UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
REPRESENTAÇÃO SOCIAL DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL SOB A
ÓTICA DE DOCENTES DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO
Por: Aline Pinheiro Xavier
Orientadora
Profª. Maria Esther de Araújo
Rio de Janeiro
2009
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
REPRESENTAÇÃO SOCIAL DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL SOB A
ÓTICA DE DOCENTES DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial
para obtenção do grau de especialista em
Orientação e Educacional.
Por: Aline Pinheiro Xavier
Rio de Janeiro
2009
AGRADECIMENTOS
Ao meu pai, pelo apoio, investimento e
incentivo constante.
DEDICATÓRIA
A meu pai, incansável na busca do ‘saber’.
A quem acredita que este tema seja
interessante
e
relevante
para
o
desenvolvimento da Orientação Educacional
e do Orientador Educacional no Brasil.
RESUMO
Este trabalho propõe como foco principal identificar as representações
sociais que discentes e docentes de escolas municipais do ensino fundamental
têm em relação ao SOE (Serviço de Orientação Educacional), sendo que
através de entrevistas com os mesmos, questionários com os docentes, grupos
de discussão, entrevista com a Direção da escola será possível obter
informações quanto a opinião destes em relação ao SOE e a percepção que
têm em relação a relação que mantém com alunos, professores e Direção da
escola.
Primeiramente serão destacados aspectos históricos da Orientação
Educacional no Brasil e em seguida descritos aspectos que envolvem o papel e
a função da Orientação Educacional e do Orientador Educacional.
No segundo capítulo são apresentadas as informações obtidas através
da metodologia de pesquisa aplicada, sendo no terceiro capítulo, articuladas à
teoria que embasa este trabalho.
Palavras – chave: orientação educacional, representação social.
METODOLOGIA
A metodologia utilizada para a realização deste trabalho baseia-se na
Psicologia Social, que usa como base teórica o Materialismo Histórico Dialético
de Marx, definido por BADIOU (1979, p.12) como sendo uma relação de
correspondência que justapõe os dois termos (Histórico, Dialético), uma vez
que a filosofia Marxista a cada momento apresenta o reflexo estrutural de uma
situação dada na formação social e, mais particularmente, da forma objetiva
das relações das classes. Há nesse pressuposto uma preocupação com as
representações e com os níveis de prática social.
No presente projeto, propõe-se utilizar dentro dessa teoria o método
da Pesquisa Participante que, segundo BRANDÃO (1999, p. 43), responde
especialmente às necessidades de populações levando em conta suas
aspirações e potencialidades de conhecer e agir. Este método caracteriza-se
pelo envolvimento dos pesquisadores e dos pesquisados no processo de
pesquisa e a relação dialética entre teoria e prática. As contribuições do
conhecimento popular, a ciência do homem em si, é um conhecimento prático
que ao longo dos tempos tem possibilitado, enquanto meios naturais direitos
que as pessoas criem, interpretem, produzam e trabalhem. A história do
homem, da sociedade, de uma instituição, pode ser, através da pesquisa
participante, “criticamente recuperada e analisada” a fim de que se possam
abrir caminhos para mudanças, conquistas, novas metas que proporcionem
conscientização e transformação afetiva.
Como instrumento, propõe-se utilizar as seguintes técnicas: entrevista
aberta (que permite o discurso livre do entrevistado para a coleta de dados e
informações) e questionário aberto (que permite deixar o entrevistado livre nas
suas respostas para que na apuração deste possa ser feita uma verdadeira
análise do conteúdo dessas repostas).
Estas técnicas serão utilizadas com o objetivo de que os docentes
manifestem suas opiniões sobre a Orientação Educacional, e que com isso
possa ser identificada a representação social que estes têm com relação ao
orientador educacional.
Propõe-se utilizar como amostra, para esta pesquisa, 5 escolas da
rede municipal de ensino da cidade de Guarapuava – PR. Em cada escola,
pretende-se entrevistar os seguintes atores sociais: Diretor (a); Supervisor (a) ;
3 Professores da educação infantil.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................10
CAPÍTULO 1
REPRESENTAÇÃO SOCIAL E ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL ...................12
1.1 O que é Representação Social? .................................................................12
1.2 O que é Orientação Educacional? ..............................................................18
1.2.1 Breve histórico da orientação educacional no Brasil ..............18
1.2.2 Papel e função da Orientação Educacional ............................20
1.2.3 Papel e função do Orientador Educacional .............................21
CAPÍTULO 2
REPRESENTAÇÃO SOCIAL DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
SOB A ÓTICA DE DOCENTES E DISCENTES DA REDE MUNICIPAL
DE ENSINO ......................................................................................................25
2.1 Apresentação das Informações Coletadas .................................................25
2.1.1 Sobre a Orientação Educacional ..............................................26
2.1.2 Sobre o Papel da Direção Escolar junto ao Serviço de
Orientação Educacional .........................................................................27
2.1.3 Sobre o Papel dos Docentes junto ao Serviço de Orientação
Educacional ...........................................................................................28
2.1.4 Sobre a Relação entre Alunos e o Serviço de Orientação
Educacional ...........................................................................................30
2.1.5 Sobre a Motivação, Participação no Serviço de Orientação
Educacional ...........................................................................................31
2.1.6 Outros Aspectos Considerados Importantes ............................32
2.1.7 Sugestões Feitas pelos Participantes .......................................32
CAPÍTULO 3
DISCUSSÃO TEÓRICO - PRÁTICA ................................................................34
3.1 A Representação Social da Orientação Educacional .................34
CONCLUSÃO ...................................................................................................40
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................42
ANEXOS ...........................................................................................................44
INTRODUÇÃO
Este trabalho de conclusão tem como tema a representação social que
docentes da rede municipal de ensino têm em relação à Orientação
Educacional.
As questões centrais deste estudo podem ser assim descritas: Qual a
representação social que docentes da rede municipal de ensino em
Guarapuava têm da Orientação Educacional? O que pensam esses atores
sobre a Orientação Educacional?
O tema a ser abordado, foi escolhido por possuir característica
emergente de reflexão já que atualmente nota-se no âmbito escolar que o
papel, função e atuação da Orientação Escolar por vezes não correspondem
com o propósito pela qual foi criada.
A orientação educacional no Brasil surgiu na cidade de São Paulo em
1924, sob a ótica do setor industrial americano, onde alunos do curso de
mecânica deveriam ser assistidos.
Era esperado que o orientador pedagógico exercesse controle,
promovesse o ajustamento e a punição daqueles alunos que fugiam dos
padrões pré-estabelecidos socialmente. Restava ao orientador, muitas vezes, o
papel de consultor da direção ou interlocutor entre a escola e os pais do aluno.
Com as mudanças de diretrizes educacionais que ocorreram em
seguida, os educandos passaram a ser concebidos como seres da interação
que se influenciam mutuamente.
Com essas mudanças vieram também distorções sobre a função da
Orientação Educacional que também podem ser atribuídas a insensibilidade
docente em relação aos conflitos sociais enfrentados por seus educandos,
assim como a transferência das responsabilidades disciplinares, os quais
passaram, por um longo período, a delegar ao SOE o posto de “disciplinador”,
ou seja, vigiar, punir e corrigir os deslizes comportamentais dos discentes,
como
se
isto
independesse
das
ações
do
cotidiano
sócio-escolar.
11
A busca de uma resposta emergente quanto à representação social da
Orientação Educacional e do papel do Orientador Educacional, é fundamental
para que atuais e futuros profissionais envolvidos direta ou indiretamente neste
campo, repensem seu comportamento político para uma atuação social cada
vez mais aprimorada nesta área.
O conceito de representação social pressupõe que o próprio processo
de representação constrói o objeto de representação, ou seja, é produto e
processo. Empregam-se representações para retomar o equilíbrio perdido
quando uma nova informação surge na comunicação cotidiana.
Sob a denominação de representações sociais, apresenta-se a idéia de
que estas criam realidades e senso comum. O social seria incorporado como
parte da formulação das representações dos sujeitos, através do contexto
concreto em que se encontra.
Nesta teoria, das representações sociais, o fenômeno em questão é da
ordem de variadas teorias populares, senso-comum, e saberes cotidianos que
chamamos de representações sociais.
Baseando-se neste processo de construção pretende-se identificar as
representações sociais que docentes da rede municipal de ensino, da cidade
de Guarapuava – PR tem em relação à Orientação Educacional e ao papel do
Orientador Educacional, visando uma relação social cada vez mais próxima
entre estes atores sociais e uma prática educacional que contribua com o
processo de desenvolvimento de cada aluno.
Entre os objetivos específicos desta pesquisa destaca-se:
verificar
funções atribuídas ao papel do Orientador Educacional; levantar informações
sobre as expectativas de docentes com relação ao papel e funções do
Orientador Educacional;
relacionar as características
atribuídas,
pelos
docentes, com características teóricas do papel e funções do Orientador
Educacional.
CAPÍTULO 1
REPRESENTAÇÃO SOCIAL E ORIENTAÇÃO
EDUCACIONAL
O conceito de representação social pressupõe que o próprio processo
de representação constrói o objeto de representação, ou seja, é produto e
processo. Empregam-se representações para retomar o equilíbrio perdido
quando uma nova informação surge na comunicação cotidiana.
1.1 O que é Representação Social?
Sob a denominação de representações sociais, apresenta-se a idéia de
que estas criam realidades e senso comum. O social seria incorporado como
parte da formulação das representações dos sujeitos, através do contexto
concreto em que se encontra.
Segundo GUARESCHI (1999, p.65) a teoria das representações
sociais se articula tanto com a vida coletiva de uma sociedade como com os
processos de constituição simbólica nos quais sujeitos sociais lutam para dar
sentido ao mundo, entendê-lo e nele encontrar o seu lugar, através de uma
identidade social. Isto significa deixar claro como as representações sociais,
enquanto fenômeno psico-social, estão necessariamente radicados no espaço
público e nos processos através dos quais o ser humano desenvolve sua
identidade, cria símbolos e se abre para a diversidade de um mundo de Outros.
Os diferentes atores sociais presentes no contexto escolar como:
professor, aluno, coordenador pedagógico, supervisor, diretor, monitor,
orientador escolar, pais, funcionários, entre outros, tornam-se parte de grupos
sociais organizados com grande potencial de mobilização. Neste sentido,
OLMSTED (1970, p. 12) define que grupo é uma pluralidade de indivíduos que
13
estão em contato uns com os outros, que se consideram mutuamente e que
estão conscientes de que têm algo significativamente importante em comum.
Grupo social é um termo que designa, em sociologia, todo conjunto estruturado
de pessoas ligadas por afinidade ou circunstâncias.
Nessa definição “pluralidade” indica dois ou mais indivíduos, e a
exigência de “contado uns com os outros” distingue grupo de classe (idade,
sexo, profissão, etc). “Considerar-se mutuamente” e “consciência de algo
importante em comum” apontam que a proximidade física ou interesses
comuns não são suficientes para determinar a existência de um grupo.
A classificação mais comumente encontrada na literatura utilizada
divide grupo em: primários e secundários. No grupo primário encontrar-se-ia os
laços afetivos íntimos e pessoais entre seus membros, à espontaneidade no
comportamento interpessoal, objetivos comuns. O grupo secundário constituiuse num meio para que seus componentes atinjam fins externos ao grupo, as
relações interpessoais são mais impessoais, racionais e formais. Alguns grupos
estão ligados funcionalmente entre si, formando organizações sociais.
Para KRECH (1975, p. 444), uma organização social pode ser definida
como um sistema integrado de grupos psicológicos inter-relacionados e
formado para um objetivo explícito. Um exemplo é a organização da Escola,
com seus numerosos grupos de alunos, professores, funcionários, direção,
grupo de apoio aos estudantes, etc.
O grupo é um meio de o indivíduo satisfazer suas necessidades de
afiliação, prestígio, poder, etc. Um único grupo satisfaz necessidades diferentes
para pessoas diferentes, levando os indivíduos a participarem de vários grupos
para que as necessidades individuais sejam satisfeitas.
Todo grupo social possui um representante social (líder), que
geralmente é escolhido pela sua sociabilidade e competência para administrar
relacionamentos, capacidade de criar campos em comum. As pessoas
parecem saber, intuitivamente, que os líderes têm que administrar seus
relacionamentos de forma eficaz. A tarefa do líder é fazer com que o trabalho
seja feito por outras pessoas e a sociabilidade torna isto possível. Um líder
14
estabelecido, que ocupa a posição de papel formal, está mais apto a influenciar
os membros do grupo do que aquele que surgiu informalmente na interação do
grupo. Esse líder formal será testado por sua associação com os esforços do
grupo no sentido de sua meta.
Algumas funções que são esperadas de um líder são mencionadas por
GAHAGAN (1975, p. 139) como sendo: a) a iniciação e coordenação das
atividades dos membros individuais em relação à meta do grupo; b) o
relacionamento do grupo com o mundo exterior; c) que o líder atue como portavoz do grupo; entre outros aspectos.
Para se falar em metas de um grupo, entretanto, é necessário estar
ciente de que essas exercem uma influência organizadora sobre as atividades
dos membros individuais, e que podem ser variadas Segundo GAHAGAN
(idem, p. 127) a especificidade do objetivo exerce uma influência adicional no
modo de funcionamento de um grupo e o papel do líder é estar coordenando
atividades para que o grupo possa atingir seu objetivo.
Um fator que deve ser reforçado, portanto, é que falar em metas de um
grupo implica em falar das metas de seus membros individuais, e que estas
devem coincidir. Ainda mencionando GAHAGAN (ibidem, p. 129) quando não
há uma unidade no grupo as condições pelas quais se conferem recompensas
pelo resultado podem fragmentar o movimento do grupo em direção à sua
meta, convertendo-o numa coleção de competidores que avançam para suas
respectivas metas.
A presença de um líder reconhecido pode acelerar o processo pelo
qual os indivíduos num grupo aprendem a coordenar seu comportamento com
o dos outros, permite uma participação mais igual e dá a oportunidade de
serem ouvidas a opiniões dos membros e o papel que a liderança exerce é um
dos fatores que pode tornar um grupo produtivo ou improdutivo.
Os papéis sociais permitem compreender a situação social, pois são
referenciais para a percepção do outro e de si. Este papel é decorrente da
socialização do indivíduo. De acordo com KATZ & KAHN (1973, p. 67), as
organizações sociais representam o desenvolvimento mais claro de um padrão
15
de papéis interligados, no sentido de que os papéis são desempenhados sem
os
embaraços
do
status
socialmente
herdado
ou
contaminado
da
personalidade. Além disso, em uma organização social os papéis são
representam formas de atividades prescritas e padronizadas. A rede
padronizada de comportamentos em papel constitui a estrutura formal de uma
organização.
O desempenho do papel difere de ambiente não organizacional,
geralmente o indivíduo não tem consciência do papel social que desempenha,
dos sistemas organizacionais, em que o indivíduo está ciente das exigências
especificas do papel. Esses autores explicam que um papel extrai o que é
necessário ao comportamento das satisfações que o indivíduo aufere por
empenhar-se em tais atividades. Não importa se ele sente prazer ou não ao
executar tarefa que dele se espera. O que importa é que existem muitas outras
maneiras de tornar seu comportamento estável e fidedigno, o que vai desde a
reverência ou temor que o homem primitivo sente por seu chefe tribal até a
sensitividade generalizada e obediência do moderno homem de organização
ao que dele se espera. Esses mecanismos podem ser formados dentro dos
processos pelos quais o indivíduo é socializado em sua cultura (idem, p. 6768).
A enorme plasticidade do ser humano permite a adaptação a diferentes
papéis sociais e diversas situações que necessitam comportamentos diversos.
Assim, aprender os seus papéis sociais é, na realidade, aprender o conjunto de
representações que a sociedade criou.
O termo “representação” está presente em diferentes contextos. Nas
investigações filosóficas ele aparece desde a antigüidade grega, com os mais
variados sentidos. A expressão “representação social”, no entanto, têm uma
história bem mais recente. Na sociologia, surgiu com Durkheim por volta de
1897. Na psicologia social, o interesse pelo fenômeno descrito por Durkheim
como representação coletiva surgiu com a investigação de Serge Moscovici
(196l), intitulada a Representação Social da Psicanálise.
16
O conceito de representação social, segundo MOSCOVICI (1978, p.
46), enfatiza o caráter específico, a dimensão irredutível das representações
sociais. Para ele, as representações sociais constituem uma organização
psicológica, uma forma de conhecimento específico de nossa sociedade e que
não se reduz a nenhuma outra forma de conhecimento.
Com isto, ele pretende marcar a diferença entre as representações
sociais e outras formas de pensamento social como os mitos, a ideologia, a
ciência ou simplesmente as visões de mundo. No entanto, as representações
sociais compartilham aspectos comuns com cada uma delas. Por exemplo, as
representações sociais atuam na realidade social, da mesma forma que atuam
as teorias científicas com respeito aos objetos que se aplicam.
As representações sociais são formadas, na sua grande maioria, da
cultura acumulada na sociedade ao longo da história. O fundo cultural circula
pela sociedade através das crenças compartilhadas, dos valores, das
referências históricas e culturais que formam a memória coletiva e constroem a
identidade
da
própria
sociedade.
As
fontes
de
determinação
das
representações sociais, de maneira geral, se encontram no conjunto de
condições sociais, econômicas e históricas, as quais caracterizam uma
determinada sociedade, bem como no sistema de crenças e valores existentes
na referida sociedade.
Indivíduos ou grupos situam-se, desta forma, através da interação que
estabelecem entre si, da escolaridade ou da bagagem cultural, através de
códigos, valores e ideologias, relacionados com a situação social em que
vivem. Além disto, a linguagem tem um papel fundamental e, como interação
social, é o meio mais importante para a concretização da vida cotidiana. Esta
aquisição é uniforme na espécie humana, é um processo mental de
manifestação do pensamento e de natureza essencialmente consciente,
significativa e orientada para o contato interpessoal.
LANE & CODO (1993, p. 32-34), partem do pressuposto de que a
linguagem se originou na espécie humana como conseqüência da necessidade
de transformar a natureza, através da cooperação entre os homens, por meio
17
de atividades produtivas que garantissem a sobrevivência do grupo social. Os
autores acrescentam, que esta análise nos permite apontar para uma função
da linguagem que é a mediação ideológica inerente nos significados das
palavras, produzidas por uma classe dominante que detém o poder de pensar
e “conhecer” a realidade, explicando-a através de “verdades” inquestionáveis e
atribuindo valores absolutos de tal forma que as contradições geradas pela
dominação e vividas no cotidiano dos homens são camufladas e escamoteadas
por explicações tidas como “universais”.
Já KLINEBERG (1972, p. 71), afirma que, é quase impossível
superestimar a parte desempenhada pela linguagem no desenvolvimento e no
controle do comportamento social. Ela representa o que é especificamente
humano na vida social. É instrumento de pensamento e comunicação. Serve de
força coesiva, unindo grupos humanos e separando-os de outros.
Como um produto de uma coletividade, a linguagem, reproduz através
dos significados das palavras os conhecimentos – falsos ou verdadeiros – e os
valores associados a práticas sociais que se cristalizaram. A linguagem
caracteriza-se como produto das relações que se desenvolveram a partir do
trabalho produtivo para a sobrevivência do grupo social. Para esse autor (idem,
p. 72), a linguagem serve como instrumento do pensamento e comunicação,
como meio de controle da ação dos outros e como força que une os membros
de uma comunidade particular, ao passo que os separa de outras.
Sob esta perspectiva, analisar a linguagem implica em considerá-la
como produto histórico de um grupo social, e seus processos participativos.
Para tanto, será apresentado a seguir um breve histórico a respeito da
orientação educacional e seu estabelecimento efetivo em nosso país.
18
1.2 O que é Orientação Educacional?
Para compreender o que é a Orientação Educacional é prudente
considerarmos sua origem e desenvolvimento no processo educativo nas
escolas brasileiras já no início da década de 1940 no Brasil.
1.2.1 Breve histórico da orientação educacional no Brasil
A orientação educacional no Brasil surgiu na cidade de São Paulo em
1924, sob a ótica do setor industrial americano, onde alunos do curso de
mecânica deveriam ser assistidos.
O decreto abaixo, de 1942, esclarece melhor como se daria essa
assistência ao aluno:
“Instituir-se-á, em cada escola industrial ou escola
técnica, a orientação educacional, que busque, mediante a
aplicação de processos pedagógicos adequados, e em face da
personalidade de cada aluno, e de seus problemas, não só a
necessária correção e encaminhamento, mas ainda a elevação
das qualidades morais.” (Art. 50 do DECRETO-LEI N.4.073/42)
Era esperado que o orientador pedagógico exercesse controle,
promovesse o ajustamento e a punição daqueles alunos que fugiam dos
padrões pré-estabelecidos socialmente; havia grande preocupação em
psicologizar, e propiciar a mera formação comportamental do aluno. Restava
ao orientador, muitas vezes, o papel de consultor da direção ou interlocutor
entre a escola e os pais do aluno.
Com as mudanças de diretrizes educacionais, os educandos passaram
a ser concebidos como seres da interação que se influenciam mutuamente.
Essas transições de papéis e os diferentes períodos da orientação no
Brasil podem ser melhor compreendidas com o que declara GRINSPUN
(2001):
19
“Período implementador- de 1920 a 1941(...) ênfase nos
trabalhos de seleção e escolha profissional (...)
Período institucional- de 1942 a 1960 (...) exigência legal da
Orientação nas escolas(...)
Período trasnformador- de 1961 a 1970 (...) floresce o aspecto
preventivo da Orientação Educacional, a escola vivia o seu
momento de grande importância (...)
Período disciplinador- de 1971 a 1980
A Orientação está sujeita a obrigatoriedade da Lei nº 5692/71,
que determina, inclusive, o aconselhamento vocacional. (...) a
legislação dos profissionais da área compromete-os com
atribuições e funções voltadas para a Psicologia(...)
Período questionador- década de 1980 (...) é nesse período
que mais se questiona a Orientação Educacional, tanto em
termos da formação de seus profissionais, quanto da prática
realizada (...)
Período Orientador- a partir de 1990
(...) a “orientação” da Orientação Educacional pretendida (...) o
homem vive e sobrevive com o pensamento, a linguagem, os
14 valores e sentimento. A Orientação Educacional quer
caminhar junto nesta direção, refletindo sobre o mesmo homem
que pensa e age é o que sente e emociona. (p.17-25)
Como é possível verificar, as mudanças ocorridas na função da
Orientação Educacional, distorções sobre a função da Orientação também
podem ser atribuídas a insensibilidade docente em relação aos conflitos sociais
enfrentados
por
seus
educandos,
assim
como
a
transferência
das
responsabilidades disciplinares, os quais passaram, por um longo período, a
delegar ao SOE o posto de “disciplinador”, ou seja, vigiar, punir e corrigir os
deslizes comportamentais dos discentes, como se isto independesse das
ações do cotidiano sócio-escolar. Segundo GRINSPUN (op.cit.):
“A Orientação Educacional, hoje, caracteriza-se por um
trabalho muito mais abrangente, no sentido de sua dimensão
pedagógica. Possuí caráter mediador junto aos demais
educadores, atuando com todos os protagonistas da escola no
resgate de uma ação mais efetiva e de uma educação de
qualidade nas escolas. O orientador está comprometido com a
formação da cidadania dos alunos, considerando em especial,
o caráter da formação da subjetividade.” (p.31)
A busca de uma resposta emergente quanto à representação social da
Orientação Educacional e do papel do Orientador Educacional, é fundamental
20
para que atuais e futuros profissionais envolvidos direta ou indiretamente neste
campo, repensem seu comportamento político para uma atuação social cada
vez mais aprimorada nesta área.
As transformações pelas quais a Orientação Educacional passou ao
longo de décadas, não podem ser analisadas a parte dos diferentes momentos
e transposições sofridas pelo sistema educacional brasileiro, que ao utilizar-se
de diferentes tendências pedagógicas, instituíram distintos papéis para
professores e educandos.
Hoje, o Orientador Educacional vem buscando sua legitimação como
um especialista na área das relações escolares, disseminando a compreensão
e o diálogo dentro da comunidade escolar.
1.2.2 Papel e função da Orientação Educacional
A Orientação Educacional é vista como uma relevante instância de
suporte e organização que atende a comunidade escolar pautada nas
peculiaridades, ou seja, numa postura de cunho sócio- política, questionadora
dos conflitos existentes, configurando-a como mobilizadora e articuladora dos
sujeitos escolares e da prática.
Ao SOE cabe a mediação da relação professor-aluno- comunidade, o
compreender e reconhecer da complexidade e da necessidade do todo social,
já que a escola como palco das relações étnicas e culturais. Ao adquirir esta
visão de totalidade e coerência e mobilizar a comunidade escolar para uma
reflexão coletiva sobre as especificidades do fazer pedagógico, numa ação
global, facilitando a integração de idéias, o “fio condutor” de todo este processo
a Orientação Educacional vem se firmando como algo inerente ao desenvolver
o fazer escolar.
Logo, a Orientação Educacional deve promover o link escola - família comunidade, a fim de provocar o caminhar discente no âmbito escolar,
compreendendo o aluno como um sujeito sócio-histórico e cultural.
21
Em suas atribuições cabe conhecer os fenômenos grupais, conflitos
internos, as tensões do cotidiano discente.
Segundo GRINSPUN (op.cit.):
“A Orientação Educacional, hoje, caracteriza-se por um
trabalho muito mais abrangente, no sentido de sua dimensão
pedagógica. Possuí caráter mediador junto aos demais
educadores, atuando com todos os protagonistas da escola no
resgate de uma ação mais efetiva e de uma educação de
qualidade nas escolas. O orientador está comprometido com a
formação da cidadania dos alunos, considerando em especial,
o caráter da formação da subjetividade.” (p.31)
1.2.3 Papel e função do Orientador Educacional
Segundo GIACAGLIA e PENTEADO (2000, p.4), o decreto n° 72846
de 26.09.1973 que regulamenta a lei n° 5564 de 21.12.1968, traz em seus
artigos 8º e 9º a definição mais específica, na abrangência nacional, dos
encargos do Orientador Educacional. Segundo o Artigo 8°, são atribuições
privativas do Orientador Educacional:
Planejar e coordenar a implementação e funcionamento
do Serviço de Orientação Educacional em nível de:
1 – Escola
2- Comunidade.
b) Planejar e coordenar a implantação e funcionamento
do Serviço de Orientação Educacional dos órgãos do Serviço
Público Federal, Estadual, Municipal e Autárquico; das
sociedades de Economia Mista, Empresas Estatais,
Paraestatais e Privadas.
c) Coordenar a orientação vocacional do educando,
incorporando-a no processo educativo global.
d) Coordenar o processo de sondagem de interesses,
aptidões e habilidades do educando.
e) Coordenar o processo de informação educacional e
profissional com vistas à orientação vocacional.
f) Sistematizar o processo de acompanhamento dos
alunos, encaminhando a outros especialistas aqueles que
exigirem assistência especial.
g) Coordenar o acompanhamento pós-escolar.
22
h) Ministrar disciplinas de Teoria e Prática da Orientação
Educacional, satisfeitas as exigências da legislação especifica
do ensino.
i) Supervisionar estágios na área da Orientação
Educacional.
j) Emitir pareceres sobre matérias concernentes à
Orientação Educacional.
Já segundo o Artigo 9°, compete, ainda, ao Orientador Educacional as
seguintes atribuições:
a) Participar no processo de identificação das
características básicas da comunidade;
b) Participar no processo de caracterização da clientela
escola;
c) Participar no processo de elaboração do currículo
pleno da escola;
d) Participar na composição, caracterização e
acompanhamento de turmas e grupos;
e) Participar do processo de avaliação e recuperação
dos alunos;
f) Participar no processo de encaminhamento dos
alunos estagiários;
g) Participar no processo de integração escola – família
- comunidade;
h) Realizar estudos e pesquisas na área da Orientação
Educacional.
Segundo GIACAGLIA e PENTEADO (2000), a Orientação Educacional
é um processo educativo que se desenvolve paralelamente ao processo de
ensino – aprendizagem. As atividades técnicas desse processo podem ser
agrupadas
nas
funções
de:
planejamento,
coordenação,
avaliação
e
assessoramento.
Nestas funções, segundo as autoras, podem ser definidas tanto as
atividades específicas que o Orientador Educacional irá exercer como aquelas
que serão desenvolvidas em parceria com os professores e outros
profissionais.
As autoras ressaltam, ainda, que o Orientador Educacional participa no
processo do Planejamento Curricular e na sua realização, bem como define e
23
faz pesquisas, participa na elaboração do plano da escola e elabora o Plano de
Atividades da Orientação Educacional, tendo em vista o trabalho em conjunto
com a Administração Escolar, Supervisão Pedagógica e outros setores
referentes à escola, as atividades em parceria da escola e da comunidade e as
atividades de integração da escola e da família. O planejamento e a elaboração
do plano escolar costumam ocorrer no final do ano letivo anterior ou no início
do ano em questão, dependendo do calendário de cada escola, e devem
contar com a participação de todos os profissionais que nela atuam.
Participando do planejamento, e da caracterização da escola e da
comunidade, segundo as autoras (2000, p.15), o Orientador pode contribuir
para decisões que se referem ao processo educativo como um todo.
Constituem exemplos dessas decisões o currículo da escola, no que diz
respeito à inclusão de disciplinas e atividades extra classe; a distribuição das
diferentes séries no prédio e por período; a problemática da disciplina e o
código disciplinar; os critérios de avaliação e de atribuições de notas ou
conceitos; os cronogramas de atividades. É importante que ele participe de
todas as decisões de ordem técnica a serem tomadas, em âmbito escolar, em
função do seu preparo, de suas funções e do seu conhecimento da escola, da
comunidade e dos alunos, visando um melhor atendimento à educação integral
dos alunos.
Segundo GIACAGLIA e PENTEADO (2000) na coordenação, o
Orientador deve acompanhar o desenvolvimento do Currículo na parte que diz
respeito ao seu setor de trabalho, isto é, possibilitar a elaboração e o
desenvolvimento dos planos de ensino segundo os objetivos da sua área de
trabalho, desenvolver atividades especificas relacionadas ao seu campo,
organizar arquivos de dados pessoais de alunos que sejam necessários para
uma melhor desenvoltura do seu trabalho e desenvolver atividades educativas
(visitas, festas, programas preventivos a saúde, higiene e segurança,
atividades culturais, entre outras).
Na avaliação, segundo GIACAGLIA e PENTEADO (2000, p. 34), é papel
do orientador educacional, adequar os resultados do processo ensino -
24
aprendizagem aos objetivos educacionais, identificar com os professores e com
a Supervisão Pedagógica as causas do baixo rendimento escolar dos
educandos, constatar os resultados do plano de atividades do setor ao qual
pertence, esclarecer para a comunidade e, em especial, para os pais dos
alunos, sobre os programas de ensino (o porquê e a importância do que se foi
trabalhado), estabelecer critérios para um bom desempenho dos outros setores
da instituição educacional e obter a produtividade da escola como um todo e
não de uma maneira isolada.
No
assessoramento,
o
Orientador
colabora
com
a
supervisão
pedagógica durante o planejamento e a avaliação das suas atividades e auxilia
os professores na elaboração, na execução e avaliação dos seus programas
de ensino.
Segundo GIACAGLIA e PENTEADO (2003, p. 22), à medida que o
Orientador Educacional trabalha em determinada escola, por maior numero de
anos, sua atuação irá se tornando cada vez mais precisa, valiosa e facilitada,
por ter adquirido uma visão mais ampla e profunda dos principais problemas e
dificuldades da mesma. Ele terá ainda, desenvolvido maior conhecimento da
comunidade, dos alunos, dos pais, dos professores e dos demais funcionários
bem como de suas características e anseios. Respeitados os aspectos éticos,
esses conhecimento será muito valioso para subsidiar as discussões que terão
lugar não só por ocasião do planejamento escolar, como também durante cada
ano letivo e nos anos subseqüentes e, quando necessário, na tomada de
decisões de determinados alunos.
Além das atividades acima citadas, o Orientador elabora um plano
específico para o Serviço de Orientação Educacional. Esse plano é essencial
para nortear o seu trabalho, além de poder se constituir em fonte de consulta
pelos demais membros da equipe, para que possam saber como relacionar e
integrar a programação deles à do SOE – serviço de orientação educacional. É
importante para o bom andamento das atividades escolares saber o que
esperar dos demais e quando, isto é, em que ocasião cada item do plano
estará sendo desenvolvido, como, por quem e por quanto tempo.
CAPÍTULO 2
REPRESENTAÇÃO SOCIAL DA ORIENTAÇÃO
EDUCACIONAL SOB A ÓTICA DE DOCENTES E
DISCENTES DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO
Neste capítulo serão apresentadas as informações a respeito da
representação social da orientação educacional, adquiridas através de
entrevistas, grupos de discussão e aplicação de questionários no decorrer do
processo de desenvolvimento deste trabalho.
2.1 Apresentação das Informações Coletadas
Para o levantamento das informações necessárias para a realização
deste trabalho foram feitos, entre os meses de agosto e outubro, nesta
seqüência, as seguintes atividades: duas entrevistas com alunos (identificadas
no texto como Ea1 e Ea2), sendo a primeira com uma aluna da 2º Série do
Ensino Básico e a segunda com uma aluna do 3º Série (conforme Anexo 4); um
Grupo de Discussão com 4 alunos da 4°série do ensino fundamental; duas
entrevistas com professoras da 2° Série (identificadas no texto como Ep1; Ep2)
conforme consta nos Anexos 1e 2; um grupo de discussão com cinco
professores da 4º Série (identificado no texto como Gp1). O roteiro do Grupo
de Discussão com professores consta no Anexo 3.
Realizou-se em seguida uma entrevista aberta com uma diretora de
Escola Municipal. (identificada no texto como Ed).
Com os professores foram aplicados 10 questionários, obtendo-se de
retorno 7 deles preenchidos (identificados no texto como Qp seguido do
número do participante). Tanto o questionário dos professores como a
entrevista com a Direção do curso seguiram o mesmo padrão (conforme
Anexos 1 e 2).
26
Todas essas técnicas de pesquisa utilizadas permitiram o levantamento
de informações que serão apresentadas a seguir, de forma articulada.
2.1.1 Sobre a Orientação Educacional
As pesquisas realizadas com alunos relatam que estes já ouviram falar
a respeito do Serviço de Orientação Educacional, especialmente quando
relacionado o nome de quem ocupa essa função na Escola. Para eles o
Serviço de Orientação Educacional tem função de representá-los frente a
Direção da Escola e os pais, principalmente no que se refere a problemas que
estejam ocorrendo dentro de sala de aula ou na escola. Destacam os alunos
que não sabem o que deveria fazer o Serviço de Orientação Educacional ou o
Orientador Educacional além de “contar aos pais e à diretora o que eles estão
fazendo de errado”. Eles acreditam que, já que existe Serviço de Orientação
Educacional para os alunos, este deveria comunicá-los pra que serve e mostrar
o quão importante é para os alunos estarem em contato com o mesmo.
Podem-se ilustrar estes aspectos com as falas abaixo:
“Nunca ouvi falar disso... Serviço de Orientação Educacional, não
sei o que é! Acho serve para orientar alguma coisa”. (Ea1).
“O que é isso? É o que a tia ... faz? Sempre ela conversa com a
gente quando dá algum problema e chama a mãe pra conversar, para não
terem do que reclamar.”. (Ea2).
“ Acho que isso não tem aqui na escola ...”. (Ea1).
Para os professores do Ensino Básico, o Serviço de Orientação
Educacional atualmente está “inoperante”, à espera de que “alguém” diga o
que deve ser e o que deve fazer. O Serviço de Orientação Educacional é, na
visão destes, muito pouco atuante e espera-se que este seja um lugar
27
agradável, um espaço de mediação entre o aluno e a escola, e os alunos
possam ser atendidos de forma a contribuir com a formação educacional de
cada estudante, como é possível verificar nas frases abaixo:
“A Orientação Educacional deve ser um tanto independente, crítica
e reflexiva do processo de educação”. (Qp5).
“Vejo a Orientação Educacional atualmente prejudicada”. (Qp1).
“Um náufrago fazendo de tudo para sobreviver e encontrar seu
espaço e acho que vai encontrar, pois é algo muito importante e pode
encontrar ajuda colaborativa dos professores”. (Qp7).
Para a Direção da Escola, que participou desse estudo, o Serviço de
Orientação Educacional deveria continuar com a proposta de promover, junto
com os professores, eventos ligados à formação dos alunos. A Direção acredita
que o a pessoa que ocupa o cargo de Orientador Educacional precisa ser
dedicada, com grande visibilidade, e portanto deveria procurar ter com os
alunos uma maior sintonia.
2.1.2 Sobre o Papel da Direção Escolar Junto ao Serviço de Orientação
Educacional
Na pesquisa abordou-se também o papel da Direção da Escola junto
ao Serviço de Orientação Educacional (SOE), como se dá esta relação e qual
seria o ideal da mesma.
Os participantes relatam, de forma geral, que é necessário para o SOE
ter uma boa relação com a Direção da Escola, e que a participação da mesma
no SOE é adequada. Para eles, é necessário que exista respeito e diálogo,
apoio e troca entre a Direção e o SOE. Na opinião dos pesquisados, a Direção
tem o papel de mediadora para fornecer apoio ao SOE, mas não deve
28
estabelecer linhas de subordinação, e sim um canal de comunicação entre
aluno – professor – Direção – SOE – família. As frases abaixo ilustram essas
idéias:
“Acho importante à relação entre o SOE e a Direção da Escola”.
(Gp1).
“Não posso responder por que não conheço como é esta relação
hoje; acho que existe uma proximidade, mas não é tão grande como na
época de meus estágios, antes de concluir minha graduação”. (Ep2).
É possível dizer que a relação SOE – Direção é considera necessária
por todas as partes, porém, no discurso de alunos e professores há indicações
de que o grau dessa relação e até que ponto a Direção da Escola pode, ou
não, influenciar nas ações tomadas pelo SOE, não está devidamente claro.
2.1.3 Sobre o Papel dos Docentes Junto ao Serviço de Orientação
Educacional
Atores sociais que também não poderiam deixar de ser mencionados
nas perguntas realizadas são os docentes que atuam diretamente nas séries
iniciais da educação básica. Sobre estes foi perguntado: é necessário que o
professor participe junto ao SOE? Como você vê, esta participação? Qual
seria o ideal da mesma?
Em resposta, os participantes da pesquisa comentaram que os
professores mostram-se muito distantes do SOE, e que este fato talvez ocorra
por falta de tempo dos mesmos.
Porém foi relatado também que os
professores colocam-se a disposição do SOE para eventuais programações
(palestras, dias comemorativos) e quando solicitados, procuram responder de
forma interativa. Pode-se verificar isso na fala a seguir:
29
“A participação dos professores no SOE como deviria ser, ainda não
existe, mas eu acho que deveria ocorrer. Seria muito interessante ter uma
integração professor – SOE envolvendo assuntos de interesse dos alunos,
mas isso não é prioridade deles”. (Qp2).
De acordo com os alunos pesquisados, os professores são os que
mais interagem com eles, no dia-a-dia da sala de aula e, se eles estivessem
atuando de forma mais presente no SOE, muitas dificuldades poderiam ser
melhor superadas e decisões melhores tomadas.
Em entrevista com um professor, este parece mencionar uma
convergência no sentido da importância de uma participação mais ativa do
corpo docente junto ao SOE. O pesquisado fala que:
“Acho que a relação professor – SOE é muito tímida. Acho que a
maioria dos professores ignoram o SOE, digo isso porque vejo que é o que
acontece com a grande maioria dos professores da escola, não a totalidade.
Os professores deveriam ter uma ação integrada com os estudantes, afinal,
este é o novo paradigma da educação.” (Ep1).
Tanto no levantamento com os alunos quanto com os professores,
aspectos semelhantes aparecem no discurso dos participantes, como é o caso
da palavra INTEGRAÇÃO entre professor e SOE. Acredita-se que o professor
é um dos meios pelo qual os alunos e o SOE podem conquistar maior abertura
para ações em conjunto para que haja mobilização de todo o Ensino
Fundamental em datas importantes e representativas dentro do calendário
acadêmico. Também acredita-se que essa relação seja fundamental para o
estabelecimento de um comportamento (por parte de todos) que vise o futuro
da Educação do aluno, como pessoa e como cidadão.
30
2.1.4 Sobre a Relação entre Alunos e o Serviço de Orientação Educacional
As questões chave com respeito aos alunos da educação fundamental
e a relação com o SOE são: os alunos se mostram não informados sobre o que
é o SOE, pouco participativos nas atividades promovidas, e transferem para a
Direção do SOE toda a responsabilidade por suas ações; parece faltar
entusiasmo/empenho para com as atividades propostas SOE, como pode ser
verificado no relato abaixo:
“A participação dos alunos é muito distante. Os alunos criticam o
Orientador, não o valorizam...” (Ed).
Os alunos que foram convidados à participar das entrevistas e grupos
de discussão, relataram que lhes falta compreensão e conhecimento a respeito
do que é o SOE e sobre qual é o papel, a função do Orientador Escolar.
Também comentaram que poucos alunos são convidados a participar das
atividades culturais promovidas pelo SOE; Queixam-se por não ser proposto a
atuação e participação de um número maior de alunos em algo que seja
voltado para a necessidade deles, o que pode ser verificado nos relatos a
seguir:
“Tenho vontade de participar da Semana Cultural, mas a ... não
chama a gente, é sempre os mesmos..” (Ga1).
“Nunca participei e também não tenho vontade.” (Ga2).
Perguntou-se aos alunos, professores e Direção da Escola, baseado
nos relatos acima, qual seria o ideal de relação entre alunos e o SOE, e podese concluir que todos acreditam que esse ideal esteja relacionado a um
compromisso maior e entrosamento maior entre alunos e SOE. Também é
esperado por parte dos participantes que os alunos participem mais e o SOE
31
aproxime-se dos alunos – em sua maioria – contribuindo assim com o aluno e
este para com o SOE, já que é na escola (processo de formação do indivíduo)
que se começa a promover o desenvolvimento do aluno e sua conscientização
de responsabilidade na sociedade.
2.1.5 Sobre a Motivação, Participação no Serviço de Orientação
Educacional
Tanto os professores como os alunos entrevistados, na sua maioria,
relatam que participam ou já participaram de alguma atividade promovida pelo
SOE.
Os professores disseram que suas participações são eventuais, e mais
voltadas para a Semana Cultural ou outros eventos Comemorativos do
calendário Nacional brasileiro. Disseram ainda que participaram porque se
interessam pelas atividades realizadas e porque têm interesse em realizar
atividades extra-classe.
Questionando os alunos quanto à participação destes nas atividades
que o SOE promove foi possível verificar que o envolvimento é menor, como
pode ser ilustrado na fala a seguir:
“A gente aproveita a Semana Cultural pra faltar aula.... Vim apenas
dois dias.” (Ga4).
Por parte dos professores e Direção da Escola, as várias atividades
que eles têm que cumprir paralelamente ao trabalho de sala de aula são o que
mais os impossibilita de estar mais atuante junto ao SOE. A Direção da Escola
contudo, procura realizar reuniões semanais para estar a par do que se passa
no SOE.
Quanto aos alunos, percebeu-se de forma geral no discurso dos
entrevistados que eles sentem-se desmotivados a participarem das atividades
32
promovidas SOE, ou por não serem incluídos nas atividades, ou por pouca
divulgação das e promoção das mesmas.
2.1.6 Outros Aspectos Considerados Importantes
Nas entrevistas e questionários aplicados com professores foi
perguntado se estes gostariam de alguma forma, de participarem do SOE e
das atividades promovidas.
Em resposta, chama a atenção o fato de que todos os professores
afirmaram ter interesse em participar do SOE em suas respectivas atividades.
Essa participação, sobretudo, no papel de auxiliares, na parte de divulgação de
eventos,
como
organizadores
de
alguma
atividade/programa,
como
colaboradores, e como representantes de turma. Por outro lado, em relato de
um dos participantes pode-se verificar que este reconhece a importância da
participação, tendo colocado:
“Não participei de nada que o SOE fez este ano. Hoje percebo que
teria sido importante para minha integração com alguns alunos e com uma
turma que tenho mais dificuldade.”. (Qp3).
Tendo estes professores participado ou não, poderiam hoje, incentivar
seus alunos a estarem em constante relação com o SOE, e utilizando sua
própria experiência de vida, passarem a estes o quão benéfico este pode ser
para o desenvolvimento acadêmico e humano do aluno.
2.1.7 Sugestões Feitas pelos Participantes
Em meio às discussões dos grupos focais e respostas compiladas nos
questionários e entrevistas, foram identificadas várias sugestões para o
aprimoramento do SOE. Segue abaixo uma síntese dessas sugestões dadas
33
por professores, alunos e Direção da Escola para que haja maior integração
entre estes atores sociais, incluindo o SOE:
- O SOE poderia divulgar mais suas atividades através de folder, mural
e contato verbal nas salas de aula com maior freqüência.
- As Semanas Culturais deveriam envolver debates, palestras, sobre
temas polêmicos como, por exemplo, Bulling, entre outros.
- Cada turma deveria ter um representante junto ao SOE para,
exclusivamente, tratar de assuntos relacionados a ambas as partes.
- O SOE deveria estabelecer um programa anual de atividades que
querem realizar estando presente sugestões dos alunos e professores.
- É necessário realizar um trabalho de conscientização com os alunos,
mostrando que o SOE é importante e que é fundamental para o
desenvolvimento do aluno.
- Que os professores não agendasse as datas de provas/trabalhos que
coincidam com a Semana Cultural, a fim de evitar que os alunos não a
perdessem.
Dentre as sugestões alguns professores também deixaram mensagens
de incentivo para o SOE, ilustrada na frase a seguir:
“Não desistam, tentem sempre de um jeito novo, falem com os
professores, peçam sugestões”. (Qp4)
CAPÍTULO 3
DISCUSSÃO TEÓRICO-PRÁTICA
Neste capítulo serão analisadas as informações levantadas e já
apresentadas no capítulo anterior, agora, embasadas teoricamente.
3.1 A Representação Social da Orientação Educacional
Segundo OLMSTED (1970, p. 12) grupo é uma pluralidade de
indivíduos que estão em contato uns com os outros, que se consideram
mutuamente e que estão conscientes de que têm algo significativamente
importante em comum.
A classificação mais utilizada divide grupo em: primários e secundários.
No grupo primário encontrar-se-ia os laços afetivos íntimos e pessoais entre
seus membros, a espontaneidade no comportamento interpessoal, objetivos
comuns. O grupo secundário constituiu-se num meio para que seus
componentes atinjam fins externos ao grupo, as relações interpessoais são
mais impessoais, racionais e formais.
As pessoas costumeiramente participam simultaneamente de muitos e
diferentes tipos de grupo, o SOE, pode ser uma forma de envolver professores
a participarem mais ativamente do processo de desenvolvimento educacional,
nunca deixando de lado o ponto principal que tem em comum: atender os
alunos e suas respectivas necessidades, contribuindo para o desenvolvimento
integral deste. O “grupo” SOE, não precisa necessariamente ser formado só
por professores de determinada turma ou pelo orientador, já que, sendo este
também um grupo, seus participantes (inclui-se aí docentes e direção da
35
escola) também podem estar participando do “grupo” SOE, direta ou
indiretamente, pois como mencionado acima, tem um ponto em comum: o
aluno.
O grupo é um meio de o indivíduo satisfazer suas necessidades de
afiliação, prestígio, poder, etc. Um único grupo satisfaz necessidades diferentes
para pessoas diferentes, levando os indivíduos a participarem de vários grupos
para que as necessidades individuais sejam satisfeitas.
Um líder estabelecido, que ocupa a posição de papel formal, está mais
apto a influenciar os membros do grupo do que aquele que surgiu
informalmente na interação do grupo. Esse líder formal será testado por sua
associação com os esforços do grupo no sentido de sua meta. A direção do
SOE, bem como a direção da escola, tem líderes estabelecidos, portanto, nesta
linha de pensamento, líderes que serão “testados”, visados, questionados
quanto a sua atuação, seus projetos e propósitos em prol de todos.
Algumas funções que são esperadas de um líder são mencionadas por
GAHAGAN (1975, p. 139) como sendo:
a) a iniciação e coordenação das atividades dos membros individuais
em relação à meta do grupo;
b) o relacionamento do grupo com o mundo exterior;
c) que o líder atue como porta-voz do grupo; entre outros aspectos.
Como pode ser verificado na análise dos dados, alunos e professores
esperam que o Orientador Educacional – que representa o SOE – e a Direção
da escola, coordene atividades, tenham iniciativa, exponham o SOE para os
alunos, e, muitas vezes, que o SOE seja um lugar onde se possa ter um
diálogo aberto para que este, atue quando oportuno como mediador dos alunos
para com professores, para com pais, etc.
Para falar-se em metas de um grupo tem-se que estar ciente que essas
exercem uma influência organizadora sobre as atividades dos membros
individuais, e que estas podem variar. Segundo GAHAGAN (ibidem, p. 127) a
especificidade do objetivo exerce uma influência adicional no modo de
36
funcionamento de um grupo e o papel do líder é estar coordenando atividades
para que o grupo possa atingir seu objetivo.
Um fator que não pode deixar de ser mencionado é de que, falar em
metas de um grupo implica em falar das metas de seus membros individuais, e
que estas coincidam-se. Pode ser verificado nos relatos de alunos uma
discrepância entre o que é objetivo principal do SOE e o que este pode fazer,
paralelamente. Há alunos que relatam ser de meta do SOE chamar os pais na
escola para falar mal do aluno.
A presença de um líder reconhecido pode acelerar o processo pelo
qual os indivíduos num grupo aprendem a coordenar seu comportamento com
o dos outros, permite uma participação mais igual e dá a oportunidade de
serem ouvidas a opiniões dos membros e o papel que a liderança exerce é um
dos fatores que pode tornar um grupo produtivo ou improdutivo, é isto que até
certo ponto, impulsiona o SOE ou não.
Quanto aos padrões de comportamento que podem ser observados
nos membros de uma sociedade estão para TELES (1997, p. 49) mutuamente
relacionados e conceptualmente agrupados no que se convencionou chamar
de “sistema social”. Neste sistema pode-se distinguir duas fontes de
estabilidade: a institucional e a subinstitucional podendo ser atribuídos os
repetidos padrões de comportamento, em qualquer grupo, a essas duas fontes.
A fonte institucional refere-se às expectativas, compartilhadas pelos
participantes de um grupo na interação, sobre o modo como se presume que
cada um deva se comportar. Pode-se pensar a fonte institucional sobre a forma
como foram relatadas as expectativas do SOE e da Direção da escola com
relação aos alunos e professores. Espera-se que estes alunos e professores
comportem-se de certas maneiras, participem das atividades promovidas,
demonstrem interesse ao que for proposto, etc.
Pode-se pensar a questão do papel social que, para TELES (ibidem, p.
50), compreende um conjunto de expectativas associadas em torno de uma
função. Ser aluno, ser professor, são papéis que estão carregados de
expectativas, e para os indivíduos que desempenham esses papéis são
37
esperados determinados comportamentos (como participar das atividades
propostas pelo SOE, incluir o SOE no processo educacional). Instala-se aí a via
de várias mãos: o SOE espera determinados comportamentos dos alunos,
professores e Direção da escola; os alunos esperam determinados
comportamentos do SOE e/ou pessoas que o representam, da Direção da
escola
e
dos
professores;
os
professores
esperam
determinados
comportamentos dos alunos, SOE e direção da escola. Identificar o que cabe
de responsabilidade à cada um é um processo que pode levar algum tempo.
É bom ressaltar que a verdadeira interação entre estes atores sociais
será sempre caracterizada por trocas mútuas e conscientes. Se os indivíduos
que estão juntos não percebem-se, não cooperam entre si, não se integram,
não se enriquecem, não estão em verdadeira interação.
O problema da participação coloca-se como eixo fundamental da
questão da política social, ao lado dos eixos sócio-econômicos e assistencial.
A participação é em essência autopromoção e existe enquanto
conquista processual. Não existe participação suficiente, nem acabada. A
participação que se imagina completa, nisto mesmo começa a regredir.
Participação trata-se de outra forma de intervir na realidade, ou seja, uma
forma que passa por dois momentos cruciais: pela autocrítica, que sabe
corajosamente reconhecer suas tendências impositivas e pelo diálogo aberto
com os interessados, já não mais visto como objetos, clientela, alvo.
Muito foi relatado sobre participação nos dados obtidos através dos
participantes. Os alunos relatam não participarem com regularidade do que é
promovido pelo SOE, o que é confirmado na visão de professores, da Direção
da escola, e do próprio SOE. Professores também relatam não participarem do
SOE, em sua maioria, por falta de tempo, o que também é confirmado no relato
de alunos, direção da escola e do SOE. A direção do Curso, relata participar do
SOE de maneira mais administrativa, mas procurando sempre apoiar e orientar
as decisões tomadas pelo mesmo.
Na opinião dos pesquisados, a Direção tem o papel de mediadora
para fornecer apoio ao SOE, mas não deve estabelecer linhas de
38
subordinação, e sim um canal de comunicação entre aluno – professor –
Direção – SOE – família.
Ao enfrentar vários problemas, na tentativa de satisfazer suas
necessidades, o indivíduo desenvolve atitudes. Estas serão favoráveis diante
de objetos e pessoas que satisfazem suas necessidades ou desfavoráveis
diante de objetos e pessoas que o impedem de satisfazer suas necessidades,
alcançar seus objetivos. (KRECH, 1972, p. 209).
Seguindo esta idéia, as atitudes se desenvolvem no processo de
satisfação das necessidades, mas são também modeladas pela informação a
que o indivíduo está exposto.
Quando se obtém informação, conhecimento sobre um determinado
assunto, objeto, a atitude frente a este pode tornar-se diferente. Exemplo
prático seria se os alunos e professores tivessem maior informações sobre o
SOE, fossem mais informados sobre as atividades deste, sobre qual é a sua
função, qual a finalidade/sentido daquilo que é promovido. Com maior
informação e conhecimento a respeito do SOE, a atitude dos alunos e dos
professores poderia ser de maior envolvimento e participação, já que este tem
como função servir os alunos do curso, atender suas necessidades e apoiá-los
para alcançarem objetivos, integrá-los junto ao corpo docente, promovendo
formas saudáveis que auxiliem seu desenvolvimento tanto acadêmico como
pessoal.
Para
KRECH
(ibidem,
p.
217)
muitas
atitudes
das
pessoas
correspondem a informações inadequadas para representar os fatos essenciais
e enquanto o repertório de fatos, conhecimento, informação não incluir esses
fatos essenciais referente à algo, surgirão crenças, deformações da realidade
em questão.
Pode ser verificado no relato de entrevistas com alunos do curso que
para estes o SOE pouco tem representatividade, que desconhecem o que pode
ser feito pelo SOE ou os benefícios que ele pode lhes proporcionar.
39
As atitudes destes alunos tendem a refletir as crenças, valores e
normas do grupo em que está inserido. Se o aluno estiver ligado com o “grupo”
SOE, isso contribuirá para determinar a formação de suas atitudes, este aluno
ou professor, e até mesmo a Direção da escola participará do “grupo” SOE
buscando objetivos em comum.
CONCLUSÃO
Este
trabalho
teve
como
principal
objetivo
identificar
as
representações sociais que discentes e docentes de escolas municipais do
ensino fundamental têm em relação ao SOE (Serviço de Orientação
Educacional), sendo que através de entrevistas com os mesmos,
questionários com os docentes, grupos de discussão, entrevista com a
Direção da escola foi possível obter informações quanto a opinião destes em
relação ao SOE e a percepção que têm em relação a relação que mantém
com alunos, professores e Direção da escola.
Nos relatos de professores, alunos e Direção da escola, verificou-se
a presença oculta de uma palavra comum a todos: conscientização, ou
melhor, a falta de conscientização. SILVA (1986, p. 81) fala que a
conscientização constitui-se no conceito central das idéias de Paulo Freire,
já que todo aprendizado deve encontrar-se intimamente associado à tomada
de consciência da situação real vivida pelo indivíduo. Conscientizar, não
significa,
absolutamente,
ideologizar
ou
propor
ordem
e,
se
a
conscientização abrir caminho à expressão das insatisfações sociais é
porque estas são componentes reais de uma situação de opressão, e a
conscientização significa uma abertura à compreensão das estruturas
sociais como modos da dominação enquanto processo de inserção crítica do
homem na ação transformadora. Nesse sentido, a conscientização consiste
no desenvolvimento crítico da tomada de consciência ao ultrapassar a
esfera espontânea da apreensão da realidade para atingir uma esfera crítica
na qual a realidade se dá como objeto cognoscível e o homem assume uma
posição epistemológica.
Ter alunos, professores, Direção da escola, SOE que pensam de
forma consciente a respeito de seus direitos e deveres, de suas
41
responsabilidades enquanto participantes de um mesmo grupo – Escola,
pode parecer algo utópico. Mas, se todos estão dispostos a ultrapassarem o
processo árduo de participação, que é conquista, em seu legítimo sentido de
defesa
de
interesses
contra
interesses
adversos,
questões
como
comportamento político dos atores sociais (aluno, professor, direção da
escola, SOE), visão semelhante de papéis a cada um determinados, ideal de
relação entre todos, etc, podem melhor serem pensados e refletidos em
conjunto.
Planejar estratégias de mudança quanto ao comportamento de
discentes e docentes em relação ao SOE, da Direção da escola em relação
ao mesmo ou de como o SOE poderia agir para conquistá-los não é de
principal importância.
Assim como a liberdade só é verdadeira quando conquistada, assim
também é a participação dos indivíduos em algo que é deles, que faz parte
de sua história e de seu desenvolvimento como indivíduo. Isto fundamenta a
dimensão básica da cidadania. Não só deveres, há também direitos. Talvez
este seja o caminho a ser percorrido: o caminho da cidadania dentro da
escola, dentro de cada turma/série, dentro do SOE, dentro de cada
professor, de cada aluno, pois é através disso que a conscientização
ganhará espaço e as contribuições para a formação de indivíduos críticos e
participativos na sociedade não podem ser medidas.
42
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pesquisa
das
representações sociais. In: GUARESCHI, P. A. e JOVCHELOVICH S.
Psicologia social: Texto em representações sociais. 5 ed. Petrópolis: Vozes,
1999. p. 149-181.
ANEXOS
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Anexo 1 – Questionário Professores
Anexo 2 – Perfil Geral Professores
Anexo 3 – Roteiro para Entrevista e Grupo de Discussão
Anexo 4 – Perfil Geral Alunos
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Anexo 1
Questionário Professores
PESQUISA SOBRE REPRESENTAÇÃO SOCIAL DA O.E.
LEIA ESSAS INFORMAÇÕES ANTES DE INICIAR:
A presente pesquisa está sendo desenvolvida dentro do Trabalho de
Conclusão de Curso da Pós Graduação em Orientação Educacional, sob a
orientação e supervisão da Profª. Kelly Cristine Fernandes.
Você está recebendo um questionário que tem por objetivo levantar
informações sobre o que os professores desta Instituição de Ensino pensam a
respeito da Orientação Educacional e do papel do Orientador Educacional.
Acompanha esse questionário uma ficha complementar que possibilitará traçar
um perfil mínimo dos participantes desse estudo.
Ao responder as questões, sinta-se livre para emitir sua opinião. Caso
necessite de mais espaço para responder os itens solicitados, utilize o verso da
folha, indicando o número da questão a que está se referindo.
Após completar seu questionário, entregue-o diretamente ao mesmo
pesquisador de quem recebeu.
Vale ressaltar, ainda, que esse instrumento é anônimo, mantendo a
confidencialidade das suas respostas. O resultado deste estudo não será
divulgado de forma isolada.
Não há necessidade de você assinar nenhum termo de consentimento
específico, pois a devolução do seu questionário será entendida como adesão
voluntária da sua parte, sendo assumido inclusive que você está ciente das
informações acima representadas.
PERGUNTAS ESPECÍFICAS SOBRE O TEMA:
1) Durante a época em que estava cursando o ensino básico você foi atendido de
alguma forma pela Orientação Educacional? De que forma?
_____________________________________________________________________
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_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
2) Atualmente participa de alguma com a Orientação Educacional?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
3) Qual a sua opinião sobre o Serviço de Orientação Educacional atualmente?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
4) Na sua opinião, qual seria o ideal de funcionamento para o Serviço de Orientação
Educacional?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
5) Qual a sua opinião sobre a participação da DIREÇÃO com o Serviço de Orientação
Educacional, atualmente?
_____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
6) Na sua opinião, qual seria o ideal de participação da DIREÇÃO com o Serviço de
Orientação Educacional?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
7) Qual a sua opinião sobre a participação dos PROFESSORES com o Serviço de
Orientação Educacional, atualmente?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
8) Na sua opinião, qual seria o ideal de participação para esses PROFESSORES?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
9) Qual a sua opinião sobre a relação do Serviço de Orientação Educacional para com
os ALUNOS, atualmente?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
10) Na sua opinião, qual seria o ideal de relação, do Serviço de Orientação
Educacional, para com esses ALUNOS?
_____________________________________________________________________
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_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
11) Que sugestões você tem para o Serviço de Orientação Educacional atual?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
12) Que outras idéias você gostaria de deixar registradas sobre o tema desse estudo?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
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Anexo 2
Perfil Geral Professores
PESQUISA SOBRE REPRESENTAÇÃO SOCIAL DO SOE
Por favor, preencha os dados abaixo de acordo com a sua realidade.
Esses dados são confidenciais e não serão divulgados de forma isolada. Eles
ajudarão a compor um perfil geral sobre os participantes nesta pesquisa.
MUITO OBRIGADO!!
DADOS GERAIS DO PARTICIPANTE:
Tempo de Magistério: ( ) menos de 5 anos ( ) ente 5 e 15 anos ( ) mais de
15 anos
Tempo de Atuação nesta Escola: ( ) menos de 5 anos ( ) ente 5 e 15 anos
( ) mais de 15 anos
Carga Horária Total de Trabalho : ______________________
Realiza outras atividades profissionais fora desta Escola?
( ) sim
( )
não
DADOS GERAIS SOBRE O TEMA:
1. Você já esteve em contato com o Serviço de Orientação Educacional ?
( ) sim
( ) não
Se sim, em que situação? _____________________________________________
2. Gostaria de obter informações sobre as atividades do Serviço de
Orientação Educacional? ( ) sim
( ) não
Se sim, como?
( ) através de folder
( ) através de carta informativa
( ) através de cartaz na sala de aula
( ) através do mural
50
( ) Outro. Qual? _____________________________________________________
3. Você já participou de alguma atividade organizada pelo Serviço de
Orientação Educacional?
( ) sim
( ) não
Se participou, qual motivo levou você a participar? ________________________
__________________________________________________________________
Se participou, quando? _______________ Por quanto tempo? _______________
Se participou, gostaria de participar novamente? ( ) sim
Se não participou, gostaria de participar de alguma atividade?
( ) sim ( ) não
( ) não
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Anexo 3
Roteiro para Entrevista e Grupo de Discussão
PESQUISA SOBRE REPRESENTAÇÃO SOCIAL DO SOE
A) QUANTO AO SOE:
1.
2.
3.
4.
Você conhece o SOE? O que sabe/já ouvi falar a seu respeito?
Qual sua opinião sobre o SOE?
Na sua opinião, qual o papel do SOE?
Na sua opinião, no que o SOE pode contribuir para a formação do
aluno?
5. Que sugestões você têm para o SOE?
B) QUANTO A PARTICIPAÇÃO DA DIREÇÃO DA ESCOLA
NO
SOE:
6. Qual sua opinião sobre a participação da Direção da Escola no SOE?
7. Qual seria o ideal de participação neste caso?
C) QUANTO A PARTICIPAÇÃO DOS PROFESSORES NO SOE:
8. Qual sua opinião sobre a participação dos professores no SOE?
9. Qual seria o ideal de participação neste caso?
D) QUANTO A RELAÇÃO DO SOE COM OS ALUNOS:
10. Qual sua opinião sobre a relação do SOE com os alunos?
11. Qual seria o ideal de relação neste caso?
E)
QUANTO
A
PERCEPÇÃO
SOBRE
A
ORIENTAÇÃO
EDUCACIONAL E O PAPEL DO ORIENTADOR:
12. Na sua opinião, o que significa, para que serve, a Orientação
Educacional ?
13. O que ganha e o que perde a escola que possui um Orientador (a)
Educacional?
14. Na sua opinião, quais atividades o Orientador (a) Educacional é
responsável por realizar?
52
Anexo 4
Perfil Geral Alunos
PESQUISA SOBRE REPRESENTAÇÃO SOCIAL DO SOE
Por favor, preencha os dados abaixo de acordo com a sua realidade.
Esses dados são confidenciais e não serão divulgados de forma isolada. Eles
nos ajudarão a compor um perfil geral sobre os participantes nesta pesquisa.
MUITO OBRIGADO!!
DADOS GERAIS DO PARTICIPANTE:
Série que estuda atualmente: _____________ Turno: ( ) manhã ( ) tarde
Sexo: ( ) masc.
( ) fem.
Idade: _________________
DADOS GERAIS SOBRE O TEMA:
1. Você já esteve em contato com o Serviço de Orientação Educacional ?
( ) sim
( ) não
Se sim, em que situação? _____________________________________________
2. Gostaria de obter informações sobre as atividades do Serviço de
Orientação Educacional?
( ) sim
( ) não
Se sim, como?
( ) através de folder
( ) através de cartaz na sala de aula
( ) através de carta informativa
( ) através do mural
( ) Outro. Qual? _____________________________________________________
3. Você já participou de alguma atividade organizada pelo Serviço de
Orientação Educacional?
53
( ) sim
( ) não
Se participou, qual motivo levou você a participar? ________________________
__________________________________________________________________
Se participou, quando? _______________ Por quanto tempo? _______________
Se participou, gostaria de participar novamente? ( ) sim
Se não participou, gostaria de participar de alguma atividade?
( ) sim ( ) não
( ) não
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes
Título da Monografia: Representação Social da Orientação Educacional
sob a ótica de docentes da rede municipal de ensino
Autor: Aline Pinheiro Xavier
Data da entrega: __/__/2010
Avaliado por:
Conceito:
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Os movimento estudantis tornam-se grupos sociais organizados