A LICENCIATURA EM CIÊNCIAS AGRÍCOLA DO IFMT CAMPUS CONFRESA: FORMAÇÃO E EXTINÇÃO
Oséias dos Santos1 - IFMT
Aline de Arruda Benevides2 - IFMT
Grupo de Trabalho - Formação de Professores e Profissionalização Docente
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo
No Território da Cidadania Araguaia Xingu, localizado no nordeste do Estado de Mato
Grosso, em 2010, iniciou as atividades do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Mato
Grosso - IFMT - Campus Confresa, com a missão promover a inclusão social pelo viés do
desenvolvimento sustentável tecnológico, econômico e ambiental. Análogo a uma
engrenagem motriz, o Campus Confresa é um agente provocador de mudanças na sociedade,
através do ensino da pesquisa e da extensão, melhorando a qualidade de vida das pessoas na
região. Entre os cursos ofertados pela IFMT – Campus Confresa, o Curso de Licenciatura em
Ciência Agrícola forma profissionais que atuam no viver rural, valorizando a cidadania,
através do ensino agrícola em prol da sustentabilidade e suas Interfaces. Devido a inúmeros
fatores o Curso parou de ser ofertado no Campus; e naturalmente surgiram questões para
compreender os motivos que levaram a extinção deste. Então, quais os fatores que levaram ao
encerramento do Curso? Esta questão é o pilar justificativo deste Trabalho, que teve como
objetivo registrar os fatores que levaram a não oferta do Curso de Licenciatura em Ciências
Agrícolas pelo IFMT- Campus Confresa a sociedade do Baixo Araguaia, a partir da percepção
dos estudantes e professores. A pesquisa está fundamentada em dados coletados via
questionário e consultas em documentos oficiais; sendo seu universo o Curso em evidência. O
Estudo foi realizado em setembro a novembro de 2014. Entre as considerações finais a gestão
do Campus Confresa e o mundo do trabalho, são fatores relevantes no processo de extinção
do mesmo.
Palavras-chave: Araguaia. Xingu. Educação. Professor.
1
Mestre em Ciência (Educação agrícola), Especialista em Gestão Estratégica de Recursos Humanos, Engenheiro
Agrônomo e Licenciado em Ciências Agrícolas: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ– Brasil.
Professor do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Mato Grosso – Campus Confresa (IFMT – Campus
Confresa). E-mail: [email protected].
2
Mestre em Ciência (Educação agrícola): Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ, Especialista
em Gestão da Segurança de Alimentos – SENAI-MT, Engenheira de Alimentos – UNIVAG – MT - Brasil.
Professora do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Mato Grosso – Campus Confresa (IFMT – Campus
Confresa). E-mail: [email protected]
ISSN 2176-1396
38287
Introdução
O “Baixo Araguaia” Região incrustada as margens do Rio Araguaia; no Nordeste do
Estado de Mato Grosso. Em suas crônicas há memórias de ocupação, lutas e conquistas dos
seus habitantes: ribeirinhos, extrativistas, índios e agricultores; desde 2010, a Região celebra a
gênese das atividades do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Mato Grosso - IFMT Campus Confresa.
Celebração justa para a Região que outrora denominada “vale dos esquecidos”, que
contempla no presente a esperança de inclusão e ascensão social de sua população, através do
IFMT-Campus-Confresa. Sendo este tratado como a matriz para alavancar a sustentabilidade
econômica, social e ambiental da Região no viés do ensino, da pesquisa e da extensão.
O IFMT localiza-se no Município de Confresa - MT, a cerca de 1200 km da Capital do
Estado (Cuiabá). A essência da sua missão é de atender a vocação produtiva do Território da
Cidadania Araguaia-Xingu, o seu raio de atuação chega a 500 km (quinhentos quilômetros)
(IFMT, 2010).
Em 2008, foi criado o programa Territórios da Cidadania interministerial, e atualmente
existe cerca de 120 territórios em todo o país. Ele é uma ação da Casa Civil, que investe na
melhoria de regiões com baixos índices de desenvolvimento e que historicamente estiveram
as margens das políticas de investimento.
O Território do Araguaia Xingu localizado no nordeste do Mato Grosso é composto
pelos seguintes municípios: Alto Boa Vista, Canabrava do Norte, Novo Santo Antônio, Santa
Cruz do Xingu, Serra Nova Dourada, Vila Rica, Bom Jesus do Araguaia, Confresa, Luciara,
Porto Alegre do Norte, Querência, Ribeirão Cascalheira, Santa Terezinha, São Félix do
Araguaia e São José do Xingu (AGUIAR, 2015).
O Campus oferta a população regional que compõem o Território da Cidadania
Araguaia Xingu educação básica e tecnológica (nível básico, superior e pós-graduação). Na
educação básica oferta: Curso médio integrado Técnico em Agropecuária; Curso médio
integrado Técnico em agroindústria e Curso subsequente Técnico em Comércio. Na educação
Superior oferta: Bacharelado em Agronomia; Licenciatura em Ciência Agrícola (LICA) e
Licenciatura em Ciência da Natureza (habilitação em química, habilitação em biologia e
habilitação em física). Na primeira quinzena de março de 2015, iniciou o Curso de
Especialização em Educação no Campo.
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Foco deste estudo, O Curso de Licenciatura em Ciências Agrícolas do IFMT –
Campus Confresa tem suas metas definidas na direção da formação de educadores-cientistas
que promovam a cidadania e o desenvolvimento sustentável e que sejam capacitados para
atuação nas áreas de Ensino Agrícola, Pesquisa e Extensão Rural.
O Curso de LICA da UFRRJ foi o pioneiro e a base para as outras 21 licenciaturas que
existem no Brasil, espalhados principalmente na região norte e nordeste. Tais cursos são
oferecidos em modalidades presenciais (19 cursos, destes três estão em processo de extinção) e
ensino a distância (2 cursos), com as seguintes denominações: Licenciatura em Ciências
Agrícolas, Licenciatura em Ciências Agrárias, Licenciatura em Ciências Agrárias e do Ambiente e
Licenciatura em Educação do Campo -Ciências Agrárias. São cursos de graduação oferecidos
para diferentes discentes e com currículos diversificados, atendendo ás demandas e
especificidades regionais e locais (MORAES, 2104).
A Licenciatura em Ciências Agrícolas (LICA), forma profissionais que atuam no
ensino agrícola, para a promoção do desenvolvimento sustentável no meio rural. O Curso tem
duração de 08 semestres, com carga horaria: 3360 horas de disciplinas, 200 horas de atividade
acadêmicas e culturais, e 400 horas de estágio obrigatório supervisionado, totalizando 4010
horas.
Concluindo O, o estudante recebe o título de Licenciado em Ciências Agrícolas, e
dispõe de habilidades de ensino e aprendizagem, para preparar profissionais criativos e
empreendedores,
que
buscam
novos
conhecimentos
e
tecnologias
a
partir
do
comprometimento com o desenvolvimento da sociedade em condições de sustentabilidade.
(IFMT, 2010).
No Curso de LICA do IFMT – Campus Confresa, ingressou duas turmas, em anos
distintos (2010 e 2011), sendo que a primeira compartilhava de grade curricular similar ao
Curso de Bacharelado em Agronomia, que possibilitou a migração desta turma para o
Bacharelado. Em 2011 a grade curricular foi revisada e alterada inserindo particularidades
pedagógicas no currículo, que culminou na permanência da segunda turma no Curso.
O Licenciado em Ciências agrícola planeja e desenvolve diferentes atividades
didático-pedagógicas, reconhecendo os elementos relevantes às estratégias adequadas no meio
rural. Através de metodologias, materiais didáticos e recursos tecnológicos diversos coerentes
com os objetivos educacionais, para desenvolver o espirito de liderança, inovador e
empreendedor.
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Este profissional destaca-se: a) pelo uso de conhecimentos específicos das ciências da
natureza, matemática e ciências da terra para promover modelos produtivos que almeje a
sustentabilidade ambiental e a justiça social; b) pela gestão de empresa rural, coordenação de
equipes multidisciplinares, realização de experimento agrícola, c) atua na produção animal e
no manufaturamento de alimentos; d) pratica a extensão rural, desenvolver e implanta
tecnologias (IFMT, 2010).
O Baixo Araguaia, também esta inserido no “Território da Cidadania Araguaia
Xingu”, constituído de 15 munícipios localizados nos divisores de águas dos rios Araguaia e
Xingu, tornou-se uma região cobiçada pelo agronegócio. As monoculturas vêm ocupando o
solo que naturalmente sustenta uma vegetação de transição entre os Biomas: Cerrado e
Floresta Amazônica.
A expansão do Agronegócio na Região, (alguns denominam como: “a última fronteira
agrícola do Mato Grosso”), instiga a demanda por mão de obra qualificada que são
oportunidades para os profissionais das ciências agrárias.
A partir deste contexto da oferta do Curso de Licenciatura em Ciências Agrícola no
Campus Confresa, este estudo propôs uma reflexão sobre os prováveis fatores que levaram a
não ofertar mais do Curso na Região, a partir da ótica dos sujeitos envolvidos no cotidiano
acadêmico. A necessidade de registrar a existência deste Curso no Território da Cidadania
Araguaia Xingu justifica a intensão desta pesquisa.
Estudo da arte: nos passos da licenciatura em Ciências Agrícolas
O Curso de Licenciatura em Ciências Agrícola teve a sua gênese, no Colégio Técnico
da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ (CTUR/UFRRJ), para
“formalização da carreira de professores do magistério da educação tecnológica” (Oliveira,
1998, p. 1).
Por causa da expansão e revitalização do ensino técnico agrícola e da
profissionalização do magistério em todos os níveis e ramos do ensino, isso nos ano 70, a
Licenciatura em Ciências Agrícolas aumentou a sua importância no interior da Universidade
Federal Rural do Rio de janeiro, O Curso já vinculado ao instituto de educação, teve seu
currículo diretamente influenciado pela área de conhecimentos pedagógicos daquela unidade
acadêmica, no primeiro momento da UFRRJ com a crescente demanda por cursos novos na
área de ciências agrarias, teve uma tendência pedagógica claramente tecnicista (Oliveira,
1998).
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Essa tendência começa a ser questionada nos anos 80, onde em 1987 a constituição de
uma comissão de estudo de reformulação curricular sobre o perfil da formação profissional da
Licenciatura, e redimensionaram “que na atualidade se defronta não só com os requisitos dos
movimentos sociais e ambientalistas, que também se defronta com as disputas de paradigmas
científicos e interpretativos do conhecimento e da realidade social da profissão” (VEIGA,
1998).
Nas ultimas adaptações curriculares em 1996/97, foram ampliadas as práticas de
ensino e institucionalização do estágio supervisionado na intenção de associar, cada vez mais
a teoria e a pratica.
A intenção dos pioneiros do curso de Licenciatura em Ciências Agrícolas era construir
sólidas bases agrícolas e pedagógicas, para tornar o professor em Ciências Agrárias capaz de
se adaptar a diversidade humana, acelerando o desenvolvimento científico e tecnológico,
aplicando seus conhecimentos, em consonância com as legislações educacionais e
profissionais vigentes, com a heterogeneidade da demanda social brasileira no campo.
Os pensadores do Curso almejavam bases sólidas do conhecimento agrícola e
pedagógica, para formar profissionais capazes de adaptar-se a diversidade humana, por meio
saber científico, tecnológico e empírico; em consonância com as legislações educacionais e a
heterogeneidade da demanda social brasileira (UFRRJ, 1999).
A partir da LICA da UFRRJ, surgiram 21 novas Licenciaturas em Ciências Agrícolas,
contemplando a maioria das regiões brasileiras, em especial o norte e o nordeste. São
ofertadas nas modalidades: presencial (19 cursos, destes três estão em processo de extinção) e
EAD (Ensino a distância (2 cursos)) (MORAES, 2014).
Os cursos variam as suas denominações, como: Licenciatura em Ciências Agrícolas;
Licenciatura em Ciências Agrárias; Licenciatura em Ciências Agrárias e do Ambiente e
Licenciatura em Educação do Campo - Ciências Agrárias.
Estes Cursos estão localizados na região Nordeste (38%), na região Norte (28,6%), na
região sudeste (14,3%), na região Sul (14,3%), e na região Centro oeste (4,8%). As maiorias
dos cursos estão no Norte e Nordeste (66,6%) e as regiões Sudeste e Sul apresentam o mesmo
quantitativo de cursos, e se somados tem o mesmo número que a região Nordeste, ou seja,
(28,6%) (MORAES, 2014).
Desconsiderando os três cursos que estão em processo de extinção, dois cursos no Pará
e um no Maranhão, o somatório de cursos de Licenciatura em Ciências Agrícolas/Agrárias
passa para 18 cursos, com a seguinte configuração: sete cursos na região Nordeste (38,9%),
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quatro na região norte (22,2%), três cursos na região Sudeste (16,7%), três cursos na região
Sul 16,7% e um na região Centro Oeste representando (5,5%).
Neste contexto, os Institutos Federais, são responsáveis pelo oferecimento de oito
cursos (44,4%), distribuídos em várias regiões do Brasil. Também é interessante observar que
as duas regiões que terão cursos presenciais extintos contam com um curso na modalidade de
educação a distância na região Norte e outro na região Nordeste (MORAES, 2014).
Jornada metodológica
Registrar os fatores que levaram a não oferta do Curso de Licenciatura em Ciências
Agrícolas no IFMT – Campus Confresa, levou-nos aos trilhos metodológicos da pesquisa
qualitativa, que tem como universo o próprio Curso em questão, os professores e estudantes
das turmas 2010 e 2011 como sujeitos. A mesma foi realizada entre os meses de setembro a
novembro de 2014.
A pesquisa em dois níveis documental e a campo (empírica). No primeiro consultou-se
documentos oficiais da Instituição, como: a) Organização didática do IFMT; b) Projeto
Pedagógico do Curso de Licenciatura em Ciências Agrícola (PPC/LICA); e f) Plano de
desenvolvimento Institucional (PDI) do IFMT. Além destes, artigos diversos em plataformas
idôneas, como scielo (http://www.scielo.org/php/index.php.)
A pesquisa documental é uma fonte de coleta de dados restrita a documentos, escritos
ou não, constituindo o que se denomina de fontes primarias. Estas podem ser recolhidas no
momento em que o fato ou fenômeno ocorre, ou depois. Utilizando essas três variáveis, fontes
escritas ou não, fontes primarias ou secundarias, contemporâneas ou retrospectivas, podemos
apresentar um quadro que auxilia a compreensão do universo da pesquisa documental.
(LAKATOS, 2010).
No segundo nível utilizou-se do questionário como instrumento de coleta de dados.
Este foi constituído de três perguntas abertas e o termo de livre esclarecimento. Aplicou-se o
questionário a 11 professores e 22 alunos (06 da turma 2010 e 16 da turma 2011).
A pesquisa a campo consiste na observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem
espontaneamente, na coleta de dados a eles referentes e no registro de variáveis que se
presumem relevantes, pra analisa-los (TRUJILLO, 1974).
Nesta pesquisa utilizou - se procedimentos específicos para coleta de dados, que usam
procedimentos específicos para o desenvolvimento de ideias exploratórias como analise de
conteúdo, para extrair generalizações com o propósito de produzir categorias conceituais que
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possam vir a ser operacionalizadas em um estudo subsequente. Dessa forma, não apresentam
descrições quantitativas exatas entre as variáveis determinadas. (LAKATOS, 2010).
As perguntas abertas podem ser chamadas livres ou não limitadas, são as que
permitem ao informante responder livremente, usando linguagem própria, e emitir opiniões,
possibilitando investigações mais profundas e precisas; entretanto, apresenta alguns
inconvenientes: dificulta a resposta ao próprio informante, que devera redigi-la, o processo de
tabulação, o tratamento estatístico e a interpretação. A análise é difícil, complexa, cansativa e
demorada. (AUGRAS, 1974).
Aplicou-se o questionário foram a três grupos: o grupo “A” refere-se aos estudantes da
LICA turma 2010, onde os algarismos alfanuméricos representa cada sujeito: A1; A2 ; A3; A4 ;
A5 ; A6; o grupo “B” refere-se aos estudantes da LICA turma 2011(B1 ; B2 ; B3;...; até B16) e o
Grupo “C” dos professores que atuam ou atuaram no Curso (C1; C2; C3; até C11).
Para alcançar objetivos propostos neste estudo, as informações coletadas foram
divididas em três categorias:
Categoria 01 – menciona-se: a percepção dos sujeitos sobre a não continuidade da
LICA no Campus Confresa
Categoria 02 – menciona-se: a percepção dos sujeitos sobre a LICA no Campus
Confresa.
Categoria 03 – menciona-se: a percepção dos sujeitos sobre a LICA e o mundo do
trabalho.
Resultado e discussão
A percepção dos sujeitos sobre a não continuidade da LICA no Campus Confresa
Analisando a informações coletadas nesta categoria, percebeu-se que o encerramento
do Curso esta associada a frágil organização da Instituição em relação ao autoconhecimento
da LICA. Para B3, o descaso de algumas pessoas envolvidas, falta de planejamento do curso
para o aproveitamento de matéria com carga horaria ementas similares com outros cursos que
possuem porte pedagógico e técnico dentro do campus facilitando a interdisciplinaridade
entre cursos; A3 afirma que “Faltou planejamento e organização da administração”.
A organização é uma fonte de produtividade e crescimento que promove a geração de
conhecimentos mediante ao processamento da informação (CASTELLS, 2003).
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Em continuidade a apreciação, fica evidente que havia ou há a preocupação dos
estudantes em inserir-se no mundo do trabalho, como profissionais com capacidade reflexiva
para atuarem no campo. Preocupação perceptível nas palavras de B3 “A incerteza do mercado
de trabalho, o não conhecimento do curso pois era um curso novo na região”.
Apesar de que ao promover o Curso LICA no Território Araguaia-Xingu, alguns
egressos pensavam que poderiam atuar como agrônomo. Em reflexão ao mundo do trabalho
A6 comenta que: “São muitas possibilidades de serviço como, ministrar aulas, trabalhar com
extensão rural. As limitações são que não pode atuar em várias áreas, por não terem registro
no CREA, isso reduz a área de atuação”.
O Professor Licenciado em Ciências Agrícolas, no mercado de trabalho, exerce
mudanças diretas e indiretas que atendem a expectativa de melhoria da qualidade de vida da
comunidade local e da sociedade como um todo, uma vez que estes professores, não se
excluindo os outros, norteiam em muitas regiões do país o ensino agrícola profissionalizante
de nível básico, médio (IFES, 2015).
Percebe-se que o encerramento da oferta de vagas no Curso de LICA, está associado
ao receio de não houver mercado de trabalho para os formandos e a falta de planejamento do
Campus, que não atentou a demanda da sociedade.
A percepção dos sujeitos sobre a LICA no Campus Confresa
Em reflexão sobre a vida profissional dos estudantes de LICA, muitos professores
restringe atuação destes as escolas do campo na zona rural. Conforme fala de C 9 “As
possibilidades são exclusivas no mercado de trabalho ou seja não há quase nenhum
profissional da área nesta região. As limitações talvez seja a saturação de mercado de trabalho
uma vez que haverá muitos professores e poucas vagas de trabalho” .
Para este professor as oportunidades de emprego dos Licenciados em Ciências
Agrícolas são na zona rural, porém o problema principal é a falta de concurso especifico para
o Licenciado em Ciências Agrícolas, pois os concursos são específicos só para o agrônomo,
tanto para dar aula como para área de atuação.
Para alguns professores é inviável manter no mesmo Campus dois Curso de graduação
das Ciências agrárias, conforme explica C6:“Existência de outro curso na área agrícola no
campus Confresa, em nível de graduação; questões administrativas: para dar prosseguimento
ao curso, com vestibular anual, o campus precisaria do dobro de professores que tem hoje,
para ofertar todas as disciplinas e manter dois cursos na área agrícola.”
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A Licenciatura em Ciências Agrícolas talvez fosse tratada dentro do Campus como o
primo pobre da Agronomia; na percepção do Autor deste trabalho, a existência do
Bacharelado em Agronomia subjugou a LICA, os dois são muito similares, diferenciado os
em disciplinas pedagógicas (LICA), duração de quatro anos (LICA) e sem registro no CREA
(LICA), por outro lado o Bacharelado tem duração de cinco anos, registro no CREA e
reconhecimento sólido no mundo trabalho.
Por outro lado existem professores que comungam de promissoras perspectivas para o
futuro do licenciado em Ciências Agrícolas no território da Cidadania Araguaia-Xingu, para
solucionar o déficit de docente no meio rural.
Em seu depoimento C10 acredita que “o Curso pode contribuir fortemente para o
fortalecimento do ensino pesquisa e extensão da região Araguaia Xingu, pois entendo que o
licenciado é um profissional eclético, trará contribuições na área social, técnica e ambiental,
muito carente em nossa região. É importante que a instituição trace um plano estratégico para
apoio ao profissional na sua interação no mundo do trabalho que inclua ampla divulgação da
área de atuação do currículo e de sua qualificação, em instituições de ensino, pesquisa e
extensão do território”
Para estes professores parte dos problemas enfrentados pela LICA atribui-se a falta
articulação politica do Campus junto as autoridades para divulgar a importância do Curso
para a valoração da qualidade do ensino nas escolas do Campo.
Conforme afirma C11: “O Licenciado tem muito a oferecer para a comunidade local, só
que isto depende do esforço do IFMT-Campus Confresa, pois o curso teriam conhecimentos
dos governantes locais e escolas da região”.
“Tenho concepção que os profissionais que estão prestes a formar apresentam
capacidade suficiente para o mundo do trabalho, mas será fundamental que a coordenação do
curso faça um trabalho de interlocução entre a comunidade, o futuro licenciado e o IFMT para
que mesmo tarde, seja possível um encaminhamento seguro deste para a capacitação, para o
trabalho, enfatizando que tal profissional apresenta condições reais para exercer a profissão
não só como educador.
Mas como pesquisador e extencionista pode atuar com qualidade tanto na área social,
técnica e ambiental. Por isso, julgo importante a aproximação da instituição com este
profissional no momento de encerramento do curso. Percebo também que alguns recursos são
poucos explorado com a mídia local e regional, para trabalhar difusão e maior aceitação dos
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futuros licenciados pela comunidade do território e seus diferentes segmentos como,
empresas, órgãos instituições públicos e privados dentre outros”.
Se a coordenação de LICA buscar e interligar a comunidade e a Instituição terão mais
aceitação de empresas e órgãos instituições públicos e privados, mas que precisaria de uma
bom articulador.
A percepção dos sujeitos sobre a LICA e o mundo do trabalho
O Território da Cidadania Araguaia Xingu, vem passando pelo processo de transição
entre a agricultura familiar inseridas nos inúmeros projetos de assentamento em sua área
geográfica, para as lavouras de monoculturas, principalmente a soja. Independente do sistema
de cultivos, o mercado de trabalho tem déficit de profissionais das Ciências Agrárias.
Neste cenário que se apresenta as dificuldades de inclusão do Licenciado no mercado,
porque: Os empregadores desconhecem as habilidades destes profissionais e preferem outros
profissionais em ciências como: o agrônomo, o engenheiro florestal e o Técnico em
Agropecuária. Os empregados que conhecem a formação dos Licenciados, atribuem a não
contração pela a falta de registro junto ao CREA.
A incerteza sobre o próprio futuro profissional, o principal dilema dos licenciados, por
acreditarem na falta de oportunidade de emprego na Região. Na perspectiva do A1 o mundo
de trabalho para o Licenciado é restrito no Araguaia-Xingu e as vagas de emprego que
existem são ocupadas pelo profissional em Agronomia.
“Não acho que Dará muito certo, porque na região à deficiência nos campos
profissionais e grande, mas na hora da escolha sobre um profissional no contrato vai preferir
um agrônomo, por ter maior carta branca na área, e nas escalas depende do profissional,
porque a competição entre professores esta grande (A1)”.
Outra dificuldade encontrada pelos os licenciados em Ciências agrícolas e a ausência
de vagas em concursos destinadas aos licenciados nos municípios do Território Araguaia
Xingu. Segundo o estudante B14: “A falta de emprego na região, deve-se em parte pela a falta
de informação sobre o curso no Território”.
A gestão; o mercado de trabalho e o autoconhecimento do Curso em questão foram
mencionados como pontos críticos que afetaram diretamente a dinâmica do Curso e a
formação do Licenciado.
38296
Considerações Finais
As reflexões feitas sobre os prováveis fatores que levaram a não ofertar mais do Curso
de Licenciatura em Ciências Agrícolas na Região do Território da Cidadania Araguaia Xingu,
a partir da ótica dos sujeitos envolvidos no cotidiano acadêmico.
Muitas variáveis foram apresentadas pelos sujeitos da pesquisa, para entender ou
justificar a extinção do Curso; entre as quais destacam-se: a) A inexperiência da gestão do
Campus para fortalece o Curso perante a sociedade, b) A valorização no Campus do
bacharelado em Agronomia em relação a Licenciatura em Ciências Agrícolas; c) Baixa
expectativa de inserção no mundo trabalho no Território da Cidadania Araguaia Xingu. Em
análise a estas variáveis concluísse da LICA, iniciou-se com a imposição do gestor par
implantar o Curso ao invés de consultar a demanda da sociedade.
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Araguaia Xingu promove encontro para reestruturação do Colegiado. Disponível em:
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AUGRAS, Monique. Opinião Pública: Teoria e Pesquisa. 2. Ed. Petrópolis: Vozes, 1974
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IFES. Instituto Federal do Espirito Santo. Licenciatura em Ciência Agrícolas..2015
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IFMT. Instituto Federal de Mato Grosso. Plano de Desenvolvimento Institucional, Mato
Grosso, 2014.
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LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do trabalho cientifico. 6. Ed. São Paulo: Atlas, 2010.
MORAES, Marcos Antônio Moraes. A formação de licenciados em Ciências
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OLIVEIRA, Lia Maria Teixeira. A Licenciatura em Ciências Agrícolas: perfil e
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38297
SILVA, P.R. A educação agrícola superior em debate. Revista de Educação Agrícola
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TRUJILLO, Alfonso Ferrari. Metodologia da ciência. 3. Ed. Rio de Janeiro: Kennedy,
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VEIGA, Ilma. P. A. e Araújo, J. C. S. Regulamentação da Profissão: criação de Conselho da
Profissão Magistério. Boletim ANFOPE, Campinas, SP, Ano IV, nº 8, set. 1998, p. 2-6.
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