UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO DA
BIODIVERSIDADE
SERGIO RICARDO CARDOSO CIPOLOTTI
COMPOSIÇÃO DOS GRUPOS SOCIAIS DA BALEIA JUBARTE (Megaptera
novaeangliae) E SUA DISTRIBUIÇÃO POR PROFUNDIDADE OBSERVADA A BORDO
DAS EMBARCAÇÕES DE TURISMO, NA PRAIA DO FORTE, BAHIA-BRASIL.
ILHÉUS – BAHIA
2013
i
SERGIO RICARDO CARDOSO CIPOLOTTI
COMPOSIÇÃO DOS GRUPOS SOCIAIS DA BALEIA JUBARTE (Megaptera
novaeangliae) E SUA DISTRIBUIÇÃO POR PROFUNDIDADE OBSERVADA A BORDO
DAS EMBARCAÇÕES DE TURISMO, NA PRAIA DO FORTE, BAHIA-BRASIL.
Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Ecologia e Conservação da
Biodiversidade da Universidade Estadual de Santa Cruz
como parte dos requisitos para obtenção do grau de
Mestre em Ecologia e Conservação da Biodiversidade.
Orientador: Julio Baumgarten
ILHÉUS – BAHIA
2013
ii
C577
Cipolotti, Sergio Ricardo Cardoso.
Composição dos grupos sociais da baleia jubarte
(Megaptera novaeangliae) e sua distribuição por profundidade observada a bordo das embarcações de
turismo, na praia do Forte, Bahia-Brasil / Sergio Ricardo Cardoso Cipolotti. – Ilhéus, BA: UESC, 2013.
x, 49f. : Il.
Orientador: Julio Baumgarten.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual
de Santa Cruz. Programa de Pós-Graduação em
Ecologia e Conservação da Biodiversidade.
Inclui bibliografia.
1. Ecologia animal. 2. Baleia-Jubarte. 3. Animais – Comportamento social. 4. Mamífero – Bahia
- Distribuição geográfica. I. Título.
CDD 591.5
iii
SERGIO RICARDO CARDOSO CIPOLOTTI
COMPOSIÇÃO DOS GRUPOS SOCIAIS DA BALEIA JUBARTE (Megaptera
novaeangliae) E SUA DISTRIBUIÇÃO POR PROFUNDIDADE OBSERVADA A BORDO
DAS EMBARCAÇÕES DE TURISMO, NA PRAIA DO FORTE, BAHIA-BRASIL.
Comissão examinadora:
__________________________
Prof. Dr. Paulo Cézar de Azevedo Simões Lopes - UFSC
__________________________
Prof. Dr. Marcos Rossi Santos - UNIJORGE
__________________________
Prof. Dr. Daniel Danilewicz Schiavon - UESC
__________________________
Prof. Dr. Julio Baumgarten - UESC
Ilhéus, 23 de junho de 2013.
iv
Dedico ao amor e esforço dos meus pais em minha
educação e formação ao longo desta vida.
v
AGRADECIMENTOS
Ao Instituto Baleia Jubarte (IBJ) pelo apoio e possibilidade de realização deste estudo e
desenvolvimento profissional ao longo destes 10 anos. Seria uma tarefa muito difícil poder citar os
nomes de todos que passaram e colaboraram durante todos estes anos no IBJ; colegas de trabalho,
estagiários, eco voluntários e parceiros, agradeço todos imensamente. Mas não poderia de deixar de
citar alguns nomes que foram as principais pessoas que me abriram as portas nesta longa jornada na
conservação das baleias jubarte no Brasil, no qual sou muito grato: Enrico Marcovaldi por todos os
ensinamentos profissionais e grande companheiro de muitas expedições marítimas na companhia
das baleias. Fabio Lima, Clarêncio Baracho, Suzana Más Rosa, Marcia Engel e Roberta Lana Reis e
Luena Fernandes equipe pioneira no início de minhas atividades com o IBJ em Praia do Forte.
À PETROBRAS patrocinadora oficial do Projeto Baleia Jubarte (PBJ) que permitiram a realização
deste estudo desde seu início.
Fundação AVINA que instrumentalizou e possibilitou expandir esta atividade turística ao longo do
litoral da Bahia.
A toda equipe das operadoras de turismo de Praia do Forte: Centro Turístico, Bahia Adventure, Porto
Mar e Praia do Forte Turismo, pela parceria e possibilidade das coletas de dados a bordo de suas
embarcações para desenvolvimento deste trabalho.
Ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade.
Ao Prof. Dr. Julio Baumgarten pela oportunidade e confiança no desenvolvimento deste estudo e
inventivo ao meu retorno a academia.
Aos professores e colegas do PPGECB que contribuíram em minha formação durante todo o
programa.
Ao meu amigo Eric Mazzei pelo auxílio, parceria, apoio e amizade durante todo o processo deste
programa de pós-graduação.
Aos amigos: Leonardo Olenski, Bruna Koti, Cleverson Zapelini, Renata Costa Carvalho, Nara Lina,
Christiano Menezes, por toda ajuda oferecida e principalmente pela amizade.
A Agatha Gil por todo seu carinho e dedicação em nossa jornada diária.
Ao Guilherme Maurutto por todo apoio, ensinamentos e paciência na elaboração dos mapas e
plotagem dos arquivos no ArcGis.
A minha companheira de longa data Rosana Almeida por sempre acreditar e me apoiar, mas
principalmente por superar toda minha ausência durante o tempo em que estava no mar.
Aos familiares e amigos que sempre me apoiaram e me incentivaram neste caminho profissional.
Enfim aos irmãos de sangue Maurão e Lupa, Bi e a todos os amigos de fé, principalmente a um
deles: Marcelo Farinelli que vem lutando pela vida bravamente e dando força a todos a sua volta,
você é o verdadeiro guerreiro e exemplos para todos nós!
Sou muito grato a todos!
vi
Resumo
A população da baleia jubarte, Megaptera novaeangliae, na costa do Brasil vem se
recuperando desde o fim da caça comercial, especificamente na região dos bancos dos
Abrolhos (16° 40’ para 19°30’S, 37°25’ para 39°45’W), considerada como principal área de
reprodução da espécie no Atlântico Sul, mas sua ocorrência vem aumentando ao longo da
costa do nordeste brasileiro. Na Praia do Forte (12°35’S, 37°59’W), litoral norte da Bahia,
desde 2001 o Projeto Baleia Jubarte vem monitorando a ocorrência da espécie e
incentivando o turismo de observação de baleias (Whale Watching), utilizando as
embarcações de turismo como plataforma para coleta de dados científicos. O presente
estudo buscou investigar os padrões de distribuição das baleias jubarte por sua composição
social relacionada com a variável de profundidade durante a estação reprodutiva (julho a
outubro) entre os anos de 2003 a 2012. Foram realizados 633 cruzeiros de turismo, com um
esforço amostral de 1746 horas navegadas, com registro de 988 grupos, totalizando 2236
baleias avistadas neste período. A frequência total dos grupos de baleias observadas foi de
grupos sem filhotes 55% (n= 540); grupos com filhotes 25% (n= 540) e o grupos
competitivos 20% (n= 196). Nas faixas de profundidades inferiores a 40 metros foram
registrados 264 grupos (27%), na faixa de profundidade de 40 a 50 metros foram avistados
519 grupos (52%) e nas faixas de profundidades superiores a 50 metros foram observados
205 grupos (21%). Os resultados das analises estatísticas realizadas com o teste não
paramétrico
Kolmogorov-Smirnov,
que
compara
distribuição
de
duas
amostras
independentes, foram observadas diferenças significativas (p<0,05) entre os grupos com
filhotes do restante dos grupos sociais quando comparados a variável profundidade em sua
distribuição na área de estudo. Foi verificado o aumento de grupos com filhotes ao longo da
estação com maior ocorrência nos meses de setembro e outubro durante os dez anos de
estudo. Para visualização da distribuição espacial da baleia jubarte por grupo social na área
de estudo, foi utilizado o programa ArcMap do pacote de programas da ESRI denominado
ArcGis (versão 9.1). Os resultados deste estudo sugerem uma maior ocorrência de grupos
com filhotes em águas mais rasas quando comparada com os outros grupos sociais,
justificando a importância da pesquisa a bordo nas embarcações de turismo e necessidade
do monitoramento ao longo da costa da Bahia para o início do ordenamento desta atividade.
Palavras chaves: Distribuição, baleia jubarte, composição social, profundidade, Whale
Watching.
vii
Abstract
The humpback whale population, Megaptera novaeangliae, off the coast of Brazil has been
recovering since the end of commercial whaling, specifically in the region of the banks of
Abrolhos (16° 40' to 19° 30'S, 37° 25' to 39° 45'W ), considered as the main breeding area of
the species in the South Atlantic. Furthermore the humpback population growth has
expanded throughout in the Brazilian northeastern coast. In Praia do Forte (12° 35'S, 37°
59'W), north coast of Bahia, the Humpback Whale Project has been monitoring the
occurrence of the species in the region and encouraging whale watching tourism since 2001.
The tour vessels were used as a platform for scientific data collection. The present study
investigated the distribution patterns and habitat use of humpback whales by your
organization related to depth variable during the breeding season (July to October) between
the years 2003-2012. 633 sightseeing cruises were conducted, with a sampling effort of 1746
hours navigated, 988 humpbacks groups recorded, totaling 2236 whales seen in this period.
The whale group frequency was represented by categories: 55% groups without calves (n=
540); groups with calves 25% (n= 540) and 20% competitive groups (n = 196). In depths less
than 50 meters were sighted a total of 264 groups (27%); At a depth of 50 meters were
sighted 519 groups (52%); In depths greater than 50 meters were spotted 205 groups (21%).
The statistical analysis results were performed with the nonparametric Kolmogorov-Smirnov
test which compared the distribution of two independent samples. The results noticed
significant differences (p <0.05) between the groups with calves and the others social groups
by using depth variable. Was identified increases of groups with calves throughout the
breeding season with the highest occurrence in the September and October months after ten
years of study. The spatial distribution of the humpback whale by social group was visualized
in the study area using the software package ArcMap program called ESRI ArcGIS (version
9.1). The study results suggest a higher occurrence of groups with calves in shallower water
when compared to other social groups, justifying the importance of research on tourism
board vessels and the need for monitoring this activity along the coast of Bahia.
Keywords: Distribution, humpback whale, social organization, deep, Whale Watching.
viii
Lista de Tabelas
Tabela 1. Área de estudo com valores de profundidade por km² com a quantidade de
grupos avistados em cada profundidade durante as estações reprodutivas das baleias
jubarte na Praia do Forte, durante os anos de 2003 a 2012.............................................
19
Tabela 2. Dados coletados: n° de dias (cruzeiro); Esforço amostral (h); n° de baleias
avistadas; n° de grupos avistados; SPUE de baleias avistadas; SPUE de grupos avistados
durante os anos de 2003 a 2012, na Praia do Forte.......................................................
24
Tabela 3. Frequência total por composição dos grupos sociais ao longo da estação
reprodutiva e dados (SPUE) divididos em intervalos quinzenais desde o inicio da temporada
15 de julho até 15 de outubro entre os anos de 2003 a 2012, na Praia do
Forte..................................................................................................................................
ix
25
Lista de Figuras
Figura 1 - Área de estudo na Praia do Forte Bahia, Brasil...............................................
17
Figura 2 - Rotas das embarcações de turismo de observação de baleias em Praia do Forte
em anos aleatórios entre 2003 e 2012............................................................................
18
Figura 3 - Área de estudo com destaque as profundidade (Isobatas).............................
19
Figura 4 - Frequência observada da composição dos grupos sociais da baleia jubarte entre
2003 a 2012......................................................................................................................
24
Figura 5 - Frequência observada (SPUE) da composição dos grupos sociais, ao longo das
estações reprodutivas divididos em intervalos quinzenais entre os anos 2003 a
2012..................................................................................................................................
25
Figura 6 - Frequência total de grupos avistados (SPUE) nas diferentes profundidades ao
longo das estações reprodutivas divididos em intervalos quinzenais entre 2003 a
2012..................................................................................................................................
Figura
7
-
Frequência
total
de
grupos
avistados
(SPUE)
entre
2003
2012..................................................................................................................................
26
a
27
Figura 8 - Frequência de grupos avistados ao longo das estações reprodutivas divididos em
intervalos quinzenais entre 2003 a 2012...........................................................................
27
Figura 9 - Composição dos grupos sociais das baleias jubarte e sua distribuição por
profundidade ao longo das estações reprodutivas (julho a outubro) divididos em intervalos
quinzenais durante os anos 2003 a 2012.........................................................................
29
Figura 10 - Composição dos grupos sociais das baleias jubarte e sua distribuição por
profundidade ao longo das estações reprodutivas (julho a outubro) divididos em intervalos
quinzenais durante os anos de 2003 a 2012..................................................................
30
Figura 11 - Frequência total (SPUE) dos grupos sociais observados entre os anos de 2003
a 2012...............................................................................................................................
xi
35
SUMARIO
1. Introdução........................................................................................................................ 12
2. Material e Métodos.......................................................................................................... 17
2.1. Área de Estudo............................................................................................................. 17
2.2. Coleta de Dados........................................................................................................... 20
2.3. Definições...................................................................................................................... 21
2.4. Análises......................................................................................................................... 22
3. Resultados....................................................................................................................... 24
3.1. Análises......................................................................................................................... 31
4. Discussão......................................................................................................................... 32
5. Considerações Finais...................................................................................................... 37
6. Recomendações para Conservação.............................................................................. 38
7. Referências Bibliográficas.............................................................................................. 40
8. Anexos.............................................................................................................................. 45
x
1.
INTRODUÇÃO
A baleia jubarte, Megaptera novaeangliae, é considerada uma espécie cosmopolita
que anualmente realiza longas migrações entre suas áreas de alimentação e reprodução em
altas latitudes e baixas latitudes respectivamente (Dawbin, 1966). A composição dos grupos
sociais das baleias jubarte geralmente se caracteriza por pequenos grupos instáveis tanto
em suas áreas de alimentação e como também em áreas de reprodução (Whitehead, 1983;
Mattila & Clapham, 1994; Clapham,
1996) variando apenas temporariamente estas
afiliações durante a alimentação ou para competição física entre machos que buscam
escoltar as fêmeas durante a estação reprodutiva (Baker & Herman, 1984; Tyack &
Whitehead, 1983; Clapham et al., 1992). Entretanto em áreas de reprodução, a distribuição
das baleias jubarte pode estar relacionada diretamente por sua composição social devido ao
seu estado reprodutivo que caracterizam certos comportamentos específicos em suas
interações sociais (Ersts & Rosenbaum, 2003; Félix & Botero-Acosta, 2011). Pouco
conhecimento se tem sobre os fatores que influenciam a utilização deste habitat pelas
baleias jubarte em suas áreas de inverno (Craig & Herman, 2000).
Nas regiões tropicas é comum ser observada em águas rasas dentro da plataforma
continental (Clapham & Mead, 1999), permanecendo durante todo inverno e primavera
dedicada à reprodução, nascimento e cria dos filhotes durante seus primeiros meses de vida
(whitehead & Moore, 1982). A distribuição da espécie e a preferência de habitat são
determinadas por diferentes combinações espaciais e temporais em uma complexa
interação entre padrões comportamentais, biológicos, físicos e condições ambientais (Ersts
& Rosenbaum, 2003).
A profundidade das águas e distância da costa parecem ser variáveis importantes no
uso do habitat pelas baleias jubarte, como demonstrado em estudos realizados em áreas de
reprodução no Pacífico norte, próximo a “Big Island” no Havai, onde a presença de fêmeas
com filhotes frequentemente foi observada em águas rasas quando comparadas com os
grupos sem filhotes. Sugerindo que tal uso de habitat por grupos com filhote podem estar
associado a evitar possíveis ataques de seus predadores naturais, como também minimizar
o encontro com machos sexualmente ativos (Smultea, 1994). Porém outro estudo também
realizado no Havaí recentemente, no Canal Au'au entre as ilhas de Maui e Lanai, este
padrão de preferência por águas mais rasas por fêmeas com filhotes não foram observados,
sugerindo que as águas rasas e a proximidade da costa podem atribuir outros custos a este
grupo social, como o aumento da interferência humana nas regiões costeiras. Assim fêmeas
com suas crias podem renunciar a proteção da linha de costa e se utilizarem de águas
marítimas mais profundas como estratégias alternativas comportamentais para compensar
tais interações prejudiciais ao desenvolvimento do filhote (Cartwright et al., 2012).
12
No Brasil a população da baleia jubarte utiliza à costa leste e nordeste do litoral para
se reproduzir (Martins et al., 2001; Zerbini et al., 2004; Rossi-Santos et al., 2008; Andriolo et
al., 2010; Wedekin, 2012) migrando para o mar da Scotia próximo as ilhas Geórgia do Sul e
Sanduíche do Sul para se alimentar (Engel et al., 2008; Stevick et al., 2006; Zerbini, 2006),
embora sua distribuição dentro das áreas de alimentação seja menos compreendida até
momento. Historicamente esta população de baleias jubarte que se distribuía próximo às
ilhas Geórgia do Sul, foram alvo da indústria baleeira com um registro impactante de dezoito
mil baleias jubarte caçadas em apenas seis anos, entre o período de 1909 e 1915
(Mackintosh, 1942; IWC 2005). O declínio das populações de baleias jubarte em suas áreas
de
ocorrência
está
diretamente
relacionado
com
esta
matança
indiscriminada,
principalmente durante início do século XX no hemisfério sul (Gambell, 1993). A pressão da
indústria baleeira quase dizimou a espécie reduzindo sua população a 10% do tamanho total
quando comparada aos níveis pré-exploratórios a caça comercial nestas regiões (Findlay,
2000).
Devido à drástica diminuição destas populações de baleias em 1946 foi criada a
Comissão Internacional Baleeira/Internacional Whaling Commission (CIB/IWC) um órgão
intergovernamental global encarregado da conservação das baleias e da gestão da caça à
baleia, criado no âmbito da Convenção Internacional para a regulação da atividade baleeira,
proibindo em 1966 à caça as baleias jubarte. Em 1986, a Comissão apresentou o limite zero
de captura para a caça comercial das baleias internacionalmente. Esta disposição ainda é
aceita, embora a Comissão continue a definir limites de captura para a caça aborígene de
subsistência e caça científica. No Brasil a caça foi proibida pela legislação federal n° 7643
em dezembro de 1987, que proíbe a pesca, ou qualquer forma de molestamento intencional,
de toda espécie de cetáceo nas águas jurisdicionais brasileiras.
Após o fim do período da caça comercial os estudos sistemáticos com as baleias
jubarte na costa do Brasil passaram a ser prioridade através de investigações científicas
com a criação do Projeto Baleia Jubarte (PBJ) em 1988, iniciando os primeiros estudos com
a espécie pós caça na região do banco dos Abrolhos, impulsionado pela implantação do
Parque Nacional Marinhos dos Abrolhos na região (IBAMA/ NEMA, 1990). O Banco dos
Abrolhos (16° 40’ para 19°30’S, 37°25’ para 39°45’W) é considerado a maior área de
concentração de baleia jubarte em sua área de reprodução no atlântico sul (Martins et al.,
2004; Zerbini et al., 2004; Andriolo et al., 2006).
De acordo com estimativas populacionais recentes o tamanho populacional da baleia
jubarte em águas brasileiras tem aumentado desde que a caça foi proibida (Freitas et al.,
2004; Andriolo et al., 2006, 2010; Martins et al., 2013; Wedekin, 2012). Consequentemente a
observação destes animais está se tornando cada vez mais frequentes ao longo da costa do
13
nordeste do Brasil (Rossi-Santos et al., 2008), uma vez que, a espécie está reocupando
antigas áreas de reprodução, provavelmente utilizadas anteriormente ao início da caça
(Mas-Rosa et al., 2002; Zerbini et al., 2004). A reocupação dessas áreas e o conhecimento
de sua ocorrência estimularam, nos últimos anos, o interesse pelo desenvolvimento do
turismo de observação de baleias, evidenciado pelo recente crescimento desta atividade ao
longo do litoral da Bahia (Cipolotti et al., 2005).
O Whale Watching (WW), definido como a atividade comercial para observação de
baleias, golfinhos ou botos, compreendidos por cetáceos, em seu ambiente natural vem
crescendo rapidamente (IFAW, 1996). Somente no ano de 2008 mais de 13 milhões de
pessoas em 119 países realizaram esta atividade (O'Connor et al., 2009). Este crescimento
acelerado do turismo para observação de baleias nas últimas décadas vem expondo as
espécies de ocorrência costeiras a uma maior pressão pelo aumento das embarcações de
turismo (Lusseau, 2006). Estudos realizados com outros cetáceos sugerem que em locais
de grande fluxo de embarcações de turismo, dependendo do tempo de permanência das
embarcações junto aos grupos das espécies observadas, demonstraram que os encontros
repetidos com o mesmo indivíduo tendem a reagir com mudanças de comportamentos ou
até evitar a proximidade do barco (Lusseau, 2004). Entretanto se um número maior de
indivíduos for afetado por tais perturbações poderá haver alterações nocivas ao sucesso
reprodutivo em longo prazo e na distribuição ou acesso ao seu habitat preferido (Higham &
Lusseau, 2006).
Com as baleias de barbatanas, Mysticeti, tais efeitos a longo prazo são atualmente
pouco conhecidos. Oportunidades para incrementar os estudos com as grandes baleias são
as próprias embarcações de turismo utilizadas como plataformas de pesquisa. Desde
meados da década de 70, na Nova Inglaterra (EUA). Diversos estudos foram desenvolvidos
com as populações de baleias, inclusive a baleia jubarte, utilizando esta plataforma de
turismo para geração de conhecimentos científicos que auxiliaram nas estratégias de
conservação locais (Weinrich & Corbelli, 2009). Desde 2000, o desenvolvimento de
pesquisas científicas sistemáticas com as baleias jubarte na região do litoral Norte da Bahia
foi iniciado com a implantação de uma nova base do Projeto Baleia Jubarte, que
estabeleceu parcerias com operadoras de turismo para incentivar e acompanhar o turismo
de observação de baleias. Estas parcerias possibilitaram iniciar as coletas de informações a
bordo das embarcações de turismo como plataforma para a geração de conhecimento
científico sobre a baleia jubarte na localidade.
14
Diversos estudos sobre comportamento e distribuição da baleia jubarte na costa do
Brasil tem utilizado o banco dos Abrolhos como principal área de investigação devido à
grande concentração da espécie (Martins et al., 2001; Zerbini et al., 2004; Adriolo et al.,
2006; Wdekin et al., 2010) e por sua importância estratégica para a conservação dos
ambientes marinhos dentro do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos (Engel et al., 1996;
Morete et al., 2007; Wedekin, 2012; Martins et al., 2013). Com o aumento da ocorrência das
baleias jubarte ao longo da costa do nordeste (Zerbini et al., 2004; Rossi-Santos et al., 2008)
é preciso intensificar os estudos nestas recentes áreas para compreender melhor sua
distribuição espacial e identificar localidades que requerem esforços contínuos de
conservação (Martins et al., 2013).
Para algumas espécies, incluindo a baleia jubarte, a seleção de habitat e distribuição
temporal em áreas de reprodução é impulsionada mais pelo acesso a membros da mesma
espécie do que por disponibilidade de recursos (Clapham, 1996). O comportamento social
durante estes períodos é altamente dependente da estratégia de acasalamento da espécie
(Emlen & Oring, 1977). Quando o fator presa não interfere nesta distribuição das baleias nas
estações reprodutivas, as atividades sociais devem estar relacionadas com outras variáveis:
como a procura de um parceiro reprodutivo e os cuidados com o filhote logo após seu
nascimento (Wedekin, 2012). A variação temporal na distribuição das baleias jubarte em
sua área de reprodução pode ter relação às diferentes categorias reprodutivas, razão sexual
e idade das baleias durante o processo reprodutivo (Dawbin, 1966; Sekiguchi & Findlay,
1995). O fato é que estas características por preferência de habitat em águas tropicais ainda
se encontram pouco conhecidas (Ersts & Rosenbaum, 2003).
Um estudo realizado com a distribuição de 11 espécies de cetáceos na costa leste
do Canadá avaliou os diferentes parâmetros espaciais e temporais como profundidade,
declive, temperatura da superfície do mar e
do período do ano. Os resultados
demonstraram que a profundidade foi a variável mais informativa para este estudo, seguido
da temperatura superficial da água e periodo do ano (Hooker et al., 1999). Uma pesquisa
realizada na costa da América Central, com outra população de baleia jubarte identificou
que a temperatura da água pode ser um fator seletivo para a realizações das migrações da
espécie (Rasmussen et al., 2007). Levando em consideração todos estes aspectos citados é
evidente a importância de novos estudos para determinar todas as variáveis quem
influenciam o uso e a preferência de habitat pelas baleias jubarte em suas áreas de
reprodução, assumindo a especificidade de cada região.
15
A costa da Bahia compreende uma faixa litorânea de mais de mil quilômetros com
diferentes características ambientais e de grande diversidade biológica, tornando-se
imprescindível ampliar as áreas de estudo para poder obter informações sobre a distribuição
e uso de habitat pela baleia jubarte nesta área de reprodução. O presente trabalho
pretender caracterizar a composição dos grupos sociais das baleias jubarte e sua
distribuição espacial em relação à profundidade, analisando as variações sazonais desta
população ao longo das estações reprodutivas na Praia do Forte, litoral norte da Bahia,
observada a bordo das embarcações de turismo utilizadas como plataformas de pesquisa
entre os anos de 2003 a 2012.
16
2. MATERIAS E MÉTODOS
2.1.
Área de Estudo
A Praia do Forte a antiga vila de pescadores tornou-se um destino turístico
internacional, localizada a 55 km ao norte da capital do estado, Salvador. Caracterizada por
uma faixa litorânea de águas quentes e claras com presença recifes de corais, considerada
como principal área de desova de algumas espécies de tartarugas marinhas no Brasil
(Marcovaldi & Laurent, 1996). O porto de Praia do Forte (12°35’S, 37°59’W), na costa do
litoral norte da Bahia, é o ponto de saída das embarcações de turismo da região para
realização dos cruzeiros para observação das baleias jubarte (Figura 1). A bordo das
embarcações de turismo foram realizadas as coletas de dados para o presente estudo entre
os anos de 2003 a 2012, durante os meses de julho a outubro, período correspondente à
temporada reprodutiva da baleia jubarte no hemisfério Sul.
Figura 1. Área de estudo na Praia do Forte Bahia, Brasil.
A área de estudo corresponde a uma linha paralela a costa de aproximadamente 30
km de extensão, entre o limite norte Porto, de Sauipe (12º 50’) e o limite sul, Guarajuba (12º
60’), e possui como principal característica uma plataforma continental estreita, cuja
extensão corresponde a aproximadamente 15 km da linha da costa para o oceano inserida
dentro da Área de Proteção Ambiental da Plataforma Continental do Litoral Norte da Bahia
(Decreto Estadual 8.553 em 5 de junho 2003). A média de profundidade ao longo da
plataforma é de 50 metros (DHN,1995).
17
A área delimitada ao estudo apresentou um recorte específico devido às rotas
realizadas pelas embarcações de turismo que seguiam um padrão de cruzeiro específico,
isto é, tendiam a se distanciar em uma linha reta da costa até atingirem distancia máxima
de 15km e, posteriormente, navegavam para o sul ou norte conforme as condições de
ventos favoráveis e interrompiam esta rota quando algum grupo de baleia era avistada.
Após aproximação do grupo de baleias e encerrar a avistagem junto ao grupo de baleia,
muitas vezes a embarcação já assumia a rota de retorno traçando uma reta até Porto de
Praia do Forte (Figura 2).
Figura 2 - Rotas das embarcações de turismo de observação de baleias em Praia
do Forte em anos aleatórios entre 2003 e 2012.
Área de estudo está delimitada pelas linhas isobatimétricas de profundidade mínima
de 10 metros a máxima superior a 400 metros. Tais profundidades assumem diferentes
porcentagens dentro da área de estudo (Figura 3) de 10 a 20 metros (3%); entre 20 a 30
metros (12%); entre 30 a 40 metros (11%); entre 40 a 50 metros (37%); de 50 até 70 metros
(3%); > que 400 metros (16%), o restante das profundidades representaram 1% a 2% de
toda a área amostrada de aproximadamente 475km² (Tabela1).
18
Figura 3. Área de estudo com destaque as faixas de profundidade (Isobatas).
Tabela 1. Área de estudo com valores de profundidade por km² com a quantidade de grupos
avistados em cada profundidade durante as estações reprodutivas das baleias jubarte na
Praia do Forte, durante os anos de 2003 a 2012.
Profundidades
Área Km²
N° Grupos Avistados
0-10
10-20
20-30
30-40
40-50
50-60
60-70
70-80
80-90
90-100
100-200
200-300
300-400
Mais de 400
5,04
16,50
58,41
53,42
174,02
15,59
13,11
10,48
10,95
10,59
10,92
10,54
11,10
75,15
4
21
119
120
519
44
41
28
28
24
6
6
7
21
TOTAL
475,88
988
19
Durante os 10 anos de coleta de dados a bordo das embarcações de turismo foram
utilizadas barcos do tipo escuna, variando entre 15 e 18 metros de comprimento, com casco
de madeira e motor a diesel 250hp de centro, com capacidade de 30 a 50 pessoas. A
velocidade média das embarcações de turismo durante os cruzeiros foi de 6 a 8 nós. As
embarcações realizavam saídas diárias entre 10 e 11horas da manhã, permanecendo de 3
a 4 horas no mar, realizando somente um cruzeiro por dia. Os cruzeiros de turismo só foram
realizados quando as condições meteorológicas eram favoráveis para tal atividade,
avaliando as condições do mar na escala Beaufort (< 5), ventos inferiores a 16 nós e
ausência de chuva forte. Outro fator que inviabilizava a realização de saídas diárias era a
ausência de turistas nesta operação.
2.2.
Coleta de dados
A coleta de dados científicos a bordo das embarcações de turismo seguiu o protocolo
de pesquisa produzido pelo Projeto Baleia Jubarte utilizando fichas de campo específicas
(anexo). Anteriormente ao embarque eram registradas as condições ambientais como:
velocidade e direção do vento, cobertura do céu, visibilidade, para posteriormente iniciar o
cruzeiro abrindo a amostragem com no mínimo dois observadores assumindo as devidas
posições na proa da embarcação cobrindo um campo visual de 180° a sua frente para
possível observação de algum grupo de baleias. Em caso de chuva ou vento forte que
prejudicasse a visibilidade, a amostragem era encerrada. Para medir a velocidade do vento,
foi utilizado o anemômetro de mão.
A avistagem de um grupo de baleias é possível quando a baleia realiza algum dos
seus diversos comportamentos na superfície da água, ou mesmo projetando parte de seu
corpo para fora da água, como por exemplo o borrifo, o salto, a exposição da nadadeira
caudal entre outros (Engel et al., 1996). Ao avistar um grupo de baleias pelos observadores
de bordo, a embarcação interrompia sua rota de navegação e iniciava a tentativa de
aproximação junto ao grupo avistado respeitando as normas de avistagem (PORTARIA
IBAMA N0 117/96, alterada em 2002), que determina a distância mínima da embarcação a
100m da baleia, com motor permanecendo em neutro obedecendo o limite máximo de 30
minutos de permanência com o grupo de baleia após a aproximação. No momento da
aproximação foram registradas através do sistema de coordenadas geográficas (WGS 1984)
a posição das baleias com a utilização do GPS (Garmin E-trex).
20
Durante a aproximação foi observado e registrado o número total de indivíduos, sua
composição social, os comportamentos realizados antes e durante a aproximação e, quando
possível, foi realizada a foto identificação. Os grupos em que não houve a aproximação da
embarcação, ou o tempo de observação foi insuficiente para os observadores determinarem
sua composição social os dados não foram considerados neste estudo, o mesmo ocorrendo
quando as duas embarcações se aproximavam simultaneamente do mesmo grupo.
A distância máxima de 100m entre a embarcação e o grupo de baleias foi
determinada com o auxilio do equipamento ranger finder (Bushnell - Elite 1500), que indica
com precisão a distância entre o barco e a baleia, focando em sua região dorsal no
momento de sua respiração acima da superfície da água.
No presente estudo foram consideradas somente as coordenadas geográficas
iniciais referentes
a posição onde os grupos de baleias foram avistados e ocorreu a
aproximação. O tempo de navegação foi registrado em horas, representado pelo esforço
amostral, ou seja, tempo em que os observadores de bordo estavam em sua posições para
avistar as baleias durante toda a navegação até atracarem no porto. Por fim, os dados
coletados a bordo das embarcações eram digitalizados, armazenados no banco de dados
do PBJ e arquivadas por ano de coleta e operadora turística.
2.3.
Definições
Um grupo de baleias foi definido por afiliações de baleias dentro de uma distância de
100m um do outro indivíduo com todos os membros se movimentando na mesma direção
(Mobley & Herman, 1985).
O registro da composição social dos grupos avistados para este estudo obedeceu às
seguintes classificações: uma baleia adulta (Solitário); duas baleias adultas (Dupla), três
baleias adultas (TRIO); Fêmea com Filhote (FeFi); Fêmea com Filhote e um Adulto
acompanhando (FeFi Ep); Fêmea com Filhote com mais de um Adulto acompanhando (FeFi
N). Um filhote foi definido como um animal próximo de outra baleia, visualmente estimada
em menos de 50% do comprimento do animal que o acompanha (Chittleborough 1965,
Clapham 2000, Morete et al. 2003) e, presumivelmente, nascido durante a atual temporada.
Todas as baleias que não apresentavam as características citadas acima foram
desconsideradas.
21
Entre as diferentes composições sociais, será considerada também a característica
do Grupo Competitivo (GC), como grupos contendo múltiplos machos maduros competindo
por acesso sexual a uma fêmea madura. Estes grupos são altamente ativos, apresentando
uma grande variedade de comportamentos aéreos, e uma alta taxa de afiliações e
desfiliações de indivíduos. Podem ou não conter filhotes, embora a presença dos mesmos
seja menos freqüente (Tyack & Whitehead, 1983).
Para as analises de comparação foi estabelecido que todos os grupos contendo FeFi
+ FeFi Ep + FeFi N seriam agrupados em uma mesma categoria: grupo com filhotes (C Fi);
os grupos contendo animais solitários ou duplas foram agrupados como: grupo sem filhotes
(S Fi); e grupos com mais de 02 baleias e apresentando comportamentos ativos foram
agrupados como: grupo competitivo (GC).
2.4.
Análises
Foi utilizado o Sistema de Informação Geográficas (SIG) para esta área de estudo
servindo de base para as análises espaciais realizadas pelo programa ArcMap do pacote de
programas da ESRI denominado ArcGis (versão 9.1). Uma carta náutica digitalizada da
costa brasileira foi utilizada para plotagem dos pontos de avistagens de baleias. Também
sobreposta a esta carta náutica, foi utilizada uma imagem digitalizada e georeferenciada
(GERCO 2008) que definiu as linhas de profundidades paralelas a costa, variando entre
escalas de profundidade 10 em 10 metros até atingirem 100m de profundidade,
posteriormente variando entre as linhas isobatrimetricas 200, 300, 400 e mais de 400 metros
(Figura 3), onde foram plotados os dados coletados da posição geográfica do grupos de
baleias observados durante todo o estudo.
Os valores de avistagem por unidade de esforço (SPUE- Sightings per Unit of Effort)
foram calculados entre os anos de 2003 a 2012, utilizando o número de grupos avistados
dividido pelo o esforço em horas navegadas (esforço amostral), caracterizados pela sua
composição social, e número de baleias avistadas posteriormente. Esta analise foi realizada
para comparações entre variações sazonais e anuais dos grupos observados nas diferentes
profundidades ao longo dos 10 anos de estudo. Tal método (SPUE) é utilizado para
unificação das informações relacionadas ao esforço de amostragem com o que se quer
analisar ao longo das estações reprodutivas.
22
Foi realizado o teste estatístico não paramétrico Kolmogorov-Smirnov (K-S) para
comparar a concordância entre a composição dos grupos sociais (C Fi; S Fi; GC) e sua
distribuição por profundidade. Este modelo é utilizado para testar a hipótese H0 de que duas
distribuições da mesma população são aleatórias, caso os resultados desta distribuição for
significativos (p<0,05) se rejeita esta hipótese H0.
A distribuição teórica acumulada sob H0 é representada por F0(x) e a distribuição de
frequência dos valores amostrais por Sn(x). Como a H0 supõe que a amostra tenha sido
obtida da distribuição de F0(x) é razoável esperar que, para cada valor de x, Sn(x) esteja
próximo de F0(x), isto é, sob H0, espera-se que as diferenças entre Sn(x) e F0(x) sejam
pequenas. O teste K-S toma maior destas diferenças em módulo que é denominada de
desvio máximo e é anotada por D, assim D=[F0(x) - Sn(x)].
Para esta analise foi usado o software livre “R” versão 2.15.1 (R Development Core Team)
para rodar o teste Kolmogorov- Smirnov.
23
3. RESULTADOS
Durante as dez temporadas reprodutivas da baleia jubarte, entre os anos de 2003 a
2012, a bordo das embarcações de turismo na Praia do Forte foram realizados 633
cruzeiros; com um esforço amostral de 1746 horas; com registro de 988 grupos; totalizando
2236 baleias avistadas neste período (Tabela 2), na qual 252 eram grupos com filhotes. A
frequência dos grupos de baleias representados por categoria foram 25,5% SOLITARIO
(n=252); 29% DUPLA (n=288); 8,3% TRIO (n=81); 11,7% GC (n=115); 15,3% FeFi (n=151);
8,1% FeFi Ep (n=80); 2,1% FeFi N (n=21) (Figura 4). A predominância de grupos Sem
Filhotes (S Fi n= 540) foi de 55%; seguida dos grupos com filhotes (C Fi n= 252) com 25%;
grupo competitivo (GC n= 196) representado 20% dos grupos observados
Tabela 2. Dados coletados: n° de dias (cruzeiro); Esforço amostral (h); n° de baleias
avistadas; n° de grupos avistados; SPUE de baleias avistadas; SPUE de grupos avistados
durante os anos de 2003 a 2012, em Praia do Forte.
Parâmetros
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
TOTAL
N° dias
45
41
51
56
73
78
82
56
59
92
633
Esforço
amostral
(h)
140,5
148,2
178,4
172,9
221,4
186,4
218,7
151,2
117,3
211
1746
baleias
avistadas
191
201
200
206
242
266
262
178
186
304
2236
grupos
avistados
87
92
92
105
120
113
116
74
73
116
988
SPUE por
baleias
SPUE por
grupo
1,35
1,35
1,12
1,19
1,1
1,42
1,2
1,18
1,58
1,44
-
0,61
0,62
0,51
0,61
0,54
0,6
0,53
0,49
0,62
0,55
-
Figura 4. Frequência observada da composição dos grupos sociais da baleia jubarte
entre 2003 a 2012.
24
O número de avistagens dos grupos de baleias pela unidade de esforço (SPUE),
durante os 10 anos de estudo, foram divididos em intervalos quinzenais durante toda a
estação reprodutiva (4 meses) registrados a partir do primeiro dia de cruzeiro iniciados no
dia 15 de julho, até o ultimo dia de observação por temporada no dia 15 de outubro em
todos os anos de estudo (Tabela 3). Os resultados indicaram o pico de ocorrência de grupos
com filhotes (C Fi) nos meses de setembro e outubro, e diminuição de frequência dos
grupos sem filhotes (S Fi) e grupo competitivo (GC) ao final das estações reprodutivas,
quando comparadas ao início da temporada (Figura 5).
Tabela 3. Frequência total por composição dos grupos sociais ao longo da estação
reprodutiva e dados (SPUE) divididos em intervalos quinzenais desde o inicio da temporada
15 de julho até 15 de outubro entre os anos de 2003 a 2012, na Praia do Forte.
15 a 31 Jul
1 a 15 Ago
16 a 31 Ago
1 a 15 Set
16 a 30 Set
1 a 15 Out
TOTAL
C Fi
16
34
39
53
64
46
252
SPUE
0,04
0,13
0,12
0,2
0,2
0,19
S Fi
140
108
122
59
69
42
540
SPUE
0,4
0,4
0,38
0,22
0,22
0,18
GC
51
31
46
27
28
13
196
SPUE
0,15
0,11
0,14
0,1
0,09
0,05
Esforço(h)
348,6
268,6
317
261,2
316,2
235
1746,6
Figura 5. Frequência observada (SPUE) da composição dos grupos sociais ao longo
das estações reprodutivas divididos em intervalos quinzenais entre 2003 a 2012.
25
A relação entre a frequência dos grupos nas diferentes profundidades também
apresentou uma variação dependo da estrutura dos grupos sociais e período da estação
reprodutiva. O aumento dos grupos em profundidades menores que 50 metros foram
observados ao final das estações reprodutivas e inversamente ocorreu com os grupos de
baleias nas profundidades de maiores que 50 metros quando comparadas ao início da
estação. Na faixa de profundidade de 40 a 50 metros ocorreu à maior concentração dos
grupos avistados durante todo o período de observação (Figura 6).
Figura 6. Frequência total de grupos avistados (SPUE) nas diferentes profundidades
ao longo das estações reprodutivas divididos em intervalos quinzenais entre 2003 a
2012.
O total de grupos de baleias avistadas em faixas de profundidades inferiores a 40
metros foram de 264 grupos (27%), dos quais 107 grupos com filhotes; na faixa de
profundidade de 40 a 50 metros foram avistados 519 grupos (52%), dos quais 109 grupos
com filhotes; na faixa de profundidade superior a 50 metros foram avistados 205 grupos
(21%), dos quais 37 grupos com filhotes.
26
Analisando as frequências totais dos grupos de baleias avistadas durante todos os
anos, verifica-se uma pequena variação anual destes picos desde 2003 até 2012 (Figura 7).
Figura 7. Frequência total de grupos avistados (SPUE) entre 2003 a 2012.
Dividindo os períodos reprodutivos de baleias avistadas divididos em intervalos
quinzenais observados durante estes 10 anos verifica-se o aumento gradual do pico de
avistagem iniciado em 15 de julho, crescendo durante a primeira quinzena no mês de agosto
atingindo o seu maior índice na segunda quinzena de agosto. Posteriormente ocorreu uma
ligeira queda na primeira quinzena de setembro, e retornando a crescer na segunda
quinzena, e logo baixando esta frequência na primeira quinzena de outubro, caracterizada
pelo final da temporada reprodutiva da baleia jubarte na região (Figura 8).
Figura 8. Frequência de grupos avistados ao longo das estações reprodutivas
divididos em intervalos quinzenais entre 2003 a 2012.
27
A variação da densidade destes grupos sociais a cada quinzena ao longo da
temporada reprodutiva nas diferentes profundidades pode ser visualizada nos mapas com a
distribuição espacial, principalmente quando observada as flutuações dos grupos com
filhotes (C Fi) comparados com os grupos competitivos (GC) (Figura 9 e 10).
28
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
(F)
(G)
(H)
(I)
Figura 9. Composição dos grupos sociais das baleias jubarte e sua distribuição por
profundidade ao longo das estações reprodutivas (julho a outubro) divididos em intervalos
quinzenais durante os anos de 2003 a 2012: de 15 a 31 de Julho - (A)Grupo Com Filhotes (C
Fi), (B)Grupo Competitivo (GC), (C)Grupo Sem Filhote (S Fi); de 01 a 15 de Agosto
(D)Grupo Com Filhotes (C Fi), (E)Grupo Competitivo (Gc), (F)Grupo Sem Filhote (S Fi); de 16
a 31 de Agosto - (G) - Grupo Com Filhotes (C Fi), (H)Grupo Competitivo (Gc), (I)Grupo Sem
Filhote (S Fi);
29
(J)
(K)
(L)
(M)
(N)
(O)
(P)
(Q)
(R)
Figura 10. Composição dos grupos sociais das baleias jubarte e sua distribuição por profundidade
ao longo das estações reprodutivas (julho a outubro) divididos em intervalos quinzenais durante os
anos de 2003 a 2012: de 01 a 15 de Setembro - (J)Grupo Com Filhotes (C Fi) (K)Grupo Competitivo
(Gc); (L)Grupo Sem Filhote (S Fi); de 16 a 30 de Setembro - (M)Grupo Com Filhotes (C Fi); (N)Grupo
Competitivo (Gc); (O)Grupo Sem Filhote (S Fi); de 01 a 15 de Outubro - (P)Grupo Com Filhotes (C
Fi); (Q)Grupo Competitivo (Gc); (R)Grupo Sem Filhote (S Fi).
30
3.1.
ANÁLISES
Os resultados realizados através do teste Kolmogorov-Smirrnov para analisar a
concordância da composição dos grupos sociais das baleias jubarte (C Fi; S Fi; GC) e sua
distribuição por profundidade variou significativamente quando comparado os grupos com
filhotes com os restantes dos grupos analisados.
Grupos com filhotes (C Fi) quando comparado com grupos sem filhotes (S Fi) na
diferentes faixas de profundidade houve uma variação significativa (D = 0.2077, p-value =
7.315e-07) de ocorrência de um grupo para outro; Grupo com filhotes (C Fi) comparando
com o grupo competitivo (GC) também foi significativa (D = 0.2887, pvalue= 3.847e-06);
comparando
grupo
sem
filhotes
(S
Fi)
e
grupo
competitivo
(GC)
não
variou
significativamente (D = 0.0878, p-value = 0.4582) a ocorrência dos grupos pelas faixas de
profundidade.
Com estes resultados se rejeita a hipótese H0, que a composição dos grupos sociais
das baleias jubarte e sua distribuição por profundidade em suas áreas de reprodução em
Praia do Forte sejam aleatórias.
31
4. DISCUSSÃO
Os resultados obtidos através da plataforma de oportunidade proporcionada pelas
embarcações de turismo para observação de baleias na Praia do Forte no periodo de 2003
a 2012 indicam que as diferentes composições dos grupos sociais das baleias jubarte ao
que se referente ao uso de habitat em suas áreas de reprodução podem ser influênciadas
pelas faixas de profundidade na distribuição das baleias e periodo da estação,
principalmente para os grupos com fêmeas com filhotes. Grupos contendo filhotes (C Fi)
apresentaram diferenças significativas quando comparados à distribuição por profundidade
com os grupos sem filhotes (S Fi) e principalmente com os grupos competitivos (CG). Tais
diferenças provavelmente deve-se ao fato dos grupos de femeas com filhotes utilizarem
águas mais rasas e calmas como ambiente propício para amamentar e proteger suas crias
contra os possíveis predadores naturais, e como também evitar o assédio dos machos em
periodos reprodutivos (Craig et al., 2002).
A distribuição das baleias jubarte na área de estudo e as variações de sua ocorrência
por profundidade está diretamente relacionada com a composição dos grupos sociais e dos
diferentes períodos durante a estação reprodutiva. Estas informações corroboram estudos
anteriores realizados sobre padrões de distribuição das baleias jubarte em outras áreas de
reprodução ao redor do mundo
(Mattila & Clapham, 1994; Smultea, 1994; Mobley &
Herman, 1985; Ersts & Rosenbaum, 2003; Rossi-Santos et al., 2008). Os resultados obtidos
neste estudo também reforçam as informações que as baleias jubarte estão se tornando
frequentes ao longo do litoral norte da Bahia (Zerbini et al., 2004; Rossi-Santos et al., 2008)
mantendo um porcentual de avistamento constantes ao longo dos anos com pequenas
variações anuais observadas na Praia do Forte durante 10 anos (Figura 7).
Estudos realizados anteriormente no extremo sul da Bahia, próximo ao arquipélago
de Abrolhos, ressaltaram uma maior ocorrência dos grupos de fêmeas com filhotes em
águas mais rasas, quando comparado com outros grupos sociais (Martins et al., 2001;
Morete et al., 2003). Interessante observar que os animais solitários e aos pares foram os
grupos mais frequentemente observados em ambas as áreas, porém o número de grupos
com filhotes representaram mais de 50 % de sua predominância em Abrolhos (Morete et al.,
2007), constratando com os 25% de grupos com filhotes registrados em nosso estudo. Os
mesmos autores sugerem que esta estrutura é uma caracterização social típica de áreas de
reprodução das baleias jubarte, registrando também uma maior frequência do avistamento
de grupos contendo filhotes ao final das estações reprodutivas.
32
As diferenças entre alguns padrões de distribuição e concentração dos diferentes
grupos sociais quando comparada aos estudos realizados no entorno do arquipelago dos
Abrolhos, sugerem que a distribuição e uso deste habitat na costa do nordeste do Brasil
contêm outros fatores que podem influenciar tais processos. Em vista disso, Morete et al.,
(2007) sugerem que a
presença dos recifes de corais entorno do arquipélago
provavelmente promove a proteção para os grupos com filhotes, que difere
muito das
caracteristicas do litoral norte da Bahia que possue um plataforma continental muita estreita
e continua, apresentando outras possíveis dinâmicas de movimentações de passagem
deste animais ou caracterizadas por áreas mais extensas utilizadas por fêmeas com filhotes
ao longo desta costa (Rossi-Santos et al., 2008).
O estudo realizado entre os anos de 2000 a 2006 na mesma área por Rossi e
colabordores também demonstrou uma tendência nas composições dos grupos sociais com
grande parte dos avistamentos registrados entre as profundidades de 35 a 55 metros e a
concentração de grupos com filhotes ao longo da estação com a taxa de 15%
aproximadamente quando comparado com as outras composições dos grupos sociais da
baleia jubarte. Neste presente estudo os grupos com filhotes apresentou um crescimento de
10% quando comparado com o estudo anterior, sugerindo aumento significativo de
nascimento nos ultimos anos nesta mesma área. Porém deve-se ressaltar que a
comparação entre os estudos realizados na região tende a apresentar uma diferença em
sua metodologia de amostragem, onde o estudo realizado anteriormente foi utilizado uma
plataforma específica com cruzeiros de pesquisa, e nosso estudo utilizou
a plataforma
oportunistica das embarcações de turismo. De qualquer maneira tais resultados sugerem o
aumento de grupos com filhotes ao longo dos anos e principalmente reforça a importância
desta atividade turistica na geração de conhecimento científico e monitoramento desta
população ao longo da costa.
Considerando que a área de estudo está inserida dentro de uma Unidade de
Conservação (APA), a caracterização da ocorrência e distribuição das baleias jubarte
observada neste estudo deve fornecer conhecimentos específicos para determinar as áreas
que devem ser prioridade de conservação. Modelos de distribuição de habitat têm sido
desenvolvidos para definir os limites de áreas marinhas protegidas (Cañadas et al., 2005).
Padrões de distribuição muitas vezes apresentam uma estrutura hierárquica, e estes
modelos podem, portanto, proporcionar uma poderosa ferramenta para avaliar áreas de alta
densidade dentro de áreas marinhas protegidas, e para determinar quais fatores influênciam
a distribuição (Redfern et al., 2006).
33
Os mamíferos marinhos, especialmente as baleias que são denominadas como
espécies bandeiras para conservação, sua proteção deve também garantir paralelamente a
preservação de outros componentes chaves do ecossistema marinho (Hooker & Gerber,
2004). Exemplos como estes impulsionaram no Brasil, a criação da Área de Proteção
Ambiental da Baleia Franca em 2000, através de um decreto federal abragendo 156.100
hectares da costa centro-sul de Santa Catarina, que possibilitou promover o ordenamento
das atividades humanas referentes ao patrimonio natural desta região delimitada pela APA,
não se detendo somente a proteção das baleias francas.
Em nosso estudo o fato dos cruzeiros de turismo saírem diariamente para
observação de baleias durante a estação reprodutiva, é inevitável apontar a limitações das
rotas deste cruzeiro devido ao curto período de tempo e a distância a ser percorrida pela
embarcação, para se delinear um experimento aleatório desejável. Por todos estes
aspectos, buscamos caracterizar o uso e a distribuição espacial desta população a bordo
das embarcações de turismo cientes das limitações expostas pelas rotas pré-estabelecidas.
Desta maneira foi possível gerar algumas interpretações importantes referentes às possíveis
pressões que são impostas aos
grupos contendo filhotes pela atividade específica do
turismo de observação acendendo um sinal de alerta para a necessidade de um
monitoramento mais efetivo desta pratica adotada. A ocorrência de grupos contendo filhotes
são mais frequentes ao final das estações reprodutivas quando comparados com o início da
temporada. Por se distribuírem em águas mais rasas e consequentemente mais próxima da
costa vem aumentando as chances de serem observados pelas embarcações de turismo
com uma maior facilidade e um menor tempo de navegação, podendo sim elevar a taxa de
encontro com esta categoria de grupo com filhotes.
A questão é saber se estes resultados de fato caracterizam os padrões de
distribuição e o uso do habitat desta população, ou se as rotas pré-determinadas dos
cruzeiros de turismo induzem a este resultado. O fato dos grupos com filhotes estarem
próximo à costa, e facilitar o sucesso da avistagem ao final do período reprodutivo pelas
embarcações de turismo, pode estar influenciando as interpretações dos dados para esta
maior freqüência de grupos com filhotes, principalmente observada no ano de 2012 (Figura
11).
34
Figura 11. Frequência total (SPUE) dos grupos sociais observados entre os anos de
2003 a 2012.
Comparando os resultados deste atual estudo com outros anteriores realizados na
costa da Bahia, como já citado acima, nos levam a acreditar que o padrão apresentado por
grupos contendo filhotes serem observados mais frequentemente em águas rasas quando
comparado com os outros grupos sociais, seja mesmo uma característica desta população
de baleias jubarte ao longo da costa da Bahia. Entretanto os estudos em longo prazo é que
deverão trazer luzes para uma melhor compreensão destes padrões e os possíveis
impactos gerados com a presença de barcos de turismo próximo as baleias (Lusseau,
2004; IFAW, 2009).
A necessidade de realizar pesquisas para determinar e avaliar alguns índices
relativos à espécie, como abandono de habitat ou declínio da população é de extrema
importância para conduzir estudos sobre a capacidade de carga do Whale Watching,
ferramenta importante para reduzir os impactos sobre os cetáceos com o aumento desta
atividade turística (Hoyt, 2005). As baixas taxas de ocupação e fidelidade local (Wedekin et
al., 2010), já identificadas em estudos anteriores nesta área de estudo, podem sugerir um
possível movimento das baleias em uma área maior, enfatizando esta necessidade de
realizar atividades de monitoramento em outras áreas ao longo da costa nordeste do Brasil
(Baracho-Neto, 2012).
Devido esta área de estudo estar muito próxima à cidade de
Salvador, com grande densidade demográfica e intenso tráfico de embarcações, tais
pressões podem afetar direta ou indiretamente a área de uso das baleias. Portanto pode
ser um indicativo importante para a necessidade as medidas de conservação com subsídios
das pesquisas científicas para esta região.
35
A identificação de áreas prioritárias fornece um foco para ações de conservação e
manejo adequado em diferentes zonas dentro destas áreas marinhas (Bailey & Thompson,
2009). Portanto todos os estudos que possibilitem caracterizar a importância das áreas
marinhas e costeiras podem ser importantes ferramentas, tanto para criações de novas
áreas protegidas, como subsidiar o gerencimento e planos de ação para conservação deste
ecossistema. Manter a presença em investigações sobre espécies de interesse e o uso
deste ambiente a longo prazo pode ser uma das maneiras mais eficazes para ajudar a
proteger as áreas protegidas ameaçadas, devido ao fato de algumas evidência
investigativas serem deficientes, quando avaliadas a curto prazo e não beneficiar
amplamente as estratégias de conservação (Laurance, 2013). O monitoramento efetivo da
atividade comercial para observação de baleias e a coleta de dados científicos a bordo das
embarcações de turismo, torna-se imprescindível para sustentar a importância desta
atividade na conservação da baleia jubarte, em sua área de reprodução na costa do Brasil.
36
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nosso estudo foi o primeiro a caracterizar a distribuição das baleias jubarte durante
sua temporada reprodutiva a bordo das embarcações de turismo, que traz implicações
diretas tanto para a distribuição da espécie como também para avaliar como esta atividade
vem se desenvolvida ao longo destes 10 anos na área de interesse.
Os dados corroboram estudos realizados no Bancos dos Abrolhos como na Praia do
Forte também, como já citado anteriormente, demonstrando padrões de distribuição
equivalentes quando relacionados à frequência dos grupos sociais e a distribuição dos
grupos com filhotes se utilizando de águas rasas em ambas as regiões, isto trás duas
reflexões: uma delas é demonstrar a importância da utilização das coletas de dados a bordo
das embarcações de turismo como fonte de conhecimentos científicos nas áreas de
interesse e monitoramento da atividade. Outra reflexão seria sobre como estes dados
refletem diretamente nas estratégias para conservação da espécie, principalmente na
pressão que as embarcações de turismo podem exercer em grupos sociais específicos das
baleias jubarte durante a estação reprodutiva.
Alguma medidas já citadas possibilitam minimizar os possíveis impactos gerados
pelas embarcações de turismo, como o cumprimento das normas de avistagem
regulamentada pela portaria do IBAMA Nº 117, de 26 de dezembro de 1996 (Alterada pela
Portaria n° 24, de 8 de fevereiro de 2002), modelos internacionais de conduta e segurança na
operação com a presença de pesquisadores e guias naturalistas a bordo das embarcações
de turismo, capacitação do staff das operadoras e programas de informação e educação
ambiental para os turista e comunidades locais já vem sendo desenvolvidas e incentivadas
pelo PBJ em suas áreas de atuação. Entretanto todo este incentivo tem como principal
objetivo agregar conhecimentos e subsídios científicos para o ordenamento desta atividade
que se estende por uma faixa litorânea muito extensa na costa do nordeste brasileiro, que
poderá trazer benefícios para as populações locais no desenvolvimento econômico, com
esta pratica não letal, agregando valores para a conservação da espécie.
O estudo aqui realizado poderá ser comparado futuramente com outras áreas de
ocorrência ao longo da costa da Bahia aonde o PBJ vem coletando dados a bordos destas
embarcações de turismo para obter uma maior compreensão desta complexa distribuição e
de uso espacial da baleia jubarte em sua área de reprodução, como trazer subsídios
técnicos para o ordenamento desta atividade e gestão para as áreas protegidas.
37
6. RECOMENDAÇÕES PARA CONSERVAÇÃO
Baseado nos resultados deste estudo podemos sugerir as seguintes recomendações para
intensificar a conservação da baleia jubarte em sua área de ocorrência, especificamente em
Praia do Forte, Bahia.
- O monitoramento efetivo desta atividade deve ser mantido para possibilitar estudos a longo
prazo relacionados com as póssíveis pressões que estas embarcações podem estar
exercendo sobre as baleias, principalmente nos grupos com filhotes, e comparar tais
resultados com outras áreas de interesse e outros deliniamentos experimentais.
- Os padrões de distribuição das baleias jubarte observados ao longo destes 10 anos de
estudo, e suas variações sazonais ao longo das estações reprodutivas trazem subsídios
importantes para integrar informações necessárias para gestão desta Área de Proteção
Ambiental da Plataforma Continental, que ainda não existem um plano de ação e deverá em
breve ser iniciado com luzes para a conservação dos ambientes marinhos, principalmente
focando estas áreas de extrema relevência ambiental para a região.
- Unidade de Conservação mais restritiva, como Refúgio da Vida Silvestre que vem sendo
fomentada a ser implantada na Praia do Forte. Tais estudo poderão também ser utilizados
para subsidiar e sustentar esta proposta de criação, se tratando de uma espécie marinha
ameaçada de extinção. Seria muito importante conseguir incluir nesta porposta a extensão
da área até linhas de profundidade de 50 metros como limite desta área protegida, onde em
nosso estudo foi verificado a maior frequencia dos grupos de baleias durante toda estação
reprodutiva. A importância de um plano de ação e a gestão nas unidades de conservação
nesta localidade, possibilitará elaborar normas mais restritivas referentes a observação de
baleias especificamente relacionada com a capacidade de carga para as embarcações e
possíveis áreas prioritárias para tais atividades turisticas que não são contempladas nos
decretos e normativas existentes no país que regulamentam esta atividade turística.
- A divulgação e a publicação científica destes dados obtidos são imprecindíveis para
ampliar o conhecimento da ocorrência e distribuição das baleias em suas áreas de
reprodução na costa do nordeste brasileiro, que vem crescendo e aumentando
consequentemente os conflitos com atividades humanas, desde captura acidental, colisões
com embarcações e poluição sonora. Fato importante é que estes estudos em áreas de
pouco conhecimento sobre a espécie, venha garantir que estas áreas se tornem um pouco
mais restritivas nos momentos decisórios para futuros empreendimentos de grandes portes,
como a construção de portos, estudo sismicos para extração de petroleos e outros que
38
venham influenciar diretamente os comportamentos e uso das baleias nestas regiões,
exigindo ao menos estudos mais detalhados dos impactos a serem causados e as medidas
mitigadoras mais específicas direcionadas a espécie com a chegada de tais
empreendimentos.
- O monitoramento efetivo das populações de baleias jubarte se torna ainda mais importante
ao longo de toda costa do Brasil, principalmente no nordeste, na qual sua ocorrência vem
sendo monitorada desde 1988, e ainda existem lacunas de conhecimentos sobre sua
distribuição, preferência de habitat e fidelidade destes animais em sua área de reprodução.
39
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
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44
8. ANEXOS
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, DOS RECURSOS HÍDRICOS E DA AMAZÔNIA LEGAL
INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS
RENOVÁVEIS
PORTARIA Nº 117, DE 26 DE DEZEMBRO DE 1996 (Alterada pela Portaria n° 24, de 8 de
fevereiro de 2002)
O PRESIDENTE DO INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS
NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA, no uso das atribuições1 previstas no artigo 24 da
Estrutura Regimental anexa ao Decreto nº 78, de 5 de abril de 1991, e pelo artigo 83, inciso
XIV, do Regimento Interno, aprovado pela Portaria GM/MINTER nº 445, de 16 de agosto de
1989, e o que consta do processo nº 02001.4424/90-25;
considerando a necessidade de reformulação da Portaria nº 2306, de 22 de novembro de 1990,
que define normas para evitar o molestamento intencional de cetáceos em águas jurisdicionais
brasileiras, de forma a possibilitar sua aplicação a toda espécie de cetáceo;
considerando a existência de diversas espécies de cetáceos que ocorrem regularmente no
interior de Unidades de Conservação que permitem o acesso público e a necessidade de
garantir sua adequada proteção contra o molestamento intencional;
considerando o crescente desenvolvimento do turismo voltado para a observação de cetáceos
em águas jurisdicionais brasileiras e a necessidade de seu ordenamento, de forma a garantir a
adequação desta observação às necessidades de conservação desses animais; resolve:
Art. 1º - Fica definido o presente regulamento visando prevenir e coibir o molestamento
intencional de cetáceos encontrados em águas jurisdicionais brasileiras, de acordo com a Lei
nº 7643, de 18 de dezembro de 1987.
Art. 2º - É vedado a embarcações que operem em águas jurisdicionais brasileiras:
aproximar-se de qualquer espécie de baleia (cetáceos da Ordem Mysticeti; cachalote
Physeter macrocephalus, e orca Orcinus orca) com motor engrenado a menos de 100m
(cem metros) de distância do animal mais próximo, devendo o motor ser obrigatoriamente
mantido em neutro, quando se tratar de baleia jubarte Megaptera novaeangliae, e desligado
ou mantido em neutro, para as demais espécies;
reengrenar ou religar o motor para afastar-se do grupo antes de avistar claramente a(s)
baleia(s) na superfície a uma distância de, no mínimo, de 50m (cinqüenta metros) da
embarcação;
perseguir, com motor ligado, qualquer baleia por mais de 30 (trinta) minutos, ainda que
respeitadas as distâncias supra estipuladas;
1
As atribuições do Presidente do IBAMA são atualmente regidas pelo Decreto n° 3833, de 5 de junho
de 2001.
45
interromper o curso de deslocamento de cetáceo(s) de qualquer espécie ou tentar alterar ou
dirigir esse curso;
penetrar intencionalmente em grupos de cetáceos de qualquer espécie, dividindo-o ou
dispersando-o;
produzir ruídos excessivos, tais como música, percussão de qualquer tipo, ou outros, além
daqueles gerados pela operação normal da embarcação, a menos de 300m (trezentos metros)
de qualquer cetáceo;
despejar qualquer tipo de detrito, substância ou material a menos de 500m (quinhentos metros)
de qualquer cetáceo, observadas as demais proibições de despejos de poluentes previstas em
Lei;
aproximar-se de indivíduo ou grupo de baleias que já esteja submetido à aproximação de, no
mesmo momento, de pelo menos, duas outras embarcações.
Art. 3º - É vedada a prática de mergulho ou natação, com ou sem o auxílio de equipamentos, a
uma distância inferior a 50m (cinqüenta metros) de baleia de qualquer espécie.
Art. 4º - Quando da operação de embarcações de turismo comercial no interior de Unidades de
Conservação, nas quais ocorram regularmente a presença de cetáceos, caberá à Unidade em
questão determinar:
o cadastramento das embarcações que operem regularmente na Unidade de Conservação,
devendo constar o seu registro competente junto ao Ministério da Marinha, nome, tamanho,
tipo de propulsão e lotação de passageiros da embarcação, bem como qualificação e endereço
de seu responsável ou responsáveis;
o número máximo de embarcações cuja operação simultânea seja permitida no interior da
Unidade de Conservação;
quando da existência de áreas de concentração ou uso regular por cetáceos, a(s) rota(s) e
velocidade(s) para trânsito de tais embarcações no interior e/ou na proximidade de tais áreas.
Art. 5º - Para a operação de embarcações de turismo comercial no interior de Unidades de
Conservação nas quais ocorrem regularmente a presença de cetáceos, é obrigatória a
provisão, em caráter permanente, de informações interpretativas sobre tais animais e suas
necessidades de conservação, aos turistas transportados até aquelas Unidades.
Art. 6º - Para efeito do disposto nesta Portaria, considera-se embarcação de turismo comercial
aquela que transporta passageiros com finalidade turística, mediante pagamento.
Art. 7º - È proibida a aproximação de quaisquer aeronaves a cetáceos em altitude inferior a
100m (cem metros) sobre o nível do mar.
Art. 8º - O IBAMA, ouvido o Grupo de Trabalho Especial de Mamíferos Aquáticos, instituído
pela Portaria nº 2097, de 20 de dezembro de 1994, poderá permitir, em caráter excepcional e
restrito a aproximação de embarcações e aeronaves a cetáceos em condições distintas das
estabelecidas nos art. 2º, 3º e 7º, exclusivamente para finalidades científicas.
46
Art. 9º - Os infratores das normas estabelecidas nesta Portaria estarão sujeitos às penalidades
determinadas pela Lei nº 7643, de 18 de dezembro de 1987, e demais normas legais vigentes.
Art. 10 - Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições
em contrário, especialmente a Portaria nº 2306, de 22 de novembro de 1990.
EDUARDO DE SOUZA MARTINS
Presidente
(Publicada na Diário Oficial da União de 27 de dezembro de 1996, emendada pela Portaria n°
24/2002, assinada pelo então presidente do IBAMA, Sr. HAMILTON NOBRE CASARA, e
publicada no DOU 13 de fevereiro de 2002).
47
FICHA DIÁRIA DE CRUZEIRO
Cruzeiro no:
Data:
/
/
Embarcação:
Coordenador: __________________________________________________________________
Participantes: __________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
Rota: ________________________________________________________________________
Amostragem: Início ___:___ até ___:___ (Total: _______min.) Distância amostrada:______mn
Latitude Inicial:____________________S
Latitude Final:______________________S
Longitude Inicial:__________________W
Longitude Final:____________________W
Total em Esforço de avistagem:
minutos
Distância Amostrada:
milhas
náuticas
Nº total de indivíduos:
Nº de filhotes:
Fichas No:
METEOROLOGIA
a
N° de biópsias:
Outras Espécies: ( )sim ( )não
Total de grupos (outras espécies):
1º TOMADA
2º TOMADA
3º TOMADA
Lat.
Lat.
Lat.
Long.
Long.
Long.
HORÁRIO
POSIÇÃO
GEOGRÁFICA
VISIBILIDADE
VENTO: VELOC. &
DIREÇÃO
MAR (Beaufort)
COBERTURA
CÉU (%)
DO
Observações:
48
FICHA DE OBSERVAÇÃO DE BALEIAS JUBARTE
Ficha nº :______ Cruzeiro nº :________ Data: _____/_____/_______ Nº Grupo: ______
Registrador: ___________
Hora de início e término da avistagem:________ às ________ (Total _________ minutos)
Horário de aproximação: _____________
Pos. geogr. inicial:______________ º S Pos. geogr. final: ______________ º S
Pos. geogr. inicial: __________ _ º W Pos. geogr. final: ______________ º W
Profundidade :___________
N° de indivíduos: ___________ Composição social: ________________ GC: sim ( ) não ( )
Filhote: sim ( ) não ( )
Comportamentos observados: [ ] antes da aproximação ( ) após aproximação { }
filhote
[ ] ( ) { } repouso (boiada) [ ] ( ) { } batida de cabeça
[ ] ( ) { } deslocamento (rumo)
[ ] ( ) { } canto
[ ] ( ) { } exp. caudal em mergulho
[ ] ( ) { } batida de cauda
[ ] ( ) { } exp. caudal parada
[ ] ( ) { } exposição ventral
[ ] ( ) { } salto
) [ ] ( ) { } espiar
[ ] ( ) { } salto/golpe de caudal
[ ] ( ) { } batida de peitorais
[ ] ( ) { } serpentear [ ] ( ) { } emissão de ruído
49
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COMPOSIÇÃO DOS GRUPOS SOCIAIS DA BALEIA JUBARTE