UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL AVALIAÇÃO DA FREQUÊNCIA, ETIOLOGIA E FATORES ASSOCIADOS À SEPSE TARDIA EM UTI NEONATAL MARIA DE FÁTIMA DE MELO GONÇALVES RECIFE 2012 MARIA DE FÁTIMA DE MELO GONÇALVES AVALIAÇÃO DA FREQUÊNCIA, ETIOLOGIA E FATORES ASSOCIADOS À SEPSE TARDIA EM UTI NEONATAL Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Medicina Tropical do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco, como parte dos requisitos para a obtenção do Título de Mestre em Medicina Tropical. Orientadora: Profª. Dra. Vera Magalhães da Silveira RECIFE 2012 Gonçalves, Maria de Fátima de Melo Avaliação da freqüência, etiologia e fatores associados à Sepse tardia em UTI neonatal / Maria de Fátima de Melo Gonçalves. – Recife: O Autor, 2012. 80 folhas: il., fig., quadro. ; 30 cm. Orientador: Vera Magalhães da Silveira. Dissertação (mestrado) – Universidade Pernambuco. CCS. Medicina Tropical, 2012. Federal de Inclui bibliografia, anexo e apêndices. 1. Sepse tardia. 2. Infecção hospitalar. 3. Recémnascido. 4. Unidade de Terapia Intensiva. Vera Magalhães da. 616.944 I. Silveira, II. Título. CDD (20.ed.) UFPE CCS2012-033 3 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL REITOR Anísio Brasileiro de Freitas Dourado PRÓ-REITOR PARA ASSUNTOS DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO Francisco de Sousa Ramos DIRETOR DO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE José Thadeu Pinheiro COORDENADORA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL Maria Rosângela Cunha Duarte Coêlho VICE-COORDENADORA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL Valdênia Maria Oliveira de Souza CORPO DOCENTE Ana Lúcia Coutinho Domingues Célia Maria Machado Barbosa de Castro Edmundo Pessoa de Almeida Lopes Neto Fábio André dos Santos Brayner Heloísa Ramos Lacerda de Melo Maria Amélia Vieira Maciel Maria de Fátima Pessoa Militão de Albuquerque Maria do Amparo Andrade Maria Rosângela Cunha Duarte Coelho Marli Tenório Cordeiro Ricardo Arraes de Alencar Ximenes Valdênia Maria Oliveira de Souza Vera Magalhães de Silveira Vláudia Maria Assis Costa DEDICATÓRIA Dedico esta dissertação de mestrado: Aos homens da minha vida, Orlando, Guilherme, Orlandinho, Bruno e Marcelo, meus amores, minha razão de viver. A meu pai, pelo exemplo que nos deixou. À minha mãe querida, minha maior incentivadora, quanta saudade! AGRADECIMENTOS A DEUS, pela benção da vida. À minha família, e aos amigos, pelo carinho e apoio. À querida orientadora Dra. Vera Magalhães por sua disponibilidade, amizade, carinho, presteza e orientações tão importantes para a elaboração e conclusão deste trabalho. A Dr. Adeildo Simões, exemplo a ser seguido por qualquer pessoa que queira se dedicar à Neonatologia, pela disponibilidade e valiosas sugestões na revisão deste trabalho. À Dra. Lindacir Sampaio que mais do que chefe, é uma grande amiga, incansável lutadora pela melhoria do nosso serviço, pelo apoio e incentivo constantes. À equipe da UTI Neonatal do Hospital das Clínicas, especialmente às Dras. Carmen Aymar, Dilma Piscoya, Graça Moura, Luciana Romaguera, Sandra Rios, pelo incentivo, ajuda na revisão e ainda no suporte durante todo o período da minha ausência. À Dra. Cláudia Vidal, na importância da criação do projeto, bem como todas as orientações dadas ao longo da sua realização, pelo seu carinho, e acolhimento. Aos residentes de Neonatologia pela valiosa ajuda, especialmente às Dras. Marcela Campos, Patrícia Pernambuco e Dr. Reginaldo Freire. À equipe da Comissão de Infecção Hospitalar, pelo apoio e incentivo. À equipe da Bacteriologia do Laboratório do Hospital das Clínicas, sempre atenciosa e solícita, pela realização das hemoculturas. À amiga, Dra. Dirce Luzia, pela disponibilidade e presteza na organização da análise estatística da pesquisa. Aos professores do Departamento de Medicina Tropical pelos ensinamentos. A todos os colegas da pós-graduação, pela alegre convivência durante o curso, especialmente a Fabiana Beserra Caraciolo e Liany Ribeiro pela amizade, companheirismo e apoio constantes. A Walter Leite Galdino e Alice Lourenço, pelas orientações na Secretaria da Pós-Graduação de Medicina Tropical. Aos pais dos recém-nascidos que permitiram a realização deste trabalho. “ Um dia quando olhares para trás, verás que os dias mais belos foram aqueles em que lutastes.” Sigmund Freud RESUMO GONÇALVES, Maria de Fátima de Melo. Avaliação da frequência, etiologia e fatores associados à sepse tardia em UTI neonatal 2012. 80 f. Dissertação (Mestrado em Medicina Tropical) – Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2012. A sepse tardia no período neonatal é um problema de saúde pública não só nos países desenvolvidos, como principalmente nos países em desenvolvimento, onde a incidência é mais elevada. Com os avanços nos cuidados neonatais, tem-se observado a sobrevivência de recém-nascidos cada vez mais prematuros ou com malformações antes consideradas incompatíveis com a vida. Estes recém-nascidos têm maior risco de infecção pela imaturidade imunológica, necessidade de maior permanência hospitalar; de procedimentos invasivos como ventilação mecânica, acesso venoso central; de nutrição parenteral e de antibioticoterapia. É importante a identificação destes fatores de risco para diminuir a incidência de infecção, reduzindo também a permanência hospitalar, a morbimortalidade dos recém-nascidos e os custos. Além disso, como o tratamento inicial da sepse tardia é empírico, é preciso que se saiba a etiologia dos micro-organismos mais frequentes na unidade, para que a terapêutica a ser instituída possa ser eficaz, aumentando a chance de sobrevivência destas crianças, com menos sequelas. Objetivo: Avaliar a frequência da sepse tardia, identificar os agentes etiológicos e os fatores de risco mais frequentes, nos recém-nascidos internados na UTI neonatal do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco. Método: Estudo descritivo, prospectivo, realizado no período de janeiro a outubro de 2011, incluindo todos os recém-nascidos internados na unidade de terapia intensiva neonatal, que tiveram o diagnóstico de sepse tardia. A sepse tardia foi definida como sepse clínica ou com comprovação microbiológica, segundo os critérios recomendados pela ANVISA. Resultados: No período estudado, 217 RNs foram admitidos na UTI neonatal e foram observados 52 episódios de infecção em 32 RNs. A frequência foi de 23,9% e a densidade de incidência, 25,8/1.000 RNdia. A densidade de incidência de infecção associada a cateter venoso central foi de 40,8/1.000 CVC-dia. As hemoculturas tiveram 32,6% de positividade e o micro-organismo mais isolado foi o Staphylococcus coagulase negativo. A sepse tardia foi mais frequente entre os recém-nascidos do sexo masculino, prematuros, menores de 33 semanas e de 1.500g, que foram submetidos à antibioticoterapia prévia, à nutrição parenteral, à intubação traqueal, à ventilação mecânica e ao acesso venoso central. Conclusão: A alta densidade de incidência da sepse tardia associada a cateter venoso central indica que medidas visando inserção e manuseio do cateter, devem ser intensificadas. O uso restrito e criterioso de outros procedimentos invasivos e de antibióticos também deve ser estabelecido para diminuir a ocorrência de infecção, principalmente nos recém-nascidos prematuros. Palavras-chave: sepse tardia, infecção hospitalar, recém-nascido, unidade de terapia intensiva. ABSTRACT GONÇALVES, Maria de Fátima de Melo. Evaluation of the frequency, etiology and factors associated with late-onset sepsis in a neonatal ICU 2012. 80 pg. Dissertation (MSc in Tropical Medicine) – Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2012. Late-onset sepsis is a public health problem not only in the developed countries but also in developing ones, where its incidence is higher. Advances in neonatal care have led to the survival of increasingly premature neonates and of those with malformations previously regarded as incompatible with life. These neonates have a greater risk of infection owing to immunological immaturity, the need for a longer stay in hospital and for invasive procedures such as mechanical ventilation, central venous access, parenteral nutrition and antibiotic therapy. The identification of these factors is important in order to lower the rates of infection, thereby also reducing the hospital sojourn, neonatal morbimortality and costs. In addition, as the initial treatment of late-onset sepsis is empirical, a knowledge of the microorganisms most frequently found in the unit is crucial to enable the treatment instituted to be effective, thus increasing these children’s chances of survival and reducing the number of sequelae. Objective: To evaluate the frequency of late-onset sepsis and identify the most common risk factors and main etiological agents in neonates admitted to a neonatal intensive care unit of the Pernambuco Federal University Hospital. Methods: Descriptive, prospective study carried out from January to October 2011 with all the neonates admitted to the neonatal intensive care unit diagnosed with late-onset sepsis. Late-onset sepsis was defined as clinical or microbiologically proven sepsis in accordance with the criteria recommended by the Brazilian National Health Surveillance Authority (ANVISA). Results: Over the period of the study, 217 neonates were admitted to the neonatal intensive care unit and 52 episodes of infection were observed in 32 neonates. The frequency was 23.9%, with an incidence density of 25.8/1.000 neonates-day. The density rate associated with a central venous catheter was 40.8/1.000 CVC-day. Coagulase-negative Staphyloccus was the microorganism most frequently isolated in the blood cultures, which had a positivity rate of 32.6%. Late-onset sepsis was most commonly found in the neonates who were male, premature, under 33 weeks old and weighing less than 1.500 g and who had been submitted to prior antibiotic therapy, parenteral nutrition, tracheal intubation, mechanical ventilation and central venous access. Conclusion: The high density rate of late-onset sepsis associated with a central venous catheter indicates that measures aimed at catheter insertion and manipulation should be intensified. The restricted, judicious use of other invasive procedures and antibiotics should also be established in order to diminish the occurrence of infection, particularly in premature neonates. Keywords: late-onset sepsis, hospital infection, neonate, intensive care unit. LISTA DE QUADROS Quadro 1. Valores a serem avaliados para o escore de Rodwell pág.36 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Características maternas dos RNs com sepse tardia internados pág.47 em UTI neonatal, no período de janeiro a outubro de 2011. Tabela 2. Frequência dos fatores de risco intrínsecos observados nos RNs pág.48 com sepse tardia, internados em UTI neonatal, no período de janeiro a outubro de 2011. Tabela 3. Frequência dos fatores de risco extrínsecos observados nos RNs com sepse tardia, internados em UTI neonatal, no período de janeiro a outubro de 2011. pág.49 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária BAN Batimentos de asa de nariz CDC Centers for Disease Control and Prevention CVC Cateter venoso central DATASUS Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde DNA Ácido desoxirribonucleico FC Frequência cardíaca Hgt Hemoglucoteste IgA Imunoglobulina A IgE Imunoglobulina E IgG Imunoglobulina G IgM Imunoglobulina M IL Interleucina IRAS Infecção relacionada à assistência à saúde NHSN National Healthcare Safety Network NICHD National Institute of Child Health and Human Development NNISS National Nosocomial Surveillance System OMS Organização Mundial da Saúde PAM Pressão arterial média PCR Proteína C reativa PICC Cateter central de inserção periférica RN Recém-nascido RG Resíduo Gástrico SIM Sistema de Informação de Mortalidade SINAIS Sistema Nacional de Informações para Controle de Infecções em Serviços de Saúde SOG Sonda oro-gástrica SPS Polianetol sulfonato de sódio UFPE Universidade Federal de Pernambuco UTI Unidade de Terapia Intensiva UTIN Unidade de Terapia Intensiva Neonatal UTIN-HC Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital das Clínicas VSH Velocidade de Hemossedimentação SUMÁRIO RESUMO ABSTRACT LISTA DE QUADROS LISTA DE TABELAS LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS 1 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................pág.17 2 REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................................pág.19 2.1 Definição ....................................................................................................................pág.19 2.2 Incidência ...................................................................................................................pág.20 2.3 Agentes Etiológicos ...................................................................................................pág.22 2.4 Fatores de risco .........................................................................................................pág.23 2.5 Mortalidade ...............................................................................................................pág.26 2.6 Diagnóstico clínico e laboratorial ............................................................................pág.27 2.7 Medidas de prevenção ..............................................................................................pág.30 3 OBJETIVOS ................................................................................................................pág.33 3.1 Objetivo Geral ...........................................................................................................pág.33 3.2 Objetivos Específicos ................................................................................................pág.33 3.3 Objetivo Secundário .................................................................................................pág.33 4 PACIENTES E MÉTODOS ......................................................................................pág.34 4.1 Desenho do estudo .....................................................................................................pág.34 4.2 Local do estudo ..........................................................................................................pág.34 4.3 População do estudo .................................................................................................pág.34 4.3.1 Critérios de inclusão ..............................................................................................pág.35 4.3.2 Critérios de exclusão ..............................................................................................pág.35 4.4 Definição e categorização das variáveis ..................................................................pág.35 4.4.1 Definição dos termos ..............................................................................................pág.35 4.4.2 Categorização das variáveis ..................................................................................pág.37 4.5 Plano de coleta de dados ...........................................................................................pág.38 4.6 Qualidade dos instrumentos de medida e padronização das técnicas ..................pág.39 4.6.1 Amostras de sangue para realização de hemocultura ........................................pág.39 4.7 Processamento e análise dos dados ..........................................................................pág.39 5 ASPECTOS ÉTICOS...................................................................................................pág.40 6 RESULTADOS ............................................................................................................pág.41 6.1 ARTIGO : SEPSE TARDIA NEONATAL: FREQUÊNCIA, ETIOLOGIA E FATORES ASSOCIADOS..............................................................................................pág.41 7 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................pág.58 8 REFERÊNCIAS ...........................................................................................................pág.60 APÊNDICES ...................................................................................................................pág.74 APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO .............................................................................................................pág.74 APÊNDICE B – FICHA DE COLETA DE DADOS ...................................................pág.76 ANEXOS ..........................................................................................................................pág.80 ANEXO A - APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA .................pág.80 17 1 INTRODUÇÃO A sepse tardia é uma complicação frequente em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal, sendo responsável por metade das mortes que ocorrem após a segunda semana de vida em recém-nascidos (RN) de extremo baixo peso (KAUFMAN; FAIRCHILD, 2004). A incidência de infecção está diretamente relacionada a vários fatores de risco. Alguns são comuns a vários serviços, como o grau de prematuridade, o peso de nascimento, a presença de anomalias congênitas; e outros variam, como o emprego de procedimentos invasivos e as técnicas de desinfecção (PERLMAN; SAIMAN; LARSON, 2007). A identificação destes fatores é necessária para minimizar a frequência desta doença. Devido à alta incidência da sepse tardia e à sua elevada morbimortalidade, estudos são realizados em vários países com ênfase na identificação de medidas de prevenção, na tentativa de diminuí-la. Estudo realizado por Hwang et al. em 2005, mostrou que após a instituição de algumas intervenções houve redução da taxa de infecção de 70% para 17%. Estudo nacional semelhante realizado por Lobo et al. em São Paulo em 2005, obteve uma redução de 40% na taxa de incidência de infecção. O ”National Nosocomial Infections Surveillance System” (NNISS) publicou em seu último relatório, densidade de incidência de sepse tardia em recém-nascidos de 7,7/1.000 pacientes-dia (EDWARDS, 2009). Na Europa, estudo publicado em 2005, realizado por Van der Zwet et al. na Holanda, encontrou densidade de incidência de infecção de 14,9/1.000 pacientes-dia. O agente etiológico encontrado na maioria dos estudos realizados em países desenvolvidos é o Staphylococcus coagulase negativo (STOLL et al., 2002; KAUFMAN; FAIRCHILD, 2004; HWANG et al., 2005; PERLMAN; SAIMAN.; LARSON,2007; VERGNANO et al, 2011). Estudos nacionais demonstram taxas de infecção mais altas e agentes etiológicos variáveis. Couto et al. em 2006, na cidade de Belo Horizonte, encontraram densidade de incidência de infecção de 29,8/1.000 pacientes-dia, tendo como agente etiológico mais frequente bacilos Gram negativos, principalmente Klebsiella sp. Nagata; Brito e Matsuo em 2008, em Londrina encontraram densidade de incidência de infecção de 62/1000 pacientes-dia e observaram como agente etiológico mais frequente o Staphylococcus coagulase negativo, assim como Pessoa Silva et al. em 2004, em São Paulo, Rio de Janeiro e Campinas, e Oliveira et al. em 2008, em Uberlândia. 18 Diante da necessidade de tratamento antimicrobiano empírico precoce (SINGH, 2004) e como há uma grande variação no padrão dos micro-organismos nas diferentes UTIs, é preciso uma vigilância ativa sobre a microbiota prevalente em cada serviço e sua susceptibilidade antimicrobiana para nortear esta terapêutica inicial, já que o uso frequente de antibioticoterapia de amplo espectro altera a flora normal da criança, resultando no surgimento de bactérias resistentes e infecções mais graves (POLAK; RINGLER; DAUGHERTY, 2004). Há poucos dados nacionais consolidados sobre as características das infecções em UTI neonatal (TÁVORA et al., 2008). O presente estudo realizou o acompanhamento prospectivo dos RNs da UTI neonatal do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), avaliando a frequência de sepse tardia, os agentes etiológicos mais encontrados, os possíveis fatores de risco intrínsecos e extrínsecos associados, e a mortalidade relacionada. Os resultados obtidos servirão para o estabelecimento de medidas de prevenção e controle de infecção, reduzindo a morbidade e aumentando a taxa de sobrevivência dos RNs. 19 2 REVISÃO DE LITERATURA A infecção neonatal é uma importante causa de morbidade, aumentando a ocorrência de sequelas, como retardo no desenvolvimento neuropsicomotor, paralisia cerebral, cegueira e surdez, sobretudo em recém-nascidos prematuros (BENTLIN; RUGOLO, 2010; DOWNEY; SMITH; BENJAMIN, 2010). Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), causa em torno de 1,6 milhões de mortes por ano nos países em desenvolvimento (VERGNANO et al., 2005; POSFAY-BARBE; ZERR; PITTET, 2008). No Brasil, 60% da mortalidade infantil ocorre no período neonatal, sendo a sepse uma das principais causas, conforme dados nacionais do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) (ANVISA, 2010). É também responsável por aumento nos custos hospitalares, não só pela maior permanência na unidade, como também pelas despesas com o acompanhamento das crianças sequeladas (BENTLIN; RUGOLO, 2010; DOWNEY; SMITH; BENJAMIN, 2010). 2.1 DEFINIÇÃO A infecção neonatal é uma síndrome clínica decorrente de reação inflamatória sistêmica, caracterizada por sinais e sintomas de infecção, frequentemente acompanhada de bacteriemia (BENTLIN; RUGOLO, 2010). De acordo com os Critérios Nacionais de Infecção relacionada à Assistência à Saúde, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), de setembro de 2010, realizado com base no “Centers for Disease Control and Prevention” (CDC), a infecção neonatal, também chamada de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS), é definida como todo processo infeccioso sistêmico, adquirido intraparto, durante a hospitalização, ou até 48 horas após a alta hospitalar. A infecção precoce, ou IRAS precoce, de origem materna, é a que ocorre até 48 horas de vida, com fatores de risco maternos; e a tardia, de origem hospitalar, é a que se apresenta após 48 horas de vida. Quando surge nas primeiras 48 horas de vida, sem fatores de risco maternos, em recémnascidos submetidos a procedimentos invasivos é considerada precoce, de provável origem hospitalar (CECCON, 2008). As IRAS precoces, associadas a fatores de risco maternos são adquiridas por via transplacentária ou através do canal de parto, tendo como principais agentes etiológicos o Streptococcus do grupo B e a Escherichia coli. São considerados fatores de risco: a rutura 20 prematura de membranas por mais de 18 horas, líquido amniótico fétido, trabalho de parto prolongado, febre materna, corioamnionite, colonização pelo Streptococcus do grupo B, infecção urinária. São mais frequentes em RNs prematuros e hipoxemiados (GERDES, 2004). São infecções multissistêmicas, graves e têm alta taxa de mortalidade (15 a 50%) (SEGRE, 2002; ANVISA, 2010). As infecções que têm início após 48 horas de vida, também chamadas de infecções relacionadas à assistência à saúde tardias, de origem hospitalar, podem ser adquiridas por: transmissão aérea, através de aerossóis; contato direto de uma pessoa infectada ou colonizada, através das mãos dos profissionais de saúde ou secreções; contato indireto, através de objetos inanimados como transdutores, termômetros, cateteres, estetoscópio; veículos como soluções intravenosas, medicamentos, leite, sangue, ou ainda por vetores (moscas, mosquitos, baratas) (ZAIDI et al., 2005). De acordo com a topografia, as infecções mais encontradas, são: infecção primária de corrente sanguínea, pneumonia, enterocolite necrosante, meningite, infecção do trato urinário (SEGRE, 2002). A infecção de corrente sanguínea é também chamada de sepse tardia ou hospitalar e frequentemente acompanha a pneumonia, a meningite e a infecção do trato urinário sendo, portanto, a mais estudada (CLARK et al., 2004). 2.2 INCIDÊNCIA A incidência da infecção hospitalar é muito variável entre diferentes países, entre cidades, entre serviços de um mesmo local, e mesmo no decorrer do tempo num mesmo serviço, o que mostra que são infecções preveníveis e estão diretamente relacionadas à qualidade da assistência prestada aos pacientes (TÁVORA et al., 2008; TOLTZIS; WALSH, 2010). A taxa de sepse tardia, de origem hospitalar em UTI neonatal é mais alta do que em qualquer outro serviço (MAHIEU, 2001), variando de 3 a 30% em relação às admissões (CLARK et al., 2004), ou se relacionado ao total de infecções/1.000 pacientes-dia, de 4,8 a 22/1.000 RN-dia (CLARK et al., 2004; TISKUMARA et al., 2008; ORSI et al., 2009; SARVIKIVI; KARKI; LYYTIKAINEN, 2010). Van der Zwet et al., em Amsterdã, em 2005, avaliando 742 recém-nascidos, encontraram taxa de 14,9/1.000 pacientes-dia, Dueñas et al. em El Salvador, em 2011, observaram taxa de 9,8/1.000 RN-dia, enquanto na Inglaterra, a 21 densidade de incidência encontrada foi de 2,9/1.000 (VERGNANO et al., 2011). No Brasil, Nagata; Brito e Matsuo em 2002, em Belo Horizonte, acompanharam 225 recém-nascidos, encontrando densidade de incidência de infecção bem mais elevada, de 62/1.000 pacientesdia. Pessoa Silva et al. em 2004, acompanhando 1.494 RNs, nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Campinas, encontraram taxa de 24,9/1.000 pacientes-dia, sendo maior nos menores de 1.000g, semelhante a Kawagoe et al. em 2001, em São Paulo, que encontraram taxa de 23,8 e a Couto et al. em 2007, que em investigação realizada em 6 UTIs neonatais em Belo Horizonte, encontraram taxa de 29,8/1.000 pacientes-dia. Segundo Pessoa Silva et al., nas 3 cidades estudadas, nos anos de 1997 e 1998, a infecção hospitalar acometeu 30% dos recémnascidos, com taxas até 5 vezes maiores que em crianças mais velhas, sendo responsável por 60% das mortes que ocorreram no primeiro ano de vida. Considerando a magnitude do problema, na década de 70 o CDC criou o “National Nosocomial Infection Surveillance System” (NNISS) para monitorar as infecções hospitalares e seguindo esta linha, a vigilância epidemiológica passou a ser realizada por serviços de controle de infecção em todo mundo (FARHAT, 2000). Na Inglaterra há o “Neonatal Staffing Study Group”; na Alemanha, o “Germain Nosocomial Infection Surveillance System”; na Espanha, o “Spanish Programme for Surveillance of Nosocomial Infections” e na Índia, o “National Neonatal Perinatal Database”, que são exemplos de serviços criados com esta finalidade (POSFAY-BARBE; ZERR; PITTET, 2008). Há ainda o “Canadian Neonatal Network”, o “Vermont Oxford”, o “EuroNeoNet” e o “Australian and New Zealand Neonatal Network”, que são redes que reúnem várias unidades para acompanhamento dos RNs (GILL, 2009). No Brasil, as comissões de controle de infecção hospitalar foram normatizadas e implementadas a partir do ano de 1983 e atualmente a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) é o órgão federal que recebe as informações dos programas de vigilância epidemiológica dos diversos serviços de todos os estados brasileiros, através do Sistema Nacional de Informações para Controle de Infecções em Serviços de Saúde (SINAIS). Devido à grande frequência do uso de acesso venoso central nos RNs, o sistema norteamericano de controle de infecção hospitalar utiliza as infecções de corrente sanguínea, associadas a dispositivos intravasculares como um dos indicadores de infecção hospitalar (BAND et al., 2009; LI; BIZZARRO,2011). O “National Healthcare Safety Network” (NHSN), relatou taxa de 4,9/1.000 cateteres-dia para < 750g, até 1,9/1.000 cateteres-dia para >2.500g (EDWARDS, 2009). Dueñas et al., em El Salvador encontraram taxa de 9,9/1.000 CVC-dia, inferior à encontrada por Brito et al., em Uberlândia que foi de 17,3/1.000 CVC- 22 dia. Pessoa-Silva et al. em São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro, encontraram taxa bem mais elevada, de 34,9/1.000 em <1.000g, assim como Nagata; Brito e Matsuo, que observaram 60/1.000 CVC-dia. Perlman et al., em 2007, avaliando 2 UTIs neonatais em Nova Iorque, encontraram taxa de 18,5 e 13,0/1.000 CVC-dia. Rosenthal, em 2009, relatou que a densidade de incidência em países em desenvolvimento varia de 2,6 a 60/1.000 CVC-dia. 2.3 AGENTES ETIOLÓGICOS Os agentes etiológicos variam entre os diversos serviços e é preciso que cada unidade exerça uma vigilância ativa sobre a microbiota prevalente, já que o início do tratamento na suspeita de infecção será empírico e baseado nesta prevalência (RUBIN et al., 2002). Tanto o diagnóstico precoce como a terapêutica adequada são essenciais para a diminuição da morbimortalidade dos recém-nascidos, que se torna mais elevada nos que têm diagnóstico retardado e entre os que recebem terapêutica inicial inadequada (OHLIN et al., 2010; GRAY, 2011). A maioria das sepses tardias nos países desenvolvidos é causada por bactérias Gram positivas (de 55,4 a 75%), principalmente Staphylococcus coagulase negativo, cuja incidência aumentou substancialmente nas 2 últimas décadas (STOLL et al., 2002; MACKOUL et al., 2002; CUNHA et al., 2004; VAN-DER-ZWET et al., 2005; ROSSI; CECCON; KREBS, 2005; EDWARDS, 2006; MOLINA-CABRILLANA, 2006; POSFAY-BARBE; ZERR; PITTET, 2008; AURITI et al., 2010; SARVIKIVI; KARKI; LYYTIKAINEN, 2010; VAN DER HOOGEN et al., 2010). Outras Gram positivas isoladas são: Staphylococcus aureus, Enterococcus sp e Streptococcus do grupo B. As Gram negativas (Escherichia coli, Klebsiela sp, Pseudomonas aeruginosa, Enterobacter sp e Seratia sp) representam de 18 a 31,2%, sendo mais frequentemente encontradas em países em desenvolvimento (SILVA et al., 2004; VERGNANO et al., 2005; SANKAR et al., 2008). Couto et al., no Brasil, em 2007; Sankar et al., em 2008, e Kamath, Mallaya e Shenoy, em 2010 na Índia; Rosemberg et al., em 2010, em Bangladesh; Ogunlesi et al., na Nigéria, em 2011, encontraram mais Gram negativos, enquanto Kawagoe et al., em 2001; Nagata, Brito e Matsuo, em 2002; Pessoa Silva et al., em 2004; Lopes et al, em 2008, no Brasil, observaram predominância de Staphylococcus coagulase negativo. 23 Infecção por fungos tem incidência variável, de 9 a 12,8% (BORGHESI; STRONATI, 2008). Em trabalho multicêntrico publicado em 2010, realizado nos Estados Unidos por Benjamin et al., foram acompanhados em 19 centros, 1.515 RNs com peso menor que 1.000g e observou-se taxa de infecção por fungo de 9% em média, tendo variado de 2 a 28%. Kamath, Mallaya e Shenoy, na Índia, entre 2005 e 2006, observaram taxa de 6,8%, enquanto Kawagoe et al., em São Paulo, encontraram taxa de 11,7%. A infecção por Candida sp vem aumentando a incidência sobretudo em prematuros com extremo baixo peso, com acesso venoso central e em nutrição parenteral, resultando em aumento de sequelas neurológicas, displasia broncopulmonar, leucomalácia periventricular e retinopatia da prematuridade (POSFAY-BARBE; ZERR; PITTET, 2008; BORGES et al., 2009; GAYNES; HARRIS; BARON, 2009; BENJAMIN et al., 2010; XIA et al., 2010). 2.4 FATORES DE RISCO O recém-nascido apresenta vários fatores de risco para infecção, sendo eles intrínsecos e extrínsecos. Os intrínsecos estão relacionados às condições inerentes ao RN, como peso ao nascer, idade gestacional, sexo, doença de base; e os extrínsecos estão relacionados ao uso de procedimentos invasivos, de medicamentos, de nutrição parenteral, estrutura hospitalar, tempo de hospitalização (MIURA, 2003; GRAHAM et al, 2006; PERLMAN; SAIMAN; LARSON, 2007; SRIVASTAVA; SHETTY, 2007; CAREY; SAIMAN; POLIN, 2008; WOLKOWIEZ et al, 2009; BARBADORO et al., 2011). Em estudo realizado por Bizzaro et al., na Universidade de Yale e de Connecticut, no período de 1994 a 2009, entre 170 gêmeos homozigóticos e 665 dizigóticos, observou-se que nos casos de sepse, a susceptibilidade genética representava 49%, enquanto os fatores ambientais, 51%. A ocorrência de sepse tardia está inversamente relacionada à idade gestacional e ao peso ao nascer (KAWAGOE et al., 2001; STOLL et al., 2002; GRAY, 2008). Segundo Kaufman e Fairchild, em artigo de revisão publicado em 2004, 46% dos RNs com menos de 25 semanas de idade gestacional e 50% dos RNs com menos de 750g apresentam no mínimo 1 episódio de sepse tardia durante a sua permanência na UTI neonatal (KAUFMAN; FAIRCHILD, 2004). Braddy e Ohio em 2005 encontraram incidência até 3 vezes maior nos menores de 1.500g, aumentando o risco em 9% a cada 100g de peso a menos (ZINGG; POSFAY-BARBE; PITTET, 2008). Já os RNs a termo, em aleitamento materno e em 24 alojamento conjunto têm taxa de incidência de infecção muito baixa, de 0,6 a 1,7% (MUSSIPINHATA; NASCIMENTO, 2001, STOLL et al., 2002). Avanços nos cuidados neonatais como atendimento em hospital terciário, uso de esteróide na gestante, assistência ventilatória e terapia com surfactante, têm aumentado a sobrevivência de recém-nascidos com prematuridade extrema e portadores de malformações antes consideradas incompatíveis com a vida (BIZZARRO et al., 2005; ITABASHI et al., 2009; ALTMAN et al., 2010; MOHAMED; NADA; ALY, 2010). Stoll et al. publicaram em 2010 estudo realizado nos Estados Unidos pelo “National Institute of Child Health and Human Development (NICHD) Neonatal Research Network” com 9.575 recém-nascidos, tendo sido observado taxa de sobrevivência de 6% com idade gestacional de 22 semanas, aumentando para 92% com 28 semanas de idade gestacional. Lee et al. publicaram em 2010 a identificação de 5 fatores relacionados a uma maior sobrevivência, sendo eles, idade gestacional, peso ao nascimento, sexo, uso de esteróide no pré-natal e gravidez única ou múltipla. Foi observado que os 5 fatores têm valor preditivo maior que a idade gestacional isoladamente, mais frequentemente usada. Couto et al. em 2006, encontraram como fatores preditivos, uso de ventilação mecânica (VMA), o tempo de duração de VMA, de cateter venoso central (CVC), da permanência hospitalar e ainda a necessidade máxima de oxigênio. Os recém-nascidos quando sobrevivem os 3 primeiros dias de vida, têm chance de sobrevivência acima de 50%. Esta maior sobrevivência implica num aumento na permanência hospitalar que diminui à medida que aumenta a idade gestacional (de 141 dias com 22 semanas a 63 dias com 28 semanas) (STOLL et al., 2010). O aumento da permanência hospitalar é per si um fator de risco para infecção (ARAGÃO et al., 2001; SINGH,2004), principalmente nos prematuros que também são imunologicamente comprometidos. Stoll et al. em 2002, observaram que os RNs prematuros de extremo baixo peso, infectados, permanecem em média 79 dias, enquanto os que não apresentam sepse, permanecem 60 dias. Os recém-nascidos, particularmente os prematuros são mais susceptíveis à infecção. Barreiras naturais, como a acidez do estômago ou a produção de pepsina e tripsina que mantêm o intestino delgado estéril, não se desenvolvem plenamente até 3 a 4 semanas após o nascimento (SRIVASTAVA; SHETTY, 2007; JÚNIOR; FERREIRA, 2011). A camada córnea da pele é pouco desenvolvida antes da 26ª semana de idade gestacional, sendo fina, pouco queratinizada, mais friável e mais permeável, o que facilita a penetração de bactérias aos tecidos mais profundos, e ao espaço vascular (BRADY; OHIO, 2005). A função de barreira epidérmica só se torna eficaz a partir de 32 a 34 semanas (JÚNIOR; FERREIRA, 25 2011). Eles são imunologicamente imaturos e muitas vezes incapazes de estabelecer uma resposta imune efetiva. A nível celular, apresentam atividade de fagocitose, opsonização e complemento reduzidos, sendo menos bactericidas, e a nível humoral, apresentam hipogamaglobulinemia. Eles dependem dos anticorpos maternos do tipo IgG, que passam através da placenta a partir da 29a semana de gestação, atingindo níveis de adulto, perto do termo. A IgA protetora das membranas encontra-se em níveis baixos no trato respiratório, urinário e gastrointestinal, até que sejam alimentados com leite materno. Têm também deficiência de IgM e IgE, cujos níveis aumentam lentamente após 3 meses (SRIVASTA; SHETTY, 2007; JÚNIOR; FERREIRA, 2011). Além disso, como os recém-nascidos se desenvolvem num ambiente estéril, não possuem ao nascer, nenhuma flora endógena protetora. A colonização da pele e das mucosas vai ocorrer durante e após o nascimento (SRIVASTAVA; SHETTY, 2007). Os recémnascidos saudáveis serão colonizados pela flora da mãe, porém nos hospitalizados, será a flora hospitalar, endêmica, prevalente, modificada pelo uso de antibióticos, através do contato direto com os profissionais de saúde e com materiais usados para os cuidados (LOPES et al., 2008). A imaturidade imunológica, a fragilidade das barreiras cutaneomucosas, a neutropenia frequentemente associada à hipertensão materna, a rutura prematura de membranas e história de doença materna, além do grau de prematuridade, do peso e do sexo masculino são considerados fatores intrínsecos de maior risco para infecção hospitalar (KAWAGOE et al., 2001; SOHN et al., 2001; KAUFMAN; FAIRCHILD, 2004). Os fatores extrínsecos mais encontrados nos estudos são: o maior tempo de permanência hospitalar, unidades hospitalares com espaço físico inadequado, com superlotação, ou com carência de pessoal para os cuidados, e os diversos procedimentos da prática clínica a que são submetidos os recém-nascidos. A intubação traqueal, a ventilação mecânica e o acesso venoso central, favorecem infecção pelas lesões causadas pelo trauma e pelo manuseio. Observa-se ainda como fator de risco, o uso empírico de antibióticos de amplo espectro por alterarem a flora endógena, e o uso de bloqueadores H2 por alcalinizarem o meio e favorecerem a proliferação bacteriana (TERRIN et al., 2012). A nutrição parenteral fornece nutrição com alto valor calórico, reduzindo o tempo de recuperação do peso, mas pode ser contaminada durante o preparo, o armazenamento e a administração, além da alteração da função dos neutrófilos e dos macrófagos, causada pelos lipídeos (NAGATA; 26 BRITO; MATSUO, 2002; CLARK et al., 2004; KAUFMAN; FAIRCHILD, 2004; HERRMANN; AMARAL; ALMEIDA, 2008; SAMANTA et al., 2011). O acesso venoso central é um procedimento muito utilizado em neonatologia, evitando múltiplas punções nos recém-nascidos que necessitam de acesso venoso para infusão de líquidos, de medicamentos, de eletrólitos, de nutrição parenteral e de hemoderivados (LODHA et al., 2008). Pode ser o cateterismo umbilical, o cateter central de inserção percutânea (PICC), ou o inserido por flebotomia, sendo o PICC o mais recomendado no período neonatal. No entanto, todos estão relacionados à maior incidência de infecção hospitalar, apresentando o PICC o menor índice (KAWAGOE et al., 2001; OLIVEIRA et al., 2008; RICHTMANN, 2009; NOWAK et al., 2010; VASUDEVAN; MCGUIRE, 2011). A manutenção do acesso venoso central além de 35 dias, aumenta o risco de infecção em 33% a cada dia de permanência (SENGUPTA et al., 2010). 2.5 MORTALIDADE A mortalidade neonatal por sepse está relacionada à virulência do micro-organismo, à resposta imunológica do RN, ao diagnóstico precoce, à terapia adequada e à qualidade dos serviços prestados (MATTOS; CHIARADIA; CHIARADIA, 2001). Representa de 10 a 30% da mortalidade neonatal nos países desenvolvidos e de 13 a 69% nos países em desenvolvimento (STOLL et al., 2002; PEREIRA et al., 2009). Segundo Silveira, Giacomini e Procianoy, em estudo realizado em 2010 no Rio Grande do Sul, metade dos óbitos de recémnascidos de muito baixo peso após sete dias de vida, decorre de infecções graves. A mortalidade na sepse tardia causada por fungos é de 25% a 32%, similar à causada por Gram negativos (26,2% a 36%) (MAKHOUL et al., 2002; DOWNEY; SMITH; BENJAMIN, 2010). Dentre os Gram negativos, a maior taxa de mortalidade é encontrada nas infecções por Pseudomonas sp, de 45 a 74% (SAIZOU et al., 2001; JIANG et al., 2004; DOWNEY; SMITH; BENJAMIN, 2010). A mortalidade relacionada a Gram positivos é de 8,7% (MAKHOUL et al., 2002; DOWNEY; SMITH; BENJAMIN, 2010). A virulência do Staphylococcus coagulase negativo, no entanto, pode estar subestimada, pois muitas culturas representam apenas contaminação e não infecção de corrente sanguínea (CLARK et al., 2004). Stoll et al., em 2002, nos Estados Unidos, encontraram taxa de mortalidade total de 27 11%, sendo 29% quando a infecção era causada por Gram negativos e 25% quando causada por fungos. 2.6 DIAGNÓSTICO CLÍNICO E LABORATORIAL O diagnóstico clínico precoce e de certeza da sepse é difícil de ser realizado, porque tanto a sintomatologia, como os exames laboratoriais são inespecíficos (SEGRE,2002). Os sinais clínicos mais frequentemente encontrados são: alteração na atividade motora (hiper ou hipoatividade), diminuição da perfusão periférica, palidez, bradicardia ou taquicardia, hepatomegalia, esplenomegalia, petéquias, cianose, recusa alimentar, vômitos, resíduo gástrico, distensão abdominal, ou apenas a impressão subjetiva de que o RN não vai bem. A presença de dificuldade respiratória, com taquipnéia, gemência, retrações torácicas e batimentos de asa de nariz, apnéia, letargia, febre ou hipotermia, icterícia sem causa aparente, hipo ou hiperglicemia, acidose metabólica são outros sintomas bastante sugestivos de sepse (FANAROFF et al., 1998; SEGRE,2002; KUDAWLA; DUTTA; NARAN, 2008). A presença de petéquias, escleredema, bradicardia e hipotensão indicam infecção mais grave (SEGRE, 2002). Ohlin et al. na Suécia, em 2010, dentre 401 RNs, avaliaram que os sinais clínicos mais associados à hemocultura positiva, foram: bradicardia, apnéia, hipotensão, intolerância alimentar e distensão abdominal, sendo a bradicardia mais frequente nos RNs prematuros e taquipnéia nos RNs a termo. Singh, em 2003, na Índia, criou um score com os seguintes sinais e sintomas: letargia, taquicardia, hipertermia, distensão abdominal, aumento do resíduo gástrico, retrações torácicas e gemidos. Rosenberg et al., em Bangladesh, em 2010, observaram predominância de icterícia, palidez, letargia, apnéia e hepatomegalia. O diagnóstico definitivo é dado pelo isolamento do agente infeccioso em fluidos corporais estéreis, que devem ser coletados por técnica asséptica para diminuir a possibilidade de contaminação. A hemocultura é o padrão ouro para o diagnóstico de infecção da corrente sanguínea, no entanto, apesar de ser o exame de melhor valor preditivo positivo, boa especificidade e valor preditivo negativo de até 99%, tem sensibilidade que varia de 30 a 80% (STOLL et al., 2002). Entre as causas da baixa sensibilidade podemos citar a bacteriemia transitória, a quantidade de volume de sangue coletado reduzido e o uso prévio de antibióticos pelos RNs, ou pelas mães, no pré-parto. Portanto hemocultura negativa não descarta o diagnóstico de sepse diante de sinais clínicos e laboratoriais (ZING et al., 2011). Alguns 28 fatores contribuem para aumentar a sensibilidade da hemocultura, tais como: o volume de sangue colhido; a proporção de diluição do sangue com o meio de cultivo que deve ser no mínimo de 10%; a escolha adequada do meio de cultura (se para micro-organismos aeróbicos ou anaeróbicos); o tempo de cultivo e o número de culturas (BUTTERY, 2011). Entre os exames laboratoriais que auxiliam no diagnóstico da sepse tardia, temos o Gram; o hemograma; a velocidade de hemossedimentação (VSH); os reagentes de fase aguda como a proteína C reativa (PCR) e a procalcitonina; as citocinas, como a interleucina 6 (IL-6), a interleucina 8 (IL-8), o fator de necrose tumoral α; os antígenos de superfície celular, como CD11b E CD64; e biomarcadores moleculares (KAUFMAN; FAIRCHILD, 2004; VALZZAWAR, 2005). Desde 1979, Manroe definiu os valores normais do hemograma para o período neonatal, considerando anormal e sugestivo de infecção: leucopenia (n° de leucócitos < 5.000), ou leucocitose (n° de leucócitos > 20.000); neutropenia (n° de neutrófilos < 1.750), relação neutrófilos imaturos/ n° total de neutrófilos ( índice neutrofílico ) > 0,2 e plaquetopenia ( n° de plaquetas < 150.000 ). Em 1988, Rodwell criou o escore hematológico dando 1 ponto para cada parâmetro alterado, sendo considerado sugestivo para infecção, 3 ou mais pontos. Foi observada uma alta sensibilidade (96%), mas um valor preditivo positivo de apenas 31% para este escore (NG, 2004). Os parâmetros analisados por Rodwell são os descritos por Manroe, acrescidos ainda da razão dos neutrófilos imaturos sobre os segmentados ≥ 0,3 e alterações degenerativas dos neutrófilos: granulações tóxicas (vacuolização e corpos de inclusão de Dohle). A Proteína C reativa é uma betaglobulina sintetizada no fígado cerca de 8 horas após o estímulo inflamatório, tendo como principal estimulador a interleucina-6 (CECCON, 2008). Tem uma sensibilidade inicial de 60%, aumentando com 24 a 48 horas para 84%, com especificidade de 90%, valor preditivo positivo em torno de 30%, e valor preditivo negativo de 99%, se realizado seriadamente. Nos RNs prematuros pode não aumentar, devido à imaturidade hepática, e sendo inespecífico observa-se aumento em aspiração de mecônio, após cirurgia, após vacinação, em RNs asfixiados e com hemorragia intraventricular (NG, 2004). Medidas seriadas da PCR são úteis na determinação da efetividade do esquema antibiótico, da duração da terapêutica e da presença de complicação durante o tratamento da infecção (SEGRE, 2002; OHLIN et al., 2010). A procalcitonina, nos processos infecciosos, começa a aumentar com 4 horas, tem seu pico em 6 a 8 horas, e meia vida de 25 a 30 horas. Tem sensibilidade de 55 a 95% e especificidade de 80 a 100% (KAUFMAN; FAIRCHILD, 2004; VAZZALWAR et al., 2005). 29 Seu uso, bem como o de outros reagentes da fase aguda como haptoglobina, fibronectina, α 1 antitripsina, ainda está em estudo. Nos últimos anos, estudos promissores estão sendo realizados com as citocinas próinflamatórias para o diagnóstico da sepse: a interleucina ( IL), IL-1, a IL-4, a IL-6, a IL-8, a IL-10, a proteína 1-monocitária, o fator de necrose tumoral e a combinação deles (KAUFMAN; FAIRCHILD, 2004; SILVEIRA; GIACOMINI; PROCIANOY, 2010). Foi observado que a IL-6 foi melhor marcador, isoladamente, e que a combinação de IL-6 com PCR tem melhor sensibilidade e valor preditivo negativo (CECCON,2008). Também, novas técnicas de biologia molecular, como amplificação da reação de polimerização em cadeia, usando sequências de DNA de bactérias ou fungos, permitem identificação mais rápida e com maior sensibilidade, mas têm alto custo e ainda não são usadas rotineiramente (PETERS et al., 2004; BENTLIN; RUGOLO, 2010). Como não há nenhum exame específico que possa aumentar a capacidade de diagnosticar a sepse, o número de RNs que recebe tratamento é muito maior que o que realmente tem infecção, favorecendo o surgimento de bactérias multirresistentes e fungos (CLARK et al., 2004; GERDES, 2004). Para melhor padronização e possibilidade de comparação entre os diferentes serviços, a ANVISA estabelece o diagnóstico de infecção primária de corrente sanguínea, classificando em sepse com comprovação microbiológica e sepse clínica. Considera-se sepse com confirmação microbiológica se a hemocultura for positiva para micro-organismos não contaminantes da pele, ou se for positiva para micro-organismos contaminantes da pele, quando cultivados em 2 hemoculturas colhidas em locais diferentes, com intervalo máximo de 48 horas entre elas. Se for Staphylococcus coagulase negativo deve ser considerado em uma só hemocultura se o RN estiver com acesso venoso central, ou na ausência de AVC, deve ser valorizado a evolução clínica, os exames laboratoriais ou a positividade da hemocultura nas primeiras 48 horas. Se a hemocultura for negativa, a infecção de corrente sanguínea é classificada como sepse clínica e o diagnóstico é estabelecido diante da presença de um dos seguintes sinais ou sintomas, sem outra causa aparente: instabilidade térmica, apnéia, bradicardia, intolerância alimentar, piora do desconforto respiratório, intolerância à glicose, instabilidade hemodinâmica, hipoatividade ou letargia, acompanhados de alterações laboratoriais, Rodwel ≥ 3, ou PCR alterada, na ausência de infecção em outro sítio e com terapia antimicrobiana iniciada e mantida (ANVISA,2010). 30 2.7 MEDIDAS DE PREVENÇÃO Com o objetivo de reduzir a alta incidência de sepse hospitalar, muitos trabalhos vêm sendo realizados e os resultados têm sido otimistas (POLAK; RINGLER; DAUGHERTY, 2004; BRADY; OHIO, 2005; ALY et al., 2005; SCHULMAN et al., 2009; GANATRA; ZAIDI, 2010). Através da adoção de medidas de prevenção, da educação continuada, da implantação de protocolos como o de lavagem das mãos, de inserção e remoção de acesso venoso central, uso restrito de antibióticos, entre outras, Hwang et al. em 2005, na Coréia, conseguiram redução significativa de 70% para 17%. Payne et al. após intervenção em 2005, reduziram em 50% a incidência de sepse, e Lobo et al. também em 2005, em São Paulo, conseguiram reduzir em 40% a taxa de infecção. A importância da lavagem das mãos é bem mais evidente na UTI neonatal, já que os RNs são estéreis ao nascimento e adquirem sua flora colonizadora através da exposição ao ambiente, podendo ser constituída de micro-organismos patogênicos contaminantes dos profissionais de saúde. As bactérias que estão presentes nas mãos fazem parte de 2 populações: uma flora residente, permanente, estável, e constituída de micro-organismos com potencial patogênico mais baixo, como Staphylococcus coagulase negativo, diphteroides e Streptococcus viridans; e uma população transitória, de micro-organismos mais virulentos, que colonizam camadas superficiais da derme, sendo então mais facilmente removidos através da lavagem (TOLTZIS; WALSH, 2010). Recomenda-se a lavagem das mãos por 10 a 15 segundos, antes e após o contato com o paciente, ou com equipamentos, mesmo se as luvas forem ser usadas. A escolha do melhor método de limpeza das mãos ainda é controvertida. O guideline do CDC recomenda antes de qualquer contato com o paciente, lavagem das mãos com água e sabão antimicrobiano ou não, se estiverem visivelmente sujas ou contaminadas com material orgânico; e uso de solução alcoólica em caso contrário. É proibido o uso de anéis, relógios, jóias, bijuterias ou unhas artificiais. A manutenção da aderência a esta prática deve ser um objetivo primordial, e a apresentação dos resultados serve para motivação dos profissionais de saúde (BORGHESI; STRONATI, 2008). Pessoa-Silva et al., em Genebra, em 2007, realizaram um estudo analisando a resposta a um programa de educação de lavagem das mãos e observaram não só 31 aumento na taxa de aderência a esta prática, logo após e 9 meses depois, como também diminuição da taxa de infecção de 11,1% para 7,9% logo após, e para 8,2%, 9 meses depois. Outro protocolo que se recomenda é o de manejo para introdução e manutenção de acesso venoso central, com a finalidade de reduzir a contaminação e possível formação de biofilmes. Recomenda-se o estabelecimento de um grupo para inserção e manuseio do cateter, o uso de paramentação de barreira máxima para inserção, de assepsia cutânea com solução de clorexidina, e o uso de curativo transparente permeável (BORGHESI; STRONATI, 2008; MERMEL, 2009). Observa-se que quanto menor a manipulação e a permanência do CVC, menor é o risco de complicação infecciosa (RICHTMANN, 2009; ROSADO; ROMANELLI; CAMARGOS, 2011). Bizzaro et al., em 2010 observaram redução de 8,4 para 1,28 casos1.000 CVC-dia com a criação de guideline . A maior acurácia no diagnóstico de sepse é outra medida de prevenção, uma vez que se reduz o uso desnecessário de antibioticoterapia (ZINGG, 2001; KILBRIDE, 2003). Observa-se que enquanto o uso precoce de antibióticos em RN infectados, salva, o uso desnecessário leva a alterações tanto na flora endógena quanto na patogênica, favorecendo a seleção de micro-organismos multirresistentes (MUSSI-PINHATA; NASCIMENTO, 2001; ISAACS, 2005). A alimentação do RN também é um fator de prevenção de infecção, quando realizada precocemente e com leite materno exclusivo (CLARK et al, 2004; GRAY, 2007). O leite materno contém grande número de fatores antivirais e antibacterianos, como IgG, IgA, IgM, além de enzimas ativas, lactoferrina e células como linfócitos e macrófagos (SALGUEIRO et al., 2000; SILVA; JONES; SPENCER, 2004). Estudo realizado na Noruega, com 405 RNs de extremo baixo peso que atingiram quotas calóricas adequadas com leite materno na 1ª, 2ª, 3ª e 4ª semana de vida, tiveram 9%, 11%, 37% e 40% respectivamente de chance de desenvolver sepse, (RONNESTAD et al., 2005) sendo encontrado índices mais baixos de infecção quando o RN atingia uma quota diária de 50ml/kg/dia (SILVA; JONES; SPENCER, 2004). Recomenda-se também evitar a superlotação da unidade e a observação de adequada relação enfermagem/RN, sendo indicado pela ANVISA a proporção de 2 RNs para cada auxiliar de enfermagem em UTI neonatal (STOLL et al., 2002; ANVISA, 2010). Em caso de identificação de bactérias multirresistentes, tipo Staphylococcus coagulase negativo meticilina resistente, devem ser tomadas medidas como limpeza profunda e rigorosa 32 da unidade, intensificação da lavagem das mãos, verificação do número adequado de funcionários e isolamento dos casos (LAING; GIBB; MCCALLUM, 2009). Borghesi e Stronati em 2008 resumiram as principais estratégias para prevenção de infecção hospitalar, como sendo: prática de boa higiene das mãos, prevenção de infecção de corrente sanguínea relacionada a cateter venoso central, uso criterioso de antibióticos para terapia e profilaxia de infecção, fortalecimento das defesas imunológicas, cuidados com a pele e início precoce de alimentação enteral com leite materno. É de grande importância o conhecimento da epidemiologia da sepse em cada serviço e posteriormente a análise e comparação com estudos nacionais mais abrangentes, usando parâmetros unificados, com o objetivo de estabelecer e implantar medidas de controle e prevenção cada vez mais eficazes, para diminuir a incidência da sepse, e consequentemente a mortalidade e morbidade a ela associadas (FARHAT, 2000; SIMENTAL, 2007). 33 3 OBJETIVOS 3.1 OBJETIVO GERAL Verificar a frequência da sepse tardia, identificar os agentes etiológicos e caracterizar nos RNs, os fatores de risco intrínsecos e extrínsecos descritos na literatura, na UTI neonatal do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco, no período de janeiro a outubro de 2011. 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Em relação à sepse tardia na UTI neonatal do Hospital das Clínicas da UFPE, no período de janeiro a outubro de 2011: a) Determinar a frequência. b) Determinar o percentual de positividade das hemoculturas. c) Identificar os micro-organismos isolados nas hemoculturas. d) Caracterizar nos RNs com sepse tardia, os fatores de risco intrínsecos descritos na literatura: Idade gestacional, peso, sexo, APGAR, malformações congênitas. e) Caracterizar nos RNs com sepse tardia, os fatores de risco extrínsecos descritos na literatura: Uso de procedimentos invasivos (cateter venoso central, cateter umbilical, cateter percutâneo, intubação traqueal, ventilação mecânica), uso de nutrição parenteral, uso de antibioticoterapia prévia, tempo de permanência na UTI neonatal. 3.3 OBJETIVO SECUNDÁRIO Descrever a frequência de óbitos relacionados à sepse tardia. 34 4 PACIENTES E MÉTODOS 4.1 DESENHO DO ESTUDO Foi realizado um estudo prospectivo, observacional, descritivo, do tipo série de casos, envolvendo todos os recém-nascidos internados na UTI neonatal, no período de janeiro a outubro de 2011, que apresentaram sepse clínica ou com comprovação microbiológica após 48 horas de vida. 4.2 LOCAL DE ESTUDO O estudo foi realizado na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UTIN-HC). Trata-se de um hospital integrado ao Sistema Único de Saúde (SUS), de nível terciário, localizado na cidade do Recife, sendo referência para atendimento a gestações de alto risco. A maternidade tem a sua demanda regulada pela Central de Leitos da Secretaria de Saúde do Estado e realiza em média 120 partos/ mês. A UTIN-HC dispõe de 8 leitos e é uma unidade de atendimento interno, ou seja, atende exclusivamente pacientes nascidos no serviço. Possui programa de Residência Médica em Pediatria e Neonatologia, credenciadas pelo Ministério da Educação e tem Comissão de Controle de Infecção Hospitalar. 4.3 POPULAÇÃO DE ESTUDO A população do estudo foi constituída pelos recém- nascidos internados na UTI neonatal do Hospital das Clínicas da UFPE, com diagnóstico de sepse clínica ou com comprovação microbiológica, realizado após 48 horas de vida, no período de janeiro a outubro de 2011. 35 4.3.1 Critérios de Inclusão RNs internados na UTIN-HC no período de janeiro a outubro de 2011, que desenvolveram sepse após 48 horas de vida. 4.3.2 Critérios de Exclusão RNs com diagnóstico de sepse precoce ou de infecção congênita como Lues, Toxoplasmose, Citomegalovírus, Herpes, Rubéola Congênita. 4.4 DEFINIÇÃO E CATEGORIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS 4.4.1 Definição dos termos (baseada nos critérios estabelecidos pela ANVISA): Sepse tardia de origem hospitalar – infecção cuja evidência diagnóstica (clínica, laboratorial, microbiológica) ocorre após as primeiras 48 horas de vida. Pode ser classificada como sepse clínica ou sepse com confirmação microbiológica. Sepse clínica – o recém-nascido deve apresentar pelo menos 1 dos seguintes sinais e sintomas sem outra causa reconhecida: • Instabilidade térmica - Temperatura superior a 37,5° ou inferior a 36°C em ambiente térmico neutro. • Bradicardia - Frequência cardíaca < 100 bpm/min, registrado durante pelo menos 20 segundos, por 3 vezes, num período de 3 horas. • Apnéia – Pausa respiratória com duração maior que 20 segundos, ou menor, se associada à bradicardia (FC< 100bpm) ou cianose. • Intolerância alimentar - Dificuldade na aceitação da dieta oferecida, manifestada por vômitos, ou em RNs prematuros alimentados por sonda oro-gástrica (SOG), presença de resíduo gástrico (RG) superior a 50% do volume administrado, ou RG bilioso. • Piora do desconforto respiratório – Frequência respiratória > 60 ipm, presença de batimentos de asa de nariz (BAN), gemência, retrações inter e subcostais e cianose. 36 • Intolerância à glicose – Hemoglucotest (HGT) < 40 mg/dl ou > 145 mg/dl. • Instabilidade hemodinâmica – Palidez cutânea, alteração na perfusão periférica, com tempo de enchimento capilar > 3 segundos; Pressão arterial média (PAM) < 30 mmHg para RN prematuro, e < 50 mmHg para RN termo. • Hipoatividade/ letargia – Diminuição da atividade, em ambiente com temperatura neutra, sem estar relacionado a uso de sedativos. O RN não deve ser avaliado durante o sono, após manipulação excessiva, nem após a alimentação, quando poderá apresentar-se hipoativo fisiologicamente. E os seguintes critérios: • Hemograma com 3 ou mais parâmetros alterados (vide escore hematológico), e/ou • Proteína C Reativa quantitativa alterada; • Hemocultura não realizada ou negativa; • Terapia antimicrobiana instituída e mantida pelo médico assistente. Escore hematológico: • Leucocitose ou leucopenia (considerar leucocitose > de 21.000 se ≥ 48 horas, e considerar leucopenia ≤ 5.000) • Neutrofilia ou neutropenia;* • Elevação de neutrófilos imaturos;* • Aumento do Índice Neutrofílico (razão dos neutrófilos imaturos sobre número total de neutrófilos); * • Razão dos neutrófilos imaturos sobre os segmentados ≥ 0,3; • Alterações degenerativas nos neutrófilos com vacuolização e granulação tóxica; • Plaquetopenia-<150.000/mm3 37 *Quadro 1- Valores a serem avaliados para o escore de Rodwell Neutropenia Neutrofilia ___________________ ________________ PN<1,5kg PN>1,5kg PN<1,5kg PN>1,5kg ↑Neutrófilos ↑Imaturos/ Imaturos Totais 48 horas < 1.100 < 3.600 > 9.000 > 8.500 > 850 > 0,13 60 horas < 1.100 < 3.000 > 6.000 > 7.200 > 600 > 0,13 72 horas < 1.100 < 1.800 > 6.000 > 7.000 > 550 > 0,13 120 horas < 1.100 < 1.800 > 6.000 > 5.400 > 500 > 0,12 Sepse com confirmação microbiológica – é preciso ter um dos seguintes critérios: Critério 1 – 1 ou mais hemoculturas positivas para micro-organismos não contaminantes da pele. Critério 2 – 1 hemocultura periférica positiva para micro-organismos contaminantes da pele (difteróides, Proprionebacterium sp, Staphylococcus coagulase negativo, Bacillus sp, ou micrococos), em RN com cateter venoso central; ou 2 hemoculturas positivas para microorganismos contaminantes da pele em RN sem cateter venoso central, colhidas em 2 locais diferentes, quando houver pelo menos um dos sinais e sintomas de sepse clínica sem outra causa não infecciosa reconhecida. Em caso de isolamento de Staphylococcus coagulase negativo em somente 01 hemocultura, valorizar a evolução clínica e alterações nos exames complementares (hemograma e proteína C reativa). Infecções primárias de corrente sanguínea associadas aos cateteres venosos centrais (CVC) – diagnóstico de sepse tardia na presença de CVC, ou até 48 horas após a sua remoção. O CVC pode ser cateter umbilical, cateter central de inserção periférica (PICC), ou cateter central inserido por flebotomia. Óbito relacionado à sepse – quando o óbito ocorreu durante o processo infeccioso, sem que houvesse evidência de outra causa. 4.4.2 Categorização das variáveis: Variável dependente – ocorrência de sepse tardia. 38 Variáveis independentes – variáveis de estudo: a) Idade Gestacional – classificados pela data da última menstruação, ou pelo método de Capurro. Dividida em 4 grupos: <29 semanas; 29-33 semanas; 34-36 semanas; ≥ 37 semanas. b) Peso ao nascer - ≤ 750g; 751-1.000g; 1.001-1.500g; 1501-2.500g; ≥ 2.501g. c) Sexo – masculino, feminino ou indeterminado. d) APGAR no 5° minuto – classificado em 3 grupos: 0-3; 4-6; 7-10. e) Anomalias Congênitas – descrição de malformação congênita. f) Idade materna – classificada em 4 grupos: <19 anos; 19-23 anos; 24-29 anos e > 29 anos. g) Paridade - ≤ 3; ≥4. h) Número de consultas no pré-natal - ≤3; ≥4 consultas. i) Patologias na gravidez – Presença das seguintes patologias relatadas pela mãe e/ou anotadas no prontuário do RN: Infecção urinária, diabetes mellitus, hipertensão. j) Tipo de parto – vaginal; cesariano; fórceps. k) Tempo de bolsa rota – tempo decorrido da rutura das membranas até o parto: <18 horas; ≥ 18 horas. l) Idade no momento do diagnóstico de infecção – idade do RN em dias no momento do diagnóstico de infecção. m) Uso dos seguintes procedimentos invasivos: cateter venoso central, podendo ser cateter inserido através da veia umbilical, cateter venoso central inserido por flebotomia, cateter central de inserção percutânea, intubação traqueal, ventilação mecânica invasiva. Categorizados em sim ou não. n) Uso de nutrição parenteral. Categorizado em sim ou não. o) Uso de antibioticoterapia prévia – informação sobre o uso de antibioticoterapia pelo RN antes do início da sepse tardia. Categorizado em sim ou não. 4.5 PLANO DE COLETA DE DADOS Foram convidados a participar da pesquisa a genitora ou o representante legal do recém-nascido internado na UTI neonatal, com diagnóstico de sepse tardia. Após 39 esclarecimento e com a concordância, foi assinado o termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice A). Foi preenchido um questionário (Apêndice B) onde foram anotados dados maternos, colhidos nos prontuários e por entrevista com as mães para algum esclarecimento adicional, e dados clínicos e laboratoriais dos RNs. A amostra de sangue para hemocultura foi colhida antes do início do tratamento e os exames laboratoriais, nas primeiras 24 horas do quadro clínico. A coleta dos dados para o preenchimento dos formulários foi realizada pelo pesquisador. Nos RNs que apresentaram mais de 1 episódio de sepse, os dados demográficos foram descritos só no primeiro episódio.Todos os dados foram arquivados em protocolo específico para pesquisa. 4.6 QUALIDADE DOS INSTRUMENTOS DE MEDIDA E PADRONIZAÇÃO DAS TÉCNICAS 4.6.1 AMOSTRAS DE SANGUE PARA REALIZAÇÃO DE HEMOCULTURA Amostras de sangue para hemocultura foram coletadas em volume de um a três mililitros, antes do início de antibioticoterapia, em RNs internados na UTI neonatal, com sintomatologia de sepse tardia. As amostras foram cultivadas no laboratório de bacteriologia do Hospital das Clínicas pelo sistema automatizado BACTEC 9120. O meio de cultura foi o TSB (caldo tripticase de soja), com polianetol sulfonato de sódio (SPS), água deionizada, CO2 e vácuo. O produto utilizado foi o hemoprov I-pediátrico (Newprov®). Quando houve positividade, foi semeado em placa Agar-chocolate, sendo incubado para observar o crescimento de bactérias Gram positivas, Gram negativas ou fungos e posteriormente, realizado o antibiograma. Para ser considerado negativo, observou-se durante 5 dias. 4.7 PROCESSAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS Os dados colhidos foram codificados e processados utilizando-se o software Epi-Info, versão 3.5.1. Foi feita entrada dupla de dados, seguida da comparação dos dois arquivos criados pelo programa Validate. Os dados foram analisados de maneira descritiva e apresentados como distribuição de frequência para as variáveis categóricas, e valores médios para as variáveis quantitativas. Para o cálculo dos indicadores de infecção, foram 40 consideradas a frequência de infecção (número de episódios de infecção sobre o total de internamentos na UTI neonatal, multiplicado por 100) e a densidade de incidência de infecção (número de episódios de infecção sobre o total de pacientes/dia, multiplicado por 1.000). 5 ASPECTOS ÉTICOS Este projeto de pesquisa foi aprovado pelo comitê de ética em Pesquisa do Hospital Agamenon Magalhães n˚331, CAE-0219.0.236.000-10 (Anexo A). A mãe ou outro responsável legal por cada recém-nascido assinou termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice A), de acordo com a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, tendo sido assegurado total confidencialidade dos dados colhidos e a garantia do uso dos resultados para fins científicos. Os dados serão armazenados pelo pesquisador por pelo menos 5 anos para eventual comprovação. 41 6 RESULTADOS 6.1 ARTIGO Artigo formatado conforme as recomendações do Jornal de Pediatria. SEPSE TARDIA NEONATAL: FREQUÊNCIA, ETIOLOGIA E FATORES ASSOCIADOS. Maria de Fátima de Melo Gonçalves1; Cláudia Vidal2; Vera Magalhães3 1 Médica Pediatra; mestranda do Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) – Recife, PE, Brasil. 2 Médica Infectologista. Chefe da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Mestre e Doutoranda em Medicina Tropical do Centro de Ciências da Saúde da UFPE – Recife, PE, Brasil. 3 Professora titular do Departamento de Medicina Tropical da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Doutora em Doenças Infecciosas e Parasitárias pela Universidade Federal de São Paulo, UNIFESP;– Recife, PE, Brasil 42 RESUMO: Objetivo: Avaliar a frequência, a etiologia e os fatores de risco intrínsecos e extrínsecos mais encontrados nos recém- nascidos com diagnóstico de sepse tardia, internados em unidade de terapia intensiva neonatal. Método: Estudo descritivo, prospectivo, realizado em unidade de terapia intensiva neonatal, no período de janeiro a outubro de 2011, incluindo todos os recém-nascidos internados que tiveram o diagnóstico de sepse tardia. Resultados: Dentre os 217 recém-nascidos internados na unidade de terapia intensiva neonatal houve 52 episódios de sepse tardia, diagnosticados em 32 recém-nascidos. A frequência foi de 23,9% e a densidade de incidência, 25,8/1.000 RN-dia. A densidade de incidência de infecção associada a cateter venoso central foi de 40,8/1.000 CVC-dia. O Staphylococcus coagulase negativo foi o micro-organismo mais isolado nas hemoculturas, que tiveram 32,6% de positividade. A sepse tardia foi mais frequente entre os recém-nascidos do sexo masculino, prematuros, menores de 33 semanas e de 1.500g, que foram submetidos à antibioticoterapia prévia, à nutrição parenteral, à intubação traqueal, à ventilação mecânica e ao acesso venoso central. Conclusões: O uso restrito e criterioso de procedimentos invasivos e de antibióticos deve ser estabelecido para diminuir a ocorrência de infecções, principalmente nos recém-nascidos prematuros. A alta densidade de incidência da sepse tardia associada a cateter venoso central indica que medidas de prevenção, visando inserção e manuseio do cateter, devem ser intensificadas. Palavras chave: Sepse tardia, infecção hospitalar, recém-nascido, unidade de terapia intensiva. 43 ABSTRACT: Objective: To evaluate the frequency, etiology and most commonly found intrinsic and extrinsic risk factors, in neonates diagnosed with late-onset sepsis admitted to a neonatal intensive care unit. Method: Descriptive, prospective study, carried out in a neonatal intensive care unit, from January to October 2011, comprising all the neonates admitted to the unit with a diagnosis of late-onset sepsis. Results: Among the 217 neonates admitted to the neonatal intensive care unit, there were 52 episodes of late-onset sepsis diagnosed in 32 neonates. The frequency was 23,9% and the incidence density was 25,8/1.000 neonates-day. The density rate associated with a central venous catheter was 40,8/1.000 CVC-day. Coagulase-negative Staphylococcus was the microorganism most frequently isolated in the blood cultures, which showed a positivity rate of 32,6%. Late-onset sepsis was most commonly found in the neonates who were male, premature, under 33 weeks old and weighing less than 1.500g and who had been submitted to prior antibiotic therapy, parenteral nutrition, tracheal intubation, mechanical ventilation and central venous access. Conclusion: The restricted, judicious use of invasive procedures and antibiotics should be established in order to diminish the occurrence of infection, particularly in premature neonates. The high density rate of late-onset sepsis associated with a central venous catheter indicates that measures aimed at catheter insertion and manipulation should be intensified. Keywords: Late-onset sepsis, hospital sepsis, neonate, intensive care unit. 44 INTRODUÇÃO A infecção de corrente sanguínea ou sepse neonatal tardia, de origem hospitalar, é uma infecção generalizada que acomete o recém-nascido (RN) após 48 horas de vida e que continua sendo uma das causas mais importantes de morbidade e mortalidade na unidade de tratamento intensivo (UTI) neonatal. É prevenível e encontra-se relacionada à qualidade da assistência prestada aos RNs.1-4 A taxa de infecção tardia na UTI neonatal é mais alta do que em qualquer outro setor hospitalar, variando de 3 a 30%, dependendo do serviço avaliado, de fatores ambientais e de práticas clínicas.5,6 Em relação à densidade de incidência, nos países desenvolvidos há variação de 4,8 a 22/1.000 RN-dia. 1,6-9 No Brasil, os trabalhos são escassos e apresentam resultados que variam de 23,8 a 62/1.000 RN-dia.10-13 Como o acesso venoso central é um procedimento muito utilizado em neonatologia, o sistema norte-americano de controle de infecção utiliza as infecções de corrente sanguínea associadas a cateter venoso central (CVC) como um dos indicadores de infecção hospitalar, avaliando a densidade de infecção associada a CVC.14,15 O “National Healthcare Safety Network”(NHSN), em 2009, relatou taxa de 4,9/1.000 cateteres-dia para < 750g, e 1,9/1.000 cateteres-dia para >2.500g.14 Os agentes etiológicos da sepse neonatal tardia variam entre os diversos serviços e é importante haver vigilância ativa sobre o micro-organismo prevalente, já que o início do tratamento na suspeita de infecção é empírico e baseado nesta prevalência, e a terapêutica adequada contribui para a diminuição da mortalidade. 15 Nos países desenvolvidos há predominância das bactérias Gram positivas, principalmente Staphylococcus coagulase negativo, 2,5,7,16-18 negativas. 9,12,19 enquanto nos países em desenvolvimento são mais frequentes as Gram Nos últimos anos tem-se observado um aumento na incidência de fungos, sobretudo em prematuros, com extremo baixo peso, submetidos a procedimentos invasivos, com maior permanência hospitalar. 2,15,20 Os recém-nascidos, principalmente os prematuros possuem características peculiares; desenvolvem-se num ambiente estéril e adquirem a flora bacteriana normal após o nascimento, podendo ser a materna nos RNs normais, ou a hospitalar endêmica, nos RNs internados. Apresentam fragilidade cutânea e de mucosa, e imaturidade na imunidade celular e humoral. 21 Além disso, a maioria dos RNs que são encaminhados à UTI necessitam de 45 procedimentos invasivos, como intubação traqueal, ventilação mecânica, acesso venoso central, e fazem uso prévio de antibioticoterapia que os tornam mais susceptíveis à infecção.16 Com a finalidade de reduzir a taxa de infecção na UTI neonatal, muitos estudos são realizados visando a identificação dos fatores de risco, para que medidas de prevenção sejam estabelecidas. 6,22-24 Tendo em vista a importância do controle da infecção, os objetivos deste estudo foram determinar a frequência da sepse tardia, os agentes etiológicos e os fatores de risco intrínsecos e extrínsecos mais encontrados, bem como a mortalidade relacionada. MÉTODOS Foi realizado um estudo prospectivo, observacional, em unidade de terapia intensiva neonatal de nível terciário. O estudo foi constituído por todos os RNs internados na UTI neonatal no período de janeiro a outubro de 2011, à medida que apresentavam o diagnóstico de sepse (clínica ou com confirmação microbiológica) após 48 horas de vida. Foram excluídos os RNs com diagnóstico de infecção congênita, ou de sepse precoce. A sepse tardia foi definida segundo critérios da ANVISA,25 como infecção cuja evidência diagnóstica ocorreu após as primeiras 48 horas de vida. Foi considerado sepse clínica, quando o RN apresentava um dos seguintes sinais e sintomas: bradicardia, apnéia, intolerância alimentar, piora do desconforto respiratório, intolerância à glicose, instabilidade hemodinâmica, hipoatividade ou letargia; acompanhado de alteração do hemograma (Rodwell ≥3) ou da PCR quantitativa; sem evidência de infecção em outro sítio; com terapia antimicrobiana iniciada e mantida; e hemocultura não realizada ou negativa. Sepse com comprovação microbiológica foi definida quando havia uma ou mais hemoculturas positivas para micro-organismos não contaminantes da pele; ou uma hemocultura positiva para microorganismos contaminantes da pele em presença de acesso venoso central; ou na ausência de CVC, se a hemocultura fosse positiva para Staphylococcus coagulase negativo e o RN apresentasse sintomatologia clínica e alterações laboratoriais. Sepse associada a cateter venoso central, quando no momento do diagnóstico de infecção qualquer tipo de CVC 46 estivesse presente, ou tivesse sido retirado até 48 horas. Óbito relacionado à sepse quando o óbito ocorreu durante o processo infeccioso, sem que houvesse evidência de outra causa. Os dados foram coletados através de questionário com informações maternas, e dos RNs, obtidas através do acompanhamento diário e coleta dos exames laboratoriais a partir do aparecimento de sinais clínicos de sepse. Os exames realizados foram o hemograma e a PCR colhidos nas primeiras 24 horas da suspeita clínica de sepse, e a hemocultura colhida antes do início do tratamento e analisada pelo sistema automatizado BACTEC 9120. Foram acompanhados todos os RNs do período estudado. As variáveis descritas, em relação à mãe, foram: idade materna, paridade, número de consultas no pré-natal, patologias na gravidez, tipo de parto, tempo de bolsa rota; e em relação ao RN: idade gestacional, peso, sexo, APGAR no 5˚ minuto, presença de anomalias congênitas, idade no momento do diagnóstico da infecção, uso de cateter umbilical, cateter venoso central inserido por flebotomia, cateter venoso central de inserção periférica, intubação traqueal, uso de ventilação mecânica invasiva, de nutrição parenteral, de antibioticoterapia prévia e ocorrência de óbito. Quando mais de um episódio de infecção foi observado num mesmo RN, só o primeiro episódio foi usado para a análise dos fatores de risco. Para a avaliação estatística foi utilizado o programa Epi-Info 3.5.1. Os dados foram apresentados como distribuição de frequência para as variáveis categóricas, e valores médios para as variáveis quantitativas. Para o cálculo dos indicadores de infecção, foram consideradas a frequência de infecção (número de episódios de infecção sobre o total de internamentos na UTI neonatal, multiplicado por 100) e a densidade de incidência de infecção (número de episódios de infecção sobre o total de pacientes/dia, multiplicado por 1.000). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa e foi assinado termo de consentimento livre e esclarecido pelo responsável legal do RN. RESULTADOS No período estudado, 217 RNs foram admitidos na UTI neonatal, correspondendo a 2.019 RN-dia. A média de permanência hospitalar foi de 9,3 dias, e a mediana de 4 dias. A idade gestacional média foi de 33,5 semanas, variando de 24 a 42 semanas, com mediana de 47 34 semanas. O peso médio foi de 1.998g, com desvio padrão de 818,5g e mediana de 1.950g. 53% foram do sexo masculino. Foram observados 52 episódios de infecção em 32 RNs, sendo 21 (65,6%) com um episódio, 4 (12,5%) com dois, 5 (15,6%) com três, e 2 (6,3%) com quatro. A frequência de infecção foi de 23,9%, e a densidade de incidência, 25,8/1.000 RN-dia. O cateter venoso central foi instalado em 34 RNs, correspondendo a uma densidade de 686 CVC-dia. Foram observadas 28 infecções de corrente sanguínea associadas a CVC (82,3%), com uma densidade de incidência de infecção associada a CVC, de 40,8/1.000 CVC-dia. O diagnóstico do primeiro episódio de sepse tardia foi dado com a idade média de 14 dias, mediana de 10 dias, variando de 3 a 35 dias, e a média de permanência dos RNs na unidade foi de 35,8 dias, mediana de 28 dias, variando de 3 a 108 dias. Houve 17 hemoculturas positivas, correspondendo a 32,6% (17/32) das amostras colhidas, sendo que 1 amostra identificou Micrococcus sp. em RN sem CVC, tendo sido excluída do estudo. Nas hemoculturas positivas, houve predominância de bactérias Gram positivas 62,5% (10/16), sendo o Staphylococcus coagulase negativo o mais encontrado: 37,5% (6/16) das infecções com comprovação microbiológica e 60% (6/10) das infecções por Gram positivos. Houve 3 hemoculturas positivas para Staphylococcus aureus (18,8%) e 1 para Enterococcus sp (6,3%). Os Gram negativos representaram 25% (4/16): 2 (12,5%) Acinetobacter sp., 1 (6,3%) Klebsiella sp e 1 (6,3%) Enterobacter sp. e os fungos, 12,5% (2/16), 1 Candida albicans e 1 Candida kruzei. Em relação ao perfil de sensibilidade dos estafilococos, 55,5% foram resistentes à oxacilina, 22,2% foram sensíveis e em 22,3% não foi testado. Todos os Gram negativos foram sensíveis aos carbapenêmicos. Quanto às características maternas dos RNs que apresentaram infecção, 43,7% (14/32) apresentaram história de infecção urinária, 31,2% (10/32) hipertensão, 25% (8/32) tempo de bolsa rota ≥ 18 horas e 21,8% (7/32) alteração no líquido amniótico. As características maternas estão detalhadas na tabela 1. 48 Tabela 1. Características maternas dos RN com sepse tardia, internados em UTI neonatal, no período de janeiro a outubro de 2011. N Idade materna % <19 anos 2 6,3 19-23 anos 10 31,3 24-29 anos 12 37,5 >29 anos 8 25 ≤3 25 78,1 ≥4 7 21,9 ≤ 3 consultas 12 37,5 ≥ 4 consultas 20 62,5 não 32 100 Infecção Urinária sim 14 43,8 Hipertensão sim 10 31,3 Sífilis 32 100 31 96,9 Paridade Pré-natal Diabetes HIV não não Tipo de parto Vaginal 15 46,9 Cesareano 17 53,1 8 25,0 18 56,3 Tempo de bolsa rota ≥18 horas Líquido amniótico Normal A sepse tardia predominou no sexo masculino (56,2%) e entre os prematuros (93,8%), tendo ocorrido com frequência de 75% (24/32) entre os menores de 33 semanas, e nos RNs com peso abaixo de 1.500g. Os fatores de risco intrínsecos para sepse estão relacionadas na tabela 2. 49 Tabela 2. Frequência dos fatores de risco intrínsecos entre os RNs com sepse tardia, internados em UTI neonatal, no período de janeiro a outubro de 2011. Sexo N % Masculino 18 56,3 Feminino 14 43,8 ≤ 750g 4 12,5 751-1.000g 6 18,8 1.001-1.500g 14 43,8 1.501-2.500g 6 18,8 >2.501g 2 6,3 0–3 1 3,1 4–6 6 18,8 7 – 10 24 75 1 3,1 5 15,6 Peso de nascimento APGAR no 5˚ minuto Ignorado Anomalia Congênita Idade Gestacional ≤29 semanas 12 37,5 30-33semanas 12 37,5 34-36semanas 6 18,8 ≥37 semanas 2 6,3 Sim 11 34,4 Não 21 65,6 Reanimação em sala de parto Dentre os fatores de risco extrínsecos, os mais frequentes foram o uso de antibioticoterapia prévia - 93,8% (30/32) e de nutrição parenteral - 75% (24/32). A tabela 3 descreve detalhadamente os fatores de risco extrínsecos, com suas respectivas frequências. 50 Tabela 3. Frequência dos fatores de risco extrínsecos entre os RNs com sepse tardia, internados em UTI neonatal, no período de janeiro a outubro de 2011. N Antibioticoterapia prévia Cateterismo Umbilical sim 30 93,8 não 2 6,3 15 46,9 sim não Flebotomia PICC* NPT† VMA‡ Int. traqueal § % 17 53,1 10 31,3 não 22 68,8 sim 2 6,3 não 30 93,8 sim 24 75,0 não 8 25,0 sim 19 59,4 não 13 40,6 sim 20 62,5 sim não 12 37,5 * Cateter central de inserção periférica † Nutrição parenteral; ‡ Ventilação mecânica assistida; § Intubação traqueal. Dos RN infectados, 21,8% (7/32) foram a óbito. Todos com peso inferior a 2.500g, e em relação à idade gestacional, 85,7% (6/7) entre 29 a 33 semanas. Em 4 (57,1%) não houve identificação do agente etiológico, em 2 (28,6%) foi isolado Staphylococcus coagulase negativo, e em 1 (14,3%), Candida albicans. 51 DISCUSSÃO Neste estudo prospectivo, a frequência de sepse tardia na UTI neonatal de 23,9% e a densidade de incidência de 25,8/1.000 RN-dia, se assemelham mais às encontradas em países desenvolvidos que têm freqüência entre 3 e 30% e densidade de incidência de infecção variando de 4,8 a 22/1.000 RN-dia.1,5,6,8,16-18 Comparando com os estudos nacionais as taxas deste estudo são relativamente baixas, mostrando que as medidas de controle de sepse tardia têm sido efetivas. Kawagoe et al.10 encontraram taxa de 23,8/1.000 RN-dia, semelhante a Pessoa Silva et al. 11 e a Couto et al.12 Nagata; Brito e Matsuo13 no entanto, observaram taxa de infecção bem mais elevada, de 62/1.000 RN-dia, mas avaliaram também sepse precoce. A comparação entre os diversos estudos é difícil de ser realizada, devido a diferenças na definição e classificação da sepse tardia e diferenças metodológicas. A densidade de incidência de infecção associada a CVC foi de 40,8/1.000 CVC-dia, muito superior à observada em outros estudos, como o realizado pelo ¨National Healthcare Safety Network¨ (NHSN), que relatou taxa de 4,9/1.000 cateteres-dia para < 750g, e 1,9/1.000 cateteres-dia para >2.500g, 14 e Perlman, Saiman e Larson,26 que em Nova Iorque encontraram taxa de 18,5 e 13,0/1.000 CVC-dia. No Brasil, as taxas são mais altas: Pessoa-Silva et al., 11 observaram taxa de 34,9/1.000 CVC-dia em <1.000g e Nagata; Brito e Matsuo, 60/1.000 CVC-dia.13 Rosenthal, em 2009, relatou que a densidade de incidência em países em desenvolvimento varia de 2,6 a 60/1.000 CVC-dia.27 Na nossa unidade, o emprego de cateter central é muito restrito, só sendo utilizado em RNs prematuros extremos, ou nos que permanecem maior tempo na UTI, com outras comorbidades, submetidos a outros procedimentos invasivos, sendo então, os mais expostos à contaminação pela flora hospitalar e mais susceptíveis a adquirir infecção. Observa-se às vezes um aumento na lotação da unidade, que leva a não observação da relação de 1 técnico de enfermagem/ 2 RNs recomendada pela Anvisa. Isto pode comprometer a realização das medidas de higiene das mãos antes e após os cuidados e manuseio das crianças, dos equipamentos e nos procedimentos. Mas há que se considerar também, que a maioria dos estudos realizados em países desenvolvidos só avalia a sepse com confirmação microbiológica, e este estudo avaliou também a sepse clínica, o que pode justificar esta alta taxa encontrada. 52 A positividade da hemocultura foi de 32,6%, dentro da faixa relatada na literatura, que varia de 30 a 80%. Stoll et al.,16 em estudo multicêntrico realizado nos EUA com 6.956 recém-nascidos de extremo baixo peso observaram que em 25% houve pelo menos 1 hemocultura positiva. Pessoa-Silva et al.11 no Brasil, obtiveram 32% de positividade, mas Bentlin e Rugolo, 74%. Esta baixa sensibilidade pode ser explicada pelo uso prévio de antibióticos, desde que 93,8% fizeram uso dessas drogas, além do volume de sangue possível de ser coletado no RN, que é reduzido. O perfil etiológico da sepse na unidade neonatal vai depender do RN assistido, da equipe assistencial, da qualidade dos equipamentos e do tipo de antibiótico que é utilizado. Neste estudo observou-se maior frequência de bactérias Gram positivas, 62,5%, predominando Staphylococcus coagulase negativo. Esta predominância também ocorre nos países desenvolvidos, variando de 55,4 a 75% das infecções. 2,5,7,16-18 No Brasil, alguns estudos também encontraram esta predominância,10,11,13 enquanto em outros, o predomínio foi de Gram negativas.12,19 O resultado obtido mostra que houve uma modificação do perfil microbiológico na unidade, já que estudo retrospectivo, realizado por Silva et al.19 em 2004 no mesmo serviço, observou predomínio de bactérias Gram negativas, sobretudo Klebsiella pneumoniae (58,6%). Isto deve ser decorrente da mudança do perfil dos RN assistidos. Atualmente, o grau de prematuridade é maior, com mais necessidade de procedimentos invasivos, como cateter central e ventilação mecânica, de nutrição parenteral e maior permanência hospitalar. Quanto ao perfil de sensibilidade, 55,5% dos estafilococos foram resistentes à oxacilina, mas como em 22,3% não foi testado, esta resistência pode ser ainda maior. Os 2 RNs que apresentaram infecção fúngica eram prematuros extremos, fizeram uso prévio de antibioticoterapia de largo espectro, estavam em nutrição parenteral, tinham cateter central e tempo de hospitalização prolongado, conforme dados descritos na literatura. A taxa encontrada de 12,5% de infecção fúngica foi semelhante à de outros estudos. 10,19 Em relação aos fatores de risco maternos para o desenvolvimento de sepse, observamos que 43,8% das mães apresentaram infecção urinária, 32,1% apresentaram hipertensão, 25% tiveram bolsa rota ≥ 18 horas e 37,5% realizaram no máximo 3 consultas no pré-natal, contribuindo provavelmente para a alta taxa de prematuridade. Kawagoe et al. 10 53 observaram que co-morbidades maternas e rutura prematura de membranas apresentaram associação com infecção. A média da idade do RN no diagnóstico do primeiro episódio de sepse tardia foi de 14 dias, inferior à encontrada por Stoll et al. 16 que foi de 22 dias, mas semelhante a Bizzarro et al, 18 que em estudo retrospectivo, realizado de 1989 a 2003 também nos EUA, observaram média de 17 dias. Na Índia, Kudawla,28em 2007, encontrou a média de 8,27 dias. Isto reflete os recursos de equipamentos e pessoal existentes na unidade, evitando infecção por um período de tempo tanto maior, quanto melhor a assistência prestada. Observa-se lamentavelmente, que a sepse tardia ocorre numa fase em que se cria uma expectativa de sobrevivência nos pais e nos profissionais de saúde, já que os RN ultrapassaram as complicações precoces, potencialmente fatais. Os RNs com sepse tardia apresentaram maior permanência hospitalar. O elevado número de RNs que apresentaram mais de um episódio de sepse tardia (34,4%) e a maior permanência hospitalar também foram observados por outros autores. 13,15,16 Neste estudo, observou-se que 75% dos RNs apresentavam menos de 34 semanas de idade gestacional e peso menor que 1.500g, estando de acordo com a maioria dos estudos que indicam que a ocorrência de sepse tardia encontra-se inversamente relacionada à idade gestacional e ao peso ao nascimento. 7,10,16,18 Isto se deve às características imunológicas e à necessidade de maior permanência hospitalar e de procedimentos invasivos.1,12,13,26 Segundo Kaufman e Fairchild, 15 46% dos RNs com menos de 25 semanas de idade gestacional e 50% dos RNs com menos de 750g apresentam sepse tardia. Barbadoro et al.,29 na Itália, no entanto, não observaram relação com o peso, mas apenas com a idade gestacional. O uso de procedimentos invasivos vai depender da necessidade da população assistida na unidade e sua identificação como fator de risco à ocorrência de processos infecciosos, já foi relatada na literatura.10-13,30 A intubação traqueal, a ventilação mecânica e o acesso venoso central, favorecem infecção pelas lesões causadas pelo trauma e pelo manuseio. A nutrição parenteral fornece alto valor calórico e reduz o tempo de recuperação do peso, mas pode haver contaminação durante o preparo, o armazenamento, a administração, e pode haver alteração na função dos neutrófilos e dos macrófagos provocada pelos lipídeos. Neste estudo também foi observado que a frequência de infecção foi maior nos RNs que fizeram uso de nutrição parenteral (75%), intubação traqueal (62,5%), VMA (59,4%) e CVC (53,1%). Este 54 resultado mostra que o controle de infecção deve ser intensificado nestes RNs, com a observação das medidas de higiene na instalação e manuseio, e a tentativa de se reduzir o tempo de utilização ao menor possível, avaliando diariamente a possibilidade de retirada. Fato relevante observado foi o uso prévio de antibióticos em 93,8% dos RNs. Srivastava e Shetty21 em revisão realizada em 2007 relataram uso prévio de antibióticos em 64,8 a 100% dos RNs. Para cada infecção confirmada, em torno de 11 a 23 RNs não infectados são tratados, produzindo alteração na flora e mudanças nos mecanismos de resistência bacteriana, com surgimento de bactérias mutirresistentes, de infecções mais graves e maior mortalidade. 10 Faz-se necessário uma avaliação criteriosa da necessidade de início de antibioticoterapia precoce e seu tempo de utilização, sobretudo quando a hemocultura for negativa. Em relação à mortalidade, Stoll et al.16 observaram que 18% dos RNs infectados foram a óbito, sendo 11% por Gram positivos, 36% por Gram negativos e 32% por fungos. Nagata, Brito e Matsuo13 em 2002, observaram 24,1% de mortalidade. Neste estudo, a mortalidade foi de 21,8%, 1 por infecção fúngica e nenhum óbito entre os RNs com infecção por Gram negativos, mas como em mais de 50% não foi estabelecido o agente etiológico não podemos estabelecer uma conclusão. Foi realizado neste estudo um acompanhamento diário dos RNs, permitindo um diagnóstico mais preciso de sepse tardia, sobretudo da sepse clínica. A observação da predominância de sepse tardia nos RNs prematuros e de baixo peso indica a necessidade de melhoria na qualidade da assistência pré-natal. A elevada frequência de infecção observada nos RNs em uso de acesso venoso central, alerta para a necessidade da adoção de medidas de prevenção, de educação continuada, de implantação de protocolos como o de lavagem das mãos, de inserção, manuseio e remoção do acesso venoso central. O isolamento mais frequente de Staphylococcus coagulase negativo deve nortear a escolha de antibioticoterapia empírica, e o uso restrito e criterioso de antibióticos e de outros procedimentos invasivos deve ser estabelecido para diminuir a ocorrência de infecções, reduzindo assim, tempo de hospitalização, custos, morbidade e a mortalidade associada. 55 REFERÊNCIAS 1. Vergnano S, Sharland M, Kazembe P, Mwansambo C, Heath PT. Neonatal sepsis: an international perspective. Arch Dis Child Fetal Neonatal. 2005; 90: f220-f224. 2. Posfay-Barbe K M., Zerr D M, Pittet D. Infection control in paediatrics. Lancet Infect Dis. 2008; 8: 19-31. 3. Downey LC, Smith PB, Benjamin JDK. 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No entanto, observamos que não há uniformidade metodológica nos diversos estudos, havendo uma grande variação na definição de sepse tardia, nos critérios diagnósticos e na população estudada, o que dificulta as comparações. Faz-se necessário o seguimento de uma padronização, para melhor avaliação. 7.2 A positividade da hemocultura foi de 32,6%, estando dentro da faixa relatada na literatura. Para melhorar esta positividade, deve-se reduzir o uso de antibioticoterapia prévia, e aumentar o volume de sangue coletado, mantendo no mínimo uma proporção de 10% com o meio de cultura. 7.3 Foram isoladas com mais frequência as bactérias Gram positivas, 62,5%, predominando Staphylococcus coagulase negativo, 37,5%. Este resultado mostra que houve uma mudança da flora hospitalar e vai nortear a escolha empírica da antibioticoterapia nos RNs com quadro clínico sugestivo de infecção, enquanto se aguarda o resultado da hemocultura. 7.4 A sepse tardia foi mais frequente entre os RNs do sexo masculino, prematuros, com menos de 33 semanas de idade gestacional e com menos de 1.500g, como descrito na literatura. Ressaltamos a partir deste resultado, a necessidade de melhorar a assistência prénatal, no sentido de diminuir a taxa de prematuridade. Isto requer estratégias multifatoriais, que infelizmente não são imediatas, só passíveis de serem implementadas a médio e longo prazo. 7.5 Dentre os fatores de risco extrínsecos para sepse, os mais frequentes foram o uso de antibioticoterapia prévia (93,8%), de nutrição parenteral (75%), de intubação traqueal (62,5%), de VMA (59,4%), e de acesso venoso central (53,1%). Este resultado evidencia que medidas de prevenção devem ser intensificadas nos RNs submetidos a estes procedimentos, restringindo-se o emprego e incrementando as medidas de higiene entre os profissionais de saúde e os familiares do RN. É preciso evitar a superlotação da unidade, que sobrecarrega os 59 profissionais, impedindo a rotina de higiene das mãos. A alta densidade de incidência de infecção associada a CVC, ressalta também a necessidade de estabelecimento de rotinas para inserção e manuseio do cateter venoso central. 7.6. Dentre os 32 RNs que apresentaram sepse tardia no período estudado, 7 foram a óbito, representando 21,8%. Esta alta taxa de mortalidade justifica a necessidade de se intensificar as medidas de prevenção, objetivando a sua redução. 60 8 REFERÊNCIAS ALTMAN,M. et al. Neonatal morbidity in moderately preterm infants: A Swedish national population-based study. The Journal of Pediatrics, Suécia, v. 158, n. 2, p. 239-244, fev. 2011. ALY,H et al. 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Pesquisador responsável: Maria de Fátima de Melo Gonçalves Telefone para contato: 21263712 O(A) Sr(a)_________________________________________________________________________________________ responsável pelo RN de __________________________________________________ , internado na UTI neonatal do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco com registro nº _____________________, está sendo convidado a permitir a participação do seu filho(a) na pesquisa acima citada, que tem o objetivo de melhorar a assistência à saúde. Gostaríamos de informar que: - A pesquisa não traz nenhum risco para o Recém-Nascido. - O atendimento médico não será mudado por causa da pesquisa. - Não será realizado nenhum exame adicional devido à pesquisa. - Que serão colhidos os dados do RN e os resultados dos exames laboratoriais realizados habitualmente. - Que será respondido um questionário sobre os dados do pré-natal, mas a identificação só será conhecida pelo pesquisador, - Que a pesquisa dura o tempo que o RN permanecer na UTI. - Que a qualquer momento pode haver desistência de continuar participando da pesquisa, sem que isso resulte em mudança na condução e cuidados ao RN. - Que os resultados da pesquisa poderão ser divulgados em eventos, publicados em periódicos científicos nacionais ou internacionais, mas em nenhuma hipótese terá identificação. - Que as informações sobre as etapas da pesquisa, podem ser solicitadas sempre que desejar e serão esclarecidas pela pesquisadora no endereço: Universidade Federal de Pernambuco Maternidade do Hospital das Clínicas – Unidade Neonatal, Avenida Professor Moraes Rego S/N, Cidade Universitária Recife-PE CEP 50670-901. Telefone (81) 2126-3712, e-mail: [email protected]. 75 Após todos os esclarecimentos, declaro que concordo em participar do projeto de pesquisa acima descrito, sem que para isso tenha sido forçado. Recife, ____ de ___________________ de 2011 ______________________________________________________________ Assinatura do responsável pelo paciente __________________________ __________________________ Testemunha 1 Testemunha 2 76 APÊNDICE B FICHA DE COLETA DE DADOS Avaliação da frequência, etiologia e fatores associados à sepse tardia em UTI neonatal. Ficha de coleta de dados: 1) Número do questionário: _____________________________ 2) Número do prontuário: _______________________________ 3) Iniciais do nome do paciente: __________________________ 4) Data de nascimento: _________________________________ 5) Sexo: a. Masculino (1) b. Feminino (2) c. Ignorado (3) 6) Tipo de parto: a. Vaginal (1) b. Cesareano (2) c. Fórceps (3) 7) Índice de APGAR no 5ºminuto:______ a. 0 – 3 (1) b. 4 – 6 (2) c. 7 – 10 (3) 8) Idade Gestacional pelo CAPURRO/DUM: _________________ a. < 29 semanas (1) b. 29 – 33 semanas (2) c. 34 – 36 semanas (3) d. > 37 semanas (4) 9) Peso ao nascer: ____________________ a. ≤750g (1) b. 750 – 1.000g (2) c. 1.001 – 1.500g (3) d. 1.501 – 2.500g (4) e. > 2.501g (4) 77 10) Anomalias congênitas: _________________ 11) Tempo de bolsa rota: _________________ a. < 18 horas (1) b. ≥ 18 horas (2) 12) Aspecto do líquido amniótico: ______________________ 13) Reanimação em sala de parto: a. Não (1) b. Sim – O2 inalatório (2) Máscara com VPP (3) Intubação traqueal (4) Massagem cardíaca (5) Drogas (6) 14) Data da última menstruação: _______________ 15) Idade da mãe: ___________________ a. < 19 anos (1) b. 19 – 23 anos (2) c. 24 – 29 anos (3) d. > 24 anos (4) 16) Gesta ______ Para _______________ a. ≤ 3 (1) b. ≥4 (2) 17) Pré- natal: não (1) Sim – nº de consultas ______ ≤ 3 (2) ≥ 4 (3) 18) Patologias na gravidez:____________________ a. Hipertensão (1) b. Diabetes (2) c. Infecção urinária (3) 19) Sorologias positivas : _____________ 78 Lues(1) Toxo(2) HIV(3) CMV(4) RUB(5) Hep.B(6) 20) Diagnósticos:___________________________________ Prematuridade (1 ) Hipóxia (2 ) Dist. Resp. (3 ) Inf. Congênita (4 ) Inf. Perinatal ( 5) 21) Infecção precoce: sim (1) não (2) 22) Idade do RN no início da infecção: _______________dias 23) Data da infecção: ________________________________ 24) Infecção tardia: 1 episódio (1) Mais de 1 episódio (2) 25) Uso de antibioticoterapia prévia: sim (1) não (2) Qual: _________________________ 26) Uso de CVC: não (1) sim ( ): cateter umbilical (2) dissecção venosa (3) PICC (4) duração: ____ dias 27) Uso de CPAP: sim (1) não (2) Duração: ____ dias 28) Intubação traqueal: sim (1) não (2) 29) Uso de VMA: sim (1) não (2) Duração: ____ dias 30) Uso de nutrição parenteral: sim (1) não (2) Duração: ________ dias 31) Uso de hemoderivados: não (1) sim (2) Tipo: Conc. hemáceas ______ nº ____ Conc. plaquetas _______ nº____ 79 32) Hemograma no início da infecção: Data _________ Hc _____ Hb _____ Ht _____ Leuc.______________ Diferencial __________________ Plaq. ___________ Neut.________ Neut. Imaturos __________________ IN ___________ Neut. Imaturos/segm. ____________ Alterações morfológicas ________________________ 33) Valor do PCR _________________________________ 34) Sepse associada a CVC: sim (1) não(2) 35) Hemocultura: negativa (1) positiva (2). Agente etiológico: __________________________ 36) Antibiograma: Sensibilidade: ___________________________________________________ Resistência: _____________________________________________________ 37) Dias de permanência na UTI neonatal: ______ dias 38) Dias de permanência na UCI neonatal: ______ dias 39) Data da alta: _____________________________ 40) Óbito: não (1) sim (2) 41) Data do óbito: ____________________________ 80 ANEXOS ANEXO A – APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DO HOSPITAL AGAMENON MAGALHÃES