Autor: ELIENE AMORIM ALMEIDA Título: A POLÍTICA DA EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA: limites e possibilidades da escola indígena Orientador: MARIA ELIETE SANTIAGO Nível: MESTRADO Ano: 2002 RESUMO Este estudo procurou compreender a política de educação escolar indígena desenvolvida pelo Estado brasileiro, na década de 1990, nas esferas nacional, estadual e municipal, e a prática político-pedagógica do povo Xukuru da Serra do Ororubá, em Pesqueira, na região do Agreste pernambucano. A noção de cultura e suas relações com a escola e a educação indígenas foram categorias de análise fundamentais para a compreensão dos processos educacionais vivenciados por esse povo, bem como a legislação e a documentação oficial. A análise documental e a observação participante nos espaços educativos do povo Xukuru constituíram, ao mesmo tempo, instrumentos e procedimentos básicos para o desenvolvimento desta pesquisa, enquanto buscamos em Bardin a base teórico-metodológica para realizar a análise de conteúdo. O trabalho mostra que, na década de 1990, o governo brasileiro incorporou na legislação e na documentação oficial grande parte das reivindicações feitas pelo movimento indígena e pelas entidades de apoio à causa indígena, redefinindo objetivos, diretrizes e princípios da sua ação. Porém há limites no que se refere às medidas administrativas e normativas para efetivação do direito à educação diferenciada, que terminam sendo procedimentos iguais aos que são desenvolvidos para a população em geral. Em Pernambuco, há esforços da Secretaria Estadual de Educação para desenvolver ações no sentido de implementar uma política educacional diferenciada, mas, na prática, vêm-se resumindo em atividades fragmentadas, intermitentes, que sofrem as descontinuidades, principalmente das mudanças eleitorais. O povo Xucuru, no seu processo de reelaboração cultural, incorporou a escola no seu projeto de vida, atribuindo-lhe a função de formar "guerreiros indígenas", associando-a aos outros "lugares de ensino" do seu povo, para desenvolver seu papel de fortalecer a identidade étnica, valorizar seus saberes e contribuir para o seu projeto social. Consideramos que a escola indígena como política educacional e prática pedagógica é um projeto em construção, em que limites precisam ser enfrentados e possibilidades potencializadas para o seu pleno desenvolvimento.