História da igreja no Norte
Euclides Oliveira
Niquelândia
O Santuário São José do Tocantins - a mais antiga igreja católica de Niquelândia promoveu, entre a manhã e a tarde de sábado (24), em seu Centro Catequético, o Seminário
Comemorativo aos 50 anos de Fundação da Diocese de Uruaçu, ainda sob o comando do
bispo dom José da Silva Chaves. Religiosos e fiéis de várias cidades da diocese - como
Minaçu, Itapaci, Ceres, Niquelândia, Rialma, Formoso, Goianésia, Campinorte e Mara
Rosa - participaram do evento que serviu para também para homenagear e resgatar a
história dos 39 anos de episcopado do atual bispo. No próximo dia 25 de março, dom José
passa o comando dos fiéis do Norte Goiano para o monsenhor Messias dos Reis Silveira, de
Guaxupé (MG), que ascenderá ao cargo de bispo por indicação do Papa Bento XVI.
Após a acolhida inicial do frei Stanislaw Ocetek, pároco do santuário, o arcebispo emérito
de Goiânia, dom Antônio Ribeiro de Oliveira, proferiu uma conferência enfocando a “Igreja
Católica no Goiás: da Origem à Fundação da Diocese de Uruaçu”. Por cerca de uma hora, o
bispo aposentado da região metropolitana da capital, conseguiu prender a atenção dos
religiosos e dos leigos ao expor as dificuldades e os inúmeros desmembramentos na
estrutura da Igreja Católica, desde a criação da primeira diocese do Brasil, em Salvador
(BA); e a segunda, no Rio de Janeiro (RJ), que abrangia Mato Grosso, Minas Gerais e
Goiás, até ser subdividida nas atuais arquidioceses do Rio de Janeiro, de Cuiabá, de Belo
Horizonte e de Goiânia.
“As primeiras cidades do Brasil tinham nomes de santos, como São Vicente, em São Paulo;
e São Luís, no Maranhão. A Igreja chegou a Goiás através de várias ordens religiosas, por
volta de 1745. Mas nem sempre o ato jurisdicional da criação de uma diocese culminava
com a chegada de um bispo em Goiás ou no Mato Grosso, por exemplo. Os acessos eram
precários e muitos (padres) morriam no meio do caminho”, comentou dom Antonio. Ele
detalhou ainda que, em 1836, a Prelazia de Goyaz foi elevada à Diocese de Goiás (então
capital do Estado). No final do século 19, com a criação da Diocese de Uberaba (MG), no
Triângulo Mineiro, a Diocese de Goiás ganhou mais autonomia e o caráter de arquidiocese,
após ser desmembrada da Província Eclesiástica de Mariana (MG). O primeiro arcebispo de
Goiás foi dom Emanuel Gomes de Oliveira, que morreu em 1955.
No ano seguinte, a Arquidiocese de Goiás foi extinta para a criação da Arquidiocese de
Goiânia, com o atual município de Goiás sendo designado para sediar novamente uma
diocese, como ocorre até hoje. No âmbito regional, de acordo com o relato do arcebispo
emérito, houve a criação da Prelazia de Sant’Ana (atual Uruaçu) em 1928, substituindo a
então Prelazia de São José do Alto Tocantins de Goyaz. A então Prelazia de Uruaçu
abrangia inicialmente também as comunidades católicas de Formosa e de Cristalândia,
numa extensa área geográfica.
“Goiás era deserto, era sertão. Eu, como padre, andei muito a cavalo. Não existia estrada e o
trem de ferro só chegava até Anápolis, pois não existia Goiânia, nem Brasília. Quando o
(presidente) Juscelino (Kubitscheck) anunciou a nova capital do país, os bispos de Goiás
foram convidados para uma reunião em maio de 1955, em Silvânia, para ajudar em prol de
uma maior presença da Igreja Católica no Estado, em função da abertura das estradas
federais (como a BR-153) na região”, detalhou o arcebispo emérito de Goiânia.
Natural de Orizona, dom Antonio deixou o cargo máximo da Igreja Católica em Goiás em
2002. Dos seus 58 anos como padre, atuou por 45 deles como bispo. Na visita a
Niquelândia, o religioso aproveitou para fazer uma crítica contundente, ainda que de forma
indireta, para manifestar sua contrariedade à proliferação das igrejas evangélicas no Brasil.
“A Igreja Católica foi fundada pelo sangue de Jesus e não por interesses mercantis, para
chegar até aqui”, esbravejou o bispo aposentado.
Dom José destaca formação do clero como seu mais importante trabalho
O atual bispo de Uruaçu, dom José da Silva Chaves, também ministrou uma conferência no
seminário em Niquelândia, com o título “Diocese de Uruaçu: Origem e Primeiros Anos da
Fundação”. Na palestra, dom José relatou que a Diocese de Uruaçu foi oficialmente
instalada em 1956 com dom Francisco Prada sendo indicado para atuar como o primeiro
bispo diocesano da região. Depois, ao longo dos últimos 39 anos, os fiéis do Norte de Goiás
foram assistidos por dom José, primeiramente como bispo auxiliar, em 1968; e depois
como bispo titular, a partir de 1976. Em abril de 2005, dom José apresentou sua carta de
renúncia ao Vaticano em abril de 2005, ao completar 75 anos de idade, conforme determina
a Santa Sé. Goiano de São Domingos, no Nordeste do Estado, dom José ingressou no
Seminário Santo Antonio Claret, em 1943, em sua cidade natal. Ordenou-se padre em 1955
e, após isso, trabalhou em Rialma, Uruaçu e cidades vizinhas. Ao todo, são 51 anos vividos
por dom José no Norte Goiano, dedicando-se aos fiéis da região.
Na palestra, o atual bispo afirmou que sua maior satisfação foi ter desempenhado o trabalho
da Pastoral Vocacional. Quando dom José assumiu a Diocese de Uruaçu, apenas nove
padres atuavam no Norte Goiano Porém, segundo dom José, sete deles estavam já com a
idade avançada. O mais novo era o atual bispo, que ganhou essa condição aos 37 anos.
Hoje, segundo dom José, 53 padres atuam nas 26 cidades da diocese e o número apresenta
forte tendência de crescimento, desde que foi criado o Centro de Formação de Líderes
(CTL), em Uruaçu. Ainda na tarde de sábado, o padre Antonio Teixeira Sobrinho, pároco
da Catedral Nossa Senhora de Sant’Ana de Uruaçu, fez suas considerações e explanações
ao abordar o tema “Diocese de Uruaçu à Luz do Concílio Vaticano II”.
Os padres Adair José Guimarães (pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, de
Minaçu); Edílson José dos Santos (pároco da Paróquia Nossa Senhora da Abadia, de
Niquelândia); e Aldenir Franzin (Capolão do Santuário do Muquém, de Niquelândia)
também marcaram presença no seminário realizado pelo Santuário São José. Nas
dependências do Centro Catequético, foram expostos documentos, imagens sacras, fotos
antigas, inúmeros objetos e até mesmo uma maquete fiel da histórica Igreja de Santa
Efigenia, para realçar a importância histórica e religiosa de Niquelândia, no contexto geral
da Diocese de Uruaçu. A exposição foi organizada pela professora Rosângela Mapa
Aniceto.
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