MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
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Reflexões Visuais de Gilberto Salvador
abre hoje para visitação pública
Artista plástico expõe, na Galeria de Arte do Sesi, obras puramente
tridimensionais. Com entrada franca, a mostra ficará em cartaz de 19 de
setembro a 29 de outubro
São Paulo, 19 de setembro
de 2006 - De hoje até 29 de
outubro, a Galeria de Arte do
Sesi do Centro Cultural Fiesp
recebe Gilberto Salvador.
Para quem conhece o artista
plástico por seus quadros ou
gravuras, Reflexões Visuais
de Gilberto Salvador reserva
surpresas. A exposição, de
curadoria do próprio autor, foi
montada exclusivamente com
peças tridimensionais. O vernissage será em 18 de setembro (segunda-feira),
às 19h30, para convidados.
A mostra exibe peças contemporâneas, de chão, teto e parede, com
acabamento em resina de última geração. A partir da desconstrução de objetos
simples, Gilberto Salvador cria esculturas onde a questão do espaço e o
diálogo entre orgânico e geométrico estão presentes. Essas obras resultam de
um processo que envolve uma relação constante entre pensamento e técnica,
uma das características mais marcantes do trabalho do artista.
Na visão de Maria Amélia Bulhões, membro da Associação Internacional de
Crítica de Arte, Gilberto Salvador é um artista que, em suas exposições,
sempre surpreende o público. “Talvez ele próprio se surpreenda, pois, embora
afirme não haver em sua obra grandes mudanças, mas desdobramentos,
revela a cada novo trabalho uma corajosa autonomia discursiva. Nessa grande
mostra, quem esperava apreciar seus quadros ou gravuras, verá esculturas.
Opção essa que não constitui o marco de uma nova etapa, mas a retomada de
um caminho há muito transitado”.
Reflexões Visuais de Gilberto Salvador relembra, com a exibição de algumas
peças especiais, as participações do artista na III Jovem Arte Contemporânea
do Museu de Arte Contemporânea da USP, em 1969, e na X Bienal
Internacional de São Paulo, também em 1969.
Para a exposição, que reúne cerca de 35 peças – algumas que passam dos 2
metros de altura ou de largura – foi produzido também um catálogo especial,
com texto e entrevista com o artista. O evento conta com patrocínio do Banco
Santander-Banespa, Engevix Engenharia e Usina Colorado. O apoio é de
Gráficos Burti, Montana Química, QG Propaganda e Ministério da Cultura.
A exposição contará com visitas guiadas por monitores, que incluem breves
propostas de criação e reflexão a partir do processo do artista.
Mais sobre Gilberto Salvador
O artista plástico paulistano Gilberto Salvador já apresentou 95 exposições,
sendo 40 individuais - entre 1965 e 2001 - e 45 coletivas - de 1964 e 2000.
Com mais de 40 anos de carreira, recebeu 11 premiações e tem obras
expostas em nos seguintes acervos públicos: Companhia Metropolitana de São
Paulo, Museu da Arte Contemporânea de Brasília, Museu de Arte Brasileira,
Museu de Arte Comtemporânea de Londrina, Museu de Arte Contemporânea
de Campinas, Museu de Arte de São Paulo (MASP), Museu de Arte Moderna
(MAM), Palácio do Governo do Estado de São Paulo e Pinacoteca do Estado
de São Paulo.
Reflexões Visuais de Gilberto Salvador
Coquetel de abertura: 18 de setembro, às 19h30
Visitação: De 19 de setembro a 29 de outubro
Centro Cultural FIESP – Galeria de Arte do Sesi
Av. Paulista, 1313 – São Paulo, SP
Horário de funcionamento: de terça a sábado, das 10h às 20 horas. Domingo,
das 10h às 19 horas.
Horário para agendamento de visita monitorada: de segunda a sexta-feira, das
10h às 13h e das 14h às 17h.
Informações: (11) 3146-7405 - www.sesisp.org.br
Ficha Técnica da Exposição
Curadoria: Gilberto Salvador
Projeto de museografia: Haron Cohen e Camila Outa Angeleli
Direção de arte e design da exposição: Haron Cohen e Camila Outa Angeleli
Coordenação Geral: Ana Claudia Roso
Texto e entrevista: Maria Amélia Bulhões
Projeto de arte-educação: Marina Toledo
Assessoria de Imprensa: Unic Building Comunicações
Realização: Sesi-SP e Fundação Cultural e Artística Gilberto Salvador
Patrocínio: Engevix Engenharia, Santander-Banespa e Usina Colorado
Apoio cultural: Ministério da Cultura, Montana Química, Gráficos Burti e QG
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Gilberto Salvador
por Gilberto Salvador
O meu processo de produção normalmente passa por dois estágios, um mental e
outro conceitual, onde algumas questões de ordem estética são equacionadas para,
em um segundo momento, serem resolvidas tecnicamente.
Quando eu crio, não preciso, necessariamente, estar desenhando, pintando ou
materializando alguma idéia, pois há um momento de pura introspecção em que
consigo definir algumas soluções, inclusive técnicas.
Na segunda etapa de realização da idéia, entretanto, podem ocorrer, em meio ao
processo executivo, mudanças conceituais e estéticas. Elas são geratrizes de outras
obras. Ou seja, dificilmente uma obra minha estará desligada de outras. Não recordo
ter vivenciado essa experiência, mesmo em se tratando de suportes diferenciados.
Em nenhum momento o meu processo criativo passa por um pré-conceito, pois
acredito que, dentro da minha obra, foram raras as ocasiões em que alguma delas
tivesse uma idéia pré-concebida da sua existência. No final, eu uso uma dialética
estética, dinâmica para desenvolver a minha linguagem, cuja poética é um detalhe tão
importante quanto a estrutura.
Partindo-se desse conceito, tanto faz se estou trabalhando com uma técnica, com um
tema, ou com espaços diferenciados. O pensamento dialético para mim é essencial.
No caso, uma questão essencial é o discurso entre o orgânico e o geométrico, como
isto se dá no espaço e no tempo de toda a minha obra.
Gilberto Salvador (*)
por Maria Amélia Bulhões
Artista plástico se reconstrói, redescobre-se, mas se mantém
fiel à unidade pessoal de trabalho
Gilberto Salvador é um artista que, em suas exposições, sempre surpreende o
público. Talvez ele próprio se surpreenda, pois, embora afirme não haver em sua obra
grandes mudanças, mas desdobramentos, revela a cada novo trabalho uma corajosa
autonomia discursiva. Assim que, para quem esperava apreciar nesta grande mostra
seus quadros ou gravuras, a surpresa fica por conta da presença unicamente de
esculturas. Opção essa que não constitui o marco de uma nova etapa, mas a
retomada de um caminho há muito transitado.
Com uma brilhante carreira onde a experimentação sempre teve seu espaço
garantido, Salvador não se apega às respostas encontradas nem às soluções
dominadas. Ao contrário, está sempre pronto a questionar seu próprio caminho e a se
redescobrir. Percorre as diferentes possibilidades do contexto artístico de cada
momento, considerando os aspectos interessantes de cada um, mas mantendo-se fiel
a uma unidade pessoal de trabalho.
No início de sua carreira, motivado pela Pop arte, produziu gravuras onde a influência
do material gráfico e publicitário se fazia fortemente visível. Tal ocorreu nos anos 80,
quando desenvolveu uma pintura gestual impactante, com o uso de novas tecnologias
da indústria química. Assim, o artista transitou por diferentes técnicas e tendências,
absorvendo experiências e consolidando seu processo criativo.
Nos anos 60, no Salão Jovem Artista do MAC e na Bienal de São Paulo, Gilberto
Salvador iniciava sua trajetória, expondo ousadas peças em metal e policromia. Essas
propostas, bastante próximas ao exercício da arquitetura que ele também desenvolvia
na época, marcam uma experimentação que ele retoma hoje com as esculturas da
presente exposição.
Os trabalhos que integraram a Bienal Internacional de São Paulo, em 1969, estavam
inseridos em uma temática sobre a robótica, a partir de um texto de Isaac Assimov’,
"Eu, o robô". O artista criou suas peças com formas geométricas geradas por fórmulas
matemáticas e elaboradas com aço inoxidável e espelhos. Uma iluminação
intermitente, que se originava na base das formas orgânicas pintadas de vermelho, à
semelhança de sangue, e que se espraiava pela área de instalação das mesmas
estabelecia um pulsante contraste com as formas geométricas sobre elas. O ritmo da
luz traduzia uma pulsação irregular, como se um elemento vivo e orgânico brotasse de
máquinas cibernéticas. O vermelho das superfícies pintadas na parte interna das
esculturas parecia espalhar-se, simulando manchas de sangue sobre o piso,
elaboradas com plásticos, seguindo uma ordem seqüencial, como que emanava de
cada escultura.
As criações expostas no Salão Jovem Artista do MAC eram constituídas de estruturas
de aço inoxidável com as superfícies côncavas e convexas, no interior das quais se
inseriam pequenas peças esféricas ou cúbicas de diversas cores. Os trabalhos com
superfícies de aço inoxidável polido apresentam um dualismo pelo espelhamento das
superfícies, atuando no sentido de enfatizar a reflexividade, absorvendo o ambiente
em que se encontram e diluindo quase por completo a obra criada. As superfícies se
refletem umas nas outras, levando ao aparecimento de geometrias que não fazem
parte do formato físico da obra. O que se mantém visível é a trama interna dos cubos
e das esferas coloridas, a indicar as formas da escultura e do espaço. O importante
nesses trabalhos, entretanto, não é a seleção de um material a partir de um avanço da
tecnologia do metal naquele momento, mas a linguagem a serviço da qual esse
vocabulário foi posto em ação.
Nessas obras o artista desenvolvia a relação geométrico/orgânico que pontuou
sempre sua trajetória. Sua presença na atual mostra, enfatiza a existência de um
germe latente que se manifesta nesse momento com toda a sua maturidade. As obras
atuais, de certa forma, mantêm o espelhamento das superfícies utilizado nos trabalhos
da década de 60. O material agora explorado, entretanto, são lâminas de madeira
tratadas com resinas coloridas em acabamento de alto brilho. A cor unifica os
elementos dispersos do trabalho, oferecendo-lhe uma coerência interna, e o brilho da
superfície pintada estabelece um elo imagético com seus componentes concretos. O
refinamento da composição se aprimora no desdobramento dos planos, organizados
em torno de movimentos helicoidais de segmentos, todos eles diferenciados entre si.
São peças que se desdobram no espaço, mantendo uma unidade formal quase
suspensa. Se, em um primeiro olhar, elas parecem construídas de forma modular, nos
seguintes se evidenciam compostas de diversos e diferenciados fragmentos, como se
uma figura estilhaçada se recompusesse para nos permitir observar detidamente suas
partes. Fugindo ao geométrico racional, Gilberto Salvador constrói unidades que
estimulam a reflexão pelo instável, pelo ambíguo e pelo surpreendente.
O processo criativo
No processo criativo de Gilberto Salvador, o pensamento dialético é um suporte
conceitual que se manifesta em duas principais direções: orgânico/geométrico e
construção/desconstrução.
Orgânico e geométrico se articulam na própria ação manipuladora do material, uma
vez que o artista trabalha formas abstratas geométricas em um processo construtivo
semelhante ao de plantas ou de outros organismos vivos.
As obras resultam como uma manifestação desse pensamento dialético em conexão
com o próprio material em que são feitas, rompendo a coerência entre os elementos
isolados, mas permitindo que o observador se identifique com imagens reconhecíveis,
tais como: elos, sementes ou cadeados.
Percebe-se uma rejeição aos princípios da organização geométrica tradicional, assim
como é descartada a possibilidade de uma adesão romântica ao aspecto temático
para garantir um sentido de distância formal entre o observador e o objeto. Sua
racionalidade não se aproxima da vertente formalista do artista que age sobre o
mundo de forma a organizá-lo dentro de uma lógica da razão, nem tampouco se
abandona à intuição enquanto móvel de um processo investigativo.
O repertório de geometrias das capas polidas e curvas parece resistir, de início, a
qualquer interpretação, exceto à da abstração; entretanto, ao serem geradas, formas
orgânicas são definidas pelo princípio de intersecção, que atua como núcleo dos
planos que dele se irradiam. As relações excêntricas, de um equilíbrio precário, em
que as partes estão desconexas em termos do centro fixo, são ao mesmo tempo
geométrica e organicamente construídas. A desembaraçada combinação de imagens
orgânicas com a insistência construtiva estabelece uma relação cambiante e ilusória
entre a superfície, o volume e seu centro. O artista cria fragmentos que, expandindo
superfícies deslocadas em um eixo, formam ou carapaças maciças ou planos
distribuídos no espaço.
A relação mais direta da obra de Gilberto Salvador com uma tradição clássica da arte
abstrata geométrica torna-se problemática. Existe uma racionalidade operativa que
não se enquadra naquela tradição. Entretanto, seu processo de trabalho nega também
o espontaneísmo de uma construção romântica. Ele restringe o acaso, cerceando-o
pela obediência a um sentido construtivo interno, determinado pela forma final do
objeto. Ao invés de operar com módulos iguais e contíguos, ele justapõe peças
diferenciadas entre si, como se explodisse a forma em busca de sua essência. Deixa
apenas índices essenciais do objeto que representa ou com o qual pretende identificar
o espectador. Problematiza noções como a da figura geométrica enquanto resultado
de uma estrutura que se auto-define na modulação dos elementos. Estabelece um
diálogo complexo entre abstração e figuração, subverte a utópica tradição
construtivista, sujeitando-a pela introdução de elementos díspares.
O segundo aspecto do pensamento dialético do artista pode ser identificado no
mecanismo de criação das obras, em que realiza, integradamente, um processo de
construção formal por aglutinamento de planos, e outro de desconstrução, por
desmonte da imagem. Assim, torna-se possível a Gilberto Salvador partir de uma
forma final que será definida de maneira mais determinante analisando os esboços
realizados anteriormente, onde as opções pelos processos construtivos encontram a
sua definitiva função. Como, em outros casos, ele pode elaborar pequenas soluções
ou pequenas peças que vai somando dentro de uma estrutura gráfica prédeterminada.
Na maioria dos trabalhos, ele cria alguns estudos, como desenhos e desenvolvimento
de sistemas estruturais rígidos, destinados a fornecer o suporte da peça. Portanto, o
resultado final, às vezes, não é necessariamente o que obteve do estudo, mas sim
uma somatória de soluções técnicas e estéticas que esses esboços descrevem. A
dialética deste processo se evidencia na construção/desconstrução que ele realiza de
forma dinâmica e interligada, fazendo com que, necessariamente, não se distingam
entre si esses dois momentos.
Ao transformar massas físicas em planos pictóricos e estruturas, o artista processa
uma transformação formal que não acontece de maneira evidente. Suas peças
passam ao espectador a sensação de perpetuarem-se no espaço e no tempo. Nelas
existem um momento de entendimento e um objeto de apreensão, que se conectam
pelo desenvolvimento do pensamento dialético do artista. Não interessa se
percebemos ou não as figuras com cujos títulos o artista maliciosamente batiza cada
trabalho - cadeados, elos, fitas ou sementes - são meros desvios do pensamento.
O essencial é que, em cada obra, existe um processo criativo que se desenvolve em
uma seqüência coerente, em que orgânico e inorgânico disputam palmo a palmo a
hegemonia, processada em uma desarticulação e rearticulação da imagem, produzida
pelo autor e refeita visualmente pelo espectador.
Assim, cúmplice nesta dialética, o público é o elo final da cadeia que Gilberto
Salvador instaura com seus processos criativos. As complexidades que constituem
sua poética e as fronteiras que ultrapassa concorrem para a ampliação das
possibilidades de percepção do objeto e do mundo. O artista anseia por um
espectador capaz de emergir nos seus dilemas, nos caminhos e descaminhos de seu
processo construtivo, ampliando, ele também, sua própria percepção de estar no
mundo.
A obra e o espaço
A experiência do espaço na obra escultórica se relaciona com o estar no mundo do
espectador, mas também com uma espacialidade proposta pelo artista. Em princípio,
existem duas maneiras de propor este relacionamento: oferecendo a vivência do
trabalho como uma construção física em torno da qual o espectador pode se deslocar;
ou, então, colocando-o diretamente em frente à obra, de forma a experimentá-la
pictoricamente, como espaço planificado. No primeiro caso, a percepção física do
material e a inteligência expressa na composição constituem dois aspectos de uma
mesma observação da obra. No segundo caso, a articulação de um picturalismo com o
substrato tridimensional do trabalho é um desafio a ser assumido.
A produção de Gilberto Salvador, apresentada nesta exposição, transita entre essas
duas modalidades de experiência. A estética da ambigüidade visual que persegue está
diretamente associada às estratégias em que um determinado plano parece deslocarse pelo espaço, à medida que o observador escolhe um número de leituras ou
observações possíveis desde sua localização externa à obra.
Em alguns casos, ele programa uma instigante qualidade plana que suscita imediata
estranheza, não só pela frontalidade como pela centralização e diversificação de
formas. As superfícies coloridas, planas ou curvas, irradiam um mundo de difração
ótica, criando a impressão de uma imagem submersa e perdida sob uma capa polida.
Em outros, explora o espaço tridimensional com volumes imaginários, cuja
representação total se associa à relação existente entre o objeto e o espectador. O
artista utiliza o brilho da superfície como um recurso adicional para garantir um sentido
de distância formal entre o observador e a obra. O uso da cor acentua a sensação de
separação entre os dois modos de existência no espaço, subverte os elementos
estruturais produzindo ambivalências.
Gilberto Salvador enfrenta, também, as novas abordagens da paisagem urbana com
obras que estabelecem com o espaço não uma relação de contemplação à distância,
mas uma proximidade envolvente. Com seus trabalhos, ele toca a paisagem, faz parte
dela, explora as diferentes proporções do espaço que o espectador experimenta e o
que ele observa. Resgata as possibilidades de significação latentes, ou possíveis de
implementar, buscando, de certa forma, retomar relações primárias do homem com
seu ambiente, que a vida moderna muitas vezes faz desaparecer.
Vistas de longe, ou num olhar casual, as obras transladam elementos essenciais da
pintura, a cor e o plano, para o espaço tridimensional, criando uma tensão permanente
que não se resolve. No significado do objeto está implícita a marca do olhar do
espectador. A indefinição, o alargamento ou a frontalidade de algumas peças podem
ser simplesmente resultado de sua relação visual com a obra.
Ao adotar a grande escala, o artista se expõe ao diálogo com a cidade, com os planos
das ruas, das passarelas, da arquitetura. Não o faz, porém, de forma impositiva; suas
obras convivem harmoniosamente, como mais uma presença neste universo de
imagens a desafiar o olhar. Suas esculturas se movem quase ruidosamente no
espaço, seus planos se afastam angularmente de um lado a outro, abrindo a imagem
abstrata e compacta formada pela vista frontal de modo a incluir fatias do espaço.
Se a origem da arte pública se encontra nos monumentos comemorativos que
marcavam a relação dos indivíduos com determinada história e território comuns, as
obras públicas de Salvador são marcos dos desafios do cotidiano. As cores e a
dispersão no espaço destas grandes obras não aceitam o olhar displicente, instigam e
questionam, ensejando uma participação mais íntima, mais pessoal. Elas estão como
que soltas no ar, a convidarem cada passante a percorrê-las com seu olhar e seu
corpo.
Incitando a uma apreciação que leva em conta tempo e espaços reais, exigindo uma
posição não distanciada, o processo de apreensão da obra se dá no ato mesmo da
visão. Existe nesses trabalhos uma inquietante contradição espacial, possivelmente a
principal responsável pelo interesse suscitado pelos mesmos enquanto obra de arte.
Texto de Maria Amélia Bulhões – pesquisadora do CNPQ, professora e orientadora no Programa de
Pós-graduação em Artes Visuais da UFRGS. Doutora pela USP, com pós-doutorado na Universidade de
Paris I, Sorbonne. Organizadora e co-autora de vários livros, colabora regularmente com revistas
nacionais e internacionais. Membro da Associação Internacional de Crítica de Arte, assessora artistas e
instituições e realiza curadorias no Brasil e no exterior.
Gilberto Salvador
(São Paulo, 1946)
Exposições Individuais
2005 “Rioja”, Multipla Galeria de Arte, São Paulo, SP
2004 “Trajetória / Femina”, Galeria Ricardo Camargo, São Paulo, SP
2001 “O Reino Interior”, Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, SP
2001 “O Reino Interior”, Museu Alfredo Andersen, Curitiba, PR
2001 “Memórias Visuais”, Galeria de Arte Fraletti e Rubbo, Curitiba, PR
2001 “Memórias Visuais”, Art Galeria Mara Dolzan, Campo Grande, MS
2001 “Memórias Visuais”, Prova do Artista, Salvador, BA
1996 “30 Anos de Pintura”, Galeria de Arte Fraletti e Rubbo, Curitiba, PR
1995 “30 Anos de Pintura”, Museu de Arte de São Paulo - MASP, São Paulo, SP
1994 A2 Agência de Arte, São José do Rio Preto, SP
1991 Prova do Artista, Salvador, BA
1989 “Série Moedas”, Dan Galeria, São Paulo, SP
1989 “Lê Cocar Bresilien”, Brasil Inter Art Galerie, Paris, França
1998 “A Guilhotina N’Água”, Galeria Aloisio Cravo, São Paulo, SP
1988 Bolsa de Arte de Porto Alegre, Porto Alegre, RS
1988 Prova do Artista, Salvador, BA
1988 La Galleria, Brasília, DF
1988 “Óde ao Canto da Sereia”, Mary Ortiz Escritório de Arte, São Paulo, SP
1987 Museu Histórico e Cultural de Jundiaí “Solar do Barão”, Jundiaí, SP
1986 Galeria Artenossa, Londrina, PR
1986 “Impulsos”, Dan Galeria, São Paulo, SP
1985 Ulieno Galeria de Arte, Ribeirão Preto, SP
1985 Escritório de Arte da Bahia, Salvador, BA
1985 “História Natural do Homem Segundo Gilberto Salvador”, Museu de Arte de
São Paulo - MASP, São Paulo, SP
1985 Paulo Figueiredo Galeria de Arte, São Paulo, SP
1985 Kraft Escritório de Arte, Porto Alegre, RS
1984 Galeria Suzana Sassoun, São Paulo, SP
1984 Galeria Artenossa, Londrina, PR
1984 Pitanga do Amparo Arquitetura e Arte, São Paulo, SP
1983 Galeria do Sol, São José dos Campos, SP
1983 Galeria Artescultura, São Paulo, SP
1983 A. Ronda Estúdio – Vitrais, São Paulo, SP
1983 AM Niemayer Artinteriores, Rio de Janeiro, RJ
1983 Kraft Escritório de Arte, Porto Alegre, RS
1982 Cades Galeria de Arte, Santos, SP
1982 ELF Galeria de Arte, Belém, PA
1982 “Álbum Cantárida”, Studio Linda Conde, São Paulo, SP
1982 Galeria Paulo Prado, São Paulo, SP
1981 Paulo Figueiredo Galeria de Arte, São Paulo, SP
1980 Galeria Salamandra, Porto Alegre, RS
1980 Galeria Oscar Seraphico, Brasília, DF
1980 Galeria Bonino, Rio de Janeiro, RJ
1979 UFMT - Museu de Arte e de Cultura Popular, Cuiabá, MT
1979 Cades Galeria de Arte, Santos, SP
1979 Galeria Projecta, São Paulo, SP
1978 Galeria Bric a B’Arte, São Paulo, SP
1978 O Cavalete Galeria de Arte, Salvador, BA
1977 Galeria Oscar Seraphico, Brasília, DF
1976 Galeria Arte Global, São Paulo, SP
1975 Galeria Paulo Prado, São Paulo, SP
1966 Artécnica Galeria, São Paulo, SP
1965 Galeria do Teatro de Arena, São Paulo, SP
Exposições Coletivas
2005 “Caderno de Notas - Vlado, 30 anos”, Estação Pinacoteca do Estado de São
Paulo, São Paulo, SP
2005 “Visualidade / Técnicas”, Instituto Cervantes, São Paulo, SP
2004 “Novas Aquisições”, Museu de Arte Brasileira, Fundação Armando Álvares
Penteado - FAAP, São Paulo, SP
2003 -“Parque Escultórico”, Setec – Secretaria de Turismo, Esportes e Cultura, São
Sebastião, SP
2002 “México Imaginário“, Casa das Rosas, São Paulo, SP
2002 “Brazilian Art” , Voltre Galerie, Rio de Janeiro, RJ
2001 “Arte e Tecnologia”, Galeria Visual, Brasília, DF
2001 “Exposições Agosto 2001”, Secretaria da Cultura Governo do Estado do
Paraná, PR
2000 “Coletiva do Milênio”, Bahiarte Galeria de Arte, Londrina, PR
2000 “O Bardi dos Artistas”, Memorial da América Latina, São Paulo, SP
2000 “Arte e Tecnologia”, Museu de Arte de Santa Catarina, Florianópolis, SC
1999 “A Ressacralização da Arte”, Serviço Social do Comércio - SESC Pompéia, SP
1999 “O Gesto Consolidado”, Galeria de Arte Fraletti e Rubbo, Curitiba, PR
1998 Museu de Arte Brasil-Estados Unidos - MABEU, Belém, PA
1998 Bahiarte, Londrina, PR
1995 “Arte em Painéis de Cerâmica”, Casa de Cultura de Santo Amaro, São Paulo,
SP
1994 Espaço Delinea de Arte em Cerâmica, São Paulo, SP
1994 Galeria de Arte Fraletti e Rubbo, Curitiba, PR
1993 “Rodearte”, Barretos, SP
1992 “Brasilian Kunst Art”, Landesbank Galerie, Munique e Stuttgart, Alemanha
1992 “Futebol”, Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, SP
1991 Latin Art Gallerie, Nagoya, Japão
1991 “Artistas Arquitetos”, Museu de Arte de São Paulo - MASP, São Paulo, SP
1991 “Contemporary Brazilian Art”, Fagen-Peterson Fine Art, Inc., Arizona, EUA
1990 “Securit”, Museu da Imagem e do Som - MIS, São Paulo, SP
1989 Barcelona Art Forum - BIAF, Barcelona, Espanha
1989 “Brasilianke Billedrytmer – The Rhytms of Brazilian Art”,
Udstillingsbygningen ved Charlottenborg, Kopenhagen, Dinamarca
1989 “Exposição de Arte Ecológica”, Instituto Histórico e Cultural 500 Cristobão
Colombo, Montevideo, Uruguai
1988 “Os Ritmos e as Formas”, Serviço Social do Comércio – SESC, São Paulo, SP
1988 “Juréia”, Galeria de Arte Sadalla, São Paulo, SP
1988 “100 Anos de Villa Lobos”, Galerie Brasil Inter Art, Paris, França
1987 “18 Contemporâneos”, Dan Galeria, São Paulo, SP
1987 “Paulistas em Brasília”, Museu de Arte de Brasília, Brasília, DF
1987 “A Pintura como Ofício”, Serviço Social do Comércio - SESC Pompéia, São
Paulo, SP
1987 “15 Anos de Exposição de Belas Artes Brasil-Japão”, Fundação Mokiti Okada,
São Paulo, SP
1987 Brasil Inter Art Galerie, Paris, França
1986 Galeria Studio Domus, São Paulo, SP
1986 “Ecologia”, Espaço Cultural Petrobrás, Rio de Janeiro, RJ
1986 “Futebol”, Cidade do México, México
1985 “Destaque da Pintura Contemporânea Brasileira”, Museu de Arte Moderna MAM, São Paulo, SP
1985 “Artistas Brasileiros”, Escritório de Arte da Bahia, Salvador, BA
1983 “Panorama Atual da Arte Brasileira”, Museu de Arte Moderna - MAM, São
Paulo, SP
1983 “Palmeira”, Alberto Bonfiglioli Galeria de Arte, São Paulo, SP
1983 “Releitura”, Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, SP
1983 Kraft Escritório de Arte, Porto Alegre, RS
1983 Babelidus, São Paulo, SP
1983 “Arte na Rua”, Museu de Arte Contemporânea - MAC, São Paulo, SP
1983 Galeria Madison, São Paulo, SP
1982 Paulo Figueiredo Galeria de Arte, São Paulo, SP
1981 “Arquiteto/Arquiteto Plástico”, Museu de Arte Contemporânea -
MAC,
Campinas, SP
1981 “V Exposição de Belas Artes Brasil-Japão”, Fundação Messiânica, São Paulo,
SP
1981 “10 Artistas Brasileños”, Museu de Arte Moderna de Bogotá, Bogotá, Colômbia
1979 “Panorama de Arte Atual Brasileira”, Museu de Arte Moderna de São Paulo –
MAM, São Paulo, SP
1979 Projecta Galeria de Arte, São Paulo, SP
1979 Fundació Joan Miró, Barcelona, Espanha
1979 Galeria de Arte do SESI, São Paulo, SP
1979 “O Desenho como Instrumento”, Pinacoteca do Estado de São Paulo, São
Paulo, SP
1978 “15 Jovenes Artistas del Brasil”, Museu de Arte Moderno de Buenos Aires,
Buenos Aires, Argentina
1978 “15 Jovens Artistas do Brasil”, Museu de Arte Brasileira, Fundação Armando
Álvares Penteado - FAAP, São Paulo, SP
1978 “10 Artistas Jóvenes de San Pablo”, Instituto de Cultura Uruguayo Brasileño ICUB, Montevideo, Uruguai
1978 “10 Artistas Jóvenes de San Pablo”, Centro de Arte Y Letras de Punta Del Este,
Punta del Este, Uruguai
1978 Projecta Galeria de Arte, São Paulo, SP
1977 “Panorama de Arte Atual Brasileira – Desenho e Gravura”, Museu de Arte
Moderna de São Paulo - MAM, São Paulo, SP
1976 “Panorama de Arte Atual Brasileira – Pintura”, Museu de Arte Moderna de São
Paulo – MAM, São Paulo, SP
1976 “Arte Agora I / Brasil 70-75”, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro,RJ
1976 “Arte Brasileira os Anos 60/70 – Coleção Gilberto Chateaubriand”, Museu de
Arte Moderna da Bahia, Salvador, BA / Casarão de João Alfredo, Recife, PE /
Fundação Cultural do Distrito Federal, Brasília, DF
1975 “Arte e Pensamento Ecológico”, Câmara Municipal de São Paulo, Palácio
Anchieta, São Paulo, SP
1969 Paço das Artes, São Paulo, SP
1967 Galeria de Arte do Cine Belas Artes, São Paulo, SP
1966 Galeria do Teatro de Arena, São Paulo, SP
1964 Galeria da Associação Cristã de Moços, São Paulo, SP
Bienais
2005 II Bienal de Arte Internacional de Beijing, Beijing, China
1998 XI Bienal Iberoamericana de Arte, México
1986 II Bienal Internacional de Havana, Havana, Cuba
1983 Bienal Iberoamericana de Arte, México
1979 IV Bienal de San Juan del Grabado Latinoamericano y del Caribe, Instituto de
Cultura Puertorriquenha, San Juan, Porto Rico
1978 I Bienal Latino Americana de São Paulo, Prédio da Bienal, São Paulo, SP
1977 XIV Bienal Internacional de São Paulo, São Paulo, SP
1969 X Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, SP
1967 IX Bienal Internacional de São Paulo, São Paulo, SP
Salões
1992 Salão de Artes de Jundiaí, Jundiaí, SP
1980 III Salão Nacional de Artes Plástica, São Paulo, SP
1980 II Salão Brasileiro de Artes, Fundação Messiânica do Brasil, São Paulo, SP Prêmio Aquisição
1980 I Salão Paulista de Artes Plásticas e Visuais, Fundação Bienal, São Paulo, SP Prêmio Aquisição
1982 V Salão Nacional de Artes Plásticas, Museu de Arte Moderna - MAM, Rio de
Janeiro, RJ - Menção Honrosa
1979 Salão de Arte Contemporânea, São José dos Campos, SP - Prêmio Aquisição
1978 III Salão Nacional de Artes Plásticas, FUNARTE Porto Alegre, Porto Alegre, RS
1976 VII Salão Paulista de Arte Contemporânea, Paço das Artes, São Paulo, SP Menção Honrosa
1975 Salão do Jornal do Brasil, Museu de Arte Moderna - MAM, Rio de Janeiro, RJ
1975 VI Salão Paulista de Arte Contemporânea, Paço das Artes, Secretaria da
Cultura, Ciência e Tecnologia, São Paulo, SP - Menção Honrosa
1975 VIII Salão de Arte Contemporânea – Gravura, Fundação das Artes de São
Caetano do Sul, São Caetano do Sul, SP
1974 IX Salão de Arte Contemporânea de Campinas - Desenho Brasileiro,
Campinas, SP
1970 VI Salão de Arte Contemporânea de Campinas, Museu de Arte Contemporânea
– MAC, Campinas, SP - Prêmio Aquisição
1969 III Salão Jovem de Arte Contemporânea, Museu de Arte Contemporânea MAC-USP, São Paulo, SP
1969 V Salão de Arte Contemporânea de Campinas, Museu de Arte Contemporânea
– MAC, Campinas, SP - Prêmio Aquisição
1968 XVII Salão Paulista de Arte Moderna, São Paulo, SP
1968 Salão de Arte Contemporânea de São Caetano do Sul, São Caetano do Sul,
SP
1968 I Salão de Arte Moderna de Santos, Santos, SP - Prêmio Aquisição
1967 XVI Salão de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, SP
1967 III Salão de Arte Contemporânea de Campinas, Museu de Arte Contemporânea
– MAC, Campinas, SP - Pequena Medalha de Ouro
1967 I Salão Jovem de Arte Contemporânea, Museu de Arte Contemporânea - MACUSP, São Paulo, SP
1966 II Salão de Arte Contemporânea de Campinas, Museu de Arte Contemporânea
– MAC, Campinas, SP
1966 Salão da Época, Porto Alegre, Porto Alegre, RS - Medalha de Ouro
1965 I Salão de Arte Contemporânea de Campinas, Museu de Arte Contemporânea
– MAC, Campinas, SP
Obras em Acervo Público
• Museu da Arte Contemporânea de Brasília, Brasília, DF
• Museu de Arte Brasileira - Fundação Armando Álvares Penteado – MABFAAP, São Paulo, SP
• Museu de Arte Contemporânea de Campinas - MAC, Campinas, SP
• Museu de Arte de São Paulo - MASP, São Paulo, SP
• Museu de Arte Moderna – MAM, São Paulo, SP
• Palácio do Governo do Estado de São Paulo, São Paulo, SP
• Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, SP
• Museu de Arte Contemporânea de Londrina, PR
• Biblioteca Mario de Andrade, SP
• Museu de Arte Contemporânea - MAC-USP, São Paulo, SP
• “Vôo de Xangô”, Companhia Metropolitana de São Paulo – Metro, Estação
Jardim São Paulo, São Paulo, SP
• Painel Cerâmico, Companhia Metropolitana de São Paulo, Largo 13, São
Paulo, SP
• “Oxum Obalá”, Parque Escultórico de São Sebastião, São Sebastião, SP
• “Pendulus”, Engevix Engenharia S.A., Tamboré, SP
• “Manilha Vermelha”, Fundação Instituto de Ensino para Osasco – UNIFIEO,
São Paulo, SP
• Museu de Arte Brasil-Estados Unidos – MABEU, Belém, PA
• Museu de Arte de Santa Catarina, Florianópolis, SC
• Edifício Gilberto Salvador, Construtora Setin, Vila Olímpia, São Paulo, SP
• Serviço Social do Comércio – SESC Vila Mariana e Itaquera
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Reflexões Visuais de Gilberto Salvador abre hoje para visitação