Museu de Arte Moderna - MAM, Rio de Janeiro, RJ - Menção Honrosa 1979 Salão de Arte Contemporânea, São José dos Campos, SP - Prêmio Aquisição 1978 III Salão Nacional de Artes Plásticas, FUNARTE Porto Alegre, Porto Alegre, RS 1976 VII Salão Paulista de Arte Contemporânea, Paço das Artes, São Paulo, SP Menção Honrosa 1975 Salão do Jornal do Brasil, Museu de Arte Moderna - MAM, Rio de Janeiro, RJ 1975 VI Salão Paulista de Arte Contemporânea, Paço das Artes, Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia, São Paulo, SP - Menção Honrosa 1975 VIII Salão de Arte Contemporânea – Gravura, Fundação das Artes de São Caetano do Sul, São Caetano do Sul, SP 1974 IX Salão de Arte Contemporânea de Campinas - Desenho Brasileiro, Campinas, SP 1970 VI Salão de Arte Contemporânea de Campinas, Museu de Arte Contemporânea – MAC, Campinas, SP - Prêmio Aquisição 1969 III Salão Jovem de Arte Contemporânea, Museu de Arte Contemporânea MAC-USP, São Paulo, SP 1969 V Salão de Arte Contemporânea de Campinas, Museu de Arte Contemporânea – MAC, Campinas, SP - Prêmio Aquisição 1968 XVII Salão Paulista de Arte Moderna, São Paulo, SP 1968 Salão de Arte Contemporânea de São Caetano do Sul, São Caetano do Sul, SP 1968 I Salão de Arte Moderna de Santos, Santos, SP - Prêmio Aquisição 1967 XVI Salão de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, SP 1967 III Salão de Arte Contemporânea de Campinas, Museu de Arte Contemporânea – MAC, Campinas, SP - Pequena Medalha de Ouro 1967 I Salão Jovem de Arte Contemporânea, Museu de Arte Contemporânea - MACUSP, São Paulo, SP 1966 II Salão de Arte Contemporânea de Campinas, Museu de Arte Contemporânea – MAC, Campinas, SP 1966 Salão da Época, Porto Alegre, Porto Alegre, RS - Medalha de Ouro 1965 I Salão de Arte Contemporânea de Campinas, Museu de Arte Contemporânea – MAC, Campinas, SP Obras em Acervo Público • Museu da Arte Contemporânea de Brasília, Brasília, DF • Museu de Arte Brasileira - Fundação Armando Álvares Penteado – MABFAAP, São Paulo, SP • Museu de Arte Contemporânea de Campinas - MAC, Campinas, SP • Museu de Arte de São Paulo - MASP, São Paulo, SP • Museu de Arte Moderna – MAM, São Paulo, SP • Palácio do Governo do Estado de São Paulo, São Paulo, SP • Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, SP • Museu de Arte Contemporânea de Londrina, PR • Biblioteca Mario de Andrade, SP • Museu de Arte Contemporânea - MAC-USP, São Paulo, SP • “Vôo de Xangô”, Companhia Metropolitana de São Paulo – Metro, Estação Jardim São Paulo, São Paulo, SP • Painel Cerâmico, Companhia Metropolitana de São Paulo, Largo 13, São Paulo, SP • “Oxum Obalá”, Parque Escultórico de São Sebastião, São Sebastião, SP • “Pendulus”, Engevix Engenharia S.A., Tamboré, SP • “Manilha Vermelha”, Fundação Instituto de Ensino para Osasco – UNIFIEO, São Paulo, SP • Museu de Arte Brasil-Estados Unidos – MABEU, Belém, PA • Museu de Arte de Santa Catarina, Florianópolis, SC • Edifício Gilberto Salvador, Construtora Setin, Vila Olímpia, São Paulo, SP • Serviço Social do Comércio – SESC Vila Mariana e Itaquera