XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA ZOOTEC 2015 Dimensões Tecnológicas e Sociais da Zootecnia Fortaleza – CE, 27 a 29 de maio de 2015 Parâmetros Fisiológicos de Equinos Quarto de Milha para Vaquejada Phisiologic Parameters of Quarter Horse in training to vaquejada sport Gilmara Rayssa Almeida1, Valdiléia Antunes Avelar2, Ayrton Fernandes de Oliveira Bessa 3, Luiz Leite dos Santos Neto4, Jéssika Silveira Melo dos Santos5, Guilherme Rocha Moreira6, Maria Lindomárcia Leonardo Costa7 . 1 Discente do curso de Zootecnia da Universidade Federal da Paraíba. [email protected] Discentes da Universidade Federal da Paraíba – UFPB. 5 Mestranda em Biometria- UFRPE. 6 Docente da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE. 7 Docente da Universidade Federal da Paraíba. 2,3,4 Resumo: O objetivo desse trabalho foi avaliar as alterações de parâmetros fisiológicos em equinos treinados para competição de vaquejada. Foram utilizados cinco animais da raça Quarto de Milha, com a função de puxador. Para avaliação do condicionamento dos animais, foram realizadas três corridas numa distância de 75 metros/cada, com intervalos de dois minutos. Neste treinamento avaliou-se frequência cardíaca; movimentos respiratórios por minuto e temperatura retal. Os momentos de coletas foram em repouso, imediatamente após o teste, 5, 20 e 50 minutos após o teste. O delineamento experimental adotado foi em blocos casualizados e realizado o teste de Scott-Knott. A frequência cardíaca atingiu a média de 192,5 batimentos por minuto, a frequência respiratória aumentou atingindo a média de 40 movimentos respiratórios por minuto e a temperatura retal atingiu a média de 38,7 °C, acima do limite máximo. O tempo necessário para que a frequência respiratória e temperatura retal retornem aos valores basais são 50 minutos; enquanto a frequência cardíaca certamente levará mais tempo para sua recuperação. Palavras–chave: frequência cardíaca, frequência respiratória, temperatura retal Abstract: The aim of this study was to evaluate the heart rate; breaths per minute and rectal temperature in horses trained for vaquejada. Five animals Quarter Horse race were used pull horse function. For animal conditioning evaluation, three races were held over a distance of 75 meters / each , with twominute intervals. Heart rate; breaths per minute and rectal temperature were collected in animals. The different samples were: resting, immediately after the test, 5, 20 and 50 minutes after the test. The experimental design was a randomized block and performed the Scott-Knott test. Heart rate averaged 192.5 beats per minute, respiratory rate increased averaging 40 breaths per minute and rectal temperature averaged 38.7 ° C. Respiratory rate and body temperature to return to baseline at 50 minutes; while the heart rate certainly takes longer for his return to the resting. Keywords: heart rate; breath rate, rectal temperature Introdução Nas provas de vaquejada, os cavalos são extremamente exigidos, pois os animais realizam esforço físico de alta intensidade, mas de curta duração, que se reflete em rápida largada, mudanças de direção e paradas abruptas, além de exigir elevada força física durante a derrubada do boi. Alguns cavalos chegam a disputar várias provas em uma mesma competição, todos os fins de semana (Xavier, 2002). Para os equinos diversos fatores podem influenciar no seu desempenho, como as altas temperaturas, a umidade relativa do ar e a radiação solar, todos esses fatores em conjunto causam estresse térmico ao animal. Levando em consideração a abordagem de Castanheira (2009), o ambiente em que o equino está e o conforto térmico depende da capacidade que o animal tem de manter a temperatura de seu corpo em equilíbrio com o ambiente que por sua vez está relacionado às características térmicas e seus mecanismos fisiológicos regulatórios em relação ao ambiente físico. O objetivo desse experimento consistiu em observar as alterações de parâmetros fisiológicos referentes a equinos submetidos ao treinamento de vaquejada. Página - 1 - de 3 XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA ZOOTEC 2015 Dimensões Tecnológicas e Sociais da Zootecnia Fortaleza – CE, 27 a 29 de maio de 2015 Material e Métodos O experimento foi realizado no Centro de Treinamento de Equinos em Pernambuco. Foram utilizados cinco cavalos clinicamente sadios, com idade entre 4 a 7 anos de idade, peso médio de 450 kg, escore corporal 3,0 de acordo com escala de Carrol e Huntington (1988). Os animais da raça Quarto de Milha, com a função de puxador na competição de vaquejada, foram submetidos às mesmas práticas de manejo e exercícios diários. O programa de treinamento semanal foi constituído por exercícios aeróbicos, simulação da prova de vaquejada com aquecimento prévio e descanso. No dia do teste de avaliação do condicionamento dos animais foram realizadas três corridas numa distância de 75 metros/cada, com intervalos de dois minutos. Nos dias de coleta, antes da aferição dos parâmetros fisiológicos; animal e cavaleiro carregaram consigo os acessórios do Polar RS800CX G3, sendo acoplado ao animal o transmissor de frequência cardíaca e no cavaleiro foi acoplado o monitor de frequência cardíaca e GPS. A frequência cardíaca (FC) foi monitorada através do frequêncimetro; movimentos respiratórios por minuto (FR) aferidos pelo número de movimentos do flanco em um minuto e temperatura retal (TR) foi aferida utilizando termômetro veterinário. Os momentos de coletas foram: repouso, imediatamente após o teste (final da terceira corrida), 5, 20 e 50 minutos após o teste.O delineamento experimental adotado foi em blocos casualizados; animais constituíram os blocos e os tratamentos foram os momentos de coleta. Para avaliação das médias foi adotado o teste de Scott-Knott (P<0,05). Resultados e Discussão Em relação aos resultados obtidos de parâmetros fisiológicos dos animais pode-se notar que houve diferenças significativas em relação aos dados de FC, FR e TR dos animais nos diferentes tempos, sendo que os maiores valores foram obtidos imediatamente após o exercício (tabela 1). Tabela 1 Frequência cardíaca (FC), frequência respiratória (FR) e temperatura retal (TR) de equinos em treinamento de vaquejada. Repouso Pós treino 5 minutos Pós treino 20 minutos Pós treino 50 minutos Pós treino CV (%) FC (bat/min) 33,7 e 192,5 a 75,5 b 59,5 c 49,5 d 2,80 FR (mov/min) 17,0 b 40,0 a 36,0 a 30,0 a 20,0 b 19,76 TR (°C) 37,4 b 38,7 a 38,7 a 38,5 a Letras diferentes na linha diferem pelo teste Scott-Knott (P<0,05) 37,4 b 1,56 A frequência cardíaca mensurada logo após o treino é satisfatória já que (Evans, 2000) encontrou valores na faixa de 210-240 batimentos por minuto, demonstrando que os valores encontrados nesse trabalho estão dentro dos níveis normais para os animais em exercício de alta intensidade. A FC aumenta de acordo com a intensidade do exercício até atingir um platô, no qual o aumento da velocidade não será acompanhado pelo aumento da frequência cardíaca, sendo caracterizada a frequência cardíaca máxima (FCM), que é geralmente na faixa de 210-240 batimentos por minuto, os encontrados durante o treinamento ficaram na média de 192,5. Durante o exercício, de acordo com Evans (2000), é esperado um aumento da FC no início do exercício para suprir a demanda de oxigênio dos músculos, e, por esse motivo, um período de aquecimento sempre é necessário antes de qualquer exercício. Devido à corrida de vaquejada ter uma alta demanda de energia, os animais necessitam de uma concentração elevada de oxigênio no organismo, utilizando o aumento da frequência respiratória para atender essa demanda. Mesmo nos mamíferos que não ofegam, como os equinos, a perda de calor evaporativo pelo trato respiratório aumenta durante exercício prolongado (Cunningham, 2004). Como a FC apresentou diferença significativa (p<0,05) sugere-se que esse aumento cardiovascular esteja associado à alta intensidade de exercícios físicos. A temperatura retal (TR) de um equino normalmente varia entre 37,2ºC e 38,6ºC, com valores médios de 38,0ºC, os encontrado logo após o exercícios foram 38,7 ºC; sendo um pouco acima do limite Página - 2 - de 3 XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA ZOOTEC 2015 Dimensões Tecnológicas e Sociais da Zootecnia Fortaleza – CE, 27 a 29 de maio de 2015 máximo. Entretanto, a taxa de aumento de calor durante o exercício depende da duração e intensidade do mesmo, da temperatura ambiente e umidade, além do estado de hidratação do cavalo e da espessura do pelo (TERRA, 2012). Pode-se observar na tabela 1 que a temperatura retal chegou ao máximo nos primeiros minutos logo após o treino, estando adequado com que afirma Clayton (1991), o qual reportou que a temperatura retal atinge picos em torno de 10 minutos após o fim de exercícios extenuantes, ficando em torno de 3940ºC depois do exercício e deve diminuir nos 10 a 20 minutos seguintes. Os aumentos observados na FC, FR e TR podem ser atribuídos à atividade física a que os animais foram submetidos, logo no inicio do treinamento e após o treinamento esses parâmetros foram diminuindo, pois, segundo Lopes et al (2009) quando o corpo aquece muito, os animais se utilizam de mecanismos de termorregulação como: frequência respiratória e cardíaca que são ativos com maior frequência a medida que são desafiados em algum exercício. Conclusões O tempo necessário para que a frequência respiratória e temperatura retal retornarem aos valores basais são 50 minutos; enquanto a frequência cardíaca certamente levará mais tempo para sua recuperação. Literatura citada CARROL, C.L.; HUNTINGTON, P.J. Body condition scoring and weight estimation of horses. Equine Veterinary Journal, v. 20, n.1, p. 41-45, 1988. SANTIAGO, T.A.; MANSO, H.E.C.C.C.; ABREU, J.M.G.;MELO, S.K.M.; MANSO FILHO, H.C. Blood biomakers of the horse after field Vaquejada test. Comparative Clinical Pathology, v. 23, n.3, p. 769-774, 2014. BOFFI, F. M. Fisiologia del Ejercicio em Equinos. Buenos Aires: Inter-Médica, 2006. 320p. McGOWAN, C. Clinical Pathology in the Racing Horse: The role of clinical pathology in assessing fitness and performance in the racehorse. Veterinary Clinics - Equine Practice, v. 24, p. 405-421, 2008. HINCHCLIFF, K. W.; KANEPS A. J.; GEOR R. J. Equine Sports Medicine and Surgery. Philadelphia: Saunders, 2004., 1344p. Página - 3 - de 3