Tete
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O dedo sobre
texto / text Mia Couto
fotos / photos Artur Ferreira
uma província
“U
ma cabeça de boi! É uma cabeça de boi”!
Pé fundo no travão, uma nuvem de poeira se espalhou,
tornando o Sol quase asmático. Parei o carro, pensando em sobrenatural
emboscada. Algures na estrada, uma cabeça avulsa de bovino se preparava
para nos atacar. Inverosímil, mas a conversa do meu companheiro de
viagem não tinha, desde há horas, outro motivo senão os espíritos e suas
assombrações.
Durante quilómetros de calor e poeira, viajei por entre espíritos de
famílias, os mudzimo, pelo espírito de leão,o mhondoro, pelo espírito do
leopardo, o xawe la nguluve, que protegem as machambas. A conversa
afeiçoava-se ao rodar monótono do motor. É verdade que os meus próprios assuntos vogavam muito longe da realidade. Saíramos de Chitima
a caminho de Chintholo, à procura de sinais da mística personagem de
D. Gonçalo da Silveira. Buscámos em vão os rios onde ele deambulou e
acabou morrendo misteriosamente. Parte desses lugares só existem hoje
em estado de memória ou de ficção. Foram, quase todos, devorados por
essa gigantesca boca chamada albufeira de Cabora Bassa. Um deles é o
Rio Mussenguezi, onde o famoso mártir católico foi lançado para nunca
mais aparecer. Nesse romantizado lugar, o espírito de Silveira se misturava
com as águias para proteger a terra. Talvez essas águias circulassem lá por
cima e eu, simplesmente, as não pudesse ver.
Naquela fase do percurso eu quase me arrependera da viagem. Mas eu
estava terminando o meu romance “O outro pé da Sereia” e necessitava de
alguns cheiros de realidade. Necessitava daquilo que os ingleses chamam
o “espírito do lugar”. Acontece que, agora, o lugar estava a abarrotar de
espíritos. Ao volante do “todo o terreno” eu quase me sentia um espírito,
não fossem as dores na coluna que me convocavam para regressar ao pobre
e transpirado corpo.
“Uma cabeça!”.
O repetido grito do meu guia tinha a pujança de uma inesperada descoberta. Por isso, esperei que a poeira assentasse e espreitei entre embondeiros,
njenjemas, mitsanhas e massaniqueiras. De mim para mim, repetia: “Uma
cabeça de boi?”. Sabe-se lá que mistérios viajam em contra mão, numa
solitária estrada de areia em meio de Changara? Diz-se que bichos e suas
desconjuntadas partes podem voar em concorrência com as linhas mais
aéreas de Moçambique. Confirmasse cabeça de boi e estaria provado esse
ilegal trânsito aéreo, esse “las hay, las hay” das bruxas.
A nuvem de pó demorou a sedimentar. Quando a claridade regressou, a
minha voz fez-se ouvir:
“Uma cabeça de boi, onde?”
“Aqui”, disse ele.
O dedo indicador apontava para o seu próprio colo. O calor entornou-lhe
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The Finger Over a Province
“I
t’s a bull’s head! A bull’s head!”
I slammed on the brakes in a cloud of dust that almost turned the Sun
asthmatic, and stopped the car, as a supernatural ambush crossed my mind.
Somewhere on the road there was an unattached bovine head preparing to
attack us. Not really credible, but for hours my travelling companion had been
talking of nothing but spirits and hauntings.
Through kilometres of heat and dust I had been driving among the
family spirits – the mudzimo, the spirit of the lion – the mhondoro, the spirit
of the leopard, the xawe la nguluve that protect the machambas (fruit and
vegetable plots). The conversation took shape to the monotonous drone
of the engine. And if the truth be told, my own affairs were drifting far
from reality. We had left Chitima bound for Chintholo looking for signs
of the mystical character D. Gonçalo da Silveira. In vain we searched for
the rivers where he wandered and where he finally died in mysterious
circumstances. A part of those sites now only exists in memory or fiction.
Almost all of them were swallowed up by that gigantic mouth called the
Cabora Bassa reservoir. One such is the Mussenguezi River, into which the
body of the famous Catholic martyr was thrown, never to reappear. In
that romanticised spot, Silveira’s spirit mingled with the eagles to protect
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the land. Perhaps those eagles were circling high above, and I simply
couldn’t see them.
At that stage of the route, I almost regretted making the trip. But I was
finishing my novel “O outro pé da Sereia” (“The mermaid’s other foot”) and
was in need of some traces of reality. I was in need of what the English call
“spirit of place”. Well, right then, the place was bursting with spirits. At the
wheel of the off-road vehicle I almost felt like a spirit myself, except for the pain
in my back recalling me to my poor, sweating body.
“A head!”
The repeated shout of my guide had the force of an unexpected discovery.
And so I waited for the dust to settle and peered among the baobabs,
njenjemas, mitsanhas and massaniqueiras, muttering to myself: a bull’s head?
Who could tell what mysteries were travelling in the oncoming lane, on a
solitary sand road in the middle of Changara? The story goes that animals
and their disconnected parts can fly - in competition with other flying aerial
lines of Mozambique. If there was indeed an ox head, then that illegal air
transport, that “las hay, las hay” of witches would be confirmed.
The dust cloud was slow to settle. When clarity returned, my voice could
be heard asking:
o juízo, pensei. Demasiada terra nos pulmões, a cabeça já areada, a barriga
demasiado vazia. Desde a cidade de Tete que vínhamos engolindo poeiras,
poeiras de variadas cores, mas todas com o mesmo sabor a terra. A roupa, o
assento, as coisas estavam cobertas desse viajado pó.
O meu improvisado guia sacudiu o regaço e se vislumbrou, sobre o seu
colo, um mapa estendido. O dedo voltou, agora em pose triunfal, a apontar
o mapa de Moçambique.
“Veja aqui!”.
Estava pousado sobre a província deTete, para a extensão de terra penetrando no interior como um soco no ventre do ocidente. A cabeça de boi
é essa destacada mancha, pendurada no pescoço do Vale do Zambeze. A
mais ocidental das regiões de Moçambique é um capricho das formas que
as fronteiras coloniais foram assumindo? Resultado da história, de uma
história que encontrou no Vale do Zambeze a mais antiga e duradoura
incursão europeia em territórios orientais de África.
Se houve interior na história colonial em Moçambique, esse interior foi
Tete. Só aqui, emTete, os portugueses tinham fortes, feitorias, igrejas a
empurrar os limites: argumento suficiente para, na lógica colonial, provar
presença. Daí aquele arremesso de território pendendo como uma cabeça
para Oeste.
“Está certo, meu amigo. É uma cabeça”.
Espreitei o chão da viatura. Restavam apenas duas garrafas. Contive-me.
Beberia quando a cidade estivesse, de novo, espreitando. E lembrei-me
dos preparativos, à saída de Tete. E os carregamentos de água, água, água.
E sorri. Na verdade, os lugares só são nossos quando cabem num nome.
Quando os reduzimos a palavras, simples como coisas que se arrumam na
algibeira. Ao fim de um tempo, porém, o nome acaba substituindo o próprio
lugar. Na minha algibeira de palavras, “Tete” não é uma palavra que rime
com sombra. Por isso, à saída da cidade eu sou todo ouvidos para o guia
que vai repetindo: “leve água, meu senhor, faz um calor dos infernos”.
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“A bull’s head, where?”
“Here”, he said.
His index finger was pointing to his own lap. The heat has addled his brain, I
thought. Too much dust in his lungs, his head already barmy and the stomach
too empty. We had been swallowing dust since leaving the city of Tete, dust of
various colours, but all with the same taste of dirt. Our clothing, the seat, our
things, all had been covered with that well-travelled dust.
My improvised guide shook off the dust, and there, on his lap, could be
glimpsed an open map. His finger pointed once again, this time with an air of
triumph, to the map of Mozambique.
“Look here!”
His finger was poised over the province of Tete, indicating the stretch of
land poking out into the interior like a blow to the West’s belly. The ox head is
that jutting out stain that hangs on the neck of the Zambezi River Valley. Is the
westernmost region of Mozambique some whim of the shapes taken on by
the colonial borders? It’s the result of history, one that found in the Zambezi
River Valley the oldest and most durable European incursion into the eastern
territories of Africa.
If there was an interior in Mozambique’s colonial history, that interior was
Tete. Only here in Tete did the Portuguese have forts, trading posts and churches
pushing the limits: sufficient arguments in colonial logic to establish a presence.
Hence that out-flung piece of territory hanging like a head towards the West.
“You are right, my friend. It is a head”.
I scanned the floor of the vehicle. There were only two bottles left. I restrained
myself. I would drink when the city was once more in sight. And I remembered
the preparations on leaving Tete. And all the loading up with water, again water
and still more water. And I smiled. In truth, places only belong to us when they
are fitted into a name. When we reduce them to words as simple as things you
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Os lugares pedem adjectivos. Só adjectivados eles saem por aí a passear,
fora do nosso controlo. O adjectivo com que se vestiu Tete é “seco”. Não importa que isso seja apenas metade da verdade. Não importa que haja Angónia,
que haja o verde teimoso das zonas altas a Norte. Tete, diz-se, é seco.
“Você há pouco assustou-se, quando eu falei de cabeça de boi?”.
O guia ri-se enquanto eu saio do carro para respirar. Respirar por todo o
corpo, sobretudo das pernas.
De súbito, à minha frente, eu vi o embondeiro. Vi-o como se fosse a
primeira vez. A árvore, de tão enormemente grávida, parecia olhar-me a
mim. Me aproximei com o respeito de quem se achega a um monumento
antigo. E havia uma espécie de missão sagrada: a árvore estava ali para que
nós, homens, não tivéssemos medo do Tempo. O meu companheiro, atrás
de mim, já vai enumerando atributos e espíritos. “Essa árvore é uma casa
de almas”, diz ele. E prossegue exaltando a folha, a casa, o reservatório, o
tudo que há naquela árvore.
“E há o malambe, o fruto...”.
tidy away in your wallet. After a while, however, the name comes to substitute
the place itself. In my wallet of words, “Tete” is not a word that rhymes with
shade. And so, on leaving the city, I’m all ears when the guide keeps repeating:
“take plenty of water senhor, it’s hellishly hot”.
Places call for adjectives. Only with adjectives can they take a stroll, outside
our control. The adjective worn by Tete is “dry”. No matter that this is only half
the story. No matter that there is Angónia, that there is the stubborn greenery
of the high ground in the Northern zones. Tete, they say, is dry.
“Did you get a fright just now, when I spoke of an ox head?”
The guide laughed as I got out of the car for a breather, to allow all of my
body a breath, especially my legs.
Suddenly I saw the baobab just ahead. Saw it as if for the first time. The
tree, so enormously pregnant, seemed to be looking at me. I approached
with the respect of someone approaching an ancient monument. And
there was indeed some kind of sacred mission involved: the tree was there
so that we, men, would not be afraid of Time. My companion, behind me,
was already listing attributes and spirits. “That tree is a house of souls”, he
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Pedi que ficasse, por um momento, sem
falar. Eu tinha cumprido o meu vaticínio das
distâncias, essa viciante ilusão de descobrir o
oceano na ondulante savana. Tínhamos atravessado paisagens de enorme beleza, savanas
semeadas de cabeços, outeiros, montes, e,
sobretudo, centenas de majestosos embondeiros. Mas aquela exacta árvore, na berma
da picada, me surgia como se fosse a árvore
que inaugurava o mundo.
Aproximei-me. A minha mão roçou a pele
do embondeiro e eu senti que tocava um
mapa. O mais velho mapa daquele lugar. Ali,
entre rugosidades e sinais, eu fiquei sabendo
de Sol, do tempo e da água. E, por certo, de
espíritos. O meu companheiro de viagem
voltou a falar:
“Está cheio de água, milhões de litros”.
Milhões, disse ele. Exagero seria, mas,
subitamente, senti que tinha razão. E eu vi rios
fluindo por aquele imenso tronco. No silêncio
do tronco escutei cascatas e remoinhos, águas
zambeziando pelo oco da árvore. Invisíveis
torrentes estavam guardadas naqueles troncos e ramos, verticais oásis ocultos
para os nossos tão urbanos olhos.
“Um rio”, disse eu.
“Um rio, onde?”
“Aqui, de pé, neste embondeiro. E por aí, por essas árvores, em todo o
lado”, respondi.
Bato com a porta do carro, pronto para o regresso quando lhe atiro a
pergunta:
“Assustou-se, caro amigo?”.
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said, and went on praising the leaf, the bark, the reservoir, every aspect of
that tree.
“And there is the malambe, the fruit...”
I asked him to remain silent for one moment. I had sated my yen for distances,
that intoxicating illusion of discovering the ocean in the undulating savannah.
We had passed through landscapes of incredible beauty, savannahs dotted
with knolls, hillocks, hills, and, above all, hundreds of majestic baobabs. But it
was precisely that tree, at the side of the picada that rose before me as being
the one that gave birth to the world.
I drew closer. My hand grazed the skin of the baobab and I felt that I was
touching a map, the oldest map of that place. There, in the wrinkles and
blemishes, I learned of the Sun, the weather and the water. And, naturally, I
learned of spirits. My travelling companion went on:
“It’s full of water, millions of litres”.
Millions, he said. A serious exaggeration, but I suddenly felt that he was right.
And I saw rivers flowing down that immense trunk. In the silence of the trunk
I heard waterfalls and whirlpools, waters zambeziing through the hollow of
the tree. Invisible torrents were stored in those trunks and branches, vertically
hidden oases for our so urban eyes.
“A river”, I said.
“A river, where?”
“Here, standing, in this baobab. And there, by those trees, all around”, I
replied.
As I slam the car door, ready for the return journey, I toss out the question:
“Did you get a fright, dear friend?”
Tete
CAHORA BASSA E O UGEZI LODGE
Tigerfish
DR
Podemos visitar a barragem de Cahora Bassa vezes sem conta
que a sensação é sempre de enorme intensidade. A colossal
albufeira impressiona todos os olhares. São águas armazenadas
para gerarem energia, limitadas por um gigantesco muro
que as retém e pelos cumes de montanhas banhadas, agora
aparentando ilhas. É o pujante rio Zambeze que é ali parado.
Mas a descarga dessas águas pelas comportas abertas, cumprida a
missão da sua força, fazem renascê-lo. Primeiro um córrego, depois
de novo um grande rio. Encorpado por outras águas afluentes,
o Zambeze passa por Tete e desagua para os lados do Chinde.
Percorridos 2.500 quilómetros, desde a sua nascente em terras
angolanas, o Zambeze chega ao Índico como o seu maior tributário.
Na margem direita da grande albufeira surgiu há meia dúzia de anos
um lodge semelhante às dezenas que decoram a barragem de Kariba,
no Zimbabwe, 270 km a montante: o Ugezi Tiger Lodge. Apesar de
ser completamente desconhecido para nós, é muito procurado por sulafricanos, que encontram condições propícias à pesca e uma beleza
natural admirável. Terminada a guerra, que foi protegendo a albufeira
de Cahora Bassa dos pescadores desportivos, eles vão surgindo agora
na procura de trofeus que não encontram em Kariba.
O Ugezi está situado a vinte e poucos quilómetros da barragem,
justamente onde as montanhas circundantes formam uma garganta
que o protege dos ventos. Tendo nascido a operar timidamente, o
Ugezi rapidamente se tornou atractivo e famoso pelas pescarias
que proporciona. Facilmente são pescados tigerfish na ordem dos
14 quilos, quando com metade deste peso já são considerados bons
exemplares. Outras espécies de peixes são abundantes naquele grande
lago que vai da garganta até à barragem: mossambica, three-spot,
red-breast e cat-fish.
Não se pense que o Ugezi Tiger Lodge só interessa a quem queira
pescar em água doce. O passeio de lancha num fim de tarde, vendo
crocodilos e hipopótamos enquanto se espera pelo pôr-do-sol, é
imperdível e justifica a deslocação. O lodge está situado no meio
de embondeiros gigantes, com os seus chalés em declive. O regime
de estadia pode incluir as refeições ou ser em self-catering. Os
preços variam com o número de camas, mas todos os quartos têm ar
condicionado e as casas de banho dispõem de água quente.
O Ungezi dista uma dezena de quilómetros da vila do Songo, que
dispõe de uma pista de aviação. Esta pode ser uma opção de chegar,
já que o lodge garante o transporte de ligação. Como o Ugezi Tiger
Lodge também apanha quem chega a Tete, a 130 km em asfalto até ao
Songo, outra opção é utilizar os voos da LAM, que inclusive o podem
trazer de Joanesburgo, fazendo escala em Maputo.
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CAHORA BASSA AND THE UGEZI LODGE
You can visit the Cahora Bassa Dam time after time, and always feel the same
intense emotions. Any sighting of this colossal dam makes an impact. The water
stored here to generate electricity is contained by a gigantic retaining wall and the
peaks of the immersed mountains that now look like islands. The River that is held
in check is the mighty Zambezi. But with the discharge of its waters through the
open floodgates, fulfilling the mission of its power, it is reborn. First a stream, then
a great river once again. Swelled by other tributaries, the Zambezi passes through
Tete and discharges beside the Chinde. Having travelled 2,500 kilometres from its
source in Angolan territory, the Zambezi reaches the Indian Ocean as its largest
tributary.
Six or seven years ago there arose on the right bank of the great dam a lodge
similar to the dozens decorating the Kariba Dam in Zimbabwe, 270 km upstream:
the Ugezi Tiger Lodge. Despite being completely unknown in Mozambique, it is
much sought after by South Africans, who find great fishing conditions and an
admirable natural beauty. With the end of the war, which protected the Cahora
Bassa Dam from sports fishermen, they are now flocking in, seeking the trophies
they cannot find at Kariba.
The Ugezi stands just over twenty kilometres from the dam, right where the
surrounding mountains form a gorge which provides protection from the
winds. Having started life as a modest operation, the Ugezi quickly became
popular and famous thanks to the fishing it provided. Tigerfish weighing around
14 kilos can easily be caught, when around half that size is considered a good
weight. Other species of fish are abundant in that large lake stretching from the
gorge to the dam: mossambica, three-spot, red-breast and catfish.
Nor should you think that the Ugezi Tiger Lodge is only of interest for fresh-water
fishermen. A late afternoon ride by boat, seeing crocodiles and hippos while waiting
for the sun to set is something not to be missed, and well worth the journey. The
lodge is sited among giant baobabs, with its chalets arranged up and down the
hillside. Accommodation can be full-board or self-catering. Prices vary according to
the number of beds, but all rooms have air conditioning and the bathrooms have
hot water.
Ungezi is about 10 kilometres from the town of Songo, which has an airstrip.
Chartering a flight to here is one option, since the lodge will collect you from
there. Another option, since the Ugezi Tiger Lodge also collects visitors from
Tete, 130 km of tarmaced road from Songo, is to fly in by LAM, which can also
bring you from Johannesburg, stopping off in Maputo.
No aeroporto de Tete
a melhor solução
SEDE: Aeroporto de Tete
Tel/Fax: 25220273 - E-mail: [email protected]
SUCURSAL: Rua 25 de Junho Supermercado - Tete
Tel/Fax: 25223461
Índico
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O dedo sobre uma proví