Universidade Estadual de Londrina CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO VARIABILIDADE DA FREQÜÊNCIA CARDÍACA DE REPOUSO: ADAPTAÇÕES E APLICAÇÕES Renata Bergamaschi LONDRINA – PARANÁ 2008 RENATA BERGAMASCHI VARIABILIDADE DA FREQÜÊNCIA CARDÍACA DE REPOUSO: ADAPTAÇÕES E APLICAÇÕES Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Bacharelado em Educação Física do Centro de Educação Física e Desportos da Universidade Estadual de Londrina, como requisito parcial para sua conclusão COMISSÃO EXAMINADORA ______________________________________ Prof. Dr. Fabio Yuzo Nakamura Universidade Estadual de Londrina ______________________________________ Prof. Dr. Felipe Reichert Universidade Estadual de Londrina ______________________________________ Prof. Ms. Marcelo Romanzini Universidade Estadual de Londrina Londrina, ____ de____________ de 2008 O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis. (José de Alencar) AGRADECIMENTOS Primeiramente, OBRIGADA MEU DEUS, por fazer possível o cumprimento desse trabalho para a realização de um sonho, obrigada por se fazer presente interinamente em minha vida. À dona Lia e seu Eduardo, meus pais, base da minha família, pois sem eles e o amor dedicado a mim eu NADA SERIA. Minha base, meu corpo, minha mente, meu TUDO. Ao César, meu irmão, pelo apoio constante, financeiro e emocional. À Claudia e à Luciana por estarem sempre presentes. Obrigada aos mestrandos Lúcio e Patrícia, pois sem vocês esse trabalho não teria chegado ao fim. Obrigada aos membros queridos da minha banca Profs. Felipe e Marcelo, não posso negar que foram escolhidos pela seriedade do trabalho de vocês, e mesmo cheios de orientandos e bancas não se negaram a me ajudar . Obrigada ao meu professor orientador Dr. Fábio Yuzo Nakamura, por me proporcionar a participação em seu grupo de estudos durante os quatro anos de faculdade me oferecendo oportunidades de maiores conhecimentos. À minha amada turma 2000, amigos que jamais serão esquecidos. A todos os meus amigos que tiveram a paciência de ouvir minhas reclamações em todos os momentos, às companheiras daquela cervejinha em momentos específicos e indispensáveis. Ju, Dani, Joana, Nessa, Raquel, obrigada pelos momentos e pelas risadas junto com vocês, doses indispensáveis de alegria, obrigada por serem presentes na minha vida. Um super agradecimento especial à minha companheira de apartamento e de loucuras, Letícia, sem você e os nossos surtos em conjunto a minha vida com certeza não seria a mesma esse ano, tudo iria se tornar muito mais difícil. À Elis, que mesmo distante continuou presente. Aos amigos de longe que souberam entender a minha ausência durante todo esse ano, mas que nunca me deixaram sentir falta deles. Ao meu namorado, Tiago, que mesmo de longe, sempre esteve presente nos meus momentos difíceis e de importantes decisões, com certeza, sem você eu não conseguiria superar todos esses momentos. A todos os professores do Curso, tanto os bons, como os não tão bons, pois juntos, eles me ensinaram e me mostraram exemplos do que seguir e do que não seguir, me ajudando a trilhar mais uma etapa importante da minha vida. A todos que, com boa intenção, colaboraram para a realização e finalização deste trabalho e aos que não impediram a finalização do mesmo. BERGAMASCHI, Renata. Variabilidade da Freqüência cardíaca de repouso: adaptações e aplicações. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Bacharelado em Educação Física. Centro de Educação Física e Esporte. Universidade Estadual de Londrina, 2008. RESUMO Por meio de uma breve revisão de literatura, o objetivo desse estudo foi fazer um levantamento bibliográfico com a finalidade de verificar os resultados encontrados pelas pesquisas sobre o efeito do treinamento físico aeróbio nos parâmetros da variabilidade da freqüência cardíaca (VFC) de repouso. Além disso, objetivou verificar como tem sido feito o uso da VFC como controle de carga de treinamento. A diferença na VFC de indivíduos treinados e não treinados tem sido fortemente investigada. Atletas demonstram ter maior VFC. Porém, ainda não se sabe qual divisão do sistema autonômico é responsável por essas diferenças. Alguns estudos apontam que também é possível obter uma melhora na aptidão cardiorrespiratória durante o treinamento usando medidas de VFC para prescrever os exercícios. As medidas da VFC antes do início do treinamento também estão associadas com as respostas da aptidão cardiorrespiratória ao treinamento de endurance. Elas fornecem informações sobre o processo de recuperação fisiológica após o estímulo de treinamento e podem servir como um indicador da condição fisiológica apropriada na aplicação da intensidade do estímulo. Embora a VFC como ferramenta de controle de carga de treinamento pareça ser eficaz, a mesma precisa ser mais estudada. Fatores como idade e sexo não foram abordados nessa revisão. Todavia, a literatura aponta que a resposta da VFC pode sofrer influencia desses fatores. Palavras-chave: Variabilidade da Freqüência Cardíaca, controle autonômico, treinamento aeróbio BERGAMASCHI, Renata. Heart Rate Variability at rest: adaptations and aplications. Monograph. Bachelor's degree in Physical Education. Physical Education and Sports Center. State University of Londrina, 2008 ABSTRACT Through a brief review of literature, the objective of this study was to make a reference survey with the purpose of verifying the results found by research on the effect of aerobic physical training in the parameters of heart rate variability (HRV) at rest. Additionally, the study aimed to verify how the HRV has been used to control the training load. The difference in the HRV of trained and non-trained individuals has been thoroughly investigated. Athletes show greater HRV, however it is not known which division of the autonomic system is responsible for these differences. Some studies suggest that is also possible to obtain an improvement in the cardiorespiratory fitness during training using HRV measurements for exercise prescription. The measurements of HRV before the start of the training are also associated with the cardiorespiratory fitness responses to endurance training. They provide information about the physiological recovery process after the training stimulus and may serve as a marker of the adequate physiological condition for the application of the intensity of the stimulus. The HRV seems to be effective as a training load control tool, however, further studies are needed. Factors such as age and gender were not addressed in this review, however, the literature suggests that the HRV response may be influenced by these factors. Key words: Heart Rate Variability, autonomic control, aerobic training SUMÁRIO INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 01 Adaptações cardiovasculares ao treinamento aeróbio ............................................ 03 Efeito do treinamento aeróbio sobre a VFC de repouso em adultos sedentário saudáveis ............................................................................................................... 04 VFC como ferramenta de comparação entre sedentários e atletas ........................ 06 VFC em atletas e seu uso como ferramenta de controle de carga de treinamento 08 Considerações finais .............................................................................................. 10 Referências.............................................................................................................. 11 1 INTRODUÇÃO A Variabilidade da Freqüência Cardíaca (VFC) tem se destacado como uma ferramenta simples e eficaz para descrever as variações da freqüência cardíaca (FC) (batimento-a-batimento) dos intervalos R-R decorrentes da regulação autonômica sobre o nodo sinoatrial, além de ser um método fácil e não-invasivo. A análise da VFC consiste de uma série de medidas que fornecem informação da atuação neuro-autônoma simpática e parassimpática através de índices de domínio de tempo, de domínio de freqüência e não lineares, que são os mais usados hoje em dia1. As variáveis do domínio de tempo se referem à aplicação de determinados procedimentos estatísticos sobre os intervalos RR normais do eletrocardiograma, delimitados num determinado período. Essas variáveis podem ser determinadas através de métodos geométricos ou estatísticos. Os índices estatísticos são baseados nas medidas dos intervalos RR normais sucessivos durante um determinado intervalo de tempo, calculando-se assim, os índices tradutores de flutuações na duração dos ciclos cardíacos (SDNN-desvio-padrão da média de todos os intervalos RR normais, SDANNdesvio-padrão das médias dos intervalos RR normais a cada 5 minutos, SDNN índexmédia dos desvios-padrão dos intervalos RR normais a cada 5 minutos, pNN50porcentagem de intervalos RR adjacentes com diferença de duração superior a 50 milisegundos e RMSSD-raiz quadrada da média do quadrado das diferenças entre intervalos RR normais adjacentes)1,2,3. A análise do domínio da freqüência, também designada como análise espectral, consiste em um método de estudo que permite decompor a freqüência de oscilações dos intervalos RR de determinado período, definindo-os pela sua freqüência e amplitude do espectro1,4. Essas frequências são divididas em onda de alta frequência (high frequency >0.15-0.50 Hz – HF), que representa o tônus parasimpático, e onda de baixa frequência (low frequency 0.04-0.15 Hz – LF), que representa tanto a atividade simpática como a parassimpática e a razão LF/HF como um índice do balanço simpato-vagal1. A VFC pode também ser avaliada por meio de parâmetros não lineares, sendo a plotagem de Poincaré um dos mais usados, que consiste em traçar cada intervalo RR em função de seu intervalo anterior em um mapa de pontos. A plotagem de um número suficiente de intervalos RR possibilita a criação de alguns padrões característicos, que são facilmente reconhecidos e que traduzem o comportamento da VFC5,6. Ajustando-se os pontos em uma elipse no eixo longitudinal, encontra-se o desvio padrão, mais comumente denominado SD2 (a partir da sua sigla na língua inglesa), que expressa a 2 tendência dos intervalos RR analisados a longo prazo, e representa tanto a atividade simpática como parassimpática. Já no eixo transversal encontra-se o SD1, que expressa a variabilidade instantânea dos intervalos RR e representa predominantemente a atividade parassimpática, sobretudo quando analisado em exercício progressivo7. Nas últimas décadas, houve um aumento significativo no interesse em realizar estudos utilizando-se as medidas da VFC. Alguns desses estudos apontaram que a VFC pode ser aplicada na realização de prognósticos clínicos. Uma redução do tônus vagal seguido de uma hiperatividade simpática, causa uma redução da VFC e está relacionada à disfunção autonômica, a doenças crônico-degenerativas e ao surgimento de novos eventos cardíacos (infarto do miocárdio, morte por doença coronariana, ou falha cardíaca congestiva)8. Em um estudo de Nolan et al.9 a redução na VFC pelo SDNN, mostrou-se como um bom preditor da causa de mortalidade nos pacientes com falha cardíaca congestiva. Uma avaliação da VFC em paciente uma semana após ter sofrido infarto agudo do miocárdio, apresenta valores de SDNN em torno de 50ms, o que representa que o paciente tem um risco maior de um evento arrítmico grave do que um indivíduo que apresenta valores de SDNN superiores à 100ms10. Já é bem estabelecido que a prática regular de atividade física aeróbia melhora a aptidão física11 e também tem sido apontada em causar um possível aumento na função parassimpática cardíaca de repouso e pós-exercício12, além de uma diminuição do sistema simpático, tornando-se o principal meio não-farmacológico de aumento da VFC13,14,15 em adultos ativos. Muitos estudos relatam que indivíduos treinados aerobiamente apresentam maior VFC em repouso em conseqüência de uma maior atuação parassimpática do que indivíduos não treinados13,16,17. Além disso, a VFC tem sido utilizada como uma ferramenta que determina o uso de cargas de treinamento mais adequadas de acordo com a mudança da VFC, conseguindo assim, que a melhora em índices aeróbios sejam maiores do que o treinamento com cargas previamente definidas18. As medidas da VFC antes do início do treinamento também estão associadas com as respostas da aptidão cardiorrespiratória ao treinamento de endurance19,20. Essas medidas fornecem informações sobre o processo de recuperação fisiológica após o estímulo de treinamento e podem servir como um indicador da condição fisiológica apropriada na aplicação da intensidade do estímulo18. Em um período intenso de treinamento ou de competição, foi verificado um decréscimo da VFC em atletas, o que mostra uma necessidade de diminuição da intensidade de treinamento, fazendo com que 3 a VFC volte ao seu nível normal, existente no período de pré-treinamento. Esse efeito foi associado com melhora no desempenho dos atletas21. A partir das evidências apontadas acima, o objetivo do presente estudo foi fazer um levantamento bibliográfico com a finalidade de verificar os resultados encontrados pelas pesquisas sobre o efeito do treinamento físico aeróbio nos parâmetros da VFC de repouso. Além disso, objetivou verificar como tem sido feito o uso da VFC como controle de carga de treinamento. Para o levantamento bibliográfico as pesquisas foram realizadas nas bases de dados Medline, Scielo e Lilacs usando as palavras-chave de busca “heart rate variability and exercise training” e “heart rate variability and aerobic training”. Foram utilizados os artigos de 1998 a 2008, que tinham como sujeitos indivíduos adultos, acima de 18 anos, saudáveis, sedentários, atletas e não atletas. Adaptações cardiovasculares ao treinamento aeróbio O exercício físico caracteriza-se por uma situação que retira o organismo de sua homeostase, pois implica no aumento instantâneo da demanda energética da musculatura exercitada e, conseqüentemente, do organismo como um todo. Assim, para suprir a nova demanda metabólica, várias adaptações fisiológicas são necessárias, incluindo a função cardiovascular26. Essas adaptações dependem do tipo de exercício (estáticos ou dinâmicos), intensidade, duração e a massa muscular envolvida. A carga de volume durante o exercício aeróbio resulta em mudanças adaptativas em muitos aspectos da função cardiovascular. O coração melhora sua capacidade de bombear o sangue, principalmente pelo aumento no volume de ejeção, que ocorre pelo aumento do volume diastólico final e um pequeno aumento na massa ventricular esquerda. Após um longo e regular período de treinamento físico, a dimensão diastólica da cavidade ventricular esquerda, a espessura parietal e a massa ventricular podem aumentar. Essas mudanças morfofisiológicas no coração são descritas como “coração de atleta”27. O treinamento aeróbico também reduz tanto a freqüência cardíaca em repouso como durante o exercício realizado em cargas submáximas de trabalho. Esses efeitos parecem ser devidos à redução da hiperatividade simpática, aumento da atividade parassimpática, mudança no marca-passo cardíaco ou mesmo melhora da função sistólica. Apesar de o treinamento físico induzir melhora da potência aeróbica máxima, ele não modifica, de modo apreciável, a freqüência cardíaca máxima. Ou seja, pacientes 4 treinados aerobicamente alcançarão a mesma freqüência cardíaca máxima de antes do treinamento, todavia serão necessários níveis mais intensos de esforço para que essa freqüência cardíaca máxima seja alcançada28. Para uma mesma intensidade de esforço submáximo, o indivíduo treinado apresenta o mesmo débito cardíaco, porém às custas de freqüência cardíaca mais baixa e volume sistólico maior28. A maior extração periférica de oxigênio durante o exercício pode permitir que o indivíduo treinado atinja a mesma intensidade de exercício com menor débito cardíaco. Como a freqüência cardíaca no esforço máximo é semelhante no indivíduo treinado e no destreinado, o aumento do débito cardíaco ocorre devido a aumento no volume sistólico29. Efeito do treinamento aeróbio sobre a VFC de repouso em adultos sedentários saudáveis A freqüência cardíaca de repouso é modulada por um balanço entre o tônus simpático e vagal, com predomínio do vagal. Alguns estudos reportaram que o aumento do tônus vagal é o principal mecanismo da bradicardia induzida por treinamento aeróbio17. Goldsmith et al.16 reportaram que essa bradicardia é atribuída, pelo menos em parte, pelo aumento da atividade parassimpática. No entanto, muitos outros estudos têm falhado ao demonstrar diferenças no tônus vagal entre indivíduos treinados e não treinados22,23,24. Outros estudos têm indicado um declínio na atividade simpática, tanto isoladamente, como em conjunto com o aumento da atividade vagal25. Por outro lado, estudos em animais e em humanos têm sugerido que essa bradicardia é devida principalmente à redução intrínseca da freqüência cardíaca. O sistema nervoso autonômico tem um importante papel na resposta ao treinamento. A retirada vagal cardíaca, medida pelo componente espectral da VFC, o HF, medido antes do período de treinamento, associa-se com o grande aumento do VO2pico entre sedentários e atletas19,20. No entanto, Catai et al.30 pesquisaram o efeito de três meses de treinamento aeróbio em indivíduos jovens, sedentários e saudáveis, e observaram uma bradicardia de repouso e um aumento na média dos intervalos RR e nos valores de LF absoluto medidos em posição supina. Porém essas mudanças não foram acompanhadas por aumento do componente HF, sugerindo que a modulação vagal não tem participação significativa nessa resposta adaptativa. 5 Por outro lado, o estudo de Hautala et al.19 encontrou uma grande correlação entre LF e HF após 8 semanas de treinamento. Após o ajuste de idade somente o HF foi associado com a resposta ao treinamento. Além disso, o grupo que obteve melhor resposta ao treinamento foi o que apresentou um valor maior inicial de HF. Nesse estudo, os autores concluíram que a medida vagal esteve associada com a melhora da potência aeróbia causada pelo treinamento em homens sedentários, sugerindo que a regulação autonômica cardiovascular é um importante determinante da resposta ao treinamento. Pichot et al.31, demonstraram um aumento progressivo na VFC e um significante decréscimo na média da FC de repouso ao longo de 2 meses de treinamento intensivo em homens sedentários. Segundo os autores, essas modificações correspondem ao progressivo aumento da modulação parassimpática. Esses resultados diferem dos encontrados no estudo de Loimalla et al.32, que embora tenham encontrado uma tendência de aumento nos valores do SDNN, HF e LF após o treinamento intensivo em relação ao grupo controle, não observaram nenhuma diferença estatisticamente significativa. Ambos estudos apresentaram o mesmo tempo de treinamento, porém, a intensidade deste foi maior no estudo de Pichot et al.31, o que indica que talvez esse tenha sido o parâmetro responsável pelas modificações da regulação autonômica. Em um estudo realizado com idosos sedentários33, os achados foram similares com os encontrados por Loimalla32, onde oito semanas de treinamento não afetaram as medidas da VFC total, do LF e do HF. Martinmäki et al.34 investigaram os efeitos de 14 semanas de treinamento em indivíduos sedentários e também não encontraram nenhuma diferença nos valores de VFC antes e após o período de treinamento. Gamelin et al.35 encontraram aumento nos valores de LF + HF após 3 meses de treinamento moderado, sugerindo aumento na regulação autonômica. Esse aumento encontrado nos valores de HF + LF foi devido a um maior aumento no valor do LF ao final do período de treinamento, não acompanhado de aumento significativo nos valores de HF. Esse achado está em concordância com os resultados de Iwasaki et al.36, que também encontraram aumento nos valores de LF sem concomitante aumento nos valores de HF, durante mesmo período de treinamento. Já quando valores normalizados foram usados para as análises, esses mesmos autores não encontraram alterações nos valores do domínio da freqüência e na relação LF/HF, sugerindo uma adaptação quantitativa do controle autonômico da freqüência cardíaca, ao invés de uma adaptação qualitativa. No entanto, é importante constatar que na maioria dos estudos, o aumento da VFC foi acompanhado de um maior equilíbrio autonômico em direção a um predomínio parassimpático14,15,31,37. Levando-se em conta que o LF pode representar tanto o controle 6 simpático, como parassimpático, não se pode descartar que os 3 meses de treinamento aeróbio conduzido por esses estudos levou a um aumento do tônus simpático. Avaliando homens sedentários durante 16 semanas de treinamento aeróbio, Melanson e Freedson14 observaram que os valores de HF, RMSSD e pNN50 foram maiores a partir da 12ª semana de treinamento. Todas as medidas da VFC foram bem correlacionadas com a capacidade aeróbia. Os estudos prévios ainda não tinham achado aumentos nos valores de RMSSD e pNN50 como resultado da intervenção de exercício. Apesar dessas mudanças, não foi encontrada diferenças significativas nos valores do intervalo RR e de seu desvio-padrão com as 12 semanas de treinamento. Esse resultado foi similar ao de Davy et al.38 que também não encontrou diferenças nos intervalos RR em 12 semanas de treinamento em mulheres hipertensas no período da pós-menopausa. Outro estudo com mulheres39 encontrou que a VFC é maior em mulheres fisicamente ativas em qualquer idade, mas que há um declínio da VFC conforme aumenta a idade. Gulli et al.40 estudaram mulheres sedentárias no período de pós-menopausa, e após 6 meses de treinamento verificaram aumentos nos valores da VFC global nos parâmetros do domínio de tempo. Na análise espectral houve aumento nos valores de LF e na razão LF/HF, os valores de HF não sofreram alterações significativas. VFC como ferramenta de comparação entre sedentários e atletas Aumento nos valores da VFC, principalmente nos índices de atividade parassimpática tem sido observado em atletas quando comparados com sedentários saudáveis, sendo que esse aumento pode ser alcançado em apenas algumas semanas de treinamento14. Mourot et al.41 comparou sedentários antes e após 6 semanas de treinamento de endurance com atletas. Eles encontraram um aumento no valor dos intervalos RR após o treinamento, esse aumento foi acompanhado por maior valor de HF, RMSSD, pNN50, SD1, SD2. No grupo de atletas foram encontrados valores maiores dos intervalos RR, RMSSD, pNN50, SD1 e SD2 quando comparados com o grupo controle antes do período de treinamento. Após os 6 meses de treinamento os valores de RMSSD, pNN50 e SD1 continuaram maiores no grupo de atletas. Nesse estudo os índices da atividade parassimpática, tanto no domínio de tempo como no domínio da freqüência foram maiores para os atletas, e os mesmo resultados foram encontrados com os parâmetros da plotagem de Poincaré. O padrão visual da plotagem de Poincaré encontrada nesse 7 estudo está de acordo com a associação encontrada na literatura, que quanto mais estreito for o padrão da plotagem, maior a atividade simpática5,42. Ainda comparando a VFC de sedentários e atletas, MARTINELLI et al.22 encontraram maior valor na média dos intervalos RR e no SDNN para o grupo atleta em comparação com o grupo controle. Apesar dessas diferenças, os componentes espectrais (LF, HF e a razão LF/HF) tiveram valores similares entre os dois grupos. É importante observar que o SDNN não permite determinar qual divisão do sistema autonômico é responsável por essa diferença entre atletas e não atletas. Esses resultados mostram que os atletas de endurance apresentam indicações de aumento na VFC no domínio de tempo, mas não do domínio da freqüência. Uma possível explicação para a inexistência dessa diferença entre atletas e não atletas poderia ser a imprecisão da força da análise espectral para avaliar o tônus autônomico em indivíduos altamente treinados. Apesar de existir possíveis problemas metodológicos, a ausência de diferenças nas variáveis espectrais entre atletas e não atletas sugere que um mecanismo não-autônomo desempenha um papel importante na bradicardia de repouso dos atletas. Em concordância com esta hipótese, Yamamoto et al.43, em um estudo longitudinal, detectaram adaptação autonômica cardíaca até o 28º dia de treinamento aeróbio, sem alterações detectadas posteriormente, apesar da freqüência cardíaca continuar diminuindo. Bonaduce et al.44 também observaram que a diminuição da freqüência cardíaca intrínseca desempenha um papel importante na bradicardia de repouso induzida pelo treinamento aeróbio. Eles relataram que atletas destreinados mostraram uma maior modulação parassimpática cardíaca e uma menor freqüência cardíaca do que o grupo controle, mas depois de treinamento intenso não foram detectados aumentos na modulação parassimpática, apesar de continuarem ocorrendo reduções na freqüência cardíaca. Em um estudo conduzido por Goldsmith et al.16, em que eles estudaram e compararam a VFC de 24 h em indivíduos jovens, foi observado que a atividade parassimpática é substancialmente maior em treinados do que em não treinados durante horas de caminhada e de sono. Outros investigadores13,17 relataram que a modulação vagal cardíaca de repouso foi aumentada em atletas treinados. Eles especularam que esse aumento na modulação cardíaca vagal, pode contribuir em parte para a bradicardia de repouso desses atletas. Já, Buchheit et al.45 estudaram 3 grupos em diferentes níveis de treinamento (sedentários, moderadamente treinados e altamente treinados). Eles encontraram os índices vagais absolutos (RMSDD e HF) mais altos no grupo moderadamente treinado em 8 comparação com os outros dois grupos nas medidas feitas em repouso, durante o sono. Nas medidas feitas durante o repouso, porém com os indivíduos acordados, os índices SDNN, RMSSD, HF e LF ainda foram significativamente maiores nos indivíduos moderadamente treinados. O principal resultado desse estudo foi que o aumento nos índices vagais encontrado no grupo moderadamente treinado é revertido no grupo altamente treinado, que apresentaram índices semelhantes aos do grupo dos sedentários. Os autores comentam que alguns estudos têm encontrado uma conversão do predomínio vagal para o simpático em atletas altamente treinados, porém, esses resultados podem sofrer influências durante o período de competição ou de treinamento intenso. Nesse estudo os sujeitos não estavam em período de competição, suspendiam seus treinos dois dias antes das medidas e não apresentavam nenhum sinal de overtraining. Esse resultado está de acordo com o achado de alguns autores que relataram aumento no tônus vagal com o treinamento moderado27,46. VFC em atletas e seu uso como ferramenta de controle de carga de treinamento Avaliando atletas em diferentes intensidades de treinamento (de 75% a 100% do máximo), Iellamo et al.47 observaram uma bradicardia progressiva com o aumento da carga de treinamento. Essa bradicardia foi acompanhada por aumento do componente HF (não significativo) e decréscimo no LF e na razão LF/HF da VFC. Esses achados estão de acordo com a maioria dos estudos anteriores, e confirma que mesmo em atletas de alto nível, o exercício submáximo aumenta o tônus vagal e tende a diminuir a modulação cardíaca simpática. Já Hedelin et al.20 avaliaram a VFC de atletas de sky-cross country e canoístas antes e após uma temporada de competição. Comparando as medidas realizadas antes e após a temporada de competição não foram encontradas diferenças significativas nos parâmetros da VFC. Foi observado apenas um decréscimo nos valores de LF após o treinamento, porém não foi significante. Isto pode ter acontecido devido ao elevado nível de aptidão dos atletas nas medidas anteriores às competições. Além de que a amostra desse estudo foi pequena, o que pode apresentar insuficiência para se obter alguma conclusão. Alguns estudos indicaram associação entre o treinamento aeróbio e a retirada vagal cardíaca, medido através da VFC18,19,37. Em atletas, um período de treinamento aeróbio intenso resulta em decréscimo da VFC, que é seguida pelo efeito rebote da VFC 9 que volta ao seu nível inicial após períodos subseqüentes de treinamentos leves21,47. Esse rebote é associado com a melhora da performance dos atletas. Kiviniemi et al.18 aplicaram o treinamento aeróbio em sujeitos não atletas, mas fisicamente ativos em um grupo usando as medidas da VFC como ferramenta de escolha da carga a ser aplicada em cada sessão de treinamento (diminui a carga quando a VFC diminuía, aumentava a carga quando a VFC fosse mantida ou aumentasse). Após 4 meses de treinamento foi observado um maior aumento no VO2pico do grupo que usou a VFC como ferramenta no controle da carga em comparação ao grupo que tinha o treinamento pré-definido, mostrando que a aptidão cardiorrespiratória pode ter uma melhora durante o treinamento usando as medidas VFC como ferramenta de prescrição da carga do que o grupo com cargas pré-definidas. Além de ser usada como indicador da função do SNA, em alguns estudos, a VFC é apontada como uma ferramenta promissora na detecção de overtraining41,48,49,50. Altos níves de aptidão física têm sido bem relacionados a altos valores de VFC, especialmente o HF51,52,53, embora alguns estudos não tenham encontrado esse efeito do treinamento físico na VFC32,54. Foram estudados 12 atletas em overtraining e 12 atletas controle55. As medidas foram feitas em repouso, durante o sono e quando acordados. Durante o sono não foram encontradas nenhuma diferença significativa nos valores dos intervalos RR, nos índices da VFC e nos hormônios de stress na urina entre os grupos. Quando acordados, os índices de SDNN e LF foram menores nos atletas em overtraining comparados com o grupo controle, assim também como o coeficiente de variação dos intervalos RR foi menor nos atletas em overtraining. Esses resultados mostram um distúrbio na modulação autonômica cardíaca nos atletas em overtraining quando estão em repouso acordados, e não durante o sono. No estudo de Pichot et al.56, feito com corredores de meia distância. Após 3 semanas de treinamento intensivo para induzir o overreaching foi evidenciado um progressivo decréscimo na VFC e uma tendência à diminuir a modulação parassimpática e aumentar a simpática em medidas noturnas, durante o sono. Inversamente, durante a semana de recuperação, houve uma grande compensação, principalmente, pelo aumento na VFC, associado com o progressivo aumento na atividade parassimpática (índice) e decréscimo na atividade simpática (índice). Esses resultados podem demonstrar os efeitos agudos e reversíveis do overreaching na VFC. Em um outro estudo desse mesmo autor57, durante o treinamento com maior sobrecarga, a análise da VFC não demonstrou 10 um decréscimo significante, apresentando um desequilíbrio voltado para a predominância da atividade simpática. No estudo de Uusitalo58, foi detectado aumento no LF de repouso em atletas de endurance após 9 semanas utilizando um protocolo para indução de overtraining. Esse estudo mostrou aumento no tônus simpático quando os atletas chegavam ao estado de overtraining, concluindo que o decréscimo na VFC pode ser um bom indicador de fadiga. Considerações finais A partir da revisão literária realizada pode-se verificar que a VFC parece estar bem correlacionada com a capacidade aeróbia, porém, a intensidade do exercício exerce grande influência sobre essa resposta. Além disso, apesar de outros fatores como idade e sexo não terem sido abordados, é bastante discutido na literatura as diferenças que elas exercem nas respostas da VFC ao treinamento aeróbio. O aumento na VFC parece estar acompanhado de um aumento no equilíbrio autonômico em direção a um predomínio parassimpático, porém, ainda existem resultados controversos na literatura. Em relação aos atletas foram encontrados maiores valores de VFC nos mesmos em comparação com sedentários, porém ainda não foi possível determinar qual divisão do sistema autonômico é responsável por essas diferenças. O uso da VFC como ferramenta de controle de carga de treinamento demonstra grande eficácia nos estudos que vem sendo realizados, além de ser útil na detecção de overtraining. 11 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 1. Task Force of the European Society of Cardiology and the North American Society of Pacing and Electrophysiology. Heart rate variability: standards of measurement, physiological interpretation and clinical use. Circulation 1996; 93: 1043- 1065. 2. Sztajzel J. Heart Rate Variability: a noninvasive electrocardiographic method to measure the autonomic nervous system. Swiss Med Wkly. 2004; 134: 514-522. 3. Rassi A JR. Compreendendo melhor as medidas de análise da variabilidade da freqüência cardíaca. Jornal Diagnósticos & Cardiologia. 20ª Ed, abr/mai/jun. 2000. Disponível em: http://www.cardios.com.br/Jornais/jornal20/metodos%20diagnosticos.htm 4. Longo A, Ferreira D, Correia MJ. Variabilidade da frequência cardíaca. Rev Port Cardiol 1995; 14 (3): 241-62. 5. 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