ABORDAGENS ACERCA DO INDÍGENA NO ENSINO DE HISTÓRIA
Autora: Célia Cristina Ribeiro da Costa
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
- UERN
(bolsista do PIBID-História)
Coautora: Samara Elania da Costa
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
- UERN
(bolsista do PIBID-História)
Coordenador do PIBID- História: Lemuel Rodrigues da Silva
RESUMO: O presente artigo tem por objetivo abordar os diversos estudos acerca da
inserção do indígena no ensino de história, dando ênfase as problemáticas encontradas na sala
de aula, na Escola Estadual Professor José de Freitas Nobre, cadastrada no subprojeto do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) de História, localizada em
Mossoró, realizando um questionário sobre o ensino indígena aos alunos do 8º e 9º ano do
ensino fundamental, tomando como base o artigo 26-A da lei n. 11. 645 de fevereiro de 2008,
que tornou obrigatório em todo currículo escolar, dos ensinos fundamental e médio, publico
ou privado, o estudo da história e da cultura indígena. No qual, a partir dos fundamentos e
ênfases de outros pesquisadores do tema, poderemos encontrar subsidio e controvérsias, na
forma como é passado nas escolas, o ensino indigenista. Procurar demonstrar como se deu a
inserção da temática nas escolas e como o índio lutou por seus direitos diante da sociedade,
para ter seu lugar e respeito aos olhos da comunidade em que vivem, e a partir dai identificar
as falhas (que não são poucas), da educação, ao ponto do desenvolvimento dos atuais conteúdos identificados em sala de aula acerca do indígena, sua cultura e seus direitos na atualidade.
Palavras – chave: Indígena; ensino de história; Lei n. 11.645/08; PIBID
Introdução
Ao nos depararmos com o ensino de história indígena, nos vêm na mente primeiramente, o contato do índio com o europeu, no período de colonização da América, mostrando a
visão eurocêntrica, onde o branco teria descoberto a América, e os ameríndios que aqui viviam, aceitaram por embelezamento da cultura do outro, mas não se pensava em como esses
sofreram e lutaram pelos seus territórios, e em nenhum momento discordava-se que o Brasil,
como todos os outros territórios Americanos, não foram descobertos, pois aqui já viviam povos, com culturas diversas, que falavam varias línguas, estas terras passaram a ser invadidas e
colonizadas.
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Partindo dessa premissa, voltaremos esse trabalho, ao ensino da História e cultura indígena, a partir da lei 11.645 /08 que criou a obrigatoriedade do ensino da cultura
e história indígena em todos os estabelecimentos escolares do ensino fundamental e
médio do país. Visando à introdução desses na sociedade e maior respeito diante da
cultura miscigenada encontrada no Brasil. Mas por que a obrigatoriedade do ensino da
história indígena? Adianta uma lei na qual a maioria dos professores não sabe como
lidar com esse assunto na abordagemque merece? São vários questionamentos acerca
dessa dificuldade encontrada nas escolas e nas aulas de História, hoje mais do nunca, é
uma preocupação nos meios escolares e acadêmicos.
Supostamente seguindo os mesmos fenótipos, muitos ainda hoje, supõem que
os índios brasileiros são todos iguais, com uma única cultura e língua, mas sabe-se que
havia muitas etnias, e cerca de 170 línguas nativas, existentes ainda hoje. Pode-se perceber a dificuldade ate mesmo por parte dos pesquisadores sobre o estudo etnológico
dos indígenas brasileiros, pois ainda são pouco trabalhados em novas problemáticas,
acerca do olhar do índio, na questão do outro, olhando a História, da outra parte, a prejudicada e devastada pelos colonizadores, principalmente nos livros didáticos:
Os livros didáticos, sobretudo os de história, ainda estão
permeados por uma concepção positivista da historiografia brasileira, que primou pelo relato dos grandes fatos e
feitos dos chamados “heróis nacionais”, geralmente brancos, escamoteando, assim, a participação de outros segmentos sociais no processo histórico do país. Na maioria
deles, despreza-se a participação das minorias étnicas,
especialmente índios e negros. Quando aparecem nos didáticos, seja através de textos ou de ilustrações, índios e
negros são tratada de forma pejorativa, preconceituosa ou
estereotipada (Oriá, 1996).
A partir daí, saber, o que os alunos da Escola Estadual Professor José de Freitas Nobre entendem sobre esta questão, através de um questionário feito sobre o ensino
do indígena na escola, poder saber e demonstrar as maiores dificuldades enfrentadas,
problematizando e chegando a um consenso, de como é passado para eles, e se o livro
didático utilizado insere o índio no ensino de História.
Abordagens acerca do ensino indígena no Brasil
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A disciplina de história a partir da obrigatoriedade do ensino do indígena na
sua grade curricular passou por mudanças, na lei que pode inserir o desprivilegiado na
nossa cultura e a partir desse momento, tentar passar para a geração futura, o ensino do
que fez do Brasil o que este se tornou ao longo de sua fundação. E uma das principais
culturas que fazem parte da nossa nação não deixa de ser a do índio, este que faz parte
da nossa sociedade a mais de cinco séculos, que foi um dos principais agentes para o
desenvolvimento do nosso país, não poder-se deixa-lo de fora do nosso conhecimento.
E o ensino de história tem o privilégio e espaço para o conhecimento e compreensão do
“outro”, dando espaço para as singularidades desse mesmo “outro”, que em várias situações no nosso cotidiano, o indígena ainda é visto como o “outro”, na sociedade nacional
(Itamar Freitas, 2010).O maior problema desse sujeito histórico na sociedade, no passado distante e no presente recente da História do Brasil, não vem sendo reconhecido e
trabalhado pelos historiadores e professores de História ao longo do período republicano.
É preciso ter claro que quando nos referimos em ensino de História indígena, o
principal agente da história nesse momento passa a ser o que antes era dito como “bárbaros”. Mas serão mesmo eles que foram bárbaros, no percurso da nossa história? Qual
a história verdadeira, a que vêm sendo passada nas escolas, ou a que poderá ser vista,
através do olhar dos próprios índios que vivem na atualidade? Muitos questionamentos
podem ser feitos, simplesmente aos olhos diferenciados. Não se pode esquecer, que o
ensino e o trato com a História, estiveram ligados com a identidade de um povo. Segundo o historiador Marc Ferro: A função do saber histórico e do historiador é “contribuir
para a inteligibilidade do passado, dos vínculos entre o passado e o presente” (1989, p.
108). Entretanto, o mesmo Marc Ferro indaga: “... terão os acontecimentos históricos a
mesma significação para todos? Sua lição será a mesma para todos? Assim, a batalha de
Poitiers, apresentada como um acontecimento feliz na história nacional francesa, não o é
para a historiografia árabe” (idem, ibid.). E parodiando Marc Ferro, poderíamos afirmar
que assim como a conquista da Américaé vista como um acontecimento feliz na história
ocidental, muito provavelmente não o é para uma possível historiografia indígena.
(BORGES, 1999).
Sem dúvida, o ensino de História da conquista da América, não poderá mais
ser ensinada desta forma eurocêntrica, a partir desse longo processo para se chegar a
podemos dizer, “de quase uma igualdade” cultural no Brasil, os indígenas principalmente, nas próprias comunidades remanescentes, ainda hoje têm grande dificuldade em pas-
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sar sua história através do ensino de História, na constituição de sua identidade, como
índio, por ainda haver, mesmo com as leis, um ensino mais eurocêntrico e preconceituoso.
Uma das maiores problemáticas enfrentadas pelos pesquisadores, fontes que
comprovem o fato, para poder se chegar a um consenso, sobre o que é correto ser ensinado na História. Por que estes não podem estar falando o que de fato é verdade, só por
não estar escrito em cartório? Qual o certo é o maior desafio para se chegar à solução.
Mas uma coisa é correta, que o ensino da cultura e história indígena, como também
afrodescendente, no Brasil é de vital importância, para podermos entender até mesmo o
porquê de tanta discriminação vista hoje na nossa sociedade. E a história assim como
várias áreas afins não utilizam apenas os documentos escritos como fontes, mas qualquer forma que possa dar alguma prova para chegar ao fato, e assim tentar mostrar a
verdade, que estará em constantes mudanças, dependendo do ponto de vista de cada
pesquisador.
Os indígenas ao longo de todo processo de transformação no território brasileiro, vêm buscando e defendendo sua história, e com ela podemos perceber as diversas
revoltas que ocorreram nos últimos tempos no Brasil. Através principalmente, da conquista de terras, nos quais os fazendeiros os expulsam e muitas vezes, chegam até ao
fato de morte através dessas disputas de terras. A sociedade brasileira poderá perceber
que estes têm o direito a suas terras, nos quais foram tomadas deles no período de colonização. Não é só essa problemática que os índios enfrentam atualmente, muitos ainda
sofrem com as queimadas nas florestas onde se localizam suas tribos, na região amazônica e em muitas outras regiões. Deve-se ter em mente que não é só na Amazônia e no
parque nacional do Xingu que são encontrados indígenas no Brasil, mas em praticamente em todo território nacional.
A maior dificuldade de passar para os alunos nas escolas sobre o que vêm
acontecendocontra o índio, é que ainda hoje não se encontram muitas informações acerca dos tais, e como estes vivem atualmente. Cerca de praticamente todas as escolas e
principalmente, as que se encontram em locais que não existem remanescentes indígenas, como é o caso do município de Mossoró, há uma grande dificuldade. Acredita-se
que através das mudanças e reivindicações dos próprios indígenas foi que começou a
acontecer às transformações no nosso país, que ainda esta andando a passos lentos. Assim como nas escolas, nossa sociedade precisa ser mais racional, mais digna e humana:
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Faz-se necessário, então, desconstruir a ideia de uma
suposta identidade genérica nacional, regional.
Questionar as afirmações que expressam uma cultura hegemônica que nega, ignora e mascara as diferenças socioculturais. Uma suposta identidade e cultura nacional que se constituem pelo discurso impositivo de um único povo. Uma unidade anunciada
muita vezes em torno da ideia de raça, um tipo biológico a exemplo das imagens sobre o mulato, o
mestiço, o nordestino, o sertanejo, o pernambucano,
dentre outras..(EDSON SILVA, 2012).
A partir das idéias de SILVA, poderemos perceber o quanto que ainda deve ser
mudada a forma de se ver a identidade nacional, e mostrando isso, leva-se aos problemas enfrentados na escola sobre o ensino e aprendizagemna própria diversidade no qual
estamos inseridos.
Falando um pouco sobre o “outro”
Nossa principal preocupação acerca da pesquisa realizada, não consta apenas em
como se vê ou se ensina sobre este dito “outro” por muito tempo menosprezado, também em como este indivíduo se vê e se encontra na nossa cultura “pluralizada”, as mudanças e desafios enfrentados por eles mesmos, para encontrar seu lugar na sociedade
tecnicista e tecnológica de hoje. Ao longo de um grande período de transformações e
desafios de tantos e tantos séculos de lutas e conquistas diante do seu espaço no Brasil.
Muitas dessas lutas os fizeram sair da aldeia para lutarem de frente por seus direitos, os
fizeram mostrar o que são capazes, estudando e ficando à frente na política e na justiça,
para lutar com as próprias armas daqueles que “indagaram” que estes não eram cidadãos.
Foram eles principalmente, unindo-se com classes rebaixadas e menosprezadas
que vêm ao longo do processo histórico, mudando o nosso país, que um dia aceitava
apenas a “raça” branca, dita superior, na qual julgavam os indígenas “ingênuos” e “primitivos”. Como estes vêm sendo vistos tradicionalmente em nossa história? A pesquisadora e historiadora Maria celestino de Almeida, no seu livro intitulado “Os Índios na
História do Brasil”,fala que estes vêm sendo visto até um momento bastante avançado
do século XX, grosso modo, de forma pejorativa, desde a História do Brasil de Francis-
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co Adolfo Varnhagem(1854), vinham desempenhando papeis muito secundários, agindo
sempre em função dos interesses alheios. Pareciam estar no Brasil à disposição dos europeus, que se serviam deles conforme seus interesses. (p, 13). Mas sabemos que não
foi bem assim a história dos indígenas no território brasileiro.
Apesar da colonização, do genocídio, da catequização, da exploração, da tentativa de assimilação cultural alheia, estes, se tornaram mais fortes e vêm crescendo seu
contingente indígena no território, isto nos faz perceber que são mais fortes do que os
portugueses imaginavam, não aqueles ditos preguiçosos. Muitas coisas mudaram ao
decorrer do processo de colônia aos dias atuais, uma delas é o senso que consta a entrada de mais indígenas nas universidades, pela lei de cotas nas instituições superiores no
Brasil, uma melhoria, não só para os indígenas, mas para toda população mais escassa e
diminuída da sociedade. Podemos dizer que a entrada dos índios na escolarização, parte
de uma luta originaria em toda a América, que escolheram a educação escolar, bem como uma forma nas politicas de afirmação étnicas, bem como para o diálogo com outras
sociedades, voltando ao processo explicado anteriormente, sobre o ponto no qual estes
vêm procurando melhorias e formas de estarem internos nos assuntos que dizem respeito a eles
Mas apesar de estar mudando nossa visão sobre o indígena, ainda nossos livros
didáticos, meios de comunicação, como jornais, tevês, etc. Trata de maneira pejorativa a
questão indígena, nem ao menos sabemos ao certo os nomes de todas as tribos indígenas
encontradas na região brasileira. Até os famosos “índios do Xingu”, desde muito tempo
no noticiário e presença obrigatória em qualquer coleção de postais sobre o Brasil, não
passam de uma referenda gendrica e grosseira para se tratar de um conjunto de 17 povos
que hoje vivem no chamado Parque Indígena do Xingu, alguns deles tão diferentes entre
si, como os brasileiros dos russos. (RICARDO, p, 31-32).
Mostrando que a diversidade indígena é diversa e complexa, mas ao pensar sobre isso, o que seria as sociedades indígenas? Para Castro:
Sociedades indígenas são formadas a partir de relações de
parentesco ou vizinhança, entre membros que reivindicam laços culturais, sociais e políticos com sociedades
pré-colombianas. São assim consideradas, também, porque tomam a decisão de instituírem suas própriasformas
de pensar, agir e sentir, diante das formas dominantes da
comunidade nacional. (CASTRO, 2006, p. 41).
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Quando pensamos sobre a grande diversidade que há em um único povo, vemos que somos mais do que brasileiros, somos povos com diversos modos de falar, de
se expressare de viver, totalmente diversos, assim como essas tribos indígenas são diferentes entre si, vemo-nos nesse mesmo patamar, não somos só brasileiros, somos rio
grandense, cariocas, baianos, paulistas, cearenses, etc... Não paramos e pensamos como
em um único país se encontram tantas formas diferentes se viver. Não são apenas as
tribos indígenas que se diferem entre si, mas todo ser humano é diferente um do outro,
mesmo fazendo parte da própria família, cidade, estado. Não somos “uno”, somos várias
culturas, dentro de uma só: a brasileira.
Olhando para dentro: Uma visão do ensino indígena na disciplina de história na
Escola Estadual Professor José de Freitas Nobre.
O que será que o aluno, pensa a respeito do ensino indígena? Como este o enxerga diante da sociedade? Ou como este vê ao longo do processo de desenvolvimento
de aprendizagem escolar, as questões étnico-sociais, em relação ao índio na sociedade
atual?
Muitas dessas questões foram apontadas para os alunos dos oitavos e nonos
anos, visando principalmente, o que eles já teriam aprendido nas aulas de História. Pretendemos utilizar como base para essa pesquisa estas turmas por se tratar dos últimos
anos do ensino fundamental. Considerando assim que estes já teriam visto muitos conteúdos sobre o índio, desde a colonização portuguesa nas terras brasileiras, até os dias
atuas.
Mas em se tratando de uma pesquisa, sempre sairia alguma coisa contraditória
ao longo dos questionamentos passados para os estudantes. Muitos destes responderam
que o indígena é bastante visto no ensino fundamental, abrangendo o conteúdo estudado, mas quando se perguntou a questão do livro didático, se o livro que a escola utiliza
abrange o índio, ficou empatado, na questão em que muitos disseram que sim, mas a
outra metade disse que não. Então como saber ao certo quem estaria respondendo correto? Complementamos o nosso trabalho, avaliando o próprio livro didático, se na realidade este é de fato uma boa deixa para a compreensão do indígena na sociedade. A
coleção escolhida para o ensino fundamental na escola foi a de Boulos Júnior, História
e Cidadania (edição reformulada).
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Ao que podemos notar o livro utilizado, é muito vasto, pois ao mesmo tempo
em que passa um conteúdo histórico, este relaciona com acontecimentos atuais, e nos
mostra ate mesmo nas figuras representadas, uma pluralidade diversificada de pessoas,
tanto brancas, negras, pardas, etc.., já desmistificando a questão do preconceito e racismo entre os alunos. Referindo-se ao objeto em questão- o índio- este aparece de uma
forma diferente de alguns livros de história, onde só mostravam que estes eram primitivos, alguns antropofágicos, enfim, só preocupava-se em mostrar coisas negativas a respeito da população indígena no nosso país, já Boulos passa para os estudantes, suas diferentes culturas, suas semelhanças, como estes viviam e vivem ate hoje. Compreenderse que este tenta mostrar de fato um pouco sobre a diversidade indígena no território
nacional. Um dos principais livros dessa coleção que abrange o indígena muito bem,
trazendo ate entrevistas com caciques, é o do sexto ano, onde adentra perfeitamente na
temática idealizada pela nova lei. Considerando assim que de fato, a questão do livro
utilizado, atende o que a lei lhe pede- o ensino indígena.
Outro fato que nos chamou bastante atenção foi à falta de conhecimento da nova lei no ensino de História. Como é passada a questão do indígena e do afrodescendente, e não lhe explicam sobre a lei, no qual foi fator primordial para a mudança na grade
curricular da disciplina? Pode até não ser necessário estes saberem sobre a lei, mas
acredita-se que seria muito mais fácil para eles compreenderem as mudanças que vêm
ocorrendo na nossa história e na própria disciplina, (é o mesmo caso que dizer para não
beber algum produto, sem lhe explicar, que tal produto é tóxico, e pode matá-lo).
Muitas questões acerca do indígena ainda é passado de forma pejorativa nas
aulas sobre estes, principalmente no conteúdo da colonização do Brasil. Podemos perceber isto quando foram perguntados sobre como estes viam os indígenas ou se ainda
era ensinado nas aulas de história que os índios eram bárbaros, e que o português “descobriu” o Brasil. Há tempos, já é sabido que tais compressões são bastante irrelevantes e
preconceituosas, sabendo que tais questões não foram de fato verdade, pois os indígenas
não invadiram o território alheio, nem ao menos fizeram barbáries contra os portugueses, apenas se estes os confrontassem e lhe atacassem como muito os fizeram ao longo
do percurso histórico do Brasil, e se sabe que querendo ou não, os portugueses nunca
descobriram as terras brasileiras, pois aqui já havia pessoas, nas quais foram muitas
mortas pelas mãos dos ditos civilizados. Como uma coisa é descoberta se já havia povos
aqui. Eles a colonizaram e a tomaram, mas jamais a descobriram.
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Outro ponto muito importante a cerca do indígena, é como os estudantes vêm
estes na nossa sociedade atual. Em como lhes é inserido a questão social e cultural a
partir do nosso dia- a- dia. A maioria dos que responderam essas questões acredita ser
de vital importância o conhecimento da pluralidade do indígena na sociedade, como
vivem atualmente e como se relacionam com a sociedade em que vivem, nos diversos
campos, tanto na cidade, escola, lugares públicos, etc..., sabendo assim que estes estão
inseridos na cultura miscigenada de onde vivem. Já adentrando na questão do nosso
lugar, onde vivemos, moramos, partimos questionando-lhes a partir de um novo ponto
de vista, se tais conheceriam ou já ouviram falar de alguma comunidade indígena na
nossa região. Como era de esperar muitos nunca ouviram falar. Mas mesmo não sendo
considerado nenhum remanescente indígena na região do Rio Grande do Norte, pela
FUNAI, sabe-se que existe uma família bastante pesquisada por Jussara Galhardo Aguirres- os Mendonça do Amarelão- que fica localizada no município de João Câmara/RN,
a setenta quilômetros de Natal, com cerca de dois mil indivíduos e mais de duzentas
famílias. São poucos que se consideram indígenas, mesmo sendo descendentes de uma
origem indígena ligada aos primeiros que ali chegaram ao início do século XIX, migrantes do Brejo da Paraíba (Bananeiras) e de aldeamentos indígenas do Rio Grande do Norte (São Gonçalo, etc.), conforme nos informa algumas referências bibliográficas e a
própria história oral do grupo. (JUSSARA, p.182). Percebe-se nesse ponto que mesmo
não sendo considerados acredita-se que é muito importante para tais alunos saberem que
na nossa região ainda se encontram pessoas com identidades indígenas, que ao longo de
muito tempo lutam por terras, nos movimentos sem terra, assim nos fala Jussara, no seu
artigo: OS MENDONÇADO AMARELÃO: IDENTIDADE, MEMÓRIA E HISTÓRIA
ORAL.
Ao pesquisar sobre este assunto, chegamos ao consenso de que muito dos nossos jovens atualmente estão muito confusos a cerca de como é visto o indígena de ontem e de hoje. Como estes vêm à questão é bastante controvérsia e paralela aos conteúdos passados em sala de aula sobre a história do índio no território nacional, e como eles
enxergam tais pessoas na sociedade. Por tanto não podemos dizer que nossos jovens
aprendem ou aprenderam sobre o que é ser um índio e como estes estão na atualidade.
Podem ate entenderem serem índio apenas aqueles que vivem nas florestas, ou no parque nacional do Xingu. Estes ainda estão num processo de desenvolvimento das suas
idéias. A contribuição que os alunos do Freitas Nobre nos deram a partir da nossa pesquisa, envolvendo os seus conhecimentos como fonte de pesquisa, nos deixou ainda
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mais interessadas em saber mais sobre o desenvolvimento das aulas de história e como
nossos agentes em questão são transmitidos para os alunos.
Não se podem culpar só os professores, por tais alunos não saberem ao certo o
que consideram acerca do indígena nas aulas de história, ou ate na sociedade, acreditase que desde os primórdios da nossa educação vêm sendo passada para tais estudantes
essa forma preconcebida de se ensinar a história do Brasil, mas a partir de novos conceitos, livros e uma formação mais enriquecida com tais temáticas, pode-se, quem sabe um
dia chegar a haver uma mudança drástica na educação brasileira e no ensino de história
sobre o indígena. E a lei 5.645, foi feita pra isso.
Enfim, o final de um começo...
Ensinar a história indígena hoje em dia, diante de tantas mudanças metodológicas que passou esse conhecimento tanto na escola, como nos campos eruditos, enfrentou
uma grande ampliação na noção de documento, e a inserção de novos problemas, novos
objetos e novas abordagens acerca do índio. É um grande desafio trabalhar essa questão
em sala de aula, e o professor às vezes fica perdido, por se tratar de novos contextos na
aula de história, mas sabem-se que a nova história surgiu para isso, desmistificar a questão das grandes histórias, e trazer uma nova gama de conhecimentos, para a metodologia histórica, desde os pequenos acontecimentos do nosso cotidiano, como as revoluções operárias, a novos subsídios, novos sujeitos históricos, no caso em questão- o índio.
Abordar essa problemática é muito importante para o conhecimento dos estudantes nas aulas de história, como qualquer outro conteúdo. Esse sujeito assim como fez
parte do nosso passado, os faz parte do nosso presente, e isto, não mais de forma pejorativa, é mostrado em pesquisas, nos livros didáticos, que vêm sendo modificado, para
conseguir aderir às novas leis vigentes, e conseguir dar maior suporte ao professor sobre
tais temas discutidos ultimamente na sala de aula. Por conseguinte, tal abordagem, requer que o docente compartilhe temas transversais em suas questões étnico-sociais, pois
se sabe que a história adere aos contextos de diversas disciplinas, e trabalhar com a história indigenista, precisa-se principalmente dos conhecimentos antropológicos. Nesse
caso não se trata apenas de passar o conteúdo que esta no livro didático, deve-se ir mais
longe, deixar de ser apenas um professor de história, e torna-se historiador. Não é nada
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fácil, mas para que ocorra esta mudança nos currículos escolares, do ensino de história
na escola, precisa-se de mais capacidade para que a educação escolar seja modificada.
Para se sair da mesmice de sempre, que acontece nas aulas, pode-se modificar
certas concepções acerca de como é visto e ensinado o indígena e tantos outros conteúdos, que estão na grade curricular da disciplina. Mudar a forma de ser passado para os
estudantes, e o que não falta são fontes históricas diversas, utilizá-las nas aulas é muito
importante, para que o aluno perceba que a história tem muitas visões diferenciadas,
dependendo do sujeito que a escreve e do que este vai dar mais ênfase. Este adolescente
precisa conhecer tais pontos de vistas diversos, cada um tem sua forma de vê o que esta
sendo lhe imposto, e a escola é o espaço onde existe um mundo diverso, com fatores
sociais e culturais diferentes, que está na sociedade para que haja uma mudança na comunidade em que estes indivíduos estão inseridos, diversidade essa que precisa de contextos diversos no ensino de história, mesmo muitas vezes não dando para o professor
modificar sua forma estática de ensino, deve-se procurar a melhor maneira para que
aconteça a mudança tanto esperada.
Para que possamos modificar a maneira que é ensinada sobre os indígenas, deve-se partir de um começo, disseminando as questões sobre a constituição histórica das
sociedades indígenas, para que os discentes possam compreender não haver o indígena,
mas as culturas indígenas. Difundir informações atualizadas sobre as comunidades indígenas, utilizando o conhecimento dos próprios pesquisadores indígenas, auxiliando o
estudante na disseminação da diversidade, identidade, cultura, tolerância, problematizando questões do cotidiano daquele aluno, e organizando estratégias de ensino compatíveis para cada faixa etária. Promovendo uma mudança na forma que este pensa, tais
como o preconceito, discriminação e racismo.
Poder-se chegar a uma educação perfeita é quase que impossível, mas devemos
refletir acerca dos processos de ensino, o que está dando errado, para conseguir concertar, ir além do esperado, para que no futuro possamos a partir disto, mudar a maneira de
como muitos ainda vêm à história. Partamos de um fim de um começo, pois enquanto
houver humanidade, haverá a história para contar os fatos, no qual o homem foi o principal autor. O começo de um ensino indígena parte da premissa do professor, em como
este irá percorrer para se poder incentivar o aluno sobre tais temáticas sociais e históricas.
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DA LEI 11.645. (publicado in www.revistahistorien.com revista Historien UPE/Petrolina,
v. 7, p. 39-49, 2012).
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