PRINCÍPIOS DA SAÚDE ENXUTA (LEAN HEALTHCARE): UMA VISÃO GERAL
DOS DESAFIOS E MELHORIAS SUA INSERÇÃO NO BRASIL
Sarantopoulos A*, Spagnol GS**, Min LL***, Newbold D****.
Universidade Estadual de Campinas- UNICAMP
[email protected]
Palavras-chave: lean healthcare, gestão em saúde.
Em 2050, estima-se uma população brasileira de 259,8 milhões com expectativa de
vida, ao nascer, de 81,3 anos. Neste contexto, o Brasil vem assumindo o desafio de
ter um sistema universal, público e gratuito de saúde. Pelo menos 145 milhões de
brasileiros dependem exclusivamente desse sistema1,2. Este cenário exige uma
gestão que viabilize mudanças para melhor a saúde. É nesta conjuntura que os
conceitos de Lean Healthcare corroboram com a melhora na assistência e nos
serviços e diminuição dos gastos considerados desperdícios com saúde no Brasil. A
origem dos conceitos Lean veio da indústria automobilística japonesa, o Sistema
Toyota de Produção que foi capaz de fornecer mais confiabilidade e qualidade em
modelos de gestão que possibilitassem menos gastos e gerassem mais valor para o
cliente3. Um processo ou atividade é considerado de valor agregado, se ele está
alinhado com os interesses dos clientes, que são considerados juízes finais da
empresa4. No sistema de saúde, o cliente final é o paciente e é quem deveria definir
o valor. Inserir o conhecimento de Lean Healthcare como uma abordagem de
gestão inovadora na enfermagem e na saúde no Brasil poderá semear a ideia Lean
e, se implementada, trazer inúmeros benefícios para a saúde do país. Este trabalho
consiste em uma revisão de literatura com base em Emerald e Pubmed com o termo
"Lean Healthcare", a fim de analisar as recentes tentativas de implementação Lean
na saúde podendo servir como base para novos serviços de saúde que venham a
implementa-la, buscando inovação na gestão para melhoria de resultados. Os
artigos foram organizados dentro dos seguintes temas: “Implementação de Lean
nas organizações de saúde”, “Experiência em hospitais em todo o mundo: Estados
Unidos da América, Reino Unido e em outros países” e “Desafios na
implementação: superar barreiras”. Entre os artigos analisados, muitos resultados
positivos foram encontrados, mas poucos conseguiram implementar os princípios
*Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas.
**Science Without Borders Student – CAPES. University of East London, London, UK and Faculty of Medical Sciences,
University of Campinas, São Paulo.
***Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas.
****Programme Leader and Senior Lecturer in Health Services Management, University of East London.
Lean em nível organizacional. Através desta revisão da literatura, tem-se observado
uma crescente presença de princípios e ferramentas Lean em serviços de saúde,
em primeiro lugar nos EUA e no Reino Unido e, recentemente, em outros países
como no Brasil, desempenhando um papel importante na melhoria e qualidade do
serviço. O foco em ganhos de eficiência levaram a uma série de implementações
parciais de Lean Healthcare. Gestores de saúde têm tentado repetir o sucesso dos
outros, sem compreender os princípios subjacentes de Lean, implementando
algumas ferramentas e práticas Lean sem antes embarcar em uma transformação
Lean que incluem o desenvolvimento de uma visão compartilhada e um plano de
ação, gerando uma pseudo transformação sem alcançar resultados esperados6.
Portanto, em face da restrição de recursos e maior demanda, uma visão de longo
prazo e uma liderança a nível mundial deve ser desenvolvida para apoiar a iniciativa
e inserir Lean no DNA das organizações de saúde no Brasil.
BIBLIOGRAFIA:
1-IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Tendências demográficas –
uma análise dos resultados da amostra do Censo Demográfico 2000. Rio de
Janeiro, Coordenação de População e Indicadores Sociais, 2004
2-BRASIL. Ministério da Saúde. Manual do Sistemas de Informações Hospitalares
do SUS (SIH/SUS). Brasília, 2005.
3- Toussaint, J., R.A. Gerard and E. Adams (2010) On the Mend – Revolutionizing
Healthcare to Save Lives and Transform the Industry, 261 pp. Lean Enterprise
Institute, Cambridge (USA).
4- Womack, J.P. and D.T. Jones (2003) Lean Thinking: Banish Waste and Create
Wealth in Your Corporation, 396 pp. Simon & Schuster, London (UK).
5- Young, T. and S. McClean (2009) ‘Some challenges facing Lean Thinking in
healthcare’, International Journal for Quality in Health Care, 21(5), pp. 309–310.
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