7 Economia O Estado do Maranhão - São Luís, 9 de abril de 2010 - sexta-feira Economia [email protected] BOVESPA +1,40% A bolsa encerrou dia em 71,784 pontos NASDAQ +0,23% A bolsa fechou com a marca de 2436,81 pontos Pelotizadora da Vale retoma as operações em São Luís Usina estava parada há mais de um ano por causa da crise econômica que reduziu a demanda por minério de ferro; reativação deve criar 390 postos de trabalho Binè Morais A pós mais de um ano parada, a usina de pelotização da Vale em São Luís reiniciou as operações para a produção de pelotas. A unidade, que paralisou as atividades em razão da crise econômica mundial, tem capacidade anual de produção de 7,5 milhões de toneladas. Com a retomada, serão criados 390 postos de trabalho, entre próprios e terceirizados, em áreas técnicas como mecânica, elétrica, eletroeletrônica, eletrotécnica, metalurgia, química e eletrônica. Também estão sendo contratados graduados em Engenharia Mecânica, Elétrica, Química, Eletrônica e Eletroeletrônica. Até o momento, mais de 320 profissionais (entre próprios e terceiros) já foram efetivados. As vagas são preenchidas de acordo com as necessidades de cada área. No início de 2009, a empresa, por causa da queda na demanda mundial por minérios, paralisou as operações da usina no Maranhão e todo o seu efetivo foi transferido para as áreas da ferrovia e do porto. Com o reinício da produção, os empregados retornaram aos seus postos de trabalho na pelotização e as áreas ocupadas por eles na ferrovia e no porto durante a crise estão sendo preenchidas com novas contratações. Muitos desses profissionais virão do Programa de Formação Profissional. A usina de pelotização da Vale em São Luís situa-se na área Itaqui-Bacanga, próximo ao Boqueirão, e compõe o que a Vale chama Sistema Norte - também integrado pela ferrovia e pelo porto. A pelotizadora de São Luís foi inaugurada em 26 de março de 2002, um investimento de US$ 408 milhões que gerou 2.500 empregos diretos e indiretos na construção. Em 2007, a unidade atingiu seu pico máximo de produção: Usina de pelotização da Vale em São Luís tem capacidade para produzir 7,5 milhões de toneladas/ano 7,05 milhões de toneladas. Em 2008, a produção caiu para 6,960 milhões de toneladas de pelotas. Além da usina de São Luís, seis outras plantas de pelotização da Vale no país tiveram de paralisar suas atividades em 2009, como forma de a empresa lidar com a redução de demanda e evitar a formação de estoques excessivos. Mais - Usada na fabricação de aço, a pelota é um produto de altíssimo valor agregado por proporcionar maior produtividade nas usinas siderúrgicas. - Para se chegar à pelota, o minério de ferro é misturado ao calcário, betonita e antracito, um tipo de combustível sólido, além de outros insumos. Haroldo Cavalcanti Jr. disputará a Fecomércio com José Arteiro Chapa de oposição deve ser registrada hoje por Haroldo Jr., que critica as sucessivas reeleições do atual presidente; eleições serão no dia 27 O empresário Haroldo Cavalcanti Júnior será o adversário de José Arteiro da Silva nas eleições para a presidência da Federação do Comércio do Maranhão (Fecomércio), marcadas para o dia 27 deste mês. A chapa da oposição deve ser registrada ainda hoje. O prazo final de registro é amanhã até as 18h. O nome de Haroldo Cavalcanti Júnior foi confirmado em reunião do grupo com o objetivo de compor a chapa opositora a José Arteiro da Silva, que exerce o cargo de presidente da Fecomércio há 26 anos. Os dois candidatos apresentam em comum, além de também disputarem o comando do Sindicato dos Lojistas de São Luís, cuja eleição está sub judice, o fato de terem como primeiros vices em suas chapas no pleito da Fecomércio, representantes da Região Tocantina. Como o primeiro vice na chapa de Haroldo Cavalanti Júnior foi escolhido o presidente do Sindicato dos Representantes Comerciais do Sul do Maranhão (sede em Imperatriz), João Dantas Fernandes Júnior. Enquanto José Arteiro tem como candidato a vice o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Imperatriz, Vilson Estácio Maia. Haroldo Cavalcanti se habili- ta a concorrer à presidência da Fecomércio com a proposta de acabar com a reeleição. O mandato seria único, de quatro anos. “Isso dará possibilidade a outras lideranças de presidir a Casa, garantindo alternância de poder, o que hoje não existe na federação”, observou. Além de “dar um basta ao continuísmo”, como ele classifica o mandato de José Arteiro, Haroldo Cavalcanti disse que pretende promover mudanças estruturais no âmbito da federação, tendo como principais beneficiários os sindicatos filiados. “Nossa proposta é fazer uma Fecomércio voltada para os sindicatos, para que estes possam se estruturar, ter apoio jurídico e contábil e, principalmente, participar das decisões da federação. Hoje, os sindicatos estão abandonados à própria sorte”, afirmou. Outra proposta de Haroldo Cavalcanti é instalar restaurantes do Serviço Social do Comércio (Sesc) em outros bairros de São Luís que têm comércio forte como João Paulo, São Cristóvão e Cohatrac, por exemplo. “Temos um único restaurante que atende à classe comerciária no Centro, enquanto outros bairros, que reúnem um grande contigente desses trabalhadores ficam desassistidos”, criticou. OURO +0,72% Commoditie se desvalorizou e foi vendida 69,300 DÓLAR -0,05% A moeda americana foi cotada em R$ 1,7770 Panorama econômico EURO +0,81% A moeda européia foi cotada em R$ 2,3778 Miriam Leitão Com Alvaro Gribel Erros que matam C ertas cenas são haitianas. E é Niterói. O Morro do Bumba é uma espécie de resumo dos erros: era uma encosta, era uma ocupação, era um lixão. Não foi a chuva que matou, foram esses erros somados. A tragédia dos últimos dias no Rio traz tantas lições e confirma tantos alertas que só nos dá dois caminhos: corrigir os desatinos ou assumir de vez a insensatez. Há cinco anos, a professora Regina Bienenstein, do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense (UFF) esteve no Morro do Bumba para estudar a situação de risco da comunidade. — Isso já estava anunciado — diz a professora. Deixar uma comunidade se instalar em cima de um lixão não faz qualquer sentido, explica o engenheiro e consultor ambiental Carlos Raja Gabaglia. Ele conta que visitou muito aterro sanitário na Alemanha. Aterro não é lixão. Aterro exige que se coloque uma manta para proteger o solo da contaminação e outra para recobrir e proteger o meio ambiente. Em cima, pode haver urbanização, jamais construções. E isso porque o terreno cede. — O processo de decomposição do lixo e a saída do gás metano fazem com que a área fique em movimento, há um rebaixamento natural. Não é um solo confiável para se instalar uma construção. Não suporta carga de imóveis — afirma. No lixão do Bumba, não havia qualquer manta isolante, a população ali vivia exposta aos maiores riscos. Segundo o professor Julio Cesar Wassermann, coordenador da área de meio ambiente e desenvolvimento sustentável da UFF, a comunidade estava exposta ao metano, que pode causar intoxicação e explosões. — O lixo orgânico, quando sofre decomposição, forma esse gás explosivo. Mesmo em lixões antigos, o metano continua sendo produzido. O deslizamento liberou o metano. Já o chorume — líquido tóxico decorrente do lixo — grande parte dele já deve ter se infiltrado no lençol freático — diz o professor. O presidente da Associação de Policiais e Bombeiros Militares Ativos e Inativos (Assinap), Miguel Cordeiro, disse que as doenças associadas ao lixão são dengue, leptospirose, infecções intestinais, doenças de pele, verminoses, bronquite, pneumonia, alergias, tifo, hanseníase e até câncer. Olha só a soma dos absurdos que eles estão revelando. Aquela população que foi soterrada, vivia sob risco de explosões de gás metano, exposta a doenças, num terreno instável, cujo líquido tóxico já estava contaminando o lençol freático. O deslizamento liberou esse metano para a atmosfera. E tudo já se sabia porque o assunto tinha até sido estudado. O gás metano é o segundo maior responsável pelo efeito estufa. Ele é 20 vezes mais potente do que o CO2, mas é emitido em volume menor. Aquele lixão adoecia, poluía, punha em risco vidas. A avalanche provocou um desastre humano e ambiental. Cordeiro nos contou que os aterro sanitários do Rio, Niterói e São Gonçalo são na verdade lixões disfarçados, porque não foi feito o trabalho de impermeabilização. — No caso do lixão do Bumba, quando ele foi desativado, em 1986, jogaram meio metro de terra em cima para espantar os urubus e deixaram para lá. A população carente foi ocupando o espaço e nenhuma autoridade fez nada durante esse tempo — disse. Quando desativaram o Bumba abriu-se outro lixão no Morro do Céu, a oito quilômetros do centro de Niterói. A Assinap entrou com ação na Justiça porque o lixo está avançando sobre a Mata Atlântica (vejam fotos no meu blog). Essa tragédia confirma todos os temores dos ambientalistas. Eles não estão falando em poesia verde, em proteger uma espécie, ou em um risco que virá daqui a um século. O alerta é concreto. O lixo tem que ser tratado, reciclado, recolhido, separado não por que isso é politicamente correto, mas porque o lixo mata. Carlos Raja Gabaglia, na grande tempestade de 1966, foi com amigos acudir a população atingida em morros do Rio. Acha hoje que vive a repetição do filme, com um agravante: não vai demorar mais 44 anos para se repetir. O professor Eneas Salati, da Fundação Brasileira do Desenvolvimento Sustentável, disse que já há mudanças: — Há um aumento do dinamismo atmosférico e isso provoca maiores precipitações, mudanças dos ciclos hidrológicos. A temperatura do mar já subiu nos últimos 30 anos. Os eventos extremos serão mais intensos e mais frequentes daqui pra frente. O economista Sérgio Besserman, que tem feito estudos com climatologistas sobre a preparação do Rio para as mudanças climáticas, disse que essa conjugação de chuvas intensas com maré cheia vai se repetir. — E aí fica mais difícil escoar a água. As águas descerão pelas encostas e vão encontrar uma barreira maior. Nós temos um problema pela frente. A solução é produzir conhecimento e aplicá-lo nas políticas públicas — sugere Besserman. Mas nem conhecimento velho é usado: como o de recolher, separar e tratar o lixo. O país sabe que é necessário. Uma lei tramita há 19 anos no Congresso estabelecendo regras para o tratamento dos resíduos sólidos. Mas ainda não foi aprovada. Vivemos tragédias anunciadas. Nisso, nos parecemos com o Haiti. Com a diferença que os terremotos podem ocorrer ou não, mas as chuvas voltarão todos os anos. [email protected]