A LICENCIATURA EM CIÊNCIAS AGRÍCOLA DO IFMT CAMPUS CONFRESA: FORMAÇÃO E EXTINÇÃO Oséias dos Santos1 - IFMT Aline de Arruda Benevides2 - IFMT Grupo de Trabalho - Formação de Professores e Profissionalização Docente Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo No Território da Cidadania Araguaia Xingu, localizado no nordeste do Estado de Mato Grosso, em 2010, iniciou as atividades do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Mato Grosso - IFMT - Campus Confresa, com a missão promover a inclusão social pelo viés do desenvolvimento sustentável tecnológico, econômico e ambiental. Análogo a uma engrenagem motriz, o Campus Confresa é um agente provocador de mudanças na sociedade, através do ensino da pesquisa e da extensão, melhorando a qualidade de vida das pessoas na região. Entre os cursos ofertados pela IFMT – Campus Confresa, o Curso de Licenciatura em Ciência Agrícola forma profissionais que atuam no viver rural, valorizando a cidadania, através do ensino agrícola em prol da sustentabilidade e suas Interfaces. Devido a inúmeros fatores o Curso parou de ser ofertado no Campus; e naturalmente surgiram questões para compreender os motivos que levaram a extinção deste. Então, quais os fatores que levaram ao encerramento do Curso? Esta questão é o pilar justificativo deste Trabalho, que teve como objetivo registrar os fatores que levaram a não oferta do Curso de Licenciatura em Ciências Agrícolas pelo IFMT- Campus Confresa a sociedade do Baixo Araguaia, a partir da percepção dos estudantes e professores. A pesquisa está fundamentada em dados coletados via questionário e consultas em documentos oficiais; sendo seu universo o Curso em evidência. O Estudo foi realizado em setembro a novembro de 2014. Entre as considerações finais a gestão do Campus Confresa e o mundo do trabalho, são fatores relevantes no processo de extinção do mesmo. Palavras-chave: Araguaia. Xingu. Educação. Professor. 1 Mestre em Ciência (Educação agrícola), Especialista em Gestão Estratégica de Recursos Humanos, Engenheiro Agrônomo e Licenciado em Ciências Agrícolas: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ– Brasil. Professor do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Mato Grosso – Campus Confresa (IFMT – Campus Confresa). E-mail: [email protected]. 2 Mestre em Ciência (Educação agrícola): Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ, Especialista em Gestão da Segurança de Alimentos – SENAI-MT, Engenheira de Alimentos – UNIVAG – MT - Brasil. Professora do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Mato Grosso – Campus Confresa (IFMT – Campus Confresa). E-mail: [email protected] ISSN 2176-1396 38287 Introdução O “Baixo Araguaia” Região incrustada as margens do Rio Araguaia; no Nordeste do Estado de Mato Grosso. Em suas crônicas há memórias de ocupação, lutas e conquistas dos seus habitantes: ribeirinhos, extrativistas, índios e agricultores; desde 2010, a Região celebra a gênese das atividades do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Mato Grosso - IFMT Campus Confresa. Celebração justa para a Região que outrora denominada “vale dos esquecidos”, que contempla no presente a esperança de inclusão e ascensão social de sua população, através do IFMT-Campus-Confresa. Sendo este tratado como a matriz para alavancar a sustentabilidade econômica, social e ambiental da Região no viés do ensino, da pesquisa e da extensão. O IFMT localiza-se no Município de Confresa - MT, a cerca de 1200 km da Capital do Estado (Cuiabá). A essência da sua missão é de atender a vocação produtiva do Território da Cidadania Araguaia-Xingu, o seu raio de atuação chega a 500 km (quinhentos quilômetros) (IFMT, 2010). Em 2008, foi criado o programa Territórios da Cidadania interministerial, e atualmente existe cerca de 120 territórios em todo o país. Ele é uma ação da Casa Civil, que investe na melhoria de regiões com baixos índices de desenvolvimento e que historicamente estiveram as margens das políticas de investimento. O Território do Araguaia Xingu localizado no nordeste do Mato Grosso é composto pelos seguintes municípios: Alto Boa Vista, Canabrava do Norte, Novo Santo Antônio, Santa Cruz do Xingu, Serra Nova Dourada, Vila Rica, Bom Jesus do Araguaia, Confresa, Luciara, Porto Alegre do Norte, Querência, Ribeirão Cascalheira, Santa Terezinha, São Félix do Araguaia e São José do Xingu (AGUIAR, 2015). O Campus oferta a população regional que compõem o Território da Cidadania Araguaia Xingu educação básica e tecnológica (nível básico, superior e pós-graduação). Na educação básica oferta: Curso médio integrado Técnico em Agropecuária; Curso médio integrado Técnico em agroindústria e Curso subsequente Técnico em Comércio. Na educação Superior oferta: Bacharelado em Agronomia; Licenciatura em Ciência Agrícola (LICA) e Licenciatura em Ciência da Natureza (habilitação em química, habilitação em biologia e habilitação em física). Na primeira quinzena de março de 2015, iniciou o Curso de Especialização em Educação no Campo. 38288 Foco deste estudo, O Curso de Licenciatura em Ciências Agrícolas do IFMT – Campus Confresa tem suas metas definidas na direção da formação de educadores-cientistas que promovam a cidadania e o desenvolvimento sustentável e que sejam capacitados para atuação nas áreas de Ensino Agrícola, Pesquisa e Extensão Rural. O Curso de LICA da UFRRJ foi o pioneiro e a base para as outras 21 licenciaturas que existem no Brasil, espalhados principalmente na região norte e nordeste. Tais cursos são oferecidos em modalidades presenciais (19 cursos, destes três estão em processo de extinção) e ensino a distância (2 cursos), com as seguintes denominações: Licenciatura em Ciências Agrícolas, Licenciatura em Ciências Agrárias, Licenciatura em Ciências Agrárias e do Ambiente e Licenciatura em Educação do Campo -Ciências Agrárias. São cursos de graduação oferecidos para diferentes discentes e com currículos diversificados, atendendo ás demandas e especificidades regionais e locais (MORAES, 2104). A Licenciatura em Ciências Agrícolas (LICA), forma profissionais que atuam no ensino agrícola, para a promoção do desenvolvimento sustentável no meio rural. O Curso tem duração de 08 semestres, com carga horaria: 3360 horas de disciplinas, 200 horas de atividade acadêmicas e culturais, e 400 horas de estágio obrigatório supervisionado, totalizando 4010 horas. Concluindo O, o estudante recebe o título de Licenciado em Ciências Agrícolas, e dispõe de habilidades de ensino e aprendizagem, para preparar profissionais criativos e empreendedores, que buscam novos conhecimentos e tecnologias a partir do comprometimento com o desenvolvimento da sociedade em condições de sustentabilidade. (IFMT, 2010). No Curso de LICA do IFMT – Campus Confresa, ingressou duas turmas, em anos distintos (2010 e 2011), sendo que a primeira compartilhava de grade curricular similar ao Curso de Bacharelado em Agronomia, que possibilitou a migração desta turma para o Bacharelado. Em 2011 a grade curricular foi revisada e alterada inserindo particularidades pedagógicas no currículo, que culminou na permanência da segunda turma no Curso. O Licenciado em Ciências agrícola planeja e desenvolve diferentes atividades didático-pedagógicas, reconhecendo os elementos relevantes às estratégias adequadas no meio rural. Através de metodologias, materiais didáticos e recursos tecnológicos diversos coerentes com os objetivos educacionais, para desenvolver o espirito de liderança, inovador e empreendedor. 38289 Este profissional destaca-se: a) pelo uso de conhecimentos específicos das ciências da natureza, matemática e ciências da terra para promover modelos produtivos que almeje a sustentabilidade ambiental e a justiça social; b) pela gestão de empresa rural, coordenação de equipes multidisciplinares, realização de experimento agrícola, c) atua na produção animal e no manufaturamento de alimentos; d) pratica a extensão rural, desenvolver e implanta tecnologias (IFMT, 2010). O Baixo Araguaia, também esta inserido no “Território da Cidadania Araguaia Xingu”, constituído de 15 munícipios localizados nos divisores de águas dos rios Araguaia e Xingu, tornou-se uma região cobiçada pelo agronegócio. As monoculturas vêm ocupando o solo que naturalmente sustenta uma vegetação de transição entre os Biomas: Cerrado e Floresta Amazônica. A expansão do Agronegócio na Região, (alguns denominam como: “a última fronteira agrícola do Mato Grosso”), instiga a demanda por mão de obra qualificada que são oportunidades para os profissionais das ciências agrárias. A partir deste contexto da oferta do Curso de Licenciatura em Ciências Agrícola no Campus Confresa, este estudo propôs uma reflexão sobre os prováveis fatores que levaram a não ofertar mais do Curso na Região, a partir da ótica dos sujeitos envolvidos no cotidiano acadêmico. A necessidade de registrar a existência deste Curso no Território da Cidadania Araguaia Xingu justifica a intensão desta pesquisa. Estudo da arte: nos passos da licenciatura em Ciências Agrícolas O Curso de Licenciatura em Ciências Agrícola teve a sua gênese, no Colégio Técnico da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ (CTUR/UFRRJ), para “formalização da carreira de professores do magistério da educação tecnológica” (Oliveira, 1998, p. 1). Por causa da expansão e revitalização do ensino técnico agrícola e da profissionalização do magistério em todos os níveis e ramos do ensino, isso nos ano 70, a Licenciatura em Ciências Agrícolas aumentou a sua importância no interior da Universidade Federal Rural do Rio de janeiro, O Curso já vinculado ao instituto de educação, teve seu currículo diretamente influenciado pela área de conhecimentos pedagógicos daquela unidade acadêmica, no primeiro momento da UFRRJ com a crescente demanda por cursos novos na área de ciências agrarias, teve uma tendência pedagógica claramente tecnicista (Oliveira, 1998). 38290 Essa tendência começa a ser questionada nos anos 80, onde em 1987 a constituição de uma comissão de estudo de reformulação curricular sobre o perfil da formação profissional da Licenciatura, e redimensionaram “que na atualidade se defronta não só com os requisitos dos movimentos sociais e ambientalistas, que também se defronta com as disputas de paradigmas científicos e interpretativos do conhecimento e da realidade social da profissão” (VEIGA, 1998). Nas ultimas adaptações curriculares em 1996/97, foram ampliadas as práticas de ensino e institucionalização do estágio supervisionado na intenção de associar, cada vez mais a teoria e a pratica. A intenção dos pioneiros do curso de Licenciatura em Ciências Agrícolas era construir sólidas bases agrícolas e pedagógicas, para tornar o professor em Ciências Agrárias capaz de se adaptar a diversidade humana, acelerando o desenvolvimento científico e tecnológico, aplicando seus conhecimentos, em consonância com as legislações educacionais e profissionais vigentes, com a heterogeneidade da demanda social brasileira no campo. Os pensadores do Curso almejavam bases sólidas do conhecimento agrícola e pedagógica, para formar profissionais capazes de adaptar-se a diversidade humana, por meio saber científico, tecnológico e empírico; em consonância com as legislações educacionais e a heterogeneidade da demanda social brasileira (UFRRJ, 1999). A partir da LICA da UFRRJ, surgiram 21 novas Licenciaturas em Ciências Agrícolas, contemplando a maioria das regiões brasileiras, em especial o norte e o nordeste. São ofertadas nas modalidades: presencial (19 cursos, destes três estão em processo de extinção) e EAD (Ensino a distância (2 cursos)) (MORAES, 2014). Os cursos variam as suas denominações, como: Licenciatura em Ciências Agrícolas; Licenciatura em Ciências Agrárias; Licenciatura em Ciências Agrárias e do Ambiente e Licenciatura em Educação do Campo - Ciências Agrárias. Estes Cursos estão localizados na região Nordeste (38%), na região Norte (28,6%), na região sudeste (14,3%), na região Sul (14,3%), e na região Centro oeste (4,8%). As maiorias dos cursos estão no Norte e Nordeste (66,6%) e as regiões Sudeste e Sul apresentam o mesmo quantitativo de cursos, e se somados tem o mesmo número que a região Nordeste, ou seja, (28,6%) (MORAES, 2014). Desconsiderando os três cursos que estão em processo de extinção, dois cursos no Pará e um no Maranhão, o somatório de cursos de Licenciatura em Ciências Agrícolas/Agrárias passa para 18 cursos, com a seguinte configuração: sete cursos na região Nordeste (38,9%), 38291 quatro na região norte (22,2%), três cursos na região Sudeste (16,7%), três cursos na região Sul 16,7% e um na região Centro Oeste representando (5,5%). Neste contexto, os Institutos Federais, são responsáveis pelo oferecimento de oito cursos (44,4%), distribuídos em várias regiões do Brasil. Também é interessante observar que as duas regiões que terão cursos presenciais extintos contam com um curso na modalidade de educação a distância na região Norte e outro na região Nordeste (MORAES, 2014). Jornada metodológica Registrar os fatores que levaram a não oferta do Curso de Licenciatura em Ciências Agrícolas no IFMT – Campus Confresa, levou-nos aos trilhos metodológicos da pesquisa qualitativa, que tem como universo o próprio Curso em questão, os professores e estudantes das turmas 2010 e 2011 como sujeitos. A mesma foi realizada entre os meses de setembro a novembro de 2014. A pesquisa em dois níveis documental e a campo (empírica). No primeiro consultou-se documentos oficiais da Instituição, como: a) Organização didática do IFMT; b) Projeto Pedagógico do Curso de Licenciatura em Ciências Agrícola (PPC/LICA); e f) Plano de desenvolvimento Institucional (PDI) do IFMT. Além destes, artigos diversos em plataformas idôneas, como scielo (http://www.scielo.org/php/index.php.) A pesquisa documental é uma fonte de coleta de dados restrita a documentos, escritos ou não, constituindo o que se denomina de fontes primarias. Estas podem ser recolhidas no momento em que o fato ou fenômeno ocorre, ou depois. Utilizando essas três variáveis, fontes escritas ou não, fontes primarias ou secundarias, contemporâneas ou retrospectivas, podemos apresentar um quadro que auxilia a compreensão do universo da pesquisa documental. (LAKATOS, 2010). No segundo nível utilizou-se do questionário como instrumento de coleta de dados. Este foi constituído de três perguntas abertas e o termo de livre esclarecimento. Aplicou-se o questionário a 11 professores e 22 alunos (06 da turma 2010 e 16 da turma 2011). A pesquisa a campo consiste na observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem espontaneamente, na coleta de dados a eles referentes e no registro de variáveis que se presumem relevantes, pra analisa-los (TRUJILLO, 1974). Nesta pesquisa utilizou - se procedimentos específicos para coleta de dados, que usam procedimentos específicos para o desenvolvimento de ideias exploratórias como analise de conteúdo, para extrair generalizações com o propósito de produzir categorias conceituais que 38292 possam vir a ser operacionalizadas em um estudo subsequente. Dessa forma, não apresentam descrições quantitativas exatas entre as variáveis determinadas. (LAKATOS, 2010). As perguntas abertas podem ser chamadas livres ou não limitadas, são as que permitem ao informante responder livremente, usando linguagem própria, e emitir opiniões, possibilitando investigações mais profundas e precisas; entretanto, apresenta alguns inconvenientes: dificulta a resposta ao próprio informante, que devera redigi-la, o processo de tabulação, o tratamento estatístico e a interpretação. A análise é difícil, complexa, cansativa e demorada. (AUGRAS, 1974). Aplicou-se o questionário foram a três grupos: o grupo “A” refere-se aos estudantes da LICA turma 2010, onde os algarismos alfanuméricos representa cada sujeito: A1; A2 ; A3; A4 ; A5 ; A6; o grupo “B” refere-se aos estudantes da LICA turma 2011(B1 ; B2 ; B3;...; até B16) e o Grupo “C” dos professores que atuam ou atuaram no Curso (C1; C2; C3; até C11). Para alcançar objetivos propostos neste estudo, as informações coletadas foram divididas em três categorias: Categoria 01 – menciona-se: a percepção dos sujeitos sobre a não continuidade da LICA no Campus Confresa Categoria 02 – menciona-se: a percepção dos sujeitos sobre a LICA no Campus Confresa. Categoria 03 – menciona-se: a percepção dos sujeitos sobre a LICA e o mundo do trabalho. Resultado e discussão A percepção dos sujeitos sobre a não continuidade da LICA no Campus Confresa Analisando a informações coletadas nesta categoria, percebeu-se que o encerramento do Curso esta associada a frágil organização da Instituição em relação ao autoconhecimento da LICA. Para B3, o descaso de algumas pessoas envolvidas, falta de planejamento do curso para o aproveitamento de matéria com carga horaria ementas similares com outros cursos que possuem porte pedagógico e técnico dentro do campus facilitando a interdisciplinaridade entre cursos; A3 afirma que “Faltou planejamento e organização da administração”. A organização é uma fonte de produtividade e crescimento que promove a geração de conhecimentos mediante ao processamento da informação (CASTELLS, 2003). 38293 Em continuidade a apreciação, fica evidente que havia ou há a preocupação dos estudantes em inserir-se no mundo do trabalho, como profissionais com capacidade reflexiva para atuarem no campo. Preocupação perceptível nas palavras de B3 “A incerteza do mercado de trabalho, o não conhecimento do curso pois era um curso novo na região”. Apesar de que ao promover o Curso LICA no Território Araguaia-Xingu, alguns egressos pensavam que poderiam atuar como agrônomo. Em reflexão ao mundo do trabalho A6 comenta que: “São muitas possibilidades de serviço como, ministrar aulas, trabalhar com extensão rural. As limitações são que não pode atuar em várias áreas, por não terem registro no CREA, isso reduz a área de atuação”. O Professor Licenciado em Ciências Agrícolas, no mercado de trabalho, exerce mudanças diretas e indiretas que atendem a expectativa de melhoria da qualidade de vida da comunidade local e da sociedade como um todo, uma vez que estes professores, não se excluindo os outros, norteiam em muitas regiões do país o ensino agrícola profissionalizante de nível básico, médio (IFES, 2015). Percebe-se que o encerramento da oferta de vagas no Curso de LICA, está associado ao receio de não houver mercado de trabalho para os formandos e a falta de planejamento do Campus, que não atentou a demanda da sociedade. A percepção dos sujeitos sobre a LICA no Campus Confresa Em reflexão sobre a vida profissional dos estudantes de LICA, muitos professores restringe atuação destes as escolas do campo na zona rural. Conforme fala de C 9 “As possibilidades são exclusivas no mercado de trabalho ou seja não há quase nenhum profissional da área nesta região. As limitações talvez seja a saturação de mercado de trabalho uma vez que haverá muitos professores e poucas vagas de trabalho” . Para este professor as oportunidades de emprego dos Licenciados em Ciências Agrícolas são na zona rural, porém o problema principal é a falta de concurso especifico para o Licenciado em Ciências Agrícolas, pois os concursos são específicos só para o agrônomo, tanto para dar aula como para área de atuação. Para alguns professores é inviável manter no mesmo Campus dois Curso de graduação das Ciências agrárias, conforme explica C6:“Existência de outro curso na área agrícola no campus Confresa, em nível de graduação; questões administrativas: para dar prosseguimento ao curso, com vestibular anual, o campus precisaria do dobro de professores que tem hoje, para ofertar todas as disciplinas e manter dois cursos na área agrícola.” 38294 A Licenciatura em Ciências Agrícolas talvez fosse tratada dentro do Campus como o primo pobre da Agronomia; na percepção do Autor deste trabalho, a existência do Bacharelado em Agronomia subjugou a LICA, os dois são muito similares, diferenciado os em disciplinas pedagógicas (LICA), duração de quatro anos (LICA) e sem registro no CREA (LICA), por outro lado o Bacharelado tem duração de cinco anos, registro no CREA e reconhecimento sólido no mundo trabalho. Por outro lado existem professores que comungam de promissoras perspectivas para o futuro do licenciado em Ciências Agrícolas no território da Cidadania Araguaia-Xingu, para solucionar o déficit de docente no meio rural. Em seu depoimento C10 acredita que “o Curso pode contribuir fortemente para o fortalecimento do ensino pesquisa e extensão da região Araguaia Xingu, pois entendo que o licenciado é um profissional eclético, trará contribuições na área social, técnica e ambiental, muito carente em nossa região. É importante que a instituição trace um plano estratégico para apoio ao profissional na sua interação no mundo do trabalho que inclua ampla divulgação da área de atuação do currículo e de sua qualificação, em instituições de ensino, pesquisa e extensão do território” Para estes professores parte dos problemas enfrentados pela LICA atribui-se a falta articulação politica do Campus junto as autoridades para divulgar a importância do Curso para a valoração da qualidade do ensino nas escolas do Campo. Conforme afirma C11: “O Licenciado tem muito a oferecer para a comunidade local, só que isto depende do esforço do IFMT-Campus Confresa, pois o curso teriam conhecimentos dos governantes locais e escolas da região”. “Tenho concepção que os profissionais que estão prestes a formar apresentam capacidade suficiente para o mundo do trabalho, mas será fundamental que a coordenação do curso faça um trabalho de interlocução entre a comunidade, o futuro licenciado e o IFMT para que mesmo tarde, seja possível um encaminhamento seguro deste para a capacitação, para o trabalho, enfatizando que tal profissional apresenta condições reais para exercer a profissão não só como educador. Mas como pesquisador e extencionista pode atuar com qualidade tanto na área social, técnica e ambiental. Por isso, julgo importante a aproximação da instituição com este profissional no momento de encerramento do curso. Percebo também que alguns recursos são poucos explorado com a mídia local e regional, para trabalhar difusão e maior aceitação dos 38295 futuros licenciados pela comunidade do território e seus diferentes segmentos como, empresas, órgãos instituições públicos e privados dentre outros”. Se a coordenação de LICA buscar e interligar a comunidade e a Instituição terão mais aceitação de empresas e órgãos instituições públicos e privados, mas que precisaria de uma bom articulador. A percepção dos sujeitos sobre a LICA e o mundo do trabalho O Território da Cidadania Araguaia Xingu, vem passando pelo processo de transição entre a agricultura familiar inseridas nos inúmeros projetos de assentamento em sua área geográfica, para as lavouras de monoculturas, principalmente a soja. Independente do sistema de cultivos, o mercado de trabalho tem déficit de profissionais das Ciências Agrárias. Neste cenário que se apresenta as dificuldades de inclusão do Licenciado no mercado, porque: Os empregadores desconhecem as habilidades destes profissionais e preferem outros profissionais em ciências como: o agrônomo, o engenheiro florestal e o Técnico em Agropecuária. Os empregados que conhecem a formação dos Licenciados, atribuem a não contração pela a falta de registro junto ao CREA. A incerteza sobre o próprio futuro profissional, o principal dilema dos licenciados, por acreditarem na falta de oportunidade de emprego na Região. Na perspectiva do A1 o mundo de trabalho para o Licenciado é restrito no Araguaia-Xingu e as vagas de emprego que existem são ocupadas pelo profissional em Agronomia. “Não acho que Dará muito certo, porque na região à deficiência nos campos profissionais e grande, mas na hora da escolha sobre um profissional no contrato vai preferir um agrônomo, por ter maior carta branca na área, e nas escalas depende do profissional, porque a competição entre professores esta grande (A1)”. Outra dificuldade encontrada pelos os licenciados em Ciências agrícolas e a ausência de vagas em concursos destinadas aos licenciados nos municípios do Território Araguaia Xingu. Segundo o estudante B14: “A falta de emprego na região, deve-se em parte pela a falta de informação sobre o curso no Território”. A gestão; o mercado de trabalho e o autoconhecimento do Curso em questão foram mencionados como pontos críticos que afetaram diretamente a dinâmica do Curso e a formação do Licenciado. 38296 Considerações Finais As reflexões feitas sobre os prováveis fatores que levaram a não ofertar mais do Curso de Licenciatura em Ciências Agrícolas na Região do Território da Cidadania Araguaia Xingu, a partir da ótica dos sujeitos envolvidos no cotidiano acadêmico. Muitas variáveis foram apresentadas pelos sujeitos da pesquisa, para entender ou justificar a extinção do Curso; entre as quais destacam-se: a) A inexperiência da gestão do Campus para fortalece o Curso perante a sociedade, b) A valorização no Campus do bacharelado em Agronomia em relação a Licenciatura em Ciências Agrícolas; c) Baixa expectativa de inserção no mundo trabalho no Território da Cidadania Araguaia Xingu. Em análise a estas variáveis concluísse da LICA, iniciou-se com a imposição do gestor par implantar o Curso ao invés de consultar a demanda da sociedade. REFERÊNCIAS AGUIAR, Telma. Articulação Araguaia Xingu. Programa Território da Cidadania do Araguaia Xingu promove encontro para reestruturação do Colegiado. Disponível em: http://www.axa.org.br/2013/09/programa-territorio-da-cidadania-araguaia-xingu-promoveencontro-para-reestruturacao-colegiado/. Acesso em: 08 ago. 2015. AUGRAS, Monique. Opinião Pública: Teoria e Pesquisa. 2. Ed. Petrópolis: Vozes, 1974 CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. A era da informação: economia, sociedade e cultura. v. 1,6. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2003. IFES. Instituto Federal do Espirito Santo. Licenciatura em Ciência Agrícolas..2015 Disponível em: http://www.eafcol.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=398:lican&catid =37:superior&Itemid=72. Acesso em: 27 set. 2015. IFMT. Instituto Federal de Mato Grosso. 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