POLIMERIZAÇÃO DE ORGANO-SILANOS POR PECVD: FILME PARA SENSOR DE UMIDADE E PROTEÇÃO DE SUPERFÍCIE Rodrigo A. M. Carvalho1*, Maria L. P. Da Siva2, Ana N. R. da Silva3 1* Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – Engenharia de Sistemas Eletrônicos, Av. Prof. Luciano Gualberto 158 - Travessa 3 CEP 05508-900 São Paulo, SP. Brasil - [email protected]; 2 Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – [email protected]; 3 Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – [email protected] Plasma polymerization of organic silicon compounds: humidity sensors and surface protection film development Plasma polymerized organic silicon compounds were produced using TEOS, with or without oxygen. The films were analyzed by ellipsometry, Raman and infrared spectroscopy. Films with high amount of OEt radicals are able to easily react with water or even vapor. The reaction produces SiOH species that can be detected by infrared spectroscopy. Exposure to UVA or UVB increases the SiOSi relativity intensity, due to cross-link reactions. These films are useful for humidity sensors and surface protection development. Introdução Organo-silanos, atraíram muita atenção nas últimas décadas devido a sua baixa toxicidade e volatilidade. TEOS (tetraetilortossilicato) é um dos organo-silanos mais usados [1,2] no processamento por plasmas, para obtenção de óxido de silício, técnica bem conhecida e amplamente usada para a modificação de superfícies. Seu uso em plasmas cresce cada vez mais devido à baixa quantidade de reagentes usada ou descartada em processos com plasma, onde o tempo de tratamento é muito curto [3]. TEOS vem sendo usado para obtenção de óxido de silício, por via úmida através da reação com água e por via seca pela polimerização por plasma utilizando oxigênio. Sem oxigênio, a polimerização por plasma pode levar à formação de uma cadeia polimérica com radicais carbônicos associados [Si(OEt)2OSi(OEt)2]. Experimental Os filmes foram produzidos por deposição química a vapor enriquecida por plasma (PECVD), com um reator operando em 13,56 MHz [4], utilizando-se como reagentes TEOS, (Merck, grau P.A.), O2 e Ar (White Martins P.A.) e silício <100> 10-20 Ωcm, como substrato. As condições de deposição foram: potência de RF de 150 W ou 400 W; pressão de 0,5 Torr ou 1 Torr; temperatura da amostra entre 40 ºC e 150 ºC e fluxo total de 100 sccm ou 500 sccm. O fluxo de TEOS foi de 5, 10 e 20 sccm e argônio foi adicionado para obter-se o fluxo total de 100 ou 500 sccm. Os filmes foram depositados com fluxo de oxigênio de 0, 250 ou 352 400 sccm. A última condição foi usada como referência, pois formará óxido de silício [4]. Os filmes foram caracterizados por elipsometria e perfilometria, para determinar índice de refração e espessura; por espectroscopia de infravermelho (FTIR) e microscopia RAMAN para determinar as principais ligações químicas e a homogeneidade do filme, respectivamente. A análise RAMAN é especialmente útil para verificar a presença de compostos carbônicos, porque a matriz de óxido de silício não é detectada. A técnica foi usada para detectar a presença de ligações C=C, que podem se formar pela degradação de radicais carbônicos presentes no filme. [5]. A reação com água, na fase líquida, foi estudada. Para tanto, as amostras foram inicialmente analisadas por espectroscopia de infravermelho, mergulhadas em água DI por 2 minutos, secas em jato de nitrogênio e novamente analisadas por FTIR. O processo foi repetido até não se notar mais variação no espectro. A reação com ultravioleta (UV) foi estudada. Para tanto as amostras foram expostas a lâmpadas de luz ultravioleta (UVA e UVC) de 8 W, com distância de cerca de 10 cm. De modo semelhante à reação com água, as amostras foram analisadas por FTIR a cada 24 horas por cerca de 30 dias. Resultados e Discussão Testes de elipsometria serviram para verificar o índice de refração que esteve próximo de valores já fixados para óxido de silício. Para temperaturas próximas à ambiente, observa-se maior taxa de deposição com Anais do 7o Congresso Brasileiro de Polímeros menor fluxo de oxigênio, provavelmente por produzir filmes porosos, com alto índice de refração (~2,3). A espessura das deposições estiveram próximas de 2000 Å para tempos de 5 minutos. Analise FTIR mostrou a presença de radicais CHn, SiOSi, SiOH logo após a deposição, como mostra a Figura 1. Após alguns dias a amostra foi analisada novamente e apresentou um crescimento da banda OH e diminuição da banda de CHn. A reação da umidade do ar com o filme responsável pela perda da ligação do silício e oxigênio, do radical OEt, formando SiOH como mostra a Figura 2. Conclusões Devido à capacidade de adsorção de água, uma possível aplicação destes filmes é em sensores de umidade, porém a reação é rápida e de difícil controle. A resistência à radiação ultravioleta os torna aptos à proteção de superfícies. Agradecimentos À FAPESP, pelo apoio financeiro. Referências Bibliográficas SiOSi 0.10 1. Intensidade (u.a) 0.08 0.06 CH n 0.04 2. SiOH 0.02 3. 0.00 -0.02 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 4. -1 Número de onda (cm ) 5. Figura 1 – Espectro FTIR após deposição. 6. 0.25 S. Nogueira, M. L. P. Silva, I. H. Tan, ISPC-14 Symposium proceedings, Praga, Tchecoslováquia, 1393 (1999). M. L. P. Silva, I. H. Tan, 4th Brazilian Symposium on Glasses and Materials, Ouro Preto, Brasil November (1999) I. H. Tan, M. L. P. Silva, N. R. Demarquette, J. Mater. Chem., 11, 10190-1025 (2001). A. N. R. da Silva, Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, 2000. M. L. P. da Silva, Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, 1995. R. A. M. Carvalho, Monografia, Faculdade de Tecnologia de São Paulo, 2002. SiOSi Intensidade (u.a.) 0.20 0.15 0.10 OH CHn 0.05 SiOH 0.00 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 -1 Número de onda (cm ) Figura 2 – Espectro FTIR dias depois da deposição. A análise RAMAN foi usada para detectar a presença de ligações C=C, não se encontrando indicação da existência destes. Para os filmes que apresentam CHn a reação com água é rápida, pois há variação nas bandas após 2 minutos de imersão. Nestes casos a intensidade relativa de SiOH aumenta e de CHn diminui, indicando que houve hidrólise dos radicais OEt. Foi verificada a resistência do filme ao ultravioleta (UVC-UVA) por 30 dias, mostrando que os filmes se alteram permanentemente em aproximadamente 12 horas. Há a diminuição da intensidade relativa de SiOH, indicando a ocorrência de ligações cruzadas. Anais do 7o Congresso Brasileiro de Polímeros 353