FLÓRULA LENHOSA DE UMA MANCHA URBANA DE CERRADO NA CIDADE DE TERESINA (PI) – 2ª APROXIMAÇÃO1 Jéssica Sonaly da Silva Resende 2 Regina Pereira de Oliveira2 Marina Alves da Silva2 Vanessa Rocha Barbosa2 Ilma Lopes2 Francisco Soares Santos-Filho 3 Resumo O Parque Ambiental é uma importante área de preservação situada no perímetro urbano da cidade de Teresina. O parque situa-se entre dois bairros populosos (Buenos Aires e Mocambinho) na zona Norte de Teresina (PI). No seu interior existe uma mancha de Cerrado com 38 hectares. Na área ocorre uma floresta caracterizada como Cerradão e apresenta um estrato lenhoso (arbóreo-arbustivo) denso, além de um sub-bosque com plantas de porte menor e algumas espécies de plantas escandentes. No entorno das áreas de mata é encontrado um estrato herbáceo caracterizado pela variedade de espécies ocorrentes. Este trabalho tem por objetivo levantar as espécies lenhosas do bosque e subbosque que ocupam as áreas do interior do parque. Para esta pesquisa aplicou-se a metodologia usual para levantamentos florísticos na qual coleta-se o material botânico reprodutivo. Todas as áreas do Parque foram visitadas através de caminhadas aleatórias nas trilhas e fora delas. Até o momento foram encontradas 35 espécies de 18 famílias botânicas. As famílias mais representativas foram Fabaceae (22,9%), Combretaceae e Malpighiaceae e Solanaceae (8,6%). O hábito mais comum foi o arbustivo com 53% das 1 Trabalho desenvolvido durante estágio no Herbário Afrânio Fernandes 2 Estudante de graduação em Ciências Biológicas - UESPI 3 Professor Adjunto I – Centro de Ciências da Natureza – Universidade Estadual do Piuaí (UESPI). 2 espécies encontradas. As coletas estão sendo realizadas semanalmente e o projeto tem duração prevista de 18 meses. Palavras-chave: Florística do Cerrado – Floresta urbana – Diversidade vegetal Abstract The Parque Ambiental de Teresina is an important area of situated preservation in the urban perimeter of the city of Teresina. The park is placed enters two populous quarters (Buenos Aires and Mocambinho) in the zone North of Teresina (PI). In it’s a inside spot of Cerrado forest exists with 38 hectares. In the area it occurs a characterized forest as Cerradão and presents a woody level (“arbóreo-arbustivo”) dense, beyond a sub-forest with plants of lesser transport and some species of vine-like plants. In circunded of the bush areas a herbaceous level characterized by the variety of species is found. This work has for objective to raise the woody species of the forest and sub-forest that occupy the areas of the inside of the park. For this research it was applied usual methodology for floristics surveys in which the material is collected botanical reproductive. All the areas of the Park had been visited through walked random in the tracks and are of them. Until the moment 35 species of 18 botanical families had been found. The families most representative had been Fabaceae (22.9%), Combretaceae, Malpighiaceae and Solanaceae (8.6%). The habit most common was the schrub with 53% of the joined species. The collections are being carried through weekly and the project has foreseen duration of 18 months. Key-words: Cerrado floristics– Urbans forest– Plant diversity Introdução O Parque Ambiental é uma importante área de preservação situada no perímetro urbano da cidade de Teresina. O parque é uma unidade de Conservação vinculada à Secretaria Municipal de Meio Ambiente e está sob jurisdição administrativa à Superintendência de Desenvolvimento Urbano Centro-Norte (SDU Centro-Norte). O parque situa-se entre dois bairros populosos (Buenos Aires e Mocambinho) na zona Norte de Teresina (PI) e funciona em uma antiga área pertencente ao Instituto 3 Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), tendo, posteriormente passado para o IBAMA que cedeu a área à Prefeitura Municipal de Teresina em regime de comodato. No parque funcionam o Museu de História Natural de Teresina e uma unidade de Produção de Mudas para arborização urbana. No seu interior existe uma mancha de Cerrado com 38 hectares, constituída por áreas de mata primária e secundária, com árvores que chegam a medir 20 metros de altura. Caracteriza-se, portanto, uma fisionomia de Cerradão e apresenta um estrato lenhoso (arbóreo-arbustivo) denso em algumas partes do parque, além de um sub-bosque com plantas de porte menor e algumas espécies de plantas escandentes. É comum visualizar espécies típicas do Cerrado como Parkia platycephala (faveirade-bolota), Dimorphandra mollis (fava d’anta) e Hymeneae courbaril (jatobá). A forte presença de espécimes que produzem frutos e sementes atrai pequenos animais como aves e mamíferos, em especial primatas do gênero Callithrix (soinho), encontrados em pequenos bandos. No entorno das áreas de mata é encontrado um estrato herbáceo caracterizado pela variedade de espécies de gramíneas (espécies pioneiras) típicas de ambiente em processo de sucessão, além de arbóreas também pioneiras como Cecropia sp. Este trabalho tem por objetivo levantar as espécies lenhosas do bosque e sub-bosque que ocupam as áreas do interior do parque. Metodologia O Parque Ambiental de Teresina está situado entre as coordenadas geográficas 05º02’07”S / 42º48’47”W e 05º01’52”S / 42º48’54”W. É entrecortado por trilhas e apresenta pequenas variações do ambiente, especialmente no que se refere à composição do solo, podendo ser arenoso, composto por areia e argila ou areia e pedras ou cascalhos. Todas as áreas do Parque foram visitadas através de caminhadas aleatórias nas trilhas e fora delas. O Fig. 1 – Mapa de localização do Parque Ambiental, representado com o termo “Horto Florestal”. Fonte: Google Earth. 4 material botânico foi coletado utilizando as técnicas usuais em taxonomia vegetal: ramos com material vegetativo e reprodutivo (flores ou frutos). O material foi desidratado em estufa com lâmpadas elétricas. A identificação vem se processando com uso de bibliografia especializada (Agarez et al. 1994; Joly, 1993; Lorenzi, 1998 a,b) e comparação com exsicatas identificadas por especialistas do acervo do Herbário Afrânio Fernandes da Universidade Estadual do Piauí. Resultados e discussão Até o momento foram encontradas 35 espécies de 18 famílias botânicas. As famílias mais representativas foram Fabaceae (22,9%), Combretaceae, Malpighiaceae e Solanaceae (8,6%). O hábito mais comum foi o arbustivo com 53% das espécies encontradas, segundo Tab. 1. Tabela 1 – Lista de espécies da flora lenhosa do Parque Ambiental de Teresina, em Teresina (PI). Família / Espécie Hábito Anacardiaceae Anacardium occidentale L. Arv. Bombacaceae Sp. 1 Arv. Cecropiaceae Cecropia sp. Arv. Cochlospermaceae Cochlospermum vitifolium Arv. Cochlospermum sp. Arv. Combretaceae Combretum leprosum Arv. Combretum mellifuum Arv. Dilleniaceae 5 Davilla sp. Arb. Euphorbiaceae Croton betaceus Arb. Croton sp. Arb. Ricinus communis Arv. Fabaceae Bauhinia cf. forficata Arb. Bauhinia sp. Arb. Bowdichia virgilioides Arv. Caesalpinia ferrea Arv. Parkia platycephala Arv. Mimosa caesalpiniaefolia Arv. Mimosa invisa Arv. Senna sp. Arv. Flacourtiaceae Casearia sp. Arv. Krameriaceae Krameria sp. Arb. Malpighiaceae Byrsonima crassifolia Arb. Byrsonima sp. Arb. Diplopterys lutea (Griseb.) W.R. Anderson & C.Cav. Davis Arb. Malvaceae Helicteres pentandra Arb. Sida caprinifolia Arb. Myrtaceae Myrcia sp1. Arb. Myrcia sp2. Arb. Ochnaceae Ouratea sp. Arb. Oxalidaceae Averrhoa carambola Arb. 6 Rubiaceae Guettarda angelica Arb. Sapindaceae Magonia pubescens Arv. Solanaceae Matayva guianensis Arb. Solanum sp1. Arb. Solanum sp2. Arb. Embora o levantamento não tenha sido concluído, já estão presentes neste levantamento espécies de alguns gêneros muito freqüentes nas áreas de Cerrado, como Bauhinia, Byrsonima, Mimosa, Solanum, entre outros, como nos estudos conduzidos por Neri et al. 2007; Carvalho &Marques-Alves 2008, Ishara et al. 2008 entre outros. Referências bibliográficas AGAREZ, F. V.; PEREIRA, C.; RIZZINI, C. M. Botânica Angiospermae – Taxonomia, Morfologia, Reprodução, Chaves para determinação das famílias. 2ª ed. Rio de Janeiro: Âmbito cultural, 1994. 256 p.: il. CARVALHO, A. R.; MARQUES-ALVES, S. 2008. Diversidade e Índice sucessional de uma vegetação de Cerrado Sensu Stricto na Universidade Estadual de Goiás – UEG, Campus de Anápolis. R. Árvore 32 (1): 81-90. ISHARA, K. L.; DÉSTRO, G. F. G.; MAIMONI-RODELLA, R. C. S.; YANAGIZAWA, Y. A. N. P. 2008. Composição florística de remanescente de cerrado sensu stricto em Botucatu, SP. Revta. Bras. Bot. 31 (4): 575-586. JOLY, A. B. Botânica – introdução à taxonomia vegetal.11ª ed. São Paulo: Ed. Nacional, 1993. 777 p.: il. 7 LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil Vol. 01. 2ª ed. Nova Odessa-SP: Editora Plantarum, 1998a. 368 p. _____. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil Vol. 02. 2ª ed. Nova Odessa-SP: Editora Plantarum, 1998b. 368 p. NERI, A. V.; MEIRA-NETO, J. A. A.; SILVA, A. F.; MARTINS, S. V.; SAPORETTIJÚNIOR, A. W. 2007. Composição florística de uma área de Cerrado Sensu Stricto no município de Senador Modestino Gonçalves, Vale do Jequitinhonha (MG) e análise de similaridade florística de algumas áreas de cerrado em Minas Gerais. R. Árvore 31 (6): 1109-1119.