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INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
FUNORTE / SOEBRÁS
PSICOTERAPIA BREVE NO HOSPITAL- Uma
Revisão de Literatura
NÚBIA ROBERTA AYRES
Cacoal, 2013
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INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
FUNORTE / SOEBRÁS
PSICOTERAPIA BREVE NO HOSPITAL- Uma
Revisão de Literatura
NÚBIA ROBERTA AYRES
Monografia
apresentada
ao
Programa
de
Especialização em Psicoterapia Breve do ICS–
FUNORTE/SOEBRÁS NÚCLEO CACOAL, como
parte dos requisitos para obtenção do titulo de
Especialista.
ORIENTADORA: Profa. Dra. Carmen Maria Bueno
Neme
Cacoal, 2013
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NÚBIA ROBERTA AYRES
PSICOTERAPIA BREVE NO HOSPITAL – Uma
Revisão de Literatura
Monografia
apresentada
ao
Programa
de
Especialização em Psicoterapia Breve do ICS –
FUNORTE/SOEBRÁS NÚCLEO CACOAL, como
parte dos requisitos para obtenção do titulo de
Especialista.
Aprovado em:
BANCA EXAMINADORA
____________________/___/2013
Profa.Dra. Carmen Maria Bueno Neme
Orientadora- Funorte
____________________/___/2013
Profa. Ms. Cristiane Araújo Dameto
(1º Avaliador)
____________________/___/2013
Prof. Ms. Plinio Marinho de Carvalho Junior
(2° Avaliador)
3
A natureza dos homens é a mesma, são os hábitos que
os mantêm separados.
Confúcio
4
Dedico
À memória da minha mãe Lenira Maria da Silva, brilhante mãe, que me ensinou a
caminhar na terra.
A meu pai Valdecir Juiz Ayres que muito contribuiu para o meu sucesso.
Aos meus irmãos Elisângela Cristina Loquetti, Mirieli Cristiane Loquetti e Valdecir
Juiz Ayres Junior.
Aos meus amados sobrinhos, Heverton Loquetti Fernandes e Maria Eduarda
Loquetti Fernandes.
5
AGRADECIMENTOS
A Deus, por toda a força e por todos os caminhos que tem me mostrado.
E a todos os educadores que têm sobre si a responsabilidade de educar e formar
cidadãos.
6
SUMÁRIO
I INTRODUÇÃO
9
1 PSICOLOGIA HOSPITALAR: CAMPO DE ATUAÇÃO E BREVE
HISTÓRICO DE DESENVOLVIMENTO
11
2 A PSICOTERAPIA BREVE: ASPECTOS TEÓRICOS E TÉCNICOS
15
II OBJETIVOS
18
III MÉTODO
18
Procedimento
18
IV RESULTADOS E DISCUSSÃO
20
V CONSIDERAÇÕES FINAIS
26
REFERÊNCIAS
27
ANEXOS
30
7
RESUMO
A Psicologia Hospitalar vem ganhando novos sentidos a cada dia, ao lado da
indefinição de que algumas vezes se reveste o conceito surgem diferentes
atividades a serem empreendidas pelo psicólogo no sentido de conferir
humanização ao sistema de saúde, seja no acompanhamento de pacientes e seus
familiares, seja na orientação, na ouvidoria, este profissional tem delimitado seu
espaço, não sem algumas dificuldades atinentes ao desconhecimento a respeito do
trabalho do psicólogo no hospital, o que implica problemas na formação de equipes
multiprofissionais. Dada a multiplicidade de tarefas que o psicólogo pode
desempenhar no hospital, necessário se faz que este disponha de instrumentos e
técnicas variadas para atuar em diversas frentes, assim, observa-se que a
Psicoterapia Breve se mostra como opção viável por atender tais requisitos. Nesse
pensar, o presente estudo constitui-se de revisão bibliográfica na literatura nacional
no intuito de ampliar a perspectiva a respeito da aplicação da Psicoterapia Breve no
ambiente hospitalar. Nos artigos constantes da revisão bibliográfica não são
significativas as relações entre a psicoterapia breve e a psicologia hospitalar.
PALAVRAS-CHAVE:
bibliográfica.
Psicologia
hospitalar.
Psicoterapia
breve.
Revisão
8
ABSTRACT
The hospital psychology is being signified day after day, in despite of the
indefiniteness about the term, the psychologist have many activities to do to
humanize the hospital, staying with the patients and their families, giving orientations,
realizing ombudsman, the psychologist delimited his space, besides the difficulties in
the comprehension on the work on psychology in the hospital which includes
difficulties on forming multidisciplinary groups. In virtue of the multiple activities that
the psychologist do in the hospital, he needs instruments and techniques to do his
work, so, we understand that Brief Psychotherapy is an viable option because
attends the requirements. In this way, this work is a national literature review to
amply the perspective about the application of Brief Psychotherapy in the hospital.
The articles that were analysed don’t show associations between Brief
Psychotherapy and Hospital Psychology.
KEYWORDS: Hospital psychology. Brief psychotherapy. Literature review.
9
I.
INTRODUÇÃO
A Psicologia Hospitalar é uma das áreas de atuação do psicólogo que vem se
ampliando significativamente nos últimos anos, abarcando a atenção psicológica a
pacientes, familiares, cuidadores e equipes profissionais de saúde. A ampliação das
ações do psicólogo no hospital vem exigindo a realização de estudos e avaliações
frequentes das práticas e seus resultados, tendo em vista as especificidades e as
demandas diversificadas da instituição hospitalar e da condição diferenciada do
doente hospitalizado ou em tratamento ambulatorial (NEME, 2005).
De acordo com Neme (2005), o atendimento psicológico e a psicoterapia
realizada no hospital devem ser adaptados e adequados às necessidades dos
doentes e familiares, da equipe e da instituição, não podendo ser simplesmente
transportadas do contexto de consultório privado ou outros, para uma realidade
diferente e complexa como a hospitalar.
As possibilidades de intervenção e colaboração do psicólogo na área da
saúde, incluindo as práticas hospitalares têm se fortalecido nas últimas décadas,
com o aumento das pesquisas e revitalização do campo da Avaliação Psicológica,
assim como, com o crescimento da aplicação das psicoterapias e intervenções
breves junto a pacientes internados ou em tratamento ambulatorial (AZEVEDO,
DAMETO & NEME, 2005). As técnicas breves são consideradas avanços
inestimáveis, possibilitando atendimento de maior número de pacientes, com
qualidade e eficiência, democratizando o acesso a esse tipo de tratamento, por
contingentes da população que tradicionalmente não poderiam ter essa atenção em
saúde mental (KNOBEL, 1986; NEME, 2005). No contexto do hospital, no qual as
demandas são múltiplas e ágeis, a possibilidade de se utilizar as técnicas
psicoterápicas breves ampliam significativamente a eficiência e a contribuição do
psicólogo e psicoterapeuta junto a uma população que, além do sofrimento corporal,
sofre também psiquicamente.
Mathilde Neder (1961, citada por NEME, 2005) ressalta que a psicoterapia breve,
por seu caráter focal e tempo limitado, promove insights mais cognitivos do que
afetivos
e
possibilita
maior
agilidade
nos
cuidados
com
correspondendo às necessidades dinâmicas da instituição hospitalar.
os
pacientes,
10
Partindo dessas considerações, o estudo ora apresentado destina-se a
identificar, na literatura nacional, estudos referentes à psicoterapia breve e à
psicologia hospitalar, verificando a produção publicada nesse campo. Para isso,
realizou-se pesquisa bibliográfica nas principais bases de dados em psicologia.
11
1.
PSICOLOGIA HOSPITALAR: CAMPO DE ATUAÇÃO E BREVE HISTÓRICO
DE DESENVOLVIMENTO
Ao se considerar o campo da Psicologia Hospitalar, cumpre salientar que esta
é uma expressão largamente empregada no Brasil, no entanto, não é notada a
mesma aplicação do termo em outros países. De acordo com Castro e Bornholdt
(2004) o que é chamado de Psicologia Hospitalar no Brasil é chamado de Psicologia
da Saúde em outros países, mas é importante observar que as duas expressões não
são equivalentes. Para Castro e Bornholdt, a psicologia da saúde é mais ampla,
podendo assumir um caráter preventivo, enquanto a hospitalar ocorre em um
ambiente frequentado por pessoas que já desenvolveram algum tipo de patologia.
Segundo Gimenes (1994, apud Neme, 2003), a Psicologia da Saúde surgiu
oficialmente em 1978, com a criação da Divisão de Psicologia da Saúde pela
Associação Americana de Psicologia (APA), tendo sido definida por Matarazzo, em
1980, como um campo que agrega os conhecimentos científicos e educacionais da
Psicologia, voltado para a promoção, prevenção e tratamento em saúde.
Sebastiani (2003) explica que a terminologia adotada no Brasil tem relação
com as políticas nacionais de saúde que, desde a década de quarenta priorizam as
ações de saúde mediante ação secundária em detrimento das ações ligadas à
saúde coletiva; estando as políticas de saúde exclusivamente relacionadas ao
hospital, natural que a psicologia da saúde fosse aqui chamada de psicologia
hospitalar.
Conforme expõe Scliar (2007), ao traçar um percurso histórico do conceito de
saúde, a acepção do termo foi ampliada em 1948 pela Organização Mundial da
Saúde – OMS, propondo que saúde seja o estado de completo bem-estar físico,
mental e social, e não apenas a ausência de doença, como propagado
anteriormente.
Assim pensam Capitão e Baptista (2010, p. 2) a esse respeito:
A avaliação psicológica no contexto da saúde concorda com a definição
atual do conceito de saúde e das causas das enfermidades. Não considera
a saúde como ausência de sintomas, ora visto que uma pessoa pode estar
muito enferma sem apresentar nenhuma sintomatologia, mesmo porque o
ser humano não deve ser avaliado do ponto de vista de uma única
determinação, mas sim multideterminado.
12
Dessa forma, pensar uma Psicologia da Saúde implica pensar o ser humano
plenamente adaptado e num estado de bem-estar que abrange todas as esferas de
sua vida, motivo pelo qual o termo Psicologia da Saúde passa a ganhar um caráter
muito mais amplo que o termo Psicologia Hospitalar. Esclarece-se, portanto, o uso
das terminologias citadas, considerando-se o termo Psicologia Hospitalar em seu
sentido restrito, isto é, a psicologia praticada no ambiente hospitalar.
A psicologia hospitalar ampliou-se no Brasil por volta de 1980, quando a
figura do psicólogo passou a integrar as equipes profissionais dos hospitais públicos,
prestando assistência aos pacientes e seus familiares, de modo a aumentar a
adesão ao tratamento médico partindo da não divisão entre mente e corpo
(CAPITÃO & BAPTISTA, 2010). Na realidade, a Psicologia Hospitalar nasceu em
nosso meio com a atuação pioneira de Mathilde Neder, na década de 1950, no
Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo,
como lembra Neme (2003), sendo considerada pioneira na América Latina,
inaugurando a entrada da Psicologia no ambiente hospitalar.
A Psicologia da Saúde, assim como a psicologia praticada em contexto
hospitalar vem ganhando espaços e destaque nos meios profissionais e científicos
no Brasil e no mundo, por meio da confirmação dos resultados práticos da atuação
profissional nesta área. A atuação do psicólogo abrange, além dos ambientes
hospitalares, centros de saúde, programas com foco na saúde coletiva, políticas de
saúde, etiologia, manutenção da saúde, dentre outros (BAPTISTA, BAPTISTA &
DIAS, 2010).
Chiattone (2000) adverte que o psicólogo hospitalar é um psicólogo da saúde
que atua em um ambiente hospitalar, e, nesse sentido, a denominação deveria ser
psicólogo em contexto hospitalar. De acordo com Laloni e Fernandes (2010), as
primeiras atividades do psicólogo em âmbito hospitalar estavam voltadas
principalmente para a avaliação psicológica e a psicometria, trabalhando
predominantemente com doenças mentais, voltadas para as questões de
psicopatologia e fazendo intervenções apenas com pacientes psiquiátricos. O
fortalecimento do modelo biopsicossocial em saúde modificou concepções e práticas
em saúde e, hoje, o psicólogo hospitalar atende diferentes demandas, realizando
diferentes ações como, atendimento psicoterapêutico, grupos psicoterapêuticos,
grupos de psicoprofilaxia, atendimentos em ambulatórios e unidades de terapia
13
intensiva, pronto atendimento, enfermarias em geral, psicomotricidade em âmbito
hospitalar, avaliação diagnóstica, psicodiagnóstico, consultoria e interconsultoria.
A ampliação das atividades do psicólogo hospitalar deve-se também ao fato
de que:
A resposta dos pacientes ao tratamento das doenças, o efeito psicológico
da doença no paciente e, consequentemente, ao longo de seu curso são
considerações importantes para os cuidados médicos efetivos. Os pacientes
estão sob o risco de complicações médicas pela relação entre os fatores
psicológicos e as doenças (LALONI & FERNANDES, 2010, p. 106).
A avaliação psicológica é uma das atividades do psicólogo hospitalar,
identificando comportamentos do doente como padrões de resposta que podem
aumentar ou diminuir a vulnerabilidade biológica, admitindo que o comportamento do
paciente afeta os estados biológicos, determinando a manutenção, a perda ou a
recuperação da saúde biológica (LALONI & FERNANDES, 2010).
[...] a avaliação psicológica no contexto da saúde se coloca como um dos
métodos necessários para todos aqueles que pesquisam e atuam no campo da
saúde. A avaliação psicológica está baseada no método científico, e a
aplicação de instrumentos psicológicos representa uma parte significativa, que
possui várias orientações importantes (CAPITÃO & BAPTISTA, 2010, p. 1).
Estar em um hospital, ser portador de uma doença ou ter passado por um
diagnóstico ou tratamento traumático muda a vida do ser humano.
O paciente, ao adentrar no hospital, perde muitas de suas referências do meio
externo onde vive. Ao adoecer, o ser humano deixa de ocupar sua posição
frente à sociedade, a doença impedindo-o muitas vezes de realizar suas
funções, como por exemplo, ser membro de um grupo de trabalho, social e
familiar (PREGNOLATTO & AGOSTINHO, 2010, p. 142).
Diante das mudanças, o paciente precisa adaptar-se ao novo cenário, à sua
nova situação e, nesse sentido, a psicologia poderá auxiliá-lo, podendo intervir em
relação às mudanças concretas como: rotina, hábitos e outras necessidades de
adaptação.
No ambiente hospitalar, cabe ainda ao psicólogo, participar e liderar ações
voltadas à humanização na área da saúde, tanto com relação ao paciente quanto
com relação ao atendimento dos familiares. O conceito de humanização abrange o
bem-estar do indivíduo em aspectos físicos e morais, incluindo as condições
ambientais envolvidas, as condições de tratamento, o relacionamento entre as
14
pessoas, o conforto, entre outros aspectos. Ao psicólogo, compete participar do
processo de humanização no hospital, especialmente no que se refere ao
relacionamento interpessoal (PREGNOLATTO, et. al., 2010).
Considerando-se as diversas possibilidades de ação de competência do
psicólogo hospitalar, identificam-se duas, entre as mais importantes: o diagnóstico
ou avaliação psicológica e as intervenções de cunho terapêutico. A avaliação
psicológica terá maior ou menor relevância, dependendo da clínica médica atendida
e das necessidades da equipe de saúde. Com relação à terapêutica, Neme (2010),
ao descrever seu trabalho junto à clínica oncológica, ressalta o valor das Entrevistas
Clínicas Interventivas, das Intervenções Breves e Pontuais, principalmente junto a
pacientes internados e as Psicoterapias Breves, especialmente frutíferas com
pacientes ambulatoriais. Neme também ressalta a necessidade de se aprofundar o
conhecimento e a avaliação dessas práticas, fundamentando avanços e novos
desenvolvimentos na área.
15
2.
A PSICOTERAPIA BREVE: ASPECTOS TEÓRICOS E TÉCNICOS
Abordar a origem das psicoterapias breves não é tarefa das mais fáceis, uma
vez que estas são apresentadas como modelos de expansão de técnicas diversas e,
até mesmo, com base teórica e conceitual variada. De modo geral, as psicoterapias
breves caracterizam-se por ampliar a capacidade operativa do terapeuta, oferecendo
técnicas variadas e específicas a cada caso (KNOBEL, 1986).
Fiorini (2008, p. 18), considerando a novidade que representam algumas
técnicas dentro da psicoterapia breve, salienta que:
[...] essas psicoterapias estão passando pelo teste da experiência (que já
não é tão nova), apresentando resultados que permitem construir algumas
hipóteses provisórias. Portanto, parece oportuno considerar ao menos a
possibilidade de que essas práticas transcendam o quadro de um
empirismo obscuro, encontrem uma racionalidade que as legitime, as torne
coerentes e as constitua em técnicas individualizáveis, dotadas de sentido,
indicadas cientificamente, e não meros recursos acidentais para uma
emergência socioeconômica e sanitária.
O autor enfoca o fato de as psicoterapias breves já estarem sendo praticadas
há algum tempo e, no entanto, ainda carecerem de resultados e sistematização que
as legitimem. Já foi dito que o cenário atual demanda novas técnicas, ainda assim,
não podem ser as demandas diferenciadas o palco de apenas tentativas, o cenário
deve servir de base para a criação e legitimação de técnicas mais apropriadas para
a atualidade.
Knobel (1986) salienta que muitos pacientes não podem se beneficiar da
técnica psicanalítica ou não podem chegar a obtê-la, assim, a psicoterapia breve
passa a atuar por uma imposição destes pacientes em face de uma necessidade
real e cada vez mais há profissionais aplicando esta técnica.
Hegenberg (2010) solicita parcimônia na aplicação da Psicoterapia Breve,
salientando que só poderá ser utilizada se o paciente for capaz de focalizar, de
reconhecer os limites de tempo e de poder aproveitar a terapia neste menor espaço
temporal.
Em defesa da aplicação da psicoterapia breve, Hegenberg (2010, p. 32)
propõe o seguinte questionamento:
16
Atualmente, é possível oferecer-se uma terapia mais focalizada e pontual,
diferentemente do que ocorria há cem anos. Para que submeter um
paciente que não a deseja, a uma análise longa e indefinida, se há
possibilidade, em alguns meses, de estar de posse de um conhecimento
sobre ele mesmo que propicie maior compreensão de si, com elaboração
suficiente para sentir-se mais inteiro e viver uma vida com mais sentido?
No que se refere ao profissional, à figura do terapeuta, Fiorini (2008, p. 28)
salienta que:
Um terapeuta que introduz na sessão suas iniciativas para a confrontação,
que promove o diálogo, é um dos componentes originais dessa técnica,
talvez o mais específico para sua caracterização. Sem essa intervenção
abertamente participante do terapeuta, o curso de uma terapia breve,
entregue à espontaneidade do paciente, passa por sérias dificuldades. A
falta de uma compreensão adequada desse fato fundamental por parte do
terapeuta parece ser detectada com frequência como um dos determinantes
fundamentais de fracassos em tratamentos breves.
Nesse sentido, a figura do terapeuta, em senda das psicoterapias breves,
enseja uma postura ativa, de quem promove uma série de intervenções para, a partir
de uma avaliação global do paciente produzir um planejamento terapêutico
individualizado.
Para Braier (2008, p. 64):
O entrevistador deverá [...] assumir um papel
momentos das entrevistas em função dos
procedimento, essencialmente diagnóstica
perguntas, fornecerá informação, etc., e às
assinalamentos e interpretações.
ativo, dirigindo os diversos
objetivos desta fase do
e contratual. Formulará
vezes poderá recorrer a
A entrevista se estabelece, em psicoterapia breve, como um momento crucial
para o desenvolvimento com sucesso do tratamento. Para Simon (2011), neste
momento inicial, o terapeuta precisa das seguintes habilidades: minucioso escrutínio
a fim de detectar situações-problema; identificar, caso haja, situação-problema
nuclear; compreender as ligações entre as situações-problema; pela história
pregressa, ser capaz de formular conjecturas sobre padrões psicodinâmicos que
podem ter culminado em complexos inconscientes.
Malan e Selva (2008) atentam para as “defesas táticas” empreendidas por
alguns pacientes a fim de não se manifestarem sobre as reais situações-problema
na entrevista, uma forma de proteção, e classificam estas defesas em três grandes
grupos compostos por algumas atitudes por partes dos pacientes, vejamos: evitação
17
– omissão, ‘não lembrar’, recusa, mudar de assunto, retirada, retraimento; descrever
ou expressar outras coisas que não os sentimentos evitados – atenuação, angústia
em lugar de raiva, defesas em lugar de raiva, ‘externalização’, vitimização;
intelectualização – discussão intelectual, a palavra ‘porque’, generalização,
vagueidade, ruminação; resposta parcial; somatização.
Para os autores acima mencionados, estas são situações que, de certa forma,
poderão se estabelecer como obstáculos à ação do terapeuta que deverá estar
preparado ou buscar estratégias para lidar com elas.
Ainda com relação à entrevista, Simon (2011) acentua que as partes que a
constituem são: queixa, anamnese, história pregressa, interrogatório complementar.
O contato inicial oportunizado por meio da entrevista será um importante fator para o
estabelecimento de uma relação de confiança entre terapeuta e paciente.
No que se refere à relação paciente-terapeuta, Braier (2008) ressalta que na
psicoterapia breve se estabelece com o paciente um vínculo mais realista e definido,
podendo haver maior proximidade afetiva, formando, assim, uma aliança
terapêutica, para a qual contribui uma imagem confiável do terapeuta.
Além dessa característica, qual seja, a iniciativa pessoal do terapeuta,
somam-se outros princípios básicos das psicoterapias breves como: individualização
na terapêutica para cada paciente; planejamento com uma estratégia total e
objetivos parciais; focalização – característica essencial deste tipo de terapia;
flexibilidade tanto ao organizar a estratégia quanto nas mudanças que podem
ocorrer ao longo do tratamento (FIORINI, 2008).
No que se refere ao planejamento, este inclui: tipo de psicoterapia a ser
aplicada, conflitos que serão abordados e os que serão deixados de lado, sequência
da abordagem, condições temporais e espaciais, tipos de intervenções do terapeuta,
recursos terapêuticos a serem empregados (BRAIER, 2008).
Braier (2008) elenca como características da psicoterapia breve que
diferenciam esta técnica das demais: focalização – uma vez que a atuação
terapêutica se faz com base no foco no problema evidente, desconsiderando outros
problemas e dificuldades naquele momento; multiplicidade de recursos terapêuticos
– uma vez que existe a possibilidade de recorrer aos mais variados recursos a
exemplo de técnicas grupais, psicodrogas no tratamento; planejamento – o
tratamento é planejado com base nas metas e na duração do mesmo.
18
Importante observar que o período de duração da psicoterapia breve é
estipulado no início do tratamento, após feito o planejamento, ainda assim, é
importante relembrar o paciente um mês antes da conclusão da psicoterapia.
Hegenberg (2010) acentua que para algumas pessoas a separação poderá
proporcionar uma sensação de desamparo, enquanto para outras poderá sinalizar
perspectivas positivas para o futuro, representando um alívio pela superação de uma
etapa.
Com base nessas considerações, realiza-se o presente estudo, uma revisão
bibliográfica no intuito de verificar na literatura nacional as relações entre psicologia
hospitalar e psicoterapia breve, partindo do pressuposto de que a psicoterapia
breve, enquanto técnica de tratamento, se constitui instrumento importante para
auxiliar pacientes que se encontram internados ou realizando tratamentos médicos.
II. OBJETIVO
Realizar uma breve pesquisa bibliográfica em bases de dados nacionais a
partir de duas palavras-chave (psicologia hospitalar e psicoterapia breve),
procurando identificar se os artigos sobre psicologia hospitalar mencionam a prática
da psicoterapia breve no hospital e se os artigos sobre psicoterapia breve
mencionam seu uso no contexto hospitalar.
III. MÉTODO
Trata-se de estudo de revisão de literatura sobre psicologia hospitalar e
psicologia breve.
Procedimento
Para o levantamento do material a ser empregado na revisão da literatura
acerca do emprego da psicoterapia breve em âmbito hospitalar foram feitas buscas
de artigos científicos na Biblioteca Virtual em Saúde – BVS com as palavras-chave:
Psicologia Hospitalar e Psicoterapia Breve. Realizou-se pesquisa na BVS por ser
uma base de dados que congrega outras bases, permitindo o acesso em um só
lugar.
19
Um dos filtros da pesquisa foi a busca de artigos em língua portuguesa.
Foram feitas duas buscas, uma com cada palavra-chave. Os trinta primeiros artigos
encontrados na busca com cada palavra-chave, constituíram-se a amostra
analisada, num total de 60 artigos.
Selecionados, então, os 60 (sessenta) artigos, passou-se à leitura e análise
de cada um deles a fim de identificar os que poderiam trazer resultados que
contribuíssem com a discussão proposta no presente estudo, qual seja, as relações
entre a psicoterapia breve e a psicologia hospitalar.
Com a palavra-chave “Psicologia Hospitalar”, encontrados os trinta primeiros
artigos, passou-se à seleção dos mesmos na procura por aqueles relacionados ao
tema proposto. Dos artigos encontrados nesta primeira busca foram selecionados 7
(sete) artigos por sua pertinência aos objetivos deste estudo. Assim, 23 (vinte e três)
artigos foram excluídos pelo fato de sua temática apenas tangenciar o tema em
discussão, sendo que: 6 (seis) deles abordavam a figura do profissional de
enfermagem; 2 (dois) deles focalizaram adolescentes; 2 (dois) deles versavam sobre
ergonomia; 2 (dois) tratavam sobre vivências maternais; 1 (um) dizia respeito à
assistência domiciliar; 1 (um) sobre cirurgias precoces; 1 (um) sobre o agente
comunitário de saúde; 1 (um) sobre aneurisma cerebral; 1 (um) sobre o centro de
atenção psicossocial; 1 (um) referente ao professor hospitalar; 1 (um) acerca da
política nacional de humanização; 1 (um) sobre arte no hospital; e 1 (um) sobre
assessoria ao hospital. Cumpre considerar que houve ocorrência de 2 (duas)
repetições de artigo dentre os trinta primeiros resultados da busca.
Dos resultados obtidos com a palavra-chave “Psicoterapia Breve”, 10 (dez)
artigos foram selecionados. Dos 30 (trinta) primeiros resultados, 20 (vinte) foram
excluídos por tratarem de psicoterapia, mas não especificamente da psicoterapia
breve. Dentre os que não foram selecionados para a discussão, figuravam os
seguintes temas: 3 (três) eram repetições de artigos selecionados; 1 (um) sobre
refluxo; 1 (um) sobre submissão precoce à cirurgia; 1 (um) sobre ejaculação
precoce; 2 (dois) que discutiam o emprego da terapia cognitivo-comportamental; 1
(um) sobre diabetes; 3 (três) sobre gestação e depressão pós-parto; 1 (um) a
respeito da depressão; 1 (um) sobre o emprego da religião na psicoterapia; 1 (um)
sobre a atuação de uma clínica-escola; 1 (um) sobre alcoolismo; 1 (um) versando
sobre adolescentes infratores; e 1 (um) a respeito de abuso sexual; neste grupo
houve 2 (duas) ocorrências de repetição de artigos selecionados.
20
Estabelecido o corpus de 17 (dezessete) artigos a respeito da prática da
psicoterapia breve em âmbito hospitalar, os mesmos foram analisados de acordo
com os seguintes indicadores: autores, ano de publicação, titulo, método e
resultados.
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em dois quadros distintos, o primeiro deles envolvendo os 7 (sete) artigos
resultantes da busca com a palavra-chave “Psicologia Hospitalar” e o segundo com
os dados dos 10 (dez) artigos obtidos a partir da palavra-chave “Psicoterapia Breve”,
são apresentados os principais resultados da revisão bibliográfica envolvendo a
psicoterapia breve no âmbito hospitalar.
Quadro1 – Artigos selecionados por meio de busca com a palavra-chave Psicologia
Hospitalar
Ano de
Método
Resultados
publicação
1
2009
Revisão
- A psicologia na área da saúde é um campo
Bibliográfica
ainda indefinido que agrupa práticas diversas;
- Foram identificados quatro coletivos de
pensamento: Psicologia Hospitalar, Psicologia
Médica, Saúde Mental e Psicologia da saúde.
2
2009
Estudo
de - Contribuições significativas do psicólogo no
Caso
atendimento aos bebês e suas famílias;
- Resgate e proteção da relação entre pais e
bebês internados
3
2009
Revisão
- A atuação do psicólogo como ouvidor
Bibliográfica
contribui para a humanização na área da
saúde;
- A Psicologia Social ainda não se voltou por
meio de estudos e análises para a área da
21
ouvidoria;
- A ouvidoria pressupõe uma dimensão política
na psicologia.
4
2010
Revisão
- Importância da diferenciação entre psicologia
Bibliográfica
da saúde e psicologia clínica;
- Necessidade de cursos e especializações
específicos para a área da saúde;
- Necessidade da criação de instrumentos de
mensuração adequados à realidade local.
5
2011
Pesquisa
- Apresentação de sintomas ansiosos e
qualitativa
depressivos por parte da população analisada;
via aplicação - Busca de apoio psicológico pelos indivíduos
de
pesquisados.
questionários
6
2011
Pesquisa
- Distribuição irregular de psicólogos nos
qualitativa
hospitais;
por meio de - As atividades desenvolvidas pelo psicólogo
entrevistas
hospitalar são: atendimento clínico individual,
semi-
acompanhamento
estruturadas
acompanhamento dos familiares, atendimento
do
paciente,
em grupo, elaboração de parecer técnico,
supervisão de estagiário;
- O objetivo do trabalho apontado pelos
psicólogos
foi
minimizar
o
sofrimento
provocado pela hospitalização, trabalhando o
suporte emocional do paciente e familiares;
- Dificuldades apontadas pelos psicólogos:
inserção e atuação no âmbito hospitalar,
formação
desvalorização
acadêmica
ou
insuficiente,
desconhecimento
do
trabalho do psicólogo por outros profissionais;
falta de espaço físico/privacidade
7
2012
Análise
- A atuação do psicólogo tem foco no trabalho
22
temática via psicoterápico junto aos pacientes e familiares
abordagem
no pré e pós-cirúrgico
qualiquantitativa
Os resultados com a palavra-chave “Psicologia Hospitalar” evidenciaram a
importância da atuação do psicólogo em âmbito hospitalar no acompanhamento de
pacientes e familiares, envolvendo casos de bebês que não puderam, desde o
nascimento, deixar o hospital e a atitude de seus pais em face disso; a atuação na
maternidade, especialmente no pré e pós-operatório; o apoio a especializandos em
radiologia, vítimas de ansiedade e depressão; além disso, alguns artigos enfocam a
multiplicidade de atividades desenvolvidas pelo psicólogo no hospital que se
estendem desde o atendimento personalizado a pacientes e familiares até o trabalho
coletivo com determinados grupos, a humanização no sistema de saúde também
poderá ser assegurada pela figura do psicólogo em diferentes atividades, como
propõe Pregnolatto (et. al., 2010). Ficou evidenciada, ainda, a dificuldade que o
psicólogo enfrenta no hospital, muitas vezes pela incompreensão a respeito de sua
atividade naquele espaço, acrescentando-se a isso a falta de espaço e de
privacidade para atendimento apontada por alguns psicólogos.
De modo geral, os artigos sinalizam para uma indefinição do uso do termo
Psicologia Hospitalar, que abriga muitos sentidos, muitas práticas, mas ainda requer
estudos sistematizados que, por sua vez, terão o condão de auxiliar no saneamento
de algumas das dificuldades apontadas, a exemplo de falta de compreensão a
respeito do serviço prestado e falta de espaço. Laloni e Fernandes (2010), ao
tratarem da relação entre os fatores físicos e psicológicos que se relacionam quando
da ocorrência de doenças, acentuam a importância da atenção psicológica no
hospital.
Em um dos artigos foi salientado o emprego de psicoterapia breve em
algumas intervenções. O quadro 2 mostra os resultados obtidos a partir do termo de
busca “Psicoterapia Breve”.
23
Quadro2 – Artigos selecionados por meio de busca com a palavra-chave
Psicoterapia Breve
Ano
1
1999
Método
Resultados
Revisão
- Comprovação de que as terapias são
bibliográfica;
eficazes no tratamento da depressão;
Estudo da eficácia
- Não há respostas claras sobre o que torna
das diferentes
as psicoterapias eficazes na depressão;
psicoterapias
- Psicoterapia dinâmica breve vista como
menos eficaz pode estar relacionado com
problemas metodológicos em sua aplicação.
2
2001
Estudo de caso –
- Boa aceitação e avaliação positiva da
intervenção
intervenção psicoterápica pelos pacientes;
psicoterápica de
- Importância da interação entre os
grupo combinada
pacientes;
com análise de
- A maioria dos pacientes deu seguimento à
conteúdo do relato
psicoterapia.
dos pacientes
3
2003
Estudo de caso –
- Importância do trabalho em grupo para a
Psicoterapia Breve
elaboração dos conflitos de mulheres e para
Grupal
a atuação do psicólogo em saúde coletiva.
(Psicodrama)
4
2004
Revisão
- Validade do emprego de intervenções
bibliográfica
breves para problemas oriundos do uso de
substâncias psicoativas;
- Recomendação de adoção da intervenção
breve especialmente para usuários com
padrão de consumo de risco ou diagnóstico
de uso nocivo;
- A intervenção breve deve ser adotada
como recurso básico, efetivo e
economicamente viável.
5
2006
Estudo de caso
- Importância do estudo das terapias pela
internet visto que ainda não foram
24
aprovadas pelo Conselho Federal de
Psicologia;
- Houve desistências de terapeutas e
pacientes que se cadastraram na
plataforma;
- Dentre os que concluíram a terapia
destacou-se alta intensidade da relação
terapêutica;
- A relação terapêutica formou-se na quinta
semana;
- É possível estabelecer, via internet, um
clima produtivo entre terapeuta e paciente.
6
2008
Pesquisa
- Constatou-se redução no grau de
exploratória com
depressão e manutenção do nível de
uso dos
ansiedade com o uso da psicoterapia breve
instrumentos Escala
psicodinâmica preventiva em uma clínica
de Depressão e de
escola junto a estudantes de Psicologia.
Ansiedade de Beck
7
2008
Estudo de Caso
- É possível aplicar os critérios de avaliação
de mudança clinicamente significante
propostos por Jacobson e Truax (1991)
ainda que não haja normas para as
medidas de avaliação em âmbito da
aplicação da psicoterapia breve.
8
2009
Estudo de Caso
- Mudanças nas representações da mãe
sobre o bebê;
- Mudança na postura da mãe no que se
refere à busca de informações sobre a
malformação e sobre os cuidados com o
bebê;
- Benefício da psicoterapia pais-bebê no
contexto da malformação.
9
2009
Revisão
- A psicoterapia breve atua nos inúmeros
25
Bibliográfica
distúrbios que podem ocorrer na relação
inicial entre os pais e o bebê;
- No caso de depressão materna, a
psicoterapia breve proporciona efetividade
no melhor relacionamento pai-mãe-bebê;
- Ainda que em poucas sessões, constatase o alívio dos sintomas;
- Potencial preventivo por ser uma
intervenção realizada nos primeiros
momentos do bebê na família.
10
2012
Revisão
- Emprego da terapia interpessoal, um
Bibliográfica
modelo de intervenção breve, formulada
especialmente para tratamento da
perturbação depressiva maior;
- Melhoria da sintomatologia depressiva;
- Terapia breve e centrada no diagnóstico
Os
artigos
selecionados
com
a
palavra-chave
“Psicoterapia
Breve”
apresentam o emprego desta modalidade de terapia, em geral com sucesso, nos
mais diferentes âmbitos. São evidenciados casos de sucesso da intervenção breve
em casos de depressão, e até mesmo de depressão materna; usos relacionados a
indivíduos envolvidos com substâncias químicas; na prevenção e tratamento dos
sintomas de depressão e ansiedade em estudantes de Psicologia; na relação entre
pais e bebê no tratamento e prevenção de distúrbios iniciais nesta relação, podendo
atingir os casos de malformação do bebê; o que reforça a menção de Knobel (1986)
ao fato de as Psicoterapias Breves ampliarem a capacidade operativa do terapeuta
ao passo que lhe oferecem técnicas variadas e específicas para cada caso tratado.
No tocante às depressões, há ênfase nos casos em que os resultados não
são satisfatórios, com a ressalva de que, por vezes, há problemas metodológicos na
aplicação desse tipo de terapia. Hegenberg (2010) salienta que o valor das
intervenções breves reside no fato de serem focalizadas e pontuais, mas salienta
que devem ser empregadas com parcimônia e cuidado.
Uma das facetas que ficou evidente nos artigos estudados foi a dimensão
grupal da qual se vale, em muitas ocasiões, a intervenção breve; o trabalho em
26
grupo mostrou-se valoroso e adequado no tratamento breve de mulheres e de
famílias, além de outros grupos, a exemplo dos que fazem uso de substâncias
psicoativas. Dessa forma, o trabalho do psicólogo em saúde coletiva pode ser
habilmente desenvolvido quando das experiências com grupos em intervenções
breves.
Um dos artigos tratou da intervenção breve via internet que, embora ainda
não completamente validada pelo Conselho Federal de Psicologia, foi aplicada com
sucesso nos casos que seguiram até o fim do tratamento. Alguns terapeutas e
pacientes cadastrados nesse tipo de serviço desistiram durante o período de testes.
Ao cruzar os dados, constatou-se que com a palavra-chave “Psicologia
Hospitalar” os artigos encontrados não fazem menção à Psicoterapia Breve, já com
a palavra-chave “Psicoterapia Breve”, apenas um dos artigos relaciona psicoterapia
breve e psicologia hospitalar, quando trata da malformação de bebês e o fato de que
não puderam deixar o hospital e a rotina de seus pais naquele ambiente.
Os resultados obtidos a partir da pesquisa com as palavras-chave “Psicologia
Hospitalar” e “Psicoterapia Breve” mostraram que a ocorrência de estudos
envolvendo os dois termos é pequena e, com isso, aponta para a necessidade da
realização de estudos em tal área.
V. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho apresentado desenvolveu-se no intuito de investigar a incidência
de publicações que relacionam a prática da psicoterapia breve e a atuação
hospitalar de psicologos. Os estudos encontrados sobre psicologia hospitalar e
analisados apontam para a importância da figura do profissional psicólogo no
contexto do hospital, abordando diferentes frentes e tipos de trabalho, suas
realizações e dificuldades. Com relação à psicoterapia breve, apenas um dos artigos
menciona sua prática no ambiente hospitalar, a despeito de suas características
facilitadoras para utilização com pacientes internados ou em tratamento ambulatorial
na instituição hospitalar.
As psicoterapias breves, com o caráter focal que assumem no tratamento dos
mais diferentes distúrbios, mostram-se apropriadas ao trabalho do psicólogo nos
27
hospitais, uma vez que a multiplicidade de técnicas poderá atender de maneira
particularizada cada caso específico que ocorra no hospital; além disso, o trabalho
em grupo também poderá ser operacionalizado por meio do uso das técnicas
empregadas nas intervenções breves. No entanto, a literatura nacional ainda não
possui número significativo de estudos sobre o tema, o que se evidencia quando os
termos
psicoterapia
breve
e
psicologia
hospitalar
são
pesquisados
independentemente.
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ANEXOS
Quadro 1 – Autores e Títulos dos Artigos Obtidos a Partir da Palavra-Chave
“Psicologia Hospitalar”
31
Autores
SANTOS,
Título
O Psicólogo no Hospital Geral: Estilos e Coletivos de Pensamento
Fabia Monica
Souza
dos;
JACÓVILELA, Ana
Maria
SETÚBAL,
Maria
Relato da História da Inserção e Evolução do Atendimento
Silvia Psicológico a Bebês e suas Famílias em uma Unidade de
V.
Neonatologia
CARVALHO,
Humanização e Controle Social: O Psicólogo como Ouvidor
Denis Barros Hospitalar
de;
SANTANA,
Janaína
Macêdo;
SANTANA,
Vera Macêdo.
GORAYEB,
Psicologia da Saúde no Brasil
Ricardo
SILVA,
A Importância do Apoio Psicológico ao Médico Residente e
Glauce
Especializando em Radiologia e Diagnóstico por Imagem
Cerqueira
Corrêa
da;
SOUSA,
Evandro
Guimarães
de;
MARTINS,
Luiz
Antônio
Nogueira;
BUYS,
32
Rogério
Christiano;
SANTOS,
Alair Augusto
Sarmet
Moreira
Damas
dos;
KOCH, Hilton
Augusto
AVELAR,
Atuação do Psicólogo nos Hospitais da Grande Vitória – ES: Uma
Luciane
Descrição
Zacche
SANTOS,
Lyvia
Atuação do Psicólogo nos Hospitais e nas Maternidades do Estado
de de Sergipe
Jesus;
VIEIRA, Maria
Jésia
Quadro 2 – Autores e Títulos dos Artigos Obtidos a Partir da Palavra-Chave
“Psicoterapia Breve”
Autores
SCHESTATSKY,
Título
Psicoterapia das Depressões
Sidnei; FLECK,
Marcelo
PELUSO, Érica de
A Experiência de Usuários do Serviço Público em Psicoterapia
Toledo Piza;
de Grupo: Estudo Qualitativo
BARUZZI, Márcia;
BLAY, Sérgio Luís
SOARES, Juliana
Mulher e Mãe, “Novos Papéis”, Velhas Exigências: Experiência
dos Santos;
de Psicoterapia Breve Grupal
CARVALHO,
33
Alysson Massote
MARQUES, Ana
Intervenções Breves para Problemas Relacionados ao Álcool
Cecília Petta
Roseli; FURTADO,
Erikson Felipe
PRADO, Oliver
Avaliação da Relação Terapêutica na Terapia Assíncrona na
Zancul; MEYER,
Internet
Sonia Beatriz
SANTEIRO, Tales
Psicoterapia Breve Psicodinâmica Preventiva: Pesquisa
Vilela
Exploratória de Resultados e Acompanhamento
YOSHIDA, Elisa
Significância Clínica de Mudança em Processo de Psicoterapia
Médici Pizão
Psicodinâmica Breve
GOMES, Aline Grill;
Psicoterapia Pais- Bebê no Contexto de Malformação do Bebê:
PICCININI, Cesar;
Repercussões no Olhar da Mãe acerca do Desenvolvimento
PRADO, Luiz
do Bebê
Carlos
PRADO, Luiz
Psicoterapia Breve Pais- Bebê: Revisando a Literatura
Carlos; GOMES,
Aline Grill; FRIZZO,
Giana Bitencourt;
SANTOS, Cristiane
A. dos;
SCHWENBERGER,
Daniela Delias de
Souza; LOPES,
Rita Sobreira;
PICCININI, Cesar
Augusto.
LUCAS, Catarina
Psicoterapia Interpessoal no Tratamento da Perturbação
Oliveira
Depressiva Maior
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PSICOTERAPIA BREVE NO HOSPITAL- Uma Revisão de