Universidade Presbiteriana Mackenzie AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR E DO ESTADO NUTRICIONAL DE ENFERMEIRAS DE UM HOSPITAL PARTICULAR DA CIDADE DE SÃO PAULO Flávia Albano Zaccarelli (IC) e Rosana Farah Simony Lamigueiro Toimil (Orientadora) Apoio: PIBIC Mackenzie/MackPesquisa Resumo Introdução: A transição demográfica no Brasil ocasionou nos últimos anos mudanças definitiva no estilo de vida, principalmente no hábito alimentar. Nos serviços de saúde, o grupo de enfermeiros e auxiliares de enfermagem são os que mais trabalham em sistemas de turnos, sendo assim, enfrentam uma sobrecarga de trabalho, e devido a essa transição do cotidiano, muitas vezes, deixam de se preocupar com a qualidade de vida, especialmente com a saúde. Objetivo Desta forma, o presente estudo tem como objetivo avaliar o hábito alimentar e o estado nutricional de enfermeiras de um hospital particular da cidade de São Paulo. Metodologia: Trata-se de um estudo de caráter transversal, onde para avaliação do consumo alimentar será aplicado um questionário de freqüência alimentar, a fim de conhecer a ingestão habitual dos mesmos. O gasto calórico será avaliado através de um pedômetro, que é um aparelho portátil que monitora distância e os passos, além de informar calorias. Para avaliação antropométrica, serão coletadas as medidas peso e altura para ser calculado o Índice de Massa Corporal (IMC). Resultados: Foram entrevistadas 100 enfermeiras do sexo feminino, com média de idade de 34,34 ano, com desvio padrão = 7,81.Grau de escolaridade: 48% eram técnicos de enfermagem, 29% eram enfermeiras, 16% ainda estavam cursando enfermagem e 7% eram auxiliares de enfermagem.Hábito alimentar: 16% dos entrevistados não consomem frutas diariamente e 69% consome abaixo do recomendado; O consumo de verduras e legumes mostrou que 14% não consome e 24% consome o recomendado. O consumo de doces e refrigerantes mostrou que 10% consomem diariamente e apenas 5% raramente ou nunca. Atividade Física: 72% não realizavam nenhum tipo de atividade física. Pedômetro: pode-se observar que a média de passos diária foi de 4152.5 passos e a média de calorias gastas foi de 151 cal. Palavras-chave: enfermagem, consumo alimentar, gasto calórico Abstract Introduction: The demographic transition in Brazil in recent years has caused permanent changes in lifestyle, especially in food habits. In health services, the group of nurses and nursing assistants are the ones who work in shift systems, so face a heavy workload, and due to this transition of the daily, often stop worrying about the quality of life, particularly with health. Objective: Thus, this study aims to evaluate the dietary habits and nutritional status of nurses in a private hospital in São Paulo. Methodology: This is a cross-sectional study, where dietary intake assessment to be applied a foodfrequency questionnaire in order to meet the usual intake of them. The caloric expenditure will be assessed by a pedometer, which is a portable device that monitors the distance and steps and inform calories. Anthropometric indicators will be collected height and weight measurements to be calculated the Body Mass Index (BMI). Results: We interviewed 100 female nurses, with a mean age of 34.34 years, SD = 7.81 . Level of education: 48% were nursing technicians, 29% were nurses, 16% were still enrolled and 7% were nursing assistants enfermagem.Hábito food: 16% of respondents did not consume fruits daily and 69% consumed below recommended levels; The consumption of vegetables showed that 14% did not consume and consumes 24% recommended. The consumption of sweets and soft drinks showed that 10% consume daily and only 5% rarely or never. Physical Activity: 72% 1 VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 accomplished in any type of physical física.Pedômetro: one can observe that the average daily steps was 4152.5 steps and average calories burned was 151 cal. 2 Universidade Presbiteriana Mackenzie INTRODUÇÃO A obesidade pode ser caracterizada pelo grau de depósito de gordura no organismo causando riscos para saúde, devido a sua relação com outras complicações metabólicas. É considerada como um dos fatores principais que levam a outras doenças não transmissíveis, dando destaque às doenças cardiovasculares e diabetes. O grau do excesso de peso não é o único fator que interfere nos riscos associados, mas a distribuição regional de gordura também é considerada um fator de risco. O acúmulo de gordura na região abdominal, denominado como obesidade andróide, representa maior risco do que o excesso de gordura corporal por si só (WORLD HEALTH ORGANIZATION,1995; ANJOS,1992). Nas últimas décadas, a prevalência da obesidade em países desenvolvidos como Estados Unidos e Suécia. Nesses países mostrou-se que com a melhora das condições socioeconômicas houve um decréscimo da obesidade entre as mulheres e um aumento entre os homens (GIGANTE, et al, 1997). Dados mostram que atualmente, 12.7% das mulheres e 8.8% dos homens adultos brasileiros são obesos, sendo estes com maior concentração nas regiões Sul e Sudeste do país. Nos período de 1974 a 1989 esta tendência de aumento da obesidade foi registrado para mulheres e homens de todas as faixas de renda. No período seguinte entre 1989 – 2003, os homens permaneceram com aumento da obesidade independente da renda, enquanto as mulheres somente apresentavam aquelas com baixa renda e baixa escolaridade.Em relação ao gênero e a idade, pode-se observar que a prevalência de obesidade é semelhante em ambos os sexos até os 40 anos. Após essa idade, as mulheres passam a apresentar duas vezes mais que os homens. À medida que aumenta a idade, aumenta a prevalência de obesidade nos adultos (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2004). Nos últimos anos, a transição demográfica no Brasil ocasionou mudanças definitivas no estilo de vida e, principalmente no hábito alimentar dos brasileiros. Apesar da melhoria no acesso à alimentação e maior cobertura de saúde o que levou a diminuição da desnutrição, devido ao desequilíbrio entre as necessidades e o consumo de alimentos, a desnutrição deu lugar obesidade, a qual caracteriza o perfil atual da população (FILHO; RISSIN, 2003). A alimentação influencia na saúde, na competência do trabalho, nos estudos, na aparência e na longevidade do indivíduo. Uma pessoa que possui uma alimentação pouco variada apresenta sintomas como: fraqueza, irritação, desânimo, falta de disposição para trabalhar, pensar, ou para realizar qualquer atividade que exija esforço físico ou mental. Da mesma forma a alimentação em excesso resulta em obesidade que também pode causar cansaço, 3 VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 desânimo, além de ser um fator de risco para algumas doenças como: diabetes e hipertensão (ESPERANÇA; GALISA; SÁ, 2008). Geralmente, a classe trabalhadora possui um poder econômico menos. Isso pode influenciar em escolhas equivocadas na alimentação, interferindo diretamente no estado nutricional. O acesso fácil à alimentação inadequada, além do excesso de trabalho e sedentarismo, são fatores importantes que resultam, muitas vezes, em reflexos negativos no trabalho.(ESPERANÇA, GALISA, 2008). Os profissionais que trabalham em hospitais, especialmente no período noturno, sofrem com os horários “padrão” da sociedade, pois a rotina dos mesmos não se enquadra com a maioria dos trabalhadores. Nesse contexto, pode-se associar o trabalho durante a noite às conseqüências negativas que ele acarreta a saúde, por exemplo: sonolência, irritabilidade constante, doenças relacionadas ao sistema digestório e nervoso, além de qualidade e segurança no trabalho afetadas (MORENO; FISCHER; ROTENBERG, 2003). Nos serviços de saúde, o grupo de enfermeiros e auxiliares de enfermagem são os que mais trabalham em sistemas de turnos. Nos hospitais, as escalas de trabalho são, na maioria das vezes, organizadas em turnos fixos, onde não há interrupção de trabalho em nenhum momento. No Brasil, a carga horária dos enfermeiros é de 12 horas diárias, sendo diurno ou noturno, seguido de descanso de 36 horas (FISCHER, et al 2002). Entretanto, essa sobrecarga que os enfermeiros enfrentam não é apenas quantitativa, onde são responsáveis por mais de um setor hospitalar, mas é também qualitativa, isso porque há uma complexidade de relação, tendo como exemplo, a relação enfermeiro e o paciente, e enfermeiro e familiares. Devido a essa transição do cotidiano e considerando sua dupla jornada de trabalho, muitas vezes, deixam de se preocupar com a qualidade de vida, especialmente com sua saúde, diminuindo o tempo dedicado ao lazer e auto-cuidado, e aumentando o cansaço, gerando, conseqüentemente, o estresse (MONTANHOLI; TAVARES; OLIVEIRA, 2006). Além disso, começa a ser observado o aumento dos ritmos e cargas de trabalho em detrimento da satisfação dos trabalhadores em executar as tarefas, o que pode repercutir na sua qualidade vida, interferindo no processo saúde/doença. Quando se trata de enfermagem o desempenhado no cenário hospitalar, há referência de que este é diferenciado dos demais trabalhos porque é contínuo, desgastante, exaustivo e desenvolvido a partir de uma relação interpessoal muito próxima com o paciente sob seus cuidados (SANTOS et al, 2009). A alimentação adequada pode ser muito importante nesse caso, funcionando como estratégia de saúde. Atualmente, o campo da nutrição é bastante pesquisado e influencia a mudança da concepção entre alimentação e saúde. As recomendações internacionais de 4 Universidade Presbiteriana Mackenzie promoção da alimentação saudável mostram a importância da variedade de alimentos como fonte de nutrientes, o equilíbrio na escolha alimentar baseada nas necessidades individuais e a moderação pelo controle do consumo de alimentos energéticos, principalmente as gorduras. No Brasil médicos e enfermeiros têm enfrentado dificuldades na abordagem dessa questão no nível da atenção básica (QUEIROZ et al, 2002). Estudos científicos confirmam a combinação entre uma alimentação equilibrada e a produtividade, assim como o baixo rendimento do trabalho quando ocorre ingestão calórica inadequada. Sabe-se que a má nutrição pode desencadear conseqüências relacionadas à redução da vida média, da produtividade, da resistência às doenças, aumento à predisposição aos acidentes de trabalho e baixa capacidade de aprendizado do trabalho. Deve-se ainda ressaltar, que a oferta de refeições aos trabalhadores durante a jornada de trabalho pode representar um acréscimo de 10% na produção. Assim como, se ocorrer uma redução de 30% na força muscular, 15% na precisão dos movimentos e em torno de 80% na aptidão para o trabalho (FRANCISCHETTI et al, 2007). As vantagens de uma alimentação adequada aumentam a resistência às doenças, possibilitam a prevenção de doenças crônico-degenerativas e câncer, retardam o envelhecimento, asseguram o bem-estar mental e protegem o homem contra toxinas do ambiente. (ALVES; OLIVEIRA, 2008). Desta forma, o presente estudo tem como objetivo avaliar o consumo alimentar, o estado nutricional, o números de passos e calorias gastas durante o período de trabalho de enfermeiras de um hospital particular na cidade de São Paulo. REFERENCIAL TEÓRICO A utilização do Índice de Massa Corporal (IMC) é o método mais utilizado na prática clínica para determinação do estado nutricional de adultos e é recomendado pela Organização Mundial da Saúde – OMS (2007). É prático porque não há necessidade de gastos nem para o investigador e nem para o paciente ou participante. É válido porque mede aquilo que se propõe a medir. Contudo, é importante destacar que há outros métodos mais fidedignos e que apresentam menos falhas, mas são, na maioria das vezes, inviáveis devido ao alto custo e alta complexidade (KYLE, GENTON E PICHARD, 2002) O consumo alimentar de uma população pode ser analisado sob várias perspectivas, que são ao mesmo tempo independentes e complementares. Para estudos de caracterização das escolhas alimentares feitas por um público alvo, a que apresenta os resultados mais coerentes com os objetivos é a perspectiva nutricional, a qual possui enfoque nos alimentos consumidos e dados relacionados ao ritmo e estilo de vida. O questionário permite que 5 VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 sejam feitas perguntas objetivas, claras e que facilitem uma melhor visualização dos resultados (OLIVEIRA; THÉBAUDY-MONY, 1997). Os sensores de movimento são utilizados atualmente para quantificar um determinado movimento realizado cotidianamente e efetuar o gasto energético correspondente. No caso do pedômetro, este é um aparelho eletrônico e simples que foi desenvolvido com o propósito de avaliar o comportamento do indivíduo durante a marcha, ou seja, efetua o registro do número de passos dados e da distância percorrida. Além disso, esse é um dado importante visto que o passo é uma das formas mais comuns de atividade física e que, muitas vezes, a que mais contribui para a atividade física diária total.O pedômetro pode registrar dados em um período longo de tempo, porém apresenta algumas limitações quando utilizados como instrumentos de investigação, isso porque, embora possuam certa precisão na contagem dos passos, não são sensíveis a acelerações verticais acima de determinados limites, ou seja, não distinguem a marcha da corrida (BASSETT et al, 1996; BASSETT; CURETON; AINSWORTH, 2000; LEENDERS; SHERMAN; NAGARAJA, 2000) . METODOLOGIA Foi realizado um estudo de caráter transversal, onde foram convidadas a participar todos profissionais da área de enfermagem, com idade superior a 18 anos, em um hospital particular da cidade de São Paulo. As medidas antropométricas, a aplicação do questionário de consumo alimentar, e a utilização do pedômetro durante o período de trabalho de um dia, foram realizadas entre Abril de 2010 a Abril de 2011, após ter sido entregue um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e assinado pelo participante (TCLE). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Presbiteriana Mackenzie. As medidas antropométricas foram realizadas em cinco dias consecutivos no período matutino, por uma estudante de graduação previamente treinada. Foram coletadas as medidas peso e altura, e a partir delas foi calculado o Índice de Massa Corpórea (IMC) pelo peso (kg) dividido pela estatura (m²). Para avaliação do consumo alimentar, foi entregue às participantes um questionário de freqüência alimentar, contendo questões sobre hábitos alimentares, sintomas relacionados à alimentação, doenças auto referidas e prática de atividade física, a fim de conhecer a ingestão habitual e o nível de atividade física dos mesmos. O gasto calórico foi avaliado através de um pedômetro da marca Oregon®, que é um aparelho portátil que monitora regularmente distância e os passos, além de informar calorias, e tempo de uso. Foi colocado na região abdominal das enfermeiras a partir do 6 Universidade Presbiteriana Mackenzie momento que começavam o plantão e só era retirado no final do expediente. Após a retirada, as mesmas anotaram o número de passos dados e as calorias gastas em todo plantão em um planilha específica que foi entregue no hospital para uma enfermeira responsável no início da coleta. Os resultados foram apresentados e analisados de forma estatística e descritiva, e foram tabulados em tabelas no programa Excel do Windows XP Profissional. RESULTADOS Foram entrevistadas 100 enfermeiras, com idade entre 20 e 60 anos. A média de idade foi de 34,34 anos (desvio padrão = 7,81), os quais trabalhavam no sistema 12 horas x 36 horas. Em relação ao grau de escolaridade, 48% eram técnicas de enfermagem, 29% eram enfermeiras, 16% ainda estavam cursando enfermagem e 7% eram auxiliares de enfermagem, sendo que 38% trabalham na área a mais de dez anos, 29% entre 2 e 5 anos e 6% trabalham na área menos de dois anos. Em um estudo recente realizado por GRIEP, et al 2011, pode-se observar dados semelhantes ao do presente estudo, onde a média de idade foi de 40 anos. Foi também observado que 57,2% tinham nível superior de escolaridade e 27,9% eram enfermeiras. A maior parte das entrevistadas (83%) trabalhava em período integral (7:00 as 19:00h) e apenas 17% trabalhavam no período da noite (19:00 as 7:00h), sendo que 8% ainda trabalham em outros locais. Comparando os dados do presente estudo com o de GRIEP, et al 2011, pode-se observar uma diferença, onde 33,33% realizavam outro tipo de trabalho fora do hospital. Em relação aos sintomas referidos associados à alimentação, 13% apresentaram flatulência, 12% obstipação e 63% não citaram tipo de sintoma. Em relação à pratica regular de atividade física, a maioria (72%) não realiza nenhum tipo de exercício físico, 20% fazem de duas a quatro vezes/semana e 8% alegaram realizar atividade física sem muita freqüência. No estudo de GRIEP, et al 2011 foram analisados dados semelhantes em relação à prática de atividade física, onde 66,66% também afirmaram não realizar nenhum tipo de atividade física. Em relação aos dados dos pedômetros, 64% das enfermeiras utilizaram os aparelhos, 25% encontraram dificuldade em manusear o mesmo e anotar os dados, sendo assim, pode-se observar que a média de passos diários foi de 4152.5 passos, com desvio padrão de 2464.18 e a média de calorias gastas foi de 151, sendo o desvio padrão 89.3 (Tabela 1). 7 VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 Tabela 1. Características sócio demográficas e de estilo de vida, das enfermeiras de um hospital particular de São Paulo, 2010. Variáveis Nº % 20 – 29 anos 27 27 30 – 39 anos 51 51 40 – 49 anos 16 16 ≥50 anos 6 6 Auxiliar completo 7 7 Técnico completo 48 48 Superior completo 29 29 Superior incompleto 16 16 Integral 83 83 Noturno 17 17 Não pratica atividade física 72 72 Pratica atividade física 8 8 2 a 4 x por semana 20 20 Pedômetro Média Desvio Padrão Passos 4172.5 2464.18 Calorias 151 89.3 Faixa etária Grau de escolaridade Período de trabalho Prática de atividade física Dentre as doenças auto referidas, a maioria (67%) não relatou nenhuma doença metabólica. Entre os sintomas relacionados à alimentação pode-se observar que 13% apresentavam flatulência e 12% obstipação, o que parece estar relacionado ao relatado no questionário de consumo alimentar previamente aplicado, onde as profissionais referiram trocar as refeições principais por refeições rápidas e menos saudáveis. 8 Universidade Presbiteriana Mackenzie Tabela 2.: Distribuição percentual das doenças auto-referidas, São Paulo, SP, 2010. Doenças auto referidas Nº % Dislipidemia isolada 08 08 Hipertensão 03 03 Dislipidemia isolada + Hipertensão 01 01 Hipotireoidismo 03 03 Hiperinsulinemia 01 01 Anemia 01 01 Refluxo Gástrico 01 01 Nenhuma doença auto referida 67 67 Flatulência 13 13 Obstipação 12 12 Nenhum sintoma 63 63 Sintomas relacionados à alimentação Tabela 3. Classificação do estado nutricional das enfermeiras, segundo o Índice de Massa Corporal (IMC), São Paulo, SP, 2010. IMC (kg/m²) TOTAL % Nº <18,5 2 2 18,5 – 24,9 52 52 25 – 30 38 38 8 ≥30,0 Total 100 100 Tabela 4. Classificação do estado nutricional das enfermeiras, sendo a Circunferência da Cintura (CC), São Paulo, SP, 2010. Total Nº % Sem risco 57 57 Risco alto 43 43 Risco muito alto 0 0 Total 100 100 Dentre as entrevistadas, 63% alegaram ter mudado o hábito alimentar depois de ter começado a trabalhar, sendo a falta de tempo um dos principais motivos da mudança. 67% 9 VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 alegaram substituir uma das refeições principais por lanche, sendo esta na maioria das vezes o jantar. Em relação ao hábito alimentar, ressalta-se que 16% dos entrevistados não consomem frutas diariamente, 69% consome abaixo do recomendado e 13% consome o recomendado por dia. O consumo de verduras e legumes mostrou que 14% não consome, 62% consome abaixo do recomendado e 24% consome o recomendado ou mais. Quanto à ingestão de carnes e ovos, apenas 2% afirmaram não consumir e 98% consomem o recomendado ou acima, sendo que 77% alegaram tirar a gordura da mesma. Entre os entrevistados, apenas 16% ingerem leites e derivados dentro das recomendações, sendo que 69% consomem esses alimentos do tipo integral. Em relação ao peixe pode-se observar que 9% não consome, 75% consome abaixo do recomendado e 16% acima ou igual ao recomendado. (gráfico 1). Quanto ao consumo de frituras e embutidos, 32% consomem de duas a três vezes por semana e apenas 3% afirmaram consumir diariamente. O consumo de doces e refrigerantes mostrou que 10% consomem diariamente e apenas 5% raramente ou nunca. Foi relatado que 16% adicionam sal na comida já preparada. Apenas 25% ingerem quantidade de água recomendada (6 a 8 copos/dia). Em relação ao consumo de álcool, 50% afirmaram consumir eventualmente e 47% não ingerem nenhum tipo e bebida alcoólica.(dados não mostrados) Assim como os resultados mostrados anteriormente, um estudo realizado em um hospital filantrópico do interior de São Paulo com o setor de enfermagem mostrou que grande parte dos trabalhadores (63,6%) alimentam-se de salgadinhos fritos, lanches, doces e refrigerantes durante o turno de trabalho. A maioria destes trabalhadores (72,7%) alegou fazer uma escolha alimentar inadequada em função dos horários irregulares da profissão no hospital (MARZIALE; CARVALHO, 1998). 10 Universidade Presbiteriana Mackenzie Figura 1. Distribuição percentual do consumo alimentar de enfermeiras de um hospital particular da cidade de São Paulo, 2010. Em estudo realizado em Botucatu que avaliou a percepção sobre os prováveis efeitos do trabalho em turnos na saúde de funcionários da enfermagem de um hospital universitário, foi possível constatar que distúrbios gastrintestinais são bastante relatados em indivíduos que trabalham em turnos. Em função da sobrecarga de trabalho e dos horários que devem ser seguidos por esses trabalhadores, estes parecem não conseguir realizar refeições saudáveis e nutricionalmente completas, refletindo em escolhas inadequadas mostradas no presente estudo (COSTA; MORITA; MARTINEZ, 2000). Estes resultados são confirmados por outro estudo que avaliou os distúrbios decorrentes do trabalho em turnos e noturno, onde a influência do horário de trabalho na alimentação é confirmada, ou seja, a troca de alimentos adequados por lanches rápidos e práticos refletiu diretamente em distúrbios gastrointestinais apresentados por eles, tais como azia, gastrite, dispepsia, constipação intestinal, diarréia, etc (PINTO; MELLO, 2000). Foi analisada também a freqüência com que as entrevistadas lêem informações nutricionais dos produtos consumidos, e pode-se observar que apenas 13% analisam as tabelas nutricionais dos produtos, 45% somente para alguns produtos (Dados não mostrados). Pode-se concluir no presente estudo, que metade das participantes eram eutróficas, porém, observou-se alta prevalência de sobrepeso. A maioria das participantes não realizava nenhum tipo de atividade física. Observou-se inadequação em relação ao consumo alimentar, devido à baixa ingestão de frutas, verduras, leguminosas, leite e derivados e peixes; o consumo de carne encontrou-se dentro do recomendado. 11 VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 Em relação ao uso do pedômetro concluiu-se que a média de passos diária das enfermeiras eram semelhantes, as calorias variaram de acordo com os dados de peso, altura e idade de cada uma. REFERÊNCIAS ANJOS, L. A. Índice de massa corporal (massa corporal.estatura-2) como indicador do estado nutricional de adultos: revisão da literatura. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 26, n. 6, p. 431-436, 1992. BASSET DR JR, CURETON A.L, AINSWORTH, B.E (200): Measurement of daily walking distance – questionnaire versus pedometer. Medicine & Exercise, 32 (5): 1018-1023. BASSET DR JR, AINSWORTH, B.E, LEGGETT SR, MATHIEN, C.A, MAIN, J.A, HUNTER D.C, DUNCAN, G.E (1996): Accuary of five electronic pedometers for measuring distance walked. 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